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Apostila-Modulo1-EDUCACAOESPECIAL

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EDUCAÇÃO ESPECIAL E 
INCLUSIVA 
MÓDULO I 
KÁTIA CRISTINA MENESES REIS 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 A SECTI - Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e 
Educação Profissional vem com o Programa QualificarES 
ofertar diversos cursos de formação, formando o cidadão 
que procura aperfeiçoar o conhecimento. 
 O curso de Educação Especial e Inclusiva é destinado para 
professores que querem aprofundar os conhecimentos dos 
educadores e profissionais da rede comum de ensino com 
o intuito de superar os desafios para uma Educação 
Inclusiva, demonstrando procedimentos e estratégias que 
possibilitem desenvolver uma prática pedagógica inclusiva 
na sala de aula. Qualificando os profissionais para uma 
atuação efetiva no trabalho educacional com alunos com 
deficiência e propiciando a eles condições para o exercício 
pleno de sua cidadania. 
 Com isso, os educadores acrescentam um diferencial 
profissional em seu currículo. 
 
A todos um bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 A Inclusão Social das pessoas com deficiências, conceitos e os 
fundamentos da educação inclusiva, estão presentes em sua 
apostila virtual. 
 A inclusão precisa sim ser abraçada pela escola, mas ainda existem 
lacunas no processo que dificultam o atendimento junto aos 
deficientes intelectuais altamente comprometidos, pois nossas 
escolas ainda têm fragilidades quanto ao atendimento deste 
público. As discussões e reflexões diante da educação inclusiva 
continuam crescendo e muitos olhares se voltam para as 
possibilidades de um trabalho efetivo quanto aos avanços que a 
modalidade da Educação Especial vem conquistando, serão 
mencionados a Política Nacional da Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva; Portanto, tem- se o objetivo 
de garantir o atendimento educacional a todo o aluno, 
independente de suas potencialidades e/ou necessidades. É 
neste documento que está proposto o acesso, a participação e a 
aprendizagem dos alunos com deficiência, os transtornos globais 
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação em 
escolas comuns, sem nenhuma restrição. Portanto, os sistemas 
educacionais de ensino e a escola, em especial, necessitam se 
adaptar para receber todos os alunos, independentemente de 
suas condições, assim a escola torna-se o único espaço de 
aprendizagem. 
 Abordaremos através de orientações conforme a LDB à 
formação de professores, destacando as competências que 
devem ser dominadas como parte de um processo 
permanente de desenvolvimento profissional. Aplicam-
se aquelas referentes à compreensão do papel social da escola, 
ao domínio dos conteúdos, à interdisciplinaridade, ao 
conhecimento dos processos de investigação. Cabe ao 
profissional assumir e saber lidar com a diversidade existente 
entre os alunos; incentivar atividades de enriquecimento 
 
 
 
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curricular; utilizar novas metodologias, estratégias e 
material de apoio; desenvolver hábitos de colaboração e 
trabalho em equipe. 
 Atenderemos a proposta da inclusão social, como garantia de 
acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, com 
base nas relações de acolhimento à diversidade humana, como 
as crianças com deficiências múltiplas e surdocegueira e suas 
necessidades. As Deficiências Múltiplas são aquelas afetadas em 
duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre 
diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de 
combinações. Um exemplo seriam as pessoas que têm 
deficiência mental e física. A múltipla deficiência é uma situação 
grave e, felizmente, sua presença na população geral é menor, 
mas consideramos importante trazer informações sobre esta 
possibilidade. 
 Este processo da educação inclusiva foi delineado com objetivo 
de questionar práticas e políticas educacionais, que devem 
atender à comunidade escolar com qualidade e sucesso. 
Portanto, é necessário que exista uma escola para atendimento 
a todos, que se estruture em função de cada necessidade dos 
alunos que lá estão inseridos. A adaptação Curricular é apontada 
como uma das ferramentas mais importantes para um trabalho 
pedagógico que facilitará o trabalho do professor com máximo 
de aproveitamento dos alunos, evitando que o aluno especial 
esteja isolado na sala, mas trabalhando com um material 
diferenciado, acentuando suas diferenças. Novas metodologias 
utilizadas nas escolas, em relação ao trabalho existente entre o 
professor da sala de recursos multifuncional e o professor da sala 
regular de ensino, assim como a formação e socialização de 
experiências desenvolvidas neste contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A INCLUSÃO SOCIAL 
 
