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LUTAS
PROFESSORES
Dr. Leonardo Vidal Andreato
Dr. Victor Silveira Coswig
2 
LUTAS 
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Lucas Pinna Silveira Lima, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Talita Dias Tomé e Cintia 
Prezoto Ferreira Ilustração Ilustrador, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
Coswig, Victor Silveira, Andreato Leonardo Vidal.
 Lutas. Leonardo Vidal Andreato; Victor Silveira Coswig.
 Maringá - PR.:Unicesumar, 2018.
 471 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Lutas . 2. Pedagogia . 3. Preparação Física 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1155-5 CDD - 22ª Ed. 796
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
NEAD 
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção 
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência 
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, 
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca por 
tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, 
novas habilidades para liderança e solução de 
problemas com eficiência tornou-se uma questão 
de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: 
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará 
grande diferença no futuro.
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o 
conhecimento por meio de alta tecnologia e 
contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário 
Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-
extensão com as demandas institucionais e 
sociais; a realização de uma prática acadêmica que 
contribua para o desenvolvimento da consciência 
social e política e, por fim, a democratização do 
conhecimento acadêmico com a articulação e a 
integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar 
almeja ser reconhecida como uma instituição 
universitária de referência regional e nacional 
pela qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; 
consolidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrativa; 
compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relacionamento 
permanente com os egressos, incentivando a 
educação continuada.
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a 
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos 
alunos, professores e pela nossa sociedade. 
Porém, é importante destacar aqui que não 
estamos falando mais daquele conhecimento 
estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um 
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 7
atemporal, global, democratizado, transformado 
pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e 
comunicação têm nos aproximado cada vez mais 
de pessoas, lugares, informações, da educação 
por meio da conectividade via internet, do acesso 
wireless em diferentes lugares e da mobilidade 
dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets 
aceleraram a informação e a produção do 
conhecimento, que não reconhece mais fuso 
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais 
fatores de agregação de valor, de superação das 
desigualdades, propagação de trabalho qualificado 
e de bem-estar. 
8 
LUTAS 
Logo, como agente social, convido você a saber 
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e 
usar a tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a 
nossa cultura e transformando a todos nós. Então, 
priorizar o conhecimento hoje, por meio da 
Educação a Distância (EAD), significa possibilitar 
o contato com ambientes cativantes, ricos em 
informações e interatividade. É um processo 
desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas 
para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena 
ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se 
propõe a fazer. 
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você 
está iniciando um processo de transformação, 
pois quando investimos em nossa formação, seja 
ela pessoal ou profissional, nos transformamos 
e, consequentemente, transformamos também 
a sociedade na qual estamos inseridos. De que 
forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou 
estabelecendo mudanças capazes de alcançar um 
nível de desenvolvimento compatível com os desafios 
que surgem no mundo contemporâneo. 
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo 
de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante 
todo este processo, pois conforme Freire (1996): 
“Os homens se educam juntos, na transformação 
do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de 
realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como 
principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita 
o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação 
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de 
crescimento e construção do conhecimento deve 
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos 
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar 
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA 
– Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
12 
autores
Dr. Leonardo Vidal Andreato
Tem experiência na área de Fisiologia do Ex-
ercício, atuando principalmente nos seguintes 
temas:preparação física para esportes de 
combate, avaliação física, treinamento inter-
valado de alta intensidade e obesidade. Dou-
torado em Ciências do Movimento Humano 
pela Universidade do Estado de Santa Cata-
rina (UDESC), sendo atualmente professor 
colaborador na mesma instituição. Mestrado 
em Ciências na área de Estudos do Esporte 
pela Universidade de São Paulo (USP) e es-
pecialização em Fisiologia do Exercício pela 
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 
Graduação em Educação Física pela Univer-
sidade Estadual de Maringá (UEM).
Currículo Lattes disponível em: <http://bus-
catextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K4249428A5 >
14 
autores
Dr. Victor Silveira Coswig
É Integrante do Grupo de Estudos e Pesqui-
sas em Treinamento Esportivo e Desempen-
ho Físico (GEPETED). Atualmente é Profes-
sor Adjunto na Universidade Federal do Pará 
(UFPA). Tem experiência na área de Educação 
Física, com ênfase em Fisiologia do Exercício 
e Treinamento Desportivo, especialmente 
com lutadores. Possui Doutorado na linha de 
Desempenho e Metabolismo Humano (ESEF/
UFPel- 2017) e mestrado em Atividade Físi-
ca e Desempenho pela ESEF/UFPel (2014). 
Pós-graduação em Fisiologia do Exercício e 
 15
prescrição para academias e Personal Trainer 
pelo Centro Universitário de Volta Redonda 
(UniFOA/2011). Tem graduação em Educação 
Física pela Universidade Federal de Pelotas 
(UFPel /2010).
Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.
cnpq.br/0097939661129545>
16 
apresentação do material
LUTAS
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! 
Caro(a) aluno(a), este livro tem por objetivo apresentar 
aspectos relevantes e atuais sobre diferentes perspecti-
vas relacionadas às Lutas, Artes Marciais e Modalidades 
Esportivas de Combate. Inicialmente, é preciso desta-
car que as Lutas fazem parte da cultura do movimento 
humano, juntamente com o Esporte, a Ginástica, o Jogo 
e a Dança. De fato, a dimensão “Luta” ainda perpassa 
pelas demais expressões e, por vezes, confunde-se com 
o Esporte, com o Jogo e, até mesmo, com a Dança.
Dito isto, este conteúdo faz parte da base da Educação 
Física e a atuação dos professores e profissionais deve 
(ao menos deveria) contemplar aspectos históricos, so-
ciais, técnicos, científicos e pedagógicos relacionados às 
lutas. Ademais, especialmente nos aspectos científicos, 
apresenta-se um crescimento em volume e relevância 
 17
apresentação do material
das pesquisas na área das ciências dos esportes de 
combate. Considerando, então, as Lutas como conteúdo 
base da Educação Física e reconhecendo seu papel na 
sociedade e na ciência, torna-se indispensável que você 
seja capaz de dialogar sobre a temática com criticidade 
e por diferentes óticas.
Neste contexto, este livro busca proporcionar bases 
teóricas e metodológicas para dar suporte a sua atua-
ção nos estágios e no mercado de trabalho, bem como 
em diversos espaços da comunidade. Para isso, inicial-
mente, são apresentados os conceitos terminológicos 
e aspectos históricos que ilustram o modo em que as 
Lutas estão enraizadas no DNA dos seres humanos (Fi-
gurativa e literalmente). Sim, literalmente, já que traços 
do nosso DNA primitivo diferenciam povos que saíram 
da África e conquistaram a Eurásia e o mundo daqueles 
que pereceram. Essas diferenças envolviam o modo de 
resolver conflitos e as práticas de lutas como rituais.
18 
apresentação do material
Na sequência, é dado foco na atuação didática e peda-
gógica que envolve o ato de lutar. Você será convidado 
a refletir criticamente sobre o modelo vigente de ensino 
nos diferentes espaços que oferecem práticas de lutas, 
bem como ao Sistema Iemoto, que é carregado de hie-
rarquia e comando. Obviamente, não serão traçadas 
apenas as críticas, mas serão também sugeridos os 
modelos alternativos que deverão servir de referência 
para as práticas dos futuros professores e profissionais.
Ainda fazem parte do escopo deste livro as questões 
relativas ao perfil físico e fisiológico de lutas e lutado-
res de modalidades esportivas de combate, bem como 
acerca das avaliações e prescrições de treinamento 
específicas das Lutas, já que estas apresentam carac-
terísticas distintas de outras modalidades esportivas. 
Por fim, esperamos que este livro ajude a qualificar 
sua carreira profissional e acadêmica. Mais do que 
isso, esperamos que você seja encorajado a pensar 
com criticidade e que possa conhecer melhor um dos 
 19
apresentação do material
conteúdos base e que, por vezes, não recebe o prota-
gonismo que lhe é devido. 
Boa leitura!
Boa aula!
sumário
UNIDADE I
CONCEITOS E HISTÓRICO DAS LUTAS
30 Conceitos em Lutas, Artes Marciais e
Esportes de Combate
42 Origem e Desenvolvimento das Lutas
51 Histórico das Lutas na Perspectiva Oriental
82 Considerações Finais
UNIDADE II
ENSINO DE LUTAS
108 O Ensino das Lutas e a Educação Física
123 Categorizações, Regras de Ação e Jogos de 
Oposição
136 Modelos de Ensino Tradicional e Predominante
144 Modelos de Ensino das Lutas por Meio da Tática
156 Organização e Trato Pedagógico das Lutas
170 Considerações Finais
sumário
UNIDADE III
PLANEJAMENTO DE AULAS DE LUTAS
192 Do Ensino Fundamental ao Ensino Médio
202 Ensino de Lutas no Ambiente Escolar
209 Abordagem de Temas Transversais por Meio do 
Ensino de Lutas
234 Montando a Aula
250 Festivais e Competições
259 Considerações Finais
UNIDADE IV
AVALIAÇÃO E PREPARAÇÃO FÍSICA DE LUTADORES
274 Avaliações Físicas Gerais para Lutadores
290 Avaliações Físicas Específicas para Lutadores
298 Métodos para Condicionamento Metabólico de 
Lutadores
310 Métodos para Condicionamento Neuromuscular 
de Lutadores
319 Periodização e Organização do Treinamento de 
Lutadores
327 Considerações Finais
UNIDADE V
FISIOLOGIA E PERFIL DAS MODALIDADES 
ESPORTIVAS DE COMBATE
352 Duração de Luta em Esportes de Combate
369 Categorias de Peso e Perda de Peso em Esportes 
de Combate
385 Estrutura Temporal nos Esportes de Combate
400 Perfil Antropométrico e Funcional de Atletas de 
Esportes de Combate
422 Respostas Fisiológicas e Perceptivas em Esportes 
de Combate
439 Considerações Finais
470 Conclusão Geral
Professor Dr. Victor Silveira Coswig
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará 
nesta unidade:
• Conceitos em lutas, artes marciais e esportes de combate
• Origem e desenvolvimento das lutas
• Histórico das lutas na perspectiva oriental
• Histórico das lutas na perspectiva ocidental
• As lutas no Brasil
Objetivos de Aprendizagem
• Conceituar Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas 
de Combate.
