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Da Natureza Jurídica das Infrações Administrativas

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UNIVERSIDADE PAULISTA
INFRAÇOES ADMINISTRATIVAS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Nome: Bárbara Reimberg RA: C26AHB-6
 Daniela Rodrigues RA: C33JIE-3
 Thamiris Miranda RA: DR9A4-0
SÃO PAULO
2018
INTRODUÇÃO
O trabalho tem como objetivo, analisar os crimes e as infrações administrativas trazidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
 O Estatuto contém garantias às necessidades básicas da criança e do adolescente, que devem ser atendidas primeiramente pela família, sociedade e o Estado, no intuito de oferecer proteção integral ao menor, estão previstos no Estatuto especialmente os crimes que contra estes são cometidos, atribuindo as penalidades justas e necessárias ao infrator. 
O trabalho indicará os artigos que tratam do tema no Estatuto da Criança e do Adolescente, caracterizando a criminalidade dos atos.
Os crimes definidos nesta lei são de ação publica incondicionada, sendo indicado no artigo 227 da Lei. 
Os arts. 228 ao 258 do Estatuto da Criança e do Adolescente tratam dos crimes e das infrações administrativas em espécie, seu tipo penal  comina na inércia do profissional seja ele o professor, o responsável, o médico entre outros, resultando na ação penal pública incondicionada. O texto integral destes artigos no Estatuto que esta no título VII – Dos Crimes e Das Infrações Administrativas, trás os crimes em espécie e as infrações administrativas em dois capítulos. 
CONCEITO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
O que são infrações administrativas?
A resposta a esta pergunta não é simples, dada a complexidade do tema e a escassez de obras jurídicas que tratam especificamente desta matéria.
 Há quem defenda que as infrações administrativas decorrem do poder de polícia do Poder Público, por configurarem uma interferência do Estado na órbita do interesse particular para salvaguardar o interesse público, restringindo direitos individuais. 
Daniel Ferreira,1ao conceituar as infrações administrativas, nos traz a seguinte definição: “comportamento voluntário, violador da norma de conduta que o contempla, que enseja a aplicação, no exercício da função administrativa, de uma direta e imediata consequência jurídica, restritiva de direitos, de caráter repressivo. ”
 Na definição clássica de Hely Lopes Meirelles, “poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. A função administrativa de polícia, assim, é aquela através da qual o Estado aplica restrições e condicionamentos legalmente impostos ao exercício das liberdades e direitos fundamentais, visando assegurar uma convivência social harmônica. A polícia administrativa pretende evitar a ocorrência de comportamentos nocivos à coletividade num caráter eminentemente preventivo, sendo a sanção administrativa o ato punitivo que o ordenamento jurídico prevê como resultado da infração administrativa.
Pode-se afirmar, assim, que infrações administrativas são condutas contrárias a preceitos normativos que estabelecem uma ingerência do Estado na vida do particular, seja pessoa física ou jurídica, com vistas à proteção de interesses tutelados pela sociedade, com sanções de cunho administrativo, ou seja, restritivas de direitos mas não restritivas da liberdade, geralmente importando num pagamento de uma multa pecuniária, suspensão do programa ou da atividade, fechamento de estabelecimento, apreensão do material inadequado ou simples advertência. 
Os interesses tutelados pela sociedade são denominados “bens jurídicos”, e conforme a definição de Francisco de Assis Toledo, “bens jurídicos são valores ético-sociais que o direito seleciona, com o objetivo de assegurar a paz social, e coloca sob sua proteção para que não sejam expostos a perigo de ataque ou a lesões efetivas”.
O Estado-legislador pode optar em descrever determinadas condutas contrárias ao direito e a elas imputar uma consequência de natureza penal (geralmente uma pena restritiva da liberdade) e/ou uma consequência de natureza administrativa (geralmente a aplicação de uma multa). As esferas penal e administrativa são autônomas e independentes, assim como a esfera civil.
Em termos de escolhas legislativas, o que representa um mero ilícito administrativo hoje poderá vir a ser um ilícito penal amanhã e vice-versa. Há uma consideração valorativa feita pelo legislador quanto a certos bens jurídicos, tendo como consequência a cominação de penas mais leves ou mais graves aos realizadores das condutas potencialmente ofensivas.
