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ASSUNTO -TOPICOS ESPECIAIS EM FISIOTERAPIA ONLINE (3)

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TOPICOS ESPECIAIS EM FISIOTERAPIA AULA 1
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Entender o conceito de pesquisa e ciência;
2- Identificar a importância da pesquisa para a Fisioterapia;
3- Reconhecer a importância da pós-graduação stricto sensu em Fisioterapia no Brasil;
A pessoa referida na história é o pesquisador, que quer produzir Ciência (a casa). Todas essas etapas referidas formam o que chamamos de pesquisa. 
 A pesquisa, assim como a construção de uma casa, é formada por etapas. Por exemplo: se trouxermos a situação hipotética para a realidade da ciência, a Etapa 1 poderia ser a Introdução, ou Fundamentação Teórica de um estudo. A Etapa 2 seria o objetivo da pesquisa propriamente dito. A Etapa 3, a metodologia, ou materiais e métodos. A Etapa 4, resultados. Finalmente, a Etapa 5 seria a discussão e conclusão do estudo.
Ciência (ou conhecimento científico). Trata-se de um tipo de conhecimento que possui como características básicas a necessidade de se conhecer, além do fenômeno, suas causas e leis. Sempre é metódico e sistemático, só aceitando como verdade algo comprovado com estudos, seguindo a metodologia científica.
 Pesquisa - Ferramenta usada para produzir conhecimento científico, voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos, com o emprego de metodologia científica.
 Metodologia Científica (ou método científico) - Grupo de processos (ou um conjunto de passos) aplicados para se investigar e demonstrar a verdade.
 Ou seja, para produzir Ciência, precisamos realizar pesquisas, que lançam mão de metodologia científica para alcançar resultados o mais próximo possível da verdade
O fenômeno chamado "explosão do saber"
Nos primeiros anos da Fisioterapia no Brasil, todo o conhecimento sobre reabilitação era obtido em livros clássicos de Cinesioterapia recém-traduzidos para a língua portuguesa. Não havia muita contestação. O acadêmico estudava, através daquelas obras, as técnicas que empregaria na sua futura profissão, sem muito raciocínio clínico. Os famosos "protocolos" embasavam a prática clínica.
Com o passar do tempo, ficou evidente a necessidade de se acompanhar o progresso da Ciência. A Fisioterapia então passou a atuar mais com base nas evidências científicas (tema da aula 2).
No entanto, ainda é precária a literatura em Fisioterapia, se comparada com outras áreas da saúde. Somente mais recentemente têm-se criado programas de pós-graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado) para fisioterapeutas, o que representa um futuro promissor para o conhecimento científico.
AULA 2
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Relacionar o conceito de saúde e Fisioterapia baseada em evidências;
2- Identificar a importância da produção científica para a Fisioterapia;
3- Entender como se realiza uma pesquisa na literatura em banco de dados na internet.
Você tem ideia do conceito de saúde baseada em evidência (SBE)? 
E de Medicina baseada em evidência (MBE), você já ouviu falar?
Pode-se definir SBE (ou, mais especificamente, MBE) como a integração da experiência clínica com as melhores evidências científicas disponíveis, sempre considerando a segurança e questões éticas nas intervenções. O objetivo é a tomada de decisões para o tratamento do paciente.
Conforme salientaram Filippin e Wagner (2008, p. 432), as "pesquisas desenvolvidas de forma criteriosa fornecem indícios para auxiliar na tomada de decisão clínica, mas nunca substituem o raciocínio sobre a intervenção mais indicada em determinada situação clínica". Ou seja, a SBE não visa de forma alguma substituir a habilidade clínica do profissional da saúde, e sim complementar sua prática, com o conhecimento de tudo o que se tem publicado e descoberto na sua área de atuação.
Com base nesse relato de caso, vamos elaborar uma intervenção baseada em FBE, seguindo alguns passos:
Passo 1: Definição da pergunta clínica - Ainda vamos falar desse assunto em uma próxima aula, mas aqui começaremos a ter uma noção. A formulação da pergunta clínica é a transformação da necessidade de se obter uma informação clínica numa pergunta. No caso relatado anteriormente, uma possível pergunta clínica seria: "qual seria a origem das queixas de dores na região de pescoço e ombros do paciente"? Ou então, quanto ao tratamento: "qual seria a intervenção fisioterapêutica adequada para esse paciente"? Notem que a elaboração dessa pergunta é importante, uma vez que você tentará respondê-la com sua pesquisa/experiência clínica.
Passo 2: Definição de estratégias para a pesquisa em literatura científica - Neste estágio, você já sabe qual é a pergunta e procura as respostas. Estas respostas você encontrará na busca na internet, biblioteca ou acervo pessoal. O objetivo é encontrar referências que lhe auxiliem no processo de tomada de decisões com o paciente. Por exemplo: você avaliará a confiabilidade de uma revista científica para a área, um banco de dados mundialmente confiável, perfil dos pesquisadores envolvidos na pesquisa etc. Outro fator importante é a escolha das palavras-chave para a pesquisa na internet, assunto do qual falaremos em seguida.
Passo 3: Avaliação da qualidade dos estudos - Agora que você selecionou potenciais artigos científicos, que trazem evidências sobre seu tema, é hora de estudá-los, fazer fichamentos ou resumos deles, para obter o máximo de informações possíveis sobre as últimas evidências científicas em determinado tema.
Passo 4: Síntese das evidências - Após atenta leitura do material, você agora deve sintetizar toda a informação (em forma de fichamento ou resumo, ou até resenha - resumo crítico de um trabalho). Isto é importante, uma vez que atualmente temos uma quantidade muito grande de artigos sobre diversas áreas, dificultando a elaboração de um texto usando, por exemplo, 100 referências completas, sem nenhum tipo de resumo.
Passo 5: Resolução do problema clínico - Nesta última fase, você tem em mãos evidências suficientes para responder à sua pergunta inicial. Por exemplo: sobre a origem das queixas de dores do paciente, ou mesmo sobre quais seriam as intervenções fisioterapêuticas mais indicadas para ele.
AULA 3
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Entender o conceito de pesquisa clínica;
2- Identificar a importância das Boas Práticas Clínicas (BPC);
3- Assimilar os conceitos da ética aplicados à pesquisa.
Pesquisa clínica (Ensaio clínico) Vamos conhecer conceito e objetivo, segundo (OPAS, 2005)?
Definida como "um estudo sistemático de medicamentos e/ou especialidades medicinais em voluntários humanos que seguem estritamente as diretrizes do método científico.”
CONCEITO DE ENSAIO CLINICO :
ESTUDAR MEDICAMENTOS EM VOLUNTÁRIO HUMANOS QUE SEGUEM UM METODO OU DIRETRIZ
OBJETIVO:
DESCOBRIR, CONFIRMAR, IDENTIFICAR REAÇÕES ADVERSAS AO PRODUTO, ESTUDAR A FARMACOCINETICA DOS INGREDIENTES ATIVOS VERIFICANDO SUA EFICÁCIA E SEGURANÇA.
Tem como objetivo "descobrir ou confirmar os efeitos e/ou identificar as reações adversas ao produto investigado e/ou estudar a farmacocinética dos ingredientes ativos, de forma a determinar sua eficácia e segurança."
· Na verdade, a pesquisa clínica simplesmente visa reconhecer as respostas das doenças às intervenções terapêuticas medicamentosas. 
· Para que o medicamento seja comercializado, ele precisa passar por etapas de investigação, que demonstrem sua eficácia e segurança
Pesquisa clínica (Ensaio clínico) Vamos conhecer conceito e objetivo, segundo (OPAS, 2005)?
Definida como "um estudo sistemático de medicamentos e/ou especialidades medicinais em voluntários humanos que seguem estritamente as diretrizes do método científico.”
Tem como objetivo "descobrir ou confirmar os efeitos e/ou identificar as reações adversas ao produto investigado e/ou estudar a farmacocinética dos ingredientes ativos, de forma a determinar sua eficácia e segurança."
Na verdade, a pesquisa clínica simplesmente visa reconhecer as respostas das doenças às intervenções terapêuticas medicamentosas. Para que o medicamento seja comercializado, ele precisa passar por etapas de investigação, que demonstrem suaeficácia e segurança.
Fase I - Trata-se de estudos sobre a farmacologia clínica e toxicologia no homem, preocupando-se mais com a segurança do medicamento do que a eficácia propriamente dita. Nessa fase, determina-se uma dose aceitável da droga estudada, para identificar seu metabolismo e biodisponibilidade no organismo;
Fase II - É um estudo-piloto da eficácia do medicamento, onde cada paciente é cuidadosamente monitorado com ensaios iniciais;
Fase III - Nesta fase já se realiza uma intervenção em larga escala do medicamento. Os ensaios clínicos randomizados (ou seja, grupos definidos aleatoriamente,) são os tipos de estudo de escolha, com amostras de pacientes grandes o suficiente;
Fase IV - Esta última fase também é conhecida como "fase de vigilância pós-comercialização", ou seja, após a distribuição do medicamento para o comércio nas farmácias, os usuários são monitorados em busca de efeitos adversos e eficácia do produto. No Brasil, a agência responsável pela fase é a ANVISA . Nos Estados Unidos, a FDA .
Estudo controlado randomizado (ECR)
Um dos mais confiáveis estudos em ciência, e que é amplamente usado na pesquisa clínica, é o chamado estudo controlado randomizado (ECR). O termo "randomização" vem do inglês random, que significa "aleatório", e tornou-se um verbo muito usado na área de pesquisa clínica e epidemiológica.
O ECR se inicia com a definição da população de estudo, que é um grupo de interesse sobre o qual se deseja tirar conclusões. A amostra provém da população, e é um subconjunto de um universo, devendo ser obtida de uma população homogênea por um processo aleatório (randomização).
Divisão do ECR
O ECR geralmente envolve a divisão de grupos experimentais de intervenção. 
