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www.gazetaonline.com.br FUNDADA EM 11 DE SETEMBRO DE 1928 POR THIERS VELLOZO. Nº 31.208. ANO LXXXIX VITÓRIA, SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 - EDIÇÃO ENCERRADA: 23h GRANDE VITÓRIA R$ 2,50 DEMAIS CIDADES R$ 3,00 11 DENUNCIADOS E 6 PRESOS MÁFIA DO DIPLOMA MÍRIAM LEITÃO O liberal Paulo Guedes e o capitão Bolsonaro Pág. 24 LEONEL XIMENES Novo conselheiro do TCES já pediu auxílio-moradia Pág. 10 VITOR VOGAS Hartung em campanha contra Bolsonaro Pág. 20 MERVAL PEREIRA PT deve enfrentar obstáculos mesmo no Nordeste Pág. 17 AA AAGGOONNIIAA DDOO MMAARRIIAA OORRTTIIZZ COM UM PORÉM POR REAJUSTE, STF NEGOCIA O FIM DO AUXÍLIO-MORADIA Pág. 16 EMPURRÃO Juros mais baixos e limite maior para financiar imóvel Pág. 26 FE R N A N D O M A D EI R A OOss 11,,11 mmiill aalluunnooss ddaa EEssccoollaa EEssttaadduuaall MMaarriiaa OOrrttiizz,, qquuee ffiiccaa aaoo llaaddoo ddooo PPaalláácciioo AAnncchhiieettaa,, ccoonnvviivveemm ccoomm aass rraacchhaadduurraass ee ggootteeiirraass qquuee ttoommaarraamm ccoonnttaa ddoo pprrééddiioo ddoo ssééccuulloo XXIIXX PPáágg.. 88 Investigação do Ministério Público do Estado revela um amplo esquema criminoso com o objetivo de distribuir diplomas falsos de curso superior Págs. 3 a 6 ELEIÇÕES 2018 ESPÍRITO SANTO FORA DA ROTA DOS PRESIDENCIÁVEIS Pág. 22 5 INSTITUIÇÕES DE ENSINO FAZIAM PARTE DO ESQUEMA PROFESSORES ERAMOALVO DA QUADRILHA PROPAGANDA ERA FEITA PELAS REDES SOCIAIS 2 | BOM DIA SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 DA REDAÇÃO Mais uma ferramenta em favor da informação AMARILDO Endereço: Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo, Vitória-ES – CEP 29053-315. E-mail: carta@redegazeta.com.br. Telefone: (27) 3321-8073. Só serão aceitas cartas assinadas. A redação reserva-se o direito de editar os textos por motivos de clareza e/ou espaço. NESTA SEMANA, o leitor de A GAZETA e do Gazeta Online passou a contar com mais uma ferramenta de checagem de fatos durante este período de campanha política, com o Passando a Limpo – Eleições. Até o plei- to, nossa equipe verificará a veracidade de afirmações públicas feitas pelos can- didatos ao governo do Es- tado. A primeira análise, publicada na quinta-feira (23), partiu das declarações feitas no debate promovido pelo Observatório Negro – Eleições 2018 no dia 20. “O trabalho de checagem de discurso é árduo. Isso por- que nem tudo o que o can- didato fala é checável e nem todos os dados para con- frontar as informações es- tão disponíveis em fontes seguras de forma transpa- rente. Por isso, adotamos parâmetros, como levar em consideração apenas decla- rações com dados estatís- ticos e comparações. Tam- bém buscamos com os can- didatos a fonte da infor- mação que ele deu”, explica a editora de Política, Sa- manta Nogueira. Neste mo- mento de boatos sistema- tizados, o objetivo é que o público possa decidir seu voto baseado em elementos sólidos. “Com o fact-che- cking, esperamos que o eleitor consiga ter acesso a dados mais precisos e possa tomar decisões conscien- tes”, completa. A iniciativa une-se ao projeto Compro- va, coalizão com 24 or- ganizações de mídia da qual a Rede Gazeta faz par- te, por meio do Gazeta On- line, na luta contra a de- sinformação. Bom dia e boa leitura. Endereço: Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo – CEP 29053-315 – Vitória-ES – CP 01-0275 – Telefones: Geral: (27) 3321-8333 - Fax: (27) 3321-8632 – Classificadões: (27) 3321-8600 - www.redegazeta.com.br. GerenteComercialMídiaImpressa:FernandoBohnGeller–(27)3321-8047–fgeller@redegazeta.com.br/ IvanHenriqueSaettlerReis–(27)3321-8224–ireis@redegazeta.com.br .SucursaisnoEspíritoSanto:Cachoeiro: (28) 3526-4447 –Colatina: (27) 3770-4035/4003 – SãoMateus: (27) 3763-1833 – Linhares: (27) 3373-7679/7670.Sucursal SãoPaulo:RicardoCosti – (11) 2506-7600– rcosti@redegazeta.com.brOutros Estados: Fabio VilasBoasFernandes//273321-8419/8546//fbfernandes@redegazeta.com.brPreços:ExemplarnaGrandeVitóriaeGuarapari:R$2,50desegundaasábadoeR$3,00aosdomingos/DemaisregiõesR$3,00desegunda asábadoeR$4,00aosdomingos.Preçodaassinaturaanualdiária:GrandeVitóriaeGuarapari: R$538,80/Demais regiõesdoEspíritoSanto:R$598,80.AssinaturaanualdiáriaemoutrosEstados:R$1.188,00.Carga Tributária 3,65% Comitê de Ética: etica@redegazeta.com.br. ATENDIMENTO AO ASSINANTE: 3321-8699. VENDA ASSINATURA: 3321-8000B ASSINATURA@REDEGAZETA.COM.BR FALA, LEITOR Moradores de rua Sobre reportagem que mostrou o drama social que atinge mais de 500 pessoas somente na Grande Vitória leia.ag/nasruas A chamada de capa do jornal A Gazeta de sex- ta-feira (24), sobre mo- radores de rua, poderia ter sido: “Eles não rece- bem auxílio-moradia de R$ 4,3 mil mensais.” Jorge Medina, por e-mail, da Praia da Costa, Vila Velha — Moradores de rua 2 O governo ao longo dos anos esqueceu dos po- bres. O que vemos atual- mente é a incompetência dos governantes, que não têm políticas públi- cas para atender os me- nos favorecidos, escolas de boa qualidade em bairros de periferia, saú- de adequada e outros serviços. Aí cresce a cri- minalidade e o número de pessoas sem condi- ções mínimas de sobre- vivência. Fechar os olhos para essa realidade custa mais caro para a socie- dade. Dalcy Hespanhol, via Facebook — Moradores de rua 3 O desafio, na verdade, vem da frieza dos cora- ções, é algo que envolve sensibilidade e amor ao próximo muito antes de cumprir o que é dever. Leonardo Figueiredo, via Facebook — Prevenção ao suicídio Sobre entrevista com o psiquiatra e psicotera- peuta Jovino Araújo em torno do tema leia.ag/entrevista Entrevista muita bacana e esclarecedora. Deve- mos falar sobre suicídio e ainda mais sobre casos bacanas de quem supe- Trabalha e confia “O trabalho fornece o pão de cada dia, mas é a ale- gria que lhe dá o sabor”, escreveu o Tariq, neste clique no galpão das paneleiras, em Vitória. FOTO: Tariq Polezel rou a doença. Importan- te tratar isso constante- mente na imprensa, em casa, nas escolas, em to- do lugar. Manuella Siqueira, via Facebook — Dilema Sobre motoboy que obe- deceu ordem do tráfico de retirar o capacete e acabou multado leia.ag/motoboy Leva multa ou leva tiro. Isso é Brasil, o que mais há de esperar? O gover- no, em vez de reforçar a defesa para o cidadão por policiais, para entrar nos bairros pesados, ten- tar amenizar a bandida- gem, está aí tirando di- nheiro do povo indefeso, arrumando sempre um jeitinho de enfiar a faca no cidadão. Fico injuria- da com isso. Nay Sousa, via Facebook — Dilema 2 Esse dias fui multado por avançar o sinal ver- melho às 2 da madru- gada em Cariacica! Olha o perigo! Até parece que eu vou ficar parado, dando oportunidade pa- ra vagabundo me rou- bar. Isso é um absurdo, é a indústria da multa. Bruno Veras, via Facebook — Edu Henning O “Bom Dia ES” é, sem sombra de dúvidas, par- te do dia do capixaba. Da nossa parte, acompa- nhamos o programa des- de que começou. Eis que nos aparece na sexta-fei- ra Edu Henning com seu quadro “Música na Con- versa”! Que delícia! O café desce redondo e o fim de semana se anun- cia mais doce com as boas lembranças e os “causos” que ele conta. Muito bom mesmo! É uma pena que só tenha uma sexta-feira na sema- na! Parabéns pela inicia- tiva. Maria Margarete B. Ferreira, por e-mail — Fale com REPORTAGEM: 3321-8519 REDAÇÃO: 3321-8333 SAC: 3321-8699 CARO LEITOR A Rede Gazeta está a caminho dos 90 anos e quer celebrar o que há de melhor: o orgulho de ser capixaba. Marque a hashtag #somoscapixabas nas redes sociais e apareça neste espaço. Cidades. | 3SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018WhatsApp: (27) 98135.8261 | Telefone: (27) 3321.8446ATENDIMENTO AO ASSINANTE: (27) 3321-8699Editora: Daniella Zanottiz dzanotti@redegazeta.com.br VENDA “Eles ofereciam diversos cursos sem autorização do MEC, sem carga horária definida, visando à venda de diplomas e certificados falsos a diversos alunos” TEXTO DA DENÚNCIA DO MPES MÁFIA DO DIPLOMA ENTENDA DIPLOMAS FALSOS: FAMÍLIA COMANDAVA O ESQUEMA Seis pessoas foram presas em um grupo de 11 denunciados MPES/DIVULGAÇÃO Diploma emitido por um dos institutos investigados encontrado pelo Ministério Públicodurante operação NATALIA BOURGUIGNON nbourguignon@redegazeta.com.br O Ministério Público Esta- dual (MPES) denunciou 11 pessoas à Justiça por parti- cipaçãoemumesquemade vendadediplomasfalsosno NortedoEstado.Entreelas, seis estão presas. A ação é resultadodaoperaçãoMes- tre Oculto, deflagrada em duasfasesemjulhoeagosto deste ano e atingiu cinco instituições de ensino, sen- douma faculdade. A investigação aponta que as empresas ofereciam cursos sem autorização do MEC, semcarga horária de- finida,entregandodiplomas e certificados falsos para professores que queriam in- gressar emcargos públicos. Segundo o MPES, uma família atuava como “cabe- ça da organização crimino- sa”. Everaldo Tomdos San- tos, Marinete Assis Cazelli Tom, Rayza Cazelli Tom e VictorCôvre–pai,mãe,filha e genro, respectivamente – foram apelidados no pro- cesso de “Clã Tom”. Eles se- riamosdonosdaIape(Ges- tão, Consultoria, Assessoria e Planejamento Educacio- nalLtdaMe)edaFaculdade dePinheiros (FAP). O esquema fraudulento tinhacomoalvoprofessores que queriam participar de concursos públicos. Alguns deles seriam vítimas. Ou- tros, porém, sabiam da ile- galidade mas se aproveita- vam da facilidade para ob- ter os documentos. Os demais denunciados peloMPESintegravaminsti- tutos que firmavam parce- rias como “Clã Tom”, como Rosana Valente Zampieri, quecriouoInstitutoCapixa- ba de Educação Ltda (Icel). A mulher tinha como “par- ceira” Anália Ribeiro Santa- nadeSouza. JáVitórioAloízioThoma- zi, Maria Lúcia Ferreguetti Gava, Stefany Ferreguetti Gava e Marcelo Loureiro Ucelli fundaram o Instituto École. Eles tinham como “prestadora de serviço”Ma- ria dasGraças LopesGava. MariadasGraças, que foi servidora da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) até o fim de 2017, e Anália, queaindatemvínculocoma Sedu, seriam responsáveis por angariar omaior núme- ro de professores que já ti- nhamaprimeira graduação