Conforme expõe Anderson Furlan inexiste diferença estrutural entre a sanção penal e a sanção administrativa. Ambas são normas de conduta. Como regra geral, as normas jurídicas destinadas a disciplinar os comportamentos sociais, ou seja, as normas de conduta, são estruturadas em forma de imperativos hipotético-disjuntivos. Toda norma de conduta deve prever a hipótese, a conduta esperada, e a sanção pelo seu descumprimento. Logo, acontecendo determinado ato ou fato, deve ocorrer determinada consequência prevista, sob pena de sanção. Depreende-se ser a sanção nada mais que uma consequência destinada a um sujeito em função de uma atitude de descumprimento da conduta esperada perante o ordenamento jurídico. 
O objetivo das sanções, tanto criminais como administrativas, é intimidar potenciais infratores (prevenção geral) e punir aquele que descumpriu o mandamento normativo, para que não reincida (prevenção especial).
Assim, o legislador, no limite das atribuições que lhe são conferidas, pressupondo que certas ocorrências causam maior repúdio à sociedade porque relacionadas com bens jurídicos carecedores de especial proteção, estabelece, de um modo geral, peculiares consequências jurídicas que ora tolhem o direito de liberdade (ir, vir e permanecer) dos cidadãos, ora ensejam a imposição de penas restritivas de direitos ou simplesmente penas administrativas, que, na sua maioria, são pecuniárias (multa), e decorrem do poder de polícia do Estado. 
As infrações administrativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, dessa forma, são expressão do poder de polícia do Estado.
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, na tentativa de sistematizar o poder de polícia, divide em quatro grandes áreas de interesse público os campos de atuação da polícia administrativa: segurança, salubridade, decoro e estética, o que se aplicaria, de certa forma, ao tema em estudo.
No contexto de proteção do decoro (valores morais e éticos da pessoa e da família), podemos citar os artigos 252, 253, 254, 255, 256, 257 e 258 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao zelar pelo cuidado na divulgação de revistas, diversões e espetáculos, com respeito à faixa etária das pessoas humanas em desenvolvimento.
Em outros dispositivos, o campo de atuação seria a segurança, com a preocupação quanto à violência doméstica (art. 245), prevenção de exploração laborativa doméstica (art. 248), prevenção contra abuso sexual (art. 250) e prevenção de sequestro de menores de idade (art. 251). 
Nos artigos 246 e 247, o poder de polícia visa garantir direitos fundamentais relativos a crianças ou adolescentes que tenham praticado atos infracionais, como o direito à dignidade, respeito, informação, ampla defesa, contraditório, convivência familiar, higiene e educação do jovem ou adolescente privado da liberdade (art. 246), e o direito ao respeito e à imagem de crianças e adolescentes a que se atribua a prática de ato infracional (art. 247).
E finalmente, no art. 249, o Estado se faz presente para coibir e reprimir abusos no exercício das funções de assistência e proteção de crianças e adolescentes no âmbito familiar. O decurso de séculos se fizeram necessários para que a noção de filho deixasse de ser tida como objeto para alcançar a ideia de proteção e se chegar à concepção de filho-sujeito. A família perdeu a independência e a concepção privada do Direito Romano. O Estado temo dever de assegurar proteção à família na pessoa de cada um dos membros que a integram, criando mecanismos para coibir a violência doméstica (art. 226, parágrafo 8º, da Constituição Federal). O princípio da proteção integral da criança e do adolescente impõe que o Estado preste-lhes tutela “independente de estarem as crianças sob o abrigo da família ou expostas à dureza e crueldade das ruas. À pessoa, em peculiar fase de desenvolvimento, é direcionada à proteção integral”.
Assim, as infrações administrativas previstas nos artigos 245 a 258 do Estatuto da Criança e do Adolescente têm natureza administrativa, mas, como se verá após, o procedimento de apuração das mesmas é formalmente judicial (arts. 194 a 197 do Estatuto), de natureza contenciosa, aplicando-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual (art. 152), sendo obrigatoriamente submetido ao julgamento do Juiz da Infância e Juventude, que, ao acolher a pretensão estatal, aplicará as sanções cabíveis, no exercício de uma função híbrida: jurisdicional e administrativa.
