Pacote Anticrime impacto na inteligencia e seguranca pdf pdf

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Por Humberto de Sá Garay - Consultor em Inteligência | Segurança Pública e Defesa
Pacote Anticrime e seu 
impacto na inteligência de 
segurança pública
Por Humberto de Sá Garay 
Consultor em Inteligência | Segurança Pública e Defesa
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A nova Lei nº 13.964/2019, decorrente do denominado “Pacote Anticrime”, 
provocou inúmeras alterações na legislação criminal brasileira. A nosso ver, 
algumas dessas mudanças produzem reflexos diretos na inteligência de 
segurança pública. São elas: a regulamentação da captação ambiental, a 
infiltração virtual de agentes em investigações contra o crime organizado, o 
regramento legal sobre a cadeia de custódia da prova e a criação da figura 
do whistleblower somada ao reforço do dever de proteção da identidade de 
informantes. Vejamos cada uma brevemente.
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Pacote Anticrime e seu impacto na inteligência de segurança pública
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Índice
Introdução
A infiltração virtual de agentes em 
investigações contra o crime organizado
Mudanças significativas na inteligência 
investigativa
Da captação ambiental
Da infiltração virtual de agentes
Cadeia de custódia da prova
Contrainteligência de segurança pública na 
proteção da identidade de informantes
Sobre a dígitro
Prêmios e reconhecimentos
...........................................................................................02
...................................................04
...........................................05
.....................................................................06
.....................................................13
...........................................................17
................................20
....................................................................................22
............................................................23
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A infiltração virtual de 
agentes em investigações 
contra o crime organizado
Por Humberto de Sá Garay
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Diretor de Governança e Compliance no Instituto SAGRES – Política e Gestão 
Estratégica Aplicadas,
Pós-Graduado em Inteligência Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista 
em Políticas e Gestão da Segurança Pública e Privada pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul – UFRGS e Bacharel em Ciências Militares - Área de Defesa Social 
pela Academia de Polícia Militar da Brigada Militar. Nas atividades profissionais, 
voltadas as políticas institucionais de compliance, sigilo de dados e de proteção do 
conhecimento, desenvolve projetos e capacitações para a criação de governança de 
conformidades e sistematização de normas para a proteção dos ativos de informação, 
elaboração de diagnósticos de vulnerabilidades e implantação de políticas para 
gestão de riscos e segurança da informação.
Humberto de Sá Garay
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Mudanças significativas na 
inteligência investigativa
A regulamentação da
captção ambiental
A infiltração virtual de 
agentes em investigações 
contra o crime organizado
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REGULAMENTAÇÃO DA 
CAPTAÇÃO AMBIENTAL
• Persecução penal contra o crime 
organizado (art. 3º, II, 
Lei nº 12.850/2013).
Antes
Agora
• Infrações penais cujas penas 
máximas superem o quantum de 
4 (quatro) anos ou em infrações 
penais conexas;
• regulamentação expressa.
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DA CAPTAÇÃO AMBIENTAL
A nova leialterou a Lei nº 9.296/1996 
(Lei das Interceptações Telefônicas), 
para nela acrescentar o art. 8º-A, o qual 
regulamenta a captação ambiental de 
sinais eletromagnéticos, ópticos ou 
acústicos. 
A captação ambiental é um meio de 
obtenção de prova penal, consistente 
no ato de tomar conhecimento do 
conteúdo de comunicação alheia, no 
próprio ambiente em que ela ocorre, 
por parte de um terceiro, que se vale 
de escutas, microfones, câmeras 
ocultas, monitoramento à distância 
por satélites, antenas direcionais ou 
alguma das inúmeras tecnologias 
disponíveis. 
Trata-se de importante mudança, já que 
até então nosso ordenamento jurídico 
apenas previa vagamente a possibilidade 
de se realizar a captação ambiental, 
e apenas no contexto da persecução 
penal contra o crime organizado (art. 3º, 
II, Lei nº 12.850/2013). A forma e limites 
da medida eram dados pela doutrina e 
principalmente pelos Tribunais, admitindo 
ou não, casuisticamente, as provas obtidas 
por esse meio. 