comafalsapromessadeum segundo diploma “facilita- do”, apenas comparecendo rou com um diploma falso e, durante a apuração, per- cebeuquesetratavadealgo maior. “Não havia só com- pra de certificados, mas tambémavendadeles, que envolvia duas professoras efetivas do Estado. Apre- senteioproblemaaoMPES em janeiro deste ano.” MAISCASOS Segundo o Gaeco (Gru- podeAtuaçãoEspecialede CombateaoCrimeOrgani- zado)Norte,doMPES,que investiga organizações cri- minosas,aindaháasuspei- ta de envolvimento de ou- tras instituições no esque- ma,inclusiveemoutrosEs- tados do país. Na corregedoria da Sedu corremmais de 200 proces- sos contra professores, que são investigados por terem apresentado diploma falso em processo seletivo. Neste ano a Prefeitura da Serra exonerou 300 professores por essemotivo. CASOS SEDU t Investigações Na corregedoria do órgão há 208 processos contra professores, que são investigados por terem apresentado diploma falso em processo seletivo, incluindo o de Wemerson Nogueira, conhecido como “Professor Nota 10” - que teve o resultado revelado ontem por A GAZETA. Outro caso é de um curso de mestrado para o qual o educador pagou R$ 40 mil. A corregedoria ainda apura se ele estava envolvido no crime ou foi vítima de estelionatário. PREFEITURA DA SERRA t Exonerações A administração municipal exonerou 300 professores neste ano sob a acusação de usarem diplomas falsos para ingressar na rede de ensino da cidade. MESTRE OCULTO t 1ª fase Quatro professores – dois de Linhares, dois de Rio Bananal – foram presos na primeira fase de uma operação do Ministério Público do Estado (MPES), denominada “Mestre Oculto”, acusados de participar de esquema de emissão de diplomas falsos. Além de cumprir os mandados de prisão temporária, documentos foram apreendidos em um polo de uma instituição de ensino. As investigações apontam que pelo menos 150 pessoas usaram diplomas falsos. t 2ª fase Na segunda fase da operação, duas mulheres ligadas a instituições de ensino foram presas. Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária, em Linhares e Pinheiros. a encontros promovidos pe- los institutos École e Icel. Segundo a MPES, o es- quema funcionou desta for- ma entre 2009 e 2014, quando as duas criaram a própria instituição para tra- tardiretamente coma famí- lia Tome lucrarmais. Oesquemafoidescober- to, inicialmente, pela con- troladoramunicipaldapre- feitura de Rio Bananal, Mauriceia Dalbem. Segun- doela,aprefeiturasedepa- Everaldo, Marinete e Rayza: integrantes do “Clã Tom” estão presos 4 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 ALUNOS DE CURSOS LIVRES E DE PÓS NA MESMA SALA Estudantes de todos os níveis participavam de aulões coletivos NATALIA BOURGUIGNON nbourguignon@redegazeta.com.br AinvestigaçãodoMinistério Público do Espírito Santo (MPES),queouviu150pes- soas,descobriuqueoscursos de graduação, pós-gradua- çãoecursoslivresoferecidos pelas empresas investigadas eram ministrados em “au- lões coletivos”, que aconte- ciampoucas vezes pormês. Segundo alunos que re- ceberam diploma da École, umadas instituições investi- gadas, os poucos encontros não contaram com provas ouatividades avaliativas. O Grupo de Atuação Es- pecialdeCombateaoCrime Organizado (Gaeco-Norte), doMinistérioPúblicodoEs- tado (MPES), responsável pela investigação, identifi- couqueosaulõestinhamte- mas amplos e genéricos on- de participavam juntos alu- nosde todosos tiposdecur- so.Apráticaserviriaparadar legitimidade aos diplomas e enganarosqueacreditavam na formação pela qual esta- vampagando. Há casos também de alunosquereceberamcer- tificados emitidos por ou- tras instituições sem nun- MPES/DIVULGAÇÃO Faculdade de Pinheiros pertence à família investigada MÁFIA DO DIPLOMA AULAS CONJUNTAS “FALARAM QUE ERA REGISTRADO PELO MEC” X. Vítima Uma mulher que diz ter sido vítima do esquema respondeu perguntas da promotoria sobre diploma obtido em uma instituição investigada. O depoimento foi divulgado pelo MPES em vídeo. Veja trecho: PROMOTOR: Você fez pós-graduação? �Í����� Fiz em 2016. O curso era em educação infantil. P: Você foi na faculdade? ��Não. P: Era sistema de aulões? �� Eram todos da mesma sala, tinha graduação, ex- tensão e pós. P: Não desconfiou? �� Não, pois as conheço (pessoas que ofereceram o curso) desde criança. P: Como era o pagamento? �� Pagava direto a elas, não para a faculdade. Fa- laram que era registrado pelo MEC. Explicaram que eram só seis aulas e fazer um artigo científico. ca terem pisado nelas. Em cumprimento de mandados de busca e apre- ensãonas instituições inves- tigadas e nas casas dos de- nunciados, foram encontra- dos diplomas em branco de váriasfaculdadesdoEspírito Santo edeoutrosEstados. A investigação mostrou ainda que os denunciados criavam formas de burlar a fiscalizaçãodaSecretaria de EstadodaEducação(Sedu). Eme-mailstrocadospelaor- ganizaçãocriminosa, consta queaSeduestavaconvocan- do alguns dos alunos e per- guntando como fizeram a segunda licenciatura. EveraldoTomdosSantos, apontadocomoumdoslíde- resdaorganização,mandou e-mail com a resposta que deveria ser dada à pasta e também encaminhada aos alunos. A mensagem fala que os estudantes participa- ramdeum“programaespe- cial”, com “calendário espe- cialecargahoráriaespecial” em fins de semanae férias. Ainda segundo o e-mail, a forma de organização do cursos estava dentro das normativas legais edasme- todologias aprovadas. Infografia | Genildo RonchiFonte | Ministério Público Estadual O CLà Todas as empresas eram "fornecedoras" de alunos ao Iape e à FAP, que vendiam diplomas e certificados sem que os alunos participassem de aulas Vendo a lucratividade do esquema, em 2014, ANÁLIA, que atuava no Icel, e MARIA DAS GRAÇAS, que atuava no École, se desvencilharam das respectivas instituições ANÁLIA e MARIA DAS GRAÇAS criaram o Instituto de Educação de Rio Bananal (Ierb) Eram alunos de graduação, pós-graduação e cursos livres. Eles participavam de "aulões" com tempo reduzido com todas disciplinas reunidas ao mesmo tempo, poucas vezes por mês INTERMEDIÁRIOS DESMEMBRAMENTO OS CLIENTES A INDÚSTRIA DOS DIPLOMAS FALSOS NO ESTADO Família comandava esquema fraudulento noNorte do Estado EVERALDO MARINETE RAYZA VICTOR Criaram duas empresas/faculdades pai mãe filha genro ROSANA criou o Icel (Instituto Capixaba de Educação Ltda) em parceria com ANÁLIA VITÓRIO, MARIA LÚCIA, STEFANY E MARCELO criaram o Instituto École. MARIA DAS GRAÇAS era uma " prestadora de serviço" O Ierb passou a tratar diretamente com o Iape e a FAP, o “Clã Tom” Icel École ANÁLIA Iape FAP (Gestão, Consultoria, Assessoria e Planejamento Educacional Ltda Me) (Faculdade de Pinheiros) Chamados de Clã Tom São apontados como sendo os "cabeças da organização criminosa". O esquema funciona desde 2009 MARIA DAS GRAÇAS SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 5 6 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 MÁFIA DO DIPLOMA PROMESSAS DE FACILIDADE NAS REDES SOCIAIS MPES/DIVULGAÇÃO Preços baixos e tempo recorde eram usados como atrativos para fisgar alunos Advogado diz que família Tomnão cometeu crime Os advogados dos de- nunciados informaram quevãoanalisar oproces- so e apresentar uma defe- sa nos próximos dias. Considerados antes fora- gidos pela Justiça, Mari- nete Assis Cazelli Tom e Everaldo Tom dos Santos se apresentaram ontem ao Grupo de Atuação Es- pecial de Combate aoCri- me Organizado (Gae- co-Norte), do Ministério Público do Estado (MPES). Ela foi encami- nhada para a Penitenciá- riadeColatinaeeleparaa de Linhares. “Marinete não estava na cidade quando a ope- ração foi deflagrada. Ela teve umproblemade saú- de e o casal se ausentou. Secretaria tem equipe antifraude Segundo o secretário de Educação doEstado,Harol- do Corrêa Rocha, desde 2015 aSecretaria deEstado da Educação (Sedu) conta comumaequipeque identi- fica diplomas falsos. “Pega- mos os certificados, seja de professores temporários ou efetivos,econferimoscoma faculdadeparaversefoialu- no mesmo. Vemos também comoMEC”, afirma. Sobre as professoras in- vestigadasqueteriamvíncu- locomoEstado,osecretário afirmou que a corregedoria vai investigar qualquer con- duta irregular. “Caso seja constatadaa fraude, a puni- ção édemissão”, disse. “Nota 10” também usou diploma falso, diz Sedu Aomesmo tempoemque o MPES conduzia a investi- gação Mestre Oculto, a Se- cretaria Estadual de Educa- ção(Sedu)concluiuqueWe- merson Silva Nogueira, de 27 anos, conhecido como Professor Nota 10, utilizou umdiplomafalsoparaatuar na redepública. SegundoaSedu,Wemer- sonnãosematriculounains- tituiçãoqueeleafirmateres- tudado.Ocaso será analisa- dopelaSecretariadeEstado deControleeTransparência. Se condenado, o acusado, que era professor temporá- rio, teráquedevolver todoo salário que recebeu nesse período comcorreções. Assim que o problema foi resolvido, o casal se apre- sentou de imediato. In- clusive vamos mostrar os passaportes porque não houve nenhuma intenção deseesquivar”,ponderou oadvogadoEdisonViana, que também faz a defesa de Rayza Cazelli Tom. Edison explicou ainda que vai analisar os autos do processo para depois apresentar uma defesa. “Os acusados vão ter oportunidade no proces- sodeesclarecer tudoe co- locar todos os pingos nos is. Vamos mostrar que há muito equívocos e não há nenhuma conduta a ser considerada crime.” O processo também vai ser examinado pelo IMAGEM TV GAZETA Wermerson Nogueira foi investigado pela Sedu LARA ROSADO lrosado@redegazeta.com.br Asredessociaiseramusadas para promover os cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Pinheiros (FAP), que, segundo o Mi- nistério Público do Espírito Santo (MPES), pertence à família Tom. No perfil de RayzaCazelliTom,umapu- blicaçãoanunciavamensali- dadesapartirdeR$149.Ela foi presa no último dia 14 durante a segunda fase da operaçãoMestreOculto. A publicação de Rayza ainda afirmava que a insti- tuição oferecia mais de 200 cursos “nas mais diversas áreas do conhecimento”. “Quer impulsionar sua car- reira?Omomentoéagorae a faculdade é aqui!”, diz a imagemcompartilhada. NoFacebookdeMarinete Assis Cazelli Tom, mãe de REPRODUÇÃO Imagem no Facebook