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Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o 
ato ou efeito de incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com 
deficiências significa torná-las participantes da vida social, 
econômica e política, assegurando o respeito aos seus direitos 
no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público. 
A inclusão da pessoa com deficiência no âmbito escolar é um 
debate atual que demanda a organização de várias propostas de 
trabalho, pelas especificidades inerentes à pessoa humana e 
pelas diversas barreiras existentes no contexto escolar. 
Ao se pensar essa inclusão é importante refletir acerca do que é 
incluir de fato, já que se trata de um tema polêmico do ponto de 
vista da prática educacional. De acordo com Sassaki (2006), a 
integração propõe a inserção parcial do sujeito, enquanto que a 
inclusão propõe a inserção total. Para isso, a escola, como 
instituição que legitima a prática pedagógica e a formação de 
seus educando, precisa romper com a perspectiva 
homogeneizadoras e adotar estratégias para assegurar os 
direitos de aprendizagem de todos. Contudo, tais estratégias 
dependem das especificidades de cada pessoa, da experiência, 
e da criatividade e observação do professor com sensibilidade e 
 
 
 
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acuidade, além de uma formação inicial e continuada que o 
encaminhe para isso. 
Documentos, como, por exemplo, a Declaração de Salamanca 
(1994), defendem que o princípio norteador da escola deve ser 
o de propiciar a mesma educação a todas as crianças, 
atendendo às demandas delas. Nessa direção, a inclusão traz 
como eixo norteador a legitimação da diferença (diferentes 
práticas pedagógicas) em uma mesma sala de aula para que o 
aluno com deficiência possa acessar o objeto de 
conhecimento. “Acessar” aqui tem um papel crucial na 
legitimação da diferença em sala de aula, pois é preciso permitir 
ao deficiência em igualdade de oportunidade com as demais 
crianças. 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela 
Organização das Nações Unidas (ONU), em
 1948 relaciona os aluno que tenha acesso a tudo, por 
outras vias, que eliminem as barreiras existentes. Isso poderá 
ocorrer por meio de alternativas diversas (jogos, brincadeiras e 
experimentação de diferentes estratégias) que o professor 
precisará buscar para tratar dos conhecimentos em sala de aula, 
perpassando, portanto, como se disse anteriormente, pela 
sensibilização, criatividade e formação necessárias a esse 
professor. 
 Assim, dentro da perspectiva social de deficiência podemos 
afirmar que a pessoa com deficiência procura outro percurso 
de desenvolvimento distinto daquele que está impedido 
biologicamente (VYGOTSKY, 2004). A pessoa cega, por 
exemplo, aprende e se desenvolve na busca de novos acessos, 
cognitivos e sociais, utilizando se do braille e de recursos de 
tecnologia de informação e comunicação acessíveis. Já a pessoa 
surda, usuária da língua de sinais, tem acesso ao objeto de 
conhecimento por meio dessa língua. É importante ressaltar 
que a concepção de que os alunosnão começam sua 
apropriação do sistema de escrita alfabética do zero também é 
válida para as crianças com deficiência (REILY, 2004). A escola 
 
 
 
