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Metodos de Pesquisa Aplicados a Gestão Pública

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MÉTODOS 
DE PESQUISA 
APLICADOS À 
GESTÃO PÚBLICA
Professor Dr. Éder Rodrigo Gimenes
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; GIMENES, Éder Rodrigo. 
 
 Métodos de Pesquisa Aplicados à Gestão Pública. Éder 
Rodrigo Gimenes.
 Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpressão 2020 
 224 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Métodos. 2. Pesquisa Aplicada. 3. Gestão Pública 4. EaD. I. 
Título.
ISBN 978-85-459-1776-2
CDD - 22 ed. 001.42
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Supervisão de Produção de Conteúdo
Nádila Toledo
Coordenador de Conteúdo
Eder Rodrigo Gimenes
Designer Educacional
Patrícia Ramos Peteck
Projeto Gráico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Arthur Murilo Heicheberg
Qualidade Textual
Jaqueline Mayumi Ikeda Loureiro
Ilustração
Bruno Pardinho
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e proissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando proissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou proissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desaios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação proissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
proissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
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Professor Dr. Éder Rodrigo Gimenes
Doutor em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC), com Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de 
Maringá (UEM). Segundo Líder do grupo de pesquisa “Cultura Política, 
Comportamento e Democracia” (UEM/CNPq), pesquisador do “Núcleo de 
Pesquisas em Participação Política” (NUPPOL - UEM). Professor permanente 
do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e colaborador do 
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UEM, docente dos 
cursos de Gestão Pública e de Gestão das Organizações do Terceiro Setor no 
Centro Universitário de Maringá (UniCesumar), com experiência no ensino 
presencial e à distancia para cursos de graduação e de pós-graduação e 
ministração de disciplinas sobre métodos e técnicas de pesquisa no curso de 
graduação em Gestão Pública e nos Programas de Pós-Graduação em Ciências 
Sociais e em Políticas Públicas. É autor de capítulos, de artigos publicados 
em periódicos nacionais e internacionais, do livro “Eleitores e partidos 
políticos na América Latina” e organizador das coletâneas “Participação 
política e democracia no Brasil contemporâneo”, “Comportamento político e 
opinião pública: estudos sobre Brasil e América Latina” e “Poder legislativo 
e cultura política: valores, atitudes, trajetória e comportamento político dos 
vereadores e vereadoras do Estado de Santa Catarina”. Atua também como 
parecerista junto a periódicos nacionais e internacionais, tem experiência 
na organização e análise de dados quantitativos e desenvolve pesquisas 
relacionadas a comportamento político e opinião pública, principalmente 
nos seguintes temas: atitudes e valores políticos, comportamento político, 
participação política e partidarismo. Desenvolve, ainda, cursos e atividades 
de extensão relacionados à metodologia quantitativa de análise de dados 
e atualmente cursa a Especialização em Docência no Ensino Superior: 
Tecnologias Educacionais e Inovação no UniCesumar.
Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/1358973527170925>.
SEJA BEM-VINDO(A)!
O campo da Gestão Pública é caracterizado por normas, leis, processos, sistemas de ges-
tão e um amplo conjunto de aspectos que remetem à burocracia. É também um campo 
que tem cada vez mais se pautado pela necessidade e pela recorrência de inovação.
Nesse contexto, aos proissionais que atuam na área cabe mais do que o desempenho 
de funções e atividades relacionadas à gestão pública, mas também o desenvolvimento 
de habilidades e conhecimentos que lhes permitam se tornarem analistas e pesquisa-
dores, uma vez que a realidade social se revela multifacetada, de modo que cabe aos 
gestorespúblicos o cuidado com recursos, demandas e políticas que atendam à popu-
lação e ao bem público.
Este material didático tem o objetivo de contribuir ao aprimoramento de tais habilida-
des, competências e conhecimentos, por meio da exposição de temáticas relacionadas 
aos métodos de pesquisa que podem ser utilizados no campo da Gestão Pública.
A obra em questão apresenta os diferentes métodos de pesquisa existentes, bem como 
técnicas que conformam aos métodos e, ainda, a perspectiva de estabelecimento de 
diálogos entre as diferentes maneiras de como as pesquisas podem ser estruturadas.
Para tanto, a primeira unidade de estudos trata do campo de atuação e de pesquisa em 
gestão pública e reúne elementos referentes ao conceito e à estrutura de pesquisa e às 
deinições de população, de censo e de amostragem.
As unidades seguintes se referem à apresentação de métodos e à discussão sobre téc-
nicas de pesquisa distintas, sendo que a segunda unidade do livro trata de aspectos 
qualitativos e a terceira unidade reúne elementos quantitativos de pesquisa. Para cada 
tema, há análises de exemplos e são oferecidas possibilidades de pesquisa.
A quarta unidade de estudo versa sobre a complexidade referente à realização de 
pesquisas, para que sejam apresentadas considerações a im de que futuros gestores 
públicos compreendam que métodos e técnicas de pesquisa podem ser utilizadas de 
maneira combinada ou conjunta. Nesse sentido, na referida unidade, são abordados as-
pectos sobre estudos de casos e sobre a triangulação de métodos e técnicas aplicadas 
ao âmbito da gestão pública.
Por im, a quinta unidade de estudos diz respeito a aspectos que tangenciam as pes-
quisas em gestão pública de modo geral, independentemente de métodos ou técnicas 
utilizadas, individualmente ou em conjunto. Nesse sentido, os tópicos apresentados di-
zem respeito a aspectos éticos gerais relacionados à gestão pública e especíicos com 
relação à realização de pesquisas e referentes à apresentação de resultados de pesquisa, 
com foco na construção de relatórios.
De modo geral, a expectativa deste material de estudos não é de formar especialistas 
em métodos e técnicas de pesquisas, mas de contribuir para que os gestores públicos 
em formação se tornem proissionais com peril que possibilite a investigação, uma vez 
que o conhecimento acerca de métodos e técnicas pode contribuir para a melhor per-
cepção dos proissionais quanto aos caminhos necessários e/ou adequados para a reso-
lução de questões ou problemas.
APRESENTAÇÃO
MÉTODOS DE PESQUISA APLICADOS À GESTÃO 
PÚBLICA
Assim, a própria disciplina é, se pensarmos no curso de Gestão Pública como um 
todo, parte de um caminho maior que conduzirá cada um à realidade social e prois-
sional futura. Que seja um caminho de desaios, mas também de construção cons-
tante de conhecimento!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
A PESQUISA
14 Introdução
15 O Campo de Atuação e de Pesquisa em Gestão Pública 
20 Conceito e Estrutura de Pesquisa 
29 População, Censo e Amostragem 
42 Considerações Finais 
49 Referências 
51 Gabarito 
UNIDADE II
O MÉTODO DE PESQUISA QUALITATIVA
54 Introdução
55 Conceito de Pesquisa Qualitativa 
64 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados Qualitativos 
78 Técnicas de Análise de Dados Qualitativos 
85 Considerações Finais 
92 Referências 
95 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
O MÉTODO DE PESQUISA QUANTITATIVA
98 Introdução
99 Conceito de Pesquisa Quantitativa 
106 Técnicas e Instrumento de Coleta de Dados Quantitativos 
124 Técnicas de Análise de Dados Quantitativos 
151 Considerações Finais 
158 Referências 
161 Gabarito 
UNIDADE IV
TRIANGULAÇÃO DE DADOS
164 Introdução
165 A Complexidade da Pesquisa 
169 Estudo de Caso 
174 Triangulação de Métodos na Gestão Pública 
184 Considerações Finais 
191 Referências 
193 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
TÓPICOS ESPECIAIS SOBRE A PESQUISA EM GESTÃO PÚBLICA
196 Introdução
197 Ética Proissional e na Pesquisa em Gestão Pública 
202 Relatórios de Pesquisas em Gestão Pública: Contexto e Referencial 
207 Relatórios de Pesquisas em Gestão Pública: Resultados e Conclusões 
216 Considerações Finais 
222 Referências 
223 Gabarito 
224 CONCLUSÃO
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Professor Dr. Éder Rodrigo Gimenes
A PESQUISA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer os campos em que os gestores públicos atuam e nos quais 
podem desenvolver pesquisas.
 ■ Compreender o que é e quais aspectos compõem uma pesquisa.
 ■ Desenvolver a percepção sobre tamanhos e potencialidades de 
investigação a partir da deinição dos objetos de análise.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O campo de atuação e de pesquisa em gestão pública
 ■ Conceito e estrutura de pesquisa
 ■ População, censo e amostragem
INTRODUÇÃO
Por que a pesquisa é importante na gestão pública? Como realizá-la?
Tais perguntas são centrais à primeira unidade de estudos desta disciplina. 
