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[eB] A Gazeta ES 25 08

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www.gazetaonline.com.br
FUNDADA EM 11 DE SETEMBRO DE 1928 POR THIERS VELLOZO. Nº 31.208. ANO LXXXIX
VITÓRIA, SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 - EDIÇÃO ENCERRADA: 23h GRANDE VITÓRIA R$ 2,50 DEMAIS CIDADES R$ 3,00
11 DENUNCIADOS E 6 PRESOS
MÁFIA DO DIPLOMA
MÍRIAM LEITÃO
O liberal Paulo
Guedes e o capitão
Bolsonaro Pág. 24
LEONEL XIMENES
Novo conselheiro
do TCES já pediu
auxílio-moradia Pág. 10
VITOR VOGAS
Hartung em
campanha contra
Bolsonaro Pág. 20
MERVAL PEREIRA
PT deve enfrentar
obstáculos mesmo no
Nordeste Pág. 17
AA AAGGOONNIIAA DDOO MMAARRIIAA OORRTTIIZZ
COM UM PORÉM
POR REAJUSTE, STF
NEGOCIA O FIM DO
AUXÍLIO-MORADIA Pág. 16
EMPURRÃO
Juros mais baixos e
limite maior para
financiar imóvel Pág. 26
FE
R
N
A
N
D
O
M
A
D
EI
R
A
OOss 11,,11 mmiill aalluunnooss ddaa EEssccoollaa EEssttaadduuaall MMaarriiaa OOrrttiizz,, qquuee ffiiccaa aaoo llaaddoo ddooo PPaalláácciioo AAnncchhiieettaa,,
ccoonnvviivveemm ccoomm aass rraacchhaadduurraass ee ggootteeiirraass qquuee ttoommaarraamm ccoonnttaa ddoo pprrééddiioo ddoo ssééccuulloo XXIIXX PPáágg.. 88
Investigação do Ministério Público do Estado revela um amplo esquema
criminoso com o objetivo de distribuir diplomas falsos de curso superior Págs. 3 a 6
ELEIÇÕES 2018
ESPÍRITO SANTO
FORA DA ROTA DOS
PRESIDENCIÁVEIS Pág. 22
5 INSTITUIÇÕES DE
ENSINO FAZIAM
PARTE DO ESQUEMA
PROFESSORES
ERAMOALVO DA
QUADRILHA
PROPAGANDA
ERA FEITA PELAS
REDES SOCIAIS
2 | BOM DIA SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
DA REDAÇÃO
Mais uma ferramenta
em favor da informação
AMARILDO
Endereço: Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo, Vitória-ES – CEP 29053-315.
E-mail: carta@redegazeta.com.br. Telefone: (27) 3321-8073. Só serão
aceitas cartas assinadas. A redação reserva-se o direito de editar os textos
por motivos de clareza e/ou espaço.
NESTA SEMANA, o leitor
de A GAZETA e do Gazeta
Online passou a contar com
mais uma ferramenta de
checagem de fatos durante
este período de campanha
política, com o Passando a
Limpo – Eleições. Até o plei-
to, nossa equipe verificará a
veracidade de afirmações
públicas feitas pelos can-
didatos ao governo do Es-
tado. A primeira análise,
publicada na quinta-feira
(23), partiu das declarações
feitas no debate promovido
pelo Observatório Negro –
Eleições 2018 no dia 20. “O
trabalho de checagem de
discurso é árduo. Isso por-
que nem tudo o que o can-
didato fala é checável e nem
todos os dados para con-
frontar as informações es-
tão disponíveis em fontes
seguras de forma transpa-
rente. Por isso, adotamos
parâmetros, como levar em
consideração apenas decla-
rações com dados estatís-
ticos e comparações. Tam-
bém buscamos com os can-
didatos a fonte da infor-
mação que ele deu”, explica
a editora de Política, Sa-
manta Nogueira. Neste mo-
mento de boatos sistema-
tizados, o objetivo é que o
público possa decidir seu
voto baseado em elementos
sólidos. “Com o fact-che-
cking, esperamos que o
eleitor consiga ter acesso a
dados mais precisos e possa
tomar decisões conscien-
tes”, completa. A iniciativa
une-se ao projeto Compro-
va, coalizão com 24 or-
ganizações de mídia da
qual a Rede Gazeta faz par-
te, por meio do Gazeta On-
line, na luta contra a de-
sinformação.
Bom dia e boa leitura.
Endereço: Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo – CEP 29053-315 – Vitória-ES – CP 01-0275 – Telefones: Geral: (27) 3321-8333 - Fax: (27) 3321-8632 – Classificadões: (27) 3321-8600 - www.redegazeta.com.br.
GerenteComercialMídiaImpressa:FernandoBohnGeller–(27)3321-8047–fgeller@redegazeta.com.br/ IvanHenriqueSaettlerReis–(27)3321-8224–ireis@redegazeta.com.br .SucursaisnoEspíritoSanto:Cachoeiro:
(28) 3526-4447 –Colatina: (27) 3770-4035/4003 – SãoMateus: (27) 3763-1833 – Linhares: (27) 3373-7679/7670.Sucursal SãoPaulo:RicardoCosti – (11) 2506-7600– rcosti@redegazeta.com.brOutros Estados: Fabio
VilasBoasFernandes//273321-8419/8546//fbfernandes@redegazeta.com.brPreços:ExemplarnaGrandeVitóriaeGuarapari:R$2,50desegundaasábadoeR$3,00aosdomingos/DemaisregiõesR$3,00desegunda
asábadoeR$4,00aosdomingos.Preçodaassinaturaanualdiária:GrandeVitóriaeGuarapari: R$538,80/Demais regiõesdoEspíritoSanto:R$598,80.AssinaturaanualdiáriaemoutrosEstados:R$1.188,00.Carga
Tributária 3,65% Comitê de Ética: etica@redegazeta.com.br. ATENDIMENTO AO ASSINANTE: 3321-8699. VENDA ASSINATURA: 3321-8000B ASSINATURA@REDEGAZETA.COM.BR
FALA, LEITOR
Moradores
de rua
Sobre reportagem que
mostrou o drama social
que atinge mais de 500
pessoas somente na
Grande Vitória
leia.ag/nasruas
A chamada de capa do
jornal A Gazeta de sex-
ta-feira (24), sobre mo-
radores de rua, poderia
ter sido: “Eles não rece-
bem auxílio-moradia de
R$ 4,3 mil mensais.”
Jorge Medina, por e-mail, da
Praia da Costa, Vila Velha
—
Moradores
de rua 2
O governo ao longo dos
anos esqueceu dos po-
bres. O que vemos atual-
mente é a incompetência
dos governantes, que
não têm políticas públi-
cas para atender os me-
nos favorecidos, escolas
de boa qualidade em
bairros de periferia, saú-
de adequada e outros
serviços. Aí cresce a cri-
minalidade e o número
de pessoas sem condi-
ções mínimas de sobre-
vivência. Fechar os olhos
para essa realidade custa
mais caro para a socie-
dade.
Dalcy Hespanhol, via
Facebook
—
Moradores
de rua 3
O desafio, na verdade,
vem da frieza dos cora-
ções, é algo que envolve
sensibilidade e amor ao
próximo muito antes de
cumprir o que é dever.
Leonardo Figueiredo, via
Facebook
—
Prevenção
ao suicídio
Sobre entrevista com o
psiquiatra e psicotera-
peuta Jovino Araújo em
torno do tema
leia.ag/entrevista
Entrevista muita bacana
e esclarecedora. Deve-
mos falar sobre suicídio
e ainda mais sobre casos
bacanas de quem supe-
Trabalha e confia
“O trabalho fornece o pão
de cada dia, mas é a ale-
gria que lhe dá o sabor”,
escreveu o Tariq, neste
clique no galpão das
paneleiras, em Vitória.
FOTO: Tariq Polezel
rou a doença. Importan-
te tratar isso constante-
mente na imprensa, em
casa, nas escolas, em to-
do lugar.
Manuella Siqueira, via
Facebook
—
Dilema
Sobre motoboy que obe-
deceu ordem do tráfico
de retirar o capacete e
acabou multado
leia.ag/motoboy
Leva multa ou leva tiro.
Isso é Brasil, o que mais
há de esperar? O gover-
no, em vez de reforçar a
defesa para o cidadão
por policiais, para entrar
nos bairros pesados, ten-
tar amenizar a bandida-
gem, está aí tirando di-
nheiro do povo indefeso,
arrumando sempre um
jeitinho de enfiar a faca
no cidadão. Fico injuria-
da com isso.
Nay Sousa, via Facebook
—
Dilema 2
Esse dias fui multado
por avançar o sinal ver-
melho às 2 da madru-
gada em Cariacica! Olha
o perigo! Até parece que
eu vou ficar parado,
dando oportunidade pa-
ra vagabundo me rou-
bar. Isso é um absurdo, é
a indústria da multa.
Bruno Veras, via Facebook
—
Edu Henning
O “Bom Dia ES” é, sem
sombra de dúvidas, par-
te do dia do capixaba.
Da nossa parte, acompa-
nhamos o programa des-
de que começou. Eis que
nos aparece na sexta-fei-
ra Edu Henning com seu
quadro “Música na Con-
versa”! Que delícia! O
café desce redondo e o
fim de semana se anun-
cia mais doce com as
boas lembranças e os
“causos” que ele conta.
Muito bom mesmo! É
uma pena que só tenha
uma sexta-feira na sema-
na! Parabéns pela inicia-
tiva.
Maria Margarete B.
Ferreira, por e-mail
—
Fale com
REPORTAGEM: 3321-8519
REDAÇÃO: 3321-8333
SAC: 3321-8699
CARO LEITOR
A Rede Gazeta está a caminho
dos 90 anos e quer celebrar o que
há de melhor: o orgulho de ser
capixaba. Marque a hashtag
#somoscapixabas nas redes
sociais e apareça neste espaço.
Cidades. | 3SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018WhatsApp: (27) 98135.8261 | Telefone: (27) 3321.8446ATENDIMENTO AO ASSINANTE: (27) 3321-8699Editora: Daniella Zanottiz dzanotti@redegazeta.com.br
VENDA
“Eles ofereciam
diversos cursos sem
autorização do MEC,
sem carga horária
definida, visando à
venda de diplomas e
certificados falsos a
diversos alunos”
TEXTO DA DENÚNCIA
DO MPES
MÁFIA DO DIPLOMA
ENTENDA
DIPLOMAS FALSOS: FAMÍLIA
COMANDAVA O ESQUEMA
Seis pessoas foram presas em um grupo de 11 denunciados
MPES/DIVULGAÇÃO
Diploma emitido por um dos institutos investigados encontrado pelo Ministério Públicodurante operação
NATALIA BOURGUIGNON
nbourguignon@redegazeta.com.br
O Ministério Público Esta-
dual (MPES) denunciou 11
pessoas à Justiça por parti-
cipaçãoemumesquemade
vendadediplomasfalsosno
NortedoEstado.Entreelas,
seis estão presas. A ação é
resultadodaoperaçãoMes-
tre Oculto, deflagrada em
duasfasesemjulhoeagosto
deste ano e atingiu cinco
instituições de ensino, sen-
douma faculdade.
A investigação aponta
que as empresas ofereciam
cursos sem autorização do
MEC, semcarga horária de-
finida,entregandodiplomas
e certificados falsos para
professores que queriam in-
gressar emcargos públicos.
Segundo o MPES, uma
família atuava como “cabe-
ça da organização crimino-
sa”. Everaldo Tomdos San-
tos, Marinete Assis Cazelli
Tom, Rayza Cazelli Tom e
VictorCôvre–pai,mãe,filha
e genro, respectivamente –
foram apelidados no pro-
cesso de “Clã Tom”. Eles se-
riamosdonosdaIape(Ges-
tão, Consultoria, Assessoria
e Planejamento Educacio-
nalLtdaMe)edaFaculdade
dePinheiros (FAP).
O esquema fraudulento
tinhacomoalvoprofessores
que queriam participar de
concursos públicos. Alguns
deles seriam vítimas. Ou-
tros, porém, sabiam da ile-
galidade mas se aproveita-
vam da facilidade para ob-
ter os documentos.