Conforme a alteração legal promovida pelo 
“Pacote Anticrime”, a captação ambiental 
agora possui regulamentação expressa. 
Assim, a medida poderá ser autorizada 
pelo juiz, mediante representação da 
autoridade policial ou requerimento do 
Ministério Público. Para tanto, exige-se 
que a prova não possa ser feita por outros 
meios disponíveis e igualmente eficazes.
(Nesse sentido: LIMA, Renato Brasileiro de. 
Legislação Criminal Especial comentada: 
volume único – 7ª edição. Salvador: JusPODIVM, 
2019, p. 798). 
 Mais ainda, exige-se também a existência 
de elementos probatórios razoáveis 
de autoria e participação em infrações 
penais cujas penas máximas superem 
o quantum de 4 (quatro) anos ou em 
infrações penais conexas. Desse modo, 
a captação ambiental não se limita mais 
a persecução penal de organizações 
criminosas, podendo ser utilizada para a 
investigação criminal de qualquer crime 
que possua pena máxima abstratamente 
prevista superior a 4 (quatro) anos.
O requerimento para captação ambiental 
deverá descrever circunstanciadamente o 
local e a forma de instalação do dispositivo 
de captação. Nesse ponto, percebe-
se a abertura legal para utilização da 
metodologia da inteligência.
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intersecções está precisamente 
no fenômeno do empréstimo da 
metodologia de inteligência aos meios 
extraordinários de obtenção de prova 
penal. E o caso da captação ambiental 
é ótimo exemplo disto. 
É que para execução de tal medida, 
conforme exige a lei, será necessário 
descrever a forma de instalação do 
dispositivo a ser utilizado. Para isso é 
indispensável a utilização de técnicas de 
inteligência, especialmente a entrada, 
da qual o juiz deverá ter mais do que 
ciência, mas também compreensão, 
para que a delimite na decisão 
autorizadora da medida. 
“Há tempos já defendemos que uma dessas intersecções 
está precisamente no fenômeno do empréstimo da 
metodologia de inteligência aos meios extraordinários de 
obtenção de prova penal”
Nota do autor
Na investigação criminal, 
busca-se a prova penal 
a ser utilizada em futura 
ação penal, capaz de 
formar o convencimento do 
julgador, após submissão ao 
contraditório e ampla defesa;
Inteligência de Segurança 
Pública (ISP) é o exercício 
permanente e sistemático 
de ações especializadas 
para identificar, avaliar 
e acompanhar ameaças 
reais ou potenciais na 
esfera de Segurança 
Pública para subsidiar os 
tomadores de decisão.
INVESTIGAÇÃO INTELIGÊNCIA
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Como é sabido, existem várias 
controvérsias sobre a diferenciação 
entre investigação criminal e inteligên-
cia de segurança pública – tantas que 
não caberiam nesse pequeno espaço, 
por isso não o faremos. O principal traço 
distintivo costumeiramente apontado é 
a finalidade de cada uma: na investiga-
ção criminal, busca-se a prova penal a 
ser utilizada em futura ação penal, capaz 
de formar o convencimento do julgador, 
após submissão ao contraditório e 
ampla defesa; na inteligência, objetiva-
se a produção do conhecimento para 
assessorar o processo decisório. 
Entretanto, essa diferenciação teórica 
não elimina a dificuldade de se 
compreender a diferença entre as duas 
atividades no plano prático-operacional. 
A nosso ver, essa dificuldade reside 
justamente no fato de que as duas 
atividades, embora distintas, possuem 
pontos de intersecção. Há tempos 
já defendemos que uma dessas 
TRAÇO DA FINALIDADE
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A entrada é a técnica de ingresso 
sigiloso e imperceptível em locais de 
acesso restrito, de modo que seus 
proprietários ou responsáveis não 
tenham conhecimento da ação.
Como forma de apoio a entrada, 
outras técnicas e fontes de inteligência 
podem ser utilizadas para prepará-la, 
como a estória-cobertura, a vigilância, 
o reconhecimento, a provocação, o 
disfarce e o suporte da Inteligência 
de Imagens (IMINT). Tudo isso para 
definir como será feita a captação em 
si, o que deverá considerar inúmeras 
circunstâncias, tais como a rotina de 
um alvo, sua dinâmica de utilização de 
determinado ambiente, necessidade 
de driblar câmeras de vigilância, dentre 
outras.
