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Trabalho TCC 2018

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2
UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTA
CAMPUS MAUÁ
CURSO: LETRAS
FALANDO PORTUGUÊS
A variação linguística e seus efeitos
 ADILSON FERREIRA/1445103
ADILSON FERREIRA
FALANDO PORTUGUÊS
A variação linguística e seus efeitos
 
Trabalho Monográfico
Curso de Graduação-Licenciatura em Letras Língua Portuguesa e Língua Inglesa, apresentado à comissão julgadora da Unip-Mauá, sob a orientação do(a) professor(a) Taíz Oliveira
ADILSON FERREIRA
FALANDO PORTUGUES:
A variação linguística e seus efeitos
Trabalho Monográfico
Curso de Graduação-Licenciatura em Letras Língua Portuguesa e Língua Inglesa, apresentado à comissão julgadora da Unip-Mauá, sob a orientação do(a) professor(a) Taíz Oliveira
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
_______________________/__/___
Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/___
Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/___
Universidade Paulista UNIP
Sumário
1	Dedicatória	6
2	Agradecimentos	7
RESUMO	8
3	ABSTRATCT	9
4	Introdução	10
5	Objetivos gerais	11
5.1	objetivos específicos	11
6	Justificativa	12
7	CAPÍTULO I - A língua em transformação	15
7.1	linguística	15
7.1.1	biografia de fernand saussure	15
7.1.2	biografia de noam chomsky	17
7.1.3	o que é linguística?	17
7.2	A Sociolinguística	19
7.3	língua, o que é isso?	20
7.3.1	língua	20
7.3.2	fala	22
7.3.3	Linguagem	22
7.4	a história do português (variedade padrão e não – padrão)	23
7.5	variação, variedade, variante e variável	26
8	CAPÍTULO II AS VARIEDADES LINGUISTICAS	27
8.1	A brief description about Mr. Marcos Bagno	27
8.2	breve apresentação da obra	28
8.2.1	Variação Linguística	28
8.2.2	acompanhando as diferenças	30
8.3	Variedades da língua	31
8.3.1	Variação diacrônica ou histórica	31
8.3.2	variação diatópica	32
8.3.3	variação diastrática ou social	33
8.3.4	variação diafásica	33
8.4	PRECONCEITO LINGUÍSTICO	34
8.5	Definindo Preconceito Linguístico segundo o Professor Marcos Bagno	34
8.5.1	A gíria	36
8.5.2	dialeto	37
9	CAPÍTULO III	39
9.1	variedade linguística x preconceito linguístico	39
10	FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	43
11	METODOLOGIA	44
12	ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO	45
13	CONSIDERAÇÕES FINAIS	46
14	Referências	47
Dedicatória 
Dedico essa obra em primeiro lugar à minha esposa Solange Ferreira e à minha filha Beatriz Ferreira.
Aos falantes da língua portuguesa em todo território brasileiro que de alguma forma sofrem com o preconceito linguístico e são desmerecidos em sua maneira de falar essa língua tão linda e cheia de variedades que é o português.
Ao trabalhador rural, às domesticas, aos pedreiros, aos porteiros, aos motoristas, etc. Aos pesquisadores, professores e linguistas que com todo esforço procuram ensinar por meio de pesquisas e amostras, como a língua varia e a realidade do preconceito linguístico por conta dessa variação, preconceito esse causado pela falta de conhecimento técnico do citado fenômeno (a variação).
Agradecimentos
Agradeço a Deus por me ajudar ao longo desses cinco anos de estudo e por me fortalecer nas horas que eu sinceramente pensei em desistir.
À minha esposa pela paciência, ajuda psicológica e financeira nessa minha trajetória, à minha filha que de certa forma também cooperou para a realização dessa obra.
Agradeço a Universidade Paulista (UNIP) em especial à Unip Interativa (EAD), pois, termino minha graduação realmente certo do que sempre quis como carreira, aos professores meu muito obrigado pelas boas aulas, principalmente as aulas de Linguística e Linguística Geral.
Ao polo Mauá na pessoa da coordenadora Lucimara por toda colaboração e atendimento, não posso deixar de agradecer a Central de atendimento e a todos(as) tutores(as) no auxilio on line.
RESUMO
Escrever sobre língua é dizer que, toda língua varia no tempo e no espaço e à essas variações chamamos Variação Diacrônica/Histórica e Variação Diatópica/Geográfica. Embora há no mundo acadêmico inúmeros trabalhos referentes ao estudo da variação e variedade linguísticas e do problema causado pelo não conhecimento delas, o qual chamamos preconceito linguístico, ocorreu-nos a também necessidade de falarmos do assunto, que por sua vez não se esgota em poucas linhas. Há no Brasil e no mundo autores e linguistas que se debruçam sobre o assunto da Variação e do Preconceito linguístico, trazendo explicações teóricas e históricas sobre a transformação da língua e seus benefícios e “malefícios” para a comunidade de fala, objetiva-se no presente trabalho discorrer sobre o assunto baseado nesses linguistas, em especial o prof. Marcos Bagno, em seu livro “A língua de Eulália” uma novela sociolinguística(um delicioso texto de fácil compreensão)levando o leitor ao entendimento e definição dos termos citados acima(variação, variedade, preconceito linguístico). O leitor encontrará no corpo do trabalho boas informações para conhecer ou saber um pouco mais sobre esse assunto de grande importância e necessidade no mundo acadêmico. A história do português trará um vislumbre de como surgiu o conceito do português padrão e português não padrão. Cada variedade será explicada e exemplificada claramente em capitulo pertinente. Várias obras de autores além do prof. Marcos Bagno foram consultadas para a incorporação e compreensão do assunto, há um autor que “conversa” claramente com Bagno nesse quesito, é o Prof. Dr. Carlos Alberto Faraco, sendo que ambos defendem a explicação e ensino das variedades linguísticas, ensinado os falantes/alunos a importância dessas variedades, não deixando de fazer uso da norma/variedade culta e assim, conhecendo pode-se minimizar o preconceito recorrente em nossa sociedade linguística. O tema é bastante intrigante; falamos todos a mesma língua ou há diferenças entre nós?
Palavras-chave: Língua, Variedades, Preconceito linguístico.
ABSTRATCT
Write about any language is accept that every one of that varies in terms of time and space and these variations are called Diachronic variation/Historical and Diatopic variation/ Geographical Variation. Although an numerous number of works has been published about the study of linguistic variation and it’s variety also the problem of non-knowledge of them had resulted in what we call linguistic prejudice, we also need to talk about this matter, which in turn is not exhaustive in just a few lines. In the whole world are authors and linguists who study the subject of Language Variation and Prejudice, bringing theoretical and historical explanations about the transformation of the language and it’s benefits and "harm" to the speaking community, the focus of the present work on this subject is based on the work of those linguists, especially the prof. Marcos Bagno, on his book "The language of Eulalia", a sociolinguistic novel (a marvelous easy comprehensive text) leading the reader to understand and define terms mentioned above (variation, variety, linguistic prejudice). The reader will find in the body of the work essential information understand or even to be presented for a little more facts provided on the great importance and need in the academic world. The history of Portuguese as a language will give a glimpse of how the concept of standard Portuguese and non-standard Portuguese came about. Each variety will be explained and clearly exemplified in the relevant chapter. Several authors besides prof. Marcos Bagno were consulted for the incorporation and understanding of the matter, there is an author who "talk" clearly with Bagno in this question which is Prof. Dr. Carlos Alberto Faraco, both stands on the explanation and teaching of the linguistic varieties, taught the speakers/students the importance of these varieties, while not making use of the culture standard/variety and then try to minimize the recurrent prejudice in our society linguistics. The subject is quite intriguing; Do we all speak the same language or are there differences among us?
Keywords: Language, Variety, Linguist prejudice
MAUÁ
2018
Introdução
O presentetrabalho tem por objetivo descrever a variação linguística, as marcas que ela causa na oralidade do falante, discorrer sobre o Preconceito Linguístico que é um efeito devastador na sociedade, e ainda definir as variedades da língua portuguesa, explicando-as.
Falaremos de forma breve sobre a História do Português embasados nos linguistas Marcos Bagno e Esperança Cardeira.
Há no Brasil linguistas com importantes trabalhos na área da sociolinguística (tratam sobre a variação linguística), Marcos Bagno, Dino Preti, Mauro Ferreira, entre outros, porém, sem pretensão de esgotarmos o assunto queremos contribuir com esse trabalho a respeito de algo tão importante, mas não muito abordado em nossas salas de aula. 
Porque as pessoas são tão preconceituosas em relação ao modo de falar do outro? Como podemos resolver o problema do preconceito linguístico?
Qualquer língua falada no mundo varia e em nossa língua não é diferente.
Isso Quer dizer que, todos nós falantes da língua portuguesa, brasileiros, habitantes da região Sul, Norte, Nordeste, sudeste ou Centro Oeste possuímos maneiras características de falar dessas regiões, assim como afirma Magalhães:
Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todos falam igual. Há pessoas que falam de modo diferente por serem de outras cidades ou regiões do país ou por tem idade diferente da nossa ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas. (MAGALHAES, 1999)
Concordamos com Magalhães , pois, não há ninguém igual a ninguém, se observarmos o modo como as pessoas se comportam, se vestem, os gostos culinários, gostos literários, entre outras coisas que caracterizam cada pessoa observada como única, entenderemos também que, o modo de falar não será igual, ou seja, varia.