Os demais denunciados
peloMPESintegravaminsti-
tutos que firmavam parce-
rias como “Clã Tom”, como
Rosana Valente Zampieri,
quecriouoInstitutoCapixa-
ba de Educação Ltda (Icel).
A mulher tinha como “par-
ceira” Anália Ribeiro Santa-
nadeSouza.
JáVitórioAloízioThoma-
zi, Maria Lúcia Ferreguetti
Gava, Stefany Ferreguetti
Gava e Marcelo Loureiro
Ucelli fundaram o Instituto
École. Eles tinham como
“prestadora de serviço”Ma-
ria dasGraças LopesGava.
MariadasGraças, que foi
servidora da Secretaria de
Estado da Educação (Sedu)
até o fim de 2017, e Anália,
queaindatemvínculocoma
Sedu, seriam responsáveis
por angariar omaior núme-
ro de professores que já ti-
nhamaprimeira graduação
comafalsapromessadeum
segundo diploma “facilita-
do”, apenas comparecendo
rou com um diploma falso
e, durante a apuração, per-
cebeuquesetratavadealgo
maior. “Não havia só com-
pra de certificados, mas
tambémavendadeles, que
envolvia duas professoras
efetivas do Estado. Apre-
senteioproblemaaoMPES
em janeiro deste ano.”
MAISCASOS
Segundo o Gaeco (Gru-
podeAtuaçãoEspecialede
CombateaoCrimeOrgani-
zado)Norte,doMPES,que
investiga organizações cri-
minosas,aindaháasuspei-
ta de envolvimento de ou-
tras instituições no esque-
ma,inclusiveemoutrosEs-
tados do país.
Na corregedoria da Sedu
corremmais de 200 proces-
sos contra professores, que
são investigados por terem
apresentado diploma falso
em processo seletivo. Neste
ano a Prefeitura da Serra
exonerou 300 professores
por essemotivo.
CASOS
SEDU
t Investigações
Na corregedoria do órgão
há 208 processos contra
professores, que são
investigados por terem
apresentado diploma falso
em processo seletivo,
incluindo o de Wemerson
Nogueira, conhecido como
“Professor Nota 10” - que
teve o resultado revelado
ontem por A GAZETA.
Outro caso é de um curso
de mestrado para o qual o
educador pagou R$ 40
mil. A corregedoria ainda
apura se ele estava
envolvido no crime ou foi
vítima de estelionatário.
PREFEITURA DA SERRA
t Exonerações
A administração
municipal exonerou 300
professores neste ano
sob a acusação de
usarem diplomas falsos
para ingressar na rede
de ensino da cidade.
MESTRE OCULTO
t 1ª fase
Quatro professores –
dois de Linhares, dois de
Rio Bananal – foram
presos na primeira fase
de uma operação do
Ministério Público do
Estado (MPES),
denominada “Mestre
Oculto”, acusados de
participar de esquema
de emissão de diplomas
falsos. Além de cumprir
os mandados de prisão
temporária, documentos
foram apreendidos em
um polo de uma
instituição de ensino. As
investigações apontam
que pelo menos 150
pessoas usaram
diplomas falsos.
t 2ª fase
Na segunda fase da
operação, duas mulheres
ligadas a instituições de
ensino foram presas.
Foram cumpridos dois
mandados de prisão
temporária, em Linhares
e Pinheiros.
a encontros promovidos pe-
los institutos École e Icel.
Segundo a MPES, o es-
quema funcionou desta for-
ma entre 2009 e 2014,
quando as duas criaram a
própria instituição para tra-
tardiretamente coma famí-
lia Tome lucrarmais.
Oesquemafoidescober-
to, inicialmente, pela con-
troladoramunicipaldapre-
feitura de Rio Bananal,
Mauriceia Dalbem. Segun-
doela,aprefeiturasedepa-
Everaldo, Marinete e Rayza: integrantes do “Clã Tom” estão presos
4 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
ALUNOS DE CURSOS LIVRES
E DE PÓS NA MESMA SALA
Estudantes de todos os níveis participavam de aulões coletivos
NATALIA BOURGUIGNON
nbourguignon@redegazeta.com.br
AinvestigaçãodoMinistério
Público do Espírito Santo
(MPES),queouviu150pes-
soas,descobriuqueoscursos
de graduação, pós-gradua-
çãoecursoslivresoferecidos
pelas empresas investigadas
eram ministrados em “au-
lões coletivos”, que aconte-
ciampoucas vezes pormês.
Segundo alunos que re-
ceberam diploma da École,
umadas instituições investi-
gadas, os poucos encontros
não contaram com provas
ouatividades avaliativas.
O Grupo de Atuação Es-
pecialdeCombateaoCrime
Organizado (Gaeco-Norte),
doMinistérioPúblicodoEs-
tado (MPES), responsável
pela investigação, identifi-
couqueosaulõestinhamte-
mas amplos e genéricos on-
de participavam juntos alu-
nosde todosos tiposdecur-
so.Apráticaserviriaparadar
legitimidade aos diplomas e
enganarosqueacreditavam
na formação pela qual esta-
vampagando.
Há casos também de
alunosquereceberamcer-
tificados emitidos por ou-
tras instituições sem nun-
MPES/DIVULGAÇÃO
Faculdade de Pinheiros pertence à família investigada
MÁFIA DO DIPLOMA
AULAS CONJUNTAS
“FALARAM QUE
ERA REGISTRADO
PELO MEC”
X.
Vítima
Uma mulher que diz ter
sido vítima do esquema
respondeu perguntas da
promotoria sobre diploma
obtido em uma instituição
investigada. O depoimento
foi divulgado pelo MPES
em vídeo. Veja trecho:
PROMOTOR: Você fez
pós-graduação?
������ Fiz em 2016. O
curso era em educação
infantil.
P: Você foi na
faculdade?
��Não.
P: Era sistema de
aulões?
�� Eram todos da mesma
sala, tinha graduação, ex-
tensão e pós.
P: Não desconfiou?
�� Não, pois as conheço
(pessoas que ofereceram
o curso) desde criança.
P: Como era o
pagamento?
�� Pagava direto a elas,
não para a faculdade. Fa-
laram que era registrado
pelo MEC. Explicaram que
eram só seis aulas e fazer
um artigo científico.
ca terem pisado nelas.
Em cumprimento de
mandados de busca e apre-
ensãonas instituições inves-
tigadas e nas casas dos de-
nunciados, foram encontra-
dos diplomas em branco de
váriasfaculdadesdoEspírito
Santo edeoutrosEstados.
A investigação mostrou
ainda que os denunciados
criavam formas de burlar a
fiscalizaçãodaSecretaria de
EstadodaEducação(Sedu).
Eme-mailstrocadospelaor-
ganizaçãocriminosa, consta
queaSeduestavaconvocan-
do alguns dos alunos e per-
guntando como fizeram a
segunda licenciatura.
EveraldoTomdosSantos,
apontadocomoumdoslíde-
resdaorganização,mandou
e-mail com a resposta que
deveria ser dada à pasta e
também encaminhada aos
alunos. A mensagem fala
que os estudantes participa-
ramdeum“programaespe-
cial”, com “calendário espe-
cialecargahoráriaespecial”
em fins de semanae férias.
Ainda segundo o e-mail,
a forma de organização do
cursos estava dentro das
normativas legais edasme-
todologias aprovadas.
Infografia | Genildo RonchiFonte | Ministério Público Estadual
O CLÃ
Todas as empresas eram
"fornecedoras" de alunos ao
Iape e à FAP, que vendiam
diplomas e certificados sem
que os alunos participassem
de aulas
Vendo a lucratividade do esquema, em
2014, ANÁLIA, que atuava no Icel, e MARIA
DAS GRAÇAS, que atuava no École, se
desvencilharam das respectivas instituições
ANÁLIA e MARIA DAS GRAÇAS
criaram o Instituto de Educação de
Rio Bananal (Ierb)
Eram alunos de graduação,
pós-graduação e cursos livres.
Eles participavam de "aulões"
com tempo reduzido com todas
disciplinas reunidas ao mesmo
tempo, poucas vezes por mês
INTERMEDIÁRIOS
DESMEMBRAMENTO
OS CLIENTES
A INDÚSTRIA DOS DIPLOMAS FALSOS NO ESTADO
Família comandava esquema fraudulento noNorte do Estado
EVERALDO MARINETE RAYZA VICTOR
Criaram duas empresas/faculdades
pai mãe filha genro
ROSANA criou o Icel (Instituto
Capixaba de Educação Ltda) em
parceria com ANÁLIA
VITÓRIO, MARIA
LÚCIA, STEFANY E
MARCELO criaram o
Instituto École.
MARIA DAS GRAÇAS
era uma " prestadora
de serviço"
O Ierb passou a tratar
diretamente com o Iape
e a FAP, o “Clã Tom”
Icel École
ANÁLIA
Iape FAP
(Gestão, Consultoria, Assessoria e
Planejamento Educacional Ltda Me)
(Faculdade de
Pinheiros)
Chamados de Clã Tom
São apontados como sendo os
"cabeças da organização criminosa".
O esquema funciona desde 2009
MARIA DAS
GRAÇAS
SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 5
6 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
MÁFIA DO DIPLOMA
PROMESSAS DE
FACILIDADE NAS
REDES SOCIAIS
MPES/DIVULGAÇÃO
Preços baixos e tempo recorde eram
usados como atrativos para fisgar alunos
Advogado diz que família Tomnão cometeu crime
Os advogados dos de-
nunciados informaram
quevãoanalisar oproces-
so e apresentar uma defe-
sa nos próximos dias.
Considerados antes fora-
gidos pela Justiça, Mari-
nete Assis Cazelli Tom e
Everaldo Tom dos Santos
se apresentaram ontem
ao Grupo de Atuação Es-
pecial de Combate aoCri-
me Organizado (Gae-
co-Norte), do Ministério
Público do Estado
(MPES). Ela foi encami-
nhada para a Penitenciá-
riadeColatinaeeleparaa
de Linhares.
“Marinete não estava
na cidade quando a ope-
ração foi deflagrada. Ela
teve umproblemade saú-
de e o casal se ausentou.
Secretaria
tem equipe
antifraude
Segundo o secretário de
Educação doEstado,Harol-
do Corrêa Rocha, desde
2015 aSecretaria deEstado
da Educação (Sedu) conta
comumaequipeque identi-
fica diplomas falsos. “Pega-
mos os certificados, seja de
professores temporários ou
efetivos,econferimoscoma
faculdadeparaversefoialu-
no mesmo. Vemos também
comoMEC”, afirma.
Sobre as professoras in-
vestigadasqueteriamvíncu-
locomoEstado,osecretário
afirmou que a corregedoria
vai investigar qualquer con-
duta irregular. “Caso seja
constatadaa fraude, a puni-
ção édemissão”, disse.
“Nota 10” também usou
diploma falso, diz Sedu
Aomesmo tempoemque
o MPES conduzia a investi-
gação Mestre Oculto, a Se-
cretaria Estadual de Educa-
ção(Sedu)concluiuqueWe-
merson Silva Nogueira, de
27 anos, conhecido como
Professor Nota 10, utilizou
umdiplomafalsoparaatuar
na redepública.
SegundoaSedu,Wemer-
sonnãosematriculounains-
tituiçãoqueeleafirmateres-
tudado.Ocaso será analisa-
dopelaSecretariadeEstado
deControleeTransparência.
Se condenado, o acusado,
que era professor temporá-
rio, teráquedevolver todoo
salário que recebeu nesse
período comcorreções.
Assim que o problema foi
resolvido, o casal se apre-
sentou de imediato. In-
clusive vamos mostrar os
passaportes porque não
houve nenhuma intenção
deseesquivar”,ponderou
oadvogadoEdisonViana,
que também faz a defesa
de Rayza Cazelli Tom.
Edison explicou ainda
que vai analisar os autos
do processo para depois
apresentar uma defesa.
“Os acusados vão ter
oportunidade no proces-
sodeesclarecer tudoe co-
locar todos os pingos nos
is. Vamos mostrar que há
muito equívocos e não há
nenhuma conduta a ser
considerada crime.”