HISTÓRICO
As duas primeiras décadas do século XX, todavia, foram caracterizadas pelo debate em torno da Assistência e da Proteção relativas aos infantes. Idéias e ações provenientes dos setores da caridade e da filantropia interligaram-se, estabelecendo uma forte aliança entre Justiça e Assistência. Em 1923, foi criado o Juízo de Menores, tendo sido Mello Mattos o primeiro Juiz de Menores da América Latina. Em 1º de dezembro de 1926, foi sancionado o Decreto 5.083, instituindo o Código de Menores e mencionando que as leis de assistência e proteção aos menores seriam consolidadas e, finalmente, em 12 de outubro de 1927, o Decreto 17.943-A efetivamente consolidou as “Leis de Assistência e Proteção aos Menores”, marcando o início de um domínio explícito da ação jurídica sobre a infância. Nota-se a grande interferência, desde então, do mundo jurídico na assistência e proteção à infância, prevalecendo tratamento jurídico a problemas de cunho social.
Sobressai-se, muito claramente, desde àquela época, uma dicotomia existente entre as expressões “menores”, para se referir a crianças e adolescentes de baixa renda, abandonados ou “delinquentes”, provenientes, na maioria dos casos, de famílias monoparentais, e “criança ou jovem”, para se referir a menores provenientes de classe média ou alta, inseridos dentro de uma família “modelo”, ou seja, matrimonializada, constituída por pai e
mãe, sacramentada pelo casamento. O Código de Menores de 1927 reinou absoluto, com pequenas alterações, por mais de cinquenta anos. Após muitos debates e discussões, em 10 de outubro de 1979, o Brasil promulgou o Código de Menores de 1979, que já nasceu muito criticado, em razão de conferir poderes excessivos ao Juiz de Menores e ter como tema central a doutrina do “menor em situação irregular”.
Inspirada em Convenções Internacionais de Proteção à Infância, a Constituição Federal de 1988 garantiu direitos fundamentais a crianças e adolescentes, introduzindo em nosso sistema jurídico a doutrina da proteção integral e da prioridade dos interesses destes, o que exigiu a reformulação do Código de Menores de 1979 e culminou com a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente através da Lei 8.069 em 13 de julho de 1990. 
Esses três diplomas legais (ou quatro, quando consideramos o Decreto 5.083 que antecedeu o Decreto 17.943A de 12 de outubro de 1927) relativos à infância, existentes em nosso país, trouxeram a previsão de infrações administrativas. Há muitas semelhanças, aliás, entre as infrações administrativas previstas no Código de Menores de 1927, no Código de Menores de 1979 e no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. Todas decorrem, como já exposto, do exercício do poder de polícia inerente à função administrativa-jurisdicional do Juizado de Menores, atualmente denominado
Juizado da Infância e Juventude, que ainda hoje é o principal órgão de fiscalização das normas de proteção à infância e juventude. O ideal seria a vinculação dos Comissários da Infância e Juventude a um órgão administrativo ou ao Ministério Público, a fim de preservar a função jurisdicional da Vara da Infância, evitando a confusão de funções administrativas e judiciais. Assim, as infrações administrativas, destinadas à proteção do interesse de crianças e adolescentes, já são previstas há longa data por nossa legislação.
No Código de Menores de 1927, as infrações administrativas não foram sistematizadas em local único. Vários foram os dispositivos de proteção, prevendo a penalidade de multa para o seu descumprimento. 
O direito à imagem, e à não exposição pública de crianças e adolescentes em jornais e demais meios de comunicação, prevista no art. 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente, foi protegida no Código de Menores de 1927 nos artigos 19 e 89 e no art. 63 do Código de Menores de 1979.
A proteção relativa à informação, entrada e exposição de crianças e adolescentes a diversões, espetáculos, filmes e representações, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente nos artigos 252, 253, 254, 255, 256 e 258, já havia sido prevista nos artigos 128 e seus parágrafos, 129 e 130 do Código de Menores de 1927 e nos artigos 64, 65, 66 e 67 do Código de Menores de 1979. A preocupação com os estabelecimentos de proteção, assistência e internação de crianças e adolescentes, foi prevista nos artigos 8º, 11, 12, 16, 17, 19, 46, 47 e 54 do Código de Menores de 1927, no art. 73 do Código de Menores de 1979. Recebeu tratamento específico nos artigos 90 a 97 do ECA e, de maneira tímida, no art. 246 do Estatuto da Criança e do Adolescente (a redação do artigo indica ser este destinado somente a adolescente privado da liberdade).