Nossa expectativa é de que possamos percorrer juntos o caminho que nos levará 
ao conhecimento necessário para responder essas questões e outras que serão 
destacadas nas próximas unidades de estudos.
Para tanto, nosso primeiro contato com a temática parte de uma aproxima-
ção entre os métodos de pesquisa e o campo de formação em que dialogamos. 
Nesse sentido, iniciamos esta unidade de estudos com esboços de possibilida-
des de campos em que os gestores públicos podem desenvolver pesquisas, com a 
inalidade de otimizar sua atuação proissional e de contribuir para a melhor uti-
lização de recursos públicos de ordem inanceira, humana, material e de tempo.
Na sequência, avançamos no sentido de dialogar de maneira mais efetiva 
sobre o universo da pesquisa, com vistas à compreensão do conceito, da estru-
tura e dos aspectos mais relevantes à sua realização, tendo sempre como objetivo 
aliar a explanação teórica com exemplos que ilustrem o debate.
Seguindo a mesma perspectiva, a terceira seção desta unidade de estudos 
se debruça sobre um dos aspectos mais relevantes à realização de pesquisas, 
de modo geral, que tem consequências relevantes quanto à sua observação no 
âmbito da gestão pública: o conjunto de casos que será considerado como objeto 
de análise da pesquisa. 
Tendo em vista que tal deinição inluencia não apenas a maneira como 
investigamos um problema ou situação, mas também o alcance e as possibilida-
des de melhorias de processos e/ou de resultados de políticas públicas, o gestor 
público precisa ter clareza sobre o que compõe uma população e uma amostra, 
a im de deinir a abordagem mais adequada a cada pesquisa.
Bons estudos!
Introdução
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IU N I D A D E16
O CAMPO DE ATUAÇÃO E DE PESQUISA EM GESTÃO 
PÚBLICA
A gestão pública compõe o campo de atuação, de conhecimento e de produ-
ção de pesquisas, cujos resultados têm capacidade de efetivação direta sobre a 
realidade social, uma vez que se trata do âmbito em que o Estado atua no desen-
volvimento de ações que podem contribuir para alterações positivas nas vidas 
dos indivíduos e na coletividade.
De acordo com Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008), um bom gestor público 
precisa ter conhecimento sobre sua área de atuação, bem como habilidades e 
competências que lhe permitam tomar decisões de maneira rápida e precisa. 
Para tanto, conhecer o ambiente em que desenvolve suas atividades e os esco-
pos e as temáticas a ele relacionados é essencial. A pesquisa em gestão pública 
encontra-se nesse contexto.
A realização de pesquisas no âmbito da gestão pública pode contemplar dis-
tintos objetivos e temas, assim como pode atender a diferentes públicos. Nesse 
sentido, faz-se importantedestacar as potencialidades da pesquisa na área antes 
de avançarmos, neste livro, na discussão acerca de métodos e técnicas de coleta 
e de análise de dados e informações.
O Campo de Atuação e de Pesquisa em Gestão Pública
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É relevante que os gestores públicos busquem o conhecimento daquilo que diz 
respeito ao seu campo de atuação. Para tanto, é preciso saber lidar com ques-
tões econômicas, jurídicas e administrativas ou organizacionais. Sobre aspectos 
econômicos, a realização de análises de conjuntura e de prospecção são centrais 
aos gestores públicos, os quais precisam ter em mãos, para a melhor tomada de 
decisões, dados e informações de ordem macro e microeconômica, como taxas 
e indicadores de desemprego, desempenho da economia, dívida pública e vul-
nerabilidade social, por exemplo.
No que tange ao campo da legislação, os fundamentos constitucionais das 
políticas públicas, da administração pública, da responsabilidade civil dos entes 
estatais e das relações estabelecidas no âmbito intergovernamental são relevan-
tes, assim como aspectos de ordem administrativa, organizacional e burocrática, 
como o conhecimento sobre debilidades e necessidades com relação ao conjunto 
de servidores, de serviços e de infraestrutura do ente público.
Outro foco de preocupação dos gestores públicos deve ser a consecução de 
sua atuação para além dos aspectos burocráticos, para que o conhecimento sobre 
o planejamento de ações que busquem uma gestão social e o desenvolvimento 
local sejam prementes. Compreender o que são e quais são os métodos de pla-
nejamento estratégico, seus instrumentos legais — Plano Plurianual (PPA), Lei 
de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Lei do Orçamento Anual (LOA) e a Lei de 
Responsabilidade Fiscal — que permitem avançar na qualiicação do trabalho dos 
gestores e nas competências dos órgãos públicos em que exercem suas atividades.
Todos os fatos, registros, estatísticas, fenômenos, processos ou percepções 
são considerados dados. As informações são dados organizados com vistas 
a responder especiicamente às questões de pesquisa. Ambos podem ser 
apurados em função da própria pesquisa (dados e informações primárias) 
ou ser coletados junto a publicações, dados oiciais ou outras fontes que 
coletaram-nos com outras inalidades (dados e informações secundárias)
Fonte: Antonio Carlos Gil .
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Pesquisar sobre como realizar o planejamento e a execução das ações, con-
tudo, supera o conhecimento acerca da legislação e deve ser construído sob a 
perspectiva do desenvolvimento territorial, uma vez que não são raros no Brasil 
os consórcios intermunicipais e entre esferas de governo para a consecução da 
gestão social. Em tal contexto, tem se destacado o debate sobre o empoderamento 
de comunidades e a expansão da visibilidade de pautas relacionadas a temas 
ambientais e de direitos de grupos especíicos, como mulheres, negros, indíge-
nas, homossexuais, deicientes e idosos, por exemplo. As relações entre Estado 
e formas de ação coletiva — associativismo, movimentos sociais e organizações 
da sociedade civil — também competem às pesquisas pelos gestores públicos.
Ademais, em sendo as políticas públicas os mecanismos por meio dos quais os 
direitos sociais previstos no texto constitucional se efetivam (GIMENES, 2018), 
a gestão pública deve atentar-se ao seu desenvolvimento e desempenho, uma vez 
que tais políticas contribuem para a realização do objeto do Estado em buscar 
o atendimento de coletividades no regime democrático. Assim, a avaliação das 
políticas públicas implementadas e a disseminação de informações são essen-
ciais ao mesmo propósito democrático.
O Campo de Atuação e de Pesquisa em Gestão Pública
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Nesses termos, estudos sobre a formação da agenda pública, os processos 
de tomadas de decisões e suas consequentes implementações e monitoramento 
também são objetos de pesquisa ao gestor público. Em outras palavras, signiica 
airmar que acompanhar os ciclos de políticas públicas e investigar necessidades 
e debilidades nas áreas dessas políticas demandam atuação ativa dos gestores.
Além da estrutura e das perspectivas de funcionamento do poder público, 
os gestores precisam, ainda, atentar-se aos desaios que se colocam ao seu tra-
balho, para o que a realização de pesquisas também contribui, uma vez que o 
conjunto de envolvidos nos processos oscila, em alguma medida, por conta da 
circulação de indivíduos que não pertencem à carreira pública, mas são nomea-
dos para cargos ou funções de acordo com o grupo político que ocupa os postos 
eletivos do Executivo e do Legislativo.
Para além do luxo de indivíduos, é preciso considerar também a luidez com 
que informações, técnicas e legislações são alteradas ou reformuladas, bem como 
ter em mente que a população tem se revelado cada vez mais ativa em termos 
de engajamento social, tendo em vista a expansão das instituições participati-
vas, como conselhos de políticas públicas, audiências públicas, conferências de 
políticas públicas, planos diretores e orçamentos participativos, por exemplo.
A internet e a disseminação de valores democráticos, ao longo dos anos, 
têm reforçado a necessidade, à gestão pública, de atuação em redes com outros 
entes estatais, de estabelecimento de parcerias com empresas e com organiza-
ções da sociedade social e de utilização do ciberespaço para uma gestão social 
responsável e transparente.
Por im, uma última temática para a realização de pesquisas no âmbito da 
gestão pública tem relação com o campo do ensino superior. Estudar, pesqui-
sar, discutir e apresentar propostas de otimização e adequação da gestão social 
à gestão pública é alvo de debates, para além do espaço burocrático tradicional 
em que se realiza a temática, de modo que muitos pesquisadores têm contribu-
ído ao avanço do conhecimento sobre a gestão pública a partir de pesquisas nas 
universidades e centros universitários.
Nesse sentido, destacam-se os cursos de graduação em gestão pública, admi-
nistração pública e políticas públicas, bem como programas de pós-graduação 
nessas mesmas áreas, tanto em modalidades acadêmicas quanto proissionais. As 
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pesquisas decorrentes de tais espaços investigam programas e políticas públicas, 
tanto com relação à sua composição quanto aos seus efeitos sobre a realidade 
social e seu papel e inluência na conformação da rede pública de atendimento 
às demandas da população.