O processo também
vai ser examinado pelo
IMAGEM TV GAZETA
Wermerson Nogueira foi
investigado pela Sedu
LARA ROSADO
lrosado@redegazeta.com.br
Asredessociaiseramusadas
para promover os cursos de
graduação e pós-graduação
da Faculdade de Pinheiros
(FAP), que, segundo o Mi-
nistério Público do Espírito
Santo (MPES), pertence à
família Tom. No perfil de
RayzaCazelliTom,umapu-
blicaçãoanunciavamensali-
dadesapartirdeR$149.Ela
foi presa no último dia 14
durante a segunda fase da
operaçãoMestreOculto.
A publicação de Rayza
ainda afirmava que a insti-
tuição oferecia mais de 200
cursos “nas mais diversas
áreas do conhecimento”.
“Quer impulsionar sua car-
reira?Omomentoéagorae
a faculdade é aqui!”, diz a
imagemcompartilhada.
NoFacebookdeMarinete
Assis Cazelli Tom, mãe de
REPRODUÇÃO
Imagem no Facebook divulgava pós-graduação rápida
Rayza, que também é uma
dasdenunciadaspeloMPES,
uma publicação anunciava
que a FAP contava com
pós-graduações de seis me-
ses nas áreas da educação e
saúde. O curso custava R$
600, sem taxa dematrícula.
A pós-graduação anunciada
seria de480horasde aula.
Era com muita agilidade
que as instituições emitiam
os diplomas, sobretudo os
usados em processos seleti-
vos. Segundoodepoimento
aoMPES deMaria das Gra-
çasLopesGava,presadesde
aprimeira fasedaoperação,
os certificados eram entre-
gues aos alunos emuma se-
mana, semqualquer aula.
“O École (uma das insti-
tuições investigadas) fun-
cionava dentro de uma grá-
fica–umfuncionário faziaa
impressão dos certificados”,
descreve a investigação.
Ainda segundo o depoi-
mento de Maria das Gra-
ças, cursos eram ofereci-
dos a partir dos concursos
públicos disponíveis. “Os
institutos adaptavam às
demandas vindas dos alu-
nos em relação aos editais
de processos seletivos – fa-
ziam os certificados de
acordocomacargahorária
solicitada pelo aluno – tu-
do feito ‘na correria’”, des-
taca a investigação.
Documentos foram apreendidos em várias instituições
ESCLARECER
“Os acusados vão ter
oportunidade de
esclarecer tudo.
Vamos mostrar que
não há nenhuma
conduta a ser
considerada crime”
EDISON VIANA
ADVOGADO DA
FAMÍLIA TOM
presidentedaOrdemdos
Advogados (OAB-ES),
Homero Mafra, que é o
advogado de Vitório
Aloízio Thomazi, detido
em Linhares, e de Maria
Lúcia Ferreguetti Gava,
que não está presa. “Vou
olhar a denúncia, con-
versar commeusclientes
e vamos ver o que será
feito. Após a citação dos
acusados, temos umpra-
zo de 10 dias para apre-
sentar a defesa.”
O advogado de Rosana
Valente Zampieri, presa
desde o dia 14 de agosto,
RodrigoHorta,tambémin-
formou que vai estudar o
processoparaapresentara
defesa. “Minha cliente ar-
rumava os professores e
cuidavadosencontrospre-
senciais. Vou conversar
comela e semanaque vem
a gente apresenta uma de-
fesa”. Os demais advoga-
dos não foram localizados
pela reportagem.
DEFESA
“Minha cliente
arrumava os
professores e cuidava
dos encontros
presenciais. Vou
conversar com ela e
semana que vem
a gente apresenta
uma defesa”
RODRIGO HORTA
ADVOGADO DE ROSANA
SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 7
LONGEVIDADE
A receita dequemchegouaos 104anos
Dona Jandyraviuum
séculopassar,mas, se
dependerdela, ainda
hámuitopor viver
Já pensou em viver 104
anos? Testemunhar duas
guerrasmundiais,a trocade
nove papas no comando da
Igreja Católica e a ditadura
militar.EssaéadonaJandy-
ra Faria dos Santos, que
completou mais um ano de
vidaquinta-feira(23).A fes-
ta seráhoje.
Se104paramuitagente
parece ser muito, Dona
Jandyra quer mais: sua
meta é viver até os 120
anos. Se depender de seu
empenho e do amor da fa-
mília, isso não será proble-
ma. Ela tem a receita da
longevidade.“Énecessário
não beber, não fumar, não
ser farrista, exercer a cari-
dade, conservar as amiza-
deseviveravidafeliz.Dan-
çar forró ajuda e ser bota-
foguense é essencial”.
Dona Jandyra nasceu
no distrito de Pendanga,
em Ibiraçu. Aos seis anos
veio comos pais para Vitó-
ria. Aos 18, começou a dar
aulas no distrito onde nas-
ceu. Depois trabalhou na
Previdência Social e se
aposentou aos 55 anos.
Aos36anos,secasouete-
veumafilha,queatualmen-
teestácom60anos.Ela tem
umnetode32anoseumbis-
netodeumano,alémdecin-
co irmãos vivos emuitos so-
brinhos que a paparicam o
tempo todo. Omarido fale-
ceu quando ela tinha 54
anos.“Aalegriaqueeutenho
de viver agradeço a minha
família, souamada”.
Além da família outras
duas paixões são fortes em
sua vida: política e futebol.
Fanática pelo Botafogo, não
perdeumjogodaestrelaso-
litária quando vem ao Espí-
ritoSanto.Inclusive,sempre
jantacomosjogadoresetem
muitashistóriasparacontar.
A que guarda na memória
foi a que viveu com o joga-
dor André Lima, que dedi-
couumgol a ela.
Atualmente, mora em
Colina de Laranjeiras, na
Serra.Totalmentelúcida,ela
gosta de jogar palavras cru-
zadas, frequentar a Igreja
Católica, passear comas so-
brinhasecomafilhaeassis-
tir aos jogosdoBotafogo.
FERNANDO MADEIRA
Jandyra Faria dos Santos vaiganhar festa da família
SOORETAMA
Esbanjando saúde, idosa comemora seus 111
Filhade imigrantes
italianos, IsnarAlves
é lúcida e faz tudo
sozinha, segundoneta
Em24deagostode1907,
nasciaIsnarAlvesdeAlmei-
da, uma filha de imigrantes
italianos.Baianade Itabatã,
elamudou-se para o Espíri-
to Santo aos 23 anos, em
1930.Há111anos,donaIs-
nar encanta a todos ao seu
redor. Esbanjando saúde,
elacomemoramaisumani-
versário e tem muita histó-
ria para contar. Ela émora-
dora de Sooretama, na re-
giãoNorte doEstado.
Aneta,adomésticaJoyce
Carla de Souza, de 23 anos,
afirmou que a avó é uma
mulher forte e que não tem
nenhum problema de saú-
de. “Esses problemas que
muita gente tem, comodia-
betes, hipertensão, ela não
tem. Não toma nenhum re-
médio. Já teve câncer, fez
quimioterapiaeestácurada.
Elalimpaacasa,tomabanho
sozinha, faz bolo e não es-
quece nada. Escuta bem, é
lúcida e contamuitas coisas
de antigamente”, explicou.
Quando veio ao Espírito
Santo,elafoimoraremuma
fazendaemLinhares.Foica-
sada, teve dois filhos, mas
ambos morreram antes dos
5 anos. “Depois, minha avó
decidiunãotermaisfilhos.O
primeiro marido morreu e
ela chegou a se casar de no-
vo. Um dia, ela escutou um
chorodecriança.Foiatéolo-
cal onde ficavam os bois e
encontrou um bebê. Era
meupai”, conta Joyce.
O pastor Carlos Benedito
deSouzaSantos,de45anos,
tinha apenas 8meses quan-
do foi salvo por dona Isnar.
“Minha avó conta que meu
paiestavacombichosnoou-
vido... tinha sido abandona-
dopelamãebiológica.Então
ela o salvou e o criou como
filhodela”, conta.
Graças ao filho adotivo,
dona Isnar tem seis netos e
dois bisnetos. Hoje, dona
Isnarmoraemumacasano
Centro de Sooretama. Há
quatro anos foi homena-
geada como cidadã soore-
tamense mais velha da ci-
dade. (Loreta Fagionato)
ARQUIVO PESSOAL
Isnar Alves de Almeida é só alegria com a nova idade
8 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
Salas interditadas e rachaduras
emescolanoCentrodeVitória
Funcionandoemprédio
histórico,oMariaOrtiz
acumulaproblemas
eserá reformado
FOTO DO LEITOR
Instalada em um prédio
histórico no Centro de Vitó-
ria, a Escola Estadual Maria
Ortiz está longe de ser um
ambiente adequado para os
1,1 mil alunos que lá estão
matriculados. Rachaduras e
infiltraçõessãovisíveisnaes-
trutura,levandoinclusiveao
à interdição do laboratório.
Em dias de chuva, estudan-
tes tentamescapardegotei-
ras nas salas de aula. Nesse
cenário, há ainda mais um
alerta:“cuidado,janelacain-
do!”, dizem cartazes colado
em algumas das janelas.
Diante da situação, a Secre-
tariadeEducaçãodoEstado
(Sedu) promete fazer uma
reforma.
Enquanto isso, os alunos
convivem diariamente com
os problemas do edifício,
que fica localizado ao lado
doPalácioAnchieta.Asitua-
ção foi denunciada por um
pai de aluno pelo aplicativo
daTVGAZETAeconstatada
por meio de fotos do am-
biente interno feitas por es-
tudantes. Os relatos tam-
bém reforçam o estado de
abandonoda escola.
“Na minha sala, quan-
do chove, começa a pin-
gar. Às vezes, cai água até
das lâmpadas e a gente
precisa ficar se afastando
para não cair em cima”,
afirma a aluna Esther Bra-
siliense, 17 anos.
AestudanteEvellyndos
Santos, 15, aponta outro
problema: a cozinha em
más condições. “Aqui é
sempre pão, porque não
tem infraestrutura para
fazercomida.Notetoepa-
redes do refeitório, há in-
filtração e rachaduras.”
Alémdisso, partedo se-
gundo andar está interdi-
tada, impossibilitando a
utilizaçãode laboratório e
salas temáticas.
O aluno Leonardo de
Freitas reclama ainda do
número de estudantes e
da faltadeestruturadesa-
cadas e janelas. “A escola
não tem condições de re-
ceber tanto aluno. E, do
jeitoqueestá,éatéperigo-
so desabar com a gente.”
MELHORIAS
O secretário estadual de
Educação, Haroldo Corrêa
Rocha,asseguraquenãohá
perigo de desabamento da
estrutura, que jápassoupor
vistoria dos bombeiros, e
que uma série de interven-
çõesseráfeitanaescolapara
melhorar o atendimentode
alunos, servidores e profes-
sores. O Corpo de Bombei-
rosconfirmaquenão foram
encontrados quaisquer tipo
de riscos.
Os primeiros reparos
começaram a ser feitos
nesta semana e são volta-
dos para restabelecer o
funcionamento da cozi-
nha, do refeitório e do la-
boratório. A estimativa do
secretárioéqueessaetapa
seja concluída em até 90
dias.Atéofinaldoano,de-
ve ser iniciada a reforma
dafachada,dasescadarias
e da parte estrutural.
Questionadosobreofato
deaescolanãodispordeal-
varádefuncionamento,Ha-
roldo explicou que o prédio
foi construídoemumaépo-
caquenãohaviaessetipode
exigência, mas que, em um
futuro projeto de reforma
do prédio, esse quesito será
contemplado. O secretário
disse ainda que haverá am-
pliação da escola e implan-
tação de uma quadra, con-
siderando que a secretaria
adquiriu um imóvel na re-
gião para executar a obra.