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deve disponibilizar recurso e tecnologia assistiva, a fim de 
promover condições de acessibilidade, segurando, assim, plena 
participação e possibilidade de aprendizagem às crianças com 
seguintes direitos que valem para todos, isto é, os chamados 
direitos humanos ou da cidadania. 
 Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal; à 
igualdade perante lei; à livre crença religiosa; à propriedade 
individual ou em sociedade; e o direito de opinião (Art. 3° ao 
19). 
 Direitos Políticos: liberdade de associação para fins políticos; 
direito de participar do governo; direito de votar e ser votado 
(Art. 20). 
 Direitos Econômicos: direito ao trabalho; à proteção contra o 
desemprego; à remuneração que assegure uma vida digna, à 
organização sindical; e direito à jornada de trabalho limitada 
(Art. 23 e 24). 
 Direitos Sociais: direito à alimentação; à moradia; à saúde; à 
previdência e assistência; à educação; à cultura; e direito à 
participação nos frutos do progresso científico (Art.25 ao 28). 
 Ao longo das últimas três décadas até hoje o tema inclusão 
escolar continua a ser amplamente discutido nos espaços 
educativos e entre as pessoas que direta ou indiretamente, se 
envolvem com este processo na escola ou em diversos 
ambientes sociais, onde há interação de pessoas. Não se pode 
negar a polêmica que existe em torno das questões que se 
relacionam com a inclusão nas escolas regulares de alunos com 
deficiências ou diferenças individuais acentuadas. Para alguns 
professores, o cotidiano da educação inclusiva é tão complexo 
que ele se torna difícil de enfrentar, ou até mesmo, impossível 
de acontecer algo de novo. Ele se apresenta, às vezes, de forma 
tão incerta, tão cheia de dúvidas que gera insegurança e medo 
de enfrentar situações inesperadas. Isso, porque dependendo 
da situação a ser encarada poderá representar uma ameaça a 
identidade do professor como sujeito que ensina. 
 
 
 
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 Não há dúvida de que a atividade docente não é simples, 
principalmente, quando se lida com uma heterogeneidade de 
maior complexidade. A formação docente oferecida nos 
moldes que se apresenta nas instituições de ensino superior, 
infelizmente, não favorece uma visão dessa complexidade que 
há nas relações socioculturais no espaço escolar. Com isso, o 
profissional terá que adquirir experiências e aprender a lidar 
com todas as situações inesperadas a partir de uma formação 
continuada. 
 No decorrer, desta reflexão, vamos tentar chamar daqueles que 
se interessam em entender um pouco mais sobre a 
complexidade do processo de inclusão escolar, no sentido de 
indicar algumas questões que possam favorecer um repensar 
sobre como desenvolver uma educação inclusiva, de forma que 
a própria ação de refletir possa significar mudança. 
 Para início da discussão, destacou-se alguns conceitos e ideias 
sobre a educação inclusiva. Educadores que se dedicaram à 
pesquisa sobre essa temática tentaram contextualizar 
conceitos de um processo inclusivo de educação que 
consideram pertinente ao direito de participação de todos no 
espaço escolar. Sobretudo, por meio de práticas e ações 
estruturadas para atender com igualdade a todos. A discussão 
de ambos educadores mostrou que para se efetivar a educação 
inclusiva de fato, haverá a necessidade de transformações na 
estrutura e organização do tempo e espaço escolar. Além disso, 
é preciso haver formação permanente dos profissionais que 
atuam diretamente com a diversidade sociocultural presente 
num mesmo espaço educacional escolar. 
 Uma das tentativas de mudanças de paradigma educacional 
ficou registrada na substituição do termo integração para o 
termo inclusão. Mudanças de estruturas e paradigmas são 
muitas vezes, lentas e até dolorosas. Mudar tradições requer 
paciência, persistência e enfrentamento de resistências e 
limites. Infelizmente, não se pode afirmar, hoje, que a inclusão 
como processo de inserção total, se instalou de fato nas escolas 
 
 
 