Por exemplo: se quisermos avaliar o efeito de um medicamento A sobre uma patologia, dividimos aleatoriamente os indivíduos em basicamente três grupos: 
Grupo controle 
Grupo placebo 
Grupo experimental
Grupo controle Os indivíduos não recebem nenhuma intervenção e são avaliados no mesmo período em relação aos outros grupos, servindo como grupo-referência para comparação com o grupo experimental;
São indivíduos que serve de referência para comparar com o experimental, aqueles que de fato receberão a medicação, o exame, o tratamento.
Grupo placebo Geralmente trata-se de um fármaco ou intervenção inerte, e que pode gerar efeitos no paciente devido a algum processo psicológico. Na Fisioterapia, utiliza-se muito um equipamento de eletroterapia desligado para se criar esse efeito (um ultrassom desligado, por exemplo). Os voluntários desse grupo recebem a intervenção placebo (sem saber que é um placebo, claro!).
Usa o aparelho desligado, apenas finge que está realizando o exame, medicamento nete
Grupo experimental É composto pelos indivíduos que receberão o tratamento/medicamento/intervenção que está sendo estudado.
De fato faz o exame, aplica a medicação para fazer a experiência
4º AULA
Ao final dessa aula, você será capaz de:
1- Entender a importância da Bioestatística para a Fisioterapia;
2- Identificar a diferença entre Estatística Descritiva e Inferencial;
3- Aprender como se interpreta um gráfico.
Bioestatística e sua importância para a pesquisa em Fisioterapia
Segundo Triola (2005, p. 2), ela pode ser definida como “uma coleção de métodos para o planejamento de experimentos, obtenção de dados e consequente organização, resumo, apresentação, análise, interpretação e elaboração de conclusões baseadas nos dados”.
OU SEJA A BIOESTATISTICA E O METODO USADO PARA ORGANIZAR, PLANEJAR, OBTER DADOS, APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E CONCLUSÕES.
SAIBA MAIS
Você sabia que a palavra estatística é derivada do latim status, que significa “estado”? 
A Bioestatística seria o conhecimento da Estatística voltado para as Ciências Biológicas. Dados estatísticos (ou variáveis) são quaisquer observações coletadas em uma pesquisa.EX: (sexo, peso, altura, idade, nível de dor, amplitude de movimento, pressão arterial,
A Fisioterapia pode trabalhar com dados qualitativos e/ou quantitativos.
ESTATISTICA DIVIDE SE: 
DESCRITIVA (descreve a coleta em uma pesquisa) e uma pesquisa quantitativa porque a preocupação é resumir coletar dados
Ramo da Estatística que visa descrever e sumariar os dados coletados em uma pesquisa;
INFERENCIAL (FAZ A RELAÇÃO DAS VARIAVEIS)
Ramo da Estatística que objetiva encontrar relações entre as variáveis estudadas. Nela, os métodos estatísticos são usados para se elaborar conclusões, predições e/ou generalizações sobre um conjunto de dados. Vamos falar com mais detalhes sobre o tema em outras aulas.
Interpretação de gráficos (sem complicações)
Para começar a entender os gráficos, temos que trazer à tona alguns conceitos.
Primeiro de tudo: o que é uma variável de estudo? 
É qualquer dado que coletamos em nossa pesquisa, que pode assumir um valor ou categoria. 
Quando aplicamos um questionário, cada uma das perguntas é uma variável no estudo. 
Quando medimos pressão arterial, força, altura, peso etc., são também variáveis.
Qualitativas
Variáveis qualitativas nominais Variáveis qualitativas ordinais
Variáveis qualitativas nominais: não podem ser hierarquizadas ou ordenadas. Exemplo: sexo (“masculino” ou “feminino”); pratica atividade física? (“sim”, “não”).
Variáveis qualitativas ordinais: podem ser hierarquizadas ou ordenadas. Exemplo: intensidade da dor (“forte”, “moderada”, “leve”); avaliação do professor (“excelente”, “regular”, “deficiente”).
Quantitativas
Variáveis quantitativas contínuas Variáveis quantitativas discretas
Variáveis quantitativas contínuas: assumem quaisquer valores dentro de um conjunto contínuo. Geralmente as medidas são variáveis contínuas. Por exemplo: quando medimos a pressão arterial, o valor pode ser 120 x 80 mmHg, 120,1 x 80,1 mmHg ou 121 x 81 mmHg, dependendo, claro, da precisão do aparelho.
 Variáveis quantitativas discretas: quando se referem a contagens, ou seja, geralmente números inteiros. Exemplos: número de sessões por semana, idade (em anos), número de filhos na família etc.
Interpretação de gráficos 
gráfico de barras. Note que as barras estão separadas uma da outra. Esse tipo de gráfico é usado para variáveis nominais ou ordinais.
GRÁFICO DE BARRAS
O GRAFICO HISTOGRAMA E CONSTRUIDO APARTIR DA VARIAVEL QUANTITATIVA CONTINUA,
 EX: mediadas, peso ao nascer , pode assumir valores 3k, 3,1kg, 3,2kg, etc
GRÁFICO HISTOGRAMA
Outro gráfico muito usado em ciência é o gráfico de linhas ou de ponto para dá a impressão de continuidade. O objetivo dele é mostrar os resultados de uma variável ao longo de uma escala de valores, ou então para demonstrar uma série temporal.
 GRÁFICO DE LINHAS
Caso tenha atentado primeiramente aos eixos, você deve ter concluído que, ao longo do tratamento, o grupo Fisio ganhou maior amplitude de movimento na articulação coxofemoral em relação ao grupo Controle, no qual praticamente não houve alteração.
Trata-se de uma série temporal, ou seja, os dados foram coletados em pontos diferentes no tempo (neste exemplo, meses de tratamento).
Reparem que esse gráfico possui no eixo x a variável tempo, e no eixo y a frequência cardíaca (FC) em batimentos por minuto (BPM).
Na verdade, quando observamos qualquer sinal biológico em um gráfico, estamos observando vários pontos que foram gerados por um equipamento, e que depois o computador une para dar a sensação de continuidade.
 GRÁFICO ELETRICO ATENÇÃO
No nosso exemplo, o frequencímetro coletou uma informação elétrica do músculo a cada unidade de tempo. Daí, podemos fazer um gráfico dessa variação. O mesmo acontece quando vamos visualizar o sinal de eletrocardiograma (ECG), eletroencefalograma (EEG), eletromiograma (EMG) etc. 
Outro gráfico muito usado, principalmente quando queremos mostrar a relação entre duas variáveis (até calculando depois o chamadocoeficiente de correlação - vamos falar disso em aulas posteriores), é o gráfico de espalhamento (scatter plot), também para variáveis contínuas (quantitativas). O que este gráfico faz é plotar resultados de duas variáveis, uma em cada eixo
GRÁFICO DE ESPALHAMENTO
 Se você concluiu que quanto maior o tempo no teste de levantar e caminhar, menor a qualidade de vida, acertou!
	O boxplot  é um gráfico que a princípio assusta, mas que também não é difícil de interpretar para variáveis contínuas (quantitativas).
 GRÁFICO boxplot
Procura a mediana no meio das caixas do gráfico 
Esse é um dos gráficos mais simples de se interpretar e muito usado para variáveis nominais, para indicar frequências (em porcentagens). 
	AULA 5
1- Entender as bases e o uso da Estatística Descritiva;
2- Identificar os conceitos básicos de probabilidade;
3- Aprender o que é a distribuição normal de probabilidade e o Teorema do Limite Central.
ESTATISTICA DESCRITIVA
Centro: É um valor representativo ou médio, que indica onde está localizado o meio (centro) de um conjunto de dados;
Ex: Conjunto A (11 valores): 10 11 11 12 13 14 14 15 16 18 20 
Onde o número em destaque é o centro do conjunto de dados.
Variação: É um valor representativo do quanto os dados variam entre si;
Ex: 
X: 10 12 14 12 10 14 12 10 14 12 10 14 14 12 12 10 10
Y: 8 12 14 18 14 12 8 20 6 20 6 8 12 18 14 12 8
Note que os números em Y variam mais (o valor mínimo foi 6 e o valor máximo foi 20).
Tempo: São as características dos dados que mudam com o passar do tempo.
Ex:
A: 62 60 60 59 59 60 61 62 57 57
B: 45 40 39 39 37 36 32 30 30 29
Os dados do conjunto A mostram o número de cada ano da década de 80, de contusões musculares sofridas por atletas brasileiros nos esportes olímpicos. O conjunto B também mostra o número de contusões mas na década de 90.
Percebe que com a evolução da medicina no esporte a característica dos dados mudam com o passar do tempo?
Medidas de centro
Uma medida de centro é um valor no centro do conjunto de dados. 
O mais comum de se encontrar nas análises estatísticas é a média. Em nosso dia a dia, falamos frequentemente de média, mas não nos damos conta de sua importância. 
Tenho certeza que você sabe de cabeça calcular sua média após uma AV2 ou AV3, não é?
Clique nos exemplos abaixo para ficar visualizarmos.
MEDIA calculada pela adição dos valores e divisão do total pelo número de valores
EXEMP 1 
Se você obteve 8,0 em AV1, e 10,0 em AV2, sua média foi de 9,0, certo? 
Você calculou somando 8,0 com 10,0 e dividindo por 2, dando um valor de 9,0. 
Observe que 9 está entre 8 e 10! É uma medida de centro. A média (nesse caso, a aritmética) é, portanto, calculada pela adição dos valores e divisão do total pelo número de valores.
EXEMP 2
Se você tem 400 valores de pressão arterial coletados em um posto de saúde, se quiser saber a média é só somar todos os valores e dividir o total por 400.
	A desvantagem da média é que ela é muito sensível a qualquer valor. Um outlier pode mudar a média drasticamente e acabar não representando a real característica do conjunto de dados. Vamos ver mais exemplos.
EXEMPLO 3 
Imagine que você mediu a glicemia de 90 adolescentes em um laboratório, e obteve os dados abaixo, em mg/dl:
 88 79 80 89 85 81 83 83 84 82 82 85 86 82 85 88 79 80 89 85 81 83 83 84 82 82 85 86 82 85 
88 79 80 89 85 81 83 83 84 82 82 85 86 82 85 88 79 80 89 85 81 83 83 84 82 81 79 78 79 79
88 79 80 89 85 81 83 83 84 82 85 81 83 83 84 82 82 85 86 82 81 83 83 84 82 82 85 86 82 85 
 Se calcularmos a média dos valores, obteremos 83,24 mg/dl. Agora, vamos supor que você mudou um desses valores para 200 mg/dl (um outlier). 