divulgava pós-graduação rápida Rayza, que também é uma dasdenunciadaspeloMPES, uma publicação anunciava que a FAP contava com pós-graduações de seis me- ses nas áreas da educação e saúde. O curso custava R$ 600, sem taxa dematrícula. A pós-graduação anunciada seria de480horasde aula. Era com muita agilidade que as instituições emitiam os diplomas, sobretudo os usados em processos seleti- vos. Segundoodepoimento aoMPES deMaria das Gra- çasLopesGava,presadesde aprimeira fasedaoperação, os certificados eram entre- gues aos alunos emuma se- mana, semqualquer aula. “O École (uma das insti- tuições investigadas) fun- cionava dentro de uma grá- fica–umfuncionário faziaa impressão dos certificados”, descreve a investigação. Ainda segundo o depoi- mento de Maria das Gra- ças, cursos eram ofereci- dos a partir dos concursos públicos disponíveis. “Os institutos adaptavam às demandas vindas dos alu- nos em relação aos editais de processos seletivos – fa- ziam os certificados de acordocomacargahorária solicitada pelo aluno – tu- do feito ‘na correria’”, des- taca a investigação. Documentos foram apreendidos em várias instituições ESCLARECER “Os acusados vão ter oportunidade de esclarecer tudo. Vamos mostrar que não há nenhuma conduta a ser considerada crime” EDISON VIANA ADVOGADO DA FAMÍLIA TOM presidentedaOrdemdos Advogados (OAB-ES), Homero Mafra, que é o advogado de Vitório Aloízio Thomazi, detido em Linhares, e de Maria Lúcia Ferreguetti Gava, que não está presa. “Vou olhar a denúncia, con- versar commeusclientes e vamos ver o que será feito. Após a citação dos acusados, temos umpra- zo de 10 dias para apre- sentar a defesa.” O advogado de Rosana Valente Zampieri, presa desde o dia 14 de agosto, RodrigoHorta,tambémin- formou que vai estudar o processoparaapresentara defesa. “Minha cliente ar- rumava os professores e cuidavadosencontrospre- senciais. Vou conversar comela e semanaque vem a gente apresenta uma de- fesa”. Os demais advoga- dos não foram localizados pela reportagem. DEFESA “Minha cliente arrumava os professores e cuidava dos encontros presenciais. Vou conversar com ela e semana que vem a gente apresenta uma defesa” RODRIGO HORTA ADVOGADO DE ROSANA SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 7 LONGEVIDADE A receita dequemchegouaos 104anos Dona Jandyraviuum séculopassar,mas, se dependerdela, ainda hámuitopor viver Já pensou em viver 104 anos? Testemunhar duas guerrasmundiais,a trocade nove papas no comando da Igreja Católica e a ditadura militar.EssaéadonaJandy- ra Faria dos Santos, que completou mais um ano de vidaquinta-feira(23).A fes- ta seráhoje. Se104paramuitagente parece ser muito, Dona Jandyra quer mais: sua meta é viver até os 120 anos. Se depender de seu empenho e do amor da fa- mília, isso não será proble- ma. Ela tem a receita da longevidade.“Énecessário não beber, não fumar, não ser farrista, exercer a cari- dade, conservar as amiza- deseviveravidafeliz.Dan- çar forró ajuda e ser bota- foguense é essencial”. Dona Jandyra nasceu no distrito de Pendanga, em Ibiraçu. Aos seis anos veio comos pais para Vitó- ria. Aos 18, começou a dar aulas no distrito onde nas- ceu. Depois trabalhou na Previdência Social e se aposentou aos 55 anos. Aos36anos,secasouete- veumafilha,queatualmen- teestácom60anos.Ela tem umnetode32anoseumbis- netodeumano,alémdecin- co irmãos vivos emuitos so- brinhos que a paparicam o tempo todo. Omarido fale- ceu quando ela tinha 54 anos.“Aalegriaqueeutenho de viver agradeço a minha família, souamada”. Além da família outras duas paixões são fortes em sua vida: política e futebol. Fanática pelo Botafogo, não perdeumjogodaestrelaso- litária quando vem ao Espí- ritoSanto.Inclusive,sempre jantacomosjogadoresetem muitashistóriasparacontar. A que guarda na memória foi a que viveu com o joga- dor André Lima, que dedi- couumgol a ela. Atualmente, mora em Colina de Laranjeiras, na Serra.Totalmentelúcida,ela gosta de jogar palavras cru- zadas, frequentar a Igreja Católica, passear comas so- brinhasecomafilhaeassis- tir aos jogosdoBotafogo. FERNANDO MADEIRA Jandyra Faria dos Santos vaiganhar festa da família SOORETAMA Esbanjando saúde, idosa comemora seus 111 Filhade imigrantes italianos, IsnarAlves é lúcida e faz tudo sozinha, segundoneta Em24deagostode1907, nasciaIsnarAlvesdeAlmei- da, uma filha de imigrantes italianos.Baianade Itabatã, elamudou-se para o Espíri- to Santo aos 23 anos, em 1930.Há111anos,donaIs- nar encanta a todos ao seu redor. Esbanjando saúde, elacomemoramaisumani- versário e tem muita histó- ria para contar. Ela émora- dora de Sooretama, na re- giãoNorte doEstado. Aneta,adomésticaJoyce Carla de Souza, de 23 anos, afirmou que a avó é uma mulher forte e que não tem nenhum problema de saú- de. “Esses problemas que muita gente tem, comodia- betes, hipertensão, ela não tem. Não toma nenhum re- médio. Já teve câncer, fez quimioterapiaeestácurada. Elalimpaacasa,tomabanho sozinha, faz bolo e não es- quece nada. Escuta bem, é lúcida e contamuitas coisas de antigamente”, explicou. Quando veio ao Espírito Santo,elafoimoraremuma fazendaemLinhares.Foica- sada, teve dois filhos, mas ambos morreram antes dos 5 anos. “Depois, minha avó decidiunãotermaisfilhos.O primeiro marido morreu e ela chegou a se casar de no- vo. Um dia, ela escutou um chorodecriança.Foiatéolo- cal onde ficavam os bois e encontrou um bebê. Era meupai”, conta Joyce. O pastor Carlos Benedito deSouzaSantos,de45anos, tinha apenas 8meses quan- do foi salvo por dona Isnar. “Minha avó conta que meu paiestavacombichosnoou- vido... tinha sido abandona- dopelamãebiológica.Então ela o salvou e o criou como filhodela”, conta. Graças ao filho adotivo, dona Isnar tem seis netos e dois bisnetos. Hoje, dona Isnarmoraemumacasano Centro de Sooretama. Há quatro anos foi homena- geada como cidadã soore- tamense mais velha da ci- dade. (Loreta Fagionato) ARQUIVO PESSOAL Isnar Alves de Almeida é só alegria com a nova idade 8 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 Salas interditadas e rachaduras emescolanoCentrodeVitória Funcionandoemprédio histórico,oMariaOrtiz acumulaproblemas eserá reformado FOTO DO LEITOR Instalada em um prédio histórico no Centro de Vitó- ria, a Escola Estadual Maria Ortiz está longe de ser um ambiente adequado para os 1,1 mil alunos que lá estão matriculados. Rachaduras e infiltraçõessãovisíveisnaes- trutura,levandoinclusiveao à interdição do laboratório. Em dias de chuva, estudan- tes tentamescapardegotei- ras nas salas de aula. Nesse cenário, há ainda mais um alerta:“cuidado,janelacain- do!”, dizem cartazes colado em algumas das janelas. Diante da situação, a Secre- tariadeEducaçãodoEstado (Sedu) promete fazer uma reforma. Enquanto isso, os alunos convivem diariamente com os problemas do edifício, que fica localizado ao lado doPalácioAnchieta.Asitua- ção foi denunciada por um pai de aluno pelo aplicativo daTVGAZETAeconstatada por meio de fotos do am- biente interno feitas por es- tudantes. Os relatos tam- bém reforçam o estado de abandonoda escola. “Na minha sala, quan- do chove, começa a pin- gar. Às vezes, cai água até das lâmpadas e a gente precisa ficar se afastando para não cair em cima”, afirma a aluna Esther Bra- siliense, 17 anos. AestudanteEvellyndos Santos, 15, aponta outro problema: a cozinha em más condições. “Aqui é sempre pão, porque não tem infraestrutura para fazercomida.Notetoepa- redes do refeitório, há in- filtração e rachaduras.” Alémdisso, partedo se- gundo andar está interdi- tada, impossibilitando a utilizaçãode laboratório e salas temáticas. O aluno Leonardo de Freitas reclama ainda do número de estudantes e da faltadeestruturadesa- cadas e janelas. “A escola não tem condições de re- ceber tanto aluno. E, do jeitoqueestá,éatéperigo- so desabar com a gente.” MELHORIAS O secretário estadual de Educação, Haroldo Corrêa Rocha,asseguraquenãohá perigo de desabamento da estrutura, que jápassoupor vistoria dos bombeiros, e que uma série de interven- çõesseráfeitanaescolapara melhorar o atendimentode alunos, servidores e profes- sores. O Corpo de Bombei- rosconfirmaquenão foram encontrados quaisquer tipo de riscos. Os primeiros reparos começaram a ser feitos nesta semana e são volta- dos para restabelecer o funcionamento da cozi- nha, do refeitório e do la- boratório. A estimativa do secretárioéqueessaetapa seja concluída em até 90 dias.Atéofinaldoano,de- ve ser iniciada a reforma dafachada,dasescadarias e da parte estrutural. Questionadosobreofato deaescolanãodispordeal- varádefuncionamento,Ha- roldo explicou que o prédio foi construídoemumaépo- caquenãohaviaessetipode exigência, mas que, em um futuro projeto de reforma do prédio, esse quesito será contemplado. O secretário disse ainda que haverá am- pliação da escola e implan- tação de uma quadra, con- siderando que a secretaria adquiriu um imóvel na re- gião para executar a obra. Laboratório, com parte do teto cedida, foi interditado. Na janela, cartaz avisa que estrutura está caindo. Fora, há rachaduras, e pedaço do concreto do edifício se soltou FERNANDO MADEIRA Na fachada da escola Maria Ortiz, estrutura desgastada e janela com madeiras soltas e vidro faltando “A gente já teve que ser retirado de uma sala de aula no colégio porque tava chovendo muito e tinha água caindo lá dentro” MILENA SARCINELI ALUNA, 15 ANOS PROBLEMAS “Tem muita coisa parada e porque não tem estrutura nenhuma, está tudo caindo. Na minha sala, quando chove, pinga dos lados da lâmpada” ESTHER BRASILIENSE ALUNA, 17 ANOS HISTÓRICO SAIBA MAIS CONSTRUÇÃO t Destaque O edifício foi construído na Cidade Alta, em Vitória, em meados do século XIX. recebeu o nome de Ateneu Provincial, uma escola. Após reforma ocorrida em 1912, ganhou características do estilo eclético classicizante e passou a ser chamado de Escola Normal D. Pedro II. DESDE 1971 t Escola atual Desde 1971, abriga a escola estadual Maria Ortiz. Os dados constam do livro “Arquitetura Escolar Capixaba: Sua Trajetória”, de Bruna Morais de Medeiros. MARIA ORTIZ t Quem foi Maria Ortiz, que dá nome à escola, foi primeira mulher de destaque na história do Espírito