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brasileiras e substituiu, completamente, o modelo da 
integração, processo parcial de inserção. Neste sentido, há de 
se perceber que este sonho de incluir todos num mesmo 
espaço e com as mesmas oportunidades de aprendizado se 
realiza lentamente, por meio de tentativas, erros e acertos. 
 Entretanto, sabe-se que é direito de qualquer pessoa, 
ocupar um espaço na escola pública, tendo os mesmos direitos 
e oportunidades para aprender. 
 Se numa visão tradicional de educação o processo de integração 
imperou como paradigma de educação ideal, na atualidade, 
urge uma mudança de mentalidade. No contexto da inclusão 
escolar é necessário valorizar as diferenças individuais, no 
sentido de que se aprende com maior qualidade quando o 
professor deixa de ser o único detentor do saber. Num espaço 
onde as diferenças individuais são respeitadas e valorizadas 
haverá espaço para a cooperação, para a solidariedade e para 
as significativas trocas culturais. Nessa ambiência educativa se 
instala as oportunidades de aprender com os pares, onde todos 
os alunos se beneficiam academicamente, tendo a chance de 
expandir suas ideias, emoções e potencialidades que numa 
outra situação não lhe seria possível. Para se discutir uma forma 
mais adequada de organização da escola para o 
desenvolvimento da educação inclusiva, recorreu-se a 
pesquisadores que com pertinência levantaram importantes 
ideias teóricas e práticas de como se fazer inclusão no espaço 
da escola regular de ensino. Uma ideia que mereceu destaque 
e que precisa ser levada em conta é o fato de que num processo 
de educação inclusiva há a necessidade de formação de grupos 
de estudos e discussões entre os profissionais da educação 
sobre os problemas educacionais nas escolas. O foco central 
desse modelo educacional precisa se fundamentar, 
prioritariamente, na aprendizagem do aluno. E para assegurar 
que ocorra a inclusão, se fará necessário, a compreensão de 
que é fundamental uma aliança entre teoria e prática em 
qualquer ação pedagógica que venha a ser executada na escola. 
 
 
 
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 Ao tratar, neste estudo, de uma experiência de pesquisa de 
inclusão na escola regular, a ideia foi mostrar um pouco da 
vivência de uma aventura, que buscou respostas para 
incertezas e angústias que faziam parte da realidade de uma 
educadora, que buscava conhecer os caminhos que contribuem 
para a inclusão/exclusão de pessoas com deficiência no cenário 
escolar. 
 Na trajetória de pesquisa, a realidade do cenário revelou a 
necessidade de maior conhecimento do processo de educação 
inclusiva por parte dos profissionais. Mostrou que para se 
efetivar a inclusão na escola regular é preciso conhecer a 
essência do processo, planejar e organizar as ações educativas. 
É necessário acreditar que todos os alunos são capazes de 
aprender e, que a inclusão só se efetiva de fato, quando há 
reconhecimento das diferenças individuais como fator positivo 
para enriquecimento do espaço cultural. Quando há 
cooperação e busca de estratégias para desenvolver uma 
educação que valorize todos os alunos nas suas variadas 
habilidades e talentos. 
 Ficou, também, registrada a importância da parceria dos pais 
com a escola para favorecer uma melhor qualidade ao processo 
de educação inclusiva. Os pais que acompanham o trabalho da 
escola, que participam de reuniões, que se aliam à escola nas 
suas dificuldades de lidar com as diferenças individuais estão 
favorecendo o êxito da inclusão. Contudo, torna- se necessário 
que a escola abra as portas para a família de forma a envolvê-
la como força-tarefa nesse processo inclusivo de educação. 
 Encerrando a presentediscussão ficou exposto o conto de uma 
história relatada por uma pessoa portadora de deficiência visual 
que descreveu algumas de suas experiências escolares, com o 
propósito de contribuir para uma reflexão sobre as ações e 
atitudes dos profissionais que fizeram parte do seu 
processo educativo É importante observar na presente história 
certa fragilidade dos professores para lidar com as diferenças 
individuais. Pode-se analisar também, que algumas ações 
 
 
 