Neste caso, a média passa a ser 84,52 mg/dl. Se adicionarmos mais um valor de 200, a média sobe ainda mais para 85,83 mg/dl.
Exemp. 4
MEDIANA É O VALOR DO MEIO, 
Uma forma de superar esse problema é o uso da mediana, que consiste no valor do meio quando os dados estão organizados em ordem crescente ou decrescente.
Para encontrá-la, basta ordenar os valores, e depois, se o número de valores for ímpar, localizar o número no meio exato; se for par, a mediana é encontrada pelo cálculo da média dos dois números no meio.
Conjunto A (11 valores): 10 11 11 12 13 14 14 15 16 18 20 (mediana é 14).
Conjunto B (10 valores): 11 11 12 13 13 14 15 16 18 20 (a mediana é (13+14)/2 = 13,5).
Outra medida de centro é a moda. Ela nada mais é do que o valor mais frequente em um conjunto de dados. 
Por exemplo:5
Conjunto: 11 13 14 18 19 10 18 19 19 19 10 20 19 19 19 19 16 15 14 19
A moda é 19, pois este é o número que mais ocorre no conjunto de dados.
Medidas de variação (ou de dispersão dos dados) OU SEJA O NUMERO QUE MAIS VAREIA
 Agora, vamos comparar variabilidade dos conjuntos de dados, X e Y:
 X: 10 12 14 12 10 14 12 10 14 12 10 14 14 12 12 10 10      
Y: 8 12 14 18 14 12 8 20 6 20 6 8 12 18 14 12 8                
 Qual desses conjuntos possui maior variabilidade? Se você respondeu intuitivamente o conjunto Y, acertou! 
Note que os números em Y variam mais (o valor mínimo foi 6 e o valor máximo foi 20).
A seguir veremos as formas de medir a variação.
AGORA: FORMAS DE MEDIR A VARIABILIDADE
1 Desvio padrão (estudar)
		O item que melhor define o que é um Desvio padrão
Medida Estatística de dispersão
	
	
É COMO SE FOSSE UM DESVIO MEDIO DOS VALORES EM RELAÇÃO A MEDIA (MEDIDA ESTATISTICA DE DISPERSÃO)
2 Amplitude SÓ É DIMINUIR O MAIOR Nº PELO MENO
Outra forma de medir a variabilidade dos dados é a amplitude. Bem mais fácil de calcular, ela é a diferença entre o maior e o menor valor do conjunto de dados. 
Por exemplo: 
X: 10 12 14 12 10 14 12 10 14 12 10 14 14 12 12 10 10      
Y: 8 12 14 18 14 12 8 20 6 20 6 8 12 18 14 12 8                
A amplitude do conjunto X que vimos anteriormente será 14 - 10 = 4, e a amplitude de Y será 20 – 6 = 14. 
Note que, novamente, vemos a maior variabilidade no conjunto Y.
Às vezes, é necessário usar a variância como uma medida da dispersão dos dados. Ela nada mais é do que o quadrado do desvio padrão. Não vamos, nesta disciplina, nos aprofundar neste assunto.
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO ESSE NÃO APRENDI
é muito usado o coeficiente de variação , 
que é calculado dividindo-se o desvio-padrão
 pela média e multiplicando tudo por 100, para obter o resultado em porcentagem. 
Voltando aos nossos conjuntos de dados X e Y:
X: 10 12 14 12 10 14 12 10 14 12 10 14 14 12 12 10 10      
Y: 8 12 14 18 14 12 8 20 6 20 6 8 12 18 14 12 8                
CVX = 1,65/11,88 x 100 = 13,91%
CVY = 3,86/12,23 x 100 = 37,63%
Mais uma vez, vemos que o conjunto Y foi o que mais variou.
METODOS
Agora, vamos entrar em um tópico bastante interessante e usado com frequência na análise estatística de dados: as distribuições de probabilidade.
1 Evento: Qualquer conjunto de resultados ou saídas de um experimento.
2 Espaço amostral: Em um experimento, consiste em todos os eventos simples (eventos que não podem ser decompostos em outros) possíveis.
3 A probabilidade é geralmente definida pela letra "P". 
As letras A, B e C denotam eventos específicos. P(A) representa a probabilidade de o evento A ocorrer.
 Na abordagem clássica de probabilidade, podemos estimar a probabilidade de um evento A, P(A), dividindo o número de vezes em que A ocorreu, pelo número de vezes em que o experimento foi repetido.
1Exemplo
Você saiu em campo para coletar dados de frequência cardíaca em repouso de estudantes, e obteve os valores 89 87 68 79 68 79 89 89 79 68 78 89 79 80 bpm. 
Você quer saber qual é a probabilidade de se obter valores de frequência cardíaca menor que 70 bpm (este é seu evento A). 
Simplesmente você vai dividir o número de vezes que obteve frequências abaixo de 70 (3 vezes) pelo número total de amostras (14 amostras). 
Isso dará 3/14 = 0,21 (ou seja, 21% de toda a sua amostra possui frequência cardíaca abaixo de 70 bpm).
Exemplo 2
Suponha que você fez uma pesquisa na universidade, querendo saber qual é a probabilidade de pessoas que tenham dor lombar procurarem um fisioterapeutapara tratamento. 
Você entrevistou um total de 200 pessoas, sendo que 80 já procuraram fisioterapeuta.
 Sendo assim: P(A) = 80/200 = 0,40. 
Ou seja, na amostra estudada, existe uma probabilidade de 40% das pessoas com dor lombar terem procurado serviço fisioterapêutico.
Distribuições de probabilidade
VARIAVÉL DISCRETA: A discreta assume número finito de valores, ou seja, é enumerável
VARIAVÉL CONTINUA: A contínua tem infinitos valores associados a uma escala contínua.
	MEDIA= SOMA TODOS OS VALORES E DIVIDE PELO TOTAL
 MEDIANA É O Nº DO MEIO, OU A SOMA DOS DOIS DO MEIO E DIVIDIDO POR 2
O item que melhor define o que é uma Média
O valor de tendência central onde mais se concentram os dados de uma distribuição MEDIA
Aula 6
Ao final dessa aula, você será capaz de:
1- Entender as bases e o uso da Estatística Inferencial;
2- Definir os resultados das análises estatísticas mais frequentes;
3- Interpretar o valor p.
Aula 06: Noções de Bioestatística III
A ESTATISTICA INFERENCIAL
CONCEITO
Segundo o dicionário, a palavra inferência significa "dedução, conclusão". A Estatística Inferencial é o ramo da Estatística que tem como objetivo encontrar relações entre as variáveis de um estudo.
APLICAÇÃO
Sempre que queremos tirar conclusões sobre uma amostra, devemos realizar uma análise estatística, para podermos responder à pergunta: "há evidência amostral suficiente para suportar minha hipótese?”. Por exemplo: se você quer provar na sua pesquisa que um método de Fisioterapia é melhor que o outro, deve se perguntar: "dado o número amostral usado, posso dizer que há uma diferença estatisticamente significativa"?
PROCEDIMENTO
Na inferência estatística, são dois os procedimentos principais: a estimação de parâmetros populacionais (probabilidades, médias, desvios padrões etc.) e o teste de hipótese. Uma hipótese é uma afirmativa sobre uma propriedade da população. Um teste de hipótese  é um procedimento utilizado para testar uma afirmativa sobre uma propriedade da população.
 Existe uma regra importante que devemos levar sempre em consideração: a chamada "regra do evento raro" (TRIOLA, 2005, p. 284):
Se, sob uma dada suposição, a probabilidade de um evento observado particular é excepcionalmente pequena, concluímos que a suposição provavelmente não é correta.
 Com essa regra, vamos elaborar os testes de hipótese, na tentativa de distinguir os resultados que podem facilmente ocorrer por acaso dos altamente improváveis de ocorrer por acaso.
FUNDAMENTOS DOS TESTES DE HIPÓTESE
Hipótese nula (H0) é uma afirmativa, colocando que o valor de algum parâmetro populacional (média, desvio-padrão, proporção) é igual a um valor especificado. H0 é uma frase que afirma não haver diferença significativa entre o valor assumido e a média populacional.
Hipótese alternativa (H1) é a afirmativa de que o parâmetro em questão tem um valor que difere da H0. H1 discorda em relação à H0 (há diferença significativa).
Guiados pelos testes de hipótese, podemos decidir se devemos rejeitar      ou deixar de rejeitar      . 
Achou difícil? 
Então, vamos ver exemplos.
Vamos supor que você desenvolverá uma pesquisa para verificar se a prevalência de lombalgia em crianças ultrapassa os 20% da população. Logo, você lança as hipóteses a serem testadas:
  : a lombalgia em crianças não ultrapassa os 20% da população.
  : a lombalgia em crianças ultrapassa os 20% da população.
Após o teste de hipótese, vamos decidir se rejeitamos a hipótese nula, ou se não rejeitamos a hipótese nula. Note que, se decidimos "rejeitar", ficamos com!
ATENÇÃO
Repare também que sempre dizemos "não rejeitar" ou "rejeitar" a hipótese nula, mas nunca dizemos "aceitamos". Isto porque, em ciência, nada é verdade absoluta! Uma coisa que pode ser verdade hoje pode não ser amanhã.
Fundamentos dos testes de hipótese
Um grupo de alunos preparou um trabalho para verificar se há diferença significativa no condicionamento aeróbio de praticantes de pilates e de musculação.
Da mesma forma que no exemplo 1, realizaremos um teste de hipótese, para decidirmos pela rejeição ou não rejeição da hipótese nula.
 Agora, como fazemos para decidir se ficamos ou não com a hipótese nula? É aqui que entra o valor p.
Valor P e nível de significância
1
O valor p é um parâmetro frequentemente usado em artigos científicos na área da saúde. Ele está estritamente relacionado com a significância estatística dos resultados de uma pesquisa e com o teste de hipótese.
