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Poder Legislativo Profª. Drª. Maíra de Paula Barreto Miranda BIBLIOGRAFIA: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 25ª ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2021. PUCCINELLI JR., André. Curso de Direito Constitucional. 3ª. ed., São Paulo: Saraiva, 2013. SARLET, Ingo Wolgang et al. Curso de Direito Constitucional. 10ª. ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2021. Funções do Poder Legislativo • O Poder Legisla-vo, na sociedade contemporânea, exerce diversas funções, como a cons-tuinte, a legisla-va, a fiscalizadora, a inves-ga-va e a julgadora. • CONSTITUINTE: (CF, art. 60), o Poder Legisla-vo produz normas cons-tucionais. O projeto de emenda cons-tucional deve ser aprovado por três quintos dos votos duas vezes na Câmara dos Deputados e duas no Senado Federal. Funções do Poder Legislativo • LEGISLATIVA: cria o direito infracons,tucional, elaborando e aprovando projetos de leis complementares e de leis ordinárias. Nesse sen,do, atua em conjunto com o chefe do Poder Execu,vo, que par,cipa com a sanção, a promulgação e a publicação da lei. • FISCALIZADORA: Fiscaliza as a,vidades do Poder Execu,vo e os atos administra,vos do Poder Judiciário e do próprio Poder Legisla,vo. Nessa tarefa, conta com o auxílio do Tribunal de Contas da União (art. 70). No exercício da função fiscalizadora, os parlamentares têm independência e são protegidos pela inviolabilidade, por suas opiniões, palavras e votos (art. 53). Funções do Poder Legislativo • INVESTIGATIVA: Inves,ga atos do Poder Execu,vo e atos administra,vos do Poder Judiciário e do próprio Poder Legisla,vo. O principal instrumento de inves,gação são as comissões parlamentares de inquérito, as quais podem ser instaladas na Câmara dos Deputados, no Senado Federal ou no Congresso Nacional (CPI mista), sempre para apurar fato determinado, tendo em vista o interesse público. Funções do Poder Legislativo • JULGADORA: processo de impeachment. O SF, após a autorização da CD, processa e julga o presidente e o vice-presidente da República, nos crimes de responsabilidade, e os ministros de Estado, os comandantes da Marinha, do Exército e da AeronáuIca nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; também processa e julga, mas sem autorização da CD, os ministros do STF, os membros do Conselho Nacional de JusIça, os membros do Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União nos crimes de responsabilidade (arts. 51, inciso I, e 52, incisos I e II). ESTRUTURA E ORGANIZAÇAAO • Estruturado e organizado pela Cons,tuição Federal, é exercido pelo Congresso Nacional, o qual é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (art. 44). Cada Casa Legisla,va tem uma Diretoria própria, bem como a previsão de Comissões Parlamentares. O Tribunal de Contas da União é órgão auxiliar do Congresso Nacional. • h[ps://evc.camara.leg.br/site/1847/o-que-e-poder- legisla,vo/ https://evc.camara.leg.br/site/1847/o-que-e-poder-legislativo/ CONGRESSO NACIONAL • O Poder Legisla8vo brasileiro é exercido pelo Congresso Nacional, o qual tem a atribuição cons8tucional para legislar sobre todas as matérias de competência da União (art. 48). Compõe-se da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, o que revela que o sistema legisla8vo é bicameral. Art. 49 CF competência exclusiva do CN. CA=MARA DOS DEPUTADOS • A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo. São os deputados federais, eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal (art. 45). • O número total de deputados federais é fixado por lei complementar, levando-se em consideração a população de cada Estado, de cada Território e do Distrito Federal. Nesse senIdo, a Câmara dos Deputados, composta por 513 deputados federais, terá o mínimo de oito e o máximo de setenta representantes de cada Estado. O Distrito Federal tem oito deputados federais. • h"ps://www.youtube.com/watch?v=cAYgNAd77YA https://www.youtube.com/watch?v=cAYgNAd77YA • O subsídio (remuneração bruta mensal) do deputado federal é de 1. I - R$ 39.293,32 (trinta e nove mil duzentos e noventa e três reais e trinta e dois centavos), a partir de 1º de janeiro de 2023; 2. II - R$ 41.650,92 (quarenta e um mil seiscentos e cinquenta reais e noventa e dois centavos), a partir de 1º de abril de 2023; 3. III - R$ 44.008,52 (quarenta e quatro mil e oito reais e cinquenta e dois