Um exemplo que ilustra as pesquisas acadêmicas que tratam de gestão pública 
é a relação entre a ampliação do número de vagas ao ensino superior e as políti-
cas públicas que permitem o maior ingresso da população com condições sociais 
de menor privilégio. De um lado, tem-se programas e projetos, como o Exame 
Nacional do Ensino Médio (ENEM), o Sistema de Seleção Uniicada (SiSU) e 
as cotas sociais e raciais, que ampliam o acesso de estudantes à educação supe-
rior, assim como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e o Programa 
Universidade para Todos (PROUNI) para que estudantes com baixa renda pos-
sam inanciar ou mesmo cursar gratuitamente um curso de graduação. 
Por outro lado, há pesquisas realizadas no âmbito das instituições de ensino 
que recebem tais alunos, as quais investigam a qualidade da educação, os meca-
nismos que constrangem ou contribuem para a permanência dos estudantes 
beneiciados pelas mencionadaspolíticas públicas na universidade e a necessi-
dade de maior democratização da educação e de ampliação da capacitação da 
população (GIMENES, 2018).
É nesse contexto que este curso de graduação em Gestão Pública se insere. 
Nas próximas seções e unidades de estudo deste material didático, trataremos 
de aspectos relacionados à consecução de pesquisas, coleta e análises de dados, 
com vistas a atender as necessidades e temáticas aqui destacadas.
Que motivações os movem, enquanto gestor público em processo de for-
mação, a pesquisar soluções para determinadas demandas ou problemas 
que se colocam a sua atuação no âmbito do Estado?
Conceito e Estrutura de Pesquisa
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CONCEITO E ESTRUTURA DE PESQUISA
Tendo em vista a relevância e a diversidade de possibilidades e perspectivas à rea-
lização de pesquisas no campo da gestão pública, é preciso compreender quais 
são os elementos que permeiam sua elaboração. Nesse sentido, a presente seção 
trata de tipos de conhecimento, da deinição de pesquisa, da relação estabele-
cida entre problema e objetivo, da deinição de dados e de informações e dos 
elementos que nos permitem construir cenários para planejar e executar ações 
de gestão social e de políticas públicas.
Em se tratando dos tipos de conhecimento, há duas classiicações recorren-
tes. A primeira diz respeito ao conhecimento de modo geral, enquanto a segunda 
refere-se especiicamente à classiicação do conhecimento no âmbito da gestão.
Com relação à primeira classiicação, Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 
19) airmam que
as principais formas especíicas de conhecimento atualmente reconhe-
cidas são relexos das várias fases da evolução da vida em sociedade e 
da própria humanidade, das formas de concepção da realidade e de 
entendimento na busca da verdade.
Nesse sentido, os referidos autores se iliam a Lakatos e Marconi (1991) em sua 
classiicação de tipos de conhecimento, quais sejam: popular, religioso, ilosóico 
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e cientíico. O tipo que podemos denominar como mais simples ou menos com-
plexo seria o conhecimento popular, também denominado empírico, vulgar ou 
o senso comum, que consistiria no conjunto de crenças e informações que acu-
mulamos ao longo da vida, sem preocupação direta com atos relexivos ou com 
investigações.
O conhecimento religioso ou teológico tem como premissa a busca por ver-
dades absolutas, que seriam aquelas que somente a fé seria capaz de explicar. Tal 
conhecimento não seria passível de veriicação, uma vez que a religião seria sua 
explicação, de modo que, levado ao limite, haveria o argumento de que os valo-
res religiosos são incontestáveis.
O conhecimento ilosóico tem como premissa a relação do homem com seu 
cotidiano, analisada sob a perspectiva crítica e relexiva, porém sem preocupação 
com a efetivação dessa relação, o que signiica que é um tipo de conhecimento 
que considera especulações da relação entre o homem e seu cotidiano, sem pre-
ocupação com veriicar como essa relação, de fato, ocorre.
Por im, o conhecimento cientíico destoa dos demais tipos por conta de sua 
caracterização como falível, real e veriicável. É um tipo de conhecimento que 
emerge a partir de dúvidas e que pode ser comprovado concretamente, já que é 
passível de investigação, veriicação e replicação por meio de métodos e técni-
cas de coleta de dados, de análise e de interpretação de resultados.
Na prática, esses tipos de conhecimento não necessariamente são veriicáveis 
de maneira completamente desconexa, o que signiica que em vários momentos 
podemos nos deparar com situações em que aspectos do senso comum, religio-
sos ou ilosóicos e cientíicos são mobilizados para explicar algum fenômeno 
ou processo político, social ou cultural.
A discussão, contudo, que propomos nesta disciplina, se insere no contexto 
da formação educacional de nível superior, a qual está circunscrita no campo de 
estudos cientíicos e nos conduz a discutir a gestão pública e as potencialidades 
de otimização da atuação de seus agentes sob a perspectiva cientíica.
Para tanto, nosso foco recai sobre a pesquisa e sobre como sua realização 
pode contribuir para alterar a realidade social em que os gestores sociais desen-
volvem sua atividade proissional, uma vez que autores como Demo (1993), 
Minayo (1994), Cervo e Bervian (2002) e Gil (2008) deinem pesquisa como 
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atividade básica da ciência, que se desenvolve pela indagação e pela descoberta 
da realidade.
De acordo com Demo (1993, p. 128), “pesquisa signiica o diálogo crítico e 
criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de 
intervenção [...]”, ou seja, a pesquisa diz respeito às atividades que são realizadas 
com o objetivo de solucionar problemas, sejam de ordem teórica ou prática, com 
o emprego de métodos cientíicos. Para realizar tal intento, Teixeira, Zamberlan 
e Rasia (2008) airmam que são utilizados métodos de pesquisa — dedutivo, 
indutivo, hipotético-dedutivo, fenomenológico e dialético —, os quais descre-
vem de maneira sucinta.
Proposto por autores racionalistas, como René Descartes, Baruch Spinoza 
e Gottfried Wilhelm Leibniz, o método dedutivo parte do pressuposto de que 
somente a razão seria capaz de nos conduzir ao conhecimento verdadeiro e 
busca explicar o que constituiria a verdade a partir de raciocínios organizados 
em uma cadeia (ou seja, com relações) lógica e descendente, tendo como início 
um aspecto geral e avanços no sentido de aspectos mais especíicos ou particu-
lares, até que seja atingida uma conclusão.
Por sua vez, o método indutivo tem estrutura de composição inversa, pois parte-
-se de elementos especíicos ou particulares para a interpretação daquilo que seria 
geral. Nesse sentido, autores empiristas como Francis Bacon, homas Hobbes, 
John Locke e David Hume defenderam que o conhecimento seria fundamentado 
nas experiências, sem considerar princípios pré-estabelecidos, o que signiica 
que, para tais pensadores, a generalização seria resultado de constatações parti-
culares e derivaria da observação de casos da realidade concreta.
O silogismo remete a uma construção lógica na qual, a partir de duas pre-
missas com grau de generalidade ou especiicidade distinta, é possível che-
gar a uma conclusão, por meio do estabelecimento de uma relação lógica 
entre as premissas anteriores.
Fonte: o autor.
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O método hipotético-dedutivo, também conhecido como positivista, tem 
em Karl Popper seu principal autor, que defendia uma perspectiva de realiza-
ção de pesquisas a partir de testes de hipóteses. Segundo tal método, diante de 
determinado problema ou questão, são formuladas hipóteses sobre como supe-
rar a situação, a partir das quais testa-se suas eventuais consequências a im de 
conirmá-las ou refutá-las.
Segundo Figueiredo Filho et al. (2013), o positivismo pode ser deinido por 
sua busca pela generalização ou pelo estabelecimento de explicações que res-
pondam à complexidade da realidade social de maneira objetiva. Nesse sentido, 
Della Porta e Keating (2008, p. 23) expõem que, para o método positivista, “[...] 
o mundo existe de forma objetiva, de forma independente do pesquisador, sendo 
possível conhecer integralmente a realidade. O objetivo do pesquisador é des-
crever e analisar essa realidade [...]”.
Assim, o método hipotético-dedutivo busca, ao mesmo tempo, arefutação 
de hipóteses ou soluções possíveis para um problema e também a produção de 
explicações generalizáveis ou completas sobre os problemas, de modo que é pau-
tado pela ideia de falseabilidade de hipóteses, ou seja, de testar se determinada 
consequência possível é falsa para os casos analisados e, a partir deles, tratar tal 
hipótese como falsa para os demais.