 O valor p é a probabilidade de se obter um resultado extremo ou muito extremo do observado na pesquisa, caso a hipótese nula seja verdadeira. De forma mais simples, podemos dizer que o valor p é a probabilidade de se observar um resultado ao acaso.
2
Antes de mais nada, é importante lembrar que sempre que realizamos um teste de hipótese, também escolhemos um nível de significância, que chamamos de valor alfa (valor α). Ele dá a probabilidade de incorretamente rejeitarmos a hipótese nula quando ela é verdadeira. Devemos escolher um valor pequeno de α, pois é claro que não queremos rejeitar a hipótese nula se ela for verdadeira, correto? Nas pesquisas em saúde, o valor mais usado é 0,05. Muitos artigos colocam o α como sendo 95%. Na verdade, esta tem o significado oposto: nesse caso, estamos dizendo que temos 95% de chance de rejeitar a hipótese nula acertadamente.
3
Os testes de hipótese vão lhe apresentar um valor p. Sempre que o valor p for maior que 0,05 (o valor α a princípio assumido na maioria dos estudos em nossa área), então não rejeitamos nossa hipótese nula. Caso o valor p seja menor do que 0,05, podemos rejeitar a hipótese nula e ficar com a hipótese alternativa.
Para entender melhor, vamos aos exemplos:
Um estudo visa demonstrar o efeito do método de terapia manual Maitland no ganho de amplitude de movimento. 
Logo, os pesquisadores lançam as hipóteses:
  : não há efeito do Maitland na amplitude do movimento.
 : há efeito do Maitland na amplitude do movimento.
 Um teste estatístico é realizado, com valor α = 0,05. O valor p obtido foi de 0,07.Decisão: não rejeitamos a hipótese nula, ou seja, ficamos ainda com a hipótese de que não há efeito do Maitland na amplitude de movimento. Isto significa que 7% do resultado obtido pode ter acontecido ao acaso. Se assumirmos anteriormente que só rejeitaríamos a hipótese nula com menos que 5%, claro que ficamos com a hipótese nula.
EX: 2
Um grupo de pesquisadores quer verificar se idosos que realizam caminhadas matinais diariamente possuem maior qualidade de vida do que os idosos que caminham apenas à noite. As hipóteses lançadas são:
 : não há diferença na qualidade de vida entre idosos que caminham de dia e idosos que caminham à noite.
 : há diferença na qualidade de vida entre idosos que caminham de dia e idosos que caminham à noite.
 Após a realização do teste de hipótese, com valor α = 0,05, obtém-se um valor de p = 0,01.Decisão: rejeitamos a hipótese nula, ou seja, ficamos ainda com a hipótese alternativa de que há diferença na qualidade de vida entre idosos que caminham de dia e idosos que caminham à noite. O valor de p obtido foi de 0,01, ou seja, 1% do resultado obtido pode ter ocorrido ao acaso. Por isso, podemos rejeitar a hipótese nula e ficar com a alternativa.
Alguns testes estatísticos (de hipóteses)
PARAMÉTRICOS
Têm como base parâmetros da amostra, como média e desvio padrão. Esse tipo de teste exige que nossa amostra tenha distribuição normal (lembra a nossa aula anterior?). Principalmente quando nossa amostra possui menos do que 30 indivíduos, temos que primeiramente verificar sua normalidade, para depois aplicar um teste paramétrico.
Quando nossa amostra ultrapassa 30, podemos assumir, pelo Teorema do Limite Central, que ela se aproxima de uma normal, e aí sim, aplicamos um teste paramétrico. Existem testes estatísticos que verificam se nossa amostra possui uma distribuição normal. É o caso de uma versão do teste Kolmogorov-Smirnov e do teste de Shapiro-Wilks.
NÃO PARAMÉTRICOS
Não usam parâmetros da amostra. Eles são os testes deescolha quando não podemos assumir normalidade de nossa amostra. Por exemplo: quando N < 30.
Também temos que definir o tipo de variável com que estamos trabalhando: se nominal, ordinal ou numérica (como vimos na aula 4).
Quando estamos comparando dois grupos, também temos que saber se estamos lidando com amostras pareadas (dependentes) ou não pareadas (independentes).
PAREADA
Dizemos que nossa amostra é pareada quando estamos comparando o mesmo grupo de pessoas, em dois ou mais períodos de tempo diferentes, usualmente quando estamos avaliando o efeito de alguma intervenção no antes e no depois.
NÃO PAREADA
Já quando estamos comparando dois ou mais grupos diferentes (independentes), estamos frente a uma amostra não pareada (independente). Clique para ver testes.
Correlação e regressão linear
Duas importantes análises estatísticas são a correlação e a regressão linear. Muitas vezes, queremos saber o quanto duas ou mais variáveis se correlacionam.
Por exemplo: sabemos que quanto maior a intensidade de uma atividade física, maior será a frequência cardíaca da pessoa, correto? 
mas se perguntarmos qual seria a intensidade dessa correlação, você diria o quê?
Para isso, existem os chamados coeficientes de correlação.
COEFICIENTE DE PEARSON
Para analisar a relação entre duas variáveis de uma mesma amostra, usamos o gráfico de espalhamento (conforme visto na aula 4). Após uma análise desse gráfico, se a relação entre as variáveis for linear, podemos estimar o Coeficiente de Pearson (r) para verificar o quão forte é essa relação.R = - 1
Quando r = -1, isto significa uma correlação perfeita negativa.R = 0
Quando r = 0, significa que não há nenhuma correlação entre as variáveis.R = 1
Quando r = 1, temos uma correlação perfeita positiva. Vamos ver alguns exemplos.
Análise de regressão linear
Para os dois exemplos vistos, podemos fazer uma análise de regressão linear, que é a descrição matemática da relação entre duas variáveis. A equação de regressão pode ser calculada, e é expressa uma relação entre:
X Chamada de variável independente ou variável preditora.
Y Conhecida como variável dependente ou variável resposta.
AULA 7
Nesta aula, você irá:
1- Elaborar uma pergunta clínica;
2- Distinguir os diferentes tipos de estudos clínicos e de vieses em ciência.
A PERGUNTA CLINICA
Como vimos na aula 2, a pergunta clínica é a transformação da necessidade de se obter uma informação clínica numa pergunta que possa ser respondida. 
Ela é muito importante, pois guiará você na escolha do melhor tipo de estudo para ser desenvolvido.
 São quatro os componentes principais de uma pergunta clínica, conhecidos como PICO:
 1) Paciente ou problema;
2) Intervenção;
3) Comparação de intervenção (opcional);
4) Resultados (desfecho clínico).
ALGUNS EXEMPLOS:
"Em idosos institucionalizados, a aplicação de um protocolo de cinesioterapia (em comparação com o simples caminhar matinal diário) melhora a qualidade de vida desses indivíduos?"
Podemos dizer que esta foi uma pergunta PICO, porque temos...
PACIENTE - "Em idosos institucionalizados”
A INTERVENÇÃO - "a aplicação de um protocolo de cinesioterapia”
A COMPARAÇÃO DE INTERVENÇÃO - "em comparação com o simples caminhar matinal diário”
OS RESULTADOS - "melhora a qualidade de vida desses indivíduos?”
"Em universitários saudáveis, uma rotina de educação em saúde pode reduzir a incidência de cervicalgia?"
Essa pergunta também é PICO.
PACIENTES - "Em universitários saudáveis”
A INTERVENÇÃO - "uma rotina de educação em saúde”
OS RESULTADOS - "pode reduzir a incidência de cervicalgia?”
Delineamento de estudos clínicos
Geralmente, existem três enfoques principais para o desenvolvimento de estudos na área da saúde. São eles
ESTUDO OU RELATO DE CASO
Geralmente usado para uma avaliação inicial de problemas ainda mal conhecidos, o estudo de caso acompanha um ou poucos indivíduos para descrever o perfil de suas principais características. 
Na Fisioterapia, é muito comum, uma vez que cada paciente, mesmo com patologia similar, pode apresentar quadros clínicos diferentes, e responder diferentemente a uma estratégia terapêutica, o que torna o relato desse caso muito atraente para a comunidade científica. 
Apesar de ser fácil e de baixo custo, possui diversas limitações, dentre elas a quantidade e seleção da amostra (é o pesquisador que escolhe o paciente do estudo), certa dose de subjetividade na apreciação dos fatos e falta de indivíduos-controle.
	INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL
Nas investigações em laboratório, reduzimos o grau de subjetividade com as aferições sob constante controle. Muitas vezes focamos essas pesquisas com animais, por questões éticas. As hipóteses podem ser facilmente testadas. O único problema é a questão da extrapolação dos resultados de animais para seres humanos. 
Para comprovar o efeito de uma intervenção no ser humano, não podemos realizar pesquisas apenas em animais.
PESQUISA POPULACIONAL
A epidemiologia (assunto da aula 8) e diversas áreas da saúde trabalham muito com esse tipo de enfoque, que pode ser dividido em estudos descritivos, analíticos e ecológicos.
População de estudo é a totalidade de pessoas das quais se podem coletar os dados, e deve representar o grupo de interesse do qual se deseja inferir algo (ou tirar conclusões). Já a amostra é um subconjunto dessa população, uma vez que não é viável coletar dados com todos os indivíduos de determinado universo. A amostra deve, portanto, ser representativa da população de estudo.
Estudos descritivos
O estudo descritivo tem como objetivo único e exclusivo informar quantitativamente sobre a distribuição de um evento na população. Não se tem um grupo controle, daí serem conhecidos como sendo estudos não controlados.
Incidência de lombalgia em universitários" - Estamos preocupados apenas em saber quantos universitários desenvolvem lombalgia ao longo de determinado período em uma Universidade.
Estudos analíticos
O estudo analítico tenta verificar hipóteses e encontrar relações de causa e efeito, ou, no caso da epidemiologia, relações de exposição e doença. Nesses estudos, temos a presença do grupo controle, que serve como comparação dos resultados.
 As investigações analíticas podem ser divididas em quatro tipos de estudos. Vamos abordar cada um deles a seguir.