O prazo para execução da medida 
é outro ponto de interesse: 15 
(quinze) dias, renováveis por iguais 
períodos, mediante decisão judicial, 
se comprovada a indispensabilidade 
do meio de prova e quando presente 
atividade criminal permanente, habitual 
ou continuada. Findo esse prazo, se 
houver a continuidade da captação, 
configurado estará o crime de realização 
de captação ambiental sem autorização 
judicial, punido com reclusão de 2 (dois) 
a 4 (quatro) anos. 
Em razão disso, deve-se ajustar o 
planejamento das operações e a 
metodologia da inteligência para 
encerramento da operação, dentro do 
lapso temporal previsto, com especial 
atenção para a extração ou inutilização 
do material utilizado.
Enfim, essa alteração dada pelo 
“Pacote Anticrime” amplia as hipóteses 
de utilização da captação ambiental, 
estimulando sua utilização e dando-
lhe mais segurança jurídica, o que 
certamente aumentará a demanda pelas 
técnicas especializadas de inteligência, 
as quais serão componentes necessários 
dos atos de cumprimento da autorização 
judicial para captação ambiental.
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Técnica de Entrada
Fontes de Inteligência
Técnicas de Apoio
é a técnica de ingresso sigiloso e imperceptível em locais 
de acesso restrito, de modo que seus proprietários ou 
responsáveis não tenham conhecimento da ação. 
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Metodologia de inteligência para instalação 
de dispositivo para escuta ambiental
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Tudo isso para 
definir como será 
feita a captação 
em si, o que deverá 
considerar inúmeras 
circunstâncias:
a rotina de um alvo;
sua dinâmica de utilização de 
determinado ambiente;
necessidade de driblar 
câmeras de vigilância.
* O prazo para execução da medida é outro 
ponto de interesse: 15 (quinze) dias mediante 
decisão judicial.
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“Pacote Anticrime” amplia as hipóteses de 
utilização da captação ambiental
Estimulando sua utilização e dando-lhe 
mais segurança jurídica, o que certamente 
aumentará a demanda pelas técnicas 
especializadas de inteligência, as quais 
serão componentes necessários dos atos de 
cumprimento da autorização judicial para 
captação ambiental.
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 Infiltração virtual de agentes
“A infiltração é um meio de obtenção de prova penal e 
consistente na infiltração dissimulada de agente policial em 
uma organização criminosa através do ciberespaço (ambiente 
virtualizado), o qual passa a agir e se comportar (netnografia), 
como um de seus integrantes, ocultando sua real identidade 
pela constituição de perfis específicos e encobertos, mantendo 
um comportamento alinhado aos propósitos da rede 
criminosa para justificar a sua permanência. São exemplos 
de aplicativos e espaço cibernético onde a infiltração policial 
virtual pode ocorrer, além das redes sociais: aplicativos 
multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de 
voz para computadores e smartphones como o WhatsApp, 
Facebook Messenger, Hangouts, Kik Messenger, Line, Skype, 
Telegram,Viber, WeChat e Deep Web.”
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Pacote Anticrime e seu impacto na inteligência de segurança pública
Por Humberto de Sá Garay - Consultor em Inteligência | Segurança Pública e DefesaIR PARA O ÍNDICE
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A nova lei também ampliou o leque 
de possibilidades para utilização da 
infiltração de agentes. 
