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LITISCONSÓRCIOS ALTERNATIVO E SUBSIDIÁRIO NO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

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Litisconsórcios alternativo e subsidiário no processo civil brasileiro
 
 
 
Página 
LITISCONSÓRCIOS ALTERNATIVO E SUBSIDIÁRIO NO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
Revista de Processo | vol. 147/2007 | p. 27 - 49 | Maio / 2007
DTR\2007\333
	
Ronnie Preuss Duarte 
Mestre em Ciência Jurídica pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Pós-graduado em Direito Processual Civil pela UFPE. Professor da Faculdade Marista e da Esmape. Advogado. 
 
Área do Direito: Civil; Processual
Resumo: O presente estudo analisa a possibilidade da formulação de um pedido subjetivamente complexo de natureza especial, quando houver dúvida fundada no tocante ao direcionamento subjetivo da lide. As figuras do litisconsórcio alternativo e do subsidiário (também designado como eventual) têm o condão de, em determinadas situações, imprimir maior celeridade à solução do litígio, com a pronta satisfação do direito controvertido, evitando a reiteração de demandas de idêntico objeto, voltadas contra sujeitos distintos. Aspectos de regime e a fundamentação dogmática para a aceitação da novel figura no direito pátrio são alvo de necessário exame no trabalho agora apresentado.
 Palavras-chave:  Pedido - Litisconsórcio alternativo e subsidiário - Princípio da economia processual - Direito fundamental à efetividade temporal do processo ou à tutela jurisdicional efetiva
Abstract: In this paper, the author studies the possibility of the formulation of a subjectively complex demand. The figures of the necessary and alternative litisconsortium are analised.
 Keywords:  Demand - Alternative litisconsortium - Subsidiaru litisconsortium - Fundamental rights - Due process of law
Sumário:  
1. Impostação do problema - 2. Partes e pedido enquanto elementos da ação - 3. O direito processual fundamental à efetividade temporal do processo - 4. O problema da legitimidade e do interesse processual no direcionamento subjetivo alternativo ou subsidiário da lide - 5. Requisitos necessários à formação dos litisconsórcios alternativo e subsidiário (ou eventual) e o problema dos consectários sucumbenciais - 6. Conclusão - 7. Bibliografia
 
1. Impostação do problema
Percebe-se, na atualidade, que o direito à efetividade temporal do processo vem sendo o primordial alvo de preocupações dos processualistas modernos. Recentemente, a EC 45/2004 fez inserir um novo inciso no art. 5.º da CF/1988 (LGL\1988\3) versando sobre a matéria, inserção esta verificada precisamente no capítulo destinado aos Direitos Fundamentais. Desde então, pode-se dizer que o direito à efetividade temporal do processo foi alçado à condição de garantia constitucional positivada - na esteira de disposições homólogas de Cartas Políticas européias - 1 ao assegurar "a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação". 
No âmbito da ciência processual, por imposição do indigitado direito a uma célere prestação jurisdicional, a revisitação de conceitos e institutos vem sendo levada a cabo independentemente de alterações legislativas, tendo como escopo precípuo a asseguração de uma mais rápida solução dos conflitos de interesses.
O direito à tutela jurisdicional temporalmente efetiva exige que o procedimento seja conformado de maneira que, restando garantida a preservação de uma ampla possibilidade de participação dos litigantes na dialética processual - e por isso potencializando as chances de um resultado materialmente justo -, o processo revele a aptidão de alcançar o seu desfecho dentro do menor lapso de tempo possível. 2
De maneira assaz freqüente, a prática forense lança-nos desafios cuja solução poderia implicar o atingimento do pré-falado objetivo: a agilização da solução dos conflitos sem prejuízo da interlocução dos litigantes no processo. Impende lembrar, contudo, que a cientificidade do estudo obriga a que quaisquer soluções encontradas hão de ser, sempre e necessariamente, devidamente fundamentadas em termos dogmáticos.
O problema central cujo enfrentamento é pretendido tem como ponto de partida a constatação de que, não raras vezes, o profissional do direito, no instante do direcionamento subjetivo da demanda, depara-se com uma dúvida: exatamente por quem ou contra quem a ação deve ser proposta?