• Indicar panorama histórico-cultural das Lutas e seu papel 
na sociedade.
• Apresentar a evolução das lutas no oriente.
• Apresentar a evolução das lutas no ocidente.
• Apresentar a evolução das lutas no Brasil.
CONCEITOS E HISTÓRICO DAS 
LUTAS
unidade 
I
INTRODUÇÃO
Olá, seja bem-vindo(a)!
Esta unidade se inicia com uma breve contex-
tualização acerca da terminologia que define as 
práticas corporais de combate como Luta, Arte 
Marcial ou Modalidade Esportiva de Combate. De 
modo adicional, faremos uma diferenciação entre 
estes termos e outros que, erroneamente, também 
são associados às lutas, que são as brigas e guerras. 
É fato, inclusive, que ainda hoje muitas pessoas 
desencorajam seus filhos ou a si próprios da prá-
tica de Lutas por acreditarem que é um modo de 
incitar a violência. Esta é uma associação infeliz, 
já que a prática de Lutas, Artes Marciais e Moda-
lidades Esportivas de Combate pode, na verdade, 
ser uma ferramenta importante para auxiliar na 
INTRODUÇÃO
redução da violência (OLIVIER, 2000).
Mas de onde surgem os combates? Os homens 
das cavernas lutavam? Qual a importância disso 
para a evolução humana e a construção da so-
ciedade? Existem diferenças entre regiões? E, no 
Brasil, existe relação entre Lutas e a nossa cultu-
ra? Nesta unidade, você será convidado a viajar 
dos primórdios da existência humana até os dia 
atuais e acompanhar a evolução das práticas cor-
porais e suaassociação à construção cultural de 
cada sociedade ao longo dos séculos. Para tentar 
responder a todas estas perguntas, vamos iniciar 
entendendo de que modo a presença de rituais de 
luta podem ter diferenciado os primeiros Homo 
Sapiens de outros humanos primitivos e contribu-
ído para que estes prosperassem e conquistassem 
a Ásia e a Europa após a saída da África (MORE-
NO, 2011). Saindo da pré-história para a história, 
temos uma dissociação entre as práticas orientais 
e ocidentais que podem ser percebidas ainda hoje, 
de acordo com os modelos de ensino utilizados 
(DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006). Por fim, 
você será apresentado às práticas de lutas genuina-
mente brasileiras, como a Capoeira, o Huka-Huka 
e a Agarrada Marajoara, que são expressões cultu-
rais fortemente regionalizadas.
30 
LUTAS 
Conceitos em Lutas, Artes 
Marciais e Esportes de 
Combate
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 31
Caro(a) aluno(a), você, possivelmente, já utilizou 
os termos “Lutas”, “Artes Marciais” e “Modalidades 
Esportivas de Combate” como sinônimos. É ver-
dade que até mesmo as recomendações de utiliza-
ção de termos para aumento da visibilidade dos 
artigos científicos relacionados à temática suge-
rem que estes (e outros) podem ser utilizados sem 
discriminação (PÉREZ-GUTIÉRREZ; GUTIÉR-
REZ-GARCÍA; ESCOBAR-MOLINA, 2011). Por 
outro lado, é importante que você perceba que es-
tas terminologias apresentam noções e contextos 
diversificados (CORREIA; FRANCHINI, 2010) e 
que a falta de clareza nestas definições pode di-
ficultar a fundamentação teórica para as práticas 
pedagógicas (FRANCHINI, 1998).
O ato de lutar, patrimônio cultural da huma-
nidade (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006), 
está presente em registros pré-históricos e parece 
32 
LUTAS 
ter tido papel fundamental na evolução da espécie 
humana e em seu desenvolvimento (MORENO, 
2011; MORGAN; CARRIER, 2013). É fato que, 
atualmente, a premissa de lutar não se relaciona 
diretamente com sua origem, que era decorrente 
de fatores associados à sobrevivência, como con-
quista/manutenção de territórios, alimentação e 
reprodução (PAIVA, 2015). Neste sentido, parece 
ser indicado que a compreensão do termo “Luta”, 
no contexto da Educação Física (diferente da apli-
cação em outros contextos sociais, como a luta de 
classes, por exemplo), está associada a um conte-
údo da cultura corporal, juntamente com o jogo, 
esporte, ginástica e dança (BRASIL, 1997). Ape-
sar de reconhecer as limitações quanto às defini-
ções absolutas de Lutas, Artes Marciais e Esportes 
de Combate, convido você a conhecer as propos-
tas mais sugeridas atualmente para tais conceitos, 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 33
mas reforço que se trata de uma proposta que visa 
facilitar didática e pedagogicamente o seu enten-
dimento sobre a temática.
34 
LUTAS 
ARTES MARCIAIS
Fortemente associadas à cultura de um povo/nação, 
esta manifestação das Lutas se remete às práticas de 
guerra. Este fato reforça a utilização da nomencla-
tura “Marcial” que deriva de “Marte”, deus romano 
da guerra; enquanto o termo “Arte” remete a de-
mandas expressivas, lúdicas e criativas (CORREIA; 
FRANCHINI, 2010). Neste sentido, entende-se 
que, apesar da forte associação das Artes Marciais 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 35
ao processo militarista e bélico, suas possibilidades 
transcendem a este contexto, o que indica que estas 
práticas recebem relevante influência étnica/cultu-
ral e abrangem concepções físicas, espirituais e so-
ciais (CORREIA; FRANCHINI, 2010; DEL VEC-
CHIO; FRANCHINI, 2006; PAIVA, 2015). Esta 
ideia parece ser mais facilmente percebida quando 
estudamos a origem das Artes Marciais e sua abor-
dagem filosófica de base oriental, derivada essen-
cialmente do budismo, que valoriza a trajetória do 
lutador, popularmente conhecido como “caminho 
do guerreiro” (REID; CROUCHER, 2003). Este 
tema será aprofundado nos Tópicos 2 e 3.
36 
LUTAS 
MODALIDADES ESPORTIVAS DE COMBATE
São lutas que têm como base as Artes Marciais, mas 
que foram “esportivizadas” (CORREIA; FRAN-
CHINI, 2010; DEL VECCHIO; FRANCHINI, 
2006; PAIVA, 2015). Este termo refere-se ao fato 
que características inerentes ao esporte foram in-
seridas, ao passo que o plano de fundo espiritu-
al, social, religioso e/ou ritualístico acabou por 
ser reduzido (PAIVA, 2015). Neste processo, você 
pode identificar características específicas desta 
“esportivização” que envolvem a prática regrada a 
partir do controle por entidades institucionais que 
regulamentam a prática (associações, federações e 
confederações) e que regem competições, premia-
ções e rankings (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 
2006). Percebe-se, ainda, que, diferentemente das 
Artes Marciais, existe espaço delimitado e adequa-
do, gestos/golpes permitidos e proibidos e pontu-
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 37
ações, além de equipamentos de proteção, já que 
existe importante preocupação com a integridade 
física dos praticantes. São exemplos de Modali-
dades Esportivas de Combate aquelas Olímpicas 
que são o boxe, a luta olímpica, a esgrima, o judô, 
o taekwondo e o karatê (que estará nos jogos de 
2020) e as não Olímpicas como, o Jiu-Jitsu bra-
sileiro, o Sambô, o Muay-Thai e o Mixed Martial 
Arts (MMA- Artes Marciais Misturadas).
LUTAS
Além do contexto geral de se referir às práticas cor-
porais de combate genericamente como “Lutas”, 
sejam elas Artes Marciais ou esportivas, podemos 
ter uma interpretação mais específica e que reme-
te diretamente às práticas pedagógicas que serão 
aprofundadas na Unidade II. Essa classificação 
diz respeito à interpretação de que as lutas fazem 
38 
LUTAS 
parte dos jogos categorizados como de oposição 
(Agon) (CALLOIS, 2001), que apresenta como ca-
racterísticas básicas como ter por alvo o próprio 
adversário, ser praticados por duas ou mais pesso-
as e apresentar ataque e defesa simultâneos (DEL 
VECCHIO; FRANCHINI, 2006; PAIVA, 2015). É 
possível, ainda, encontrar menções com os termos 
jogos de combate ou brincadeiras de luta.
GUERRAS E BRIGAS
Infelizmente, é preciso reconhecer que, talvez, 
você já tenha utilizado os termos que dão título a 
este tópico como sinônimos de Lutas. Digo infe-
Quais são as características observáveis que di-
ferem entre lutas e brigas?