centavos), a partir de 1º de fevereiro de 2024; 4. IV - R$ 46.366,19 (quarenta e seis mil trezentos e sessenta e seis reais e dezenove centavos), a partir de 1º de fevereiro de 2025. (Decreto Legislativo 172/2022). • De acordo com a Constituição Federal, o valor do subsídio é o mesmo para deputados federais e senadores (Art. 49, inciso VII). • O pagamento da remuneração mensal leva em conta o comparecimento do deputado às sessões deliberativas do Plenário (Ato da Mesa 67/1997), ou seja, a ausência não justificada a uma sessão deliberativa acarreta desconto no salário. https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/2022/decretolegislativo-172-21-dezembro-2022-793529-publicacaooriginal-166604-pl.html https://www2.camara.leg.br/legin/int/atomes/1997/atodamesa-67-24-junho-1997-321544-norma-cd-mesa.html • Requisitos para a candidatura dos Deputados Federais: • ■ brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3.º, I) – a exigência de ser brasileiro nato é apenas para ocupar a presidência daquela Casa, consoante estabelece o art. 12, § 3.º, II; • ■maior de 21 anos (art. 14, § 3.º, VI, “c”); • ■ pleno exercício dos direitos políYcos (art. 14, § 3.º, II); • ■ alistamento eleitoral (art. 14, § 3.º, III); • ■ domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3.º, IV); • ■ filiação parYdária (art. 14, § 3.º, V). SENADO FEDERAL • Embora possa exisYr em Estado unitário, o Senado é uma insYtuição `pica do Estado federal. Nesse Ypo de Estado, os senadores representam os Estados federados e, também, o Distrito Federal. • Em face do princípio da igualdade jurídica entre os membros do pacto federaYvo, cada Estado federado e o Distrito Federal têm igual representação no Senado: são três senadores, com dois suplentes cada, eleitos pelo sistema majoritário, para exercerem mandato de oito anos. Tal representação será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços (art. 46, §§ 1º, 2º e 3º). • Requisitos para a candidatura dos Senadores • ■ brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3.º, I) - a exigência de ser brasileiro nato é apenas para ocupar a presidência daquela Casa, conforme estabelece o art. 12, § 3.º, III; • ■maior de 35 anos (art. 14, § 3.º, VI, “a”); • ■ pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3.º, II); • ■ alistamento eleitoral (art. 14, § 3.º, III); • ■ domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3.º, IV); • ■ filiação partidária (art. 14, § 3.º, V). MESAS DIRETORAS • Cada Casa Legisla+va tem administração própria. Assim, há mesas diretoras da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional, com os respec+vos cargos e as atribuições previstas no respec+vo regimento interno de cada Casa Legisla+va e na Cons+tuição Federal. • As reuniões das Casas Legisla+vas serão realizadas de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. São os dois períodos que compõem a sessão legisla+va (art. 57, caput). • a Mesa Diretora responde oficialmente por todos os atos polí+cos e administra+vos da Casa. É esse grupo que define, por exemplo, quais assuntos serão votados e quanto pode ser gasto pela Casa na contratação de servidores e na compra de equipamentos, por exemplo. MESAS DIRETORAS • A Mesa é formada por 7 deputados, eleitos pelos parlamentares para um mandato de 2 anos. Uma de suas tarefas é promulgar (publicar oficialmente) emendas à Cons8tuição, juntamente com a Mesa Diretora do Senado Federal. Os integrantes da Mesa são impedidos de ocupar outros cargos na Câmara, como lideranças par8dárias e direção de comissões. • O presidente é o principal representante. Ele assume temporariamenteo comando do País na ausência do presidente da República e do vice. Além disso, ele decide a pauta do Plenário, preside as sessões, resolve quais projetos vão ser votados no Plenário e as propostas que vão para a gaveta, além de determinar a criação de CPIs, ou o seu arquivamento. Também é ele quem encaminha ou engaveta pedidos de impeachment. • h_ps://www.youtube.com/watch?v=VDuHJZATR5A • h_ps://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/mesa • h_ps://legis.senado.leg.br/comissoes/composicao_comissao?codcol =1616 • h_ps://www25.senado.leg.br/web/senadores/comissao-diretora https://www.youtube.com/watch?v=VDuHJZATR5A https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/mesa https://legis.senado.leg.br/comissoes/composicao_comissao?codcol=1616 