A infiltração de agentes é um meio de 
obtenção de prova penal, consistente 
na introdução dissimulada de agente 
policial em uma organização criminosa, 
o qual passa a agir como um de 
seus integrantes, ocultando sua real 
identidade. O objetivo é identificar 
fontes de prova e angariar elementos 
informativos capazes de desarticular o 
grupo criminoso 
Essa medida já era admitida e regulada 
pela Lei nº 12.850/2013 (Lei das Or-
ganizações Criminosas), que trata da 
infiltração de agentes tradicional, isto 
é, física e presencial. Além disso, antes 
da nova lei, o ordenamento jurídico 
brasileiro já possuía previsão legal para 
a infiltração virtual, restrita a hipóteses 
específicas. É que o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) 
prevê, desde 2017, a infiltração virtual 
de agentes para investigação de crimes 
contra a dignidade sexual de crianças 
e adolescentes praticados por meio do 
ambiente cibernético. Agora, a nova 
lei amplia a utilização dessa medida 
de cyber infiltração para o combate às 
organizaçõescriminosas, acrescentando 
os artigos 10-A a 10-D e o parágrafo único 
no art. 11, todos da Lei nº 12.850/2013 
(Lei das Organizações Criminosas).
Os requisitos para a deflagração da 
infiltração virtual de agentes são os 
mesmos da infiltração tradicional 
(física e presencial), abstraindo-se, 
evidentemente, as especificidades 
de cada qual. Assim, exige-se: prévia 
autorização judicial fundamentada, 
existência de indícios da infração 
penal de constituição de organização 
DA INFILTRAÇÃO VIRTUAL DE AGENTES
(Nesse sentido: LIMA, Renato Brasileiro de. 
Legislação Criminal Especial comentada: 
volume único – 7ª edição. Salvador: JusPODIVM, 
2019, p. 859). 
criminosa, indispensabilidade da 
infiltração (isto é, a prova não pode ser 
produzida por outros meios) e anuência 
do agente policial.
Para a autorização judicial, é preciso 
demonstrar o alcance das tarefas 
de infiltração virtual de agentes, os 
nomes e apelidos dos investigados, 
bem como os dados de conexão ou 
cadastrais que permitam a identificação 
dos alvos. Mais uma vez, percebe-
se a abertura legal para utilização da 
metodologia da inteligência para dar 
vida a esse meio de obtenção de prova. 
Assim como na captação ambiental, 
várias técnicas podem ser utilizadas: a 
vigilância, o reconhecimento, o disfarce, 
o recrutamento, dentre outras. Porém, 
uma delas assume o protagonismo no 
suporte metodológico a essa medida 
investigativa: a estória-cobertura.
A estória-cobertura é corolário da 
sigilosidade imanente da inteligência. 
Consiste na técnica de criar uma 
dissimulação, por meio de uma narra-
tiva, somada a um conjunto de atitudes 
e circunstâncias convincentes, de modo 
a influenciar o imaginário do alvo e 
modular suas crenças, convicções ou 
percepções, sempre direcionada para 
o objetivo de operação de inteligência. 
Em termos bem diretos, é fazer o alvo 
acreditar em uma mentira. 
Na montagem da estória-cobertura, faz-
se necessário cobrir todos os espaços 
possíveis de serem checados pelo alvo, 
prevenindo eventual contraintelgência 
adversa, especialmente no que diz 
respeito às informações sobre a vida 
do agente infiltrado. Nesse sentido, 
não podem restar “pontas soltas”.
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Antes Agora
Agora, a nova lei amplia a utilização dessa 
medida de cyber infiltração para o combate 
às organizações criminosas, acrescentando 
os artigos 10-A a 10-D e o parágrafo único 
no art. 11, todos da Lei nº 12.850/2013 
(Lei das Organizações Criminosas). Prévia 
autorização judicial fundamentada, existência 
de indícios da infração penal de constituição 
de organização criminosa, indispensabilidade 
da infiltração (isto é, a prova não pode ser 
produzida por outros meios) e anuência do 
agente policial.
Já era admitida e regulada pela Lei nº 
12.850/2013 (Lei das Organizações 
Criminosas) previsão legal para a infiltração 
virtual, restrita a hipóteses específicas. É que 
o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 
8.069/1990) prevê, desde 2017, a infiltração 
virtual de agentes para investigação de 
crimes contra a dignidade sexual de crianças 
e adolescentes praticados por meio do 
ambiente cibernético. 