REFLITA
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 39
lizmente, pois esta associação, por muitas vezes, 
acaba por afastar e distanciar da prática de lutas 
quem acredita que Artes Marciais ou Modalida-
des de Combate apresentam relação direta com o 
ato de brigar ou guerrear. Se você considerar que 
guerras envolvem oposição direta entre nações ou 
comunidades, utilização de tecnologia ilimitada e 
meios de destruição em massa com objetivo terri-
torial, econômico/financeiro ou ideológico pode 
facilmente associar ao termo Arte Marcial men-
cionado anteriormente. Não obstante, as brigas 
podem ser caracterizadas pela oposição direta, 
entre duas ou mais pessoas, que, se não fosse a au-
sência de regras, a não ser as intrínsecas ao próprio 
indivíduo, poderia ser associada às modalidades 
esportivas de combate. Por outro lado, apesar de 
as diferenças terminológicas serem relativamen-
te pequenas, o contexto sócio-histórico-cultural é 
40 
LUTAS 
oposto. Por exemplo, enquanto as brigas são gera-
das e guiadas por sentimentos de aversão, repúdio 
e/ou ódio, as modalidades de combate devem se-
guir o espírito esportivo, ou seja, o indivíduo pra-
ticante respeita e precisa do seu adversário, já que, 
sem ele, não há prática.
Atualmente, é possível que você, especialmente 
por ser estudante de Educação Física, esteja fa-
miliarizado(a) com manifestações de Lutas, Artes 
Marciais e Modalidades Esportivas de Comba-
te que vão além das definições apresentadas. 
Um exemplo é a utilização de gestos motores 
das Lutas para atender objetivos relacionados à 
aptidão física e saúde, que estão presentes em 
academias e clubes. E estas se apresentam em 
aulas de ginástica (Body CombatTM, Fitboxing...) 
SAIBA MAIS
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 41
Agora você já sabe diferenciar Lutas, Artes Mar-ciais e Esportes de Combate e, deste modo, come-
çar a refletir sobre quais destas práticas podem 
ser abordadas nas aulas de Educação Física, aca-
demia, clubes, entro outros espaços, bem como 
já pode entender que possibilidades de aplicação 
cada uma destas manifestações das práticas cor-
porais de combate tem nos diversos contextos.
ou em protocolos de HIIT (exercícios intermitente 
de alta intensidade) e, de fato, parecem ser uma 
estratégia interessante para aumentar a adesão, 
a motivação, a aptidão física e o gasto calórico, 
inclusive em idosos.
Fonte: Cheema et al. (2015).
42 
LUTAS 
Origem e 
Desenvolvimento das 
Lutas
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 43
Neste ponto, você já foi apresentado às diferenças 
terminológicas entre Lutas, Artes Marciais e Mo-
dalidades Esportivas de Combate. Daqui em dian-
te, o termo “Lutas” será utilizado de modo gené-
rico neste e nos próximos tópicos, de modo que 
aborde as diferentes manifestações deste fenôme-
no cultural, social e esportivo. Mas de onde se ori-
ginam as Lutas? Os homens das cavernas lutavam? 
E de que modo estas práticas corporais evoluíram 
até o ponto como conhecemos hoje? Neste tópico, 
estudaremos questões sobre a origem e evolução 
das perspectivas relacionadas às Lutas.
Conforme anteriormente mencionado de modo 
breve, o ato de lutar faz parte da história dos seres 
humanos e de outros grandes primatas. Imagine 
que você vive na pré-história em um ambiente al-
tamente hostil, no qual sua principal preocupação 
envolve a sua sobrevivência e a de sua espécie.
44 
LUTAS 
Neste ambiente primitivo, guiado principalmen-
te pela necessidade de se alimentar e se defender de 
outros agressores, escolher não lutar parece não ser 
uma opção. Porém, além disso, o ato de lutar já era 
associado à conquista de poder, seja pela conquista de 
território ou para disputas relacionadas à dominação 
sexual de parceiros para acasalamento (PAIVA, 2015).
Mas estas lutas se limitavam a expressões irracio-
nais e instintivas de sobrevivência e conquistas? Pa-
rece que não. Em um estudo importante, Moreno 
(2011) busca entender o papel das lutas na socieda-
O ato de lutar acompanha a evolução dos seres 
humanos desde a pré-história. Por isso você pode 
ir além dos gestos motores e relacionar as práticas 
de luta ao seu contexto sócio-histórico-cultural..
REFLITA
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 45
de primitiva de Homo Sapiens que migrou da Áfri-
ca para povoar a Europa e a Ásia há, aproximada-
mente, 80.000 anos. Por meio de análises genéticas, 
etnográficas e arqueológicas, os resultados indicam 
que os hominídeos do período que prosperaram 
conquistando outros continentes eram agressivos, 
resolviam conflitos com assassinatos e praticavam 
rituais de lutas, que poderiam envolver atividades 
simples associadas à música e dança ou mais com-
plexas, como treinamentos de guerreiros para futu-
ros conflitos entre tribos ou sacrifícios ofertados aos 
deuses. Por outro lado, as tribos que não apresenta-
vam estes comportamentos acabaram extintas. De 
modo adicional, teoriza-se que os hominídeos que 
povoavam a Europa e a Ásia neste mesmo período 
(Homo Neanderthalensis e Homo Erectus, respec-
tivamente) acabaram sendo substituídos por estas 
tribos. O status de tribo guerreira foi, portanto, re-
46 
LUTAS 
lacionado à prosperidade destes grupos de 1000 a 
1500 indivíduos caçadores-coletores, enquanto tri-
bos que preferiam se deslocar para evitar conflitos 
não evoluíram.
Este estudo indica que há uma relação forte en-
tre aspectos herdados geneticamente e os aspec-
tos culturalmente construídos ao longo da evolu-
ção da espécie humana. Então isso significa que o 
ato de lutar foi passado geneticamente entre ge-
rações? Não necessariamente. Na verdade, indica 
que as construções culturais ao longo da história 
apresentam uma força hereditária quase tão forte 
quanto os fatores genéticos (PAIVA, 2015).
Porém, a partir disso, de que modo as Lutas 
evoluem? E qual seu papel nas sociedades que se 
formam ao longo da história? Estas práticas de 
luta que inicialmente estavam relacionadas espe-
cialmente ao sacrifício (oferendas aos deuses) ou 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 47
ao ciclo de vida do guerreiro (transição para fase 
adulta) passam a ser praticadas em tempos de paz, 
como forma de preparação física e técnica para os 
combates que viriam. Este fato, acredita-se, acaba 
por originar as Artes Marciais ao longo da histó-
ria (POLIAKOFF, 1987). Curiosamente, a prática 
de combates para transição do jovem para o adul-
to permanece em diferentes sociedades ao longo 
dos séculos e, até mesmo, atualmente. No Brasil, a 
prática é presente na cultura dos povos indígenas 
do Alto Xingu, por meio do Huka-Huka (CUR-
BY; JOMAND, 2015), que será melhor abordado 
à frente, ainda nesta unidade.
De modo paralelo, o avanço destes rituais de 
lutas evoluem tanto de modo bélico e militar, con-
forme estudamos a caracterização das Artes Mar-
ciais, quanto de modo cultural e social, ganhando 
características que podem ser fortemente associa-
48 
LUTAS 
das aos jogos com regras que se transformam em 
espetáculo, inclusive estando presentes nos Jogos 
olímpicos da Antiguidade (PAIVA, 2015). Parece, 
ainda, haver uma relação inversa quando as práti-
cas militarizadas de combate corporal perdem re-
levância com a inserção de avanços tecnológicos 
nos campos de batalha, que se inicia com o avanço 
armamentista e de tecnologias de guerra que são 
seguidos pela invenção da pólvora.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 49
Neste tópico, estudamos a origem e a evolução das 
lutas. Acredito que você tenha percebido que o ato 
de lutar contribuiu de diversas formas para a evo-
lução humana. Ainda, fica evidente que, para en-
Além da evolução cultural apresentada, existem 
indícios que apontam que a morfologia humana 
também sofreu adaptações associadas aos com-
bates corporais. Análises biomecânicas a anatô-
micas mostram que o ato de “cerrar os punhos” 
ou simplesmente fechar as mãos para socar pode 
ser uma adaptação que proporciona maior im-
pacto no alvo e maior segurança para o punho 
durante os golpes quando comparados aos gestos 
executados com as mãos abertas. Este “encaixe” 
na estrutura das mãos não é visto em outros pri-
matas, o que pode ter influenciado na seleção 
natural entre hominídeos.
Fonte: Morgan e Carrier (2013).
SAIBA MAIS
50 
LUTAS 
tender a sociedade atual, é preciso aprofundar o 
entendimento sobre componentes de sua estrutura 
histórica e cultural, sendo que, para isso, é preciso 
estudar os fenômenos relacionados às práticas de 
combate em suas diversas manifestações.
 51
Histórico das Lutas na 
Perspectiva Oriental
52 
LUTAS 
No tópico anterior, você pôde acompanhar o modo 
como as Lutas estão enraizadas na cultura e na 
evolução humana. De modo geral, foi apresenta-
da uma perspectiva de como estas práticas evoluí-
ram ao longo da história e ainda carregam marcas 
primitivas nos dias de hoje. Neste e no próximo 
tópico, convido você a estudar, de modo mais es-
pecífico, como as lutas se desenvolveram de modo 
diferente de acordo com as características dos po-
vos orientais e ocidentais, respectivamente, até 
as modalidades esportivas que conhecemos. Em 
cada tópico, você será convidado a refletir sobre 
como as características diferentes influenciaram 
a construção técnica e filosófica das Lutas, Artes 
Marciais e Modalidades Esportivas de Combate e 
como estas características moldaram os sistemas 
de ensino sob cada ótica.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 53
No tópico anterior, você pôde acompanhar o 
papel do ato de lutas na evolução dos seres huma-
nos durante a pré-história. Daí em diante, indi-
ca-se que, desde a transição da pré-história, para 
o que chamamos de história (após a invenção da 
escrita em aprox. 4000 a.C), existem indícios de 
homens lutando, como as descrições encontradas 
em um túmulo em Beni Hasan, datado do sécu-
lo 20 a.C. Até mesmo antes disso, placas encon-
tradas em escavações na Antiga Mesopotâmia 
(3500 a.C) indicavam aprática de modalidades 
de lutas com socos (MURRAY, 2008). Neste sen-
tido, a Índia e o Egito antigos apresentam apri-
moramento nas práticas corporais de combate e 
parece que, ainda na antiguidade, a China passa 
a receber maiores influências das práticas do sul 
da Ásia enquanto que os impérios grego e, pos-
teriormente, o romano acabam por ter maiores 
54 
LUTAS 
influências egípcias (POLIAKOFF, 1987; REID; 
CROUCHER, 2003). Essas influências geram di-
ferenças entre estas abordagens orientais (Asiá-
tica) e ocidentais (Europeia e Norte Americana) 
que permanecem até o presente momento.