Pautada por uma construção de raciocínio totalmente distinta dos demais 
métodos apresentados anteriormente, a fenomenologia — que tem em Edmund 
Husserl seu principal expoente — tem preocupação com a descrição da experiên-
cia, situação ou fenômeno tal como se apresenta. A premissa do método é de que 
a realidade não é única, mas, ao contrário, tão múltipla ou multifacetada quanto 
forem as interpretações, as compreensões, as comunicações e as relações huma-
nas, já que o conhecimento é conformado pelos indivíduos e suas interações.
Por im, o último método destacado é o dialético, fundamentado na teoria 
de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que se apresenta como método de interpre-
tação dinâmica da realidade, que consistiria em uma sequência de contradições 
(nas palavras de Hegel, mas que podemos pensar como situações-problema), 
que geram novos pensamentos e outras contradições, as quais passam a reque-
rer soluções. Tendo em vista que tais contradições não ocorreriam em um vácuo, 
teriam que ser considerados sempre os aspectos que inluenciam uma situação, 
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ou seja, aspectos que podem ser de natureza social, política, econômica, cultu-
ral, ambiental, tecnológica etc.
De acordo com Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 29),
na sua função de desvendar, os métodos não estão sozinhos, eles têm 
sido apoiados em seus principais passos por técnicas ou procedimen-
tos cientíicos reconhecidos como instrumentos, ou seja, os meios ou 
táticas para assegurar que a investigação (descoberta, aprendizado, so-
luções, invenção) seja bem realizada e seus resultados reconhecidos.
Assim, conhecidos os distintos métodos que podem ser considerados para a reali-
zação de uma pesquisa, é possível avançar ao entendimento de que, à medida que 
se desenvolvem o conhecimento e os problemas, faz-se necessário utilizar técnicas 
especíicas para superar as inquietações e promover melhorias na gestão pública.
De acordo com Gil (2008), a consecução de uma pesquisa implica em atender 
a determinados aspectos. Neste material didático, optou-se tratar tal abordagem de 
maneira metafórica, considerando a pesquisa como um caminho a ser percorrido.
O início do caminho seria a identiicação de um problema, de uma neces-
sidade a ser atendida ou de um aspecto a ser melhor investigado. No campo da 
gestão pública, essa identiicação seria a constatação de que um procedimento 
ou técnica não tem gerado resultados adequados, que um setor tem sido alvo 
de reclamações recorrentes ou que uma política pública ou ação social é deici-
tária em termos de atendimento à população, por exemplo.
A partir da identiicação do problema, o passo seguinte é reletir sobre como 
superá-lo. Para tanto, cabe aos pesquisadores (os gestores públicos, neste caso) 
buscarem informações que permitam estabelecer hipóteses ou mesmo delinear 
com maior exatidão qual o objetivo a ser atingido. Em outras palavras, o segundo 
A dialética hegeliana parte da ideia de ciência como tríade tese — antítese 
— síntese, na qual a tese é uma posição inicial, a antítese diz respeito às con-
tradições e a síntese seria a relexão acerca da relação entre tese e antítese.
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passo seria delimitar com maior clareza qual é o problema, o que se faz tendo em 
consideração que, a depender da especiicidade da questão e do conhecimento 
anteriormente produzido sobre o tema, há três diferentes níveis a estabelecer: a 
exploração, a descrição ou a causalidade (KOTLER, 2007).
O primeiro nível para a projeção e realização de uma pesquisa é a exploração. 
Como o próprio termo indica, tal nível de pesquisa é permeado pela aproxima-
ção mais básica de um pesquisador com relação ao objeto, o que signiica que 
a pesquisa exploratória é recomendada aos gestores públicos quando se encon-
tram em face de uma questão ou problema sobre a qual nada sabem. É preciso 
que o gestor público, contudo tenha em mente que uma abordagem explorató-
ria é básica no sentido de que se trata de uma busca inicial por caminhos para a 
ação, hipóteses a ser testadas ou mesmo pela identiicação de alternativas para 
solução de situações, mas é extremamente rica em termos de resultados, já que 
pode estabelecer prioridades para pesquisas posteriores.
De acordo com Gil (2008), para a realização de pesquisas exploratórias são 
empregadas mais comumente técnicas, como levantamento bibliográico, entre-
vistas e coleta de dados junto a órgãos oiciais (relatórios técnicos, legislação e 
outros documentos) ou especíicos e, ainda, a websites. Especialmente com rela-
ção à última técnica, cabe destacar como exemplos as páginas de organizações 
da sociedade civil (OSCs), redes sociais (como Facebook e Twitter), blogs e pági-
nas, nas quais usuários de serviços podem se manifestar com relação à qualidade 
do que lhes é oferecido.
Um exemplo de pesquisa exploratória relacionada à gestão pública é a inves-
tigação cientíica promovida pela socióloga Walquíria Leão Rêgo e pelo ilósofo 
Alessandro Pinzani em regiões consideradas bolsões de pobreza no Brasil, entre 
os anos de 2006 e 2011, quando entrevistaram e realizaram observação partici-
pante entre populações beneiciárias do Programa Bolsa Família. Diferentemente 
de outras pesquisas que revelaram resultados mensurados por meio de dados 
oiciais, Rêgo e Pinzani (2013) constataram resultados que pesquisas desenvolvi-
das apenas com base em dados e estatísticas não foram capazes de captar, como 
os rendimentos do referido programa, para além de contribuir inanceiramente 
com o desenvolvimento da família e dos efeitos positivos decorrentes da trans-
versalidade do programa, revelaram também a construção do sentimento de 
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cidadania e de autonomia pelas beneiciárias, ainda que de maneira frágil com 
relação ao conteúdo de tais conceitos. Assim, a pesquisa que originou a premiada 
obra “Vozes do Bolsa Família” foi exploratória por conta da inédita iniciativa de 
acompanhar o cotidiano de beneiciárias de um programa social ao longo do 
tempo e dos resultados que gerou.
Quando se conhece ao menos minimamente uma situação, fenômeno ou 
problema é possível a consecução de uma pesquisa descritiva, que consiste na 
realização de uma análise sobre as características de determinada população, de 
um fenômeno e/ou de possíveis caminhos explicativos acerca de eventuais deli-
neamentos ou relações entre aspectos.
Segundo Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008), a pesquisa descritiva pode ser 
realizada em diferentes situações, como:
Descrever as características de grupos especí�cos, como 
benefíciários de políticas públicas ou programas sociais ou 
ainda de servidores de determinada área de atuação.
Estimar a parcela de uma população que está sujeita a 
determinado problema ou em condição de vulnerabilidade 
com relação a certa especi�cidade de atuação do Estado.
Conhecer as percepções da população, dos bene�ciários, dos 
servidores ou dos gestores públicos sobre a caracterização e 
os resultados de certa política ou programa social.
Figura 1 - Aplicabilidade da pesquisa descritiva em diferentes situações 
Fonte:Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008).
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Em se tratando de técnicas para coleta de dados, pesquisas descritivas permitem 
considerar diversas possibilidades, como a realização de entrevistas, observação 
participante, grupos focais, surveys e painéis.
Uma análise descritiva que se apresenta como ilustrativa desse nível de pes-
quisa é o artigo de Tavares e Alves (2015), que realizaram uma análise sobre 
indicadores de gastos públicos com a educação básica em municípios de uma 
região da Paraíba, para a qual se basearam em amplo conjunto de dados oiciais 
e de análise documental. Após detida a investigação sobre tais informações e a 
comparação com dados e documentos referentes ao restante do estado, os autores 
constataram que a região dos municípios do Cariri Ocidental tem desempenho 
mais elevado com relação aos gastos públicos destinados à educação básica do 
que as demais regiões paraibanas.
O terceiro nível de pesquisa é a explicativa, também conhecida como causal. Tal 
tipo de investigação é pautada pela identiicação de fatores que condicionam, são 
determinantes ou contribuem para que determinada situação ou problema se mani-
feste ou, em contrapartida, para que certo efeito positivo ou favorável seja estabelecido. 
Nesse sentido, conforme destacam Machado e Silva (2007), pesquisas explicativas 
permitem o aprofundamento do conhecimento a respeito da realidade social.
De modo geral, esse nível de pesquisa é pautado pela busca de identiicação 
de causalidade a partir de três condições (FIGUEIREDO FILHO etal., 2013):
3 condições
para a pesquisa
explicativa
1ª Existência de relações 
entre variáveis, de modo que a 
ocorrência de um fenômeno não 
seja independente da ocorrência de 
outro, ou seja, é necessário que um 
determinado problema, situação ou 
questão tenha relação com outro aspecto, para que se possa 
investigar em que medida tal relação ocorre e como um aspecto in�uencia 
outro.