Doutrinadores de escol já se ocuparam da problemática atinente à adequada indicação dos figurantes no pólo passivo da demanda, salientando as complexidades envolvidas na temática em questão. 3
Com efeito, particularidades fáticas pouco aclaradas no plano do direito material muitas vezes levam a equívocos na eleição do figurante em qualquer dos pólos da demanda, precisamente em virtude da dúvida que amiúde se apresenta. Tomemos o exemplo de demanda voltada à reparação de determinado ato ilícito cujo agente não foi individualizado com clareza, e onde o lesado não está em condições de identificar o responsável antes da dilação probatória, isto em virtude da indefinição da específica conduta daqueles potencialmente envolvidos. 4
Em situações outras, nas quais queda afastada a referida situação de "dúvida", o retardamento da satisfação do direito material violado se dá por uma injustificável e equivocada interpretação dos dispositivos da lei processual. É o que se constata eventualmente, por exemplo, em determinadas situações de responsabilidade obrigacional subsidiária onde a frustração da pretensão dirigida contra o devedor principal obriga a desnecessária reiteração de demanda com idêntico objeto: uma movida contra o devedor principal e outra contra o responsável subsidiário. Exemplifiquemos com a situação do fiador no pleno gozo do benefício de ordem contemplado no art. 827 do CC/2002 (LGL\2002\400), mesmo que evidenciada a mais absoluta incapacidade patrimonial do devedor principal para a entrega da prestação.
Num caso ou noutro, a parte cujo direito carece de satisfação deve aguardar a solução final de um litígio para, só então, por definitivo cobro ao interesse ainda não tornado efetivo contra aquele que sabidamente - e desde o nascedouro do litígio - era o único verdadeiramente em condições de realizá-lo.
O quadro acima narrado é também encontrável nas ações de alimentos, já que uma interpretação dogmaticamente escorreita do art. 1.698 do CC/2002 (LGL\2002\400) veda o direcionamento primeiro da demanda contra os avós, mesmo se ressabida a pouca fortuna dos genitores do alimentando. Segundo entendimento dominante, na condição de principais obrigados à prestação alimentar, os pais devem ter inicial e exclusivamente contra si dirigida a ação de alimentos. Sabe-se que a proclamada subsidiariedade (ou complementariedade) da responsabilidade dos avós, em casos tais, impõe o prévio direcionamento da demanda contra os pais para que, só quando exaurida a instância e mediante a verificação da incapacidade econômica para a integral prestação da verba alimentar pelos genitores, seja aforada nova demanda contra os parentes em grau mais remoto. 5
Uma outra situação na qual o cúmulo subjetivo subsidiário de demandas poderia se prestar a uma agilização na satisfação do direito material violado é aquela contemplada no art. 928 do CC/2002 (LGL\2002\400), designadamente naquelas situações nas quais, movida a ação de responsabilidade civil contra os responsáveis pelo menor com fundamento no art. 932, I, do CC/2002 (LGL\2002\400) (responsabilidade por fato de terceiro), houver uma fundada suspeita da insuficiência de bens no acervo patrimonial dos pais do agente incapaz causador do dano. Em casos tais, a demanda seria direcionada a título principal contra o responsável pelo incapaz e, sendo verificada a insuficiência patrimonial, ter-se-ia o respectivo direcionamento contra o próprio incapaz que, para suportar os efeitos da demanda, haveria de figurar formalmente, de algum modo, no seu pólo passivo.
Há muito o nosso ordenamento jurídico-processual contempla a possibilidade da formulação de pedidos alternativos ou subsidiários, em cumulação objetiva. Admite-se a pretensão do demandante no sentido que, não sendo atendido um pedido, seja um outro apreciado pelo julgador.O problema a ser enfrentado no presente estudo consiste em saber se também a alternatividade e a subsidiariedade subjetiva não seriam admitidas; se não seria possível, em situações especiais, a demanda ser direcionada contra um determinado sujeito e, alternativa ou subsidiariamente, contra outro, de maneira que, de uma forma ou de outra, a satisfação da pretensão do demandante fosse assegurada sem a necessidade da reiteração de demandas de idêntico objeto processual contra múltiplos sujeitos.