https://www25.senado.leg.br/web/senadores/comissao-diretora Comissões Parlamentares • São órgãos representaYvos do Poder LegislaYvo, existentes na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e no Congresso Nacional. Exercem funções previstas na CF e nos respecYvos regimentos internos. Tendo em vista as matérias de sua competência, cabe a elas: • a) discu+r e votar projeto de lei que dispensar a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; • b) realizar audiências públicas com en+dades da sociedade civil; • c) convocar ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; Comissões Parlamentares • c) receber peYções, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou enYdades públicas; • d) solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; • e) apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emiYr parecer (art. 58, § 2º). • Há várias espécies de comissões parlamentares. A CF prevê, de modo expresso, a existência de comissões permanentes e temporárias (art. 58). Comissões Parlamentares • COMISSÕES PERMANENTES: As comissões permanentes, segundo José Afonso da Silva, são “As que subsistem através das legislaturas; são organizadas em função da matéria, geralmente coincidente com o campo funcional dos Ministérios”. Tais comissões existem tanto na Câmara quanto no Senado e integram a estrutura insYtucional da Casa LegislaYva à qual pertencem. Estão previstas na ConsYtuição Federal (art. 58) e nos regimentos internos das Casas LegislaYvas. Comissões Parlamentares • No Senado Federal, há 15 comissões permanentes: • a) de Assuntos Econômicos; • b) de Assuntos Sociais; • c) de ConsYtuição, JusYça e Cidadania; • d) de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e InformáYca; • e) de Direitos Humanos e Legislação ParYcipaYva; • f) Diretora do Senado Federal; • g) de Desenvolvimento Regional e Turismo • h) de Educação, Cultura e Esporte; • i) de Serviços de Infraestrutura; • j) de Meio Ambiente; • k) de Agricultura e Reforma Agrária; • l) de Relações Exteriores e Defesa Nacional; • m) Senado do Futuro; • n) de Segurança Pública; • o) de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor; Comissões Parlamentares • A Câmara dos Deputados tem, atualmente, 25 comissões permanentes: • a) de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; • b) de Ciência e Tecnologia, Comunicação e InformáYca; • c) de ConsYtuição e JusYça e de Cidadania; • d) de Cultura; • e) de Defesa do Consumidor; • f) de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e serviços; Comissões Parlamentares • g) de Desenvolvimento Urbano; • h) de Direitos da Mulher; • i) dos Direitos da Pessoa Idosa; • j) dos Direitos das Pessoas com Deficiência; • k) dos Direitos Humanos e Minorias; • l) de Educação; • m) do Esporte; • n) de Finanças e Tributação; • o) de Fiscalização Financeira e Controle; • p) de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia; Comissões Parlamentares • q) de Legislação ParYcipaYva; • r) de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; s) de Minas e Energia; • t) de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; • u) de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; • v) de Seguridade Social e Família; • w) de Trabalho, Administração e Serviço Público; • x) de Turismo; • y) de Viação e Transportes (RICD, art. 32). • h"ps://www.camara.leg.br/comissoes/comissoes- permanentes https://www.camara.leg.br/comissoes/comissoes-permanentes Comissões Parlamentares • COMISSÕES TEMPORÁRIAS: São órgãos técnicos, criados pelo Presidente da Câmara e, igualmente, cons8tuídas de deputados(as), nas seguintes situações: • Comissões Especiais - com a finalidade de emi8r pareceres sobre proposições em situações especiais (PEC, Códigos etc.) ou oferecer estudos sobre temas específicos; • Comissões Externas - para acompanhar assunto específico em localidade situada fora da sede da Câmara; • Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) - des8nadas a inves8gar fato determinado e por prazo certo. • Todas elas se ex8nguem ao final da legislatura em que são criadas, ou expirado o prazo fixado quando da sua criação ou, ainda, alcançada a sua finalidade. • As Comissões Temporárias ainda apreciam denúncias contra crimes de responsabilidade come8dos por Presidente da República, Vice- Presidente da República ou Ministro de Estado. • h_ps://www.camara.leg.br/comissoes/comissoes-temporarias