Santo, responsável pela expulsão de holandeses que pretendiam invadir o Estado, no início do século XVII. Ao contrário do que já foi especulado, segundo historiadores ela não era prostituta. FERNANDO MADEIRA Pintura da fachada do prédio está descascando FERNANDO MADEIRAFOTO DO LEITOR SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 9 Não adianta falar de tecnologia em uma escola que não tem internet veloz e bons recursos digitais de aprendizagem” — ANNA PENIDO JORNALISTA E PALESTRANTE DE EDUCAÇÃO #SOMOSCAPIXABAS Leitoresna capados 90anosdaGazeta Fotosdeassinantes vãoestamparpáginas docaderno. Cliques já podemser enviados Umaação lançadaporA GAZETA promete fortale- ceraindamaisa interativi- dade entre o veículo e o seupúblico.Assinantesdo jornal,nasversõesimpres- saoudigital, terãosuas fo- tos estampadas na edição comemorativa dos 90 anos da Rede Gazeta (ca- pa e contracapa), que cir- culará no próximo dia 11 de setembro, data de ani- versário da empresa. A iniciativa é do Clube do Assinante, que selecio- nará leitores, ativos e adimplentes, por meio da ação “Foto Promocional”. Os contemplados ganha- rãoumparde ingressos de cinemadaRedeCinemark. Cada pessoa deverá vali- dar sua participação digi- tando CPF ou CNPJ e en- viar uma foto sua que con- tribua com o movimento #SomosCapixabas. REGRAS Não serão aceitas parti- cipações via e-mail, e sim somenteaquelas feitaspe- lo site (clubedoassinan- te.agazeta.com.br/pro- mocoes). Depois, é só cli- car no link do movimento #SomosCapixabas. Ébemsimplesenviaras fotografias. É preciso se posicionar em um local comparede branca e ficar de frente para a câmera. Pode-se fazer um clique comocelular oupedir pa- ra alguém fotografar. A comissão formada pela equipe do Clube do Assi- nante escolherá as ima- gens que contemplem qualidade para impres- são. Serão selecionados os autores de até 90 fotos para participação. O re- gulamento completo está detalhado no site do Clu- be do Assinante. A retirada do prêmio (os ingressos)será feitana sededa Rede Gazeta, que fica localizada na Rua Chafic Murad, 902, Bento Ferreira, Vitória/ES. Oeditorde fechamento deAGAZETA,EduardoFa- chetti, que articula as ações jornalísticas do mo- vimento #SomosCapixa- bas na Redação Multimí- dia, explica que a ideia de destacar as imagens dos leitores vai aoencontroda proposta da mobilização, dando cada vez mais visi- bilidade à população do Estado, representada por seu público. “É uma proposta que quer jogar luz em quem faz esteEstado, cujahistó- ria se confunde comapró- pria trajetóriadaRedeGa- zeta em nove décadas.” CARLOS ALBERTO SILVA/ARQUIVO Sede da Rede Gazeta, que completa seu 90º aniversário em 11 de setembro EDUCAÇÃO “Os alunos estãono séculoXXI, mas a escola aindanãoestá” Jornalista epalestrante deeducaçãodefende usode tecnologiapara ajudarnoaprendizado KAIQUE DIAS kbenfica@redegazeta.com.br “Os alunos estão no século XXI,mas a escola ainda não está.”Écomessa frasequea jornalista e palestrante na área de Educação Anna Pe- nido define o ensino das es- colas atualmente. A educa- dora esteve noEspírito San- topara o8ºCongressoEdu- cacionaldasEscolasParticu- laresdoEstadoefalousobre a importância demudanças no ensino e inclusão da tec- nologianas salas de aula. EmconversacomoGaze- taOnline,AnnaPenidodisse queousodatecnologiaéal- go importante para estimu- lar a vontade de aprender dosalunos,masquedeveser um complemento às outras formasde ensino.Confira: Oque está faltando para levar mais tecnologia às escolas? A gente precisa formar es- sas novas gerações para de fatosaber lidarcomatecno- logia, tanto para a vida pes- soalquantoparaaprofissio- nal,asocialouacidadã.Ho- je, se você não tem acesso qualificadoà tecnologia, vo- cê está à margem da socie- dade.Éfundamentalpensar os currículos e comoeles in- corporamessaformaçãopa- ra a tecnologia, que não po- de ser aprender a operar, a apertar botão, porque mui- tas vezes eles já nascem sa- bendo. É entender como de fatoatecnologiapodetrans- formaravidaecomoutilizar para intervir na sociedade, demaneiraética,consciente epositiva.Asnovasgerações muitas vezes usam a tecno- logia, mas não de forma consciente. As escolas preci- samajudarnesse papel. Que exemplos você da- riadobomusoda tecno- logia? Hoje quando as escolas se propõematransformarpela tecnologia elas vão conse- guir coisas que não conse- guiamfazerantes.Onívelde autoria cresce com a tecno- logia porque os alunos vão poder produzir vídeos, ga- mes, softwares, aplicativos, vão poder usar a tecnologia para fazer pesquisas mais amplas, terexperiências,co- movisitarummuseuvirtual- mente, poder ter acesso a materialmais interativoque o livrodidático…Atecnolo- giapode trazerumasériede elementos para ampliar o engajamento, a aprendiza- gem e o protagonismo do aluno no seu processo edu- cativo.Nãoadiantasimples- mente levar o computador para o laboratório de infor- mática–queinclusiveéalgo obsoleto. A tecnologia tem que ser como um caderno, algodo cotidiano. Ecomofazer isso? É preciso pensar nas questões da prática peda- gógica, na formação do professorporqueelenãoé ensinado a lecionar usan- do a tecnologia. Em mui- tas vezes não consegue usar a própria tecnologia. Precisamos investir forte- mente no professor e na infraestrutura, nos recur- sos pedagógicos digitais. Não adianta falar de tec- nologia em uma escola quenãoteminternetveloz e acesso a bons recursos digitais de aprendizagem. Tudo temque ser pensado de forma articulada. Você acha que a escola aindaestánopassado? Eunãoacho, eu tenhocer- tezadisso.Aescolanãocon- seguiu evoluir. Todos os se- tores da sociedade, pratica- mente, mudaram profun- damente. Quando comecei a faculdade de jornalismo usava-se máquinas de es- crever. Quatro anos depois, quandome formei, já tinha umaplacanasalaondeelas ficavam escrito “Jurassic Park”. A escola, no entanto, tem resistência de deixar entraratecnologia,issopor- que a educação é cheia de regras e é conservadora. Cheia de ideias consolida- das e de ideologias que im- pedem de ser mais rápido no processo de mudança. Temquefazer.Osalunoses- tãono séculoXXI,mas a es- cola não está lá ainda. SINEPE/DIVULGAÇÃO Anna Penido: escola resiste em se modernizar 10 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 TEMPO FONTE: INMET (INSTITUTO NACIONAL DE METEREOLOGIA) - CLIMA TEMPO - CPTEC (PREVISÃO OCEÂNICA) - INCAPER - IEMA (INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE) lximenes@redegazeta.com.br - Tel.: 3321-8521 LEONEL XIMENES Num país em que a Justiça Eleitoral tem mais protagonismo que o eleitor, algo está errado. Rodrigo Coelho pede auxílio- moradia Rodrigo Coelho saiu da toca. O novo conselheiro do Tribunal de Con- tas do Estado entrou com o pedido para receber o auxílio-moradia, no valor de R$ 4.377. Além desse pen- duricalho, o ex-deputado estadual re- ceberá salário de R$ 30.471,10 e tí- quete-refeição de R$ 1.925, perfazen- do um total mensal de R$ 36.773,10. Os imóveis Rodrigo, antes de assumir o cargo, declarou à coluna que já tem um imóvel próprio em Cachoeiro de Ita- pemirim e um apartamento (finan- ciado) em Vitória. Até quando? Enquanto isso, centenas de pessoas dormem e vagam sem destino pelas ruas das cidades capixabas. Eleições 2018 Até agora, muita briga, poucas ideias. Valei-me! Ontem, no final da manhã, o Transcol 540 virou um autêntico púlpito re- ligioso. Na altura de Carapina, um mo- ço e depois uma mulher ficaram gri- tando no ônibus mensagens apocalíp- ticas. A senhora até cantou e depois revelou: “Meu marido virou a casaca!”. Pequena queda Segundo a Agência de Regulação de Serviços Públicos (Arsp), entre 1º e 22 de agosto, em relação ao mesmo período do ano passado, houve re- dução de 52.552 veículos no sentido Vitória-Vila Velha da Terceira Ponte, representando queda de 0,05% do movimento. O monitoramento A Arsp vai monitorar, até 15 de ou- tubro, o fluxo de veículos na ponte e o comportamento do tráfego em fun- ção da cobrança unidirecional no sentido Vila Velha-Vitória. Depois, decidirá se mantém ou não a co- brança em apenas um sentido. Folha corrida O MP Eleitoral contestou 21 registros de candidaturas no Espírito Santo. Um dos candidatos foi condenado por homicídio qualificado; outro por receptação. Tem até um por ter vio- lado o direito autoral. Bom coração A Santa Casa de Misericórdia de Vi- tória foi oficialmente habilitada pelo Ministério da Saúde para tratar de problemas cardiovasculares de alta complexidade. Agenda popular A agenda de João Goulart Filho (PPL) no Estado tem a marca de Vas- quinho, presidente do partido no ES. Neste fim de semana, o presidenciá- vel visita três feiras, dois bairros po- pulares e uma igreja (Prainha). O encontro Domingo de manhã, na feira de Ari- biri, o filho do ex-presidente Jango pode se encontrar com o candidato a governador Manato (PSL), que tem agenda prevista no local. Os três... Em um vídeo que circula pelas redes sociais, os deputado Erik Musso (PRB) e Amaro Neto (PRB) estão, diríamos, bem descontraídos com o prefeito Daniel da Açaí (PSDB). Até quando? A propósito, uma dúvida: por que até agora o prefeito de São Mateus, que já foi cassado por abuso do poder econômico, ainda não foi afastado do cargo? Ou a Justiça Eleitoral vai dei- xar o mandato de Sua Exa. acabar para cassá-lo de fato? O governo, pois Aridelmo Teixeira (PTB) admite que na campanha está defendendo o legado do governo PH. Mas hoje de manhã ele vai à passeata “con- tra a insegurança pública” no Cen- tro de Vila Velha. E quem está sen- do responsabilizado pela insegu- rança? Só pensa naquilo Por falar em Aridelmo, ele está dor- mindo apenas pouco mais de quatro horas por dia. E às vezes ainda acor- da de madrugada para anotar algu- ma ideia que surgiu durante o sono. Pra frente, Brasil!? Manato (PSL) disse que quer levar o civismo de volta às escolas, tornando obrigatória a formação dos alunos du- rante a execução do Hino Nacional. Cadê ele? A propósito, Bolsonaro, candidato de Manato, parece que não sabe o Hino todo, principalmente o trecho “verás que um filho teu não foge à luta”... Alô, eleitor! Candidatodesonesto fora da política vai ser honesto com mandato? 