Capítulo 9 Tonalidades afetivas na terapia

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Tonalidades afetivas na terapia
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨ Temos como ponto de partida a concepção heideggeriana de homem com Dasein, ser aí, que já é originariamente ser-no-mundo, ou seja, é para os homens que todos os entes se manifestam¨. (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.161)
¨ O modo do homem ser no mundo, isto é, o modo como ele entra em contato com tudo o que vem ao seu encontro, é sempre marcado por uma tonalidade afetiva. Isso implica dizer que onticamente , na vida humana está sempre presente tudo aquilo que chamamos de afeto, emoção, sentimento. ¨ (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 162)
¨ Em todo o que vemos, fazemos, pensamos há sempre algum colorido afetivo presente, ainda que seja a equanimidade, a indiferença ou a apatia. Essas são maneiras como nos encontramos dispostos ante o que se apresenta a nós. Nosso relacionamento com as coisas, com os acontecimentos, com os outros, com nós mesmos, é sempre tocado por alguma emoção. (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 162)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨ O modo como o mundo se apresenta ao Dasein inspira o seu agir, ou seja, é o que move, é que constitui a emoção ( do latim emovere, pôr em movimento). O mundo é sempre marcado por alguma tonalidade afetiva. ¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 162)
¨ No pensamento de Heidegger, a verdade é tomada com o significado de aletheia, o não-esquecido, o que é retirado do encobrimento, verdade é aqui desocultação. È a verdade que se manifesta articulada ao ser livre do Dasein, esse ente que é aberto, é lançado e é fundado em suas possibilidades de ser, esse que libera os entes intramundanos para que se manifestem em sua verdade, libera os acontecimentos para que se apresentem como são.¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 163)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨E quando se trata da terapia, o aproximar-se da verdade da própria história significa sentir-se livre, naquele sentido de poder se familiarizar com o que se apresenta, para deixar que o passado, o presente e o futuro sejam liberados e se manifestem em sua verdade. Por isso, podemos dizer que a terapia é libertadora. ¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.163)
¨Numa abordagem fenomenológica, queremos aqui chegar perto daquele momento inicial desse processo para comprendermos como tanto o paciente quanto o terapeuta aproximam para eles mesmos a terapia que está começando. O que significa para o paciente começar uma terapia e o que significa para o terapeuta começar a atendê-lo?. ¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.164)
¨Quanto ao paciente, o primeiro sentimento que surge, ainda mesmo antes de ele chegar a terapia, é a vergonha. Precisar de terapia é sentido como um fracasso, é se reconhecer fraco, incompetente, é estar na perspectiva de se expor na sua limitação. (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.164)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨Outro sentimento muito forte que aparece é o de diferença. A pessoa procura a terapia, porque se sente diferente de todo mundo.¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.164)
¨Aparece tambem uma culpa. Buscar a terapia é perceber que há um erro e reconhecer ou supor que, de alguma maneira, o errado seja eu, o erro esteja em mim ou, mais do que isso, que o erro seja eu ¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.165)
Na perpectiva da Daseinanalyse, a proposta é se aproximar do paciente e juntos buscar  a compreensão do que o faz sofrer e não a de lutar contra a doença.
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨O estar lançado é uma referência muito próxima do estado de desabrigado do paciente. Enquanto no paciente se destaca o estar- lançado, que é o estar projetado para dentro de uma situação, e de uma situação que gera não apenas medo, mas muitas expectativas.¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.164)
A terapia, começa com as tonalidades afetivas do desabrigado e do estar lançado. A medida que a terapia se realiza, é possivel que a tonalidade afetiva predominante seja a confiança.
¨A culpa, em sua origem, e existencial, pois a culpa apresenta para o Dasein a sua condição de ¨não ser e ter de ser¨. Porque seu existir é ek-sistir, é esse ser fora, jogado no mundo como um poder-ser, que ainda não é mas tem-de-ser, porque ele é poder-ser, aberto para o futuro, dizemos que existir é vir-a-ser. Dasein deve a si mesma o ser que ele ainda não é¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.171)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨ A angústia patológica só pode ser separada pela radical entrega á angústia existencial. ¨(POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.170)
¨Para o Dasein efetivar sua abertura de um modo mais pleno, num movimento de acolhimento de tudo aquilo que vem ao seu encontro, de acolhimentos, e isso faz parte de sua destinação existencial. E nesse movimento de aceitação, de acolhimento, a tonalidade afetiva que está presente e da confiança.¨ (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.170)
¨ A culpa deixa de ser, como em seu sentido existencial, um convite, uma proposta, um chamado para a realização e passa a ser o apontar de uma falha, de um erro, de uma falta que deve ser objeto de punição, falta essa que está na referência do passado, pois, quando Dasein busca falar de si mesmo como uma tonalidade, é sempre o caráter significativo do passado que surge como o mais relevante.¨ (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p.171 e 172)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨Notamos que a palavra confiança aparece aqui empregada em sintonia com as palavras aceitação, acolhimento e entrega. Falamos da confiança que se liga a um movimento de aceitação e acolhimento dos entes que se manifestam, dos acontecimentos que se dão, que significa poder acolher tudo aquilo que compõe a nossa história seja o que foi, seja o que está sendo, seja o que pode ser, enfim, poder acolher o que vem ao nosso encontro na indeterminação do aberto, poder se deparar com a possibilidade da angústia existencial.¨  (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 172)
¨Acolher significa recepcionar alguma coisa e comprometer-se com o que está sendo acolhido. È aceitar sabendo que aquilo que chega faz parte de um processo, isto é, aquilo não é o fim, é algo que chega no meio de uma história qu está em andamento.¨ (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 174)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
¨Entrega, compreendida como uma disposição de confiança do Dasein, é fundamentalmente o acolhimento da doação de ser. Se, quando falamos de aceitação, estamos nos referindo ao acolhimento dos entes, ao falarmos de entrega referimos-nos a algo mais radical. A entrega é o movimento de cconfiança no qual Dasein acolhe a doação. E ser é doação. O mais peculiar de ser é doar, ser doa o ente sempre. ¨ (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 175)
¨Na confiança , o Dasein aceita a indeterminação do aberto e acolhe os fatos, os acontecimentos que se dão, que se deram e que podem vir a se dar em sua existência. (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 176)
Capítulo IX- Tonalidades afetivas na terapia 
No capítulo Tonalidades afetivas na terapia, apresenta os sentimentos, emoções, afetos, entregas e angústias. Todo o trabalho terapêutico, o do paciente e do terepeuta é construido juntos, alcançando a confiança, aceitação e acolhimento.
Na terapia daseinsanalítica, o paciente irá se familarizando com a verdade de sua história descobrindo e construindo, junto com o seu terapeuta. E tudo na vida será compreendido numa tonalidade afetiva, que emoções estejam presentes em tudo, inclusive no processo terapêutico.
¨ Trata- se de poder ter a liberadade de se aproximar dessa verdade que o liberta para ser si mesmo, para ser sua história, para ser cada vez mais si- mesmo-no-mundo-com-os-outros.¨  (POMPÉIA; SAPIENZA, 2011, p. 177)