Na perspectiva oriental, um ponto marcante 
parece ter sido a chegada de um monge indiano 
à China, em 520 d.C. Bodhidharma é conhecido 
por alguns como padroeiro das Artes Marciais 
orientais e seria criador do estilo de luta Shaolin e 
do Budismo Zen. De modo resumido, as práticas 
corporais foram introduzidas por ele no contex-
to do monastério com objetivo de condicionar os 
monges que permaneciam por longos períodos 
em meditação (REID; CROUCHER, 2003). Por 
outro lado, existem relatos chineses anteriores 
(200 d.C) que já indicavam a presença de exercí-
cios de luta baseados em movimentos de animais, 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 55
como o tigre, o urso e o macaco e outros relatos 
de práticas de Wushu (popularmente conhecido 
por Kung-Fu) que datariam de 5000 anos atrás. 
Independentemente de você acreditar na lenda de 
Bodhidharma ou não, é da elevada probabilida-
de de a China já apresentar suas próprias práticas 
de lutas à época, é inegável a influência do Tem-
plo Shaolin no desenvolvimento das Artes Mar-
ciais deste ponto em diante (REID; CROUCHER, 
2003). A partir deste momento, as Artes Marciais 
chinesas se disseminam pela Ásia, chegando à 
Coréia e ao Japão, entre outros países. Novamen-
te, é pouco provável que estes países já não tives-
sem suas próprias Artes Marciais, porém, a influ-
ência chinesa parece induzir de modo importante 
no avanço destas práticas. De qualquer modo, ao 
avançar da história, esta conexão entre espiritua-
lidade e prática corporal de combate permanece.
56 
LUTAS 
Apesar de esta contextualização histórica se fazer 
necessária como base para as próximas reflexões, 
este não é o objetivo central deste tópico. Então va-
mos a ele. Conhecendo esta perspectiva de origem 
oriental e o desenvolvimento das Artes Marciais, 
você consegue perceber como isso influenciou o 
modo como estas práticas são ensinadas ainda nos 
dias de hoje e os componentes que ainda perma-
necem? Mesmo após a “esportivização” que viria 
posteriormente, elementos essenciais estão presen-
tes no ensino de lutas orientais em todo mundo. 
Você pode constatar isso ao analisar modalidades 
que apresentam indumentária específica de caráter 
oriental, nas quais o professor utiliza contagem em 
idiomas, como coreano, japonês ou chinês. Nestas 
práticas, o Sensei (professor ou mestre em Japonês) 
não se trata apenas de alguém que passa técnicas e 
golpes aos seus alunos, mas é aquele indivíduo que 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 57
se mantem acima hierarquicamente, responsável 
por ensinar valores, como relacionamento, a frater-
nidade, a disciplina, o civismo e o respeito (VIRGÍ-
LO, 2000). Este modelo é baseado no Sistema Ie-
moto (Mestre proprietário) que é caracterizado por 
Franchini, Emerson e Del Vecchio (2007):
• Relação professor-aluno de pura submissão, na 
qual o professor é detentor de todo conhecimen-
to e não deve ser questionado. Ao aluno também 
não é permitido trocar de professor/equipe.
• Hierarquia contínua, que permite que o alu-
no que permanece tempo suficiente e progri-
de de graduações tenha seus próprios alunos, 
mas sempre sob a tutela de seu “mestre”.
• Autoridade do Iemoto, que indica que o mes-
tre mais graduado é responsável por toda a 
organização e do licenciamento dos futuros 
mestres, gerindo as graduações superiores.
58 
LUTAS 
• Relação pseudoconexão, que se refere ao fato 
de se procurar manter a relação dos dirigen-
tes das associações sob tutela de descenden-
tes identificáveis do criado original.
Você percebe que um dos motivos que dificultam 
a inserção das lutas no ensino escolar pode estar 
associado ao fato de que somos condicionados a 
pensar as lutas de modo semelhante ao Sistema 
remoto?
REFLITA
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 59
Apesar dos esforços para manutenção deste mo-
delo organizacional, é possível identificar que sua 
aplicação em espaços de ensino formais e não-for-
mais nos dias de hoje apresenta problemas. Estes 
problemas e as sugestões alternativas de sistemas 
de ensino serão abordadas de modo mais profun-
do na Unidade II. Porém, cabe adiantar que as 
sugestões para o ensino, em especial de crianças, 
perpassam por práticas mais reflexivas e inclusi-
vas, que busquem o desenvolvimento crítico e o 
empoderamento do praticante (DEL VECCHIO; 
FRANCHINI, 2006; ROGERIO, 2008).
Atualmente, oriundas desta vertente, algumas 
modalidades recebem certo destaque em sua po-
pularidade. Dentre as chinesas estão o Wushu, o 
Kempô, o Tai chi chuan e o Sanshou. Enquanto 
das japonesas destacam-se o Sumô, o Kendô, o 
Aikidô, o Caratê, o Jiu-Jitsu tradicional (ou Inter-
60 
LUTAS 
nacional) e o Judô. Já entre as coreanas destacam-
-se o Hapkidô e o Taekwondo. Por fim, apresen-
ta-se, também, o Muay-Thai como representante 
da Tailândia. Vale destacar que destas o Judô e o 
Taekwondo fazem parte dos jogos Olímpicos da 
era moderna, sendo que o Caratê será inserido no 
quadro de 2020.
Já mencionei anteriormente que o termo “Artes 
Marciais” pode ser traduzido por Arte da Guerra 
e tem origem ocidental. No contexto oriental, ou-
tros termos com significado semelhante recebem 
destaque como, por exemplo, o Wushu, na China, 
e o Bujutsu, no Japão. Atualmente, o termo mais 
frequente no Japão é o Budô, que associa a filoso-
fia do budismo e recebe um caráter mais voltado 
ao processo de formação, podendo ser traduzido 
como “Caminho ou via marcial”. Lembre-se, ainda, 
SAIBA MAIS
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 61
Neste tópico, você foi levado a refletir sobre o de-
senvolvimento das lutas na perspectiva oriental, 
que apresenta, ainda hoje, forte ligação com fato-
res tradicionais e com um sistema de ensino rígi-
do e autoritário. Por outro lado, percebe, também, 
que existe uma preocupação voltada não apenas 
pela aquisição de proficiência nos gestos e golpes, 
mas também pelo caminho a ser percorrido para 
se tornar guerreiro (Budô) e a valores de cunho 
comportamental e social.
que o termo Kung Fu, popularmente utilizado no 
ocidente, significa “trabalho duro” ou aquilo que 
é conquistado com esforço, não sendo limitado 
apenas às lutas, o termo adequado para relacionar 
ao que envolve combates, portanto, é o Wushu.
Fonte: adaptado de Paiva (2015).
62 
LUTAS 
HISTÓRICO DAS LUTAS 
NA PERSPECTIVA OCIDENTAL
Caro(a) aluno(a) depois de viajar pelo tempo, dos 
primórdios aos dias atuais a partir da ótica das Lu-
tas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas de 
Combate, estudamos, no tópico anterior, o modo 
como as lutas se desenvolveram pelas influências 
advindas, principalmente, do sul da Ásia. Neste tó-
pico, vamos usar uma abordagem semelhante, mas 
agora seguindo em direção à 
Europa e, posteriormente, 
a América do Norte.
Conforme mencio-
nei anteriormente, as 
vertentes grega e roma-
na acabam por influen-
ciar mais fortemente o de-
senvolvimento de práticas de 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 63
combate na Europa (POLIAKOFF, 1987). Ainda 
na Idade Antiga, que se estende até a queda do im-
pério romano, a luta grega recebe forte influência 
do Wrestling (aqui sinônimo de luta) egípcio. Na 
Grécia, ainda no século 8 a.C., iniciam-se os Jogos 
Olímpicos da Antiguidade que, dentre outras mo-
dalidades, continham o boxe, a luta (Wrestling) e 
uma modalidade chamada Pankration, que apre-
sentava características de agarre e de impacto, de 
modo semelhante ao Mixed Martial Arts (MMA, 
Artes Marciais Misturadas) que conhecemos hoje 
(PAPANTONIOU, 2008; POLIAKOFF,1987). 
Mesmo com uma caracterização que remete ao 
que hoje conhecemos como Esporte, as práticas 
na Grécia Antiga apresentavam elevado teor reli-
gioso, ou seja, inicialmente, competir era, na ver-
dade, um modo de prover oferendas aos deuses, 
em especial a Zeus (PAPANTONIOU, 2008). Digo 
64 
LUTAS 
inicialmente, pois acaba sendo crescente o ato de 
competir pela glória de vencer em si, conquistada 
pela nobreza das competições.
Uma luta de boxe na Grécia Antiga não apresen-
tava categorias de peso ou rounds e o objetivo era 
golpear o adversário até que este fosse a knockout ou 
desistisse levantando um dedo (MURRAY, 2008). 