https://www.camara.leg.br/comissoes/comissoes-temporarias Comissões Parlamentares • COMISSÕES MISTAS: São criadas no âmbito do Congresso Nacional e integradas por Deputados(as) e Senadores(as), podendo ser Permanentes ou Temporárias. Têm regras de criação e funcionamento definidas no Regimento Comum, à semelhança do que ocorre com as demais Comissões de cada uma das Casas. Exemplos: a) Permanentes: sobre mudanças climáYcas; b) Temporária: da Reforma Tributária, Comissão Mista de Medidas Provisórias etc. • h"ps://www.camara.leg.br/comissoes/comissoes-mistas Comissões Parlamentares • COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO: podem ser criadas na CD, no SF ou no CN. Sua criação exige a convergência de alguns requisitos: • a) requerimento assinado por, no mínimo, um terço dos membros da Casa LegislaYva • b) apuração de fato determinado; • c) prazo certo de duração; • d) interesse público da invesYgação • STF pode determinar abertura de CPI? Comissões Parlamentares • As CPIs podem ser instaladas por requerimento assinado por um terço dos parlamentares da Casa Legisla6va: deputados federais, na CD; senadores, no SF; deputados e senadores, no CN. Vale dizer, as CPIs somente serão criadas por requerimento de, no mínimo, 171 Deputados (1/3 de 513) e de, também, no mínimo, 27 Senadores (1/3 de 81), em conjunto ou separadamente. Não há necessidade de obter aprovação do Plenário da respec6va Casa Legisla6va, visto serem tais comissões um instrumento de inves6gação ao alcance das minorias. • O fato objeto da inves6gação deve estar especificado, de modo concreto, no requerimento de instauração. As CPIs, ao serem instaladas, têm de prever o tempo de duração. Podem ser prorrogadas. Tem de atuar em nome do interesse público. Comissões Parlamentares • CPIs na CD: • CPMI das Pirâmides Financeiras; • CPIs no SF: • CPI das ONGs • CPIs Mistas: • CPI de 8 de janeiro; • Lei 1579/52 dispõe sobre as CPIs: L1579 (planalto.gov.br) http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Leis/L1579.htm Comissões Parlamentares • Poderes inves6gatórios próprio das autoridades judiciais: é uma falta de técnica de redação. Nosso sistema é o acusatório. Juízes não inves6gam. Art. 3º, a, CPP. • Poderes instrutórios. As comissões parlamentares de inquérito têm amplos poderes para exercer suas a6vidades. Têm poderes para convocar autoridades, inclusive ministros de Estado; tomar seus respec6vos depoimentos; in6mar e inquirir testemunhas; in6mar e ouvir indiciados; requisitar de órgãos públicos informações ou documentos de qualquer natureza; requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de inspeções e auditorias; realizar diligências que entender necessárias; postular em juízo; e sugeririnovação legisla6va. • a CPI, contudo, deverá respeitar, retome-se, o direito ao silêncio do inves8gado ou indiciado, que poderá deixar de responder às perguntas que possam incriminá-lo. Tem o direito de só responder ao que per8ne ao fato inves8gado. Comissões Parlamentares • Consoante já decidiu o STF, a CPI pode, por autoridade própria, ou seja, sem a necessidade de qualquer intervenção judicial, sempre por decisão fundamentada e mo8vada, observadas todas as formalidades legais, determinar: • quebra do sigilo fiscal; • quebra do sigilo bancário; • quebra do sigilo de dados; neste úl4mo caso, destaque-se o sigilo dos dados telefônicos. • Explicitando esse úl8mo ponto, conforme se destaca abaixo, dentro da ideia de postulado de reserva cons8tucional de jurisdição, o que a CPI não tem competência é para quebra do sigilo da comunicação telefônica (interceptação telefônica). Tampouco tem competencia para busca e apreensão domiciliar, prisão (salvo em flagrante), etc. • No entanto, pode a CPI requerer a quebra de registros telefônicos pretéritos, ou seja, com quem o inves8gado falou durante determinado período pretérito. Comissões Parlamentares • Deve-se consignar que o princípio da separação de poderes serve de baliza e limitação material para a atuação parlamentar e, nesse senYdo, a CPI não tem poderes para invesYgar atos de conteúdo jurisdicional, não podendo, portanto, rever os fundamentos de uma sentença judicial. • a CPI não poderá praYcar determinados atos de jurisdição atribuídos exclusivamente ao Poder Judiciário, vale dizer, atos propriamente jurisdicionais reservados à primeira e úlYma palavra dos magistrados, não podendo a CPI neles adentrar, destacando-se a impossibilidade de: Comissões Parlamentares • diligência de busca domiciliar: a busca domiciliar, nos termos do art. 5.