Laboratório, com parte do teto cedida, foi interditado. Na janela, cartaz avisa que estrutura está caindo. Fora, há rachaduras, e pedaço do concreto do edifício se soltou
FERNANDO MADEIRA
Na fachada da escola Maria Ortiz, estrutura desgastada e janela com madeiras soltas e vidro faltando
“A gente já teve
que ser retirado
de uma sala de aula
no colégio porque
tava chovendo
muito e tinha
água caindo
lá dentro”
MILENA SARCINELI
ALUNA, 15 ANOS
PROBLEMAS
“Tem muita coisa
parada e porque não
tem estrutura
nenhuma, está tudo
caindo. Na minha
sala, quando chove,
pinga dos lados
da lâmpada”
ESTHER BRASILIENSE
ALUNA, 17 ANOS
HISTÓRICO
SAIBA MAIS
CONSTRUÇÃO
t Destaque
O edifício foi construído
na Cidade Alta, em
Vitória, em meados do
século XIX. recebeu o
nome de Ateneu
Provincial, uma escola.
Após reforma ocorrida
em 1912, ganhou
características do estilo
eclético classicizante e
passou a ser chamado
de Escola Normal D.
Pedro II.
DESDE 1971
t Escola atual
Desde 1971, abriga a
escola estadual Maria
Ortiz. Os dados constam
do livro “Arquitetura
Escolar Capixaba: Sua
Trajetória”, de Bruna
Morais de Medeiros.
MARIA ORTIZ
t Quem foi
Maria Ortiz, que dá nome
à escola, foi primeira
mulher de destaque na
história do Espírito Santo,
responsável pela expulsão
de holandeses que
pretendiam invadir o
Estado, no início do século
XVII. Ao contrário do que
já foi especulado, segundo
historiadores ela não era
prostituta.
FERNANDO MADEIRA
Pintura da fachada do
prédio está descascando
FERNANDO MADEIRAFOTO DO LEITOR
SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 9
Não adianta
falar de
tecnologia em
uma escola
que não tem
internet veloz e
bons recursos
digitais de
aprendizagem”
—
ANNA PENIDO
JORNALISTA E PALESTRANTE
DE EDUCAÇÃO
#SOMOSCAPIXABAS
Leitoresna capados 90anosdaGazeta
Fotosdeassinantes
vãoestamparpáginas
docaderno. Cliques já
podemser enviados
Umaação lançadaporA
GAZETA promete fortale-
ceraindamaisa interativi-
dade entre o veículo e o
seupúblico.Assinantesdo
jornal,nasversõesimpres-
saoudigital, terãosuas fo-
tos estampadas na edição
comemorativa dos 90
anos da Rede Gazeta (ca-
pa e contracapa), que cir-
culará no próximo dia 11
de setembro, data de ani-
versário da empresa.
A iniciativa é do Clube
do Assinante, que selecio-
nará leitores, ativos e
adimplentes, por meio da
ação “Foto Promocional”.
Os contemplados ganha-
rãoumparde ingressos de
cinemadaRedeCinemark.
Cada pessoa deverá vali-
dar sua participação digi-
tando CPF ou CNPJ e en-
viar uma foto sua que con-
tribua com o movimento
#SomosCapixabas.
REGRAS
Não serão aceitas parti-
cipações via e-mail, e sim
somenteaquelas feitaspe-
lo site (clubedoassinan-
te.agazeta.com.br/pro-
mocoes). Depois, é só cli-
car no link do movimento
#SomosCapixabas.
Ébemsimplesenviaras
fotografias. É preciso se
posicionar em um local
comparede branca e ficar
de frente para a câmera.
Pode-se fazer um clique
comocelular oupedir pa-
ra alguém fotografar. A
comissão formada pela
equipe do Clube do Assi-
nante escolherá as ima-
gens que contemplem
qualidade para impres-
são. Serão selecionados
os autores de até 90 fotos
para participação. O re-
gulamento completo está
detalhado no site do Clu-
be do Assinante.
A retirada do prêmio
(os ingressos)será feitana
sededa Rede Gazeta, que
fica localizada na Rua
Chafic Murad, 902, Bento
Ferreira, Vitória/ES.
Oeditorde fechamento
deAGAZETA,EduardoFa-
chetti, que articula as
ações jornalísticas do mo-
vimento #SomosCapixa-
bas na Redação Multimí-
dia, explica que a ideia de
destacar as imagens dos
leitores vai aoencontroda
proposta da mobilização,
dando cada vez mais visi-
bilidade à população do
Estado, representada por
seu público.
“É uma proposta que
quer jogar luz em quem
faz esteEstado, cujahistó-
ria se confunde comapró-
pria trajetóriadaRedeGa-
zeta em nove décadas.”
CARLOS ALBERTO SILVA/ARQUIVO
Sede da Rede Gazeta, que completa seu 90º aniversário em 11 de setembro
EDUCAÇÃO
“Os alunos estãono séculoXXI,
mas a escola aindanãoestá”
Jornalista epalestrante
deeducaçãodefende
usode tecnologiapara
ajudarnoaprendizado
KAIQUE DIAS
kbenfica@redegazeta.com.br
“Os alunos estão no século
XXI,mas a escola ainda não
está.”Écomessa frasequea
jornalista e palestrante na
área de Educação Anna Pe-
nido define o ensino das es-
colas atualmente. A educa-
dora esteve noEspírito San-
topara o8ºCongressoEdu-
cacionaldasEscolasParticu-
laresdoEstadoefalousobre
a importância demudanças
no ensino e inclusão da tec-
nologianas salas de aula.
EmconversacomoGaze-
taOnline,AnnaPenidodisse
queousodatecnologiaéal-
go importante para estimu-
lar a vontade de aprender
dosalunos,masquedeveser
um complemento às outras
formasde ensino.Confira:
Oque está faltando para
levar mais tecnologia às
escolas?
A gente precisa formar es-
sas novas gerações para de
fatosaber lidarcomatecno-
logia, tanto para a vida pes-
soalquantoparaaprofissio-
nal,asocialouacidadã.Ho-
je, se você não tem acesso
qualificadoà tecnologia, vo-
cê está à margem da socie-
dade.Éfundamentalpensar
os currículos e comoeles in-
corporamessaformaçãopa-
ra a tecnologia, que não po-
de ser aprender a operar, a
apertar botão, porque mui-
tas vezes eles já nascem sa-
bendo. É entender como de
fatoatecnologiapodetrans-
formaravidaecomoutilizar
para intervir na sociedade,
demaneiraética,consciente
epositiva.Asnovasgerações
muitas vezes usam a tecno-
logia, mas não de forma
consciente. As escolas preci-
samajudarnesse papel.
Que exemplos você da-
riadobomusoda tecno-
logia?
Hoje quando as escolas se
propõematransformarpela
tecnologia elas vão conse-
guir coisas que não conse-
guiamfazerantes.Onívelde
autoria cresce com a tecno-
logia porque os alunos vão
poder produzir vídeos, ga-
mes, softwares, aplicativos,
vão poder usar a tecnologia
para fazer pesquisas mais
amplas, terexperiências,co-
movisitarummuseuvirtual-
mente, poder ter acesso a
materialmais interativoque
o livrodidático…Atecnolo-
giapode trazerumasériede
elementos para ampliar o
engajamento, a aprendiza-
gem e o protagonismo do
aluno no seu processo edu-
cativo.Nãoadiantasimples-
mente levar o computador
para o laboratório de infor-
mática–queinclusiveéalgo
obsoleto. A tecnologia tem
que ser como um caderno,
algodo cotidiano.
Ecomofazer isso?
É preciso pensar nas
questões da prática peda-
gógica, na formação do
professorporqueelenãoé
ensinado a lecionar usan-
do a tecnologia. Em mui-
tas vezes não consegue
usar a própria tecnologia.
Precisamos investir forte-
mente no professor e na
infraestrutura, nos recur-
sos pedagógicos digitais.
Não adianta falar de tec-
nologia em uma escola
quenãoteminternetveloz
e acesso a bons recursos
digitais de aprendizagem.
Tudo temque ser pensado
de forma articulada.
Você acha que a escola
aindaestánopassado?
Eunãoacho, eu tenhocer-
tezadisso.Aescolanãocon-
seguiu evoluir. Todos os se-
tores da sociedade, pratica-
mente, mudaram profun-
damente. Quando comecei
a faculdade de jornalismo
usava-se máquinas de es-
crever. Quatro anos depois,
quandome formei, já tinha
umaplacanasalaondeelas
ficavam escrito “Jurassic
Park”. A escola, no entanto,
tem resistência de deixar
entraratecnologia,issopor-
que a educação é cheia de
regras e é conservadora.
Cheia de ideias consolida-
das e de ideologias que im-
pedem de ser mais rápido
no processo de mudança.
Temquefazer.Osalunoses-
tãono séculoXXI,mas a es-
cola não está lá ainda.
SINEPE/DIVULGAÇÃO
Anna Penido: escola resiste em se modernizar
10 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
TEMPO
FONTE: INMET (INSTITUTO NACIONAL DE METEREOLOGIA) - CLIMA TEMPO - CPTEC (PREVISÃO OCEÂNICA) - INCAPER - IEMA (INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE)
lximenes@redegazeta.com.br - Tel.: 3321-8521
LEONEL XIMENES
Num país em que a Justiça Eleitoral
tem mais protagonismo que o
eleitor, algo está errado.
Rodrigo
Coelho pede
auxílio-
moradia
Rodrigo Coelho saiu da toca. O
novo conselheiro do Tribunal de Con-
tas do Estado entrou com o pedido
para receber o auxílio-moradia, no
valor de R$ 4.377. Além desse pen-
duricalho, o ex-deputado estadual re-
ceberá salário de R$ 30.471,10 e tí-
quete-refeição de R$ 1.925, perfazen-
do um total mensal de R$ 36.773,10.
Os imóveis
Rodrigo, antes de assumir o cargo,
declarou à coluna que já tem um
imóvel próprio em Cachoeiro de Ita-
pemirim e um apartamento (finan-
ciado) em Vitória.
Até quando?
Enquanto isso, centenas de pessoas
dormem e vagam sem destino pelas
ruas das cidades capixabas.
Eleições 2018
Até agora, muita briga, poucas ideias.
Valei-me!
Ontem, no final da manhã, o Transcol
540 virou um autêntico púlpito re-
ligioso. Na altura de Carapina, um mo-
ço e depois uma mulher ficaram gri-
tando no ônibus mensagens apocalíp-
ticas. A senhora até cantou e depois
revelou: “Meu marido virou a casaca!”.
Pequena queda
Segundo a Agência de Regulação de
Serviços Públicos (Arsp), entre 1º e
22 de agosto, em relação ao mesmo
período do ano passado, houve re-
dução de 52.552 veículos no sentido
Vitória-Vila Velha da Terceira Ponte,
representando queda de 0,05% do
movimento.
O monitoramento
A Arsp vai monitorar, até 15 de ou-
tubro, o fluxo de veículos na ponte e
o comportamento do tráfego em fun-
ção da cobrança unidirecional no
sentido Vila Velha-Vitória. Depois,
decidirá se mantém ou não a co-
brança em apenas um sentido.
Folha corrida
O MP Eleitoral contestou 21 registros
de candidaturas no Espírito Santo.
Um dos candidatos foi condenado
por homicídio qualificado; outro por
receptação. Tem até um por ter vio-
lado o direito autoral.
Bom coração
A Santa Casa de Misericórdia de Vi-
tória foi oficialmente habilitada pelo
Ministério da Saúde para tratar de
problemas cardiovasculares de alta
complexidade.
Agenda popular
A agenda de João Goulart Filho
(PPL) no Estado tem a marca de Vas-
quinho, presidente do partido no ES.
Neste fim de semana, o presidenciá-
vel visita três feiras, dois bairros po-
pulares e uma igreja (Prainha).
O encontro
Domingo de manhã, na feira de Ari-
biri, o filho do ex-presidente Jango
pode se encontrar com o candidato a
governador Manato (PSL), que tem
agenda prevista no local.
Os três...
Em um vídeo que circula pelas redes
sociais, os deputado Erik Musso
(PRB) e Amaro Neto (PRB) estão,
diríamos, bem descontraídos com o
prefeito Daniel da Açaí (PSDB).
Até quando?