Vestindo apenas as luvas, aos lutadores não era per-
mitido morder, agarrar ou arranhar (POLIAKOFF, 
1987), ao passo que a permissão de chutes ainda 
é discutida pelos historiadores (MURRAY, 2008). 
Estas práticas avançam na história e parecem ficar 
ainda mais violentas quando praticadas na Roma 
Antiga, momento no qual é inserido o Caestus, 
uma espécie de luvas com componentes de metal 
que aumentam substancialmente a brutalidade das 
lutas (MURRAY, 2008; PEATFIELD, 2007).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 65
Ao avançar da histó-
ria no século 2 a.C. ocor-
re, em Roma, o primeiro 
combate documentado 
entre gladiadores, prá-
tica que atingiria seu 
auge com a inauguração 
do Coliseu em meados 
de 72 d.C. e permanece-
ria em alta por mais 300 
anos. As técnicas e ar-
mas de combate seguem 
a evoluir e as práticas 
europeias de lutas ganham um caráter ainda mais 
esportivo, inicialmente com os cavaleiros durante 
a era medieval e depois com o pugilismo na Ingla-
terra (entre 1000 e 1800 d.C.). Em 1896, ocorre a 
primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Mo-
66 
LUTAS 
derna e já nesta edição estão presentes a Luta e a 
Esgrima. Nos Jogos de Atenas, em 1908, é inseri-
do o boxe no programa olímpico. Deste ponto em 
diante, após o fim da II Guerra Mundial, ocorre 
uma interação maior entre Oriente e Ocidente, e 
o Judô (1972) e o Taekwondo (2000) são inseridos 
como modalidades olímpicas.
Novamente reforço que essa contextualização 
histórica é importante para que possamos enten-
der algumas diferenças relevantes quanto à evo-
lução das Lutas, Artes Marciais e Modalidades 
Esportivas de Combate. No entanto, conforme fa-
lamos no tópico anterior, a sua dúvida, neste pon-
to, provavelmente tem algo a ver com: mas de que 
modo estas práticas ocidentais se diferenciam das 
orientais? De que modo o modelo de ensino se 
apresenta neste contexto?
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 67
Bom, enquanto no modelo Oriental o Sistema 
predominante era o Iemoto, no qual o professor 
(Sensei) era detentor do conhecimento que ia além 
da prática corporal e avançava para fatores filosó-
ficos; no modelo Ocidental, as características são 
diferentes. O professor não precisava (e ainda não 
precisa) ser, necessariamente, alguém que passou 
por um processo de graduação e atravessou um 
mar de hierarquias e graduações. Também não pre-
68 
LUTAS 
cisava dominar a arte da meditação e este não tem, 
necessariamente, poder sobre o aluno submisso. O 
“Professor” das modalidades da Grécia Antiga, por 
exemplo, era chamado do “Paidotribo” e normal-
mente era um ex-campeão que passava adiante seus 
conhecimentos sobre as técnicas das modalidades, 
somado a algumas noções de terapias e medicina 
(DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006; POLIAKO-
FF, 1987). Mais uma vez, a participação do aluno é 
nada reflexiva, é coadjuvante e se limita à imitação 
dos gestos executados pelo indivíduo mais expe-
riente (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006).
Independentemente da sociedade, geografia ou 
data, os seres humanos lutam desde sua origem, 
seja por fins bélicos, status social, poder, estética, 
aptidão física, religião ou por fins espirituais.
REFLITA
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 69
Nestes dois últimos tópicos, vimos que, apesar das 
diferentes perspectivas de evolução das Lutas, Ar-
tes Marciais e Modalidades Esportivas de Comba-
te, seja no ocidente ou no oriente, os modelos de 
ensino parecem não atender às demandas peda-
gógicas atualmente sugeridas. Na próxima unida-
de, discutiremos, de modo mais aprofundado, as 
consequências disso e as alternativas para o ensi-
no das lutas em diferentes contextos.
70 
LUTAS 
AS LUTAS NO BRASIL
Agora que você já teve um panorama internacional 
da origem e da evolução das Lutas, Artes Marciais 
e Esportes de Combate, faz-se necessário conhe-
cer algumas características destas práticas corpo-
rais associadas à cultura brasileira.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 71
Você já se perguntou se existem Lutas original-
mente brasileiras? Se sim, é possível que a Capo-
eira tenha vindo à sua mente. Mas você sabia que 
existem outras modalidades que podem ser consi-
deradas como tendo sua origem por aqui? Obvia-
mente, por ter acompanhado os tópicos anterio-
res, você sabe que, de algum modo, as Lutas que 
se originaram no Brasil apresentam influências de 
civilizações anteriores, já que a prática de com-
bates corporais é constante em toda história da 
humanidade. Mas existem práticas que sofreram 
influência local a ponto de terem sido “naturali-
zadas” brasileiras? A resposta é sim. E o objetivo 
deste tópico será abordar estas modalidades e sua 
relação com a nossa cultura.
72 
LUTAS 
CAPOEIRA
A Capoeira 
está fortemen-
te associada à 
cultura e à his-
tória afro-bra-
sileira. Em uma 
época na qual a 
escravidão e o tráfico de pessoas eram permitidos, 
negros trazidos da África eram submetidos ao tra-
balho árduo de sol a sol, com sessões de tortura 
frequente a base de chicotadas (entre outras estra-
tégias de tortura) e alimentação limitada. Um dos 
objetivos dessas ações pelo regime escravocrata 
era de limitar o potencial de rebelião destes escra-
vos. Sem armas ou qualquer outro meio de defesa, 
em um determinado momento, grupos de negros 
escravizados passam a praticar uma modalidade 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 73
de luta baseada em movimentos de animais e em 
práticas de luta africana. Inicialmente praticada às 
escondidas, já que havia tortura adicional quando 
a prática era percebida. Elementos de jogos, brin-
cadeira e dança (outros componentes da cultura 
do movimento humano) foram adicionados, a fim 
de mascarar em forma de ritual o que se tratava 
de uma prática de aprimoramento técnico e físi-
co. Neste ponto, o Berimbau, instrumento carac-
terístico que dá ritmo à Capoeira, torna-se ponto 
chave, visto que, dependendo do modo como era 
tocado, indicava se a prática deveria ser “suaviza-
da” ou se podia seguir sem limitações (FRIGEI-
RO, 1989; SENNA, 1980).
Mesmo após a abolição da escravatura, em 1888, 
os capoeiristas seguiram sendo marginalizados e 
perseguidos, o que chegou ao ponto de gerar proi-
bição por lei com pena de 2 a 6 meses de prisão 
74 
LUTAS 
a quem fosse visto fazendo “capoeiragens”. Esta 
proibição só seria revista na década de 30, com 
a liberação da prática vigiada e em locais fecha-
dos que tivessem alvará. Inicialmente classificada 
como “Arte Marcial Brasileira” pela sua proximida-
de com golpes de modalidades asiáticas com pre-
dominância de utilização dos membros inferiores, 
atualmente (desde 1972) a capoeira pode ser en-
tendida (também) como modalidade esportiva de 
combate, por atender aos preceitos que você co-
nheceu no início desta unidade (FRIGEIRO, 1989; 
SENNA, 1980). Para além disso, você, na posição 
de docente, pode abordar a Capoeira em sua ex-
pressão mais ampla, que não se limita ao esporte, 
mas que avança para fatores culturais e folclóricos 
que envolvem a dança, a música, a arte, a religião 
e, em especial, a luta entre classes sociais.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 75
HUKA-HUKA
A luta Huka-Huka é de origem indígena, de modo 
mais específico, é praticada pelos índios do Alto 
Xingu, localizado no estado do Mato Grosso. A 
modalidade de agarre tem por objetivo projetar o 
oponente ao solo, sendo vencedor, ainda, o lutador 
que agarrar a região posterior da coxa do adversá-
76 
LUTAS 
rio, levantá-lo do solo ou ficar sobresuas costas. 
Além das competições, o Huka-Huka faz parte do 
Quarup (ritual de homenagens a mortos ilustres), 
encerrando o ritual (GUERREIRO, 2015).
Infelizmente, as informações científicas sobre 
a modalidade são escassas, mesmo assim gosta-
ria de propor uma reflexão sobre o significado 
da prática do Huka-Huka para estas tribos. Jo-
vens que objetivam se tornar líderes ou grandes 
campeões passam por uma preparação específica 
que envolve alimentação especial, ensinamentos 
dos mais velhos, treinamentos intensos e diários, 
além de longos períodos de reclusão (chegando 
a 6 anos) e o adiamento do início da vida sexual 
até que este se torne um grande lutador (MADEI-
RA, 2006; PAIVA, 2015). A relação destas práticas 
com o passado da tribo e com a espiritualidade as-
sociada aos seus deuses parece remeter ao que foi 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 77
visto junto aos primórdios do início das práticas 
de luta, apesar de que, atualmente, a modalidade 
ganha características esportivas, mas tem por ob-
jetivo manter viva a memória dos ancestrais e dos 
tempos de guerra, mantendo, ainda, os indivíduos 
em constante preparação.
AGARRADA MARAJOARA
A Agarrada Marajoara é uma modalidade de com-
bate típica da região norte do Brasil, de modo mais 
específico no arquipélago do Marajó, no Estado do 
Pará. Com elementos semelhantes ao Huka-Huka, 
a Agarrada Marajoara é, também, uma luta de agar-
re, em que o objetivo é sujar as costas do oponente 
ao promover contato com o solo. Teoriza-se que a 
origem da modalidade tem ligação com a observa-
ção do modo como os búfalos da região lutavam.