11º: NÃO PINTARÁS MURO ALHEIO Proprietário de um muro que aparentemente não permitiu a pintura com os dizeres bíblicos dos 10 Mandamentos deixa seu recado na Avenida Marginal, no bairro de Jardim Carapina, Serra. FOTO: MARCELO PREST Hoje Máxima 29 / Min. 19 Amanhã Máxima 29 / Min. 19 Segunda Máxima 25 / Min. 19 Qualidade do ar Grande Vitória Medição em 21/08 Estação Qualificação Carapina Bom Cariacica Bom Jardim Camburi Bom Laranjeiras Bom Vila Velha - Centro Bom Vila Velha - Ibes Bom Vitória - Centro Bom Vitória - Enseada do Suá Bom Marés PORTO DE VITÓRIA Preamar: 1.4 às 02:17 e 1.4 às 14:56 Baixamar: 0.1 às 08:38 e 0.3 às 20:51 PORTO DE TUBARÃO Preamar: 1.4 às 02:12 e 1.5 às 14:55 Baixamar: 0.1 às 08:34 e 0.3 às 20:55 Ventos Norte, fracos a moderados Ondas Vitória - Altura: De 1.4 a 1.6 Sol Nascer: 05:56 Pôr do sol: 17:30 Lua Crescente 18/08 - 04:48 SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 CIDADES | 11 OS 30 PONTOS DE ÔNIBUS MAIS PERIGOSOS DAS BRs Margens das rodovias se tornaram alvos de assaltantes VICTOR MUNIZ vmelo@redegazeta.com.br Acordar cedo, sair para tra- balhar e ter que conviver com o medo de bandidos. Essa é a sensação de quem pega ônibus em pontos nas rodovias federais que cor- tamaGrandeVitória. Com a ajuda dos passa- geiros, a reportagem ma- peou os 30 pontos de ôni- bus mais perigosos nas BRs.Sãodiversos relatose reclamaçõesdefaltadese- gurançaemparadasdeco- letivos no trecho da BR 262, entre Jardim Améri- ca e o viaduto próximo à Ceasa, em Vila Capixaba, além da BR 101, no caso, Rodovia do Contorno e o trecho entre Carapina e Serra-Sede, na Serra. O horário em que os criminosos mais agem, segundo os trabalhado- res, é a manhã, entre 5h30 e 7h. Quase todos os entrevistados já sofre- ram, presenciaram ou ouviram relatos de ami- gos que foramvítimas da ação dos criminosos. Umdos locaisdemaior perigo citado é o ponto em frente à entrada de NovaRosadaPenha II, na RodoviadoContorno.Lá, a barra de proteção late- ral da pista fica atrás das pessoas. Com isso, os bandidos que se aproxi- mam, geralmente demo- to, conseguem encurra- lar as vítimas. Foiocasodeumadomés- tica de 41 anos – ela, assim como outras pessoas ouvi- daspela reportagem,prefe- rem não se identificar. Ela pegaoônibusnaquelepon- to três vezes por semana. “Eu já presenciei e já fui assaltada umas quatro ve- zes aqui. Eles aparecem co- mo se não quisessem nada, esperam chegarmais gente no ponto, ficam perto das pessoas. Vêm de moto, de carro e exigem celular e di- nheiro.Sevocênãotiverum celular bom, ainda corre o risco de apanhar. Já vi pes- soas sendo agredidas.” SERRA Outro local visado por assaltantes é a entrada do bairro Central Carapina, na Serra, no sentido Ser- ra-Sede da BR 101. Umamoradoradobairro Diamantina,quejáfoiassal- tadaduas vezesno local diz que só fica no abrigo se es- tiver acompanhada. Caso contrário, prefere ir ao Ter- minal deCarapina. “Eu vou no sentido contrário justa- mentepelainsegurança.Da outravezeueminhacolega corremos para o meio da pista”, diz. Em todos os pontos on- de a reportagem passou os trabalhadores relata- vam que não percebiam a presença de policiamen- to, ou diziam que a atua- çãodapolíciaestava foca- da somente dentro dos bairros. “A segurança não existe. Nesses horários de pico deveria passar mais viatura”, relatouumauxi- liar de serviços gerais de 62 anos que pega ônibus emNova Rosa da Penha. “Polícia a gente vê den- tro de Central Carapina, mas aqui na rodovia é muito difícil”, afirmou também uma auxiliar de limpeza de 34 anos, que utilizaopontoemfrenteà entrada do bairro. PONTOS DO MEDO RODOVIA DO CONTORNO 1) André Carloni - ao lado do viaduto 2) Pista lateral - em frente à entrada de um complexo empresarial 3) Em frente ao Alphaville 4) Em frente a uma empresa de logística na localidade de Porto Engenho 5) Ao lado de uma empresa de reciclagem de materiais 6) Em frente à entrada de Nova Rosa da Penha II 7) Em frente à entrada de Porto Belo I 8)Em frente à entrada de Flexal II 9) Em frente à fábrica da Coca-Cola, no bairro Planeta 10) Próximo à entrada do bairro Santana, sentido Serra 11) Perto da entrada do bairro Mucuri, sentido Viana BR 101 (ENTRE CARAPINA E SERRA-SEDE) 1) Na entrada principal de Central Carapina, dos dois lados da pista da rodovia 2) Ao lado de uma loja de pneus na altura do bairro São Diogo II, sentido Serra-Sede 3) Em frente ao muro de uma empresa de materiais de construção, em São Diogo 4) Em frente ao Makro, em Planalto de Carapina 5) Em frente ao acesso de Jardim Tropical, ao lado de uma concessionária, no sentido Vitória 6) Em frente à entrada de Taquara I, próximo a uma concessionária, nos dois sentidos da pista 7) Ao lado do acesso para o bairro Barcelona 8) Ao lado do viaduto de Barro Branco, nos dois sentidos da pista 9) Em frente à Nova Carapina I, nos dois sentidos 10) Nos dois lados da pista, após o viaduto de Campinho da Serra 11) Em frente ao acesso a Planalto Serrano 12) Na entrada do bairro Vista Serra, sentido Vitória BR 262 (ENTRE JARDIM AMÉRICA E VIADUTO DA CEASA) 1) Ponto em frente a um posto de gasolina, na altura do bairro Itaquari 2) Ponto na altura de Alto Lage, ao lado de um matagal 3) Ponto ao lado de um central de energia, altura do bairro Dom Bosco 4) Ponto na esquina com a Rua Luciano Lube, altura de Campo Grande 5) Ponto logo após a entrada de Vila Capixaba, em frente a uma viação 6) Ponto em frente a um shopping, na altura do bairro Santa Luzia 7) Ponto após a entrada da Ceasa, em Vila Capixaba Fonte: passageiros consultados Perigo Uma auxiliar administrativa, de 32 anos, diz que evita ficar no ponto da BR 101 em Central Carapina, Serra. “Procuro já chegar bem perto do horário do ônibus.” FOTOS: BERNARDO COUTINHO Doméstica, 41, em Nova Rosa da Penha, na BR 101, onde já presenciou pessoas sendo agredidas em assaltos Jogo de empurra na segurança Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) passou a responsabilidade do pa- trulhamento, exclusiva- mente, para a Polícia Ro- doviária Federal (PRF). Sobre as investigações dos crimes, ressaltou que a Polícia Civil investiga somente os que são regis- trados pelas vítimas nas delegacias, mas não in- formou se aconteceram prisões de suspeitos re- centemente nem quantas denúncias houve. Já a PRF fez questão de ressaltar que, de acordo com o artigo 144 da Cons- tituiçãoFederal, a seguran- ça pública, dever do Esta- do, deve ser exercida por Polícia Federal, Polícia Ro- doviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Civil,PolíciaMilitareCorpo de BombeirosMilitar. A competência exclusi- va da PRF, de acordo com o próprio órgão, é refe- rente somente a ações ad- ministrativas, tais como multas de trânsito, reco- lhimento de veículos, en- tre outras. Nem Sesp e nem a PRF responderam sobre ações de prevenção dos crimes contrapassageirosdeôni- bus que aguardam o cole- tivo nos pontos das rodo- vias federais. 12 | CIDADES SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 MEDO Motoristas entre as leis do trânsito e asdo tráfico Recadosatribuídos a traficantes emmuros debairros têmgerado medoedúvidas EDUARDO DIAS edias@redegazeta.com.br As mensagens e ameaças atribuídas a traficantes em muroseparedestêmgerado medoedúvidasemmotoris- tas e motociclistas da Gran- de Vitória. As frases exibem ordens para que os carros circulemcomosvidrosabai- xados e para que osmotoci- clistasandemsemocapace- te.Masoscondutoresvivem oimpasseentredesobedecer as leis de trânsito e respeitar as leis dos criminosos. Essefoiocasodogesseiro Ednaldo dos Santos, de 38 anos. Ele afirma que levou umamulta após circular de moto sem o capacete, no bairroJoãoGoulart,emVila Velha. No entanto, Ednaldo argumenta que só estava semocapaceteporquerece- beu ordens de criminosos. “Fui fazer uma monta- gem de móveis em João Goulart,efuiatravessarpara ooutrobairro.Osmurossão pichadoslá,os ‘caras’mepa- raram e mandaram tirar o capaceteatéchegaraoasfal- to. Tirei o capacete,mas de- pois vi queamulta chegou”, reclamouomotociclista.OcoronelSouzaReis,co- mandante do Policiamento Ostensivo Metropolitano, afirmou que os motoristas devem respeitar as leis de trânsito. “Nósnãopodemos nossubmeteraomedo,pre- cisamos enfrentar esse me- do. Se ele (condutor) sofrer uma abordagem, ele não deve resistir,mas assimque ele passar por ali, ele deve comunicar à Polícia Militar, para que nós possamos fa- zer esse tipo de ação quali- ficada”, explicou. Luiz Fernando Muller, presidente da Associação dos Motoristas de Aplica- tivo do Espírito Santo (Amapes), afirmou que recebe relatos sobre os problemas todos os dias. Umadasáreasdetemor citada pelomotorista foi o bairro Morada da Barra, em Vila Velha, onde a jo- vem Thaís de Oliveira, de 22 anos, foi morta no últi- mofinaldesemana,apóso carro onde ela estava ser cercado por bandidos. “Em alguns casos, até re- vistas acontecem, os crimi- nosos conferem quem está dentro do carro, se estamos levando alguma mercado- ria. Em locais mais perigo- sos, só podemos entrar com liberação deles ou quando estamos com algum mora- dordentrodo carro.” Em relação às multas, o Detran informa que os con- dutores que entendem que apuniçãoéindevidadevem entrar com recursos junto ao autuador da infração. ARI MELO/TV GAZETA - ARQUIVO Recado que estava em muro de avenida em Morada da Barra, Vila Velha, onde jovem foi morta POLÍCIA “Nós não podemos nos submeter ao medo, precisamos enfrentar esse medo. Se sofrer abordagem, não deve resistir, mas assim que passar por ali, deve comunicar” CORONEL SOUZA REIS COMANDANTE CPOM CRIME BÁRBARO Padrasto condenadopor estupro emortedemenina Michael Lelis foi condenadoa28anos. Amãedacriança teria ajudado réua fugir GLACIERI CARRARETTO Pena:28anos,trêsmesese nove dias. Esse foi o resul- tado da condenação dado pela Justiça para Michael Lelis, 29 anos, por ter es- tuprado e torturado até a morte a enteada Fabyane IsadoraClaudinoBezerra, de 2 anos e 4 meses, den- tro de casa, emCariacica. Amãedamenina,Maria Izabel Costa Almeida Clau- dino,22,tambémfoiconde- nada,mas aumapenabem menor,decercade2anos,e