2. Partes e pedido enquanto elementos da ação
Sabe-se, porquanto há muito afirmado aqui e alhures, da tríplice divisão dos elementos da ação, a saber: a) os sujeitos ou partes (personae); b) a causa (causa petendi) e c) o objeto (petitum). 6
O pedido é o elemento nuclear da petição inicial, à medida que põe a desnude o objeto processual, sendo ele "a revelação da pretensão que o autor espera ver acolhida e que, por isso, é deduzida em juízo." 7
É através da verificação da pretensão deduzida em juízo ( petitum) que se dá a delimitação objetiva do litígio; pede-se algo em face de outrem, contra o qual se dirige o pedido. 
Fala-se mesmo que o pedido é o responsável pelo "transporte" do conflito de interesses vivenciado no plano do direito material para dentro do ambiente do processo. A resistência a uma pretensão material na realidade da vida passa a ser discutida (e resolvida) no âmbito processual. 8
Por razões de economia processual - e no afã de evitar a "ramificação de processos" referida por Montenegro Filho com o assoberbamento da máquina judiciária - o nosso Código de Processo admite a formulação de pedidos cumulados. 9
Como bem aponta o mais ilustre processualista pernambucano da atualidade, a cumulação de pedidos pode ser classificada como própria ou simples (quando se almeja o acolhimento simultâneo de vários pedidos formulados, verificando-se uma mera adição de pretensões). Alude ele, ainda, à categoria da cumulação imprópria (quando a pluralidade de pedidos é feita de maneira disjuntiva, de modo a que só um deles possa receber acolhida pelo julgador). 10
Para os fins colimados no presente estudo, necessário se ter em mente as modalidades de cumulação imprópria de pedidos, designadamente a cumulação imprópria alternativa e a cumulação imprópria subsidiária ou eventual. Na primeira delas (alternativa), formula-se dois ou mais pedidos a fim de que um ou outro seja alvo de acolhida pelo julgador. Já na segunda (subsidiária ou eventual), a formulação de pedidos obedece a uma ordem, de maneira que, rejeitado um, os subseqüentes sejam apreciados. Formula-se um pedido, denominado principal, seguido de outro(s), dito subsidiário, cuja apreciação se dará na eventualidade da rejeição do primeiro. 
Também quanto às partes, a cumulação é amplamente admitida no nosso ordenamento, restando qualificada como subjetiva, mediante a formação do consórcio em um dos pólos da relação processual. 
A assertiva da amplitude da admissibilidade da figura resulta da constatação que, apesar de ser inequívoca a taxatividade do rol de hipóteses de litisconsórcio facultativo trazido no art. 46 do CPC (LGL\1973\5) - como percucientemente notado por Thereza Alvim -, parece-nos que a largueza da previsão contida no inc. IV do referido artigo do nosso Estatuto Processual Civil finda por escancarar as hipóteses de admissibilidade do pré-falado cúmulo subjetivo. 11 Decerto, na hipótese do referido inciso e onde é exigida a simples "afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito", verifica-se ser reclamada pelo legislador "a existência de nexo bastante tênue entre os sujeitos de relações a serem submetidas ao exame do juiz." 12
Assim, também nessa hipótese, à semelhança do que se passa no cúmulo objetivo e igualmente por razões de economia processual, a lei é pouquíssimo exigente no que toca aos requisitos para o cúmulo subjetivo de demandas, contentando-se com uma mera "afinidade do fundamento da causa", seja por aspectos de fato ou de direito. Verificando-se tal afinidade, ainda que por ela seja demais discreta, admite-se o litisconsórcio facultativo. 13
Seja no âmbito objetivo ou subjetivo, percebe-se que a aceitação da cumulação de ações é fundamentalmente animada por razões de economia processual, eis que finda por ensejar uma complexidade na apresentação da pretensão que, ainda que em termos potenciais, acaba por eliminar as chances da necessidade do aforamento de uma multiplicidade de demandas.