A propósito, uma dúvida: por que até
agora o prefeito de São Mateus, que
já foi cassado por abuso do poder
econômico, ainda não foi afastado do
cargo? Ou a Justiça Eleitoral vai dei-
xar o mandato de Sua Exa. acabar
para cassá-lo de fato?
O governo, pois
Aridelmo Teixeira (PTB) admite
que na campanha está defendendo
o legado do governo PH. Mas hoje
de manhã ele vai à passeata “con-
tra a insegurança pública” no Cen-
tro de Vila Velha. E quem está sen-
do responsabilizado pela insegu-
rança?
Só pensa naquilo
Por falar em Aridelmo, ele está dor-
mindo apenas pouco mais de quatro
horas por dia. E às vezes ainda acor-
da de madrugada para anotar algu-
ma ideia que surgiu durante o sono.
Pra frente, Brasil!?
Manato (PSL) disse que quer levar o
civismo de volta às escolas, tornando
obrigatória a formação dos alunos du-
rante a execução do Hino Nacional.
Cadê ele?
A propósito, Bolsonaro, candidato de
Manato, parece que não sabe o Hino
todo, principalmente o trecho “verás
que um filho teu não foge à luta”...
Alô, eleitor!
Candidatodesonesto fora da política
vai ser honesto com mandato?
11º: NÃO PINTARÁS MURO ALHEIO
Proprietário de um muro que aparentemente não permitiu a pintura com os dizeres bíblicos dos 10 Mandamentos deixa seu recado na Avenida
Marginal, no bairro de Jardim Carapina, Serra. FOTO: MARCELO PREST
Hoje
Máxima 29 / Min. 19
Amanhã
Máxima 29 / Min. 19
Segunda
Máxima 25 / Min. 19
Qualidade do ar
Grande Vitória Medição em 21/08
Estação Qualificação
Carapina Bom
Cariacica Bom
Jardim Camburi Bom
Laranjeiras Bom
Vila Velha - Centro Bom
Vila Velha - Ibes Bom
Vitória - Centro Bom
Vitória - Enseada do Suá Bom
Marés
PORTO DE VITÓRIA
Preamar: 1.4 às 02:17
e 1.4 às 14:56
Baixamar: 0.1 às
08:38 e 0.3 às 20:51
PORTO DE TUBARÃO
Preamar: 1.4 às 02:12 e
1.5 às 14:55
Baixamar: 0.1 às
08:34 e 0.3 às 20:55
Ventos
Norte, fracos a moderados
Ondas
Vitória - Altura: De 1.4 a
1.6
Sol
Nascer: 05:56
Pôr do sol: 17:30
Lua
Crescente
18/08 - 04:48
SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 11
OS 30 PONTOS DE ÔNIBUS
MAIS PERIGOSOS DAS BRs
Margens das rodovias se tornaram alvos de assaltantes
VICTOR MUNIZ
vmelo@redegazeta.com.br
Acordar cedo, sair para tra-
balhar e ter que conviver
com o medo de bandidos.
Essa é a sensação de quem
pega ônibus em pontos nas
rodovias federais que cor-
tamaGrandeVitória.
Com a ajuda dos passa-
geiros, a reportagem ma-
peou os 30 pontos de ôni-
bus mais perigosos nas
BRs.Sãodiversos relatose
reclamaçõesdefaltadese-
gurançaemparadasdeco-
letivos no trecho da BR
262, entre Jardim Améri-
ca e o viaduto próximo à
Ceasa, em Vila Capixaba,
além da BR 101, no caso,
Rodovia do Contorno e o
trecho entre Carapina e
Serra-Sede, na Serra.
O horário em que os
criminosos mais agem,
segundo os trabalhado-
res, é a manhã, entre
5h30 e 7h. Quase todos
os entrevistados já sofre-
ram, presenciaram ou
ouviram relatos de ami-
gos que foramvítimas da
ação dos criminosos.
Umdos locaisdemaior
perigo citado é o ponto
em frente à entrada de
NovaRosadaPenha II, na
RodoviadoContorno.Lá,
a barra de proteção late-
ral da pista fica atrás das
pessoas. Com isso, os
bandidos que se aproxi-
mam, geralmente demo-
to, conseguem encurra-
lar as vítimas.
Foiocasodeumadomés-
tica de 41 anos – ela, assim
como outras pessoas ouvi-
daspela reportagem,prefe-
rem não se identificar. Ela
pegaoônibusnaquelepon-
to três vezes por semana.
“Eu já presenciei e já fui
assaltada umas quatro ve-
zes aqui. Eles aparecem co-
mo se não quisessem nada,
esperam chegarmais gente
no ponto, ficam perto das
pessoas. Vêm de moto, de
carro e exigem celular e di-
nheiro.Sevocênãotiverum
celular bom, ainda corre o
risco de apanhar. Já vi pes-
soas sendo agredidas.”
SERRA
Outro local visado por
assaltantes é a entrada do
bairro Central Carapina,
na Serra, no sentido Ser-
ra-Sede da BR 101.
Umamoradoradobairro
Diamantina,quejáfoiassal-
tadaduas vezesno local diz
que só fica no abrigo se es-
tiver acompanhada. Caso
contrário, prefere ir ao Ter-
minal deCarapina. “Eu vou
no sentido contrário justa-
mentepelainsegurança.Da
outravezeueminhacolega
corremos para o meio da
pista”, diz.
Em todos os pontos on-
de a reportagem passou
os trabalhadores relata-
vam que não percebiam a
presença de policiamen-
to, ou diziam que a atua-
çãodapolíciaestava foca-
da somente dentro dos
bairros. “A segurança não
existe. Nesses horários de
pico deveria passar mais
viatura”, relatouumauxi-
liar de serviços gerais de
62 anos que pega ônibus
emNova Rosa da Penha.
“Polícia a gente vê den-
tro de Central Carapina,
mas aqui na rodovia é
muito difícil”, afirmou
também uma auxiliar de
limpeza de 34 anos, que
utilizaopontoemfrenteà
entrada do bairro.
PONTOS DO MEDO
RODOVIA DO CONTORNO
1) André Carloni - ao
lado do viaduto
2) Pista lateral - em
frente à entrada de um
complexo empresarial
3) Em frente ao
Alphaville
4) Em frente a uma
empresa de logística na
localidade de Porto Engenho
5) Ao lado de uma
empresa de reciclagem de
materiais
6) Em frente à entrada
de Nova Rosa da Penha II
7) Em frente à entrada
de Porto Belo I
8)Em frente à entrada de
Flexal II
9) Em frente à fábrica da
Coca-Cola, no bairro Planeta
10) Próximo à entrada do
bairro Santana, sentido Serra
11) Perto da entrada do
bairro Mucuri, sentido Viana
BR 101 (ENTRE CARAPINA
E SERRA-SEDE)
1) Na entrada principal de
Central Carapina, dos dois
lados da pista da rodovia
2) Ao lado de uma loja de
pneus na altura do bairro
São Diogo II, sentido
Serra-Sede
3) Em frente ao muro de
uma empresa de materiais
de construção, em São Diogo
4) Em frente ao Makro,
em Planalto de Carapina
5) Em frente ao acesso
de Jardim Tropical, ao lado
de uma concessionária, no
sentido Vitória
6) Em frente à entrada
de Taquara I, próximo a
uma concessionária, nos
dois sentidos da pista
7) Ao lado do acesso
para o bairro Barcelona
8) Ao lado do viaduto de
Barro Branco, nos dois
sentidos da pista
9) Em frente à Nova
Carapina I, nos dois
sentidos
10) Nos dois lados da
pista, após o viaduto de
Campinho da Serra
11) Em frente ao acesso
a Planalto Serrano
12) Na entrada do bairro
Vista Serra, sentido Vitória
BR 262 (ENTRE JARDIM
AMÉRICA E VIADUTO
DA CEASA)
1) Ponto em frente a um
posto de gasolina, na
altura do bairro Itaquari
2) Ponto na altura de
Alto Lage, ao lado de um
matagal
3) Ponto ao lado de um
central de energia, altura
do bairro Dom Bosco
4) Ponto na esquina
com a Rua Luciano Lube,
altura de Campo Grande
5) Ponto logo após a
entrada de Vila Capixaba,
em frente a uma viação
6) Ponto em frente a
um shopping, na altura
do bairro Santa Luzia
7) Ponto após a entrada
da Ceasa, em Vila Capixaba
Fonte: passageiros consultados
Perigo
Uma auxiliar administrativa, de 32 anos, diz que evita
ficar no ponto da BR 101 em Central Carapina, Serra.
“Procuro já chegar bem perto do horário do ônibus.”
FOTOS: BERNARDO COUTINHO
Doméstica, 41, em Nova Rosa da Penha, na BR 101, onde já presenciou pessoas sendo agredidas em assaltos
Jogo de
empurra na
segurança
Procurada, a Secretaria
de Estado da Segurança
Pública (Sesp) passou a
responsabilidade do pa-
trulhamento, exclusiva-
mente, para a Polícia Ro-
doviária Federal (PRF).
Sobre as investigações
dos crimes, ressaltou que
a Polícia Civil investiga
somente os que são regis-
trados pelas vítimas nas
delegacias, mas não in-
formou se aconteceram
prisões de suspeitos re-
centemente nem quantas
denúncias houve.
Já a PRF fez questão de
ressaltar que, de acordo
com o artigo 144 da Cons-
tituiçãoFederal, a seguran-
ça pública, dever do Esta-
do, deve ser exercida por
Polícia Federal, Polícia Ro-
doviária Federal, Polícia
Ferroviária Federal, Polícia
Civil,PolíciaMilitareCorpo
de BombeirosMilitar.
A competência exclusi-
va da PRF, de acordo com
o próprio órgão, é refe-
rente somente a ações ad-
ministrativas, tais como
multas de trânsito, reco-
lhimento de veículos, en-
tre outras.
Nem Sesp e nem a PRF
responderam sobre ações
de prevenção dos crimes
contrapassageirosdeôni-
bus que aguardam o cole-
tivo nos pontos das rodo-
vias federais.
12 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
MEDO
Motoristas entre as leis
do trânsito e asdo tráfico
Recadosatribuídos a
traficantes emmuros
debairros têmgerado
medoedúvidas
EDUARDO DIAS
edias@redegazeta.com.br
As mensagens e ameaças
atribuídas a traficantes em
muroseparedestêmgerado
medoedúvidasemmotoris-
tas e motociclistas da Gran-
de Vitória. As frases exibem
ordens para que os carros
circulemcomosvidrosabai-
xados e para que osmotoci-
clistasandemsemocapace-
te.Masoscondutoresvivem
oimpasseentredesobedecer
as leis de trânsito e respeitar
as leis dos criminosos.
Essefoiocasodogesseiro
Ednaldo dos Santos, de 38
anos. Ele afirma que levou
umamulta após circular de
moto sem o capacete, no
bairroJoãoGoulart,emVila
Velha. No entanto, Ednaldo
argumenta que só estava
semocapaceteporquerece-
beu ordens de criminosos.
“Fui fazer uma monta-
gem de móveis em João
Goulart,efuiatravessarpara
ooutrobairro.Osmurossão
pichadoslá,os ‘caras’mepa-
raram e mandaram tirar o
capaceteatéchegaraoasfal-
to. Tirei o capacete,mas de-
pois vi queamulta chegou”,
reclamouomotociclista.OcoronelSouzaReis,co-
mandante do Policiamento
Ostensivo Metropolitano,
afirmou que os motoristas
devem respeitar as leis de
trânsito. “Nósnãopodemos
nossubmeteraomedo,pre-
cisamos enfrentar esse me-
do. Se ele (condutor) sofrer
uma abordagem, ele não
deve resistir,mas assimque
ele passar por ali, ele deve
comunicar à Polícia Militar,
para que nós possamos fa-
zer esse tipo de ação quali-
ficada”, explicou.
Luiz Fernando Muller,
presidente da Associação
dos Motoristas de Aplica-
tivo do Espírito Santo
(Amapes), afirmou que
recebe relatos sobre os
problemas todos os dias.