· Estudo experimental do tipo ECR (Ensaio Clinico Randomizado)
Já falamos anteriormente sobre os ECRs. Nesse tipo de estudo, parte-se da causa para saber o efeito. Os voluntários são aleatoriamente designados para grupos específicos: grupo de estudo e grupo controle. Após a intervenção, os voluntários são avaliados para comparar os resultados dos grupos.
Por exemplo: se queremos saber se o alongamento irá reduzir queixas álgicas na região lombar, o que podemos fazer? 
Primeiramente, vamos recrutar voluntários com dores na região lombar para compor uma amostra. A seguir, dividiremos em grupo alongamento e grupo controle (através de sorteio, ou seja, aleatoriamente). Avaliaremos as dores antes e depois da intervenção em ambos os grupos, e compararemos os desfechos dos dois grupos.
 Ou seja, os ECRs nos respondem se uma intervenção tem efeito em determinada situação. É o estudo de maior confiabilidade e importância na ciência, pois é capaz de responder as questões sobre causa-efeito.
Algumas vantagens: alta credibilidade; possibilidade de planejamento anterior da pesquisa; possibilidade de intervenção dissimulada (placebo); interpretação simples dos resultados.
 Algumas desvantagens: questões éticas; os pacientes podem deixar de receber tratamento potencialmente benéfico ou são expostos a um procedimento que pode ser maléfico; requer estrutura técnica razoável.
· Estudo de coorte
No estudo de coorte, também se parte de uma causa para definir o efeito. A diferença está na alocação dos voluntários nos grupos, que não é feita de forma aleatória. Basicamente, trata-se de acompanhar dois grupos ("expostos" e "não expostos"), durante determinado tempo, e comparar os desfechos clínicos.
 O estudo coorte pode ser prospectivo e retrospectivo ou histórico.
Prospectivo:Retrospectivo ou Histórico: 
Um exemplo seria verificarmos o fato de fumantes desenvolverem câncer de pulmão em determinada cidade. O pesquisador selecionaria um grupo de pessoas que fumam ("expostos") e um grupo de não fumantes ("não expostos"), e assim os acompanharia com avaliações periódicas, para saber se o fato de fumar (causa) levaria ao desenvolvimento de câncer (efeito).Algumas vantagens: sem problemas éticos; seleção dos controles relativamente simples; muitos desfechos clínicos podem ser investigados ao mesmo tempo; fácil planejamento.
Algumas desvantagens: alto custo (especialmente nos estudos de longa duração); perda de segmento pode ser grande (voluntários que abandonam a pesquisa); possibilidade de mudança de hábitos dos voluntários durante o período da pesquisa; presença de vieses (abordaremos o assunto em breve). 
· Estudo de caso-controle
EFEITO CAUSA
 Quando um investigador quer partir do efeito para saber a causa, ele opta pelo estudo de caso-controle. É uma pesquisa etiológica retrospectiva, feita de trás para frente, só podendo ser realizada após a consumação do fato.
 Nessas pesquisas, pessoas escolhidas por ter uma doença (casos) são comparadas com pessoas escolhidas por não terem a doença (controles), para investigar os possíveis fatores de risco que contribuem para o aparecimento da doença. 
Geralmente usado para responder a pergunta: "Quais são causas da doença"?
Vamos supor que queremos saber quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de escoliose em adolescentes. 
O investigador seleciona um grupo de adolescentes com escoliose e outro grupo sem escoliose significativa; em seguida, avalia os dois grupos, e tira conclusões sobre as possíveis causas (fatores de risco).Algumas vantagens: os resultados são obtidos rapidamente; baixo custo; possibilidade de investigar diversos fatores de risco ao mesmo tempo; sem necessidade de acompanhamento; método prático.
 Algumas desvantagens: somente os casos novos devem ser incluídos na investigação (para evitar vieses); a seleção do grupo controle é difícil; os dados de exposição do passado podem ser inadequados (anamneses mal elaboradas, avaliações inadequadas, dados questionáveis); presença de vieses.
· Estudo transversal
Também conhecido como estudo seccional, corte ou corte-transversal, representa a pesquisa populacional mais simples. Com esse estudo, a relação exposição-doença (causa-efeito) é examinada em uma dada população, em um momento particular. É como se fornecesse um retrato da atual situação estudada. Assim, é um método de escolha quando se quer detectar a frequência da doença e de fatores de risco, ou mesmo identificar grupos mais ou menos afetados em uma população.
Um pesquisador gostaria de saber se o fato de trabalhadores terem desenvolvido alguma doença osteoarticular tem relação com a intensidade de trabalho manual em postura inadequada em uma fábrica. Logo, ele seleciona um grupo de trabalhadores de uma fábrica, levanta dados sobre o aparecimento de doenças osteoarticulares, juntamente com dados sobre a intensidade do trabalho manual em postura inadequada, e verifica se há relação.
Algumas vantagens: simples e de baixo custo; rápido; objetividade na coleta de dados; sem segmento de pessoas; muitas vezes o único tipo de estudo viável em determinada ocasião.
 Algumas desvantagens: condições de baixa prevalência exigem amostras maiores para se detectar relações/associações; pacientes curados ou falecidos não aparecem na amostra; dados de exposição atual podem não representar uma exposição passada; resultados de hoje podem não representar uma associação real em outros períodos no tempo (passado ou futuro).
	Estudos ecológicos
Os estudos que aprendemos até aqui utilizam o indivíduo como unidade de observação. Quando temos um grupo de indivíduos como unidade de observação, estamos lidando com os chamados estudos ecológicos. Esses estudos são pesquisas que trabalham com dados estatísticos.
Por exemplo: pesquisas internacionais que mostram correlação entre dois fatores de risco, fazendo uso de dados estatísticos de diversos países.
 Apesar de serem de baixo custo, simples e rápidos, e de fornecerem conclusões mais generalizáveis para uma população, não se pode ter acesso a dados individuais. Os dados são provenientes de diferentes fontes, sem controle nenhum da metodologia aplicada. Há a possibilidade da presença de vieses, e uma dificuldade de gerar uma análise estatística com os dados.
Vieses na ciência
Lembre-se sempre: não há nenhuma metodologia, nenhum estudo sequer, 100% livre de falhas ou desvantagens. Sempre existirá algo que põe os resultados obtidos à prova de questionamentos e críticas. Por isso, é importante que você saiba quais são as principais fontes de erro em pesquisas, para ter uma leitura mais crítica de um artigo, ou mesmo para elaborar adequadamente seu projeto de pesquisa.
 Nesse contexto, um viés é um erro sistemático, vício ou tendenciosidade, também conhecido pelo termo em inglês: bias. Esse viés pode ser introduzido na pesquisa em qualquer etapa do estudo.
Vieses na ciência
Viés de seleção
É alguma distorção devida a diferenças sistemáticas entre as características dos indivíduos incluídos no estudo e daqueles que não o são. Isso ocorre muito, por exemplo, quando usamos uma amostra muito pequena, pois ela pode não representar adequadamente a população de estudo. Também é considerada viés de seleção alguma falha no método de seleção da amostra, perdas na amostra durante o estudo, não resposta de alguns voluntários ou não equivalência de características entre grupos.
Viés de aferição
Também chamado de viés da informação ou da observação, consiste no erro sistemático de diagnóstico de um evento (relacionado a erros nas medidas ou na coleta de dados).
Viés de confundimento
Erro sistemático que acontece quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem ser imputados a um terceiro fator (variável de confundimento) que não foi levado em consideração no estudo. Esse viés ocorre quando nos esquecemos de considerar algum parâmetro que age sobre o desfecho clínico, ou quando temos uma análise estatística inadequada ou ausente.
Vamos ver se você compreendeu os conceitos?
Suponha que você acompanhe um grupo de indivíduos de uma pequena cidade para verificar se há relação entre o consumo de café e o câncer de estômago. O resultado mostra que há relação entre os dois. 
Após finalizar seu estudo, no entanto, você descobre que a maioria da população dessa cidade fuma. O consumo excessivo de café está, geralmente, ligado ao tabagismo. Você concluiu erroneamente que o consumo de café gera câncer no estômago, quando na verdade poderia estar relacionado ao hábito de fumar.
Indique qual viés melhor se adequa à situação e justifique sua resposta.
Como você não levou em consideração a variável "tabagismo" no seu estudo, a sua conclusão foi viesada (ou seja,). O viés, então, é de confundimento.
E como controlamos a presença dos vieses?
FASE DE PLANEJAMENTO: Primeiramente, na fase de planejamento do estudo, podemos elaborar um projeto de pesquisa que evite ao máximo a existência dos vieses, em todas as etapas da pesquisa.
FASE DE EXECUÇÃO: Na fase de execução do estudo, um pouco de cuidado irá gerar resultados bem mais confiáveis. Por exemplo: se você vai coletar dados com entrevistas, nada melhor do que treinar as pessoas que irão entrevistar os voluntários, para que todos sejam igualmente abordados e avaliados.
FASE DE ANÁLISE DE DADOS: Finalmente, na fase de análise de dados, podemos usar diversos testes estatísticos para isolar os efeitos de algumas variáveis, verificar associações significativas etc., conforme discutimos nas aulas de Bioestatística.
Um fisioterapeuta, estimulado a escrever um trabalho para ser publicado em uma revista científica, propôs um estudo no qual elaborou a seguinte pergunta: "em mulheres de 30 a 40 anos com fibromialgia, qual seria o efeito da hidroterapia nas queixas álgicas"? Logo, formou uma metodologia, na qual dividiu10 voluntárias em dois grupos distintos: grupo hidroterapia e grupo controle.
 O próprio pesquisador escolheu os voluntários que fariam parte de cada grupo. O grupo hidroterapia desenvolveu atividades físicas em piscina terapêutica por um mês. Já o grupo controle não realizou nada.
 Responda: quais são as prováveis fontes de erro nessa metodologia?
Podemos identificar duas fontes de erro:
 1) Tamanho da amostra pequena: usando apenas 10 mulheres, há um grande risco de essa amostra não ser representativa da população da qual o pesquisador quer tirar conclusões a respeito.