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ESTÓRIA-COBERTURA:
Consiste na técnica de criar 
uma dissimulação, por meio 
de uma narrativa, somada 
a um conjunto de atitudes e 
circunstâncias convincentes, de 
modo a influenciar o imaginário 
do alvo e modular suas crenças, 
convicções ou percepções, sempre 
direcionada para o objetivo de 
operação de inteligência. 
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No caso da estória-cobertura utilizada 
para embasar uma infiltração 
virtual de agentes, a construção da 
narrativa e das circunstâncias deverá 
abranger diversos aspectos, dentre 
os quais: confecção de documentos 
de identificação ou certificação digital 
que corroborem a estória-cobertura, 
a criação de perfil nas redes sociais, 
edição de bancos de dados digitais 
passíveis de serem checados pelo alvo, 
utilização de linguagem pelo agente 
compatível com as pessoas e o ambiente 
cibernético operacional, dentre outros. 
A grande vantagem da infiltração virtual 
é a mitigação de riscos para o agente, 
se comparada a infiltração de agentes 
tradicional (física e presencial).
Observa-se que o prazo para infiltração 
virtual será de até 6 (seis) meses, 
havendo possibilidade de renovações, 
desde que exista necessidade para 
tanto e competente autorização 
judicial. Porém, o tempo total de 
infiltração não poderá exceder a 720 
(setecentos e vinte) dias. Percebe-se, 
portanto, que a lei permite a infiltração 
de longa duração (deep cover). Ao final, 
tanto o relatório circunstanciado de 
execução da medida, bem como todos 
os atos eletrônicos praticados durante 
a operação deverão ser registrados, 
gravados, armazenados e apresentados 
ao juiz.
Enfim, o que se pode concluir é que 
as alterações promovidas pelo Pacote 
Anticrime ampliam a utilização dos 
meios de obtenção de prova acima 
mencionados, os quais necessitam da 
metodologia da inteligência. Por isso, é 
de se imaginar um aumento da deman-
da por essas técnicas e consequente 
utilização nos trabalhos investigativos. 
Cada vez mais, portanto, a captação e a 
especialização em inteligência ganham 
relevância no contexto da segurança 
pública brasileira.
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No caso da estória-cobertura 
utilizadapara embasar uma 
infiltração virtual de agentes, 
a construção da narrativa e 
das circunstâncias deverá 
abranger diversos aspectos, 
dentre os quais:
confecção de documentos de 
identificação;
certificação digital que 
corroborem a estória-cobertura;
criação de perfil nas redes sociais;
edição de bancos de dados digitais 
passíveis de serem checados pelo 
alvo;
utilização de linguagem pelo 
agente compatível com as 
pessoas e o ambiente cibernético 
operacional.
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Dentre as diversas alterações trazidas 
pela Lei nº 13.964/2019, decorrente 
do denominado “Pacote Anticrime”, 
encontra a positivação legal das regras 
atinentes à cadeia de custódia da prova 
penal. 
Objetivamente, a cadeia de custódia 
consiste em um mecanismo garantidor 
da autenticidade das evidências 
coletadas e examinadas, assegurando 
que correspondam ao fato investigado, 
sem qualquer possibilidade de 
adulteração. 
Antes dessa alteração, a cadeia de 
custódia existia apenas no âmbito 
doutrinário, especialmente na obra 
de Geraldo Prado e em decisões dos 
Tribunais, especialmente do Superior 
Tribunal de Justiça.
Com as modificações trazidas pelo 
Pacote Anticrime, a matéria passa 
a ser previsão legal expressa e 
CADEIA DE CUSTÓDIA DA PROVA 
detalhadamente regulamentada, nos 
artigos 158-A até 158-F, do Código de 
Processo Penal brasileiro.
Conforme o texto da nova lei, cadeia 
de custódia é o conjunto de todos os 
procedimentos utilizados para manter 
ou documentar a história cronológica 
do vestígio coletado em locais ou 
em vítimas de crimes, para rastrear 
sua posse e manuseio a partir de seu 
reconhecimento até descarte. 
A lei não tratou expressamente da prova 
penal digital. Aliás, a própria lei concei-
tua vestígio todo objeto ou material 
bruto, visível e latente, constatado ou 
recolhido, que se relaciona à infração. 
