Buscar

7_Poder Legislativo_PARTE II

Prévia do material em texto

PODER LEGISLATIVO - Parte II
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – Semana 07
1
divisão da organização interna das casas do cn
Mesa diretora
Comissões
Guarda legislativa
Secretarias
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
1 Mesas diretoras (art. 57, §§ 4.º e 5.º) → são os órgãos diretores das casas legislativas aos quais incumbe a direção dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativos da Casa.
Trata-se de matéria regimental, entretanto o art. 58, § 1.º, da CR faz ressalva, exigindo, quando possível, que a Mesa diretora siga a representação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Mesa do Congresso Nacional (art. 57, § 5.º), vale dizer que esta não existe por si só, constituindo-se dos membros das Mesas do Senado e da Câmara. 
A Presidência é ocupada pelo presidente do Senado, e os demais cargos alternativamente pelas mesmas pessoas que ocupam o cargo na Casa de origem.
O Presidente será sempre do Senado Federal, o 1.º Vice-Presidente será o 1.º Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, o 2.º Vice-Presidente será o 2.º Vice-Presidente do Senado e assim por diante.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Observações: 
O art. 57, § 4.º, estabelece a eleição para as Mesas das Casas do Congresso, que terá o mandato por dois anos, vedando a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
Nestes termos, v.g., o Presidente da Casa não pode buscar a reeleição para o cargo de Presidente, mas pode pretender o cargo de Secretário.
As atribuições das mesas diretoras estão elencadas nos respectivos regimentos internos (arts. 17 a 19-A do RICD e arts. 48 e seguintes do RISF).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2 Comissões Parlamentares (art. 58) → constituídas na forma e com atribuições previstas no respectivo regimento interno ou no ato que resultar sua criação, assegurada, sempre que possível, a representação proporcional dos partidos ou de blocos partidários que participem da respectiva Câmara (58, § 1.º).
Classificação das comissões quanto ao tempo:
Permanentes
Temporárias 
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Permanentes as de caráter técnico-legislativo ou especializado. São integrantes da estrutura institucional da Casa e têm por finalidade apreciar os assuntos ou proposições submetidos ao seu exame e sobre eles deliberar, assim como exercer o acompanhamento dos planos e programas governamentais e a fiscalização orçamentária da União, no âmbito dos respectivos campos temáticos e áreas de atuação.
Temporárias as criadas para apreciar determinado assunto, que se extinguem ao término da legislatura, ou antes dele, quando alcançado o fim a que se destinam ou expirado seu prazo de duração.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
São alguns exemplos de comissões permanentes as de Agricultura e Política Rural; Ciência e Tecnologia; Comunicação e Informática; Constituição e Justiça (na Câmara, é acrescida do termo “redação” e, no Senado, do termo “de cidadania”); Defesa do Consumidor; Meio Ambiente e Minorias; Amazônia e Desenvolvimento Regional; Economia; Indústria e Comércio; Educação, Cultura e Desporto; Fiscalização Financeira e Controle; Finanças e Tributação; Minas e Energia; Relações Exteriores e Defesa Nacional; Seguridade Social e Família e assim por diante.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Existem diversas espécies de comissões, as quais podemos destacar:
2.1 Comissões temáticas ou ordinárias;
2.2 Comissões representativas ou especiais (art. 58, § 4.º);
2.3 Comissão de ética (Conselho de Ética);
2.4 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.1 Comissões temáticas ou ordinárias → São as comissões permanentes às quais cabe apreciar projeto de lei e emitir parecer, ou, ainda, votar os projetos que dispensam apreciação do plenário da Casa legislativa.
São algumas tarefas dessas comissões, dentre outras (art. 58, § 2.º):
1.   discutir e votar projeto de lei que dispensar votação em plenário;
2.   realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
3.   convocar Ministros de Estados para prestar informações sobre assuntos inerentes as suas atribuições legais (art. 50)
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.2 Comissões representativas ou especiais (art. 58, § 4.º): a Constituição estabelece que durante o recesso haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.