 2) Divisão dos grupos: note que o pesquisador definiu as pessoas que iriam para um grupo ou para outro. Isso não é adequado, uma vez que ele influencia, nesse caso, na definição das amostras em cada grupo.
 Esse tipo de erro se chama viés de seleção. Vamos aprender como detectar os vieses nesta aula.
AULA 8
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Identificar os conceitos mais importantes de Epidemiologia Clínica;
2- Reconhecer a importância do conceito de causalidade em Epidemiologia;
3- Distinguir algumas medidas de associação em Epidemiologia.
Aula 8: Noções de Epidemiologia Clínica
Epidemiologia pode ser simplesmente definida como o estudo daquilo que afeta a população. No entanto, um conceito mais abrangente é dado por Pereira (1995, p. 3) como o "ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde".
1 - Geralmente, a Epidemiologia é aplicada para descrever as condições de saúde de determinada população, investigar os fatores que influenciam estas condições e avaliar o impacto de ações em saúde.
2 - Essas investigações serão confiáveis se realizarem uma correta seleção da população/amostra, se aferirem adequadamente as variáveis de estudo e, principalmente, se controlarem os vieses.
3 - Como profissional da saúde, o fisioterapeuta deve conhecer as bases dessa área do conhecimento. 
A Epidemiologia proporciona um aprimoramento do raciocínio clínico e desenvolve o senso crítico.
4 - Uma vez que representa uma figura importante nesse contexto, o fisioterapeuta tem preocupação e responsabilidade pela saúde pública, além de poder, no futuro, ser um pesquisador em Epidemiologia.
CENTRO MÉDICO ESTÁCIO DE SÁ
Quando falamos de Epidemiologia Clínica, estamos nos referindo a uma das aplicações da Epidemiologia, que consiste no uso de princípios e métodos para solucionar problemas encontrados na Medicina Clínica.
 Suas abordagens passam pela análise do processo saúde x doença, diagnóstico, frequência da doença, fatores de risco, análise etiológica, prognóstico e tratamento de doenças..
SAUDE X DOENÇA
Saúde e doença vêm sendo erroneamente conceituadas através dos tempos. 
Por exemplo: quem nunca ouviu falar no senso comum que "saúde é a ausência de doença", e "doença é a ausência de saúde"? 
Pois bem, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, definiu saúde como "um completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não meramente ausência de doença" (PEREIRA, 1995, p. 30).
 Uma doença seria algo que altere esse bem-estar completo do indivíduo, de alguma forma. Ela pode progredir segundo cinco categorias, a chamada história natural da doença (PEREIRA, 1995).
· Evolução aguda, rapidamente fatal;
· Evolução aguda, clinicamente evidente e com rápida recuperação (na maioria dos casos);
· Evolução sem alcançar o limiar clínico, ou seja, o indivíduo não demonstra sintomas;
· Evolução crônica, que progride com êxito fatal;
· Evolução crônica, com períodos assintomáticos.
Estágios da doença
Além disso, toda doença pode passar por estágios bem definidos. São eles:
Fase inicial (ou de suscetibilidade): Quando há condições para a doença aparecer no indivíduo;
Fase patológica pré-clínica : Quando a doença está no estágio de ausência de sintomas;
Fase clínica: Quando aparecem os sintomas da doença;
Fase de incapacidade residual: Quando aparecem os sintomas da doença;
Agentes da doença
Uma doença é causada por algum agente, dos quais Pereira (1995) descreve a classificação:
BIOLÓGICA: Diversos modelos têm sido propostos para representar os fatores etiológicos (relacionados à causa) da doença. 
 Biológicos
 Como bactérias e vírus.
 
 GENÉTICA: Um modelo bastante usado é a chamada "tríade ecológica": hospedeiro, agente e meio ambiente, para descrever o processo etiológico de doenças infecciosas.
Genético
Alterações no DNA. 
· QUIMICO: Ou seja, toda doença infecciosa teria um agente (mosquito, ar contaminado), um hospedeiro (homem, animal) e um meio ambiente propício para o desenvolvimento do patógeno (bairro, cidade).
Químicos 
Toxinas, drogas.
· FISICO: 
Físicos 
Impacto, radiação.
PISIQUICO: Essa classificação é importante, pois auxilia no processo de análise da doença e na localização racional das intervenções.
Psíquicos 
Os indicadores de saúde, mais usados em epidemiologia são:
· Mortalidade: todos os óbitos ocorridos em um dado período, dividido pelo total da população;
· Morbidade: todos os doentes em um dado período, dividido pelo total da população;
· Morbidade: todos os doentes em um dado período, dividido pelo total da população;
· Indicadores nutricionais: mortalidade pré-escolar, mortalidade infantil, avaliações dietéticas, clínicas e laboratoriais;
· Indicadores demográficos: esperança de vida ao nascer, mortalidade, fecundidade e natalidade;
· Indicadores sociais: renda per capita, distribuição de renda, taxa de analfabetismo.
· Indicadores ambientais: indicadores sanitários, como abastecimento de água, de esgotos, de coleta de lixo;
· Serviços de saúde: recursos disponibilizados, processos, resultados;
· Indicadores positivos de saúde: qualidade de vida, epidemiologia da saúde.
Prevalência e incidência
Quando se fala em morbidade, devemos saber diferenciar outros dois importantes conceitos: prevalência e incidência. 
Muitos profissionais ainda utilizam os dois alternadamente, pensando que ambos são similares.
INCIDÊNCIA: Refere-se ao número de casos novos em determinado período de tempo.
PREVALÊNCIA: Refere-se aos casos existentes no período observado.
EXEMPLO
Se um fisioterapeuta quiser saber a prevalência de pacientes com fibromialgia em consultórios no estado do Rio de Janeiro, em 2012, ele terá que saber quantos pacientes, em 2012, apresentaram diagnóstico de fibromialgia.
EXEMPLO
Porém, se ele quiser saber qual é a incidência de fibromialgia, ele terá que avaliar quantos pacientes foram diagnosticados com fibromialgia no ano de 2012 (ou seja, casos novos no ano).
Causalidade
Causalidade é um conceito muito usado em Epidemiologia. 
Refere-se ao relacionamento das "causas" com os "efeitos" que produzem. 
E isso é o que geralmente as pesquisas fazem: tentar avaliar ou identificar relações entre os aspectos que podem ser "causas" e os que podem ser "efeitos".
Causalidade não é o mesmo que associação. 
Duas variáveis podem estar associadas, mas não ter nenhuma relação de causalidade.
Se um agravo à saúde é afetado por diversos fatores (diversas causas contribuintes), para se examinar a influência de um destes fatores (isto é, de uma única das causas contribuintes), é necessário neutralizar a influência dos demais fatores (ou seja, das demais causas contribuintes).
	ANÁLISE CRITICA
Para se elucidar uma relação causal, algumas diretrizes devem ser seguidas, como a análise estatística da associação causal (com testes estatísticos), identificação de vieses no estudo e, finalmente, julgamento acerca da possível associação.
Isto é, mesmo que encontremos uma boa significância estatística em uma análise de associação, não podemos concluir que se trata de uma relação de causalidade. 
Faz-se necessária uma análise crítica do resultado.
Critério de Causalidade de Hill
Para realizar essa análise, diversos critérios já foram propostos. Um deles, bastante usado atualmente, é conhecido como Critério de Causalidade de Hill:
Sequência cronológica: 
a exposição ao fator de risco deve ter ocorridoantes da doença;
Força de associação: 
medida através das medidas de associação (vamos estudar sobre elas);
Relação dose-resposta: 
aumentando o tempo ou intensidade de exposição, aumenta a resposta (efeito);
Consistência: 
os resultados devem ser verificados por diversos pesquisadores, com diferentes tipos de estudos, em locais diferentes;
Plausibilidade: 
deve haver outras evidências da possibilidade da relação causal. Ou seja, procura-se verificar se a associação pode ser explicada com o conhecimento biológico e fisiopatológico da época;
Analogia: 
deve haver situações semelhantes, já expostas na literatura, da relação causal estudada. Por exemplo: se um medicamento é eficaz para um vírus X1, ele talvez possa ser eficaz para uma versão modificada X2;
Especificidade: 
o quanto da presença da exposição pode prever a ocorrência da doença.
PRINCIPAIS MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
Nesse momento final, vamos abordar algumas das mais usadas medidas de associação em Epidemiologia. Essas medidas tentam quantificar a relação entre causa e efeito (exposição x doença).
RISCO ABSOLUTO (RA)
Primeiramente, temos o chamado risco absoluto (RA), ou simplesmente taxa de incidência, que é calculado através do número de casos novos da doença (ou óbito) por total da população estudada.
Por exemplo: se em um colégio com 200 crianças, 20 desenvolveram gripe H1N1, então calculamos: RA = 20/200 = 0,1 (10%). 
Ou seja, existe um risco absoluto de 10% de uma criança que estuda naquele colégio se infectar com o vírus H1N1.
RISCO RELATIVO (RR)
Outra medida usada é o risco relativo (RR), que é calculado dividindo-se dois coeficientes de incidência. Considere como exemplo o caso a seguir. 
Um fisioterapeuta pesquisador quer verificar se o fato de usar o tênis da marca Super Power Foot leva a alterações na pisada durante a marcha. Ele fez avaliações em 500 jovens, e obteve os resultados abaixo.
Vamos adiante para entender melhor o quadro.
Para quem usa tênis: a/a+b = 80/80+80 = 80/160 = 1/2 = 0,50 (ou seja, 50% de risco).
Para quem não usa tênis: c/c+d = 20/20+320 = 20/340 = 0,06 (ou seja, 6% de risco).
Qual será o risco relativo? É só dividirmos 0,5 por 0,06, que vai nos dar RR = 8,3. 
Ou seja, quem usa o tênis Super Power Foot tem aproximadamente 8 vezes mais chances de desenvolver pisada alterada do que quem não usa.