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2ª Precedência ou antecedência temporal, o que signi�ca que o 
fato/problema que explica outro deve ter ocorrência anterior – uma condição 
lógica e até mesmo intuitiva.
3ª Não espuriedade da relação, o que seria indicativo de que há relação entre 
as variáveis e esta possui explicação temporal, de modo que a terceira condição 
seria consequência da existência combinada das condições anteriores.
Figura 2 - As três condições para a pesquisa explicativa
Fonte: Figueiredo Filho et al. (2013).
Pesquisas que buscam estabelecer relações causais são pautadas majoritariamente 
por análises quantitativas, mas também é possível buscá-la por meio de técnicas 
qualitativas de pesquisa, como será detalhado em unidades de estudos posterio-
res. Como exemplo de análises de causalidade, destaco a tese de Nóbrega Junior 
(2010), que identiicou quais fatores são causas ou se encontram fatores associa-
dos aos homicídios na região Nordeste e, ainda, o relevante papel das políticas 
públicas de segurança, sendo que, quando tais políticas são eicientes e eicazes 
há redução, ou ao menos o controle dos homicídios.
A despeito da classiicação em três níveis de pesquisa, é preciso destacar que 
as investigações, tanto no âmbito cientíico quanto da gestão pública e demais 
áreas, não necessariamente se pautam por apenas um nível, sendo que ao longo 
do tempo e conforme são obtidos mais dados e informações, consequentemente, 
mais se conhece o problema, situação ou política que carece de análises, mais 
aprofundadas podem se tornar as investigações, análises, resultados e seus efei-
tos sobre a realidade pública.
O terceiro passo da pesquisa seria seu delineamento, o que perpassaria enten-
dermos o que compõe o conjunto de variáveis a ser analisada. Nesse momento, 
os gestores públicos podem se deparar com múltiplas possibilidades de objetos a 
serem investigados, como relatórios e documentos, outros gestores e servidores, 
processos e procedimentos burocráticos ou de políticas públicas, a percepção da 
população ou ainda combinações entre esses distintos aspectos.
Após conhecer, ainda que minimamente, um problema, reletir sobre o tipo 
de análise possível — se exploratória, descritiva ou causal — e delinear o objeto a 
ser analisado, é possível avançar para a deinição da população-objeto da investi-
gação, elaborar os instrumentos para coleta de dados, realizar tal coleta, analisar 
e interpretar os resultados e produzir relatórios.
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Nesta unidade de estudos, nos deteremos ao passo de delimitação do objeto 
da análise, de modo que serão abordados tópicos acerca dos conceitos de popu-
lação, censo e amostragem na próxima seção. A elaboração dos instrumentos 
por meio dos quais a coleta de dados pode ocorrer e as possibilidades de análise 
e interpretação dos resultados serão contemplados nas unidades de estudos 2, 3 
e 4, de maneira detalhada e minuciosa, ao passo que a produção de relatórios é 
foco de nossa quinta e última unidade de estudos.
POPULAÇÃO, CENSO E AMOSTRAGEM
A realização de uma pesquisa tem, na dei-
nição da população a ser analisada, um de 
seus mais decisivos passos, uma vez que a 
maneira como a coleta de dados será con-
duzida, as análises serão realizadas, os 
resultados inais e as consequentes altera-
ções que podem ser propostas a determinada 
realidade social, no caso da gestão pública, 
decorrem dessa escolha.
Pensar a relevância de deinir como a 
população será abordada por meio de cri-
térios de seleção implica, por outro lado, também em determinar o impacto 
inanceiro, a necessidade de treinamento e a disponibilidade de recursos humanos, 
o tempo disponível para a pesquisa e a clareza acerca dos resultados esperados e 
de como apresentá-los, especialmente no caso de políticas públicas.
Isto posto, cabe esclarecer que o objeto de investigação de uma pesquisa diz 
respeito ao conjunto de casos a ser analisados. Casos são as unidades de men-
suração daquilo que pretendemos analisar, o que signiica que a determinação 
da natureza dos casos dependerá, invariavelmente, da inalidade da pesquisa ou 
do problema que o gestor público busca responder.
População, Censo e Amostragem
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Alguns exemplos de situações-problemas que necessitam de distintas deter-
minações de casos a ser investigados são apresentados a seguir:
 ■ A necessidade de avaliação dos usuários acerca de adequações em uma 
ação, programa ou política pública como etapa de monitoramento e/ou 
avaliação da política pública, precisa ser considerado como unidade de 
análise os indivíduos que são beneiciários daquilo que se procura inves-
tigar, de modo que cada caso corresponderia a um cidadão entrevistado.
 ■ A elaboração de diretrizes para o funcionamento de uma política pública 
no âmbito municipal e as possibilidades de diálogo entre os Poderes 
Executivo e Legislativo com o conselho municipal de uma área especí-
ica de intervenção pode ser perpassada pela análise das atas de reuniões 
dos conselhos e conferências em outras instâncias (estadual ou distrital 
e federal), a im de subsidiar a identiicação de parâmetros de ação a ser 
adotada de maneira semelhante também na esfera local, o que signiica 
que cada caso a ser analisado seria uma ata.
 ■ Diante de questionamento do Ministério Público sobre o atendimento das 
solicitações dos cidadãos, uma prefeitura pode ser instada a apresentar 
informações sobre aresolução de problemas, os quais comunicados por 
meio da Ouvidoria pública, uma possibilidade seria a solicitação a cada 
secretaria de governo que encaminhasse um relatório sobre as chamadas 
iniciadas via Ouvidoria e quais as providências tomadas, o que faria das 
secretarias municipais os casos a serem analisados.
Considerando tais exemplos, percebemos situações-problemas em que os casos 
têm unidades de mensuração diferentes, ou seja, em que a constituição das popu-
lações a serem consideradas é distinta, de modo que “população é o conjunto de 
elementos para os quais desejamos que as nossas conclusões sejam válidas — o 
universo de nosso estudo” (BARBETTA, 2011, p. 15).
A população (também conhecida como universo) é, então, a totalidade do 
grupo de casos passíveis de investigação para que o gestor público possa solu-
cionar uma questão, seja a identiicação de um problema ou sua correção. A 
depender, contudo, de aspectos como método adotado e o nível de conheci-
mento para a realização da pesquisa — anteriormente abordados nesta unidade 
de estudos — e, ainda, de domínio técnico e de aspectos relacionados a recur-
sos humanos, inanceiros, materiais e de tempo, faz-se necessário optar pela 
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maneira como tal população será abordada. A abordagem da população tam-
bém é tratada como “cobertura” e pode ser realizada de duas formas: por meio 
de pesquisas censitárias ou amostrais.
A realização de uma pesquisa censitária implica na cobertura da totalidade 
da população a ser investigada, de modo que o censo diz respeito à investiga-
ção de todos os elementos de uma população. Assim, os resultados de um censo 
dizem respeito àquilo que se pretendeu captar com a pesquisa (salvo erros na 
deinição dos objetivos de investigação, que serão abordados nas unidades pos-
teriores deste livro), uma vez que a totalidade de resultados corresponderia à 
totalidade do universo sob investigação, ou seja, seriam resultados exatos, com 
margem de erro nula.
O maior exemplo de pesquisa censitária no âmbito público brasileiro é a reali-
zação do Censo pelo Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística (IBGE), quando 
são coletados dados sobre a totalidade dos brasileiros por meio de coletas de dados 
nos domicílios. O Censo brasileiro foi realizado pela primeira vez em 1872, tem 
periodicidade decenal e teve sua última aplicação (até o momento) em 2010.
Em termos de efeitos, os dados censitários permitem ao Governo Federal, a 
outros entes públicos estatais e não estatais (como as organizações da sociedade 
civil) e a agentes do mercado conhecer a realidade da população brasileira com 
relação a sua composição sociodemográica, utilização, necessidade e acesso a 
políticas públicas e perspectiva de consumo. Assim, os resultados do Censo podem 
contribuir para a elaboração ou adequação de políticas públicas, por exemplo.
Enquanto a grande qualidade da pesquisa censitária é a possibilidade de 
conhecer um universo de maneira geral, o principal empecilho ou característica 
negativa deste tipo de pesquisa é o fato de que pode oferecer muitos custos em se 
tratando de recursos humanos, inanceiros, materiais e do tempo envolvido na 
pesquisa, cujas etapas são, no mínimo, de elaboração do instrumento de coleta 
de dados, treinamento de equipe, coleta de dados, monitoramento da coleta, 
tabulação e análise dos dados e produção de relatórios. Nesse sentido, o censo é 
mais recomendado entre universos pequenos ou em casos nos quais o desenho 
amostral se revela complexo e extenso, como discutido na sequência desta seção.
