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Página | 1 Patologia – 3° semestre, M2 – Júlia Laluce Distúrbios Hemodinâmicos - Edema - Hiperemia/Hiperemia Ativa e Congestão/Hiperemia Passiva - Hemorragia - Trombose e Embolia - Isquemia e Infarto - Choque Edema Caracterizado por um acúmulo excessivo de líquido no interstício ou cavidades pré-formadas (pleura, peritônio etc.). Imagine um capilar revestido por seu endotélio e suas fenestras (espaços muito pequenos entre as células endoteliais por onde só passa água). Dentro do capilar há a pressão hidrostática, que é a pressão exercida pela água do plasma na parede do capilar (tendência de a água sair do meio intravascular para o interstício. Há também, dentro do capilar, a pressão oncótica/coloidosmótica que é causada pelas proteínas do plasma (sendo 80% delas albumina) que ao contrário da pressão hidrostática, retém a água dentro do vaso (tendência de a água permanecer no meio intravascular). Um desequilíbrio entre as pressões hidrostática e coloidosmótica pode resultar em um edema, que por sua vez é caracterizado pelo acúmulo excessivo de água no interstício. O que leva ao edema? - Aumento da pressão hidrostática vascular (causada por exemplo por uma hiper-hidratação, insuficiência cardíaca); - Diminuição da pressão oncótica/coloidosmótica (caso característico da hipoalbuminêmia, quadro comum em problemas hepáticos [fígado para de produzir] ou renais [através de um aumento na eliminação dessas proteínas plasmáticas]; - Aumento da permeabilidade vascular/vasodilatação (em geral causado por substâncias vasodilatadoras como a bradicinina, liberada em processos inflamatórios); - Obstrução de vasos linfáticos (como por exemplo no caso da filariose/elefantíase); - Retenção de H2O/Na+ nos rins O edema pode ser de origem inflamatória ou não. A principal diferença entre eles é quanto a composição da substância acumulada. No caso de um edema inflamatório, há um acúmulo de substâncias ricas em proteínas e células (Exsudato). Já um edema não-inflamatório, a substância acumulada será pobre em proteínas (Transudato). Principais consequências de um edema Página | 2 - Obstrução vascular (imagine que você possui um acúmulo de substâncias extracelulares, haverá um aumento de volume ocupado nesse tecido e consequentemente haverá uma redução do fluxo sanguíneo); - Dificulta as trocas gasosas (quando há um acúmulo de líquido no interstício ocorre um aumento da “barreira” entre o alvéolo e o capilar, consequentemente há uma dificuldade na realização das trocas gasosas). Hiperemia e Congestão Ambos se referem a um aumento do volume sanguíneo em um determinado órgão ou tecido. Mas diferenciam-se entre si por: Hiperemia – É um aumento de suprimento sanguíneo no interior dos vasos, causada por uma dilatação arteriolar (pode ser tanto fisiológico [como é o caso da digestão, emoções, frio] quanto patológica [relaciona-se à processos inflamatórios]); Congestão/Hiperemia passiva – É um aumento de sangue devido à redução da drenagem venosa, ou seja, há uma redução no fluxo sanguíneo (a velocidade com que esse sangue está circulando é menor); A congestão se subdivide em localizada e sistêmica. A congestão localizada caracteriza-se pela obstrução de um vaso específico (decorrente, por exemplo, de um trombo), enquanto a congestão sistêmica é originada a partir de uma insuficiência cardíaca direita (congestão em toda a circulação venosa sistêmica) ou direita (congestão no pulmão, podendo levar à um edema pulmonar). Hemorragia É definida como sendo a saída de sangue dos vasos sanguíneos para o meio externo (interstício ou cavidades pré-formadas). Há dois tipos de hemorragias: interna e externa. - Externa: é quando o sangue possui um meio pelo qual ele pode extravasar, como por exemplo, vômitos, fezes, menstruação, urina etc.; - Interna: Em cavidades pré-formadas Classificação das hemorragias - Hematoma: qualquer acúmulo de sangue no meio externo - Petéquias: acúmulos minúsculos de sangue no meio externo (como por exemplo pelo rompimento de pequenos capilares); - Púrpuras: Em geral, resultam do coalescimento/junção de várias petéquias; - Equimose: é um acúmulo maior de sangue, como os que ocorrem em traumas (o famoso “roxo”, que vai mudando de cor de acordo com os pigmentos que há em cada fase: hemoglobina – biliverdina – bilirrubina – hemossiderina). Consequências Depende do vaso, do local, do órgão/tecido. Podem causar uma hipovolemia (redução do volume sanguíneo), isquemia ou morte. Página | 3 Trombose e Embolia Trombose é o processo de coagulação do sangue no interior do sistema circulatório do indivíduo vivo. Já Trombo é um coágulo de sangue no interior do sistema circulatório do indivíduo vivo. Como ocorre a origem de um processo trombótico? O processo trombótico corresponde a três fatores principais presentes na Tríade de Virchow: leão endotelial, hipercoagulação do sangue e estase no fluxo sanguíneo. Na imagem acima é possível visualizar os possíveis fatores que dão origem a esses três principais agentes trombóticos. Morfologia dos trombos Os trombos possuem aspecto estriado, com as chamadas “estrias de Zahn”, que decorrem do depósito em camadas de fibrinas e plaquetas alternadas com hemácias. O trombo, tipicamente, fica aderido/fixado à superfície do vaso doo coração (isso que o diferencia de um coágulo pós óbito, fora que um trombo é muito mais firme). É possível classificar os trombos de acordo com sua cor: Trombos vermelhos – encontrado em veias (composto por hemácias + fibrinas); Trombo branco – encontrado em artérias (composto por plaquetas + fibrinas); Trombo hialino – encontrado em arteríolas e vênulas (composto basicamente por fibrinas); Destinos do trombo Página | 4 - Crescimento e propagação através da corrente sanguínea; - Pode formar um êmbolo (processo pelo qual o trombo se desprende da parede e vai para um local longe de onde foi originado, passando a ser denominado êmbolo); - Dissolução (ele pode se desmanchar através de um processo fibrinolítico); - Organização e recanalização (pode ser que mesmo causando obstrução, aquele trombo sobra micro canalização/micro passagens de forma que é possível a circulação do sangue); Embolia é a presença de um corpo solto sólido, líquido ou gasoso solto na circulação. O maior problema de se ter um êmbolo na circulação é a possibilidade de causar uma obstrução vascular, levando a um processo de isquemia (diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea, numa parte do organismo, ocasionada por obstrução arterial ou por vasoconstrição) e posterior necrose. *Embolia pulmonar – É na maior parte das vezes causadas por um trombo que veio a se tornar um êmbolo pois saiu do seu local de origem e foi parar na circulação pulmonar. Eles têm, principalmente, origem venosa, em especial nas veias íleo-femorais, mas também podem ter origem no átrio ou ventrículo direito. Página | 5 Isquemia e Infarto Isquemia Isquemia é caracterizada como sendo uma deficiência no suprimento de sangue de um determinado tecido/órgão. Essa deficiência pode ser ocasionada por uma obstrução do vaso (reduzindo a oferta de sangue) ou então quando há um aumente da necessidade de fornecimento de sangue (por exemplo durante o exercício físico). Lembre-se: qualquer tecido que por conta da falta de sangue (isquemia) sofra necrose, pode infartar). Causas da isquemia - Redução da pressão sanguínea/perfusão (se fosse tem uma diminuição da pressão com que o sangue percorre os vasos, consequentemente há uma diminuição do sangue que circula naqueles vasos); - Obstrução da luz vascular (como por exemplo na aterosclerose, que você possui uma placa de arteroma obstruindo o vaso, ou então por conta de uma trombose [96% dos casos de infarto do miocárdio]); - Aumento da viscosidade sanguínea (pode ser causada por uma eritrocitose[aumento da taxa de eritrócitos no sangue, comum em casos de pessoas que vão para altas altitudes]); - Aumento da demanda de O2 Consequências da isquemia A principal delas é o infarto, mas depende de alguns fatores que vão influenciar em suas consequências: depende do órgão [o cérebro por exemplo aguenta apenas alguns segundos de um quadro isquêmico, depois já começa a necrosar], da irrigação, da existência ou não de circulação colateral, da velocidade de obstrução [no caso da embolia por exemplo, é uma obstrução brusca] e da capacidade de transporte de O2 pelo sangue (reduzida em pessoas com quadros de anemia). Infarto O infarto corresponde a área de NECROSE tecidual causada por ISQUEMIA prolongada. Existem dois tipos, basicamente, de infarto: - Infarto branco: obstrução arterial em órgãos sólidos (órgãos preenchidos, como por exemplo o rim) com circulação terminal (uma única artéria é responsável por irrigar toda a área). Exemplos: rim, baço, miocárdio; - Infarto vermelho: característico de órgãos frouxos (ou seja, sem preenchimento) e nos órgãos com irrigação dupla ou colateral, levando a uma intensa hemorragia no local. Exemplos: intestino ou pulmão. Lembre-se que infartos não ocorrem somente por obstrução arterial, podem ocorrer também por obstrução venosa (há a obstrução venosa que acaba congestionando o fluxo sanguíneo local, consequentemente há uma redução no fluxo sanguíneo, isquemia e posteriormente um infarto). Página | 6 Todo infarto causa parada cardíaca? Não, só haverá parada cardíaca se houver um comprometimento considerável do músculo cardíaco (vai depender de qual coronária foi obstruída, do tempo e do grau de obstrução etc.). Choque Caracterizado como sendo um estado de má perfusão tecidual, de modo que o sistema circulatório é incapaz de fornecer oxigênio aos tecidos, o que pode levar a disfunção multissistêmica e morte. Lembre-se: choque é diferente de hipotensão. O paciente pode estar hipotenso, mas não estar em estado de choque e vice-versa. O choque mais comum é o choque hipovolêmico, mas existem outros tipos de choque, como o choque obstrutivo (ex.: tamponamento cardíaco), choque cardiogênico (ex.: infarto agudo do miocárdio), choque distributivos (se subdividem em anafilático, séptico e neurogênico) As variáveis mais importantes que quando alteradas podem levar á um quadro de choque são: - Concentração de hemoglobina - Saturação de O2 - Débito cardíaco Página | 7 Os choques são classificados em 4 classes O choque grau 1 é como se fosse um doador de sangue (perdeu menos de 15%); O choque grau 2 perdeu de 15 a 30% e o primeiro sinal que o paciente apresenta é a taquicardia; O choque grau 3 perdeu de 30 a 40% de sangue, e além da taquicardia o paciente apresenta também hipotensão; O choque grau 4 é quando o paciente já perdeu acima de 40% de sangue (mais de 2000ml de sangue), diferencia do tratamento de terceiro grau no fato de que esse paciente deve ter como reposição sangue O- desde a primeira bolsa, pois não dá tempo de fazer a prova cruzar para analisar o tipo sanguíneo do paciente.
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