A Resolução 3/1990 do Congresso Nacional regulamenta a Comissão representativa e estabelece que a Comissão Representativa do Congresso Nacional será integrada por 7 Senadores e 16 Deputados, e igual número de suplentes, eleitos pelas respectivas Casas na última sessão ordinária de cada período legislativo, e cujo mandato coincidirá com o período de recesso do Congresso Nacional, que se seguir à sua constituição, excluindo-se os dias destinados às sessões preparatórias para a posse dos parlamentares eleitos e a eleição das Mesas.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.3 Comissão de ética (Conselho de Ética) → órgão constituído por 15 membros titulares e igual número de suplentes com mandato de dois anos para apurar irregularidades cometidas por parlamentares.
O art. 6.º do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados dispõe que ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados compete: I – zelar pela observância dos preceitos deste Código, atuando no sentido da preservação da dignidade do mandato parlamentar na Câmara dos Deputados; II – processar os acusados nos casos e termos previstos no art. 13; III – instaurar o processo disciplinar e proceder a todos os atos necessários à sua instrução, nos casos e termos do art. 14; IV – responder às consultas da Mesa, de Comissões e de Deputados sobre matérias de sua competência; V – organizar e manter o Sistema de Acompanhamento e Informações do Mandato Parlamentar, nos termos do art. 17.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.4 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) → são organismos instituídos por tempo certo para apuração de fato determinado de interesse público, sendo as conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público e demais autoridades administrativas para que seja promovida a apuração da responsabilidade civil e criminal dos infratores (art. 58, § 3.º).
Lembre-se: Poder Legislativo, além da função típica legislativa, exerce função típica fiscalizatória.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.4.1 Requisitos (CF, art. 58, §3º)
A criação de CPI depende do preenchimento de três requisitos constitucionais:
a) Requerimento de pelo menos um terço de membros da Casa onde será aberta a CPI;
b) Ter por objeto a apuração de fato determinado;
c) Ter prazo certo de funcionamento.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
a) Requerimento de pelo menos um terço de membros da Casa onde será aberta a CPI;
Na Câmara dos Deputados =171 Deputados (o que corresponde a 1/3 de 513), e no Senado Federal = 27 Senadores (1/3 de 81).
Se a CPI for mista (criada pelo Congresso Nacional), o art. 21 do RICN dispõe: “Serão criadas em sessão conjunta, sendo automática a sua instituição se requerida por 1/3 (um terço) dos membros da Câmara dos Deputados mais 1/3 (um terço) dos membros do Senado Federal. Parágrafo único. As Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito terão o número de membros fixado no ato da sua criação, devendo ser igual à participação de Deputados e Senadores, obedecido o princípio da proporcionalidade partidária”.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Observação:
Conquistando o quorum constitucional de 1/3, a CPI será aberta, mesmo que os outros 2/3 fiquem descontentes. Isso se dá em razão do direito de oposição e pelo direito público subjetivo das minorias.ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
b) Ter por objeto a apuração de fato determinado:
O art. 35, § 1.º, do RICD considera “fato determinado” o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de constituição da comissão.
O fato determinado não precisa ser único. A comissão pode inclusive investigar mais de um fato, desde que exista pertinência entre eles e sejam determinados, bastando que ocorra um aditamento do objeto inicial da comissão.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Se cada CPI apura fato específico, surge uma dúvida por reboque: há limites para constituição do número de CPI? 
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
R= O art. 35, § 4.º, do RICD limita a cinco por vez, salvo mediante projeto de resolução com o quorum de apresentação de um terço. 
O STF já declarou constitucional esse dispositivo do Regimento Interno da Câmara dos Deputados que limita o número de Comissões Parlamentares de Inquérito concomitantes.
(?) É possível CPI simultânea para investigar o mesmo fato?
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
R= Em razão da autonomia ínsita a cada Casa legislativa, nada impede que este fato determinado seja investigado nas duas Casas, em separado, podendo assim ser criadas CPIs simultâneas, nos dois órgãos, para investigar o mesmo fato.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Observações:
Atos de natureza jurisdicional não podem ser investigados em CPI sob pena de ofensa ao princípio da separação dos poderes. Contudo, nada impede que CPI investigue atuação atípica (administrativa, v.g.) do Poder Judiciário, como, por exemplo, uma licitação fraudulenta realizada por um Tribunal Superior.