Umadasáreasdetemor
citada pelomotorista foi o
bairro Morada da Barra,
em Vila Velha, onde a jo-
vem Thaís de Oliveira, de
22 anos, foi morta no últi-
mofinaldesemana,apóso
carro onde ela estava ser
cercado por bandidos.
“Em alguns casos, até re-
vistas acontecem, os crimi-
nosos conferem quem está
dentro do carro, se estamos
levando alguma mercado-
ria. Em locais mais perigo-
sos, só podemos entrar com
liberação deles ou quando
estamos com algum mora-
dordentrodo carro.”
Em relação às multas, o
Detran informa que os con-
dutores que entendem que
apuniçãoéindevidadevem
entrar com recursos junto
ao autuador da infração.
ARI MELO/TV GAZETA - ARQUIVO
Recado que estava em muro de avenida em Morada da Barra, Vila Velha, onde jovem foi morta
POLÍCIA
“Nós não podemos
nos submeter ao
medo, precisamos
enfrentar esse medo.
Se sofrer abordagem,
não deve resistir, mas
assim que passar por
ali, deve comunicar”
CORONEL SOUZA REIS
COMANDANTE CPOM
CRIME BÁRBARO
Padrasto condenadopor
estupro emortedemenina
Michael Lelis foi
condenadoa28anos.
Amãedacriança teria
ajudado réua fugir
GLACIERI CARRARETTO
Pena:28anos,trêsmesese
nove dias. Esse foi o resul-
tado da condenação dado
pela Justiça para Michael
Lelis, 29 anos, por ter es-
tuprado e torturado até a
morte a enteada Fabyane
IsadoraClaudinoBezerra,
de 2 anos e 4 meses, den-
tro de casa, emCariacica.
Amãedamenina,Maria
Izabel Costa Almeida Clau-
dino,22,tambémfoiconde-
nada,mas aumapenabem
menor,decercade2anos,e
responderá em liberdade.
O crime aconteceu no
dia18demaiode2017.Ao
chegar em casa do traba-
VITOR JUBINI/ARQUIVO
Michael fugiu de casa depois de torturar Fabyane
90 PRESOS NO ES
Operação
contra
feminicídios
ehomicídios
APolícia Civil do Espírito
Santo realizou ontem a
“Operação Cronos” em to-
dos os municípios do Esta-
do.Duranteaoperação, fo-
ram presas 90 pessoas en-
volvidas em crimes de ho-
micídio, violência contra a
mulher e outros, sendo 85
adultos presos e cinco ado-
lescentes apreendidos.
Com os acusados os
agentes encontraram 13
armas,173gramasdema-
conha, 238 gramas de co-
caínae100gramasdecra-
ck. A ação começou du-
rante as primeiras horas
do dia e foi encerrada em
todo o Estado às 18h.
Aotodo,372policiais ci-
vis formando equipes dis-
tribuídas em 138 viaturas
trabalharam na operação.
Também fizeram parte da
operaçãoaSuperintendên-
cia de Inteligência e Ações
Estratégicas (Siae), a Polí-
cia Interestadual e de Cap-
turas (SUPIC), a Polícia Es-
pecializada (SPE) e as Su-
perintendênciasNorte,Sul,
Noroeste e Serrana.
SegundoaPolíciaCivil, a
operaçãosurgiudevidoàLei
MariadaPenhaestaraniver-
sariandonestemês. Esta é a
primeira operação que tem
como foco o cumprimento
de mandados contra auto-
resdehomicídiosemgerale
qualificados pelo feminicí-
dio, além de cumprimento
demandadosdeprisãorela-
tivosaodescumprimentode
medidas protetivas da lei.
VILA VELHA
PMbaleado
ao realizar
abordagem
Um policial militar de 23
anos foi baleado ao realizar
uma abordagem num con-
domínio residencial em Ja-
baeté, região de Terra Ver-
melha, em Vila Velha, on-
tem, às 17h40. Segundo in-
formações daPM, osmilita-
resforamacionadosparave-
rificar uma ocorrência de
um homem que havia ar-
rombadooportãodacasada
ex-mulher. No local, ao ten-
tar conter o homem, o sus-
peito conseguiu tomar a ar-
madopolicialeefetuoudois
disparos. Uma bala atraves-
souocoletedomilitareaca-
bou atingindo a região do
abdômen. Ele passa bem.
lho, amãede Fabyane Isa-
dora encontrou a filha
passando mal e com inú-
meros ferimentos pelo
corpo e a levou para o
pronto-atendimento.
A investigação realizada
pelaDelegacia de Proteção
à Criança e ao Adolescente
(DPCA) indicou que Maria
Izabel orientou e ajudou o
marido,Michael Lelis, a fu-
gir assim que os funcioná-
rios e demais pacientes da
unidade desconfiaram que
se tratava de umcrime.
Fabyane Isadora foi
transferida para o Hospi-
tal InfantilemVitória,mas
não resistiu emorreu.
Olaudocadavéricoapon-
touqueameninateveobra-
ço quebrado em três partes,
órgãos internos dilacerados
devido ao espancamento e
também que ela tinha sido
violentada sexualmente.
Com buscas intensas, o
acusadopassouaserprocu-
radoportodooEspíritoSan-
toapósaJustiçaacatarope-
dido de prisão. Michael foi
localizadonanoitedodia20
demaio, dentro de uma ca-
çambadelixo,emCariacica,
próximo a um motel onde
havia passado anoite.
A mãe de Fabyane Isa-
dora negou qualquer en-
volvimento no crime. Po-
rém, durante as apura-
ções, a Polícia Civil con-
cluiu que ela deixou de
agirparaprotegerafilhae
quesabiadeagressõesan-
teriores praticadas pelo
marido contra a filha. No
dia 2de junho, ela foi pre-
sa pelos mesmos crimes a
que o marido estava sen-
do acusado.
Brasil &Mundo. | 13SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
DRAMA VIZINHO
Venezuela registra êxodomaior
queode refugiadospara aEuropa
Crisenopaís tem
provocadoumadas
maioresmigrações em
massadocontinente
Adegringoladaeconômi-
cadaVenezuela se transfor-
ma em crise humanitária.
Segundo a ONU, 2,3 mi-
lhões de venezuelanos dei-
xaramopaísemdoisanos.A
título de comparação, 1,8
milhão demigrantes entra-
ram em toda aUnião Euro-
peia emquatro anos.
A crise de refugiados na
Europa começou em2015,
quando levas crescentes de
pessoas que fugiamdedifi-
culdadeseconômicasoude
conflitos tentavam alcan-
çar a União Europeia, atra-
vessando omarMediterrâ-
neo ou por terra, pelo su-
deste europeu.
Enquanto cerca de 1,8
milhão de refugiados che-
garam na Europa desde
2015, a crisemigratória da
Venezuela já contabiliza
mais de 2,3milhões demi-
grantesquefogemdamisé-
ria emapenas dois anos.
Estasemana,oEquador
abriu um corredor huma-
nitáriopara facilitar apas-
sagem de ônibus levando
centenas de imigrantes
venezuelanos que preten-
dem chegar ao Peru antes
que entrasse em vigor, ho-
je, as restrições para sua
entrada nesse país, anun-
ciou o governo.
OgovernodeLenínMo-
reno decidiu facilitar o
transporte dos venezuela-
nos apesar de ter imposto
a necessidade de passa-
porte na semana passada,
umamedidaqueoPeruvai
utilizarapartirdasprimei-
ras horas deste sábado.
A Organização das Na-
ções Unidos (ONU) pediu
aos países latino-america-
nos que continuem aco-
lhendo os refugiados ve-
nezuelanos e criticou as
novasexigênciasnas fron-
teiras implementadas pe-
lo Equador e pelo Peru.
Em um comunicado
conjunto, o Alto Comissá-
riodasNaçõesUnidaspara
os Refugiados, Filippo
Grandi,eodiretor-geralda
Organização para as Mi-
grações, William Lacy
Swing, pediram um apoio
maior da comunidade in-
ternacionalàmedidaqueo
êxodo de venezuelanos
continuadevidoaoagrava-
mento da crise econômica.
PRAZO
A ministra do Supremo
TribunalFederal (STF)Rosa
Weber deu ontem 15 dias
para o governo federal en-
viar documentos àCorte es-
clarecendo quais medidas
tem adotado para interiori-
zaroscidadãosdaVenezuela
que têm cruzado a fronteira
entre os dois países por Ro-
raima.Localizadanafrontei-
racomaVenezuela,acidade
dePacaraima(RR)registrou
umtumultonoúltimosába-
do, 18. Brasileiros agredi-
ramvenezuelanosedestruí-
ram acampamentos de imi-
grantes dopaís vizinho.
CRIS BOURONCLE/AFP
Centenas de venezuelanos fazem fila na fronteira do Equador com o Peru
Roraima
pode ficar
às escuras
AVenezuelaameaçacor-
tarofornecimentodeener-
gia elétricaparaRoraimaa
partir da primeira semana
de setembro. Em junho, o
país vizinhodeu90dias ao
governo brasileiro para
quitarpendênciasnopaga-
mentoàestatal venezuela-
naCorpoelec.Adívidaacu-
muladaseriadeUS$30mi-
lhões, conforme informa-
çõesdo “Valor”, e o prazo
está chegando ao fim.
Para o presidente do Fó-
rumdasAssociações do Se-
tor Elétrico (Fase), Mario
Menel, se isso ocorrer, será
necessário queimar mais
óleodieselnas térmicasque
operam emRoraima, o que
encareceriaatarifadeener-
gia de todos os brasileiros.
14 | OPINIÃO SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018
FOTO: PROJETO ACERVO DIGITAL / WWW.AGENCIAAG.COM.BR
CIDADANIA
INDIGENTE
OPINIÃO DA GAZETA
Retirar pessoas em situação de
rua da invisibilidade é o primeiro
passo, com saúde e assistência
social no front de batalha
N
odicionário,osignificadodeci-
dadão é pessoa que goza de di-
reitos e desempenha deveres
que lhe permitem viver em so-
ciedade.Seconsiderarmosestri-
tamente essa definição, pessoas
em situação de rua dificilmente seriam definidas
como cidadãos plenos. À margem do convívio so-
cial,estãoórfãsdastaisgarantiasconstitucionais.
Reportagem especial deste jornal apontou
que mais de 500 pessoas encaram esse duro
cotidiano só em Vitória, Vila Velha e Serra. Em
um cenário de violência urbana alarmante,
elas são vítimas também do preconceito. Um
homem que vive nas ruas da Capital resumiu
seu drama: “Você é sempre um suspeito”.
Esse estigma, aliado à falta de documentação,
cria barreiras por vezes instransponíveis ao
acesso aos serviços públicos – acesso esse que,
com frequência, já é complicado para qualquer
cidadão,diga-sedepassagem.Oresultadoéque
muitosficamaindamaisisolados.Afaltadevín-
culos,quandoseuneaoconsumodedrogas,ge-
ra uma mistura potencialmente fatal para o
usuário e para as pessoas à volta.
É o caso do morador de Vila Velha que teve o
carro atingido por uma pedra jogada por um
usuário de droga, na última quarta-feira. Por
sorte, o dano foi apenas patrimonial. Em maio,
a empresária Simone Tonani pagou com vida
ao ser ferida por um vergalhão lançado por ou-
tro dependente químico.
Seria ingênuo bradar aqui frases imperativas,
como se as respostas fossem cristalinas. Mas
também não cabe o silêncio, confundindo a
complexidade do problema com impossibilida-
dedesolução.Asituaçãoderuaéumfenômeno
de múltiplas causas, mas retirar as pessoas da
invisibilidade é o primeiro passo, com saúde e
assistênciasocialnofront.Noentanto,depouco
adiantará que os cidadãos – aqueles que têm di-
reitosdefato–cobremaçãodosentespúblicosse
não for combatido o abismo que divide o Brasil
entre aqueles que vivem nas ruas e aqueles que,
já donos de imóveis, recebem auxílio-moradia
de R$ 4,3 mil mensais, como bem lembrou um
leitor em mensagem enviada a esta Redação.
EU DIGO QUE...