78 
LUTAS 
A prática 
apresenta rela-
ção altamente 
íntima a outros 
elementos cul-
turais do local, 
sendo prati-
cada, em sua 
maioria (98%), pelo homem do campo marajoara, 
em geral vaqueiros que declaram recorrer a santos 
protetores, o que denota a conexão entre a práti-
ca desportiva com fatores religiosos e espirituais 
(ASSIS; PINTO; SANTOS, 2017). A prática ain-
da se mostra tão fortemente ligada ao cotidiano 
do povo local que, além da prática de treinamento 
para os eventos competitivos institucionalizados, 
os indivíduos chamados “caboclos” utilizavam-na 
ao final do dia para aquecer o corpo antes do ba-
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 79
nho. Eles declaram, ainda, que a prática foi criada 
localmente em função do ambiente de luta e re-
conhecem como elemento cultural da região, jun-
tamente a outros elementos conhecidos como as 
ervas medicinais, o artesanato e o Círio de Nazaré.
O Brasil ainda apresenta um papel importante no de-
senvolvimento de outras modalidades de combate, a 
exemplo do Jiu-Jitsu que se tornou Brazilian Jiu-Jitsu ao 
ser adaptado pela família Gracie e recebe, hoje, popu-
laridade internacional reconhecida como modalidade 
brasileira. Por outro lado, diferentemente das três mo-
dalidades estudadas neste tópico, o Brazilian Jiu-Jitsu 
carrega, ainda, uma identidade cultural fortemente 
oriental, que pode ser vista pela indumentária de prá-
tica (Gi ou Kimono) e pelos termos frequentemente 
utilizados em idioma japonês, como a expressão “Oss” 
que significa “perseverança sob pressão” e frequen-
temente é utilizada como sinônimo de “sim senhor”.
Fonte: Gracie (2008).
SAIBA MAIS
80 
LUTAS 
Seja Capoeira, Huka-Huka ou Agarrada Marajoa-
ra, fica evidente que essas modalidades de comba-
te fazem parte da identidade cultural brasileira de 
modo muito particular. Deste modo, convido você 
a pensar a prática de lutas não apenas no aspecto 
técnico e esportivo, mas ministrar aulas que rela-
cionem os conteúdos de modo a inserir os com-
ponentes sócio-culturais e propor reflexões que 
transcendam aos fatores tecnicistas.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 81
considerações finais
82 
Nesta unidade, foi possível estudar o modo como 
surgem e evoluem as lutas de modo associado à 
evolução humana, não só biológica, mas, princi-
palmente, como seres sociais. Além disso, você 
deve ser capaz de entender a terminologia deba-
tida e identificar as diferentes expressões destas 
práticas de combate. Por outro lado, não existe 
necessidade real de classificar uma prática espe-
cífica como Luta, Arte Marcial ou Modalidade de 
Combate, o que existe é a necessidade de contex-
tualizar o que será abordado de acordo com uma 
destas perspectivas.
É importante que você identifique, nos tópicos 
abordados, que as práticas corporais de comba-
te sempre estiveram presentes, desde a sociedade 
mais primitiva até a mais evoluída. Negar a rela-
ção da luta com nossa história parece ser seme-
lhante a reprimir instintos que são naturalmente 
considerações finais
 83
humanos, o que, teoricamente, poderia desenca-
dear situações extremas que geram conflitos e bri-
gas. Ao contrário, vivenciar e conhecer o dano que 
pode ser causado e recebido em embates corpo-
rais pode aumentar a capacidade do indivíduo de 
avaliar quando entrar ou não em confronto.
Atualmente, as práticas de combate receberam 
uma conotação “esportivizada”, mas você, sendo 
professor/profissional de Educação Física, não 
deve se limitar aos Esportes de luta. Nesta unida-
de, você pôde perceber que Lutar apresenta relação 
com significados filosóficos, sociais e culturais que 
não devem ser esquecidos. Evitar práticas pouco 
reflexivas e contextualizá-las pode aumentar o in-
teresse e o fascínio dos alunos. As estratégias para 
fazer isso serão apresentadas ao longo da próxima 
unidade, mas já adianto que tematizar as aulas de 
lutas pode ser uma escolha inteligente para esti-
atividades de estudo
84 
mular o componente lúdico e a fuga da realidade. 
Por fim, são apresentados elementos que permi-
tem que você associe estes conteúdos a outras dis-
ciplinas em uma abordagem interdisciplinar.
atividades de estudo
 85
1. Os termos nominais para lutas são fundamentais para au-
mento da visibilidade dos artigos científicos relacionados à 
temática, sugerindo que estes (e outros) podem ser utiliza-
dos sem discriminação, como potencial especificação des-
tas modalidades esportivas. Sobre terminologia aplicada às 
Lutas, assinale a alternativa correta.
a. Estes termos são sinônimos.
b. Lutas não têm relação com fatores culturais.
c. Artes Marciais e guerras são sinônimos.
d. Modalidades esportivas de combate e jogos de 
oposição são sinônimos.
e. Nenhuma das anteriores.
2. A presença de rituais de luta podem ter diferencia-
do os primeiros Homo Sapiens de outros humanos 
primitivos e contribuído para que estes prosperas-
sem. Os primeiros relatos de expressões corporais 
relacionadas às lutas remetem a:
a. Índia.
b. Grécia.
c. África antiga.
d. China antiga.
e. Egito antigo.
atividades de estudo
86 
3. A histórica das lutas é muito importante para que 
possamos entender algumas diferenças relevantes 
quanto à evolução das diferentes modalidades que 
as envolve. Principalmente, os modelos metodológi-
cos empregados. Assinale a alternativa que não cor-
responde à característica do sistema Iemoto:
a. Relação professor-aluno de pura submissão, na 
qual o professor é detentor de todo conhecimen-
to e não deve ser questionado. Ao aluno também 
não é permitido trocar de professor/equipe.
b. Hierarquia inexistente, que permite que o aluno 
permaneça tempo suficiente, progrida de gra-
duações e tenha seus próprios alunos, mas sem 
necessidade de tutela de seu “mestre”.
c. Autoridade do Iemoto, que indica que o mestre 
mais graduado é responsável por toda a organi-
zação e do licenciamento dos futuros mestres, 
gerindo as graduações superiores.
d. Relação pseudoconexão, que se refere ao 
fato de se procurar manter a relação dos diri-
gentes das associações sob tutela de descen-
dentes identificáveis do criador original.
atividades de estudo
 87
4. As Lutas que se originaram no Brasil apresentam in-
fluências de civilizações anteriores, já que a prática 
de combates corporais é constante em toda histó-
ria da humanidade. No Brasil, três modalidades re-
cebem destaque, o Huka-Huka, a agarrada Marajo-
ara e a Capoeira. Das modalidades citadasa seguir, 
indique qual recebeu grande contribuição a ponto 
de ser internacionalmente conhecida brasileira.
a. Judô.
b. Boxe.
c. Muay-Thai.
d. Jiu-Jitsu.
e. Karatê.
5. Nos dias atuais, as práticas de combate receberam 
uma conotação “esportivizada”, o que não deve se 
limitar aos Esportes de luta e suas origens históri-
cas. Indique as principais diferenças que podem ser 
percebidas ainda hoje nas modalidades de comba-
te, de acordo com sua origem oriental ou ocidental.
88 
LEITURA
COMPLEMENTAR
LUTAS COMO CULTURA CORPORAL E A 
EDUCAÇÃO FÍSICA
Partindo de que os movimentos naturais do ser 
humano (andar, correr, saltar, trepar, nadar, etc.) 
sejam inerentes ao ser humano pré-histórico, 
provavelmente, o primeiro gesto abstraído, pen-
sado, tenha sido aquele ligado a gestos de defesa 
ou de ataque.
Quando pensamos em lutas, não podemos deixar 
de citar as Artes Marciais. Entendemos por artes 
marciais as formas de lutas praticadas e guiadas 
por princípios religiosos e/ou filosóficos. Também 
aquelas formas de lutas que tenham sido usadas 
comprovadamente em conflitos de guerra. Aqui se 
encaixam os exemplos de lutas orientais indianas, 
chinesas, japonesas e coreanas.
 89
Devemos salientar que, em algum momento, a 
maioria das modalidades tratadas a seguir foram 
consideradas artes marciais, pois foram criadas 
para guerra, mas estamos contextualizando a par-
tir da atualidade, após sistematizações para se 
tornarem esporte para possíveis práticas com cun-
ho educacional e competitivo, sendo agregadas re-
gras para praticantes de todos os gêneros e faixa 
etária sem distinção. Assim, sua caracterização é 
por maior predominância, atualmente, podendo 
ser categorizada em uma classificação de luta.
Hoje, quando pensamos em ataque e defesa, car-
acterizamos da seguinte maneira. As técnicas de 
ataque e defesa são formas abreviadas de Artes 
Marciais aplicadas de forma prática por profis-
sionais de segurança (agentes de segurança do 
metrô, seguranças pessoais), formas de combate 
corpo-a-corpo desenvolvida por policiais militares 
90 
LEITURA
COMPLEMENTAR
e soldados das forças armadas. Também são for-
mas de técnicas de ataque e defesa as lutas cria-
das para este fim. Exemplo disto é a luta israelense 
conhecida como Krav-maga.
As lutas folclóricas e/ou culturais são aqui con-
ceituadas por aqueles folguedos feitos por uma 
cultura ou país com características de confronto, 
pertencente à tradição de determinado país. As-
sim, poderíamos dizer que existe, para cada país, 
uma formas de luta típica. Por exemplo: Damnyè 
ou Ladja da Martinica, no Caribe. O Many de Cuba. 