Mauro Ferreira chamo-nos a atenção que a “pronuncia característica dos falantes de uma região é comumente chamada de sotaque, sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque do interior paulista etc”. (FERREIRA, 2003)
Quem mora no rio de janeiro tem seu modo peculiar de pronunciar certas palavras que, é diferente da forma como os paulistas as pronunciam. 
Objetivos gerais
Pretende-se verificar as variedades linguísticas descrevendo-as 
Explicar aos falantes da língua portuguesa a importância e a riqueza das variações
Mostrar que as variações e sotaques de uma língua são uma realidade e precisam ser estudadas 
objetivos específicos
· Descrever o que é a Sociolinguística 
· Demonstrar em linguistas e seus trabalhos o que são variedades linguísticas 
· Compreender qual é a razão do preconceito linguístico segundo a abordagem teórica de Marcos Bagno
· Relacionar variedades e preconceito
Justificativa
Em seu livro “A língua de Eulália” uma novela sociolinguística, Bagno nos explica de forma criativa, porque ocorrem as variações da língua portuguesa.
Conforme Bagno:
Nossa tradição educacional sempre negou a existência de uma pluralidade de normas linguísticas dentro do universo da língua portuguesa; a própria escola não reconhece que a norma padrão culta é apenas uma das muitas variedades possíveis no uso do português e rejeita de forma intolerante qualquer manifestação linguística diferente, tratando muitas vezes os alunos como “deficientes linguísticos”. Marcos Bagno argumenta que falar diferente não é falar errado e o que pode parecer erro no português não-padrão tem uma explicação lógica, científica (linguística, histórica, sociológica, psicológica). Para explicar essa problemática, o autor reúne então n’ALÍNGUA DE EULÁLIA as universitárias Vera, Sílvia e a esperta Emília, que vão passar as férias na chácara da professora Irene. Sempre muito dedicada, Irene se reúne todos os dias com as três professoras do curso primário, transformando suas férias numa espécie de atualização pedagógica, em que as “alunas” reciclam seus conhecimentos linguísticos. Mais do que isso, Irene acaba criando um apoio para que as “meninas” passem a encarar de uma nova maneira as variedades não-padrão da língua portuguesa. A novela flui em diálogos deliciosamente informativos, A LÍNGUA DE EULÁLIA trata a sociolinguística como ela deve ser tratada: com seriedade, mas sem sisudez (BAGNO, 2006) 
 
Segundo Bagno, O preconceito linguístico fica bastante claro numa série de afirmações que já faz parte da imagem (negativa) que o brasileiro tem de si mesmo e da língua falada por aqui. (BAGNO, 2007)
O preconceito linguístico e a intolerância estão presente em todos os ambientes que um falante de determinada língua (no nosso caso a Língua Portuguesa) está localizado geograficamente, embora esse não é o único modo que o preconceito linguístico se manifesta na sociedade, há também o preconceito social.
Vale lembrar que segundo Bagno “o preconceito linguístico é um braço do preconceito social”
E esse preconceito pode ser, por conhecer alguns pontos fundamentais da gramatica(normativa) ou não. “Quando falamos em preconceito linguístico, o que está em jogo não é a língua, mas a pessoa que fala essa língua e a região geográfica onde essa pessoa vive”. (BAGNO) 
Contextualizamos da seguinte maneira: se o falante for morador da periferia já é considerado “analfabeto”, pois, a condição social do falante é prenuncio para estabelecer (segundo o preconceituoso) se ele sabe ou não usar a variedade culta da língua portuguesa.
Um senhor idoso em uma roda de jovens, logo será taxado de antiquado pela maneira que fala, pois certamente fará uso de uma variedade da língua portuguesa e os jovens fará uso de outra. 
A mídia bombardeou o ministro da Educação Mendonça Filho do atual governo Temer por um “erro’ de português, conforme segue:
“Quando indagado sobre o impacto no ENEM por parte das mudanças realizadas em medida provisória no currículo do Ensino Médio, o ministro afirmou que “haverão (sic) mudanças, mas estas não ocorrerão em um curto prazo”.[footnoteRef:1] [1: Disponível em https://veja.abril.com.br/politica/ministro-da-educacao-comete-erro-crasso-de-portugues/] 
Segundo a Gramatica Normativa o correto seria o ministro dizer: “... haverá mudanças” [...], pois o verbo haver no sentido de existir é impessoal, logo não possui sujeito, permanecendo no singular.
Nesse caso a hostilização aconteceu não pelo “erro” cometido, mas por ser a pessoa que cometeu tal “erro’ o Ministro da Educação, e por ocupar tal cargo a sociedade “exige” que ele fale segundo as normas propostas pela Gramatica. 
Em vários de seus trabalhos, o linguista Marcos Bagno, tem tratado do assunto “Preconceito Linguístico” com muita profundidade, nos trazendo os motivos e explicando o porquê desse preconceito.
O autor diz que: 
“Na verdade, esse ‘preconceito’ nada mais é do que a falta de conhecimento que alguns falantes da língua portuguesa têm das variedades existentes em nossa língua, sendo que a variedade culta é a variedade de maior prestigio social e a mais utilizada nas escolas, jornais, livros etc. Dado o fato de alguns falantes não conhecer as demais formas como a língua varia (lexical, diafásica, morfológica e diatópica, cada uma delas será explicada particularmente ao longo do trabalho) de nossa língua, caem no “erro” de medir o conhecimento dos outros somente pelo que conhecem ou sabem”. (BAGNO, 2006)
Façamos menção à contribuição do linguista Dino Preti:
Pesquisas diversas sobre graus de formalidade na língua têm revelado que nem sempre o emprego de determinados subpadrões linguísticos corresponde, como se poderia pensar em princípio, a subpadrões socioculturais. Assim, por exemplo, quando se critica voluntariamente a linguagem jovem ou a dos universitários, é possível pensar, teoricamente, que algumas variantes utilizadas por esses grupos fora dos padrões linguísticos cultos não representam sempre um desconhecimento destes padrões. Podem significar, muitas vezes, uma atitude linguística de oposição, de agressão consciente à linguagem-padrão (PRETI, 1984)
É salutar entender que, nem sempre quando um falante faz uso da informalidade em seumodo de falar, esse uso seja por questões de desconhecimento das normais ditas padrão, mas por vez seja apenas um protesto como afirma Preti.
Vale ressaltar que, em outras vezes conforme afirmado acima, o falante não tem conhecimento da variedade culta e não sabe usá-la, sendo assim, alvo de preconceito.
 
“Ter consciência de que a língua apresenta variações possibilita que você se comunique de maneiras mais adequada e eficiente; ajudando-o também a deixar de lado possíveis preconceitos linguísticos e, assim, respeitar ‘maneiras diferentes de falar’ diferentes da sua”. FERREIRA (2003, p. 73)
CAPÍTULO I - A língua em transformação
Este capitulo visa apresentar os princípios mais relevantes da Linguística e da Sociolinguística e definir o que é língua e linguagem. Trataremos da Gramatica Normativa brevemente, português padrão e Português não- padrão, definindo os termos: variedade, variação, variáveis e variante.
linguística
biografia de fernand saussure
Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um importante linguista suíço, estudioso das línguas indo-europeias, foi considerado o fundador da linguística como ciência moderna.
Ferdinand De Saussure nasceu em Genebra, Suíça, no dia 26 de novembro de 1857. Filho de um naturalista, descendente de importante família de intelectuais e políticos suíços, neto do botânico Nicolás Theodore de Saussure e bisneto do naturalista Horace B. de Saussure, iniciou seus estudos em sua terra natal. Recebeu orientação do amigo da família e filólogo Adolphe Pictet para estudar linguística.
Enquanto estudava Física e Química na Universidade de Leipzig, na Alemanha, paralelamente estudava linguística fazendo curso de gramática grega e latina. Em 1874 iniciou sozinho o estudo de sânscrito, usando a gramática de Franz Bopp. Para se aprofundar nos estudos de linguística, ingressou na Sociedade Linguística de Paris. Em 1876 iniciou os estudos em línguas indo-europeias na Universidade de Leipzig.
Ainda estudante, publicou seu único livro, um estudo em linguística comparativa, intitulado “Mémoire sur le Système Primitif des Voyelles dans les Langues Indo-européennes”. Em seguida, estudou de sânscrito, celta e indiano, em Berlim. Doutorou-se na Universidade de Leipzig com a tese sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, intitulada “De L’emploi du Génitif Absolu em Sanscrit”, publicada em 1880.
De volta a Paris, Ferdinand de Saussure foi nomeado professor de linguística histórica na École des Hautes Études, onde lecionou especialmente Sânscrito, Gótico e Alto Alemão e posteriormente Filologia Indo-Europeia, permanecendo em Paris entre 1881 e 1891. Nessa época, participou ativamente dos trabalhos da Sociedade Linguística de Paris.
Em 1891, Ferdinand de Saussure regressou para Genebra onde lecionou Linguística Indo-europeia, Sânscrito e posteriormente, o célebre curso de Linguística Geral, na Universidade de Genebra. Seu reconhecimento veio com a publicação da obra póstuma “Cours de Linguistique Générale” (Curso de linguística Geral), publicado em 1916, três anos após sua morte. A obra foi compilada a partir dos apontamentos de classe de seus discípulos e alunos suíços Charles Bally e Albert Séchehaye, que reuniram os textos dos cursos ministrados por Saussure durante seus últimos anos na Universidade.