Tanto o Código de Menores de 1927 (art. 60 e art. 75), o Código de Menores de 1979 (art. 72) quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxeram a previsão de aplicação de multa pelo exercício irregular da autoridade parental (art. 249).
A hospedagem de menor desacompanhado foi prevista no art. 69 do Código de
Menores de 1979 e no artigo 250 do ECA. O transporte de menores desacompanhados para fora da Comarca foi previsto no art. 70 do Código de Menores de 1979 e no artigo 251 do ECA. A omissão em apresentar ao Judiciário menor trazido de outra Comarca para serviço doméstico foi prevista no art. 71 do Código de Menores de 1979 e no art. 248 do ECA.
A participação de menores de dezoito anos em certames de beleza, proibida pelo Código de Menores de 1979 (art. 68), foi permitida e recebeu regulamentação própria no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 149, inciso II, “b”, e art. 258).
O Código de Menores de 1927 previu, como infração administrativa, a “subministração” de bebidas alcoólicas nos colégios, escolas, e em todos os institutos de educação ou de instrução, com a previsão de pena de multa que, em caso de reincidência, poderia ser substituída por prisão (art. 127). O Código de Menores de 1927, ainda, responsabilizava o pai, a mãe, o tutor ou encarregado da guarda do menor que ciente e diretamente houvesse incitado, favorecido ou concorrido para o tornar alcoólico ou deixando de prevenir tal situação (art. 60).
Nem o Código de Menores de 1979, nem o Estatuto da Criança e do Adolescente, foram tão expressos, pela via administrativa, na proteção de crianças e adolescentes em relação ao consumo de álcool. A venda de bebidas alcoólicas a menores de idade foi considerada contravenção penal no ano de 1941 (art. 63, inciso I, da Lei de
Contravenções Penais). O Código de Menores de 1979 não foi expresso quanto à questão de bebidas alcoólicas. O Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu, no art. 81, inciso II, que é proibida a venda de bebidas alcoólicas à criança e ao adolescente, sem especificar qual seria a sanção. Trouxe ainda como crime a conduta: “vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda quepor utilização indevida” (art. 243). A infração administrativa prevista no art. 258 pune o responsável pelo estabelecimento ou empresário que deixar de observar o que dispõe o ECA sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão. A venda ou consumo de bebida alcoólica por menor de dezoito anos constitui infração administrativa, crime e/ou contravenção? A controvérsia foi instaurada e o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou sobre a questão, conforme será analisado oportunamente, quando tratarmos da infração administrativa prevista no art.
258 do Estatuto (item 4.8.7.1.c). Tanto o Código de Menores de 1927, quanto o de 1979 (art. 74), trouxeram a previsão de infração administrativa pelo descumprimento de normas de proteção ao trabalho infantil, o que não foi repetido no Estatuto da Criança e do Adolescente, por se tratar de atribuição afeta à fiscalização do trabalho. Em vista do histórico descrito, verifica-se serem antigas as preocupações quanto ao cuidado necessário a ser prestado a crianças e adolescentes. Desde aquela época já se mencionava a necessidade de promoção de políticas públicas, efetivo comprometimento dos governantes de nosso país com a infância e juventude, destinação de verbas públicas para a educação e saúde, controle dos programas inadequados na televisão, restrição da entrada de crianças e adolescentes em estabelecimentos impróprios, na prevenção da prostituição infantil, e etc. São temas antigos, já em voga há muitos anos atrás, sendo interessante mencionar as palavras do nobre jurista Paulo Lúcio Nogueira, ao comentar o Código de Menores de 1979 na introdução da 1ª edição de sua obra “Comentários ao Código de Menores”: “O problema do menor requer mais atenção, pois não basta dispor sobre assistência, proteção e vigilância, quando, na prática, não se dão condições satisfatórias para a sua solução. É preciso antes cuidar do próprio adulto, da família, do meio ambiente, da aplicação justa de verbas, da eliminação dos gastos excessivos, do controle dessa voracidade de ganhos exorbitantes, quando já não se satisfaz com pouco, da repressão dos “grandes” criminosos e não apenas aos “pequenos”, que são os únicos processados e punidos.