Em respeito ao pacto federativo, não pode a CPI federal investigar fatos atinentes à competência dos Estados nem do Distrito Federal ou Municípios, pois este ato geraria interferência indevida da União na autonomia de outros entes federados.
A ideia de criação de CPI busca tornar mais efetivo e rigoroso o controle sobre toda a máquina estatal, por isso é óbvio que descabe instauração de CPI para investigar atos privados, sem repercussão sobre o interesse público.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
c) Ter prazo certo de funcionamento.
O art. 35, § 3.º do RICD prevê que a comissão, que poderá atuar também durante o recesso parlamentar, terá o prazo de cento e vinte dias, prorrogável por até metade, mediante deliberação do Plenário, para conclusão de seus trabalhos.
Apesar do prazo específico, nada impede prorrogações sucessivas dentro da mesma legislatura, nos termos da Lei 1.579/1952. Observe-se, porém, que o termo final de uma CPI será no máximo, necessariamente, o término da legislatura (art. 76, § 4.º, do RISF).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.4.2 Atribuições da CPI
De início, há uma impropriedade no termo utilizado na Constituição ao dispor sobre CPI, uma vez que afirma que as Comissões Parlamentares de Inquérito terão “poderes de investigação próprios das autoridades judiciais” (art. 58, § 3.º).
Essa expressão soa estranha na medida em que somos um país que adotou o sistema acusatório e o Judiciário, em princípio, não tem “poderes de investigação”. Contudo, a explicação está na fonte de inspiração deste dispositivo da Constituição brasileira: art. 82 da Constituição italiana de 1947 e art. 178. 4. 5. da Constituição portuguesa de 1976. Em ambas os constituintes desses países utilizaram o termo “poderes de investigação próprio das autoridades judiciais”, o que não poderia ter sido internalizado em nosso País, vez que não possuímos juizados de instrução.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
O art. 36 do RICD versa sobre os poderes da CPI, concedendo às comissões da Câmara os poderes de:
a) requisitar funcionários dos serviços administrativos da Câmara, bem como, em caráter transitório, os de qualquer órgão ou entidade da administração pública direta, indireta e fundacional, ou do Poder Judiciário, necessários aos seus trabalhos;
b) determinar diligências, ouvir indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar de órgãos e entidades da administração pública informações e documentos, requerer a audiência de Deputados e Ministros de Estado, tomar depoimentos de autoridades federais, estaduais e municipais e requisitar os serviços de quaisquer autoridades, inclusive policiais;
c) incumbir qualquer de seus membros, ou funcionários requisitados dos serviços administrativos da Câmara, da realização de sindicâncias ou diligências necessárias aos seus trabalhos, dando conhecimento prévio à Mesa;
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
d) deslocar-se a qualquer ponto do território nacional para a realização de investigações e audiências públicas;
e) estipular prazo para o atendimento de qualquer providência ou realização de diligência sob as penas da lei, exceto quando da alçada de autoridade judiciária;
f) se forem diversos os fatos inter-relacionados objeto do inquérito, dizer em separado sobre cada um, mesmo antes de finda a investigação dos demais. E, por fim, dispõe que as Comissões Parlamentares de Inquérito valer-se-ão, subsidiariamente, das normas contidas no Código de Processo Penal.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
O Senado Federal é mais sucinto, repetindo previsão do art. 2.º da Lei 1.579/1952, ao dispor que “no exercício das suas atribuições, a comissão parlamentar de inquérito terá poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, facultada a realização de diligências que julgar necessárias, podendo convocar Ministros de Estado, tomar o depoimento de qualquer autoridade, inquirir testemunhas, sob compromisso, ouvir indiciados, requisitar de órgão público informações ou documentos de qualquer natureza, bem como requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de inspeções e auditorias que entender necessárias” (art. 148 do RISF).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Observações gerais: 
As CPI possuem poderes para colher depoimentos, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, notificando-as a comparecer perante elas para depor, cabendo, inclusive, condução coercitiva da testemunha recalcitrante.
O STF impõe observância das regra de convocação constantes no CPP. Nesses termos, “não é viável a intimação por via postal ou por via de comunicação telefônica. A convocação deve ser feita pessoalmente” (HC 71.421, rel. Min. Celso de Mello, j. 03.05.1994).