O livro teve uma importância ímpar para linguística, pois além de estudar a língua como elemento fundamental da comunicação humana, estabeleceu as bases de todos os estudos que se desenvolveram posteriormente, sendo considerada decisiva para o desenvolvimento da Linguística no século XX, como um campo de estudo autônomo dentro das ciências humanas.
Ferdinand de Saussure faleceu em Vuffens-le-Château, Suíça, no dia 22 de fevereiro de 1913.
Conforme NININ (2012) “Os estudos linguísticos passaram a ter expressão a partir de Saussure, na década de 1920, quando propôs um estudo linguístico enquanto sistema, ou seja, ele e seus discípulos estudaram a língua em uma visão unidisciplinar, sem levar em conta o falante dessa língua”.
A teoria estruturalista não tinha como importante o falante e sim toda a estrutura da língua, ao contrário da Sociolinguística que leva em consideração tanto a língua falada, quanto o falante da língua.
A principal caraterística do estruturalismo é a definição de língua como um “sistema de relações”. Isso significa que todas as línguas são constituídas por elementos linguísticos, por exemplo: fonemas e morfemas. Esses elementos constituem subsistemas da língua, ou seja, são conjuntos organizados de elementos linguísticos. Conjuntos organizados porque os elementos de cada subsistema são inter-relacionados. A organização diz respeito à inter-relação entre os vários elementos daquele conjunto.
Os subsistemas da língua por sua vez, são inter-relacionados entre si, constituindo um conjunto organizado de subsistemas da língua, que constitui o “sistema linguístico”. (NININ, 2012, p.44)
biografia de noam chomsky
Um outro nome a ser citado é Avram Noam Chomsky um linguista, filósofo, ativista, autor e analista político estadunidense que nasceu na Filadélfia (Estados Unidos), no dia sete de dezembro de 1928. Foi introduzido na linguística por seu pai, especializado em linguística histórica hebraica. Estudou na universidade da Pensilvânia, onde se tornou doutor (1955) com uma tese sobre a análise transformacional, elaborada a partir das teorias de Z. Harris, de quem foi discípulo. Assim, tornou-se professor do renomado MIT (Massachussetts Institute of Technology), a partir de 1961.
É autor de uma contribuição fundamental à linguística moderna, com a formulação teórica e o desenvolvimento do conceito de gramática transformacional, ou generativa, cuja principal novidade está na distinção de dois níveis diferentes na análise das frases: por um lado, a “estrutura profunda”, conjunto de regras de grande generalidade a partir das quais é gerada, mediante uma série de regras de transformação, a “estrutura superficial” da frase.
Este método permite basear a identidade estrutural profunda entre frases superficialmente diferentes, como acontece com a voz ativa e a voz passiva de uma frase. No nível profundo, a pessoa possui um conhecimento tácito das estruturas fundamentais da gramática, que Chomsky considerou, em grande medida, inato. Baseado na dificuldade de explicar a competência adquirida pelos falantes nativos de determinado idioma a partir da experiência deficitária recebida de seus pais, considerou que a única forma de entender o aprendizado de uma língua era postular uma série de estruturas gramaticais inatas (já nascidas com o indivíduo), as quais seriam comuns, portanto, a toda a humanidade.
o que é linguística?
Linguística é a ciência que se ocupa em estudar as características da linguagem oral, verbal e escrita. Já o papel do linguista é analisar e investigar toda a evolução e desdobramentos dos diferentes idiomas, bem como a estrutura das palavras, expressões idiomáticas e aspectos fonéticos de cada língua. 
Linguística é o estudo, cientifico da linguagem humana. Diz-se que um estudo é cientifico quando se baseia na observação dos faltos e se abstém de propor qualquer escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais. “Cientifico” opõe-se, portanto à “prescritivo” (NININ,2012. P 44)
Para a linguística, todas as palavras que possuem um sentido são consideradas signos linguísticos.
Os signos linguísticos são formados pela união de dois conceitos desenvolvidos por Saussure: significado e significante.
O significado é o próprio conceito do signo, ou seja, a ideia que se tem de determinada palavra. Exemplo: “casa”, como uma moradia ou “cachorro”, como um animal mamífero que late.
Já a significante é a forma gráfica e fonética do signo que forma a palavra que é atribuída para determinado significado.
A linguística ainda pode ser dividida em sincrônica (o estudo da língua a partir de dado momento) ou diacrônia (estudo da língua ao longo da história).
A ciência da linguística é dividida em diferentes áreas de estudo, como:
· Fonética (sonsda fala); 
· Fonologia (fonemas); sons específicos de uma língua. Exemplo: /o/, /f/
· Morfologia (formação, classificação, estrutura e flexões das palavras); Morfema: menores elementos da língua com significado - xemplos de morfemas: 
· Sintaxe (relação das palavras com outras orações);
· Semântica (significação das palavras);
· Estilística (recursos para tornar a escrita mais elegante ou expressivo, constituído principalmente pelas Figuras de Linguagem e os Vícios de Linguagem).
· Lexicologia (conjunto de palavras de um idioma);
· Pragmática (fala usada na comunicação cotidiana);
· Filologia (língua estudada através de documentos e escritos antigos).
A Sociolinguística
A sociolinguística pode ser definida como a área dentro da linguística que trata das relações entre linguagem e sociedade (ALKIMIM,2001, apud PACHECO,2012)
A prof.ª Marianne C. B. Cavalcante define essa interação da seguinte maneira:
Entre sociedade e língua não há uma relação de mera casualidade. Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação ou associação, começamos a formular nossas mensagens. Sons, gestos e imagens cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem, transmitidas pelos mais diferentes canais. Em todos, a língua desempenha um papel fundamental, seja ela visual, oral ou escrita. [footnoteRef:2] [2: Apostila de Sociolinguística, p. 05] 
Um dos nomes que precisam ser destacados nessa área é William Labov, pois seus estudos cooperaram para o desenvolvimento da teoria variacionista.
William Labov nasceu em 4 de dezembro de 1927 em Rutherford, Nova Jersey. Obteve seu Ph.D. em 1964 na Universidade de Columbia, onde trabalhou como professor assistente até 1970.
Em 1971, tornou-se professor do departamento de Linguística da universidade da Pensilvânia. Esse linguista contribuiu com várias obras para os estudos da sociolinguística. Um dos enfoques de sua teoria é nas variáveis, ou seja, existem duas ou mais maneiras de expressão. (PACHECO,2012, p. 14) O enfoque da teoria variacionista é o contexto social relacionado a fatores linguísticos.
A Sociolinguística analisa e descreve a língua falada em situações reais, ou seja, no cotidiano, contextualizando-a. A língua é uma pratica discursiva, um conjunto de práticas sociais e não apenas um conjunto de regras gramaticais, ou seja, a sociedade faz uso dessa língua para comunicar-se.
A importância do trabalho de Labov está justamente no enfoque dado a aspectos até então desconsiderados nos estudos linguísticos de inspiração estruturalistas e gerativista: o contexto social relacionado a fatores linguísticos. 
Área de atuação: A nova área de atuação foi denominada sociolinguística pela necessidade de englobar sua abrangência, isto é, para designar o social, sociedade = socio + linguístico. O enfoque nas variáveis como objeto de estudo representou uma inovação na teoria da linguagem que, até então, considerava as unidades linguísticas (fones, fonemas, morfemas, sintagmas e orações) como unidades de natureza invariante, discreta e qualitativa. A unidade de analise criada pela sociolinguística tem uma natureza: variável, por existirem duas ou mais maneiras de expressão, contínua, porque certas alternativas assumem valores sociais negativos com base na distancia da forma padrão e quantitativa, uma vez que a relevância metodológica das variantes que constituem uma variável é determinada pela frequência percentual de cada uma em relação aos diferentes fatores que as condicionam. (ALKMIM,2001, p.61apud PACHECO, 2012, p.15)
língua, o que é isso?
é um tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas interagem entre si (por isso denominamos: Língua portuguesa, Língua inglesa, Língua espanhola e etc.).
A língua é uma espécie de acordo entre todos os membros de uma comunidade linguística que a utilizam. Assim, nenhum integrante dessa coletividade, individualmente, consegue transforma-la.
Toda e qualquer alteração linguística de ser aceita pela coletividade para que possa ser incorporada pela língua e dela fazer parte. Afinal, a língua pertence a coletividade e não pertence a ninguém, individualmente, segundo as palavras de (NININ, 2012, p 29)
Segundo Cereja “na comunidade em que vivemos, usamos a língua portuguesa para nos comunicar e interagir com outras pessoas. Assim, quanto maior o domínio que temos da língua, maiores são as possibilidades de termos um desempenho linguístico eficiente”. (WILLIAM ROBERTO CEREJA, 1999)
A comunicação é uma das principais funções da língua. Através dela os homens se desenvolvem, argumentam, perguntam, ensinam e instruem outros. A língua faz parte da nossa identidade e da nossa cultura e está presente nas experiências do nosso cotidiano
língua 
O termo língua costuma ser definido sob dois pontos de vista: o técnico-científico e o sociocultural. De acordo com o primeiro, uma língua é um sistema formado por diferentes módulos: o fonético (os sons relevantes para a enunciação), o morfossintático (as unidades significativas e seu arranjo em frases e textos, segundo regras) e o semântico (os significados e os sentidos). Outra divisão é a que propõe um léxico (todas as palavras da língua) e uma gramática (as regras que permitem combinações dessas palavras para fazerem sentido). Essa é a concepção da língua como estrutura, como uma entidade autônoma, que pode ser estudada em si mesma, sem referência a fatores externos.