Diante de universos grandes e complexos e/ou de diiculdades relaciona-
das à estrutura ou tempo disponível, não raras vezes, as pesquisas são realizadas 
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tendo como objeto apenas parcelas da população a ser investigada. Tais parcelas 
constituem recortes da população e são denominadas amostras, cuja composi-
ção depende de critérios a ser considerados para tal seleção.
De acordo com Barbetta (2011), uma amostra diz respeito à coleta de dados 
entre uma parte da população que compõe o objeto de pesquisa. O autor apre-
senta de maneira didática tal conceito:
A amostragem é naturalmente usada em nossa vida diária. Por exem-
plo, para veriicar o tempero de um alimento em preparação, podemos 
provar (observar) uma pequena porção. Estamos fazendo uma amos-
tragem, ou seja, extraindo do todo (população) uma parte (amostra), 
com o propósito de termos uma ideia (inferirmos) sobre a qualidade de 
tempero de todo o alimento (BARBETTA, 2011, p. 41).
Nesse sentido, em comparação com o censo, uma pesquisa amostral tem como 
vantagens a economia e rapidez, enquanto apresenta como principal ponto nega-
tivo a redução da precisão dos resultados, uma vez que assume-se a existência 
de uma margem de erro em pesquisas amostrais.
Parâmetros são medidas que descrevem as características dos casos em um 
universo. Estimativas são valores calculados com base na amostra para ava-
liar parâmetros.
Além do Censo, o IBGE realiza coletas anuais de dados entre amostras da 
população nacional por meio da Pesquisa Nacional por Amostras de Domi-
cílios (PNAD) desde 1967, com as inalidades de gerar informações entre os 
períodos censitários e aprofundar a investigação sobre temas investigados 
de maneira insuiciente ou não abordados pelo Censo.
Fonte: IBGE ([2018], on-line)¹.
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Em se tratando de aspectos relacionados ao processo de planejamento amostral, 
Malhotra (2001) discorreu sobre os estágios pertinentes a este aspecto, dentre 
os quais são relevantes a esta exposição a escolha da técnica amostral e a deter-
minação do tamanho da amostra.
Com relação ao primeiro aspecto, Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 93) 
airmam que “a decisão mais importante sobre esta escolha diz respeito a utilizar 
amostragem probabilística ou não-probabilística”. Nesta apresentação, iniciemos 
pelo segundo tópico.
As amostras não-probabilísticas são pautadas pelo julgamento do pesquisa-
dor, que seleciona os casos que comporão a análise a partir de critérios arbitrários 
ou inconscientes, sendo que tal amostragem pode gerar resultados mais expres-
sivos, caso já sejam conhecidos, em alguma medida, a população e o problema 
a ser investigado. Dentre as técnicas de amostragem não-probabilística, três são 
destacadas neste estudo:
AMOSTRAGEM POR CONVENIÊNCIA
É o tipo de amostragem mais simples, uma vez que decorre das escolhas do 
pesquisador a partir da conveniência com que tem acesso a indivíduos, locais, 
documentos ou outro objeto de pesquisa. Nesse sentido, tem como pontos positi-
vos o fato de consumir menos tempo e menos recursos por conta da seleção rápida.
Por outro lado, Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 94) atentam para a limi-
tação da utilização de tal critério: “estão presentes muitas fontes potenciais de 
tendenciosidade da seleção, inclusive a auto-seleção dos entrevistados. As amos-
tras por conveniência não são representativas de qualquer população”.
Isto posto, é salutar reforçar que os resultados decorrentes de uma pesquisa 
realizada com amostragem por conveniência não podem ser generalizados para 
a população, especialmente por conta dessa possibilidade de enviesamento da 
composição amostral.
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AMOSTRAGEM POR COTAS
Diferentemente da amostragem por conveniência, a amostragempor cotas parte 
de critérios especíicos para sua composição, de modo que o desenho amostral é 
construído em dois momentos: o primeiro momento é de identiicação de carac-
terísticas relevantes a ser consideradas como critérios para seleção dos casos; o 
segundo momento diz respeito à seleção dos casos para análise, tendo em vista 
a observação dos critérios.
São múltiplas as dimensões que podem constituir critérios para determina-
ção desse tipo de amostra, sendo que a deinição de quais dimensões, categorias 
ou características que devem ser consideradas decorre dos passos anteriores 
da elaboração da pesquisa, os quais foram abordados nas seções preliminares 
a esta. Isso signiica que os “iltros”, pelos quais a população de casos será ava-
liada para deinição da amostra, depende das informações que os pesquisadores 
(os gestores públicos, neste caso) foram capazes de reunir de maneira explora-
tória, descritiva ou causal.
De acordo com Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 96), “sob certas condi-
ções, a amostragem por cotas proporciona resultados próximos aos da amostragem 
probabilística convencional”, já que pode ser utilizada de modo a conferir maior 
semelhança entre os peris da população e da amostra com relação às categorias 
deinidas como centrais para a avaliação.
AMOSTRAGEM TIPO BOLA-DE-NEVE
Essa modalidade de amostragem é realizada em pesquisas nas quais há diicul-
dade para encontrar a população que precisa ser investigada e se caracteriza pela 
solicitação, àqueles que forem identiicados, de que indiquem novos casos para 
a investigação. Isso signiica que o ponto inicial da pesquisa pode ser um único 
caso e as coletas de dados subsequentes dependem de indicações (seja de pes-
soas ou por meio de documentos) sobre novos componentes do universo que 
possam ser entrevistados.
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Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 96) airmam que
este processo pode ser executado em ondas sucessivas, obtendo-se in-
formações a partir de dados, o que nos leva a um efeito de ‘bola-de-ne-
ve’. O objetivo principal da amostragem tipo bola-de-neve é estimar 
características raras na população.
Nesse sentido, os autores apresentam um exemplo de situação e que tal técnica de 
amostragem pode ser aplicável na gestão pública, diante da perspectiva de ação 
pública para construção de um espaço especíico destinado à prática de espor-
tes radicais por “motoqueiros” ou “jipeiros”, é importante a prefeitura conhecer 
a opinião desse grupo sobre local e condições adequadas, mas, por outro lado, 
é difícil identiicar tais indivíduos entre o conjunto dos cidadãos, de modo que 
a identiicação e indicação de um indivíduo por outro contribui em muito para 
a realização da pesquisa.
Avançando de um exemplo relacionado aos cidadãos para uma ilustração sob 
a perspectiva institucional, podemos nos colocar diante da demanda, enquanto 
gestores públicos, de propor a criação de um órgão especíico para gestão dos 
conselhos municipais de políticas públicas. Em algumas cidades, há organismos 
conhecidos como “casa dos conselhos” ou “casa de conselhos”, responsáveis pelas 
atividades burocráticas relacionadas às referidas instituições participativas. As 
informações sobre os conselhos (como existência, documentos, composição etc.), 
contudo não são amplamente acessíveis no Brasil (LÜCHMANN; ALMEIDA; 
GIMENES, 2016), de modo que as “casas” possuem, ainda, menor visibilidade.
Nesse contexto, uma estratégia para que o pesquisador/gestor público tome 
conhecimento sobre os procedimentos, legislação, estrutura e funcionamento 
das “casas de conselhos” seria, a partir do contato com a primeira, solicitar ajuda 
para estabelecer contato com outra ou outras.
Apesar de conigurar uma interessante estratégia amostral, a bola-de-neve 
pode conduzir a resultados tendenciosos, uma vez que os investigados sabem 
quais os objetivos e o conteúdo da pesquisa antes de indicarem outros à parti-
cipação, de modo que existe a possibilidade de informarem apenas indivíduos 
ou instituições que coadunem com suas opiniões ou com seu desenho estrutu-
ral, nos casos dos exemplos anteriores.
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Cabe, nestes casos, ao pesquisador lançar seu olhar atento às indicações, sendo 
que, diante de ausência de dissonâncias, pode incitar o respondente a indicações 
de casos discrepantes ou mesmo conlitantes com relação às suas características 
ou reiniciar o processo de bola-de-neve com a busca de um novo caso que “dis-
pare” outro conjunto de coleta de dados a ser investigados.
As amostras probabilísticas decorrem de seleções ao acaso, com chance de 
que todos os elementos pertencentes ao universo possam compor a amostra e, 
ainda que seja possível, estabelecer inferências ou projeções à totalidade da popu-
lação. Três técnicas de amostragem probabilística se destacam:
AMOSTRAGEM ALEATÓRIA SIMPLES
Técnica que considera a possibilidade igual e conhecida de que todos os elemen-
tos que compõem um universo possam fazer parte da amostra a ser selecionada. 
Nesse sentido, é mais indicada para populações homogêneas, ou seja, com dis-
tribuição de características em proporções semelhantes.