Cheibi gad ga de Manipur na Índia, Chausson ou 
Savate francês, Escrima ou Arnis das Filipinas, Kra-
bi-krabong e Muay thai da Tailândia, Guresh da 
Turquia, Glima da Islândia, Pentjak silat da Indoné-
sia, Gouren Bretão e o Uka uka de índios no alto 
Xingu, entre outros.
Também podemos enquadrar como lutas folclóri-
cas e culturais as brincadeiras infantis, realizadas 
 91
em forma de confronto. Enquadram-se, aqui, os 
desafios de cabo de guerra, desafios de dese-
quilíbrio, as brigas de galo, e outros, típicos dos 
conteúdos das aulas de Educação Física infantil.
Algumas modalidades de lutas foram tão difun-
didas que acabaram se esportivizando. Sendo as-
sim, por esporte de combate entendemos as Artes 
Marciais que se tornaram competitivas, tais como 
o Judô e o Taekwondô. Para se tornarem modali-
dades esportivas, foi necessário minimizar de al-
guma maneira sua forma de execução tradicional, 
criando-se regras para as competições.
Também podemos entender por esporte de com-
bate as lutas historicamente feitas nos Jogos Olímpi-
cos, tais como boxe, luta olímpica e greco-romana. 
Estas últimas derivadas do antigo Pankracio grego, 
luta realizada nos Jogos Olímpicos da antiguidade.
Ainda como esporte de combate entendemos 
como as lutas criadas para competição. Exemplos 
92 
LEITURA
COMPLEMENTAR
são o Full Contact e o Kick boxing. O primeiro cria-
do na década de 70 quando caratecas americanos 
criaram regras específicas para competições des-
ta modalidade. Já o Kickboxing é uma junção de 
técnicas de chutes ao boxe tradicional.”
Fonte: Oliveira, Rodrigo e Suzuki (2009).
material complementar
 93
Olhar Clínico nas Lutas, Artes 
Marciais e Modalidades de Com-
bate
Leandro Paiva
Editora: OMP
Sinopse: o livro Olhar Clínico nas 
Lutas é uma obra completa com informações in-
éditas sobre o universo das Lutas e Artes Marciais. 
Pode ser compreendido em duas partes macro. A 
primeira abrange a área de Preparação Física, Nu-
trição (perda de ‘peso’), Psicologia e Medicina Es-
portiva. A segunda, História, Antropologia, Socio-
logia e História da Arte. Completamente em cores 
e escrito em linguagem bem acessível, aguça a cu-
riosidade de qualquer indivíduo, quer seja aficio-
nado, fã, pesquisador, universitário, atleta, prat-
icante, técnico ou outro profissional, até mesmo 
se estiver deparando pela primeira vez com esta 
área. Após o lançamento no Rio de Janeiro, o livro 
foi aclamado pelos críticos e é forte candidato ao 
Prêmio Jabuti - 2016.
Indicação para Ler
material complementar
94 
Terra de luta
Ano: 2017
Sinopse: o documentário faz 
uma viagem pelas origens da 
luta no Brasil, partindo dos pri-
meiros registros arqueológicos 
pré-históricos encontrados no Brasil, na Serra da 
Capivara (PI); passando pela Huka-Huka dos ín-
dios do Xingu, no Mato Grosso; pela Luta Mara-
joara, da Ilha de Marajó (PA), até a Capoeira em 
Salvador (BA).
Indicação para Assistir
referências
 95
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gabarito
100 
1. E.
2. C.
3. B.
4. D.
5. Vestimentas, reverências, sistema Iemoto, 
filosofia e formação dos professores.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você 
estudará nesta unidade:
• O ensino das lutas e a educação física
• Categorizações, regras de ação e jogos de oposição
• Modelo de ensino tradicional e predominante
• Modelos de ensino das lutas por meio da tática
• Organização e trato pedagógico das lutas
Objetivos de Aprendizagem
• Contextualizar o ensino das lutas na escola e nas 
academias de luta.
• Categorizar pedagogicamente as lutas, os jogos de 
oposição e as brincadeiras de lutas.
• Apresentar os problemas dos modelos vigentes.
• Apresentar modelos de ensino por meio da tática 
como alternativa aos modelos tecnicistas.
• Sugerir progressão de conteúdo das lutas de acordo 
com faixas etárias.
ENSINO DE LUTAS
Professor Dr. Victor Silveira Coswig
unidade 
II
INTRODUÇÃO
Apesar de ser altamente indicado por diferentes 
diretrizes de ensino da Educação Física, sabe-se 
que o ensino das lutas neste contexto é extrema-
mente raro. Infelizmente, outros conteúdos são 
“preferidos” e, normalmente, envolvem modali-
dades esportivas coletivas, como futebol, futsal, 
handebol, basquetebol e voleibol. Nos piores ce-
nários, as modalidades coletivas dominam a tota-
lidade das aulas de Educação Física, ainda em uma 
perspectiva na qual a Educação Física se confunde 
com o ensino de esportes.
Além disso, esporte é apenas uma das dimen-
sões da cultura do movimento humano, ao lado 
dos jogos, ginástica, dança e as lutas. Por isso, não 
são apenas as lutas que acabam por receber me-
INTRODUÇÃO
nor atenção do que o ideal. É possível perceber 
essa disparidade, inclusive, em programas gover-
namentais, como o Segundo Tempo, ou ainda, em 
diretrizes com a Base Comum Curricular. Para 
ter como exemplo, no primeiro, existem sugestões 
sobre modalidades “para aprender” e modalida-
des “para conhecer”. Não surpreende que aquelas 
que estão na primeira categoria são usualmente 
coletivas, enquanto as lutas se apresentam (quan-
do muito) na segunda.
Mas você provavelmente já conhece essa reali-
dade. Se pergunte quantas aulas de lutas você teve 
no ensino fundamental e médio. Agora faça este 
mesmo exercício com a turma. Caso vocês estejam 
na média do que se conhece do ensino no Brasil, 
poucos indicarão contato com as lutas e, destes, 
serão relatos sobre atividades isoladas. 
Nesta unidade, vamos problematizar estes as-
pectos e o modelo vigente de ensino de luta. Além 
disso, é objetivo dar condições teóricas e indica-
ções diretas sobre como modificar essa realidade!
Vamos lá!
108 
LUTAS 
O Ensino das Lutas e 
a Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 109
Caro(a) aluno(a), permita-me iniciar este tópico 
com algumas provocações sobre o ensino das lu-
tas. Primeiramente, gostaria de perguntar sobre 
sua opinião quanto ao ensino das Lutas na Edu-
cação Física Escolar. Você acredita que ensinar 
lutas na escola é algo positivo ou apresenta mais 
riscos do que benefícios? E quanto ao ensino de 
lutas para crianças e jovens fora do ambiente esco-
lar? É algo a ser estimulado ou os fatores negativos 
são maiores que os positivos? Neste tópico, vamos 
aprofundar nestas questões, em especial, focando 
nos benefícios e riscos da utilização do conteúdo 
lutas na Educação Física.
Se você respondeu às perguntas anteriores de 
acordo com o senso comum e de acordo com 
grande parte dos Professores de Educação Física, 
possivelmente indicou que existem riscos que se 
sobrepõem aos benefícios acerca da aplicação de 
110 
LUTAS 
lutas na escola. Por outro lado, possivelmente tam-
bém indicou que, fora da escola, a prática apresen-
ta mais benefícios do que riscos, e que pode ajudar 
a disciplinar os alunos (entre outros benefícios). 
Mas por que existe essa contradição? Por que lu-
tar fora da escola parece ser interessante enquanto 
que, no ambiente escolar, ficamos cheios de “de-
pendes”. Se você me permite, ainda vou além. Bus-
que na memória seu histórico com Lutas e Edu-
cação Física Escolar, compartilhe essas memórias 
com seus colegas, amigos e familiares. Possivel-
mente poucas pessoas participaram de atividades 
de lutas na escola (lembre-se que luta é diferente 
de briga) e, quando houve, provavelmente foi por 
meio de alguma atividade com professores de mo-
dalidades esportivas de combate convidados. Isso 
nos leva a outra questão: para dar aula de lutas, 
na escola, o professor precisa ter experiência com 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 111
Modalidades Esportivas de Combate? No decor-
rer desta aula vou tentar ajudar você a encontrar 
argumentos que lhe permitam responder a todas 
essas questões.
Vamos lá! De acordo com um estudo feito no sul 
do Brasil, as contradições acerca do tema parecem 
ser profundas (FONSECA; FRANCHINI; DEL 
VECCHIO, 2013). Neste trabalho, dos 69 docen-
tes entrevistados, apenas 6,25% indicou que a prá-
tica de lutas na escola é inadequada, o que eu e 
A ritualização ou tematização das Lutas pode sig-
nificar “brincar de fazer como se fosse”, sem vio-
lência, já que esta não faz parte do jogo e fazê-lo 
seria acabar com a brincadeira.
(Jean-Claude Olivier)
REFLITA
112 
LUTAS 
você entendemos como algo positivo. Por outro 
lado, desses mesmos docentes, 91,3% indicou não 
contemplar lutas como conteúdo de suas aulas e, 
quando o faziam, era por meio de atividades lú-
dicas, vídeos ou por um especialista convidado. 