Porém, acreditamos que as regras 
procedimentais podem ser aproveita-
das para delimitar a preservação da 
cadeia de custódia da prova digital.
A relevância desse tema para a 
inteligência de segurança pública reside 
justamente no fato de que existem 
intersecções entre a inteligência e a 
investigação criminal, embora sejam 
atividades distintas. Uma dessas 
intersecções se dá justamente no 
empréstimo da metodologia de 
inteligência aos meios extraordinários 
de obtenção de prova. 
Ao fazer esse empréstimo de 
metodologia, a inteligência não pode 
perder de vista as regras legais sobre 
prova penal, para que não atue de 
forma a contribuir para obtenção 
de prova futuramente inútil, eis que 
ilícita ou ilegal. Ou seja, os critérios 
legalmente exigidos para obtenção de 
prova penal devem ser considerados 
pela metodologia de inteligência, para 
que ela se adapte a eles. 
Assim, as etapas da cadeia de 
custódia constituem-se em balizas de 
observância obrigatória para adaptação 
da metodologia da inteligência ao 
ser emprestada para a investigação 
criminal.
Tais etapas são as seguintes, conforme 
artigo 158-B do Código de Processo 
Penal, inserido pelo “Pacote Anticrime”:
 
“I - Reconhecimento: ato de distinguir 
um elemento como de potencial 
interesse para a produção da prova 
pericial;
II - Isolamento: ato de evitar que se 
altere o estado das coisas, devendo 
isolar e preservar o ambiente imediato, 
mediato e relacionado aos vestígios e 
local de crime;
III - Fixação: descrição detalhada do 
vestígio conforme se encontra no local 
de crime ou no corpo de delito, e a sua 
posição na área de exames, podendo 
ser ilustrada por fotografias, filmagens 
ou croqui, sendo indispensável 
a sua descrição no laudo pericial 
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produzido pelo perito responsável pelo 
atendimento;
IV - Coleta: ato de recolher o vestígio 
que será submetido à análise pericial, 
respeitando suas características e 
natureza;
V - Acondicionamento: procedimento 
por meio do qual cada vestígio coletado 
é embalado de forma individualizada, de 
acordo com suas características físicas, 
químicas e biológicas, para posterior 
análise, com anotação da data, hora 
e nome de quem realizou a coleta e o 
acondicionamento;
VI - Transporte: ato de transferir o vestígio 
de um local para o outro, utilizando as 
condições adequadas (embalagens, 
veículos, temperatura, entre outras), de 
modo a garantir a manutenção de suas 
características originais, bem como o 
controle de sua posse;
VII - Recebimento: ato formal de 
transferência da posse do vestígio, que 
deve ser documentado com, no mínimo, 
informações referentes ao número 
de procedimento e unidade de polícia 
judiciária relacionada, local de origem, 
nome de quem transportou o vestígio, 
código de rastreamento, natureza do 
exame, tipo do vestígio, protocolo, 
assinatura e identificação de quem o 
recebeu;
VIII - Processamento: exame pericial 
em si, manipulação do vestígio de 
acordo com a metodologia adequada às 
suas características biológicas, físicas e 
químicas, a fim de se obter o resultado 
desejado, que deverá ser formalizado 
em laudo produzido por perito;
IX - Armazenamento: procedimento 
referente à guarda, em condições 
adequadas, do material a ser processado, 
guardado para realização de contra 
perícia, descartado ou transportado, 
com vinculação ao número do laudo 
correspondente;
X - Descarte: procedimento referente 
à liberação do vestígio, respeitando a 
legislação vigente e, quando pertinente, 
mediante autorização judicial.”
É exatamente no contexto das 
interceptações telefônicas que 
essa relação entre metodologia de 
inteligência, investigação criminal e 
cadeia de custódia fica mais evidente. 
Aliás, foi justamente nesse contexto que 
surgiu precedente do Superior Tribunal 
de Justiça, anterior ao Pacote Anticrime, 
tratando expressamente da cadeia de 
custódia da prova em interceptações 
telefônicas.
Em tal julgado da 6ª Turma do Superior 
Tribunal de Justiça (HC 160662, Rel. 