Para tanto, a amostra aleatória simples é extraída por meio de um sorteio, 
de modo que antes da seleção do primeiro caso, todas as unidades que formam 
o universo têm a mesma chance de ser sorteadas. Após o sorteio do primeiro 
elemento que irá compor a amostra, todos os demais elementos concorrem ao 
novo sorteio com igual chance de serem selecionados, e assim sucessivamente.
De acordo com Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 97), “este método equi-
vale a um sistema de loteria em que todos os nomes (população) são colocados 
em uma urna, a urna é agitada e os nomes dos ganhadores (amostra) são extra-
ídos de maneira não tendenciosa”.
AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA
Um estrato corresponde a um segmento no interior de uma população, de modo 
que uma amostra estratiicada é uma amostra cuja composição respeita deter-
minada característica distintiva. A expectativa é de dividir uma população em 
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subgrupos homogêneos sob determinado aspecto (estrato) de maneira que entre 
os estratos seja veriicada heterogeneidade (BARBETTA, 2011).
A estratiicação, não raras vezes, é o primeiro momento de deinição de uma 
amostra, sendo acompanhada, em momento posterior, pela determinação dos 
casos a partir de seleção aleatória simples. Um exemplo desta combinação é o 
conjunto de dados de opinião pública produzido ao redor do mundo por insti-
tutos de pesquisa, como o World Values Survey (WVS) e o Comparative Study of 
Electoral Systems (CSES), que realizam coletas de dados junto a amostras repre-
sentativas de populações nacionais de maneira periódica, as quais permitem 
conhecermos o peril, as opiniões e percepções dos indivíduos acerca de questões 
relacionadas a aspectos sociodemográicos, de participação política, coniança 
em instituições como aquelas do poder público, fontes e frequência com que se 
informam, avaliação e demandas por políticas públicas etc.
Majoritariamente, pesquisas com amostras representativas nacionais uti-
lizam como critérios deinidores (estratos) os percentuais de distribuição dos 
indivíduos por sexo, faixa etária e área de residência — região geográica, área 
rural ou urbana e ainda capital, região metropolitana ou município do interior.
Nesse sentido, os resultados de pesquisas que combinam amostragem estra-
tiicada com amostragem aleatória simples permitem aos pesquisadores produzir 
inferênciascomplexas, como:
 ■ Como homens e mulheres percebem a importância do cuidado com a 
saúde, uma vez que há resultados de pesquisas que apontam que as mulhe-
res são mais cuidadosas e atenciosas com sua saúde do que os homens.
 ■ Em que medida jovens de diferentes etnias e faixas de renda se relacio-
nam com a educação formal e com o mercado de trabalho nas diferentes 
regiões, tentando entender se a relação entre necessidade de geração de 
renda combinada com evasão escolar atinge negros e brancos e de dife-
rentes classes sociais da mesma maneira em todo o país.
 ■ Quais os efeitos da disseminação de notícias sobre o combate à corrupção 
entre segmentos da população que dispõem de distintos níveis cognitivos 
(capacidade de interpretar informações) e de acesso aos meios de comu-
nicação, com vistas a investigar se tal percepção tem estimulado a maior 
coniança nas instituições políticas por conta das investigações ou tor-
nado os cidadãos mais descrentes com relação à ética na política.
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AMOSTRAGEM POR CONGLOMERADOS
A amostragem por conglomerados é utilizada especialmente em situações em 
que há informações que revelem a existência de grupos homogêneos entre si, 
mas heterogêneos em sua composição interna. Nesses casos, mais relevante do 
que investigar o conjunto dos grupos seria selecionar alguns desses grupos para 
analisá-lo internamente (TEIXEIRA; ZAMBERLAN; RASIA, 2008).
Assim, a amostragem por conglomerados é uma técnica muito utilizada por 
ser econômica e prática, já que a deinição de grupos ou conglomerados especí-
icos a ser investigados torna mais ágil o processo de coleta de dados.
Deinido um conglomerado, o passo seguinte é determinar se a pesquisa será 
realizada em um ou dois estágios: caso haja um único estágio, todas as unidades 
do conglomerado devem ser investigadas; caso haja dois estágios, no interior do 
conglomerado, deve ser realizada nova amostragem, cuja técnica para determi-
nação variará de acordo com os interesses do pesquisador/gestor público. No 
caso de amostragem por conglomerado em dois estágios, a seleção toma o con-
junto dos casos alocados no grupo como universo para redeinição amostral.
É importante perceber que são múltiplas as possibilidades de análises e 
de investigações, mas, mais do que ilustrar formas e combinações de técnicas 
amostrais, é preciso que os gestores públicos tenham em mente que qualquer 
fenômeno, problema, situação ou questão pode ser investigado.
A deinição da investigação passa por dois critérios: a seleção de técnicas 
para coletas de dados — se quantitativas ou qualitativas — e a determinação do 
tamanho da amostra. As técnicas, conforme anteriormente mencionado, serão 
abordadas nas próximas unidades de estudos, enquanto o tamanho da amostra 
varia de acordo com o tipo de amostragem e a técnica a ser utilizada.
Por exemplo, a amostragem tipo bola-de-neve combinada com a técnica de 
entrevistas semi-estruturadas ou não-estruturadas podem ser utilizadas até a 
exaustão das informações, ou seja, até que os resultados da coleta de dados não 
mais apresentem novos elementos para a análise e tenham em seu conteúdo ape-
nas repetições ou reformulações das mesmas informações.
À exceção de especiicidades que serão destacadas quando pertinentes, a 
exaustão é utilizada para pesquisas qualitativas e a deinição de tamanhos de 
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amostras para pesquisas quantitativas, com destaque àquelas cujas amostras 
são probabilísticas.
Uma questão que recorrentemente se coloca aos pesquisadores diz respeito 
ao número de casos necessários à composição amostral, ou seja, o tamanho da 
pesquisa. Teixeira, Zamberlan e Rasia (2008, p. 99) destacam alguns fatores que 
devem ser considerados pelos gestores públicos quanto a determinação do tama-
nho da amostra:
 ■ A importância da decisão (quanto mais importante, menor deve ser a 
margem de erro).
 ■ A natureza da pesquisa.
 ■ Os tamanhos das amostras usadas em estudos semelhantes (o ideal é você 
procurar identiicar outras pesquisas feitas no mesmo setor para veriicar 
quantos, em média, foram pesquisados).
 ■ Taxas de preenchimento (muitas vezes, há pesquisas em que o grau de 
recusa é muito elevado).
 ■ Restrições de recursos (se há poucos recursos, a tendência é a amostra 
ser menor e a margem de erro maior).
De acordo com Barbetta (2011), o tamanho da amostra varia também em con-
formidade com o quanto o pesquisador admite que pode se equivocar em sua 
investigação, ou seja, o erro amostral tolerável. A menos que uma pesquisa seja 
censitária, sempre haverá possibilidade de existência de erro, uma vez que a infe-
rência sobre resultados decorrentes de análises amostrais para um universo, não 
necessariamente (ou, para ser mais exato, provavelmente nunca), reletirá a tota-
lidade do resultado que seria encontrado pelo censo.
Com relação à intensidade do erro amostral tolerável, não há um parâmetro 
único estabelecido, uma vez que as especiicidades com relação aos problemas e 
objetos de pesquisas demandam distintos níveis de exatidão, por conta dos efei-
tos que podem provocar.
Por exemplo, pesquisas relacionadas à produção de vacinas devem conside-
rar possibilidades ínimas de erros, pois o controle de doenças epidêmicas é uma 
das principais preocupações em saúde pública. Exames clínicos, por sua vez, não 
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devem, em hipótese alguma, ser analisados de maneira amostral (independen-
temente de tamanho de erro), pois se tratam de diagnósticos sobre a condição 
de saúde dos indivíduos.
Em situação completamente distinta, mas com necessidade de erro amos-
tral mínimo possível, temos também as obras públicas, cujas consequências de 
falhas estruturais podem culminar em desabamentos e prejuízos não apenas às 
inanças públicas, mas também resultar em perda de vidas.
Por outro lado, a avaliação sobre o desempenho do serviço público ou de 
seus gestores não necessariamente carece de extremo rigor com relação ao erro 
amostral, uma vez que para sabermos qual a percepção da população com relação 
a determinado aspecto no âmbito do Estado podemos admitir que estimativas 
entre parcelas da população representem, em grande medida, a opinião geral.
O exemplo mais recorrente sobre o tema nos remete às pesquisas de inten-
ção de voto para eleições. É comum, ao apresentar os resultados de pesquisas 
que buscam estimar em quem os eleitores votariam nas próximas eleições, que 
o texto ou a fala do interlocutor contenham informações de que o percentual 
indicado pode variar “para mais ou para menos”. Essa indicação de variação, 
nas pesquisas de intenção de votos, costuma oscilar entre 2 a 3% correspon-
dente ao erro amostral.