RAZÃO DE CHANCE (OR)
Em estudos caso-controle, costuma-se usar uma aproximação do RR, chamada de odds ratio (OR), ou razão de chances. Também pode receber o nome de razão de prevalências. Essa aproximação, por razões matemáticas, é usada em casos de doenças ou mortes pouco frequentes. Calcula-se o OR com a seguinte fórmula: OR = a.d/b.c
Um pesquisador quer verificar se pacientes expostos a trabalho árduo em fábricas podem desenvolver psicoses. Os resultados foram os dessa tabela: Em estudos caso-controle, costuma-se usar uma aproximação do RR, chamada de odds ratio (OR), ou razão de chances. Também pode receber o nome de razão de prevalências. Essa aproximação, por razões matemáticas, é usada em casos de doenças ou mortes pouco frequentes. Calcula-se o OR com a seguinte fórmula: OR = a.d/b.c
Vamos calcular o OR. Um pesquisador quer verificar se pacientes expostos a trabalho árduo em fábricas podem desenvolver psicoses. Os resultados foram os dessa tabela:
O OR será 5.1400/1.1300 = 7000/1300 = 5,38. 
Ou seja, pessoas que trabalham arduamente em fábricas possuem 5 vezes mais chances de desenvolver psicoses em relação às pessoas que não trabalham de forma pesada. 
Se calculássemos o RR (o cálculo fica como exercício), teríamos o valor de 5,71 (próximo ao valor do OR).
Quando ler algum artigo que apresenta o resultado do RR ou OR, os autores querem demonstrar ali a intensidade da associação entre causa e efeito, exposição e doença. 
Procure sempre o valor de p associado, para verificar se o cálculo do parâmetro epidemiológico é significativo.
AULA 9
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Identificar um bom artigo científico publicado na literatura;
2- Entender como se publica um artigo científico em revista especializada;
3- Reconhecer a importância do inglês científico para o fisioterapeut
Aula 9: Como identificar um bom artigo científico
Antes de qualquer coisa, você sabe o que é um artigo científico?
Trata-se de uma apresentação resumida do resultado da pesquisa realizada por um pesquisador (ou grupo de pesquisadores), seguindo sempre uma metodologia científica específica para a área do conhecimento.
 Um artigo só é considerado científico quando passa por uma avaliação de um grupo de cientistas especialistas no tema do trabalho, ou seja, após uma revisão para a publicação em revista (CERVO et al, 2006). Sendo assim, já aprendemos uma lição: se o artigo encontrado por você na internet não foi publicado em uma revista (não tem volume, nem número, nem nome da revista), ele não é científico.
O que não é artigo científico
Desta forma, é de esperar que o artigo científico seja o principal meio de divulgação e desenvolvimento da ciência, uma vez que torna público e aberto ao debate o conhecimento produzido.
 Ou seja, quando você faz aquele trabalho que o professor pediu para somar um ponto na prova, e após ganhar esse ponto você "engaveta" seu trabalho, se esquecendo dele, aquele conhecimento que você produziu não servirá para nada. A Fisioterapia não se beneficiará do seu trabalho.
 Para isto acontecer, você precisa divulgá-lo para a comunidade científica, para os outros fisioterapeutas, para que todos cresçam juntos como classe profissional. Por isso, lembre-se: publique suas pesquisas!
ITENS DE UM ARTIGO
Como conhecer um bom artigo cientifico
a) Os autores concluem com base no proposto pelo objetivo?
b) Os autores concluem com base nos resultados apresentados e discutidos?
c) Os autores preveem estudos futuros para responder a questões ainda obscuras?
· Introdução: Na introdução, três pontos cruciais devem estar presentes (geralmente em um único texto corrido):
  "Estado da arte": uma breve revisão da literatura sobre o assunto abordado (geralmente perfaz de 70 a 80% de toda a introdução);
  Relevância e/ou justificativa: os autores devem sempre deixar clara a importância do trabalho para a comunidade científica ou área do saber, assim como explicitar o porquê da realização do estudo;
  Objetivo: em uma frase clara, simples e concisa, os autores expressam o objetivo do trabalho.
· Materiais e métodos ou (Metodologia): Nessa seção, os autores devem dizer tudo o que foi usado, e como foi usado, para a realização do trabalho. 
A regra é simples: outro leitor deve ser capaz de reproduzir sua pesquisa da mesma forma, ao ler a metodologia que você escreveu. 
E algo importantíssimo: o artigo deve mostrar como foi aplicada a pesquisa e como foi feito o controle sobre as variáveis intervenientes (controle dos vieses).
· Resultado: Nessa seção, os autores apresentam tão somente os resultados da pesquisa, em forma de tabelas, gráficos e pequenos parágrafos. 
Não há nenhum tipo de discussão, nem referências (lembre que os resultados são seus).
· Discussão: Talvez a mais importante parte do artigo; os autores aqui discutem os resultados obtidos com a metodologia proposta. 
Pode-se usar referências para comparar, discutir e analisar os resultados encontrados, além de lançar hipóteses para explicar o ocorrido. 
Outro ponto importante é expressar as possíveis limitações do trabalho nessa seção (lembre-se que nada em ciência consegue explicar 100% um fenômeno. Ou seja, todo trabalho tem um "ponto fraco").
· Conclusão: Simplesmente, aqui os autores concluem o trabalho, em dois ou três parágrafos. 
Geralmente se propõem também estudos futuros, para resolver questões que não foram respondidas na atual pesquisa.
· Outros itens: Também é importante encontrarmos nos artigos o título, resumo, agradecimentos (opcional), referências, anexos ou apêndices (também opcionais).
Finalmente, se soubermos responder a essas questões ao estudar um artigo científico, com certeza estaremos sendo críticos o suficiente paraidentificar se o artigo é de boa ou má qualidade.
Processo de publicação em revistas científicas
Vamos supor que você desenvolva um bom trabalho de TCC no último período, e ao final, seu orientador diga: "vamos publicar".
O que fazer?
Primeiramente, escolher a revista ideal para a publicação do seu trabalho é importante. Temos centenas e centenas de revistas, cada uma com um escopo central. Não adianta submetermos um trabalho sobre Fisioterapia em pacientes com Parkinson para uma revista de Pediatria, certo?
 Pois bem, hoje com a internet, a busca por revistas científicas se tornou muito fácil. Verifique os temas principais abordados por ela. Verifique se tem indexação em algum banco de dados (pelo menos um número de ISSN).
Instruções para autores
Após a escolha da revista, procure no site dela (ou na própria revista) as "instruções para autores". Cada revista solicita um tipo de formatação do texto (tamanho de letra, espaçamento, número de páginas, formatação de referências). Você deve avaliar isto, pois qualquer erro pode acabar atrapalhando uma potencial aceitação do seu trabalho.
 Atualmente, muitas revistas já possuem um sistema online para a submissão de trabalhos (diferente de antigamente, que os autores tinham que enviar pelo correio toda a documentação). As etapas básicas são as seguintes:
Etapa 1:
O editor da revista recebe seu trabalho e faz uma primeira avaliação. Se o trabalho estiver fora das normas, ou não atender ao escopo da revista, ele é rejeitado em poucos dias.
 Caso ele possa ser publicado na revista, o editor envia o trabalho para revisores (geralmente dois), de forma cega (ou seja, não há indicação dos nomes, nem das afiliações dos autores, para que não haja preconceitos no julgamento do trabalho).
 Este processo é importantíssimo (conhecido como peer-review), e dá confiabilidade à revista. Os revisores são idealmente pesquisadores da área, com mestrado ou doutorado, que possam contribuir com críticas e sugestões ao trabalho.
Etapa 2:
O trabalho então retorna ao editor com os pareceres dos revisores. Três são as possibilidades:
(1) Aceito sem correções (muito difícil de acontecer);
(2) Aceito com correções;
(3) Rejeitado.
 Se for rejeitado, o melhor a fazer é agradecer as críticas dos revisores e enviar para outra revista. Caso seja aceito com correções, considere isso um bom sinal.
Inglês científico para Fisioterapia
· Uma das grandes dificuldades do acadêmico de Fisioterapia consiste na incapacidade de entender a língua inglesa, presente em cerca de 70% da produção científica mundial. Tal fato tem como consequência uma limitação da pesquisa bibliográfica, seja em artigos ou em livros ainda não traduzidos, implicando na redução da qualidade dos trabalhos, principalmente nos trabalhos de conclusão de curso (TCCs).
· Além disso, para aqueles que pretendem seguir a carreira científica (pós-graduação), é imprescindível o conhecimento do inglês. 
O aluno que possui um conhecimento de inglês (mesmo que básico) já tem grande vantagem na hora de pesquisar informações novas, resultados descobertos recentemente, que não estão ainda descritos em nenhum livro.
· A orientação que nós, professores do curso de Fisioterapia, damos é sempre a mesma: se possível, procure um curso de inglês. Isso facilitará e muito sua vida, principalmente se quiser fazer um mestrado ou doutorado.
Como compreender
A seguir, vamos verificar alguns exemplos de textos em inglês e suas traduções. Você vai perceber que boa parte das palavras são parecidas com o português. Outras, podemos simplesmente deduzir seu significado, dentro do contexto. Para outras, claro, precisamos de um dicionário em mãos (porém, com o tempo, podemos ir decorando os termos que mais surgem nos textos científicos).
TRADUTOR
Título: Physiotherapy in low back pain - indications and limits.
Início do resumo: These times of changing paradigms raise the question of the indications and limits of physical therapy in back pain management. At present, several national and international guidelines for the care of chronic back pain are available [...].
 Repare que vamos procurar no dicionário algumas palavras: change = mudança; 
to raise = levantar; back pain = dor lombar; management = conduta; several = vários; guidelines = diretrizes; care = cuidado; available = disponível.
Conteúdo principal
Tenho certeza de que essa abordagem mostrou a você que entender o inglês científico não é nenhum "bicho de sete cabeças". Se soubermos usar um bom dicionário inglês-português, usar o bom-senso e um conhecimento básico de inglês do ensino médio, com certeza podemos entender o conteúdo principal de um trabalho, e com isso, enriquecer nossas pesquisas.
 Claro que o objetivo dessa aula não foi ensinar inglês científico para você, mas espero que o "medo" do idioma tenha pelo menos diminuído.
E importante: leia, leia e leia... traduza, traduza e traduza. Só assim teremos vocabulário suficiente para ter mais e mais fluência.