º, XI, da CF, verificar-se-á com o consenYmento do morador, sendo que, na sua falta, ninguém poderá adentrar na casa, asilo inviolável, salvo em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, durante o dia ou à noite, mas, durante o dia, somente por determinação judicial, não podendo a CPI tomar para si essa competência, que é reservada ao Poder Judiciário; Comissões Parlamentares • quebra do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica): de acordo com o art. 5.º, XII, a quebra do sigilo telefônico somente poderá ser verificada por ordem judicial (e não da CPI ou qualquer outro órgão), para fins de inves+gação criminal ou instrução processual penal; • ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito, por exemplo, por crime de falso testemunho (STF, HC 75.287-0, DJ de 30.04.1997, p. 16302): isso porque a regra geral sobre a prisão prevista no art. 5.º, LXI, determina que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária (e não CPI) competente. • “O princípio da colegialidade traduz diretriz de fundamental importância na regência das deliberações tomadas por qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, notadamente quando esta, no desempenho de sua competência inves6gatória, ordena a adoção de medidas restri6vas de direitos, como aquelas que importam na revelação (‘disclosure’) das operações financeiras a6vas e passivas de qualquer pessoa. A legi6midade do ato de quebra do sigilo bancário, além de supor a plena adequação de tal medida ao que prescreve a Cons6tuição, deriva da necessidade de a providência em causa respeitar, quanto à sua adoção e efe6vação, o princípio da colegialidade, sob pena de essa deliberação reputar-se nula” (MS 24.817, Rel. Min. Celso de Mello, j. 03.02.2005, Plenário, DJE de 06.11.2009). • “as deliberações de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, à semelhança do que também ocorre com as decisões judiciais (RTJ 140/514), quando des6tuídas de mo.vação, mostram-se írritas e despojadas de eficácia jurídica, pois nenhuma medida restri6va de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem que o ato que a decreta seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal” (MS 23.452/RJ, DJ de 12.05.2000, p. 20). • CPI tem que respeitar o pacto federa6vo. As assembleias legisla6vas e as câmaras de vereadores também podem fazer CPIs. • Numa inves6gação, não se pode constranger as pessoas. Vedação ao tratamento desumano e degradante. • O relatório final, em si, da CPI, só é enviado aos órgãos competentes, mas não tem efeitos em si e não vincula os órgãos. O relatório não indicia. Imunidades Parlamentares • Imunidades parlamentares são prerroga6vas inerentes à função parlamentar, garan6doras do exercício do mandato, com plena liberdade. Não se trata de direito pessoal ou subje6vo do Parlamentar, na medida em que, como se disse, decorre do efe6vo exercício da função parlamentar. Assim, não podemos confundir prerroga6va com privilégio. • Reforçam a democracia, uma vez que os parlamentares podem livremente expressar suas opiniões, palavras e votos, bem como estar garan6dos contra prisões arbitrárias, ou mesmo rivalidades polí6cas. Imunidades Parlamentares • É necessário disYnguir, por outro lado, imunidade material (inviolabilidade), duradoura no tempo, de imunidade processual (improcessabilidade), que é temporária. • Referidas prerrogaYvas dividem-se em dois Ypos: • a) imunidade material, real ou substanYva (também denominada inviolabilidade), implicando a exclusão da práYca de crime, bem como a inviolabilidade civil, pelas opiniões, palavras e votos dos parlamentares (art. 53, caput); • b) imunidade processual, formal ou adjeYva, trazendo regras sobre prisão e processo criminal dos parlamentares (art. 53, §§ 2.º a 5.