O ponto de vista sociocultural é aquele assumido pela maioria das pessoas, isto é, as que não são especializadas nos estudos científicos da linguagem. Assim, quando saímos do campo técnico, especializado, nos deparamos com as concepções do senso comum, ou seja, as ideias mais ou menos cristalizadas que circulam na sociedade e na cultura. Aqui, a definição de língua é vaga e imprecisa, impregnada de mitos culturais e preconceitos sociais, decorrentes de longos processos históricos, específicos a determinado povo, nação ou grupo social. Um dos estereótipos culturais mais resistentes é o que identifica língua ao modelo idealizado de escrita literária, geralmente obsoleta, que podemos chamar de norma-padrão e que vem descrito e prescrito nos livros chamados gramáticas normativas.
Uma terceira perspectiva, mais recente, estuda a língua não só como estrutura fonomorfossintática, mas sobretudo em seus aspectos semânticos, pragmáticos e discursivos. Segundo essa abordagem, só existe língua em interação social, de modo que é preciso examinar e compreender os processos envolvidos na produção de sentido que se dá toda vez que falamos e/ou escrevemos. Aqui a língua não é uma entidade abstrata: ao contrário, ela é vista como uso concreto, uso que se faz sempre e inevitavelmente na forma de um discurso que se molda segundo as convenções dos múltiplos gêneros que circulam numa sociedade-cultura. Assim, os textos – falados e escritos – são molduras linguísticas em que os enunciados se interconectam (por meio de fatores como coesão e coerência, entre outros) para conferir sentido ao discurso expresso como gênero textual. Por isso, é uma abordagem (1) semântica, que analisa o sentido (e não o significado abstrato) que os enunciados adquirem nos discursos particulares; (2) pragmática, que investiga as intenções subjacentes à situação daquele uso específico das palavras, das construções sintáticas e das propriedades textuais; e (3) discursiva, porque tenta depreender as crenças sociais, os valores culturais e as ideologias que subjazem aos enunciados concretos.
Essa abordagem tem conquistado amplo espaço na educação linguística contemporânea, que enfatiza a necessidade do trabalho, em sala de aula, com textos autênticos, falados e escritos, portadores de um discurso que deve ser compreendido em todas as suas amplas e múltiplas dimensões socioculturais. Ela também se faz presente nas obras mais recentes publicadas no Brasil sob o título de gramática, em que os autores procuramobservar o funcionamento da língua não somente do ponto de vista fonético e morfossintático, mas também em sua dinâmica socio interacional e socio discursiva, isto é, nas relações sociais estabelecidas por meio da linguagem e que fazem a língua estar sempre em movimento, em transformação, em mudança, graças ao trabalho que os falantes empreendem com ela a cada instante de sua vida em sociedade.
 fala 
é o uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de compreensão e expressão. A fala é da ordem do individual. (PEREIRA, 2012)
Linguagem
O termo linguagem tem muitos significados e sentidos, mas vamos nos deter aqui em duas de suas definições, as mais importantes. A primeira é: faculdade cognitiva exclusiva da espécie humana que permite a cada indivíduo representar e expressar simbolicamente sua experiência de vida, assim como adquirir, processar, produzir e transmitir conhecimento. Nós somos seres muito particulares, porque temos precisamente essa capacidade admirável de significar, isto é, de produzir sentido por meio de símbolos, sinais, signos, ícones etc. Nenhum gesto humano é neutro, ingênuo, vazio de sentido: muito pelo contrário, ele é sempre carregado de sentido, nos mais variados graus, e cabe justamente à nossa capacidade de linguagem interpretar o sentido implicado em cada manifestação dos outros membros da nossa espécie.
A segunda definição de linguagem é decorrente da primeira: todo e qualquer sistema de signos empregados pelos seres humanos na produção de sentido, isto é, para expressar sua faculdade de representação da experiência e do conhecimento. É dessa segunda acepção de linguagem que provém uma distinção fundamental: a de linguagem verbal e linguagem não verbal.  A linguagem verbal é aquela que se expressa por meio do verbo (termo de origem latina que significa “palavra”), ou seja, da língua, que é, de longe, o sistema de signos mais completo, complexo, flexível e adaptável de todos: não por acaso, é de língua que deriva a palavra linguagem, pois toda linguagem é sempre uma “imitação da língua”, uma tentativa de produção de sentido tão eficiente quanto a que se realiza linguisticamente.
A linguagem verbal pode ser oral, escrita ou gestual (língua dos surdos). A linguagem não verbal é a que se vale de outros signos, não linguísticos, signos que podem ser dos mais diversos e diferentes tipos: cores, sons, figuras, bandeiras, fumaça, ícones etc. É essa riqueza de possibilidades de representação e expressão que nos permite falar de linguagem musical, linguagem cinematográfica, linguagem teatral, linguagem corporal, linguagem da dança, da pintura, da escultura, da arquitetura, da fotografia, incluindo as linguagens secretas, que exigem o domínio de códigos reservados a poucos iniciados.
Existem também as linguagens artificiais, isto é, sistemas de comunicação elaborados conscientemente para permitir o desenvolvimento de domínios específicos de saber. São linguagens artificiais, por exemplo, as utilizadas na matemática, na lógica ou na computação. O estudo dos múltiplos sistemas de linguagem verbal e não verbal é tarefa da semiótica (ou da semiologia, conforme a corrente teórica), que também se interessa pelas transposições de um sistema para outro (por exemplo, da fala para a escrita, do romance para o cinema, da música para a dança).
 Gramatica Normativa
 Conforme o prof. Marcos Bagno a gramatica normativa estabelece normas para o uso da língua, criando assim os conceitos de certo e errado: as formas de empregar a língua condizentes com as normas fixadas são consideradas certas, enquanto as demais agridem o chamado “bom uso”. Essas normas de correção gramatical provem de diferentes critérios: podem ser estabelecidas a partir do uso que os grandes escritores (os “clássicos”) consagraram; podem advir de pesquisas sobre a história da língua ou de considerações de ordem lógica, que, supostamente, organizariam o funcionamento do idioma. De qualquer maneira, cria-se uma forma de utilizar a língua que goza de prestigio e passa a ser ensinada nas escolas, a chamada norma culta. Em conceitos práticos: Gramática são as regras que fazem a língua funcionar.
Para Bagno(2006, p. 10) a norma culta não representa todos os fenômenos da língua, em seu livro Preconceito linguístico: o que é, como se faz, o autor faz uso da metáfora comparando a língua a um enorme iceberg: “A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta.”
Isso que dizer que, a norma culta/padrão não é a língua portuguesa e sim apenas uns dos fenômenos da língua.
Vale ressaltar que esse não é o intuito do presente trabalho (falar sobre gramatica), por ser um assunto que demanda aprofundamento, porém o leitor poderá se valer dessas poucas informações para os próximos capítulos.
a história do português (variedade padrão e não – padrão)
Bagno nos informa que:
“No Brasil, a colonização começou pelo Nordeste, e é nesta região que se encontram as cidades mais antigas do país: Salvador, Olinda, Recife.
A cultura da cana-de-açúcar fez desta região, durante algum tempo, o centro político, cultural e administrativo do Brasil. Mas a descoberta do ouro em Minas Gerais provocou a transferência da capital da Colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, por ser o porto mais próximo para a remessa do ouro para a Europa. Assim, o Rio assumiu o primeiro lugar em importância econômica, política e consequentemente cultural.
 Com o século XX, a crescente industrialização de São Paulo levou esta cidade a compartilhar com o Rio a importância econômico política e cultural. Mais tarde, o peso cultural e político de Minas Gerais começou a se fazer sentir. 
Tudo isso fez com que o português formal empregado pelas classes sociais privilegiadas residentes no triângulo formado pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte começasse a ser considerado o modelo a ser imitado, a norma a ser seguida, o português-padrão do Brasil.
 E é por isso que as variedades de outras regiões, como a nordestina economicamente pobre e culturalmente desprestigiada — são consideradas, no melhor dos casos, “engraçadas, divertidas, pitorescas” ou, no pior, “grosseiras, erradas e feias”, pelos falantes das variedades sudestinas.
Logo, o português não padrão e as demais variedades das outras regiões que foram marginalizadas e tidas como “erradas” causando assim, de forma equivocada o preconceito linguístico, que muitos falantes nutrem sem ao menos ter conhecimento sobre cada uma dessas variedades.
Pois entendem que a norma culta é a própria lingua portuguesa e não mais uma variedade dessa língua. Porém Bagno nos alerta que “Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo... Também a gramática não é a língua”. (BAGNO, 2007)
Conforme Bagno nos informa entendemos que a causa do preconceito linguístico: é a falta do conhecimento das variedades existentes em nossa língua e da historicidade da língua, também não saber a diferença entre variedade culta (Padrão), variedade popular (Não- padrão) e a Língua Portuguesa.