A solução é simples: permite o legislador que reúnam-se pedidos ou ajuntem-se autores ou réus num dos pólos da relação processual, afastando com isso a necessidade de que cada sujeito seja envolvido em uma demanda autônoma, o mesmo se passando com relação aos pedidos, caso fossem singularmente considerados. Tudo se resolve em simultaneus processus.
2.1 Partes e o pedido: correlação entre os elementos subjetivo e objetivo da demanda
Não se nega a distinção entre o elemento objetivo (pedido) e o subjetivo (partes) da ação. Impossível descurar, entretanto, da estreita ligação funcional entre um e outro elemento já que, quando se pede e em regra, a pretensão é direcionada contra determinado sujeito. Sempre se pede algo frente a alguém.
Se é certo, como diz Schwab, que "o litígio gira ao derredor do conteúdo do provimento solicitado pelo autor", 14 é igualmente fora de discussão que tal solicitação da prestação jurisdicional é apresentada em face de outrem. 
O direito subjetivo violado o é em virtude de atitude comissiva ou omissiva de uma unidade ou pluralidade de sujeitos. Pede-se em razão da resistência de outrem, responsável pela lesão ou pela simples ameaça à esfera jurídica daquele que demanda. A pretensão deduzida em juízo é subjetivamente direcionada, pretendendo-se a tutela em face de sujeito determinado (ou determinável). 15 Seguindo a clássica lição, tem-se que alguém viola o direito, fazendo surgir a pretensão, que é exercida mediante a ação. 16
Vê-se, de tal modo, que o petitum é sempre subjetivamente direcionado, ligando-se umbilicalmente ao elemento parte, ou seja, àquele contra quem o pedido é formulado. Essa inextirpável ligação é sentida por autores modernos, a exemplo de Monteleone, ao qualificar o petitum como "expressão do direito do autor contra o demandado", afirmando ele logo a seguir que "o objeto da demanda é, portanto, o bem da vida pretendido pelo autor contra o réu". 17
Assim, não obstante a indigitada distinção entre os citados elementos, afigura-se inegável a relevância do direcionamento subjetivo do pedido, sendo certo que eventual equívoco na indicação do réu há de conduzir a uma inolvidável necessidade da reiteração da pretensão processual, retificando-se apenas o sujeito contra o qual ela é veiculada. Havendo inexata indicação das partes, tem-se a renovação de um mesmo pedido que, com a correção, dirige-se contra um outro sujeito. Trata-se, contudo, de uma nova ação, pela diversidade de um dos elementos: a parte. 18
Por razões óbvias, o lapso na indicação da parte demandada pode tornar absolutamente inócua a atividade processual desenvolvida, provocando o indefinido retardamento da satisfação do direito subjetivo que subjaz ao litígio, com a inutilidade de todo esforço empreendido no tramitar da demanda inicialmente aforada.
3. O direito processual fundamental à efetividade temporal do processo
O direito à efetividade temporal do processo (ou direito à razoável duração do processo, na dicção do art. 5.º, LXXVIII, da CF/1988 (LGL\1988\3)) merece a indubitável qualificação de direito fundamental, sendo ressabidas as conseqüências, em termos de regime, de um direito merecedor de um estatuto ( status) jusfundamental. 
Cuida-se a garantia constitucional do processo sem dilações indevidas, a toda evidência, de direito formalmente fundamental, eis que topologicamente situado no Título II da nossa Carta Política, que tem a epígrafe Dos direitos e garantias fundamentais, razão pela qual sujeita-se às especialidades de regime de tal categoria de direitos. 19
Há muito não se coloca em discussão a relevânciado direito à efetividade temporal do processo em um Estado de Direito, já que é basicamente apenas por intermédio do processo que se garantem os direitos subjetivos dos indivíduos. Caso não sejam alvo de espontâneo atendimento, é o processo que enseja a eliminação da ilegítima resistência à satisfação de uma posição jurídica subjetiva. Talvez por isso a celeridade processual tenha sido o objetivo declaradamente animador de sucessivas alterações nos códigos de processo, aqui e alhures, tendo inclusivamente ocupado as atenções da Corte Européia em reiteradas oportunidades.