º, da CF/88). Imunidades Parlamentares • Prevista no art. 53, caput, a imunidade material garante que os parlamentares federais são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, desde que proferidos em razão de suas funções parlamentares, no exercício e relacionados ao mandato (trata-se de manifestações que possuem nexo de causalidade com a aYvidade parlamentar), não se restringindo ao âmbito do Congresso Nacional. Assim, mesmo que um parlamentar esteja fora do Congresso Nacional, mas exercendo sua função parlamentar federal, em qualquer lugar do território nacional estará resguardado, não praYcando qualquer crime por sua opinião, palavra ou voto. Imunidades Parlamentares • Essa espécie de garan+a abrange, outrossim, os atos da esfera civil. Se lesar alguém por suas opiniões, palavras ou votos, o parlamentar não poderá ser condenado a indenizar o dano. • Registre-se que a imunidade material tem o obje+vo de garan+r a independência do Poder Legisla+vo, proporcionar o livre exercício do mandato parlamentar e fortalecer o regime democrá+co. • É possível que determinado comportamento esteja acobertado pela imunidade material (criminal) mas que, por outro lado, caracterize-se como abuso de prerroga+va e, assim, venha a ensejar, no âmbito da Casa Legisla+va, a perda do mandato por quebra de decoro parlamentar (art. 55, II). Imunidades Parlamentares • A imunidade formal ou processual está relacionada à prisão dos parlamentares, bem como ao processo a ser instaurado contra eles. Devemos, então, saber quando os parlamentares poderão ser presos, bem como se será possível instaurar processo contra eles. • A imunidade formal ou processual (improcessabilidade) diz respeito ao processo a ser instaurado para a invesIgação de crime praIcado por parlamentar, em decorrência de ato estranho ao exercício do mandato (art. 53, § 2º). Imunidades Parlamentares • A Emenda ConsItucional 35, de 20 de dezembro de 2001, tornou a imunidade processual relaIva. Nesse contexto, quando receber a denúncia contra senador ou deputado federal, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à respecIva Casa LegislaIva. Esta, por iniciaIva de parIdo políIco nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, poderá sustar o andamento da ação (art. 53, § 3º). Não havendo a sustação, o parlamentar seráprocessado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Imunidades Parlamentares • Registre-se, por outro lado, que a ConsYtuição Federal assegura ao deputado federal e ao senador o direito de não serem presos, a parYr do momento em que tenham sido diplomados até o encerramento do mandato, seja qual for o moYvo. A regra, no entanto, comporta uma exceção. Tratando-se de flagrante lavrado pela práYca de crime inafianç̧ável, os autos deverão ser remeYdos, dentro de vinte e quatro horas, ao Senado, se o preso for senador; ou à Câmara dos Deputados, se for deputado federal. Na respecYva Casa LegislaYva, os parlamentares, por maioria absoluta de votos, irão resolver sobre a prisão (art. 53, § 2º). • Não se caracterizando a hipótese de prisão processual ou cautelar, a única forma de prisão do parlamentar será em razão de sentença penal transitada em julgado e contra a qual não caibam mais recursos; Prerrogativa de foro e perda do mandato • Deputados e senadores, a par,r do momento da expedição do diploma, passam a ter prerroga,va de foro, ou seja, somente podem ser processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal (art. 53, § 1º). • O art. 15 da Cons-tuição Federal trata da perda e da suspensão de direitos polí-cos. O art. 55 cuida da perda do mandato de deputado federal e de senador. • prisão em caso de sentença judicial transitada em julgado (STF): evoluindo a decisão proferida no julgamento do “mensalão”, AP 470 (decisões em 17 e 21.12.2012), pela qual se reconhecia a perda automá6ca do mandato (art. 15, III), o STF, em momento seguinte (08.08.2013), no julgamento da AP 565, passou a estabelecer que a perda do mandato de parlamentar condenado não é automá6ca, devendo ser observada a regra do art. 55, § 2.º, CF/88. • Aos Deputados Estaduais (cf. art. 27, § 1.º) serão aplicadas as mesmas regras previstas na Cons8tuição Federal sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Todo esse entendimento deve ser aplicado em relação aos Deputados Distritais, na medida em que o art. 32, § 3.