Há uma grande contribuição da linguista portuguesa Esperança Cardeira a respeito da história do português que vale a pena conferir:
Contar a história do Português é mostrar as mudanças linguísticas que lhe foram dando forma. Que as línguas mudam, é uma evidência: as dificuldades que encontramos na leitura de textos medievais revelam-nos como o Português Antigo era diferente do que ouvimos, falamos e escrevemos atualmente. E embora a mudança linguística seja frequentemente vista como uma espécie de decadência por muitos falantes que resistem à inovação, assumindo uma atitude de defesa da “pureza” da língua supostamente ameaçada, seja por um qualquer acordo ortográfico, por um novo dicionário ou pela influência das telenovelas, a verdade é que se o Português não tivesse sofrido mudanças ainda falaríamos como Afonso Henriques. No processo de mudança linguísticainteragem dois tipos de condicionalismos: um interno à própria língua (inerente ao sistema linguístico) e um externo (extralinguístico). Se a língua se organiza como um sistema dinâmico em permanente busca do equilíbrio, as suas estruturas poderão ser, elas próprias, causadoras de mudança: oposições que não se revelem funcionais podem desaparecer, já que um princípio de economia tenderá a eliminar redundâncias, ou novas oposições podem ser criadas no sentido de preencher lacunas que um princípio de clareza necessária à comunicação tenderá a colmatar. Por outro lado, sendo a variação inerente à fala, uma
ou mais variantes podem coexistir sem que haja mudança; mas esse estado de variação pode resolver-se se, dado um determinado conjunto de fatores condicionantes, linguísticos e/ou extralinguísticos, uma das alternativas se impuser. Circunstâncias históricas, mudanças sociais ou políticas podem também condicionar a mudança linguística. Uma causa externa de mudança linguística é, por exemplo, a fragmentação política: a formação de reinos na Península Ibérica — e a criação de fronteiras políticas — contribuiu grandemente para a constituição de fronteiras linguísticas e, portanto, para a fragmentação dialectal do Latim Hispânico, de que resultaram as várias línguas ibéricas.
Se a mudança atingir sistematicamente a língua, poderá, por sua vez, provocar novas mudanças. Modificações nas vogais latinas estão na origem de alterações que acabaram por criar uma série de consoantes. É assim que o Português, sendo, no limite, um dialeto do Latim, tem consoantes que não existiam naquela língua. Todos estes fatores — internos ou externos — não são propriamente causas, mas condições de mudança linguística: a língua não muda porque se verificaram modificações na estrutura da sociedade, mas uma mudança no sistema social pode ser terreno propício para mudanças no sistema linguístico. São fatores que funcionam como selecionadores de inovações, como condições e limites da criatividade linguística em determinada época. Ou seja, condicionam o como da mudança, mas não explicam o porquê. Por que muda a língua? A resposta a esta questão deve procurar-se nas características do próprio sistema linguístico: um sistema aberto, sempre em elaboração. Se a função da língua é permitir a
comunicação entre os seus utentes, dois requisitos terão de ser cumpridos: continuidade e adequação às necessidades dos falantes. Dito de outro modo: a mudança justifica-se pela necessidade de comunicação. A língua muda porque mudaram as necessidades expressivas dos falantes, mas não pode mudar tanto que a comunicação fique afetada. Em última análise, a língua muda porque é um sistema em perpétua adaptação às necessidades das comunidades que a utilizam e essas necessidades também mudam.
Se as circunstâncias históricas, sociais e culturais mudam — em algumas épocas paulatinamente, em outras quase abruptamente —, as necessidades expressivas dos falantes também se modificarão. E a língua (melhor: uma determinada gramática da língua) pode deixar de servir as necessidades dos seus utentes. Envelhece, portanto.
Envelhecer, no caso da língua, não conduz à morte, mas à mudança. Cada nova fase da língua consiste não só na inovação, mas essencialmente na seleção de variantes que já existem na língua. Aceites por um determinado grupo socialmente prestigiado, as variantes selecionadas serão generalizadas a toda a comunidade. Constitui-se, assim, um novo estádio de evolução da língua, cuja “estabilidade” sofrerá novos e perpétuos sobressaltos. Mas porque a língua procura esses patamares de estabilidade, o resultado de cada mudança linguística será sempre tendencialmente a constituição de uma norma, de um sistema organizado que, fatalmente, se tornará arcaico quando uma nova norma se afirmar. (CARDEIRA, 2005)
variação, variedade, variante e variável 
 Aqui nesse capitulo somente serão abordadas as definições de forma simples, no capítulo II trataremos com mais propriedade os conceitos definidos e seus respectivos exemplos tendo como referencial bibliográfico o professor e linguista Marcos Bagno.
Usamos como parâmetro nessa secção a linguista portuguesa Esperança Cardeira e seu livro “O essencial sobre a história do português” para as seguintes definições.
· Variação – A lingua varia no tempo ( variação diacrônica), no espaço geografico ( variação diatópica), na sociedade(variação diastratica) e segundo as modalidades expressivas (variação diafásica)
· Variedade – divisão que se pode aplicar a uma determinada língua e que é definida por um conjunto de marcas linguísticas próprio de uma comunidade restrita. Tomando como critério uma divisão temporal, espacial, social ou estilística, uma língua tem variedades diacrônicas (épocas da história da língua), variedades diatópicas (dialetos regionais), variedades diastráticas (sociolinguísticas) e variedades diafásicas (modalidades de expressão). Cada uma dessas variações será abordada amplamente no próximo capitulo.
· Variantes - Pode ser padrão e não- padrão 
1. Variante padrão é a chamada norma culta/padrão, essa é a norma que tem mais prestigio na sociedade, por isso o nome padrão. É a língua literária, idealizada. Vale ressaltar que, a norma culta não é a língua portuguesa e sim uma variante dela.
2. Variante não – padrão é toda variante que não está em acordo com a norma culta ou de prestigio. Também conhecida como “linguagem popular”
· Variável - é o conjunto de variantes linguísticas (CARDEIRA, 2005)
CAPÍTULO II AS VARIEDADES LINGUISTICAS
Não há como falar sobre variedades linguísticas sem citar o professor e linguista Marcos Bagno, pois seus trabalhos têm sido de grande importância nessa área. Bagno há anos trata do assunto com profundo respeito, dedicação e conhecimento. Suas obras são objetos de estudo e analise, para pesquisadores, professores, estudantes e críticos da área.
Segue apresentação do autor, professor e linguista Marcos Bagno[footnoteRef:3] [3: Fonte : https://editoracontexto.com.br/autores/marcos-bagno.html em 08/11/2018] 
A brief description about Mr. Marcos Bagno
Professor de Linguística da Universidade de Brasília (UnB), escritor e tradutor, com dezenas de livros publicados no campo da sociologia da linguagem e do ensino de português, além de obras dedicadas ao público infanto-juvenil, diversas delas premiadas. Desde a publicação de A Língua de Eulália, em 1997, seu primeiro livro no campo da educação linguística, vem se tornando um dos linguistas mais conhecidos do Brasil, devido à sua militância contra toda forma de exclusão social por meio da linguagem e a favor da valorização de todos os múltiplos modos de falar. Também atua na pesquisa e na proposta de novos caminhos para a educação em língua materna, com ênfase nas noções de letramento e de reeducação sociolinguística.
Como referencial bibliográfico usamos o citado autor e linguista Marcos Bagno e sua obra A Língua de Eulália, uma novela sociolinguística.
breve apresentação da obra
 
Nossa tradição educacional sempre negou a existência de uma pluralidade de normas linguísticas dentro do universo da língua portuguesa; a própria escola não reconhece que a norma padrão culta é apenas uma das muitas variedades possíveis no uso do português e rejeita de forma intolerante qualquer manifestação linguística diferente, tratando muitas vezes os alunos como “deficientes linguísticos”. Marcos Bagno argumenta que falar diferente não é falar errado e o que pode parecer erro no português não-padrão tem uma explicação lógica, científica (linguística, histórica, sociológica, psicológica). Para explicar essa problemática, o autor reúne então n’ALÍNGUA DE EULÁLIA as universitárias Vera, Sílvia e a esperta Emília, que vão passar as férias na chácara da professora Irene. Sempre muito dedicada, Irene se reúne todos os dias com as três
professoras do curso primário, transformando suas férias numa espécie de atualização pedagógica, em que as “alunas” reciclam seus conhecimentos linguísticos. Mais do que isso, Irene acaba criando um apoio paraque as “meninas” passem a encarar de uma nova maneira as variedades
não-padrão da língua portuguesa. A novela flui em diálogos deliciosamente informativos, A LÍNGUA DE EULÁLIA trata a sociolinguística como ela deve ser tratada: com seriedade, mas sem sisudez. (BAGNO, 2006)
Variação Linguística
Para que o leitor se familiarize com o conceito variação linguística há uma definição muito apropriada do professor Marcos Bagno, como segue:
O termo variação se aplica a uma característica das línguas humanas que faz parte de sua própria natureza: a heterogeneidade. A palavra língua nos dá uma ilusão de uniformidade, de homogeneidade, que não corresponde aos fatos. Quando nos referimos ao português, ao francês, ao chinês, ao árabe etc., usamos um rótulo único para designar uma multiplicidade de modos de falar decorrente da multiplicidade das sociedades e das culturas em que as línguas são faladas. Cada um desses modos de falar recebe o nome de variedade linguística. Por isso, muitos autores definem língua como “um conjunto de variedades” e substituem a noção da língua como um sistema pela noção da língua como um polissistema, formado por essas múltiplas variedades.
A variação linguística se manifesta desde o nível mais elevado e coletivo – quando comparamos, por exemplo, o português falado em dois países diferentes (Brasil e Angola) – até o nível mais baixo e individual, quando observamos o modo de falar de uma única pessoa, a tal ponto que é possível dizer que o número de “línguas” num país é o mesmo de habitantes de seu território. Entre esses dois níveis extremos, a variação é observada em diversos outros níveis: grandes regiões, estados, regiões dentro dos estados, classes sociais, faixas etárias, níveis de renda, graus de escolarização, profissões, acesso às tecnologias de informação, usos escritos e usos falados.