O Código de Menores se destina à proteção, assistência e vigilância de menores com idade até 18 anos, que se encontrem em situação irregular, seja o menor carente, seja o menor abastado, pois a ação do juiz de menores é supletiva da família, e quando esta falha é que entra em ação o juizado. O papel da família tem sido enaltecido frequentemente. Mas ultimamente a própria família tem sido atingida no seu recesso pela televisão, sempre ávida de propaganda ou IBOPE, com programas atentatórios à moral social. E dificilmente os pais podem controlar ou impedir que os filhos sejam influenciados por essa propaganda consumista e deletéria. A frequência com que são exibidos certos programas impróprios torna-se uma rotina no costume brasileiro, e tudo que causa impacto passa depois a ser encarado com naturalidade. E o próprio mal ou mesmo a violência, o erotismo de certos espetáculos, que abalam os alicerces da família, passam a ser vistos como normais. 
Contudo, essa normalidade aparente já é um estado anormal do espírito.
(...) E ai daquele que se levanta contra essas “inovações” sociais, pois será tachado de “reacionário”, de “quadrado” e de outros termos mais apropriados, já que não está acompanhando o progresso.
É indispensável que seja dada à família a devida assistência e proteção para que realmente os menores também se sintam assistidos e protegidos. ”
DA NATUREZA JURIDICA DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
As Infrações administrativas são formas de interferência do Estado na órbita do interesse particular, para garantir o interesse público à medida que restringem direitos individuais em nome da coletividade.
A natureza do procedimento de apuração da infração administrativa desperta divergências tanto na doutrina quanto na jurisprudência.
De um lado, há a tese que defende a natureza administrativa do procedimento. Na mão oposta, os que insistem na natureza jurisdicional.
Não obstante a plausibilidade das duas correntes doutrinárias, considerando que o próprio Estatuto imputou competência à Justiça da Infância e da Juventude para a aplicação de penalidade administrativa nos casos de infração contra norma de proteção a criança e ao adolescente (art. 148, inc. VI), resta evidenciada a natureza jurisdicional do procedimento.
AS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS CONTRA AS NORMAS PROTETIVAS
As infrações administrativas representam uma das formas de manifestação do poder de polícia da Administração Pública, caracterizada como a interferência do Poder Público na esfera particular, por meio da restrição de direitos individuais, em nome da coletividade.
Na definição proposta por Ramos (2007, p. 394):
[...] as infrações administrativas são condutas contrárias a preceitos normativos que estabelecem uma ingerência do Estado na vida do particular, seja pessoa física ou jurídica, com vistas à proteção de interesses tutelados pela sociedade, com sanções de cunho administrativo, ou seja, restritivas de direitos, mas não restritivas de liberdade, geralmente importando num pagamento de uma multa pecuniária, suspensão do programa ou da atividade, fechamento de estabelecimento, apreensão do material inadequado ou simples advertência.
[...]
Em termos de escolha legislativa, o que representa um mero ilícito administrativo hoje poderá vir a ser um ilícito penal amanhã e vice-versa. Há uma consideração valorativa feita pelo legislador quanto a certos bens jurídicos, tendo como conseqüência a cominação de penas mais leves ou mais graves aos realizadores das condutas potencialmente ofensivas.
Sendo assim, apesar de seus efeitos serem diferentes, não há uma distinção explícita entre a sanção de natureza penal e a sanção de natureza administrativa à medida que ambas decorrem da desobediência a uma norma de conduta e de controle social.
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
 A aplicação da pena administrativa prevista no dispositivo é independente das demais sanções cabíveis, seja a destituição ou suspensão do poder familiar, sejam sanções criminais ou civis. Não há bis in idem.