º, CF/88 determina a aplicação das regras do art. 27. • De acordo com o art. 29, VIII, os Municípios reger-se-ão por lei orgânica, que deverá obedecer, dentre outras regras, à da inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Ou seja, o Vereador Municipal somente terá imunidade material (excluindo-se a responsabilidade penal e a civil), desde que o ato tenha sido pra8cado in officio ou propter officium (devendo haver, assim, per8nência com o exercício do mandato) e na circunscrição municipal, não lhe tendo sido atribuída a imunidade formal ou processual. Incompatibilidades • A Cons+tuição Federal proíbe deputados federais e senadores de pra+carem vários atos incompajveis com o mandato que exercem. Algumas incompa+bilidades incidem desde a diplomação do eleito; outras passam a valer a par+r do momento em que ele toma posse. José Afonso da Silva classifica tais incompa+bilidades em funcionais, negociais, polí+cas e profissionais. • Os deputados federais e os senadores estão impedidos, desde a expedição do diploma, de aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou concessionária de serviço público (art. 54, inciso I, alínea b). Incompatibilidades • Incompa(bilidades negociais: Deputados federais e senadores não poderão, desde a expedição do diploma, firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes (art. 54, inciso I, alínea a). • Incompa(bilidades profissionais: Os congressistas não poderão, desde a posse, ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou, nela, exercer função remunerada (art. 54, inciso II, alínea a). • Incompa(bilidades polí(cas: Tanto o deputado federal quanto o senador não podem, desde a posse, ser (tulares de mais de um cargo ou mandato público ele(vo (art. 54, inciso II, alínea d). Questões • 1. (OAB/103.º) O Poder Legisla6vo dos Estados é cons6tuído sob o regime: • a) bicameral; • b) unicameral; • c) pluricameral; • d) mul8cameral. Questões • 2. (MP/81.º) Marque, dentre as opções que se seguem, a que não contém afirma4va incorreta sobre as comissões parlamentares de inquérito: • a) possuem poderes de invesPgação próprios das autoridades judiciais e podem ser criadas mediante requerimento de qualquer membro da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; • b) possuem poderes de invesPgação próprios das autoridades policiais e podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um quarto de seus membros; • c) possuem poderes de invesPgação próprios das autoridades judiciais e podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros; • d) podem ser criadas por determinação da presidência de qualquer das Casas do Congresso Nacional ou por requerimento de um quarto de seus membros para a apuração de fato determinado; • e) podem ser criadas, independentemente de requerimento de qualquer parlamentar, mediante determinação da Mesa de qualquer das Casas do Congresso Nacional, ou por solicitação do Presidente da República, para a apuração de fato determinado. Questões • 3. (OAB/111.º) As Comissões Parlamentares de Inquérito estão cons6tucionalmente autorizadas a: • a) determinar a prisão preven8va dos infratores, nos termos da lei processual penal, pois possuem os mesmos poderes da autoridade judicial; • b) solicitar o depoimento de qualquer autoridade ou cidadão, pois possuem os mesmos poderes inves8gatórios da autoridade judicial; • c) determinar a quebra de sigilo bancário, pois possuem os mesmos poderes inves8gatórios da autoridade policial; • d) promover a responsabilização civil e criminal dos infratores. Questões • 4. (Promotor de Jus.ça/TO — CESPE/UnB/2012) Assinale a opção correta com referência às CPIs: • a) A testemunha ou indiciado, quando convocado, não é obrigado a comparecer à CPI e não precisa responder às perguntas que possam incriminá-lo, em razão do seu direito cons.tucional ao silêncio e a não autoincriminação. • b) O princípio da colegialidade traduz diretriz de fundamental importância na regência das deliberações tomadas por qualquer CPI, notadamente quando esta, no desempenho de sua competência inves.gatória, ordena a adoção de medidas restri.vas de direitos, como aquelas que impliquem a revelação das operações financeiras a.vas e passivas de qualquer pessoa. • c) Por cons.tuírem exercício da função polí.co-administra.va do Poder Legisla.vo, as CPIs, mediante decisões fundamentadas, podem impor sanções administra.vas aos infratores. • d) É vedada a ampliação da atuação de CPI para além da finalidade para a qual ela tenha sido criada, ainda que sejam descobertos elementos novos não previstos originariamente no ato de instauração dessa CPI. • e) Insere-se na competência da CPI a determinação da quebra de sigilo da comunicação telefônica, sendo-lhe vedado, no entanto, requerer a quebra de registros telefônicos pretéritos, isto é, a lista de ligações efetuadas e recebidas pelo inves.gado durante determinado período de tempo já transcorrido.
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