“Foi melancólico
e simbólico,
como se tudo já
tivesse decidido,
poucas palavras,
monossílabas,
uma cena um
tanto derrotista
e pequena. Eu
me emocionei
e chorei”
—
José Dirceu
Ex-ministro do
governo Lula, em
relato no seu livro
“José Dirceu –
Memórias”, que
chega às livrarias
na próxima semana,
sobre a sua demissão
da Casa Civil
em 2005
“Reconhecemos
os crescentes
desafios
enfrentados
pela chegada
em grande
escala dos
venezuelanos”
—
Filippo Grandi
Alto Comissário das
Nações Unidas para
os Refugiados. A ONU
afirmou ontem
que êxodo de
venezuelanos já se
aproxima de um pico
comparável à crise
migratória do
Mediterrâneo
Inclusão
produtiva
Rodrigo Medeiros
É professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)
Grandes diferenças nas produtividades
encontradas nos países em desenvolvimento
acabam refletidas nos diferenciais de salários
A inclusão produtiva merece uma aten-
ção maior da parte das políticas públicas
e o momento é bem oportuno para o
debate. Nesse sentido, atendendo ao
convite do Instituto de Desenvolvimen-
to Educacional e Industrial do Espírito
Santo (Ideies/Findes), encaminhei um
breve artigo para o “Boletim Econômico
Capixaba”, edição de julho, sobre de-
senvolvimento inclusivo.
De acordo com o Centro de Comércio
Internacional (ITC, em inglês), a pro-
dutividade nas pequenas e médias em-
presas (PMEs) brasileiras é da ordem
de 30% da produtividade das grandes
firmas, algo comum nos países em
desenvolvimento. Na Alemanha, por
sua vez, essa relação é de 70%. As
PMEs empregam entre 60% e 70% dos
trabalhadores no mundo, sendo que
respondem por aproximadamente
95% das firmas, 50% do valor adi-
cionado e são classificadas de formas
distintas pelos países.
Grandes diferenças nas produtivi-
dades encontradas nos países em de-
senvolvimento acabam refletidas nos
diferenciais de salários pagos aos tra-
balhadores das firmas de portes dis-
tintos e explicam boa parte do fe-
nômeno conhecido na literatura co-
mo a “armadilha da renda média”. Tal
conceito, que deriva do trabalho do
economista Arthur Lewis
(1915-1991), compreende o conjunto
de dificuldades que um país apre-
senta para transitar de níveis baixos
de desenvolvimento para o patamar
de alto desenvolvimento.
Nossa arrancada desenvolvimentis-
ta, entre 1930 e 1980, se processou
pelas vias da substituição de impor-
tações de bens, sendo que desde mea-
dos dos anos 1980 sofremos desin-
dustrialização prematura e regressão
da complexidade econômica expor-
tadora. O desafio para as PMEs dos
países em desenvolvimento, cuja in-
formalidade média é estimada em
77%, é evitar o aprisionamento em
atividades de baixo valor agregado.
Segundo trabalhos publicados por Da-
ni Rodrik, professor da Universidade de
Harvard, a produtividade do trabalho é
bem maior nas manufaturas do que no
restante da economia. O setor manu-
fatureiro costuma ser onde as classes
médias tomam forma, crescem e a evo-
lução da indústria de transformação se
mostrou central para o vigor de uma
democracia. Melhorar o ambiente eco-
nômico para estimular a industriali-
zação de PMEs brasileiras mostra-se
algo bem interessante, pois estamos
vivendo a perspectiva da quarta re-
volução industrial e o setor de serviços
doméstico não foi capaz de acomodar,
de forma sustentada, a nova classe
média de renda brasileira sem gerar
grandes pressões inflacionárias.
HÁ 50 ANOS
Enfarte matou
Vicente Celestino
em São Paulo
“Vicente Celestino,
acometido de enfarte,
morreu em São Paulo
cerca das 23h de
anteontem. Vicente
estava hospedado no
hotel Normandie em
companhia de sua
esposa, a artista Gilda
de Abreu. O médico,
chamado às pressas
quando Vicente
começou a sentir-se
mal, nada mais pôde
fazer pois ao chegar ele
já se encontrava
moribundo. Contava
setenta e um anos de
idade.”
A IMAGEM DESTE JORNAL ESTÁ AMPLIADA NA EDIÇÃO DIGITAL DE A GAZETA
gazetaonline.com.br
Presidente do Conselho de Administração: CARLOS FERNANDO LINDENBERG FILHO | Diretor-Geral da
Rede Gazeta: CARLOS FERNANDO LINDENBERG NETO | Diretor de Negócios: MARCELLO MORAES |
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25/04/2018 - 25/04/2019
SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 OPINIÃO | 15
Farsa
percentual
Gabriel Tebaldi
É graduado em História e Filosofia e pós-graduado em Sociologia
E-mail: gab_meira@hotmail.com
Pesquisas eleitorais exercem influência maior que
qualquer outro agente público ou privado. Induzem
o “voto útil” e são base dos programas eleitorais
No mundo kafkiano dos institutos de
pesquisas que garantem apurar com
precisão o voto de 147 milhões de
eleitores entrevistando 8 mil pessoas, o
pleito presidencial de 2018 tem Lula na
dianteira, com 40% das intenções de
voto. Esses dados não assustaram ape-
nas o mercado financeiro - que levou o
dólar a R$ 4 -, mas também soaram mal
quando comparados com outros dados
dos mesmos institutos.
Segundo o Datafolha, em outubro de
2017, 87% do eleitorado considerava
muito importante que um candidato à
Presidência nunca tivesse se envolvido
em casos de corrupção.
Ao mesmo tempo, regis-
trou enorme rejeição ao
molusco (34%). No Ins-
tituto Paraná, essa oje-
riza é de 54%; no Da-
taPoder360, 56%.
Em 2017, o mesmo Da-
tafolha afirmou que 65%
do eleitorado brasileiro
identificava-se ideologi-
camente entre o centro e
a direita. Nesse cenário
atual de lulismo radical e
“greve de fome” petralha
pela soltura do nove-de-
dos, é estranho que, subitamente, mais
da metade do eleitorado tenha emi-
grado para nomes da esquerda.
Quando comparamos Datafolha, Ibope,
Paraná e DataPoder360,as diferenças de
intenção de votos de Lula superam 10%.
Os erros são históricos: em 2014, Da-
tafolha e Ibope apresentavam Aécio Neves
com 17% um mês antes do dia da eleição.
Nas urnas, o tucano registrou 33,5%.
Marina Silva, que somava 34% nas pes-
quisas, fez 21,3% na eleição.
As pesquisas eleitorais exercem uma
influência maior que qualquer outro
agente público ou privado. Induzem o
“voto útil”, são base dos programas
eleitorais e não informam devidamente
o público pesquisado.
Dos 8.433 entrevistados na recente
pesquisa Datafolha, 46% recebem até 2
salários mínimos; 51% situam-se pro-
fissionalmente como funcionários pú-
blicos, “bico”, informal ou desempre-
gado. Apenas 8% são au-
tônomos; 3% são empre-
sários e 1% profissionais
liberais. Esses últimos
são números completa-
mente destoantes da rea-
lidade brasileira registra-
da pelo IBGE!
As pesquisas são um po-
der paralelo. Eminência
parda. Seus métodos pre-
cisam ser apurados com
urgência. E a nós cabe
desmentir, com dados e
documentos, tamanhas
farsas percentuais.
Campanha e
comunicação
José Carlos Corrêa
Escreve aos sábados neste espaço
E-mail: jccorreavix@gmail.com
Uso adequado da comunicação é capaz de fazer
mais do que mudar a intenção de voto do eleitor.
Ela pode conquistar multidão de desencantados
Há um grande desafio posto para os
candidatos que irão disputar as pró-
ximas eleições, agora que está oficial-
mente iniciada a temporada de cam-
panhas: a de enfrentar a descrença do
eleitorado com relação aos políticos, à
política e até mesmo com relação à
democracia. Como diz Manuel Castells
no livro “Ruptura – a crise da de-
mocracia liberal” – que, como informa o
jornalista Leonel Ximenes, está sendo
lido pelo governador Paulo Hartung –,
“mais de dois terços dos habitantes do
planeta acham que os políticos não os
representam, que os partidos (todos)
priorizam os próprios interesses, que os
parlamentos não são representativos, e
que os governos são corruptos, injustos,
burocráticos e opressivos”.
Esta descrença é confirmada por pes-
quisa do Instituto Latinobarômetro, que
constatou que somente 46% dos bra-
sileiros entrevistados dizem apoiar a
democracia como sistema político e que
cresce a proporção dos que estão mais
dispostos a aceitar e a apoiar um regime
antidemocrático desde que ele assegure
soluções para os problemas como a vio-
lência, a corrupção e a crise econômica.
Não foi por outra razão que o ex-pre-
sidente Fernando Henrique, que na
quarta-feira participou do Fórum IEL de
Gestão, em Vitória, declarou que “os
valores da democracia devem ser man-
tidos”, ao se referir à liberdade de
imprensa, ao pluralismo político e à
capacidade de convencimento ao invés
do uso da força bruta.
Diante deste contexto, os candidatos e
seus partidos devem aproveitar o pe-
ríodo da campanha eleitoral – iniciado
no dia 16 e que no dia 31 ganha o reforço
da propaganda no rádio e na TV – para,
mais do que simplesmente conquistar o
voto do eleitor, convencê-lo a participar
do momento mais precioso da demo-
cracia que é o das eleições.
Para isso, partidos e candidatos têm ao
seu dispor algumas aliadas poderosas
que são as técnicas de comunicação,
principalmente as utilizadas no rádio,
na TV e na internet. Como há décadas
afirma Pierre Lévy, um dos nomes mais
respeitados da área, sempre houve uma
correlação muito forte entre as técnicas
de comunicação e a democracia.
“Sem a escrita, a democracia não teria
surgido”, diz ele lembrando da Grécia
Antiga e enfatizando a influência da
comunicação na queda de ditaduras no
mundo. Não é por outra razão que todos
os regimes autoritários procuram con-
trolar a imprensa e a internet.
O uso adequado da comunicação é
capaz de fazer mais do que mudar a
intenção de voto do eleitor. Ela pode
conquistar para a festa da democracia a
participação de uma multidão de de-
sencantados que, se a votação fosse hoje,
provavelmente nem sairia de casa.
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Presença de autoras negras
na literatura nacional
Andressa Zoi Nathanailidis
É doutora em Letras e professora da UVV
Felizmente, o Brasil chega ao século XXI com uma excelente safra de escritoras afro-brasileiras
O ano é 1859. Uma jovem e obstinada
professora publica seu primeiro romance,
buscando romper as fronteiras impostas
por um país erguido sobre a lógica colonial
eurocêntrica. Refiro-me à escritora ma-
ranhense Maria Firmino dos Reis
(1822–1917), autora de “Úrsula”, obra
considerada o primeiro romance aboli-
cionista brasileiro - e um dos primeiros de
autoria feminina neste país.
Firmina, que era negra e filha bastarda, fez
do livro-inaugural um espaço-denúncia. A
obra, assinada com o pseudônimo de “uma
maranhense”, desvela a crueldade de con-
dições às quais os negros eram submetidos
em meio à sociedade escravocrata, esta-
belecendo também referências inéditas à
África, espaço em que se prezam a liberdade,
a ancestralidade e a harmonia. À frente de
seu tempo, Firmina abriu caminhos para o
reverberar de outras vozes afro-femininas na
literatura nacional. Vozes que lutam diu-
turnamente pela não-invisibilidade, valen-
do-se da estética como instrumento ético
aplicado à conjuntura social.
Na década de 1960, o Brasil conheceu
Carolina Maria de Jesus. Moradora da
favela Canindé, a escritora foi “descoberta”
por Audálio Dantas, repórter da “Folha de
S. Paulo”. Trabalhava como catadora de
papel e escrevia sobre o próprio cotidiano.
Sua primeira obra, “Quarto de Despejo”,
descreve em excertos datados as expe-
riências que viveu (a fome, o frio, a vio-
lência etc.), demonstrando também o en-
gajamento da autora perante seu tempo.