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
É dever da família, do estado e da sociedade conferir proteção à criança e ao adolescente. Neste caso o sujeito ativo pode ser o médico, o professor, o diretor do estabelecimento de ensino. O sujeito passivo é a criança e o adolescente.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
O responsável ou funcionário da entidade de atendimento em que o menor está internado não podem impedir as situações previstas nos incisos do artigo 124.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderádeterminar a apreensão da publicação.
Protege-se o sigilo que deve cercar a criança e o adolescente a quem se atribui pratica de ato infracional.
Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de televisão, além da pena prevista a autoridade judiciaria poderá determinar apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação até por dois números.
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.
A infração administrativa prevista neste artigo consiste na conduta omissiva de deixar de apresentar. O sujeito ativo é qualquer pessoa que trouxer adolescente de outra comarca para executar trabalhos domésticos e o sujeito passivo é o adolescente que presta o serviço doméstico.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Os deveres inerentes ao poder familiar estabelecido no art. 22 consiste no dever de sustento, guarda, tutela e educação dos filhos menores e o descumprimento desses deveres estabelecidos em lei proporciona a responsabilização aos mesmos. 
É preciso registrar que o Conselho Tutelar somente poderá/deverá requisitar serviços públicos que figuram alguma espécie de medida de proteção, quando, inequivocamente, identificá-lo como existente e em funcionamento no município, à exemplo da requisição de vagas na rede pública. Se certo que realmente não existe a vaga, o problema é mais sério, sendo dever do conselho tutelar tão-somente encaminhar o caso para o Ministério Público, nos termos do artigo 220, do ECA, para o fim deste atuar na esfera extrajudicial (com a celebração de Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta s TACs, por exemplo) ou na esfera judicial (através da propositura de Ação Civil Pública - ACP, Mandado de Segurança etc.).
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
Pena – multa.
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada.
Esta norma faz com que o proprietário de estabelecimento de hospedagem tenha a preocupação de agir como conformidade com a lei.
O estabelecimento de hospedagem pode ficar fechado por até 15 dias em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa.
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
As crianças e os adolescentes estão amparadas de qualquer violência física ou moral, pois cabem aos pais acompanhar seus filhos em viagens.
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
O responsável por diversão ou espetáculo público deve especificar a natureza o mesmo e as faixas etárias permitidas para sua expedição.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Ao menor está assegurado o direito ao lazer, educação e cultura como parte dos direitos fundamentais. Em decorrência disto, os anúncios de peças teatrais, filmes ou qualquer outro espetáculo devem obrigatoriamente indicar a classificação etária para sua exibição.
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:
Pena – multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.
As emissoras de rádio e televisão devem se abster de transmitir espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação. 
Em caso de reincidência, a autoridade judiciaria poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena – multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Tais amostras de programação devem estar adequadas com a classificação permitida ao programa que se esteja assistindo.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:
Pena – multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
A criança e o adolescente somente podem adquirir ou alugar fita de programação em vídeo de acordo com sua faixa etária.
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.
As revistas e publicações contendo material improprio ou inadequado a criança e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada com advertência de seu conteúdo.
As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:
Pena – multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
O responsável pelo estabelecimento ou empresário não podem ser descurar das observâncias presente na lei quanto o acesso da criança e adolescente aos locais de diversão, ou sobre participação no espetáculo. 
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11º do art. 101 desta Lei:
Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar.
É dever da autoridade judiciaria de cada comarca ou foro regional de manter um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. Os cadastros devem conterobrigatoriamente informações sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providencias tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta.
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção:
Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.
O médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante, ao tomar conhecimento de mãe ou gestante que esteja interessada em entregar seu filho para adoção, deve efetuar imediato encaminhamento desta à autoridade judiciaria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente não só determina deveres aos menores, como os coloca como sujeitos passíveis de direitos especiais, constitucionais, mas também diferenciado da norma jurídica comum atentando para as necessidades do menor.
Sendo assim, uma parte deste Estatuto se inclina para tratar especialmente dos crimes e infrações administrativas, ou seja, aqueles que são cometidos contra o menor e seus direitos, por parte dos responsáveis que os rodeiam e também da sociedade em geral.
Ademais, vale-se dizer que o Estatuto coloca inclui também legislações correlatas como a legislação constitucional, as penais e as cíveis, para que os direitos e deveres dos menores sejam devidamente amparados.

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