AULA 10
10: Pensando o trabalho de conclusão de curso
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Identificar os passos para definir o tema do trabalho de conclusão de curso;
2- Reconhecer as etapas para o delineamento do TCC;
3- Reconhecer a possibilidade de publicar o TCC ao final da graduação
Primeiros passos para o TCC: escolha e delimitação do tema
A primeira coisa a fazer (e talvez a mais difícil para o aluno que chega ao nono período) é a escolha do tema do TCC. Muitos vacilam na hora de definir o tema, e com isso atrasam o processo de confecção do projeto de pesquisa.
 “A escolha do tema é o primeiro passo no planejamento da pesquisa. Selecionar um tema seria a mesma coisa que eliminar aqueles que, por uma razão plausível, devem ser evitados, e fixar-se naquele que merece prioridade” (CERVO, et al, 2006).
 Um bom tema de pesquisa é aquele que trata de um assunto que precisa de melhores definições do que já existe a respeito. Ele pode surgir de um interesse particular ou profissional. Por exemplo: você gosta muito de trabalhar com neurofuncional, logo procura escolher um tema na área neurológica.
Fontes para a escolha do tema
Pode surgir de algum estudo ou leitura (você leu um artigo muito interessante que lhe motivou a escolha daquele tema). Mesmo a indicação de tema do professor pode ser bem recebida pelo aluno.
Com certeza, o mais importante é que o tema corresponda ao seu gosto, além de proporcionar-lhe experiências satisfatórias e contribuir para o progresso da Fisioterapia. Todos sabem que o que fazemos contra nossa vontade não terá bons resultados. O mesmo acontece com a pesquisa.
Se fizermos algo que não nos atraia, certamente o estudo não terá potencial. É imprescindível que estejamos à vontade ao realizar uma pesquisa em determinado tema.
Viabilidade do tema
Outro fator essencial é que o tema deve ser adequado à capacidade e à formação do pesquisador (nesse caso, do aluno), e devemos avaliar a viabilidade dele. Seria muito interessante inventarmos um dispositivo para medir vários parâmetros fisiológicos de um paciente durante as sessões, com telemetria wireless, se não temos nem conhecimento, nem dinheiro, nem tempo para desenvolver tamanho projeto. A regra geral é: pé no chão!
Delimitação do tema
Depois de escolher o tema, temos que delimitá-lo muito bem.
Um tema muito genérico pode deixar o aluno perdido para propor uma metodologia adequada e confiável, ou mesmo para discutir os resultados obtidos. 
A delimitação do tema nada mais é do que selecionarmos um tópico ou parte a ser focalizada.
EXEMPLO
Formulação do problema de pesquisa e das hipóteses
Nunca se esqueça da formulação do problema de pesquisa, ou da pergunta clínica. Será ela que lhe guiará através do processo de elaboração da metodologia científica. No exemplo que demos, poderíamos formular a seguinte pergunta "PICO": "em idosos, a aplicação de um protocolo de cinesioterapia respiratória (em comparação com um grupo controle) melhora a capacidade funcional pulmonar desses indivíduos?".
Segundo Cervo, et al (2006), o tema escolhido deve ser questionadopelo pesquisador, que então deve transformá-lo em um problema de pesquisa (pergunta clínica).
 Ao se formular o problema de pesquisa, o pesquisador (CERVO, et al, 2006):
Delimita qual tipo de resposta deve ser procurado na pesquisa, com 
o máximo de exatidão;
Faz uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto;
Planeja adequadamente o início do levantamento bibliográfico e de coleta de dados.
Metodologia
Em ciência, acredita-se que saber formular problemas é mais interessante do que encontrar soluções. Ou seja, mais vale uma metodologia corretamente elaborada do que resultados maravilhosos, que foram obtidos, porém com uma pesquisa cheia de vieses.
 As hipóteses também são essenciais e auxiliam você a pensar seu trabalho de pesquisa. Como vimos, uma hipótese consiste em supor conhecida a verdade ou explicação que se busca. Lembre-se sempre: uma hipótese não deve nunca contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada. Ela deve ser simples e verificável pelos fatos sempre.
Cadeia de raciocínio: exemplos práticos
Exemplo 1: Quando o aluno define o tema (1)
 Contexto: Um aluno não sabe o que propor para seu TCC, mas diz gostar muito da área de traumatologia e ortopedia. Ao ler artigos, verificou algo interessante: a profissão de odontologia pode levar a muitos problemas relacionados ao trabalho (DORTs), principalmente cervicalgias e cervicobraquialgias.
 Escolha do tema: Fisioterapia em Traumato-Ortopedia.
 Delimitação do tema: Prevalência de cervicalgia e cervicobraquialgia em dentistas da cidade X.
 É viável? Sim. O aluno já entrou em contato com vários dentistas da pequena cidade, e eles se mostraram abertos a receber a equipe de pesquisa. A aplicação de questionários a ser feita é perfeitamente possível.
 É relevante? Sim. Dados epidemiológicos de prevalência são importantes para as autoridades e profissionais da saúde, para traçar estratégias de prevenção.
 Provável delineamento do estudo: estudo descritivo transversal (aplicação de questionário para se quantificar a prevalência de patologia).
Exemplo 2: Quando o aluno define o tema (2)
 Contexto: Um aluno está estagiando na clínica-escola da Estácio e começa a atender um paciente com a Síndrome de Tourette (distúrbio neurológico caracterizado por tiques, reações rápidas e movimentos repentinos, além de vocalizações, com frequência considerável). Muito interessado, o aluno procura artigos na internet e não encontra nada publicado sobre a intervenção da Fisioterapia em pacientes com essa patologia.
 Escolha do tema: Fisioterapia em Neurologia.
 Delimitação do tema: Fisioterapia aplicada a pacientes com Síndrome de Tourette.
 É viável? Sim. O aluno acompanha no estágio um paciente com a síndrome, juntamente com seu preceptor fisioterapeuta.
 É relevante? Sim. O caso é raro, e não há publicações a respeito do tema.
 Provável delineamento do estudo: estudo descritivo (estudo de caso).
Exemplo 3: Quando o aluno define o tema (3)
 Contexto: Um aluno está estagiando, em média complexidade, em uma clínica muito movimentada, e já realizou cursos de extensão em diversas terapias manuais. Ele verifica na sua prática que as terapias manuais, quando usadas alternadamente em casos de dor lombar, geram benefícios ao paciente. Mas não sabe ainda se há uma terapia melhor do que a outra.
 Escolha do tema: Fisioterapia manual (terapia manual).
 Delimitação do tema: Comparação entre técnicas de terapia manual na dor lombar.
 É viável? Sim. Não há custos altos com o trabalho. O aluno possui tempo necessário para recrutar pacientes com dor lombar (que na clínica são muitos), realizar uma intervenção de um a dois meses e analisar os resultados.
 É relevante? Sim. É muito importante quantificarmos efeitos terapêuticos de intervenções na Fisioterapia, pois assim temos uma visão mais confiável dos benefícios e malefícios de uma técnica ou de outra.
 Provável delineamento do estudo: estudo experimental (se possível, realizar randomização e duplo-cego).
Exemplo 4: Quando o aluno aproveita uma ideia do professor
 Contexto: Um professor de TCC desenvolve pesquisas sobre a vibroartrografia (VAG), que é a gravação dos sons ou vibrações articulares com um dispositivo (ex.: microfone acoplado a um diafragma, ou um acelerômetro).
 Ele já publicou um artigo sobre a aplicação da técnica na articulação do joelho. Seu aluno se interessa muito por temas relacionados à Fisioterapia Bucomaxilofacial, principalmente articulação temporomandibular (ATM).
 Escolha do tema: Fisioterapia Bucomaxilofacial.
 Delimitação do tema: Aplicação da VAG na avaliação de ruídos articulares na ATM.
 É viável? Sim. O professor já desenvolveu a técnica para a articulação do joelho; seria então necessário apenas adaptá-la para a ATM.É relevante? Sim. O tema é inovador e propõe uma técnica de baixo custo para a avaliação cinético-funcional.
Provável delineamento do estudo: estudo descritivo transversal (avaliação das ATMs de diversos indivíduos).
Publique sua obra-prima
Aluno, quanto trabalho você tem para gerar um trabalho de qualidade! Pergunte aos seus colegas formandos o quanto eles se doam para que o TCC seja aprovado com louvor pela banca, no dia da defesa.
 Não vale a pena passar por todo esse trabalho, e depois de formado se esquecer dele. Um TCC bem feito é um "passe" para se conseguir uma publicação em revista, ou mesmo uma apresentação em congresso especializado.
 Como vimos em aulas passadas, a publicação é um processo importante em ciência, pois só assim divulgamos nosso trabalho para o meio acadêmico-científico, e a Fisioterapia pode crescer como classe profissional, mais respeitada e valorizada.
 Por isso, após a conclusão do seu TCC, tente publicar seu trabalho. Oriente-se com seu professor. Ele saberá lhe indicar a melhor revista, a melhor forma de escrever o artigo para que seja aceito.
Vantagens da publicação
Uma publicação de revista, ao final da sua graduação, pode:
 3
Valer pontos em determinados concursos públicos (verificar sempre o edital do concurso);
 4
Mais importante: introduzir você no mundo científico, e fazer com que você fique conhecido entre seus colegas fisioterapeutas.
 2
Facilitar a entrada em um programa de pós-graduação, principalmente stricto-sensu (Mestrado ou Doutorado);
 1
Abrir muitas portas de emprego, ao permitir apresentar um curriculum vitae com um artigo publicado;
ATIVIDADE
Vamos supor que você definiu seu tema de TCC: a aplicação da Fisioterapia na prevenção de quedas em idosos.
 Utilize seu conhecimento adquirido nas aulas anteriores e responda: que tipos de estudo podem ser propostos nesse caso?
RESPOSTA: 
Você pode desenvolver diversos estudos, dentre eles:
Estudo bibliográfico (revisão da literatura); estudo de casos; pesquisa experimental, com ou sem randomização, com ou sem grupo controle, com ou sem grupos cegos, dependendo da viabilidade (tempo, custos etc.).
FIM

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