Min. Assusete Magalhães, j. 18/02/2014, 
DJe 17/03/2014), questionava-se o 
extravio do conteúdo de interceptações 
telefônicas durante a operação 
“Negócio da China”, deflagrada pelo 
Departamento de PolíciaFederal. No 
caso, parte das provas obtidas a partir da 
interceptação telefônica e telemática foi 
extraviada, ainda na fase de investigação 
criminal, e o conteúdo dos áudios não 
foi disponibilizado exatamente como 
captado, havendo descontinuidade nas 
conversas e na sua ordem, com omissão 
de alguns áudios. 
Para a Corte, a prova produzida durante 
a investigação criminal não pode servir 
apenas à acusação, sendo imprescindível 
a preservação da integralidade da 
interceptação, para posterior exercício 
da ampla defesa e do contraditório. 
Não ocorrendo tal preservação integral, 
a prova considera-se lesiva ao direito 
de defesa e, assim, obtida em violação 
a garantias constitucionais. Como 
consequência, a prova considera-se 
ilícita, e será desentranhada dos autos 
(bem como todas dela decorrentes). 
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Art. 158-B 
A cadeia de custódia compreende o rastreamento 
do vestígio nas seguintes etapas:
Acondicionamento
Reconhecimento
Isolamento
Fixação
Coleta
Transporte
Recebimento
Processamento
Armazenamento
Descarte
COMPLIANCE DA 
PROVA
Cadeia de custódia da prova penal
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O “Pacote Anticrime” alterou a Lei nº 
13.608/2018, a qual trata do serviço 
denominado “Disque-denúncia” 
(serviço de recebimento de informações 
criminais por meio telefônico) e 
da possibilidade de pagamento de 
recompensas por informações úteis à 
persecução penal. 
As modificações do “Pacote Anticrime”, 
nesse tema específico, podem ser 
divididas em três: 1) Dever de criação 
de unidades de ouvidoria ou correição 
para recebimento de informações; 2) 
Criação da figura do whistleblower* ; e 
3) Reforço nas regras de proteção tanto 
do whistleblower e do informante.
A primeira modificação trata da do dever 
de criação de unidade de ouvidoria ou 
correição, por parte da União, Estados, 
Distrito Federal, Municípios e suas 
autarquias e fundações, empresas 
públicas e sociedades de economia 
mista. Tais unidades terão o objetivo de 
assegurar a qualquer pessoa o direito 
de relatar informações sobre crimes 
contra a administração pública, ilícitos 
administrativos ou quaisquer ações ou 
omissões lesivas ao interesse público. 
Quanto a segunda modificação, é de se 
observar que a Lei nº 13.608/2018 já 
previa a possibilidade de recompensas 
pelo fornecimento de informações 
úteis à persecução penal, podendo 
ser em dinheiro. Agora, com o “Pacote 
Anticrime”, há a previsão específica 
de recompensa ao informante em 
até 5 % do valor recuperado com as 
informações por ele disponibilizadas.
 
Já quanto a terceira mudança, a Lei nº 
13.608/2018 já previa que o informante 
que se identificar terá assegurado, pelo 
órgão que recebeu a informação, o 
sigilo dos seus dados. Com o “Pacote 
Anticrime”, houve um reforço simbólico 
no dever de proteção da identidade 
do informante, e criação de regras 
para evitar retaliação de informantes e 
whistleblower.
O que é “informante”?
Não há regramento legal acerca do 
tratamento jurídico do informante na 
ordem jurídica brasileiro. O que há 
é apenas a menção ao informante na 
Lei nº 13.608/2018 e sua utilização na 
persecução penal decorre da previsão 
genérica contida no art. 5º, § 3º, do 
Código de Processo Penal, segundo o 
qual qualquer pessoa do povo que tiver 
conhecimento da existência de infração 
penal em que caiba ação pública poderá, 
verbalmente ou por escrito, comunica-la 
à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará 
instaurar inquérito.
CONTRAINTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA NA 
PROTEÇÃO DA IDENTIDADE DE INFORMANTES
*Whistleblower, em tradução literal, é o assoprador de apito. Na comunidade jurídica internacional, o termo refere-se a toda 
pessoa que espontaneamente leva ao conhecimento de uma autoridade informações relevantes sobre um ilícito civil ou criminal. 
As irregularidades relatadas podem ser atos de corrupção, fraudes públicas, grosseiro desperdício de recursos público, atos que 
coloquem em risco a saúde pública, os direitos dos consumidores etc. 
Disponível em: http://enccla.camara.leg.br/noticias/o-que-e-o-whistleblower Acesso 23 jan 2020
Pacote Anticrime e seu impacto na inteligência de segurança pública
Por Humberto de Sá Garay - Consultor em Inteligência | Segurança Pública e DefesaIR PARA O ÍNDICE
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A partir disto, percebe-se a existência 
de um imbróglio jurídico envolvendo a 
figura do informante, que abrange até 
mesmo confusões conceituais entre 
informante, testemunha e colaborador.
Informante é a pessoa que, 
sigilosamente, fornece às autoridades 
informações privilegiadas sobre 
infrações penas. O informante é fonte 
de notitia criminis, isto é, a informação 
sobre um fato criminoso, que pode ser 
forma de início de uma investigação, 
após verificação preliminar de 
informações. O informante pode ser 
anônimo, quando não se identifica, 
ou conhecido, quando revela sua 
identidade. 
A testemunha, por sua vez, é meio de 
prova penal. É a pessoa que presta 
depoimento expondo suas percepções 
sobre a infração penal por ela 
testemunhada. A testemunha é fonte 
de prova penal, enquanto o informante 
apenas de notitia criminis.
Colaborador é o indivíduo que integra 
organização criminosa, mas aceita 
confessar seus crimes e apontar 
elementosde prova contra os demais 
membros do grupo em troca de prêmios 
legais.
Como operacionalizar a proteção da 
identidade via contraintelgência de 
segurança pública?
Estabelece a nova lei que o informante 
terá direito à preservação de sua 
identidade, a qual apenas será revelada 
em caso de relevante interesse público 
ou interesse concreto para a apuração 
dos fatos. A revelação da identidade 
somente será efetivada mediante 
comunicação prévia ao informante e com 
sua concordância formal. Para tanto, se 
faz relevante a utilização das técnicas 
especializadas de contrainteligência, 
novamente as relativas à segurança da 
informação.
Whistleblower
Na comunidade jurídica internacional, o termo refere-se a toda pessoa que 
espontaneamente leva ao conhecimento de uma autoridade informações 
relevantes sobre um ilícito civil ou criminal. 
Dever de criação 
de unidades de 
ouvidoria ou 
correição para 
recebimento de 
informações
Criação da figura 
do whistleblower 
Reforço nas 
regras de 
proteção 
tanto do 
whistleblower e 
do informante
PROTEÇÃO DA IDENTIDADE DE 
INFORMANTES
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Sobre a Dígitro
Apostamos em soluções que ultrapassam as barreiras da comunicação 
corporativa e que impulsionam o desenvolvimento de cidades inteligentes. 
Nossa tecnologia é sentida na forma de nos comunicarmos, nos 
relacionarmos e de trabalharmos por uma sociedade mais justa.
Somos uma empresa 100% brasileira e temos como propósito desenvolver 
tecnologias para um mundo melhor, a partir de uma cultura orientada a 
resultados. Pioneiros no setor de tecnologia em Florianópolis, temos 40 anos 
de atuação nos mercados corporativo e privado com a constante busca por 
novidades. É por isso, que construímos diariamente novas possibilidades 
e desenvolvimentos, tendo como base nossa rica bagagem de atuação nos 
segmentos de comunicação e inteligência.
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Prêmios e 
Reconhecimentos
Para a Dígitro, qualidade precisa ser real e comprovada. Fomos uma das 
primeiras empresas em Florianópolis certificadas com o ISO 9001, resultado 
de uma consistente política de qualidade que é prioridade da empresa desde 
a fundação. As certificações atestam estabilidade, usabilidade e segurança, 
indispensáveis em soluções direcionadas a atividades que que são alicerces 
das organizações.
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