No âmbito europeu, a "duração razoável do processo" é um direito subjetivo de todo cidadão no espaço comunitário, devendo os Estados-membros disponibilizar os meios para uma expedita solução das demandas ajuizadas. Violado tal direito, que não se resume a mera norma programática, franqueia-se o acesso individual à Corte Européia de Direitos Humanos, órgão junto ao qual o cidadão lesado poderá perseguir a condenação do seu Estado a arcar com a reparação dos prejuízos patrimoniais e extrapatrimoniais (morais) sofridos pelo particular em virtude da excessiva duração do processo. 20
A doutrina, em todas as latitudes, proclama ser a efetividade temporal do processo uma meta a ser perseguida, isso sobretudo em virtude da irradiação de efeitos negativos advindos de uma maior lentidão na prática dos atos processuais. Explica-se: a excessiva duração de um processo individualmente considerado acaba por provocar um assoberbamento da máquina judiciária, acarretando o atravancamento da marcha de uma pluralidade de litígios em curso, espraiando os seus efeitos nocivos sobre os demais processos em tramitação, além de outras conseqüências nefandas.
Não se pode negar que uma excessiva dilação do curso processual ocasiona prejuízos às partes litigantes e à coletividade. A lentidão endêmica dos processos acaba por causar prejuízos à economia nacional, à medida que acaba por potencialmente dificultar a circulação de capitais, por onerar a concessão de créditos e, portanto, indiretamente o fazendo também com relação à produção de bens e serviços. Uma demora patológica na tramitação dos feitos pode também servir de instrumento para o achaque do titular do direito material controvertido, sempre que não tiver lastro econômico para aguardar até que se dê a heterocomposição do conflito de interesses com a prolação e cumprimento da sentença judicial. A realização da justiça, para além de uma decisão materialmente justa para o litígio, reclama que a solução venha dentro de um prazo adequado. 21
É ressabido que a economia processual pode ser entendida como sendo uma relação de proporcionalidade entre meio e fim, como uma busca pelo atingimento dos escopos processuais com a máxima eficácia e o menor dispêndio de tempo e de recursos por parte do Estado e das partes envolvidas no litígio. 22
3.1 O princípio da máxima efetividade dos direitos processuais fundamentais
A qualificação de um direito como direito fundamental, do qual o direito processual fundamental à efetividade temporal do processo é espécie, como já antes afirmado, é suficiente para a respectiva submissão a um regime especial, o qual tem como um dos traços salientes a vinculação do Estado à sua máxima efetivação. 23
Estando-se em presença de um direito fundamental (os processuais, inclusive), reclama-se que os poderes do Estado lancem mão de todos os meios para garantir a sua plena realização. Como afirma Sarlet "o postulado da aplicabilidade imediata das normas de direitos fundamentais (art. 5.º, § 1.º, da CF/1988 (LGL\1988\3)) pode ser compreendido como um mandado de otimização de sua eficácia". 24
Em decorrência da pré-falada particularidade de regime, é dever inarredável dos tribunais velar pela máxima incidência do direito processual fundamental à efetividade temporal do processo, vedando-se interpretações restritivas quando estas estiverem em causa. Sempre que mais de uma solução se apresentar possível, deve o Tribunal optar por aquela que seja mais célere. É precisamente aí que encontra incidência o princípio da máxima efetividade ou da eficiência, o qual impõe que "a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê". 25
In dubio pro libertate, afirma Miranda, ao sustentar que os direitos devem prevalecer sobre as restrições e que as leis restritivas hão de ser interpretadas restritivamente ou, quando muito, sem recurso à analogia ou à interpretação extensiva. 26
O festejado constitucionalista lusitano sustenta de forma expressa, especificamente com relação aos direitos processuais fundamentais (também designados em nível doutrinário como garantias constitucionais do processo), a inadmissibilidade de qualquer interpretação restritiva, ensejadora da diminuição da efetividade do comando constitucional. 27
Assim, repita-se, surgindo dúvida a respeito da aplicação de um determinado preceito normativo, e não havendo situação em que a alternativa se dá entre a asseguração de um ou outro direito processual fundamental em situação de eqüipolência ( v.g. entre o direito à efetividade temporal e o direito de defesa, quando há de prevalecer o último), deve-se dar preferência à interpretação garantística do direito processual fundamental em causa. A ponderação de valores deve se dar à luz do princípio da proporcionalidade, que deixa de ser especialmente analisado dada a irrelevância para os fins presentemente visados. 28
Em regra - valendo frisar os contornos da solução para evitar equívocos na compreensão da proposta aqui veiculada -, tem-se que, verificando o intérprete uma colisão entre o direito ao contraditório, o direito de acesso à justiça e o direito à duração razoável do processo, a primazia há de ser conferida aos primeiros. Há justificada e tendencial proeminência hierárquica dos referenciados direitos processuais fundamentais sobre este último.