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daquela realidade vivida, infelizmente, podem ser 
associadas a alguns fatos da realidade educacional do momento 
atual, configurando ações excludentes. Importa ressaltar que
 o quadro conceitual e teórico que fundamentou este 
estudo não esgotou as ideias que se relacionam com o tema 
educação inclusiva. É importante lembrar, como foi mencionado 
neste texto, que é necessário e urgente que os profissionais da 
educação percebam a importância da formação continuada em 
serviço. Pois esta é estratégia que pode permitir a melhoria das 
ações educativas, no cenário da educação inclusiva. 
 Portanto, a partir deste estudo, espera-se que haja uma leitura 
crítica com relação ao processo de inclusão. Vale lembrar que 
nunca se discutiu tanto, esse tema, como atualmente. E nessa 
perspectiva, muitos são os desafios a enfrentar e toda e 
qualquer tentativa de desenvolver uma educação que promova 
a inclusão de todos na escola ou na vida em sociedade, 
implicará em mudanças das condições atuais em que se 
encontram as escolas regulares. Então, fique alerta! 
 É válido ressaltar alguns caminhos que são fundamentais ao 
professor quando este pretende ensinar e aprender na 
diversidade. É preciso ter a coragem de mudar o que já está 
pronto, alçar voos mais altos e vislumbrar novos caminhos 
quando se pretende ensinar e aprender num processo de 
educação inclusiva. A tarefa de ensinar é complexa, pois 
motivar alguém a aprender depende de estratégias criativas 
para fazê-lo de forma eficaz. Assim, todo esse processo 
educacional vai demandar do professor não só conhecimentos 
científicos, mas também uma tomada de atitude para mudar as 
velhas práticas, tornando-as espaços de interação e de respeito 
à cultura e ao conhecimento de todos. 
 A seguir, a preocupação ficou em torno da discussão de quais 
competências didáticas poderiam favorecer a educação inclusiva. 
Ficou registrado que uma educação inclusiva exige uma ação 
docente dinâmica e inovadora que vai requerer uma formação 
docente continuada em serviço. Na versão inclusiva os docentes 
 
 
 
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se colocam como gestores da ação educativa, tomam decisões, e 
têm liderança compartilhada nos diversos espaços das escolas. 
 
 
 
 
 
 
CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
 O conceito de Educação Inclusiva é amplo e complexo. Ele se 
expressa em diferentes formas de concepção e contextos. Para 
uma melhor compreensão deste estudo é necessário levar em 
conta a questão dos direitos humanos e das diferenças 
individuais. Sabemos que a inclusão de todos nas escolas 
brasileiras, ainda, não é uma realidade de fato. Muitos 
educadores que se dedicam a pesquisas sobre esse assunto 
revelam que para haver inclusão escolar na realidade das 
escolas regulares de ensino há a necessidade de mudanças de 
paradigmas educacionais e afirmam que, infelizmente, existe 
uma cultura que persiste em conservar práticas excludentes no 
cenário das escolas. 
 Neste sentido, a presente reflexão, poderá contribuir com 
algumas questões sobre o desenvolvimento do processo de 
educação inclusiva. Elas ressaltam a importância de valorizar as 
diferenças e 
 
 
 
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 oportunizar a todos os alunos, o acesso ao espaço escolar e ao 
conhecimento científico com igualdade de oportunidades. 
 Antes de abordar algumas reflexões sobre o paradigma da 
educação inclusiva, considera-se pertinente analisar os 
conceitos de educadores que se dedicaram e ou dedicam a 
pesquisar sobre esse processo educacional. Educadores e 
pessoas que direta ou indiretamente, defendem o direito de 
todos na escola com as mesmas oportunidades de acesso e 
permanência e aprendizagem de qualidade. Nas idéias de 
Stainback (1999), a educação inclusiva é a prática da inclusão 
escolar de todos os alunos, independentemente, de seu 
talento, deficiência, origem sócio-econômica ou origem 
cultural onde todos possam se apropriar, igualmente, de todos 
os benefícios que a escola pode oferecer. A inclusão é um valor. 
Ela é o que fazemos com todas as crianças. Ela é o que 
desejamos para nós mesmos. Nesse modelo de educação todos 
os alunos juntos têm o direito à mesma preparação para a vida 
na comunidade. 
 Baseado neste conceito pode-se afirmar que esse tipo de 
educação requer uma transformação dos sistemas de ensino no 
país. As escolas brasileiras se configuram, ao longo da história 
de educação brasileira até os dias de hoje, no retrato de uma 
educação para uma parcela da sociedade. As mudanças ocorrem 
de forma lenta com relação ao processo de inclusão de todos no 
espaço educacional escolar. Basta verificar o índice de evasão, 
repetência e insucesso no processo de aprendizagem dos 
alunos. Na visão de Mitler (2003), a educação inclusiva se baseia 
num sistema de valores que faz com que todos os alunos se 
sintam bem vindos à escola e esta celebra a diversidade que tem 
como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de 
origem, o nível de aquisição educacional e cultural, ou a 
deficiência. Esse modelo de inclusão, porém, implica em uma 
reforma radical nas escolas em termos de currículo, avaliação, 
pedagogia e agrupamento dos alunos nas atividades de sala de 
aula. Implica, também, no preparo apropriado dos professores 
 