responderá em liberdade. O crime aconteceu no dia18demaiode2017.Ao chegar em casa do traba- VITOR JUBINI/ARQUIVO Michael fugiu de casa depois de torturar Fabyane 90 PRESOS NO ES Operação contra feminicídios ehomicídios APolícia Civil do Espírito Santo realizou ontem a “Operação Cronos” em to- dos os municípios do Esta- do.Duranteaoperação, fo- ram presas 90 pessoas en- volvidas em crimes de ho- micídio, violência contra a mulher e outros, sendo 85 adultos presos e cinco ado- lescentes apreendidos. Com os acusados os agentes encontraram 13 armas,173gramasdema- conha, 238 gramas de co- caínae100gramasdecra- ck. A ação começou du- rante as primeiras horas do dia e foi encerrada em todo o Estado às 18h. Aotodo,372policiais ci- vis formando equipes dis- tribuídas em 138 viaturas trabalharam na operação. Também fizeram parte da operaçãoaSuperintendên- cia de Inteligência e Ações Estratégicas (Siae), a Polí- cia Interestadual e de Cap- turas (SUPIC), a Polícia Es- pecializada (SPE) e as Su- perintendênciasNorte,Sul, Noroeste e Serrana. SegundoaPolíciaCivil, a operaçãosurgiudevidoàLei MariadaPenhaestaraniver- sariandonestemês. Esta é a primeira operação que tem como foco o cumprimento de mandados contra auto- resdehomicídiosemgerale qualificados pelo feminicí- dio, além de cumprimento demandadosdeprisãorela- tivosaodescumprimentode medidas protetivas da lei. VILA VELHA PMbaleado ao realizar abordagem Um policial militar de 23 anos foi baleado ao realizar uma abordagem num con- domínio residencial em Ja- baeté, região de Terra Ver- melha, em Vila Velha, on- tem, às 17h40. Segundo in- formações daPM, osmilita- resforamacionadosparave- rificar uma ocorrência de um homem que havia ar- rombadooportãodacasada ex-mulher. No local, ao ten- tar conter o homem, o sus- peito conseguiu tomar a ar- madopolicialeefetuoudois disparos. Uma bala atraves- souocoletedomilitareaca- bou atingindo a região do abdômen. Ele passa bem. lho, amãede Fabyane Isa- dora encontrou a filha passando mal e com inú- meros ferimentos pelo corpo e a levou para o pronto-atendimento. A investigação realizada pelaDelegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) indicou que Maria Izabel orientou e ajudou o marido,Michael Lelis, a fu- gir assim que os funcioná- rios e demais pacientes da unidade desconfiaram que se tratava de umcrime. Fabyane Isadora foi transferida para o Hospi- tal InfantilemVitória,mas não resistiu emorreu. Olaudocadavéricoapon- touqueameninateveobra- ço quebrado em três partes, órgãos internos dilacerados devido ao espancamento e também que ela tinha sido violentada sexualmente. Com buscas intensas, o acusadopassouaserprocu- radoportodooEspíritoSan- toapósaJustiçaacatarope- dido de prisão. Michael foi localizadonanoitedodia20 demaio, dentro de uma ca- çambadelixo,emCariacica, próximo a um motel onde havia passado anoite. A mãe de Fabyane Isa- dora negou qualquer en- volvimento no crime. Po- rém, durante as apura- ções, a Polícia Civil con- cluiu que ela deixou de agirparaprotegerafilhae quesabiadeagressõesan- teriores praticadas pelo marido contra a filha. No dia 2de junho, ela foi pre- sa pelos mesmos crimes a que o marido estava sen- do acusado. Brasil &Mundo. | 13SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 DRAMA VIZINHO Venezuela registra êxodomaior queode refugiadospara aEuropa Crisenopaís tem provocadoumadas maioresmigrações em massadocontinente Adegringoladaeconômi- cadaVenezuela se transfor- ma em crise humanitária. Segundo a ONU, 2,3 mi- lhões de venezuelanos dei- xaramopaísemdoisanos.A título de comparação, 1,8 milhão demigrantes entra- ram em toda aUnião Euro- peia emquatro anos. A crise de refugiados na Europa começou em2015, quando levas crescentes de pessoas que fugiamdedifi- culdadeseconômicasoude conflitos tentavam alcan- çar a União Europeia, atra- vessando omarMediterrâ- neo ou por terra, pelo su- deste europeu. Enquanto cerca de 1,8 milhão de refugiados che- garam na Europa desde 2015, a crisemigratória da Venezuela já contabiliza mais de 2,3milhões demi- grantesquefogemdamisé- ria emapenas dois anos. Estasemana,oEquador abriu um corredor huma- nitáriopara facilitar apas- sagem de ônibus levando centenas de imigrantes venezuelanos que preten- dem chegar ao Peru antes que entrasse em vigor, ho- je, as restrições para sua entrada nesse país, anun- ciou o governo. OgovernodeLenínMo- reno decidiu facilitar o transporte dos venezuela- nos apesar de ter imposto a necessidade de passa- porte na semana passada, umamedidaqueoPeruvai utilizarapartirdasprimei- ras horas deste sábado. A Organização das Na- ções Unidos (ONU) pediu aos países latino-america- nos que continuem aco- lhendo os refugiados ve- nezuelanos e criticou as novasexigênciasnas fron- teiras implementadas pe- lo Equador e pelo Peru. Em um comunicado conjunto, o Alto Comissá- riodasNaçõesUnidaspara os Refugiados, Filippo Grandi,eodiretor-geralda Organização para as Mi- grações, William Lacy Swing, pediram um apoio maior da comunidade in- ternacionalàmedidaqueo êxodo de venezuelanos continuadevidoaoagrava- mento da crise econômica. PRAZO A ministra do Supremo TribunalFederal (STF)Rosa Weber deu ontem 15 dias para o governo federal en- viar documentos àCorte es- clarecendo quais medidas tem adotado para interiori- zaroscidadãosdaVenezuela que têm cruzado a fronteira entre os dois países por Ro- raima.Localizadanafrontei- racomaVenezuela,acidade dePacaraima(RR)registrou umtumultonoúltimosába- do, 18. Brasileiros agredi- ramvenezuelanosedestruí- ram acampamentos de imi- grantes dopaís vizinho. CRIS BOURONCLE/AFP Centenas de venezuelanos fazem fila na fronteira do Equador com o Peru Roraima pode ficar às escuras AVenezuelaameaçacor- tarofornecimentodeener- gia elétricaparaRoraimaa partir da primeira semana de setembro. Em junho, o país vizinhodeu90dias ao governo brasileiro para quitarpendênciasnopaga- mentoàestatal venezuela- naCorpoelec.Adívidaacu- muladaseriadeUS$30mi- lhões, conforme informa- çõesdo “Valor”, e o prazo está chegando ao fim. Para o presidente do Fó- rumdasAssociações do Se- tor Elétrico (Fase), Mario Menel, se isso ocorrer, será necessário queimar mais óleodieselnas térmicasque operam emRoraima, o que encareceriaatarifadeener- gia de todos os brasileiros. 14 | OPINIÃO SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 FOTO: PROJETO ACERVO DIGITAL / WWW.AGENCIAAG.COM.BR CIDADANIA INDIGENTE OPINIÃO DA GAZETA Retirar pessoas em situação de rua da invisibilidade é o primeiro passo, com saúde e assistência social no front de batalha N odicionário,osignificadodeci- dadão é pessoa que goza de di- reitos e desempenha deveres que lhe permitem viver em so- ciedade.Seconsiderarmosestri- tamente essa definição, pessoas em situação de rua dificilmente seriam definidas como cidadãos plenos. À margem do convívio so- cial,estãoórfãsdastaisgarantiasconstitucionais. Reportagem especial deste jornal apontou que mais de 500 pessoas encaram esse duro cotidiano só em Vitória, Vila Velha e Serra. Em um cenário de violência urbana alarmante, elas são vítimas também do preconceito. Um homem que vive nas ruas da Capital resumiu seu drama: “Você é sempre um suspeito”. Esse estigma, aliado à falta de documentação, cria barreiras por vezes instransponíveis ao acesso aos serviços públicos – acesso esse que, com frequência, já é complicado para qualquer cidadão,diga-sedepassagem.Oresultadoéque muitosficamaindamaisisolados.Afaltadevín- culos,quandoseuneaoconsumodedrogas,ge- ra uma mistura potencialmente fatal para o usuário e para as pessoas à volta. É o caso do morador de Vila Velha que teve o carro atingido por uma pedra jogada por um usuário de droga, na última quarta-feira. Por sorte, o dano foi apenas patrimonial. Em maio, a empresária Simone Tonani pagou com vida ao ser ferida por um vergalhão lançado por ou- tro dependente químico. Seria ingênuo bradar aqui frases imperativas, como se as respostas fossem cristalinas. Mas também não cabe o silêncio, confundindo a complexidade do problema com impossibilida- dedesolução.Asituaçãoderuaéumfenômeno de múltiplas causas, mas retirar as pessoas da invisibilidade é o primeiro passo, com saúde e assistênciasocialnofront.Noentanto,depouco adiantará que os cidadãos – aqueles que têm di- reitosdefato–cobremaçãodosentespúblicosse não for combatido o abismo que divide o Brasil entre aqueles que vivem nas ruas e aqueles que, já donos de imóveis, recebem auxílio-moradia de R$ 4,3 mil mensais, como bem lembrou um leitor em mensagem enviada a esta Redação. EU DIGO QUE... “Foi melancólico e simbólico, como se tudo já tivesse decidido, poucas palavras, monossílabas, uma cena um tanto derrotista e pequena. Eu me emocionei e chorei” — José Dirceu Ex-ministro do governo Lula, em relato no seu livro “José Dirceu – Memórias”, que chega às livrarias na próxima semana, sobre a sua demissão da Casa Civil em 2005 “Reconhecemos os crescentes desafios enfrentados pela chegada em grande escala dos venezuelanos” — Filippo Grandi Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. A ONU afirmou ontem que êxodo de venezuelanos já se aproxima de um pico comparável à crise migratória do Mediterrâneo Inclusão produtiva Rodrigo Medeiros É professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Grandes diferenças nas produtividades encontradas nos países em desenvolvimento acabam refletidas nos diferenciais de salários A inclusão produtiva merece uma aten- ção maior da parte das políticas públicas e o momento é bem oportuno para o debate. Nesse sentido, atendendo ao convite do Instituto de Desenvolvimen- to Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies/Findes), encaminhei um breve artigo para o “Boletim Econômico Capixaba”, edição de julho, sobre de- senvolvimento inclusivo. De acordo com o Centro de Comércio Internacional (ITC, em inglês), a pro- dutividade nas pequenas e médias em- presas (PMEs) brasileiras é da ordem de 30% da produtividade das grandes firmas, algo comum nos países em desenvolvimento. Na Alemanha, por sua vez, essa relação é de 70%. As PMEs empregam entre 