Outra pesquisa indica que, dentre as práticas ofer-
tadas nas disciplinas de educação física, 93% en-
volve Futebol/Futsal, 90% jogos, 75% Handebol, 
70% Voleibol, 60% Dança, Ginástica e Atletismo, 
40% Basquetebol, enquanto Lutas aparece com 
14%, atrás, até mesmo, da opção “outros”, que fica 
com 30% (VIEIRA; SOUZA, 2007). E como isso 
se justifica? Os argumentos são diversos, mas aca-
bam envolvendo, de modo geral, a falta de estru-
tura, a falta de preparação específica do professor, 
resistência dos pais e o risco de promover situa-
ções violentas, além, é claro, daqueles que indicam 
que o conteúdo Lutas é inapropriado para esco-
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 113
las (FONSECA; FRANCHINI; DEL VECCHIO, 
2013; REGO; FREITAS; MAIA, 2011; VIEIRA; 
SOUZA, 2007). A partir de agora, convido você a 
aprofundar cada um desses argumentos.
FALTA DE 
ESTRUTURA FÍSICA
A ausência de estrutura 
e material adequado fa-
zem parte da realidade 
dos professores de Edu-
cação Física. Mas será 
que isso impede a rea-
lização de práticas de 
combate?Se, para você, a prática das atividades 
de luta na escola remete à prática esportiva, você 
deve estar calculando que, para uma atividade 
destas, você precisaria de roupas adequadas (Ki-
114 
LUTAS 
mono, Gi, Dobok etc.), protetores (capacetes, ca-
neleiras, luvas e bucais) e piso adequado (Tatame). 
Mas se você lembrar da classificação do termo luta 
na unidade anterior, perceberá que existem possi-
bilidades para além das propostas esportivas e que 
não exigem materiais tão específicos (OLIVIER, 
2000). De fato, muitas das atividades de luta não 
precisam, sequer, de material, outras são possíveis 
apenas com lenços, prendedores de roupas e cor-
das. Em último caso, para vivências mais especí-
ficas, visitas a espaços de treinamento podem ser 
uma estratégia interessante.
FALTA DE PREPARAÇÃO ESPECÍFICA DO 
PROFESSOR
O professor de Educação Física precisa ter sido lu-
tador ou ser um faixa preta para ministrar suas 
aulas de lutas na educação física escolar? Não, não 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 115
precisa. Um estudo interessante comparou o pon-
to de vista de três professores:
a. Professor/Treinador de Modalidades Esporti-
vas de Combate em ambientes não-escolares.
b. Professor de Educação Física em escola, mas 
sem experiência pessoal com lutas.
c. Professor de Educação Física em escola com 
experiência pessoal com lutas.
Os achados, apesar de preliminares, indicam que, 
enquanto o professor/treinador (a) sugere foco em 
aspectos técnicos, específicos e que especializam os 
alunos, o professor (b) aborda as Lutas como con-
teúdo da cultura corporal, de modo que mantém 
presente reflexões sobre brigar e lutar, sobre valo-
res e sobre aspectos históricos, sociais e filosóficos 
dessas práticas. Além disso, o professor (b) ressalta 
a lógica não necessariamente pelo aprimoramen-
116 
LUTAS 
to de gestos técnicos, mas pela relação dos movi-
mentos na composição do leque motor dos alunos 
(SO; BETTI, 2009). De modo geral, a experiência 
do professor poderia até mesmo prejudicar sua vi-
são mais ampla de conteúdo, limitando o conteúdo 
Lutas ao que se relaciona às suas particularidades.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 117
LUTAS E VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Como vimos, apesar de não ser o pensamento 
da maioria dos docentes, a prática de Lutas para 
crianças ainda é vista como possível catalisado-
ra de ações violentas (FONSECA; FRANCHINI; 
DEL VECCHIO, 2013; REGO; FREITAS; MAIA, 
2011; VIEIRA; SOUZA, 2007). Mas será que isso 
reflete a realidade? Alguns desses indivíduos indi-
cam que depende da abordagem do professor. Pois 
bem, inicialmente vamos diferenciar uma briga de 
uma brincadeira de luta? De acordo com Marques 
(2010), as características de cada uma destas situa-
ções se mostram de acordo com o quadro a seguir:
118 
LUTAS 
Quadro 1 - Jogo de luta versus Luta a sério
Dimen-
sões Jogo de luta Luta a sério
Com-
porta-
mento
Movimentos vi-
gorosos (bater, 
caçar), sem con-
tatos, ou com as 
mãos abertas.
Movimentos vi-
gorosos com 
contato físico vo-
luntário e inten-
cional.
Afetivi-
dade
Positivo, faces 
sorridentes, re-
laxadas, boca 
aberta (face de 
jogo).
Negativo, faces 
franzidas, boca 
fechada (dentes 
cerrados).
Conse-
quên-
cias
Ficam juntos 
após a luta. Afastam-se após a luta.
Estrutu-
ra
As crianças alter-
nam os papéis 
de caçador e 
caça.
Sem mudança 
de papéis.
Nº de 
alunos
Pode envolver vá-
rias crianças em 
simultâneo.
Quase sempre 
acontece entre 
duas crianças.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 119
Ecologia 
Frequentemente 
acontece em su-
perfícies macias.
Acontece em 
qualquer área.
Obser-
vadores 
Não tem obser-
vadores.
Atrai muitos ob-
servadores.
Fonte: Marques (2010).
Percebe-se, portanto, que as situações são ampla-
mente diferentes e a distinção entre elas não é di-
fícil, facilitando, assim, o julgamento de quando 
intervir ou não.
E o jogo de luta pode levar à briga? Segundo 
Olivier (2000), a proposta é justamente o inverso. 
Em um mundo informatizado, é perceptível que a 
prática de lutas é frequentemente associada à re-
solução de conflitos sociais, vide novelas, filmes, 
telejornais e a própria convivência em comuni-
dade. Por outro lado, torna-se papel do professor 
de Educação Física e da escola desmistificar esta 
ideia e transformar as brigas em jogos de luta que 
120 
LUTAS 
sejam regrados, relacionados aos valores ineren-
tes às práticas corporais e reflexivo, no sentido 
controle da agressividade e o conhecimento desta 
ação oposta do outro.
De modo adicional, a ciência têm confirma-
do a hipótese de que a prática de Lutas parece 
reduzir e não aumentar a violência. Uma meta-
-análise recente, realizada a partir de 9 estudos 
que reuniram 507 crianças de 6 a 18 anos, mos-
trou que a prática de Artes Marciais reduziu o 
comportamento antissocial e de externalização 
e promoveu maior autocontrole, autoconfian-
ça, autoestima e estabilidade emocional (HA-
RWOOD; LAVIDOR; RASSOVSKY, 2017). No 
mesmo sentido, outra pesquisa investigou o 
efeito da prática de Artes Marciais em relação 
à práticas de bullying. Os achados indicam que 
aqueles alunos que mais frequentaram as ativi-
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 121
dades de luta apresentaram a menor frequência 
de agressões e a maior frequência de compor-
tamento de suporte (ajuda a quem é vítima de 
bullying). Os autores relacionaram os resulta-
dos à melhoria de empatia e ao autocontrole, 
além de estratégias pacificadoras (TWEMLOW 
et al., 2008).
Tomando estes argumentos em conjunto, perce-
bemos que existe a possibilidade de qualificar o 
ensino das lutas, especialmente para crianças. Mas 
talvez tudo isto ainda pareça um pouco abstrato 
para você. Por isso, adianto aqui um exemplo que 
será aprofundado nos próximos tópicos:
Imagine que você solicita aos alunos que formem 
duplas e que fiquem de frente para o colega. Ao 
seu sinal o objetivo do aluno será tocar em um dos 
ombros do seu adversário que, obviamente, irá ten-
SAIBA MAIS
122 
LUTAS 
tar defender e contra-atacar. Esta atividade ocorre 
entre duas ou mais pessoas? (Sim!). Apresenta ata-
que e defesa de modo mútuo e simultâneo? (Sim!). 
O objetivo é ou está no corpo do oponente? (Sim!). 
Portanto é Luta! E quanto material especial você 
precisaria para executar esta atividade? O quanto 
de conhecimento específico de gestos e golpes você 
precisará ensinar? Será que um pai/mãe proibiria 
esta prática? Será que esta é realmente uma prá-
tica que estimula a violência?
Fonte: o autor.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 123
Categorizações, Regras de 
Ação e Jogos de Oposição
124 
LUTAS 
Neste ponto você já avançou consideravelmente 
no entendimento sobre o conteúdo Luta. Inicial-
mente quanto a origem histórica e a evolução ao 
longo dos séculos na Unidade I e no tópico an-
terior quanto a reflexões específicas da aplicação 
deste conteúdo nas aulas de Educação Física. A 
partir de agora, pressupondo que você entendeu 
a importância de inserir esta temática na educa-
ção de crianças e jovens, avançaremos para fato-
res de instrumentalização, ou seja, vamos focar no 
“como fazer”. Vamos nessa?
Como visto anteriormente, a prática de lutar 
está inserida na classificação dos jogos, neste con-
texto, considere as seguintes manifestações dos 
jogos, propostas por Callois (2001) e sua relação 
com as modalidades de combate:
Alea: remete-se a fatores que não podem ser 
controlados pelo jogador, ou seja, o jogador é nor-
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
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malmente passivo e o vencedor é definido por fa-
tores associados ao acaso, pelo destino, por sorte. 
Nestes jogos de azar encontramos relações ape-
nas indiretas relacionadas às Lutas. Quando, por 
exemplo, o lutador depende de um chaveamento 
por sorteio, quando um apostador investe dinhei-
ro ao “adivinhar” quem vencerá ou mesmo quan-
do a vitória é alcançada por um motivo diferente 
do desempenho do lutador (Lesão do oponente, 
por exemplo).
126 
LUTAS 
Ilynx: remete-se à busca 
da vertigem, a exemplo 
de práticas em que crian-
ças giram até sentirem 
tontura. Não será difícil

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