É voz uníssona no plano doutrinário, no âmbito da temática posta e especificamente no âmbito da hermenêutica, a proclamação da obrigatoriedade de uma interpretação em conformidade com os direitos processuais fundamentais, onde também encontra incidência o princípio da concordância prática, o qual impõe uma coordenação e uma combinação dos direitos em conflito, de modo que seja assegurada uma harmonização entre eles, evitando-se o desnecessário sacrifício total de qualquer direito. Havendo eventual colisão de direitos fundamentais, é obrigação inarredável do intérprete velar pela coexistência, à medida que isso seja possível, de todos eles, os quais hão de ser garantidos em uma medida ótima. 29
Especificamente com relação à efetividade temporal do processo, tem-se ser dever do aplicador do direito conduzir-se no sentido da interpretação das normas de processo civil de modo a imprimir uma maior agilidade à tramitação do feito, desde que tal opção hermenêutica se dê sem prejuízo dos demais direitos processuais fundamentais. Cuida-se a solução proposta de tão-somente de atender às especialidades de regime de tal categoria de direitos, no sentido de uma interpretação conforme os direitos processuais fundamentais.
No caso específico em estudo, impende lembrar, verifica-se a inocorrência de qualquer situação de conflito, a impor a aplicação do pré-falado princípio da concordância prática.
Ainda que, ex absurdo, seja admita a existência de um direito de "não ser demandado", já que o fato de ser trazido a juízo para figurar em um dos pólos da relação processual traz inconvenientes ínsitos, não se nega a primazia do direito à efetividade temporal do processo. Deve-se preferir a agilidade da satisfação do direito material à eliminação do mero inconveniente da concomitante figuração de sujeito no pólo passivo de demanda ajuizada. Ainda que haja a ulterior proclamação da ilegitimidade de um dos litisconsortes, a pluralidade subjetiva há de ser admitida se potencialmente ensejar um mais ágil atendimento do direito violado. 
3.2 Economia processual e a conveniência da concentração de demandas eventuais: as figuras do litisconsórcioalternativo e do litisconsórcio subsidiário (ou eventual) no Direito brasileiro
Como dito, razões de economia processual levam à admissão, em nosso ordenamento jurídico, da cumulação imprópria de pedidos. Havendo objetiva dúvida no tocante ao acolhimento de uma pretensão, admite-se a veiculação de pretensão no sentido que, na eventual rejeição de um pedido, um outro seja examinado, de forma alternativa ou subsidiária, possibilitando que em um único processo se garanta a satisfação do direito violado.
Todavia, consoante alhures afirmado, por vezes a dúvida se apresenta no plano subjetivo, designadamente quando do direcionamento da demanda. As normas processuais impõem que, a partir do direito material controvertido, a parte providencie uma escorreita indicação dos figurantes nos pólos da relação processual, declinando o(s) nome(s) do(s) sujeito(s) envolvido(s) no litígio. Dita indigitada perplexidade, apesar de mais freqüente no pólo passivo, pode se verificar também no pólo ativo do processo ( v.g. quando haja dúvida legítima quanto à titularidade de um crédito). 