60% e 70% dos trabalhadores no mundo, sendo que respondem por aproximadamente 95% das firmas, 50% do valor adi- cionado e são classificadas de formas distintas pelos países. Grandes diferenças nas produtivi- dades encontradas nos países em de- senvolvimento acabam refletidas nos diferenciais de salários pagos aos tra- balhadores das firmas de portes dis- tintos e explicam boa parte do fe- nômeno conhecido na literatura co- mo a “armadilha da renda média”. Tal conceito, que deriva do trabalho do economista Arthur Lewis (1915-1991), compreende o conjunto de dificuldades que um país apre- senta para transitar de níveis baixos de desenvolvimento para o patamar de alto desenvolvimento. Nossa arrancada desenvolvimentis- ta, entre 1930 e 1980, se processou pelas vias da substituição de impor- tações de bens, sendo que desde mea- dos dos anos 1980 sofremos desin- dustrialização prematura e regressão da complexidade econômica expor- tadora. O desafio para as PMEs dos países em desenvolvimento, cuja in- formalidade média é estimada em 77%, é evitar o aprisionamento em atividades de baixo valor agregado. Segundo trabalhos publicados por Da- ni Rodrik, professor da Universidade de Harvard, a produtividade do trabalho é bem maior nas manufaturas do que no restante da economia. O setor manu- fatureiro costuma ser onde as classes médias tomam forma, crescem e a evo- lução da indústria de transformação se mostrou central para o vigor de uma democracia. Melhorar o ambiente eco- nômico para estimular a industriali- zação de PMEs brasileiras mostra-se algo bem interessante, pois estamos vivendo a perspectiva da quarta re- volução industrial e o setor de serviços doméstico não foi capaz de acomodar, de forma sustentada, a nova classe média de renda brasileira sem gerar grandes pressões inflacionárias. HÁ 50 ANOS Enfarte matou Vicente Celestino em São Paulo “Vicente Celestino, acometido de enfarte, morreu em São Paulo cerca das 23h de anteontem. Vicente estava hospedado no hotel Normandie em companhia de sua esposa, a artista Gilda de Abreu. O médico, chamado às pressas quando Vicente começou a sentir-se mal, nada mais pôde fazer pois ao chegar ele já se encontrava moribundo. Contava setenta e um anos de idade.” A IMAGEM DESTE JORNAL ESTÁ AMPLIADA NA EDIÇÃO DIGITAL DE A GAZETA gazetaonline.com.br Presidente do Conselho de Administração: CARLOS FERNANDO LINDENBERG FILHO | Diretor-Geral da Rede Gazeta: CARLOS FERNANDO LINDENBERG NETO | Diretor de Negócios: MARCELLO MORAES | Diretor de Mercado Anunciante:MÁRCIO CHAGAS 25/04/2018 - 25/04/2019 SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 OPINIÃO | 15 Farsa percentual Gabriel Tebaldi É graduado em História e Filosofia e pós-graduado em Sociologia E-mail: gab_meira@hotmail.com Pesquisas eleitorais exercem influência maior que qualquer outro agente público ou privado. Induzem o “voto útil” e são base dos programas eleitorais No mundo kafkiano dos institutos de pesquisas que garantem apurar com precisão o voto de 147 milhões de eleitores entrevistando 8 mil pessoas, o pleito presidencial de 2018 tem Lula na dianteira, com 40% das intenções de voto. Esses dados não assustaram ape- nas o mercado financeiro - que levou o dólar a R$ 4 -, mas também soaram mal quando comparados com outros dados dos mesmos institutos. Segundo o Datafolha, em outubro de 2017, 87% do eleitorado considerava muito importante que um candidato à Presidência nunca tivesse se envolvido em casos de corrupção. Ao mesmo tempo, regis- trou enorme rejeição ao molusco (34%). No Ins- tituto Paraná, essa oje- riza é de 54%; no Da- taPoder360, 56%. Em 2017, o mesmo Da- tafolha afirmou que 65% do eleitorado brasileiro identificava-se ideologi- camente entre o centro e a direita. Nesse cenário atual de lulismo radical e “greve de fome” petralha pela soltura do nove-de- dos, é estranho que, subitamente, mais da metade do eleitorado tenha emi- grado para nomes da esquerda. Quando comparamos Datafolha, Ibope, Paraná e DataPoder360,as diferenças de intenção de votos de Lula superam 10%. Os erros são históricos: em 2014, Da- tafolha e Ibope apresentavam Aécio Neves com 17% um mês antes do dia da eleição. Nas urnas, o tucano registrou 33,5%. Marina Silva, que somava 34% nas pes- quisas, fez 21,3% na eleição. As pesquisas eleitorais exercem uma influência maior que qualquer outro agente público ou privado. Induzem o “voto útil”, são base dos programas eleitorais e não informam devidamente o público pesquisado. Dos 8.433 entrevistados na recente pesquisa Datafolha, 46% recebem até 2 salários mínimos; 51% situam-se pro- fissionalmente como funcionários pú- blicos, “bico”, informal ou desempre- gado. Apenas 8% são au- tônomos; 3% são empre- sários e 1% profissionais liberais. Esses últimos são números completa- mente destoantes da rea- lidade brasileira registra- da pelo IBGE! As pesquisas são um po- der paralelo. Eminência parda. Seus métodos pre- cisam ser apurados com urgência. E a nós cabe desmentir, com dados e documentos, tamanhas farsas percentuais. Campanha e comunicação José Carlos Corrêa Escreve aos sábados neste espaço E-mail: jccorreavix@gmail.com Uso adequado da comunicação é capaz de fazer mais do que mudar a intenção de voto do eleitor. Ela pode conquistar multidão de desencantados Há um grande desafio posto para os candidatos que irão disputar as pró- ximas eleições, agora que está oficial- mente iniciada a temporada de cam- panhas: a de enfrentar a descrença do eleitorado com relação aos políticos, à política e até mesmo com relação à democracia. Como diz Manuel Castells no livro “Ruptura – a crise da de- mocracia liberal” – que, como informa o jornalista Leonel Ximenes, está sendo lido pelo governador Paulo Hartung –, “mais de dois terços dos habitantes do planeta acham que os políticos não os representam, que os partidos (todos) priorizam os próprios interesses, que os parlamentos não são representativos, e que os governos são corruptos, injustos, burocráticos e opressivos”. Esta descrença é confirmada por pes- quisa do Instituto Latinobarômetro, que constatou que somente 46% dos bra- sileiros entrevistados dizem apoiar a democracia como sistema político e que cresce a proporção dos que estão mais dispostos a aceitar e a apoiar um regime antidemocrático desde que ele assegure soluções para os problemas como a vio- lência, a corrupção e a crise econômica. Não foi por outra razão que o ex-pre- sidente Fernando Henrique, que na quarta-feira participou do Fórum IEL de Gestão, em Vitória, declarou que “os valores da democracia devem ser man- tidos”, ao se referir à liberdade de imprensa, ao pluralismo político e à capacidade de convencimento ao invés do uso da força bruta. Diante deste contexto, os candidatos e seus partidos devem aproveitar o pe- ríodo da campanha eleitoral – iniciado no dia 16 e que no dia 31 ganha o reforço da propaganda no rádio e na TV – para, mais do que simplesmente conquistar o voto do eleitor, convencê-lo a participar do momento mais precioso da demo- cracia que é o das eleições. Para isso, partidos e candidatos têm ao seu dispor algumas aliadas poderosas que são as técnicas de comunicação, principalmente as utilizadas no rádio, na TV e na internet. Como há décadas afirma Pierre Lévy, um dos nomes mais respeitados da área, sempre houve uma correlação muito forte entre as técnicas de comunicação e a democracia. “Sem a escrita, a democracia não teria surgido”, diz ele lembrando da Grécia Antiga e enfatizando a influência da comunicação na queda de ditaduras no mundo. Não é por outra razão que todos os regimes autoritários procuram con- trolar a imprensa e a internet. O uso adequado da comunicação é capaz de fazer mais do que mudar a intenção de voto do eleitor. Ela pode conquistar para a festa da democracia a participação de uma multidão de de- sencantados que, se a votação fosse hoje, provavelmente nem sairia de casa. Diretor de Jornalismo: ABDO CHEQUER abdo@redegazeta.com.br | Editor-chefe: ANDRÉ HEES ahees@redegazeta.com.br | Editora Executiva de Integração: ELAINE SILVA elainesilva@redegazeta.com.br | Editores de Produção: ABDO FILHO afilho@re- degazeta.com.br e GERALDO NASCIMENTO gnascimento@redegazeta.com.br | Editor de Fechamento: EDUARDO FACHETTI efachetti@redegazeta.com.br | Editor Digital: AGLISSON LOPES aslopes@redegazeta.com.br | Editor Visual: ALISON SILVA apsilva@redegazeta.com.br | Editora de Qualidade: ANDRÉIA PEGORETTI apegoretti@redegazeta.com.br Presença de autoras negras na literatura nacional Andressa Zoi Nathanailidis É doutora em Letras e professora da UVV Felizmente, o Brasil chega ao século XXI com uma excelente safra de escritoras afro-brasileiras O ano é 1859. Uma jovem e obstinada professora publica seu primeiro romance, buscando romper as fronteiras impostas por um país erguido sobre a lógica colonial eurocêntrica. Refiro-me à escritora ma- ranhense Maria Firmino dos Reis (1822–1917), autora de “Úrsula”, obra considerada o primeiro romance aboli- cionista brasileiro - e um dos primeiros de autoria feminina neste país. Firmina, que era negra e filha bastarda, fez do livro-inaugural um espaço-denúncia. A obra, assinada com o pseudônimo de “uma maranhense”, desvela a crueldade de con- dições às quais os negros eram submetidos em meio à sociedade escravocrata, esta- belecendo também referências inéditas à África, espaço em que se prezam a liberdade, a ancestralidade e a harmonia. À frente de seu tempo, Firmina abriu caminhos para o reverberar de outras vozes afro-femininas na literatura nacional. Vozes que lutam diu- turnamente pela não-invisibilidade, valen- do-se da estética como instrumento ético aplicado à conjuntura social. Na década de 1960, o Brasil conheceu Carolina Maria de Jesus. Moradora da favela Canindé, a escritora foi “descoberta” por Audálio Dantas, repórter da “Folha de S. Paulo”. Trabalhava como catadora de papel e escrevia sobre o próprio cotidiano. Sua primeira obra, “Quarto de Despejo”, descreve em excertos datados as expe- riências que viveu (a fome, o frio, a vio- lência etc.), demonstrando também o