A consciência de que a língua é variável remonta à Antiguidade, quando os primeiros estudiosos da língua grega tentaram sistematizá-la para o ensino e para a crítica literária. Eles, no entanto, fizeram uma avaliação negativa da variação, que viram como um obstáculo para a unificação territorial e para a difusão da língua. Foi nessa época (século III a.C.) que surgiu a disciplina chamada gramática, dedicada explicitamente a criar um modelo de língua que se elevasse acima da variação e servisse de instrumento de controle social por meio de um instrumento linguístico. A consequência cultural desse processo histórico é que o termo língua passou a ser usado, no senso comum, para rotular exclusivamente esse modelo idealizado, literário, enquanto todos os usos reais, principalmente falados, foram lançados à categoria do erro.
Com os avanços das ciências da linguagem, essa visão foi abandonada: o exame minucioso de cada variedade linguística revela que ela tem sua própria lógica gramatical, é tão regrada quanto a língua literária idealizada, e serve perfeitamente bem como recurso de interação e integração social para seus falantes. Diante disso, um novo projeto de educação linguística vem se formando: é preciso ampliar o repertório e a competência linguística dos aprendizes, levá-los a se apoderar da escrita e dos muitos gêneros discursivos associados a ela, sem contudo desprezar suas variedades linguísticas de origem, valorizando-as, ao contrário, como elementos formadores de sua identidade individual e social e como patrimônio cultural do país.
acompanhando as diferenças
Em contato com outras pessoas, na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todos falam igual. Há pessoas que falam de modo diferente por ser de outras cidades ou regiões do país ou por ter idade diferente da nossa ou por fazer parte de outro grupo ou classe social.
Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas. (MAGALHAES, 1999)
Não há como fugir dessa realidade: todos somos diferentes, e falamos de modo diferente, cada região do país tem seu modo de falar, a língua portuguesa é uma, porém, com muitas variedades.
Somente pelo “sotaque’ sabemos de qual região do Brasil determinado falante é. Uma característica dos mineiros é o famoso “Uai”, os nortistas e nordestinos usam o “Oxênte”, já os gaúchos o “Bah”, os paulistas “Meu” e por aí vai.
Assim como a idade e a classe social do falante também revela traços dessas variedades, as mulheres têm um “dialeto” particular que os homens não usam, as crianças falam diferente dos idosos. Um juiz usa um vocabulário mais rebuscado que uma pessoa sem muita instrução educacional.
Considerando que a variação linguística é normal, natural e comum em todas as línguas, pois todas as línguas variam, não devemos estranhar as diferenças existentes entre os falantes do português nas diversas regiões do Brasil. (MARCUSCHI, 2007)
Mas infelizmente não é assim que as coisas acontecem, muitos pensam ser os “detentores de todo conhecimento” em relação a Gramatica, e excluem o falante que não se “enquadra” nos ditames do grupo que faz uso de uma variedade diferente da do excluído.
Bagno nos diz que: “O preconceito linguístico é um traço do preconceito social”
A língua está em constante transformação, portanto, fatores etários e sociais não podem ser desprezados. Como a língua portuguesa é viva, não há meios de refrear suas constantes mudanças, sabemos que, a forma como falamos nos dias atuais é bem diferente da maneira que falavam nossos avós por exemplo.
[...] Isso quer dizer que aquilo que a gente chama, por comodidade, de português não é um bloco compacto, sólido e firme, mas sim um conjunto de “coisas” aparentadas entre si, mas com algumas diferenças. Essas “coisas” são chamadas variedades. (BAGNO, 2006)
Logo não podemos impor que os falantes da região nordeste, norte, sudeste, sul e centro oeste, falem da mesma maneira, pois, em cada uma dessas regiões a língua portuguesa sofreu várias influencias: cultural, politica, religiosa, etc.
É impossível que em um país tão grande como o Brasil, todas as pessoas falem da mesma maneira, assim como valorizamos, o folclore, a música, a culinária das outras regiões do país, da mesma forma devemos valorizar o modo de falar de cada região (essa é a riqueza cultural das variedades)
A língua é uma pratica discursiva, é um conjunto de praticas sociais e não apenas um conjunto de regras gramaticais e é direito do falante fazer uso dessa pratica. (BAGNO, 2007)
Essas variações fazem parte do processo de enriquecimento da língua e não de empobrecimento como alguns querem dizer. Na verdade, é uma pratica de falares que são utilizados em grupos, que são grupos sociais e ele tem o direito de fazer uso dessa prática.
A língua não pertence somente a um determinado grupo (os falantes da norma/variedade culta) a língua é do povo.
Conforme definido no capitulo I variedade é a “divisão que se pode aplicar a uma determinada língua e que é definida por um conjunto de marcas linguísticas próprio de uma comunidade restrita. Tomando como critério uma divisão temporal, espacial, social ou estilística, uma língua tem variedades diacrônicas (épocas da história da língua), variedades diatópicas (dialetos regionais), variedades diastráticas (sociolinguísticas) e variedades diafásicas (modalidades de expressão).” 
Agora vamos ver cada variedade separadamente
Variedades da língua
Variação diacrônica ou histórica
Se pegarmos como exemplo um anuncio publicado há um século atrás, certamente iremos “estranhar” a forma como esse anuncio está escrito, algumas palavras eram grafadas assim: sabbado, encommendas, theatro, empreza. Bem diferentes da forma como conhecemos hoje em dia, não é? Mas era assim mesmo que elas eram escritas naquela época. Atualmente grafamos assim: Sábado, encomenda, teatro, empresa.
Já um anuncio de revista da atualidade vem carregado de termos em inglês: fast food, web, like, search, e essas palavras já fazem parte do vocabulário de muitas pessoas.
Isso quer dizer que a língua muda, se modica com o passar dos anos, ela não é estática, muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia, e muitas vezes o significado das palavras. E essas alteraçõesrecebem o nome de variação diacrônica ou histórica, segundo nos informa FERREIRA (2003)
Bagno nos dá uma definição muito clara sobre esse aspecto da língua, 
“Porque toda língua, além de variar geograficamente, no espaço, também muda com o tempo. A língua que falamos hoje no Brasil é diferente da que era falada aqui mesmo no início da colonização, e é diferente da língua que será falada aqui mesmo dentro de trezentos ou quatrocentos anos!” (BAGNO, 2006)
Considerando a definição acima, tomemos como exemplo a palavra “você”, observemos as seguintes transformações(diacronia): “vossa mercê”, passando por “vossemecê”, e “vosmecê” até chegar em “você”.
variação diatópica
 De acordo com a localização geográfica que determinado falante da Língua Portuguesa vive, os falantes dessa região possuem uma forma peculiar de falar certas palavras, como já mencionamos, os cariocas tem aquela forma tão conhecida por aspirarem o -r e chiarem o -s , os paulistas que vivem no interior da cidade, já os identificamos pelo -r retroflexo quando pronunciam porta por exemplo. Conseguimos identificar o modo que os habitantes de diferentes regiões do Brasil falam pelo famoso sotaque.
Mauro Ferreira chamo-nos a atenção que a pronuncia característica dos falantes de uma região é comumente chamada de sotaque, sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque do interior paulista etc. (FERREIRA, 2003)
E esses sotaques são responsáveis pelas reações por parte dos ouvintes, sendo de aceitação, chacota ou incômodo (preconceito) 
variação diastrática ou social
As condições socias influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar a mesma língua.
Um trabalhador braçal que não teve a oportunidade de frequentar a escola, certamente falará a seguinte frase:
1. “Nois tavo indo até que bem, mais cabo as energia de todo mundo, ficamo cansado”
2. Já um juiz falaria assim” Estávamos indo muito bem, porém, ficamos sem energia física, todos estávamos cansados”
Nas citações acima vemos claramente a variação social. A idade do falante também, é um fator que promove essa variação, pois um homem adulto não fala como um adolescente ou uma criança. Geralmente são os jovens que fazem uso das gírias, as mulheres usam bastante o diminutivo “lindinho, gracinha, amorzinho”, recurso que não costuma aparecer na fala dos homens. (PACHECO, 2012)
variação diafásica 
Dependendo do local ou situação em que uma pessoa está, ela pode variar seu modo de falar, por exemplo:
Em uma roda de amigos em um bar ninguém se preocupa em usar a norma(variedade) culta, pois são pessoas do seu convívio diário, já em uma reunião com acionistas de uma grande empresa essa mesma pessoa vai tomar cuidado ao falar nessa reunião. 
 Segundo a professora Siomara (2012, p. 24) “O falante tende a adequar sua linguagem ao contexto, e ao seu interlocutor. Nesse caso temos a variação diafásica, aquela que é caracterizada pela situação de uso da língua.” Conforme exemplo acima.
“Assim, pode-se afirmar que o uso efetivo de variedades linguísticas significa saber adequar o modo de falar a cada contexto, seja ele familiar, de trabalho, etc. Isso faz parte da habilidade comunicativa do falante “
 Em uma roda de amigos ou em uma conversar com familiares, não há necessidade do falante “mostrar” seus conhecimentos gramaticais, já em um contexto formal, em uma reunião, ou uma apresentação de um novo software para acionistas de uma empresa, o falante precisará adequar sua linguagem a esse momento.