Essas comissões devem observar, da mesma forma, a prerrogativa concedida, pelo Processo Penal, a determinadas autoridades de marcar dia e hora para serem inquiridas.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Sobre o poder de oitiva das CPI, os seguintes julgados merecem ser ressaltados:
a)   Juiz não será intimado para depor sobre o conteúdo de sentença proferida, em razão do princípio da livre convicção, persuasão racional e independência do magistrado. Nesse sentido: “Habeas corpus. Comissão parlamentar de inquérito. Convocação de magistrado para prestar depoimento em face de decisões judiciais. Constrangimento ilegal caracterizado.1. Configura constrangimento ilegal, com evidente ofensa ao princípio da separação dos Poderes, a convocação de magistrado a fim de que preste depoimento em razão de decisões de conteúdo jurisdicional atinentes ao fato investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Precedentes. 2. Habeas corpus deferido” (HC 80.539/PA. Relator: Ministro Maurício Corrêa. DJ 01.08.2003).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
b) Índio pode ser inquirido por CPI, desde que dentro da aldeia indígena, em dia e hora previamente acordados com a comunidade e com a presença de um representante da Fundação Nacional do Índio – FUNAI e de um antropólogo com conhecimento da mesma comunidade (HC 80.240/RR, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 20.06.2001).
c) Esposa de indiciado não deve prestar compromisso de dizer a verdade.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
d) O indiciado e testemunhaspossuem direito a não autoincriminação, sendo garantido a eles o direito ao silêncio quando o depoimento puder pôr em risco o referido direito constitucional (HC 79.812, Rel. Min. Celso de Mello; HC 79.244, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; HC 84.335, Rel. Min. Ellen Grace; HC 83.775, rel. min Joaquim Barbosa)
e)   Ministro de Estado pode ser convocado para depor, importando em crime de responsabilidade sua ausência sem justificativa adequada (art. 50 da CR).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Podem ainda determinar busca e apreensão de documentos (desde que não implique violação de domicílio), diligências, exames e perícias.
Uma das grandes prerrogativas da CPI é o poder de quebrar sigilo de dados. As principais e mais famosas espécies de dados são os sigilos fiscais, bancários e telefônicos. Mas a CPI e seus membros não poderão dar publicidade aos dados sigilosos obtidos em investigação. O órgão que decreta a quebra de dados sigilosos tem o dever jurídico de manter íntegros esses dados, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Para resguardar o princípio democrático, toda decisão proferida pela CPI deve ser motivada, comprovando a pertinência temática e a imprescindibilidade da medida, sob pena de ineficácia, devendo ainda conter indicação específica da diligência a ser efetuada e o prazo alcançado pela medida.
Todas essas medidas devem observar o princípio da colegialidade, ou seja, as medidas elencadas somente podem ser adotadas por deliberação da maioria absoluta dos membros da CPI.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
No mais, de acordo com a jurisprudência do STF, as comissões estão restritas à cláusula de reserva jurisdicional, ou seja, a CPI encontra limites nos dispositivos da Constituição que atribuem a atuação somente ao magistrado, com exclusividade. Portanto, não pode a CPI:
a)   formular acusações ou punir delitos, nem desrespeitar privilégios contra a autoincriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha;
b)   determinar a anulação dos atos do Poder Executivo, que só pode ser feita pelo próprio Executivo (autotutela – Súmulas 346 e 473 do STF) ou pelo Poder Judiciário;
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
c) decretar prisão de qualquer pessoa, exceto na hipótese de flagrante;
d) violar a privacidade, fazendo publicar dados sigilosos dos quais requisitou a quebra;
e) determinar a aplicação de medidas cautelares, tais como indisponibilidade de bens, arrestos, sequestro, hipoteca judiciária, proibição de ausentar-se da comarca ou do País;
f) determinar a realização de busca domiciliar também, salvo com autorização judicial (art. 5.º, XI);
g)determinar a interceptação e a escuta telefônica, que devem ser requeridas ao órgão jurisdicional competente (art. 5.º, XII).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Obs.: Não se pode confundir a interceptação telefônica citada com o sigilo telefônico, pois este se trata de dados e pode ser quebrado por CPI, assim como o bancário e o fiscal.