en- gajamento da autora perante seu tempo. Outro marco da expansão referente ao lugar de fala atribuído às autoras afro-brasileiras é a criação da série “Cadernos Negros”, periódico coletivo de contos e poemas, veiculado desde 1978. A publicação lançou importantes nomes da literatura, entre eles Con- ceição Evaristo e Esmeralda Ribeiro. Responsável pela criação do conceito de “escrevivência”, Evaristo se propõe à escrita do “ser mulher, negra e vivente na sociedade brasileira contemporânea”. Aos 71 anos, tem se destacado em diversos eventos na- cionais e internacionais. Evaristo, inclusive, é responsável por um fato inédito na história da literatura nacional: há dois meses, ofi- cializou sua candidatura à cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, antes ocu- pada pelo cineasta Nelson P. dos Santos. Felizmente, o Brasil chega ao século 21 com uma excelente safra de escritoras afro-brasileiras: Ana Maria Gonçalves, Eli- zandra Souza, Alzira Rufino, Cristiane So- bral... Mulheres empoderadas com as quais aprendemos todos os dias. Política. | 16SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018WhatsApp: (27) 98135.8261 | Telefone: (27) 3321.8332ATENDIMENTO AO ASSINANTE: (27) 3321-8699Editora: Samanta Nogueiraz snogueira@redegazeta.com.br POR REAJUSTE, MINISTROS PROPÕEM FIM DE AUXÍLIO Toffoli e Fux querem desvincular salários do teto do funcionalismo BRASÍLIA Nareuniãodequinta-feira à noite entre o presidente Michel Temer (MDB) e os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), os integran- tes da Corte lançaram mão deumapropostaparaviabi- lizaroreajustede16,38%no Judiciário. A ideia é extin- guiroauxílio-moradia,pago hoje indiscriminadamente, mesmo para juízes que te- nhamcasapróprianacidade onde trabalham. Assim, os impactosfinanceirosdorea- juste seriamminimizados. No STF, há maioria para vetar a forma como o bene- fício é pago, mas processos quetratamdeauxílio-mora- diaserãopautadosnoplená- riodaCorte somentedepoisde aprovadoo reajuste. Em 13 de setembro, Tof- foli assumeapresidênciado STF e Fux será seu vice-pre- sidente. A atual presidente, Cármen Lúcia, não partici- pouda reunião comTemer. Toffoli e Fux aproveita- ramparasugeriroutrapro- posta,masparavalernofu- turo.Os dois queremque o Congressoaproveumame- dida para desvincular o sa- lário dos ministros do teto do funcionalismo público, de formaaevitar umpossí- vel efeito cascata em futu- ros reajustes. HojeumministrodoSTF ganha R$ 33,7 mil, que é o tetodosservidorespúblicos. Isso significa que ninguém podeganharmaisdoqueis- so. Pelas regras atuais, se houver um reajuste, outras categorias também pode- rão elevar seus rendimen- tos, gerandomais impactos financeiros. BENEFÍCIO Até 2014, havia tribu- nais que pagavam o auxí- lio-moradia, enquanto outrosnão tinhamobene- fício. Emsetembrodaque- le ano, Fux deu liminares estendendo-o aos juízes de todo o Brasil. Mesmo quem trabalha na mesma cidade há décadas e tem imóvel próprio passou a ter o direito assegurado, quecostumaficarentreR$ 4mil e R$ 5mil. O benefício não é in- cluído no teto constitucio- nal e, por isso, não sofre cortes.Naprática,elevaos rendimentos dos juízes, que passam a ganhar aci- ma do teto. Fux chegou a levar os processos para o plenário doSTFtomarumadecisão definitiva no primeiro se- mestre deste ano, mas de- pois os retirou de pauta diante do anúncio de uma tentativa de conciliação entreos juízeseaUnião.O acordo, porém, não saiu. Agora, para viabilizar o reajuste, a Corte final- mente analisaria a ques- tão, pondo um fim ao au- xílio.Em8deagosto,por7 votos a 4, a Corte aprovou uma proposta de reajuste de 16,38% nos próprios salários, que passariam para R$ 39,2mil. O aumento tem impac- to nos contracheques de juízesde todooBrasil, que têm vencimentos calcula- dosdeformaproporcional ao salário de ministro da Corte. A decisão do STF não eleva automatica- mente os salários, porque oorçamentoaindaprecisa ser analisado pelo Con- gresso e sancionado pelo presidente da República. Toffoli e Fux foramdois dos sete ministros a favor do reajuste em agosto. A atual presidente do STF, ministraCármenLúcia,foi contra. Estudos orçamen- tários do próprio tribunal revelam que o impacto do aumento nos contrache- ques é de R$ 2,7 milhões ao ano para o STF e de R$ 717 milhões para o Judi- ciário federal.Noentanto, ministros que defendemo reajuste afirmaram que não haverá custo extra na Corte, porque haverá re- manejamento de gastos. (Agência O Globo) ENTENDA A NOVELA DO AUXÍLIO-MORADIA t Salários No dia 8 de agosto, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram por 7 votos a 4 incluir na proposta orçamentária um reajuste nos salários de 16,38%. Teto do funcionalismo, a remuneração dos ministros é de R$ 33.763,00 e pode subir para R$ 39.293,32. t Impacto O impacto estimado do reajuste é de R$ 2,77 milhões para o STF e um efeito cascata de R$ 717,1 milhões só para o Judiciário federal, nas três instâncias. A decisão poderá implicar, para o ES, um acréscimo anual de R$ 39,772.756,53 nos orçamentos do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), Ministério Público Estadual (MPES) e Tribunal de Contas do Estado (TCES), ao todo. t Auxílio-moradia O auxílio-moradia é uma verba de caráter indenizatório prevista na Lei Orgânica da Magistratura, de 1979. Em setembro de 2014, o ministro Luiz Fux, do STF, concedeu três liminares e, por fim, estendeu o benefício a todos os magistrados do país. Por simetria, membros do Ministério Público e de Tribunais de Contas também têm direito. O Conselho Nacional do Ministério Público e o Conselho Nacional de Justiça regulamentaram o pagamento. t Magistrados no ES Dos 344 juízes e desembargadores ativos do Judiciário do Estado, 25 não recebem o auxílio de R$ 4.377 mensais, o que corresponde a 7% dos magistrados, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). t MPES Segundo informações obtidas via Lei de Acesso à Informação pelo Sindipúblicos-ES, 255 dos 289 promotores e procuradores do MPES em atividade recebem o auxílio. Além disso, 13 membros que solicitaram a verba entre o fim de 2014 e agosto de 2015, receberam, ao todo, R$ 405.668,89 em auxílio retroativo a outubro de 2014. JORGE WILLIAM/AGÊNCIA O GLOBO - 11/04/2018 Os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux discutiram o reajuste nos salários com o presidente da República Barroso libera lista com salários O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tri- bunalFederal(STF),negou pedido da Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes) para suspender a divulgação da lista nomi- nal comos seus salários. Uma resolução do Con- selho Nacional de Justiça (CNJ) estipula a publicida- de dos salários dos magis- trados,comaindicaçãodos nomes de cada um e a res- pectiva remuneração. Mas a Ajuferjes queria que, em vez de nome e da lotação, aparecesseapenasonúme- ro dematrícula. A associação entendia que a divulgação dos no- mes feria garantias indivi- duais, como a da privaci- dade, colocando em risco atémesmoasegurançado juiz e de sua família. Em 2012, quando a resolução doCNJfoieditada,oentão ministro do STF Joaquim Barbosa negou pedido se- melhante da Ajuferjes. A associação recorreu e,agora,Barroso,queher- dou os processos de Bar- bosa, tambémnegouope- dido.Eleconsiderou“legí- tima” a publicação da re- muneração. (Agência O Globo) SALÁRIO R$ 33,7 mil É o atual salário de um ministro do STF, valor considerado o teto do funcionalismo público. SÁBADO, 25 DE AGOSTO DE 2018 POLÍTICA | 17 merval@oglobo.com.br MERVAL PEREIRA A dúvida, ressalta Jairo Nicolau, é até que ponto Ciro Gomes, que fez sua carreira no Ceará, poderá ser barreira ao PT Obstáculos no Nordeste DEPOIMENTO NA JUSTIÇA FEDERAL Reidoônibuspagoua políticospor20anos JacobBarataFilho revelouquedeputados JorgePicciani ePaulo Melloeramdoesquema RIO Em depoimento à Justiça Federalontem,oempresário JacobBarataFilho, conheci- do como rei do ônibus, ad- mitiu pela primeira vez que os donos de empresas de transportes contribuíampa- raocaixadoisdaFetranspor com a finalidade de pagar agentes políticos. Segundo ele, a captaçãodesses recur- sos começouhá20anos, eo objetivo era contribuir com campanhas eleitorais. Barata Filho não usou a palavrapropinaparaserefe- rir aos pagamentos, que ocorreram, segundo o Mi- nistério Público Federal (MPF), inclusive em anos não eleitorais. Ele disse que nãopoderia afirmar se hou- ve pagamentos ilícitos, por- que quem administrava o caixaeeraoresponsávelpe- la interlocução com os polí- ticos era o empresário José Carlos Lavouras, que presi- dia o conselho de adminis- traçãodaFetranspor.Segun- doBarataFilho,Lavouras ti- nha todaautonomia. O empresário afirmou aindaque,depoisde2009,a contribuição geral dos do- nosdasempresasparaocai- xadoisdaFetransporchega- va a R$ 6milhões. Ele disse quenão sabia comoera a li- beraçãodessesrecursospara ospolíticos,seeramemépo- cade campanhaounão.Ele citou que houve repasse de recursos para o presidente afastado da Assembleia Le- gislativa do Rio (Alerj), Jor- gePicciani,eoex-presidente daCasaPauloMelo. Questionado se outros políticos,alémdePiccianie Paulo Melo, recebiam con- tribuições, ele respondeu: “Com certeza”. (Agência O Globo) GUSTAVO MIRANDA/AGÊNCIA O GLOBO Jacob Barata, ao centro, chega para depor no Rio “QUADRILHÃO DO MDB” CunhaquerTemer como testemunha Sepedidodadefesa for aceitopela Justiça, opresidentepoderá deporpor escrito BRASÍLIA O ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), atual- mente preso em Curitiba pela Lava Jato, solicitou à Justiça Federal do Distrito Federal que o presidente Michel Temer (MDB) seja ouvido como sua testemu- nha de defesa no caso co- nhecido como “quadrilhão do MDB”. Caso a 10ª Vara Federal doDFautorize, Cu- nhateráquemandarpores- crito as perguntas a serem feitas aopresidente, prerro- gativa conferida por conta de seu cargo. Emsuadefesapréviano caso,CunhalistouTemere outros integrantes da cú- pula do seu governo em seu rol de testemunhas, como o ministros da Casa Civil,EliseuPadilha,eode Minas e
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