PRECONCEITO LINGUÍSTICO
 
Definindo Preconceito Linguístico segundo o Professor Marcos Bagno
” O termo preconceito designa uma atitude prévia que assumimos diante de uma pessoa (ou de um grupo social), antes de interagirmos com ela ou de conhecê-la, uma atitude que, embora individual, reflete as ideias que circulam na sociedade e na cultura em que vivemos. Assim como uma pessoa pode sofrer preconceito por ser mulher, pobre, negra, indígena, homossexual, nordestina, deficiente física, estrangeira etc., também pode receber avaliações negativas por causa da língua que fala ou do modo como fala sua língua.
O preconceito linguístico resulta da comparação indevida entre o modelo idealizado de língua que se apresenta nas gramáticas normativas e nos dicionários e os modos de falar reais das pessoas que vivem na sociedade, modos de falar que são muitos e bem diferentes entre si. Essa língua idealizada se inspira na literatura consagrada, nas opções subjetivas dos próprios gramáticos e dicionaristas, nas regras da gramática latina (que serviu durante séculos como modelo para a produção das gramáticas das línguas modernas) etc. No caso brasileiro, essa língua idealizada tem um componente a mais: o português europeu do século XIX. Tudo isso torna simplesmente impossível que alguém escreva e, principalmente, fale segundo essas regras normativas, porque elas descrevem e, sobretudo, prescrevem uma língua artificial, ultrapassada, que não reflete os usos reais de nenhuma comunidade atual falante de português, nem no Brasil, nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar do mundo onde a língua é falada.
Mas a principal fonte de preconceito linguístico, no Brasil, está na comparação que as pessoas da classe média urbana das regiões mais desenvolvidas fazem entre seu modo de falar e o modo de falar dos indivíduos de outras classes sociais e das outras regiões. Esse preconceito se vale de dois rótulos: o “errado” e o “feio” que, mesmo sem nenhum fundamento real, já se solidificaram como estereótipos. Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que o que está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto para discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características socioculturais e socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de instrução, nível de renda etc.
A instituição escolar tem sido há séculos a principal agência de manutenção e difusão do preconceito linguístico e de outras formas de discriminação. Uma formação docente adequada, com base nos avanços das ciências da linguagem e com vistas à criação de uma sociedade democrática e igualitária, é um passo importante na crítica e na desconstrução desse círculo vicioso.
O preconceito linguístico é uma realidade no Brasil e ele acaba fortalecendo as desigualdades sociais, assim como existe o preconceito religioso, preconceito étnico e o preconceito sexual, o linguístico também existe e precisa ser debatido, para que essas minorias tenham uma voz em meio ao caos que o preconceito causa. Assim fica claro que um determinado grupo impõe sobre os outros (que são minorias) suas ideias. 
Esse preconceito ocorre pela não aceitação de determinadas variações que existem na língua portuguesa, como se a única forma correta de falar fosse a que a classe dominante usa (norma culta/padrão)” [footnoteRef:4] [4: Disponível em http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/preconceito-linguistico] 
Já discorremos acima as definições de cada variedade, que, queiramos ou não, irá acontecer e isso foge ao nosso controle e até ao controle da gramatica normativa, não há como barrar o desenvolvimento de algo vivo.
Porém algumas pessoas ainda insistem em taxar como modo certo ou errado de falar a língua discriminando quem assim não o faz e essa visão é muito preocupante.
Ou seja, quem não se encaixa no modo de falar da norma/variedade padrão está fora do convívio em sociedade, pois, “fala mal, tem a fala estropiada, é analfabeto e burro”. Essas afirmações estão carregadas de preconceito trazendo consequências desastrosas.
Os falantes que sofrem discriminação linguística tendem a desenvolver problemas de sociabilidade e, até mesmo, psicológicos, perdem oportunidades de trabalho, são marginalizados nas escolas, nos grandes centros urbanos. O preconceito linguístico é um braço do preconceito social. (BAGNO, 2007)
Precisamos entender que não estar em acordo com a norma/variedade culta/padrão, não significa que o falante está totalmente errado, as variações acontecem de acordo com o contextoque o falante está inserido e isso não é levado em consideração pelos “preconceituosos”: contexto social, familiar, urbano, rural.
 De acordo com Bagno (2007) “Entendemos que não há certo ou errado na língua, e sim maneiras diferentes de usá-la, formas que atendem às necessidades linguísticas das comunidades que as usam, necessidades que também são... diferentes!” 
Precisamos entender que, não somos iguais em nada, por isso há: religiões diferentes, cores diferentes, modelos de carro diferentes, etc. E no modo de falar também há diferença. 
É a comunidade linguística que garante a manutenção de determinado modo de falar (PACHECO, 2012) De acordo com as necessidades a comunidade “ajusta” esse modo de falar 
Com isso não queremos dizer que o falante/aluno não deva usar a variedade culta, mas que, a variedade usada por esse falante/aluno precisa ser respeitada.
 Pensemos em um aluno pobre, oriundo do sertão nordestino, que ingressa em uma escola na região central de são Paulo, cada uma dessas regiões faz uso de uma variedade linguística. (Variação Diatópica/ Geográfica), logo seu modo de falar e sua condição social o “denunciará” como alguém que não é da região central de são Paulo e que não faz parte daquela camada social, e é aí que começa as “chacotas”.
Bagno (2007) afirma que “o preconceito linguístico é um braço do preconceito social”
E muitas vezes o preconceito não é porque o falante não faz uso da norma/variedade culta e sim, pelo simples fato de não usar as expressões que determinado grupo usa, ou por ser pobre.
 No caso do falante/aluno oriundo do sertão nordestino, ele será alvo de preconceito linguístico por não ser paulista (esse preconceito - rir dos nordestinos/nortistas, está enraizado em qualquer comunidade de fala do estado de são Paulo) e por usar expressões que aos ouvidos dos falantes/alunos paulistas soam “engraçadas e diferentes”. E isso já é motivo para que ele seja discriminado. 
Segundo Bagno (2006) “A diferença na forma como uma palavra é pronunciada é o que logo nos chama a atenção e nos avisa que uma pessoa fala uma variedade diferente da nossa. Essas diferenças fonéticas são as mais estigmatizadas”
A gíria 
A gíria é uma das variedades de uma língua. Quase sempre é criada por um grupo social, como os cantores de rap, de heavy metal, o dos que praticam certas lutas, como capoeira, jiu-jitsu, etc. Quando ligada a profissões, a gíria é chamada jargão é o caso do jargão dos jornalistas, dos médicos, dentistas e de outras profissões. (MAGALHAES, 1999)
Os dialetos e jargões segundo Magalhaes são variedades linguísticas e fazem parte da comunicação de grupos “escolarizados” “ou não muito escolarizados”. A imprensa escrita e os meios de comunicação (jornais, TV e Internet) são na maioria das vezes os grandes propagadores do preconceito linguístico.
 Bagno diz o seguinte: “Repare que nas novelas o modo de falar dos caipiras é apresentado como “engraçado”, o morador de uma comunidade é apresentado como o que “só usa gírias, palavras de baixo calão, a mulher é tida como “estupidamente engraçada”.
Veladamente esse comportamento da mídia desperta o preconceito social, que por sua vez gera o preconceito linguístico: Fala assim por ser “negro, pobre, analfabeto, mulher, criança de periferia ou moradora de comunidade, matuto da roça”.
E esse estigma está enraizado em nossa sociedade, pode parecer engraçado para o taxador, mas para os taxados não tem graça nenhuma, muito pelo contrário, é humilhante.
Bagno diz que: o português é um grande “balaio de gatos”, onde há gatos dos mais diversos tipos: machos, fêmeas, brancos, pretos, malhados, grandes, pequenos, adultos, idosos, recém-nascidos, gordos, magros, bem-nutridos, famintos etc. Cada um desses “gatos” é uma variedade do português brasileiro, com sua gramática específica, coerente, lógica e funcional. (BAGNO, 2007) 
Então não é saudável linguisticamente delimitar somente uma forma de falar uma língua, no Brasil há muitas maneiras de falar e a essas “maneiras” denominamos variedades linguísticas.
A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. [...] A imagem de uma língua única, mais próxima da modalidade escrita da linguagem, subjacente às prescrições normativas da gramática escolar, dos manuais e mesmo dos programas de difusão da mídia sobre “o que se deve e o que não se deve falar e escrever”, não se sustenta na análise empírica dos usos da língua[footnoteRef:5] [5: Parâmetros curriculares nacionais, Língua Portuguesa, 5ª a 8ª séries, p.29.] 
dialeto
O termo dialeto surgiu na Grécia antiga, onde a língua grega apresentava diferenças bem marcadas de uma região para outra. A princípio, então, dialeto era um rótulo simplesmente descritivo, aplicado à variação linguística regional: falava-se do dialeto ático, jônico, dórico etc. Mais tarde, porém, quando, por desdobramentos históricos, um desses dialetos foi escolhido para se tornar a base de um modelo de língua grega que deveria ser difundido e ensinado, o termo dialeto passou a ser usado depreciativamente, como um modo de falar “inferior”, “errado”, fazendo surgir uma oposição língua/dialeto. Mais tarde ainda, no período colonial, as línguas dos povos americanos e africanos foram designadas como “dialetos” porque eram consideradas “primitivas” e “deficientes” em comparação às línguas dos europeus, brancos, “civilizados”. Mas no processo de formação das próprias nações europeias, a suposta diferença entre língua e dialeto serviu de instrumento para a imposição de uma variedade linguística sobre as outras.
