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Trabalho Ética - Tópicos 5 e 6 (2º Semestre - Psicologia UNIP)

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Em 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) em uma assembleia geral, realizada em Paris, instaurou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Portanto, três anos após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, a tentativa da Organização das Nações Unidas foi a de unificar os diretos e garantir a liberdade a todos os cidadãos, independente do lugar no qual viviam, tentando atingir até mesmo as populações dos países que não eram membros de sua comissão. 
Após essa declaração, notou-se o aumento de estudos e ações humanitárias voltadas aos direitos garantidos a vida, segurança, saúde pública, saneamento básico, alimentação de qualidade, educação entre outros citados no documento. E pensando no âmbito da psicologia, estudar esses aspectos é essencial para entender e auxiliar no atendimento dos pacientes de qualquer viés. 
A psicologia quer aproveitar suas competências e se tornar acessível ao povo que está nas ruas, junto aos povos da terra, ao lado da homo afetividade, das crianças em situação de risco, com as populações em restrição de liberdade, com as pessoas aprisionadas; quer fortalecer a luta antimanicomial, discutir mídia e subjetividade para lutar pela democratização das comunicações, falar de informática e humanidade e almejar um mundo melhor sem grades. 
Segundo cartilha desenvolvida pela Comissão Nacional de Diretos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, o trabalho do psicólogo a cerca dos direitos humanos pode ser desenvolvido nas seguintes áreas: jurídica, clínica, educação, trabalho, saúde, prática da avaliação, atuação profissional e relações raciais. 
Nesse sentido, talvez a primeira empreitada seja a de voltar a nossa capacidade analítica exatamente para a focalização dos saberes e práticas dos psicólogos, de modo a verificar as suas inclinações, os seus compromissos e os seus comprometimentos. Até que ponto eles se identificam com a ampliação dos direitos e das autonomias dos sujeitos e dos grupos sociais e, até que ponto eles se colocam na contramão, suscitando o preconceito, patrocinando a discriminação e mantendo o status quo?	
Existiram teorias elitistas dispostas a higienizar e categorizar indivíduos, com exemplo do ramo educacional, onde as práticas de normatização eram usualmente inseridas nos colégios para tentar encaixar alunos aos padrões pré-estabelecidos. 
Diante disso, analisa-se a necessidade de a atuação do psicólogo ser em defesa dos direitos humanos, e que em sua neutralidade, siga as resoluções pautadas no Conselho Federal, tais como: 
Incentivar a reflexão e o debate sobre os direitos humanos inerentes à formação, à prática profissional e à pesquisa em psicologia; Estudar os múltiplos processos de exclusão enquanto fonte de produção de sofrimento mental, evidenciando não apenas seu modo de produção socioeconômico como também os efeitos psicológicos que constituem sua vertente subjetiva; Intervir em situações concretas onde existam violações dos direitos humanos que estejam produzindo sofrimento mental; Participar ativamente das lutas pela garantia dos direitos humanos na sociedade brasileira; Apoiar e prestar solidariedade aos movimentos nacionais e internacionais de direitos humanos; Intervir em situações em que ações do Estado ou de setores sociais específicos produzam algum tipo de sofrimento mental; Buscar soluções para a omissão de ações do Estado, especialmente relativas o sofrimento psíquico dos excluídos.
Em suma, o psicólogo deve estar preparado para ajudar e criar em seus pacientes o poder de reflexão acerca de compreenderem quais são seus direitos, e buscá-los. De forma profissional e concisa, orientá-los a transcender diante de situações adversas, nas quais os seus direitos sejam feridos. Na atualidade, com inúmeros casos de violência doméstica, racismo, homofobia entre outros, a atuação do psicólogo se faz essencial para que as vítimas desses ou outros tipos de violações dos diretos humanos sejam capazes de agir diante das adversidades sofridas. 
Mais de 70 anos após a Declaração Universal dos Direitos Humanos entrar em vigor, ainda encontramos retratos de desrespeito as populações ao redor do mundo. Destaca-se, nesse viés, países como China e África do Sul, onde parte de suas populações estão refugiados ou mantidos em campos de concentração. 
A China é um dos nomes habituais nos relatórios sobre desrespeito pelas vidas dos cidadãos. Este ano, a minoria uigure voltou a ser notícia. Entre um a três milhões de pessoas estão presas em campos de reeducação apenas porque são muçulmanas. Para além dos que estão detidos, os uigures em liberdade estão sujeitos a um sistema de vigilância que inclui câmeras colocadas em casas e bairros, redes de espiões locais, recolha de dados biométricos e tecnologias de reconhecimento de voz e rosto. Ainda na África, a situação na Eritreia é desconhecida por muitos. Conhecido como "a Coreia do Norte africana", o regime da Frente Popular por Democracia e Justiça não admite dissidências. Seis milhões de pessoas vivem num dos países mais pobres do mundo e é daqui que sai o maior número de refugiados do planeta. No país nunca houve eleições, não existe imprensa livre, ninguém pode circular entre cidades sem um visto e as fronteiras com os países vizinhos estão totalmente encerradas. 
Na contramão, e em minoria, países de “primeiro mundo” são exemplos dos cumprimentos de quase todos itens citados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com Índices de Desenvolvimento Humanos (IDH) altos, Noruega, Austrália, Suíça e Dinamarca, são destaque nos privilégios oferecidos a sua população. Atraindo cada vez mais pessoas em busca de melhores condições de trabalho, salários e qualidade de vida, esses países oferecem remuneração atrativa para profissões braçais como faxineiro e babá, fazendo com que profissionais qualificados se tornem imigrantes e trabalharem nessas funções. 
Mas é comum a frustração por parte dos imigrantes, pois ao chegar no país de destino, se deparam com moradias insalubres, cargas horárias de trabalho excessivas e condições desumanas de trabalho, fazendo com que a pessoa perca o investimento de viagem, além de ter seus direitos humanos e de qualidade de vida feridos, podendo desenvolver problemas psicológicos.
Possível conclusão: Em vista dos argumentos apresentados, analisamos que mesmo após quase 71 anos da Declaração dos Direitos Humanos, estamos longe das expectativas almejadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) perante a qualidade de vida para a maioria da população mundial. Em suma, o trabalho dos psicólogos vem na contramão das estatísticas para ajudar nessa constante evolução, dentro e fora de seu ambiente de trabalho, exercendo a conscientização dos populares acerca de uma possível melhora na qualidade de vida e consequentemente, a busca por novos ideias de bem-estar social, independentemente de seu contexto histórico, social, racional, cultural ou religioso. 
Jornal do Conselho Federal de Psicologia; Ano XIX; Número 85; Outubro 2006. 
Conselho Federal de Psicologia; Os Direitos Humanos na prática profissional do psicólogo; Brasília 2003; Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-ontent/uploads/2004/05/cartilha_dh.pdf>; Acesso em: 28 de Outubro de 2018.
TSF Rádio Notícias; O mundo ainda é um sítio perigoso. Os países onde os Direitos Humanos são uma miragem; 10 de dezembro de 2018; Disponível em: <https://www.tsf.pt/internacional/o-mundo-ainda-e-um-sitio-perigoso-os-sitios-onde-os-direitos-humanos-sao-uma-miragem-10290543.html>; Acesso em: 28 de Outubro de 2018. 
Conselho Federal de Psicologia; Dúvidas frequentes sobre o tema: Direitos Humanos; 1) O que é a Comissão de Direitos Humanos CFP (CDH-CFP); Disponível em: <https://site.cfp.org.br/contato/direitos-humanos/>; Acesso em: 28 de Outubro de 2018.

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