Diante do exposto, o cálculo do tamanho da amostra depende, invariavel-
mente, do estabelecimento do erro amostral tolerável. Neste livro, nos deteremos 
a informar como proceder o cálculo básico de tamanho de amostra tendo em 
vista um erro amostral determinado. É, contudo, imprescindível que o estabe-
lecimento do tamanho e da técnica de amostragem sejam conduzidos por um 
proissional com conhecimento e competência especíica para tanto, no caso, 
um conhecimento estatístico.
Quando não se conhece o tamanho de uma população ou quando ela é con-
siderada pequena, o cálculo amostral pode ser realizado tendo em vista apenas 
o erro amostral tolerável, conforme expresso na fórmula a seguir (BARBETTA, 
2011, p. 58):
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As temáticas abordadas, nesta primeira unidade, buscaram possibilitar a vocês 
compreenderem as justiicativas, a relevância e as perspectivas a serem conside-
radas na realização de pesquisas no âmbito da gestão pública.
A proposta inicial de nossa discussão foi a apresentação dos itens que con-
cernem à pesquisa. Tão importante quanto vislumbrarmos as áreas em que os 
gestores públicos podem se valer de investigações, é termos clareza sobre o que 
é uma pesquisa e como construí-la. Para tanto, nesta unidade, discorremos sobre 
os primeiros passos dessa trajetória.
Partimos da tentativa de entender as distintas formas de conhecimento e a 
relevância do conhecimento cientíico ao debate na gestão pública e no processo 
de formação de gestores públicos. A partir dessa deinição, avançamos no sen-
tido de compreender com maior detalhamento os diferentes métodos possíveis 
à realização de pesquisas, a necessidade de que o gestor público tenha clareza 
com relação à delimitação do problema que busca sanar com a investigação e os 
diferentes níveis de realização de uma pesquisa, os quais dependem de quanto 
conhecimento anterior está disponível aos pesquisadores/gestores públicos que 
se encontram diante de uma questão a resolver.
Ademais, os conceitos de população (ou universo), de censo e amostra — bem 
como suas características — e, com relação ao segundo conjunto de perspectivas, 
as diversas possibilidades de técnicas amostrais probabilísticas e não-probabi-
lísticas, foram expostos com o intuito de contribuir para que os futuros gestores 
públicos sejam capazes de vislumbrar opções para compor as amostras, o que se 
complementa com as informações em torno de como estabelecer seu tamanho.
Finalizamos a unidade tendo, então, o embasamento inicial necessário à rea-
lização de pesquisas no campo da gestão pública, de modo que esse conjunto de 
temas abordados nos fornece subsídio para seguirmos o caminho, conhecendo 
métodos e técnicas para coleta e análise de dados e informações.
44 
1. A realização de pesquisas pode ser impactada por distintos aspectos. Conside-
rando de maneira especíica o âmbito da gestão pública, abordado neste livro 
didático, analise as airmações a seguir, coloque V para airmativas verdadeiras 
e F para airmativas falsas :
I. São determinados e imutáveis os campos em que as pesquisas podem ser 
realizadas no âmbito da gestão pública.
II. Universo, população, censo, amostra e casos dizem respeito a um conjunto 
de itens a ser considerados.
III. Os objetivos que tornam necessárias as investigações no âmbito da gestão 
pública são sempre coletivos.
Tendo em vista sua análise acerca das airmações anteriores, as airmativas I, II e 
III são, respectivamente:
a) V, V e F.
b) V, F e F.
c) F, V e F.
d) V, F e V.
e) F, F e V.
2. Aos gestores públicos é facultada a possibilidade de realização de pesquisas e 
investigações sobre muitos temas, com diferentes objetivos, objetos e técnicas 
amostrais, de coleta, de análise e de apresentação de resultados por meio de 
relatórios. No que tange especiicamente às políticas públicas, é possível o de-
senvolvimento de pesquisas? Justiique.
3. A realização de uma pesquisa pode partir de distintas premissas, em se tratan-
do de métodos para sua estruturação, uma vez que o método de pesquisa é 
anterior à composição da amostra e coleta de dados, dentre outras atividades. 
Nesse sentido, o método de pesquisa que se utiliza do silogismo é:
a) Dedutivo.
b) Indutivo.
c) Hipotético-dedutivo.
d) Fenomenológico.
e) Dialético.
45 
4. A delimitação de uma pesquisa é perpassada por diferentes etapas, as quais 
constituem um caminho, em analogia, à maneira como a trajetória de constru-
ção da investigação foi deinida neste material de estudos. A primeira etapa ou 
o primeiro passo à delimitação de uma pesquisa é:
a) Deinição da técnica de amostragem.
b) Cálculo do tamanho da amostra.
c) Estruturação do relatório.
d) Identiicação do problema.
e) Estabelecimento de cronograma. 
5. No que diz respeito à realização de pesquisas no campo da gestão pública, é 
importante aos proissionais envolvidos no processo que tenham clareza sobre 
o público alvo a ser contemplado em decorrência dos resultados, bem como 
acerca da consecução da pesquisa. Nesse sentido, quando a opção dos pesqui-
sadores é de coletar dados entre todos os indivíduos que podem estar relacio-
nados ao problema de pesquisa em pauta, então, trata-se de coleta de dados:
a) Censitária.
b) Amostral por conveniência.
c) Amostral por snow-ball.
d) Amostral por cotas.
e) Amostral aleatória simples.
46 
TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
O desaio de melhorar a gestão pública é imenso. O resultado que se busca é mudar as 
práticas gerenciais, transformar a gestão pública para gerar mais bem-estar e desenvol-
vimento para os cidadãos e atores econômicos. A concretização do ideal de cidadania 
insculpido na Constituição de 1988 e o aproveitamento das oportunidades de desenvol-
vimento sinalizadas nos atuais cenários externo e interno (pré-sal, megaeventos, prestí-
gio internacional, solidez econômica, mobilidade social etc) requerem um novo conjun-
to de esforços de melhoria da gestão pública, de modo a equacionar satisfatoriamente 
dois fatores críticos: tempo e escala.
O Brasil passou os últimos 15 anos discutindo se a ‘reforma gerencial’ era boa ou se dava 
certo, aplicando-a em pequenas doses. Embora hoje haja mais clareza sobre a relevância 
do tema (gestão pública é crescentemente uma questão de política pública), direção a 
seguir e apesar de existirem casos de sucesso, no geral, os resultados concretos colhidos 
até o momento são largamente insuicientes para o salto de qualidade necessário.
Os padrões emergentes de gestão de políticas públicas em rede em todos os setores 
de intervenção governamental requerem esforços integrados de melhoria da gestão, 
abrangentes e em múltiplos níveis – envolvendo diversos setores de forma coordenada; 
envolvendo as esferas federal, estadual, municipal; os três poderes; mecanismos partici-
pativos e parceiros do poder público. Esta questão envolve mais de cinco mil governos 
municipais, 100 mil organizações públicas, 54 mil conselhos de políticas em cerca de 40 
temas, 500 mil dirigentes públicos, oito milhões de servidores e um incontável número 
de parceiros. Virtualmente todas as políticas e programas de âmbito nacional perpas-
sam esse universo – em alguns casos, destacadamente saúde e educação, perpassam 
todo este universo. Iniciativas focadas, fragmentárias, incrementalistas e episódicas têm 
sua importância e necessidade, mas, no todo, geram efeitos residuais, insigniicantes ou 
sem a devida sustentabilidade.
O Estado brasileiro, com esse imenso e complexo conjunto organizacional, segue sendo 
uma predominante combinação de burocracia ortodoxa patrimonialista de baixo de-
sempenho, limitando a cidadania, impondo uma altíssima carga tributária (relativamen-
te ao retorno) e emperrando o desenvolvimento. Apesar de avanços, a gestão pública, 
ainda é excessivamente insulada, rígida, procedimental e desalinhada do beneiciário. 
Embora haja ilhas de excelência, as organizações públicas apresentam, em sua maioria, 
signiicativos déicits estruturais de capacidade e desempenho. A complexidade do pro-
blema da governança pública no Brasil requer uma atuação integrada, imediata e em 
larga escala; uma mobilização ou esforço nacional de melhoria da gestão pública.
Alguns signiicativos passos já foram dados nesta direção. No caso, são iniciativas de 
melhoria da gestão pública que podem e devem se integrar e potencializar seus efeitos. 
Dentre outras, três categorias merecem destaque.
O Ministério do Planejamento possui programas e instrumentos voltados para o tema, 
como o Programa GesPública, que tem como mérito engendrar uma extensa rede mobi-

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