Melhor explicando: a interceptação telefônica e a escuta telefônica são espécies de quebra de sigilo das comunicações telefônicas. Isto é, nestas a conversa entre os interlocutores é ouvida. Já no sigilo telefônico o que a autoridade obtém são os dados de ligação, como os números das linhas telefônicas que mantiveram contato e o tempo de ligação.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
O advogado tem livre atuação em CPI, podendo acompanhar seu cliente, contraditar testemunhas, peticionar nos autos que tramitam na comissão e assim por diante. Dessa forma, a CPI não pode impedir, dificultar ou frustrar o exercício, pelo advogado, das prerrogativas de ordem profissional que lhe foram outorgadas pela Lei 8.906/1994 (MS 30.906-MC, rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, j. 05.10.2011, DJE 10.10.2011).
Outra importante restrição: se o processo judicial tramitar em segredo de justiça, as comissões não poderão ter acesso ao respectivo conteúdo protegido. Em outros termos, as comissões de inquérito não possuem poderes para determinar quebra de sigilo judicial (MS 27.483, rel. Min. Cezar Peluso, j. 14.08.2008).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Eventuais abusos ou ilegalidades praticadas pelas CPI deverão ser controlados pelo Poder Judiciário. O órgão Judiciário competente no caso de CPI instaurada no Congresso Nacional é o STF.
O STF, de regra, entende que, caso haja conclusão dos trabalhos da CPI, os habeas corpus e mandados de segurança impetrados em razão de suas práticas restarão prejudicados (MS 23.852-QO/DF, rel. Min. Celso de Mello, DJ 24.08.2001; HC 100.200/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ 27.08.2010).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Por fim, o art. 1.º da Lei 10.001/2000 dispõe que “os Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional encaminharão o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito respectiva, e a resolução que o aprovar, aos chefes do Ministério Público da União ou dos Estados, ou ainda às autoridades administrativas ou judiciais com poder de decisão, conforme o caso, para a prática de atos de sua competência”.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.4.4 CPI Estadual e Distrital
A previsão de CPI é norma de observância obrigatória nos Estados-membros e no Distrito Federal, a ser exercida pelas assembleias legislativas dos Estados e Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Tais entes federados não poderão estabelecer outros requisitos para criação dessas comissões além dos três já expostos. Assim, é inconstitucional, por exemplo, o regimento de assembleia legislativa que determina a submissão do requerimento de criação de CPI ao seu plenário.
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
Observações:
Nem toda limitação estabelecida no regimento interno é inconstitucional. O STF já declarou constitucional o regimento interno da Câmara dos Deputados que limita o número de Comissões Parlamentares de Inquérito concomitantes (ADI 1.635/DF, rel. Min. Maurício Corrêa, j. 05.03.2004).
No tocante aos poderes, a CPI estadual e distrital também tem poderes semelhantes, podendo determinar inclusive a quebra de sigilo bancário, uma vez ser inerente ao exercício da investigação, sob pena de esvaziar a efetividade da comissão (ACO 730/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 22.09.2004; MS 29.046/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ 08.11.2011).
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
2.4.5 CPI Municipal
Possibilidade criação de CPI municipal pela Câmara dos Vereadores, disciplinado em Lei Orgânica municipal.
A divergência paira sobre o poder ou não de as CPIs municipais quebrarem o sigilo bancário. Alguns doutrinadores apontam sua possibilidade (Marcelo Alexandrino e Vivente de Paulo), outros sustentam impossibilidade (Eugênio Pacelli).
Qual a solução?
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CASAS DO CONGRESSO
R= Inclina-se para a segunda posição, entendimento já exposto pelo Ministro Joaquim Barbosa, que ao proferir seu voto na ACO 730 lembrou: “Essa transferência de poderes jurisdicionais não se pode dar no âmbito do Município, exatamente porque o Município não dispõe de jurisdição nem de poder jurisdicional, a transferir, na área da CPI, do Judiciário ao Legislativo”.
O que o Ministro quis dizer é que o federalismo brasileiro é assimétrico. Os Municípios não possuem os mesmos poderes dos Estados, não possuindo, v.g., Poder Judiciário. Se não há Judiciário, não se pode falar em poder próprio das autoridades judiciais em nível municipal.
ATÉ A PRÓXIMA AULA!!!

Continue navegando