Em Portugal, a base da língua oficial, literária, é o dialeto de Lisboa desde que a capital foi transferida de Coimbra para lá, em 1385: assim, o que antes era uma variedade típica de um lugar passou a ser designada com o nome do próprio povo, português. A língua espanhola oficial até hoje é chamada de castelhano, porque foi a variedade falada na região de Castela que se tornou dominante quando a Espanha se tornou uma nação unificada, depois da expulsão dos árabes de seu território. E o que se chama italiano é, de fato, a língua falada na Toscana, que foi escolhida para ser a língua oficial da Itália depois da unificação do país, em 1861. É por isso que se costuma dizer que “uma língua é um dialet o com exército e marinha”, ou seja, o rótulo de língua é atribuído à variedade local que, por razões exclusivamente históricas, conseguiu se tornar idioma nacional, oficial.
No século XIX, motivados pelos ideais do Romantismo, que viam a zona rural como lugar de preservação da cultura e dos valores “autênticos” da nação, muitos estudiosos se dedicaram à pesquisa dos dialetos regionais de seus países. Para escapar desses sentidos tradicionais, pejorativos ou idealizados, a sociolinguística contemporânea evita o uso de dialeto, dando preferência ao termo variedade. A vantagem de variedade é que a palavra pode se referir a um espectro muito mais amplo do que dialeto: além de designar um modo característico de falar a língua em dada região, ela também se aplica aos usos característicos de diferentes classes sociais, etnias, categorias profissionais, faixas etárias etc., segundo o interesse do pesquisador. Quanto mais variáveis sociais incluímos na pesquisa sociolinguística, mais profundamente conhecemos uma variedade linguística.
Uma pedagogia linguística democrática é aquela que concilia o ensino-aprendizagem da escrita e dos gêneros discursivos associados a ela, sobretudo os literários, com o respeito e a valorização das múltiplas variedades sociais, reconhecendo-as como parte inseparável da identidade individual e como patrimônio cultural das comunidades que as empregam.[footnoteRef:6] [6: Disponivel em http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/dialeto] 
Sabemos que a gramatica normativa são as regras que fazem a língua funcionar, sabemosa importância e a necessidade de usa-la corretamente, e com isso não estamos dizendo que um falante precisa falar e escrever incorretamente.
É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para a educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do português no Brasil e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para melhor planejarem suas políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão. (BAGNO, 2007)
As escolas devem ensinar aos alunos que não existe somente uma forma de falar a língua, que não há uma unidade linguística e sim a língua portuguesa e suas variações.
Pensamos que as escolas devem mostrar a realidade linguística para preparar o aluno a apoderar-se das formas de prestigio e que o preconceito linguístico existe sim, e quem não faz uso da norma culta, certamente será vítima desse preconceito.
 CAPÍTULO III
variedade linguística x preconceito linguístico
 Como já falado em todo o trabalho, a língua varia no tempo e no espaço (Variação Diacrônica/Histórica e Variação Diatópica/geográfica) e possui variedades, do não conhecimento desse fenômeno linguístico chamado variação, resulta o preconceito linguístico, que segundo Bagno, “é um braço do preconceito social”. (BAGNO, 2007)
“Por ser negro, pobre, morador de periferia, por falar errado, usar termos estranhos, por não usar a variedade culta/padrão”, entre outras coisas pelas quais um falante/aluno é caracterizado pela sociedade ou comunidade de fala.
Entendemos que não há necessidade de sermos repetitivos com termos e definições nesse capitulo, 
A primeira manifestação a respeito das variações linguísticas é o relato bíblico da Torre de Babel e essa narrativa segundo Faraco é criada para explicar porque os povos falam línguas diferentes, ou seja, naqueles dias remotos a humanidade já se preocupava com esse fenômeno.
Nos dias atuais a ciência se encarrega de explicar a heterogeneidade da língua, sabemos que a língua não é um bloco único e sim fragmentado, no sentido das variedades
Vejamos a narrativa bíblica
A torre de Babel - Genesis cap.11
1. No mundo todo havia apenas uma língua, um só modo de falar.
2. Saindo os homens do Oriente, encontraram uma planície em Sinear e ali se fixaram.
3. Disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos e queimá-los bem”. Usavam tijolos em lugar de pedras, e piche em vez de argamassa.
4. Depois disseram: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra”.
5. O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam construindo.
6. E disse o Senhor: “Eles são um só povo e falam uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que planejam fazer.
7. Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros”.
8. Assim o Senhor os dispersou dali por toda a terra, e pararam de construir a cidade.
9. Por isso foi chamada Babel, porque ali o Senhor confundiu a língua de todo o mundo. Dali o Senhor os espalhou por toda a terra. (ALMEIDA, 1994)
Segundo o relato bíblico havia uma conexão sem impedimentos entre o emissor x receptor, a mensagem(código) era sempre muito bem entendida, pois não havia interferência.
De acordo com (NININ, 2012, p.51 apud SAUSSURE) “a língua é o resultado da transformação da mensagem em um código. Codificar a mensagem significa transformar a mensagem em um código que seja comum aos dois” [...].
A partir do momento que Deus “confundiu” as línguas houve um rompimento na comunicação, já não conseguiam codificar a mensagem. Não falavam mais a mesma língua e decorrência disso, “espalharam-se sobre a terra”.
É só consultarmos um mapa para entendermos que: há vários países, cada um com a sua língua, suas variedades e peculiaridades dessa língua, espaços geográficos diferentes, e cada comunidade de fala com sua experiencia linguística, já foi dito e tornamos a dizer: ninguém é igual a ninguém.
Já o preconceito linguístico é uma realidade em nossa sociedade, os falantes/alunos que não fazem uso da norma/variedade padrão/culta são ridicularizados quer em universidades, escolas, local de trabalho ou em reuniões.
Embora que sabemos que ninguém usa a norma padrão o tempo todo, ou seja, não há razão para sermos preconceituosos, todos temos marcas da oralidade:
PRONUNCIA- sotaque
· Portugueses x Brasileiros
· Os falantes do rio Grande do Sul x falantes de Minas Gerais
SINTAXE
· a maneira de compor as frases: “Eu não quero não” outros dizem “eu não quero”
VOCABULÁRIO
· Em são Paulo para se referir ao osso da clavícula usamos “saboneteira”, na Bahia usam “cantareira’ e no Sergipe “osso da fome” e outros exemplos: mandioca (são Paulo), macaxeira (Nordeste), etc.
Bagno (2012) diz que as diferenças fonéticas são as mais perceptíveis, “A diferença na forma como uma palavra é pronunciada é o que logo nos chama a atenção e nos avisa que uma pessoa fala uma variedade diferente da nossa. Além disso, essas diferenças fonéticas são as mais estigmatizadas.”
Pois recebem a ‘maior carga de preconceito” por parte do conhecedor do português padrão (norma/variedade culta/padrão).
Temos como exemplo as seguintes palavras: “véio”, trabaio”,” grobo”,” broco”, assim que um falante da variedade culta ouve essas palavras, já estigmatiza o falante da variedade não padrão como “burro” entre outros adjetivos preconceituosos. É necessário entender que o falante que não faz uso da norma padrão não é “burro”, ele só obedece a regras diferentes da que o falante da variedade culta obedece.
“Tudo que é considerado erro no português não padrão, tem uma explicação cientifica do ponto de vista linguístico ou outro, logico, pragmático, psicológico”, segundo Bagno.
O conceito de erro 
 De acordo com Bagno a noção de erro tem que ser reservada para problemas individuais: Se alguém ao invés de dizer cavalo diz cafalo, este sim estará cometendo um erro, devido talvez a problemas físicos na audição ou na fonação, pois essa forma não é registrada em nenhuma variedade do português do Brasil. Mas dizer pranta no lugar de planta não é um erro: é um fenômeno chamado rotacismo, que acontece nas mais diversas regiões do país e que rotacismo, participou da formação da língua portuguesa padrão ao longo dos séculos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Preconceito Linguístico não é um assunto novo e com isso não pretendemos encerra-lo com esse trabalho, porém, em nossa sociedade notamos que grande parte da população não tem conhecimento teórico sobre a própria língua e isso tem causado um transtorno gigantesco.
Por conhecimento teórico queremos dizer que, esses falantes não conhecem a historicidade da língua e suas mudanças ao longo do tempo (diacronia[footnoteRef:7]), pois uma língua viva, falada por pessoas vivas certamente irá mudar de acordo com as necessidades dessa comunidade linguística[footnoteRef:8]. [7: Por estudo diacrônico entende-se a análise de uma língua em seu processo de transformações históricas, ou seja, o estudo de uma língua por meio de sua evolução histórica.] [8: Comunidade linguística define-se pelo conjunto de indivíduos que se relacionam por meio de várias redes comunicativas e que têm seu comportamento verbal orientado por um mesmo conjunto de regras] 
Assim como Bagno nos orienta que “temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam” (BAGNO, 2007)
Conforme Bagno (2007) o preconceito linguístico está ligado em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua[footnoteRef:9] e gramatica normativa. [9: Língua é um conjunto de signos e formas de combinar esses signos partilhado pelos membros de uma comunidade.] 
Em uma sociedade onde a variedade culta é amplamente difundida nas escolas, programas de TV, jornais e as variedade não-padrão é hostilizada, ou seja, quem não souber

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