Outro marco da expansão referente ao
lugar de fala atribuído às autoras
afro-brasileiras é a criação da série
“Cadernos Negros”, periódico coletivo
de contos e poemas, veiculado desde
1978. A publicação lançou importantes
nomes da literatura, entre eles Con-
ceição Evaristo e Esmeralda Ribeiro.
Responsável pela criação do conceito de
“escrevivência”, Evaristo se propõe à escrita
do “ser mulher, negra e vivente na sociedade
brasileira contemporânea”. Aos 71 anos,
tem se destacado em diversos eventos na-
cionais e internacionais. Evaristo, inclusive,
é responsável por um fato inédito na história
da literatura nacional: há dois meses, ofi-
cializou sua candidatura à cadeira 37 da
Academia Brasileira de Letras, antes ocu-
pada pelo cineasta Nelson P. dos Santos.
Felizmente, o Brasil chega ao século 21
com uma excelente safra de escritoras
afro-brasileiras: Ana Maria Gonçalves, Eli-
zandra Souza, Alzira Rufino, Cristiane So-
bral... Mulheres empoderadas com as quais
aprendemos todos os dias.
Política. | 16SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018WhatsApp: (27) 98135.8261 | Telefone: (27) 3321.8332ATENDIMENTO AO ASSINANTE: (27) 3321-8699Editora: Samanta Nogueiraz snogueira@redegazeta.com.br
POR REAJUSTE, MINISTROS
PROPÕEM FIM DE AUXÍLIO
Toffoli e Fux querem desvincular salários do teto do funcionalismo
BRASÍLIA
Nareuniãodequinta-feira
à noite entre o presidente
Michel Temer (MDB) e os
ministros Dias Toffoli e Luiz
Fux, do Supremo Tribunal
Federal (STF), os integran-
tes da Corte lançaram mão
deumapropostaparaviabi-
lizaroreajustede16,38%no
Judiciário. A ideia é extin-
guiroauxílio-moradia,pago
hoje indiscriminadamente,
mesmo para juízes que te-
nhamcasapróprianacidade
onde trabalham. Assim, os
impactosfinanceirosdorea-
juste seriamminimizados.
No STF, há maioria para
vetar a forma como o bene-
fício é pago, mas processos
quetratamdeauxílio-mora-
diaserãopautadosnoplená-
riodaCorte somentedepoisde aprovadoo reajuste.
Em 13 de setembro, Tof-
foli assumeapresidênciado
STF e Fux será seu vice-pre-
sidente. A atual presidente,
Cármen Lúcia, não partici-
pouda reunião comTemer.
Toffoli e Fux aproveita-
ramparasugeriroutrapro-
posta,masparavalernofu-
turo.Os dois queremque o
Congressoaproveumame-
dida para desvincular o sa-
lário dos ministros do teto
do funcionalismo público,
de formaaevitar umpossí-
vel efeito cascata em futu-
ros reajustes.
HojeumministrodoSTF
ganha R$ 33,7 mil, que é o
tetodosservidorespúblicos.
Isso significa que ninguém
podeganharmaisdoqueis-
so. Pelas regras atuais, se
houver um reajuste, outras
categorias também pode-
rão elevar seus rendimen-
tos, gerandomais impactos
financeiros.
BENEFÍCIO
Até 2014, havia tribu-
nais que pagavam o auxí-
lio-moradia, enquanto
outrosnão tinhamobene-
fício. Emsetembrodaque-
le ano, Fux deu liminares
estendendo-o aos juízes
de todo o Brasil. Mesmo
quem trabalha na mesma
cidade há décadas e tem
imóvel próprio passou a
ter o direito assegurado,
quecostumaficarentreR$
4mil e R$ 5mil.
O benefício não é in-
cluído no teto constitucio-
nal e, por isso, não sofre
cortes.Naprática,elevaos
rendimentos dos juízes,
que passam a ganhar aci-
ma do teto.
Fux chegou a levar os
processos para o plenário
doSTFtomarumadecisão
definitiva no primeiro se-
mestre deste ano, mas de-
pois os retirou de pauta
diante do anúncio de uma
tentativa de conciliação
entreos juízeseaUnião.O
acordo, porém, não saiu.
Agora, para viabilizar o
reajuste, a Corte final-
mente analisaria a ques-
tão, pondo um fim ao au-
xílio.Em8deagosto,por7
votos a 4, a Corte aprovou
uma proposta de reajuste
de 16,38% nos próprios
salários, que passariam
para R$ 39,2mil.
O aumento tem impac-
to nos contracheques de
juízesde todooBrasil, que
têm vencimentos calcula-
dosdeformaproporcional
ao salário de ministro da
Corte. A decisão do STF
não eleva automatica-
mente os salários, porque
oorçamentoaindaprecisa
ser analisado pelo Con-
gresso e sancionado pelo
presidente da República.
Toffoli e Fux foramdois
dos sete ministros a favor
do reajuste em agosto. A
atual presidente do STF,
ministraCármenLúcia,foi
contra. Estudos orçamen-
tários do próprio tribunal
revelam que o impacto do
aumento nos contrache-
ques é de R$ 2,7 milhões
ao ano para o STF e de R$
717 milhões para o Judi-
ciário federal.Noentanto,
ministros que defendemo
reajuste afirmaram que
não haverá custo extra na
Corte, porque haverá re-
manejamento de gastos.
(Agência O Globo)
ENTENDA A NOVELA DO AUXÍLIO-MORADIA
t Salários
No dia 8 de agosto, os
ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF)
decidiram por 7 votos a 4
incluir na proposta
orçamentária um reajuste
nos salários de 16,38%.
Teto do funcionalismo, a
remuneração dos
ministros é de R$
33.763,00 e pode subir
para R$ 39.293,32.
t Impacto
O impacto estimado do
reajuste é de R$ 2,77
milhões para o STF e
um efeito cascata de
R$ 717,1 milhões só para o
Judiciário federal, nas três
instâncias. A decisão
poderá implicar, para o
ES, um acréscimo anual de
R$ 39,772.756,53 nos
orçamentos do Tribunal de
Justiça do Espírito Santo
(TJES), Ministério Público
Estadual (MPES) e Tribunal
de Contas do Estado
(TCES), ao todo.
t Auxílio-moradia
O auxílio-moradia é uma
verba de caráter
indenizatório prevista na
Lei Orgânica da
Magistratura, de 1979. Em
setembro de 2014, o
ministro Luiz Fux, do STF,
concedeu três liminares e,
por fim, estendeu o
benefício a todos os
magistrados do país. Por
simetria, membros do
Ministério Público e de
Tribunais de Contas
também têm direito. O
Conselho Nacional do
Ministério Público e o
Conselho Nacional de
Justiça regulamentaram o
pagamento.
t Magistrados no ES
Dos 344 juízes e
desembargadores ativos
do Judiciário do Estado, 25
não recebem o auxílio de
R$ 4.377 mensais, o que
corresponde a 7% dos
magistrados, segundo o
Conselho Nacional de
Justiça (CNJ).
t MPES
Segundo informações
obtidas via Lei de Acesso à
Informação pelo
Sindipúblicos-ES, 255 dos
289 promotores e
procuradores do MPES em
atividade recebem o auxílio.
Além disso, 13 membros
que solicitaram a verba
entre o fim de 2014 e
agosto de 2015, receberam,
ao todo, R$ 405.668,89 em
auxílio retroativo a outubro
de 2014.
JORGE WILLIAM/AGÊNCIA O GLOBO - 11/04/2018
Os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux discutiram o reajuste nos salários com o presidente da República
Barroso
libera lista
com salários
O ministro Luís Roberto
Barroso, do Supremo Tri-
bunalFederal(STF),negou
pedido da Associação dos
Juízes Federais do Rio de
Janeiro e Espírito Santo
(Ajuferjes) para suspender
a divulgação da lista nomi-
nal comos seus salários.
Uma resolução do Con-
selho Nacional de Justiça
(CNJ) estipula a publicida-
de dos salários dos magis-
trados,comaindicaçãodos
nomes de cada um e a res-
pectiva remuneração. Mas
a Ajuferjes queria que, em
vez de nome e da lotação,
aparecesseapenasonúme-
ro dematrícula.
A associação entendia
que a divulgação dos no-
mes feria garantias indivi-
duais, como a da privaci-
dade, colocando em risco
atémesmoasegurançado
juiz e de sua família. Em
2012, quando a resolução
doCNJfoieditada,oentão
ministro do STF Joaquim
Barbosa negou pedido se-
melhante da Ajuferjes.
A associação recorreu
e,agora,Barroso,queher-
dou os processos de Bar-
bosa, tambémnegouope-
dido.Eleconsiderou“legí-
tima” a publicação da re-
muneração. (Agência O
Globo)
SALÁRIO
R$ 33,7
mil
É o atual salário de um
ministro do STF, valor
considerado o teto do
funcionalismo público.
SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 POLÍTICA | 17
merval@oglobo.com.br
MERVAL
PEREIRA
A dúvida, ressalta Jairo Nicolau, é até
que ponto Ciro Gomes, que fez sua carreira
no Ceará, poderá ser barreira ao PT
Obstáculos
no Nordeste
DEPOIMENTO NA JUSTIÇA FEDERAL
Reidoônibuspagoua
políticospor20anos
JacobBarataFilho
revelouquedeputados
JorgePicciani ePaulo
Melloeramdoesquema
RIO
Em depoimento à Justiça
Federalontem,oempresário
JacobBarataFilho, conheci-
do como rei do ônibus, ad-
mitiu pela primeira vez que
os donos de empresas de
transportes contribuíampa-
raocaixadoisdaFetranspor
com a finalidade de pagar
agentes políticos. Segundo
ele, a captaçãodesses recur-
sos começouhá20anos, eo
objetivo era contribuir com
campanhas eleitorais.
Barata Filho não usou a
palavrapropinaparaserefe-
rir aos pagamentos, que
ocorreram, segundo o Mi-
nistério Público Federal
(MPF), inclusive em anos
não eleitorais. Ele disse que
nãopoderia afirmar se hou-
ve pagamentos ilícitos, por-
que quem administrava o
caixaeeraoresponsávelpe-
la interlocução com os polí-
ticos era o empresário José
Carlos Lavouras, que presi-
dia o conselho de adminis-
traçãodaFetranspor.Segun-
doBarataFilho,Lavouras ti-
nha todaautonomia.
O empresário afirmou
aindaque,depoisde2009,a
contribuição geral dos do-
nosdasempresasparaocai-
xadoisdaFetransporchega-
va a R$ 6milhões. Ele disse
quenão sabia comoera a li-
beraçãodessesrecursospara
ospolíticos,seeramemépo-
cade campanhaounão.Ele
citou que houve repasse de
recursos para o presidente
afastado da Assembleia Le-
gislativa do Rio (Alerj), Jor-
gePicciani,eoex-presidente
daCasaPauloMelo.
Questionado se outros
políticos,alémdePiccianie
Paulo Melo, recebiam con-
tribuições, ele respondeu:
“Com certeza”. (Agência O
Globo)
GUSTAVO MIRANDA/AGÊNCIA O GLOBO
Jacob Barata, ao centro, chega para depor no Rio
“QUADRILHÃO DO MDB”
CunhaquerTemer
como testemunha
Sepedidodadefesa
for aceitopela Justiça,
opresidentepoderá
deporpor escrito
BRASÍLIA
O ex-deputado Eduardo
Cunha (MDB-RJ), atual-
mente preso em Curitiba
pela Lava Jato, solicitou à
Justiça Federal do Distrito
Federal que o presidente
Michel Temer (MDB) seja
ouvido como sua testemu-
nha de defesa no caso co-
nhecido como “quadrilhão
do MDB”. Caso a 10ª Vara
Federal doDFautorize, Cu-
nhateráquemandarpores-
crito as perguntas a serem
feitas aopresidente, prerro-
gativa conferida por conta
de seu cargo.
Emsuadefesapréviano
caso,CunhalistouTemere
outros integrantes da cú-
pula do seu governo em
seu rol de testemunhas,
como o ministros da Casa
Civil,EliseuPadilha,eode
Minas e

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