 
 
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mediante uma formação de uma educação e desenvolvimento 
profissional contínuo durante a vida . 
 
A ideia acima revela que o processo para uma educação inclusiva 
caminha como expressão de luta para o alcance dos direitos 
humanos, tendo, portanto, a necessidade de amplas 
transformações. Mantoan(2003), destaca que a educação 
inclusiva implica em mudança de paradigma educacional. 
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, 
assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas 
diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, 
sem exceção. Esse processo prevê a inserção de todos os alunos 
de forma radical, completa e sistemática. A inclusão escolar é 
produto de uma educação plural, democrática e transgressora 
que provoca uma crise de identidade institucional, que por sua 
vez, abala a identidade dos professores, pois parte dos mesmos 
buscam alunos de modelos ideais, permanentes e essenciais. A 
ideia de aluno ideal pode nos levar a refletir sobre a cultura da 
homogeneidade, muitas vezes, mudanças, 
 utiliza de práticas imutáveis e rotineiras e desvalorizam 
as diferenças individuais. O conceito de educação inclusiva nas 
palavras de Ferreira e Guimarães (2003) se refere ao acesso à 
escola de todos os alunos, indistintamente, 
independentemente, do fato de apresentarem 
dificuldades e ou deficiências. Nesse modelo de educação é 
preciso criar alternativas técnico-pedagógicas, psicopedagógicas e 
sociais que possam contribuir para o processo de aprendizagem 
de todas as crianças, e isto requer mudança de antigos para novos 
paradigmas. E é a partir da compreensão de inúmeros aspectos 
ligados aos conceitos de igualdade e de diferença, é que se pode 
investir em seres humanos melhores e mais fraternos. E assim 
sendo, haverá significativa contribuição para profundas 
modificações na área educacional. 
 Considerando a idéia acima, vale a pena chamar a atenção pelo 
fato de que a escola precisa de transformação para receber 
 
 
 
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qualquer tipo de aluno, mesmo aqueles comdeficiência. 
Valendo-se disso, uma questão merece ser refletida: Há 
interesse e vontade política por parte de todos os profissionais 
das escolas em mudar, radicalmente, atitudes, práticas e 
conceitos? 
 Nas últimas décadas, o tema inclusão tem sido palco de debate 
para educadores, pais de alunos com deficiências e pessoas 
diretamente ligadas a instituições que lutam pela inclusão e 
valorização das pessoas que portam alguma deficiência 
ou dificuldades de aprendizagem. Pensar a educação numa 
lógica inclusiva é pensá-la em novas perspectivas educacionais, 
é caminhar para a busca dos direitos, bem como, levantar a 
bandeira da igualdade no cenário educativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade, 
educação e reeducação. 2 ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 
2000. 
 
 FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: perspectivas 
multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
 NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil 3: 
psicomotricidade: alternativas pedagógicas. 
Porto alegre: Prodil, 1995. 
 
 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 
 
 ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em 
psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão 
corporal e brincadeiras infantis. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 
2007. 
 
 ANTIPOFF, Helena. A educação de bem dotados. Rio de Janeiro, 
SENAI, 1992. 
 
 AUCOUTURIER, B., DARRAUT, I., EMPINET, J. L. A 
prática psicomotora: reeducação e terapia. Porto
 Alegre: Artes Médicas, 1986. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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