Como bem salienta o casal Teresa e Luiz Wambier no tocante às dúvidas respeitantes à individuação subjetiva da lide, "estes casos tendem a proliferar-se na exata medida em que as situações que envolvem os sujeitos de direito no plano do direito material tornem-se mais complexas e mais resistentes ao encarte nas figuras concebidas pelo processo civil tradicional". 30
É recorrente que, em determinadas hipóteses, o sujeito titular do direito violado é tomado pela dúvida no ato da eleição do figurante no pólo passivo da demanda, dada a complexidade da situação material controvertida.
Em outros casos - notadamente quando verificada a ocorrência de relação obrigacional subsidiária - a ocorrência de previsível frustração da pretensão contra o devedor principal rende ensejo à antevista necessidade da reiteração de demanda de idêntico objeto contra aquele cuja responsabilidade é apenas subsidiária (ou complementar), com os inconvenientes temporais daí resultantes, restando em hipóteses tais irremediavelmente prejudicado o direito à efetividade temporal do processo. Revela-se em casos como estes a necessidade da propositura de duas demandas em sucessivo para a satisfação de um mesmo direito subjetivo que remanesce, até o desfecho da segunda demanda, absolutamente carente de satisfação.
As mesmas razões que animam a aceitação, em nosso ordenamento, da formulação de cumulação objetiva imprópria (a cumulação subsidiária ou alternativa de pedidos contempladas nos arts. 288 e 289 do CPC (LGL\1973\5)), justificam plenamente a admissão de cúmulo subjetivo impróprio nas mesmas modalidades: os litisconsórcios alternativo e o subsidiário (este com nuances próprias, distintas daquelas verificadas no plano da cumulação subsidiária de pedidos).
Em ambos os casos de litisconsórcio agora analisados, verifica-se uma mesma pretensão processual, modificando-se apenas e tão-somente o direcionamento subjetivo do pedido, sendo evidente a afinidade das questões postas por ponto comum de fato e de direito a justificar a defendida cumulação subjetiva especial.
Como bem assinala Comoglio, uma das vertentes do princípio da economia processual recomenda justamente o favorecimento da participação de um maior número de sujeitos em uma mesma relação processual, como forma de se reprimir uma desnecessária proliferação de demandas. 31
Sintetizando: o princípio da economia processual recomenda que o resultado útil do processo seja alcançado com economia de meios (menor número de atos processuais), servindo ele próprio de meio para assegurar a efetividade temporal do processo, já que finda por ensejar uma mais rápida satisfação do direito violado. A supressão da proliferação de atos, por razões óbvias, agiliza a solução do litígio.
Permitir a alternatividade subjetiva da demanda (com a pretensão disjuntiva da condenação de A ou de B) nas situações em que a dúvida no direcionamento da demanda se fizer presente, é dar atendimento ao princípio da economia processual garantindo, de forma indireta, uma maior celeridade na satisfação do direito violado. Do contrário, a pretensão teria de ser dirigida contra apenas um sujeito de modo que a proclamação da ilegitimidade ou a rejeição do pedido contra ele impusesse a propositura de uma nova demanda contra aquele em condições de legitimamente suportar a condenação.
Identicamente no tocante nas situações de responsabilidade subsidiária (ou complementar), quando o autor se defronte com fortes evidências da inexistência de lastro patrimonial para garantir a satisfação do crédito. Em casos tais, o afastamento de possibilidade do litisconsórcio subsidiário implica a necessidade do prévio exaurimento da instância contra o devedor principal para que, só então, admita-se o direcionamento da demanda contra o subsidiariamente obrigado. Na espécie, ter-se-ia o desnecessário retardamento da satisfação do direito sobre o qual se funda a demanda.
É de se ter presente que a aceitação das figuras litisconsorciais em referência (alternativo e subsidiário) tem o condão de dar atendimento ao direito à efetividade temporal do processo garantida pela Constituição Federal (LGL\1988\3).
Ao tempo em que agiliza a satisfação do direito, a formação do litisconsórcio subsidiário ou do litisconsórcio alternativo não expõe a perigo qualquer outro direito processual fundamental da parte adversa, razão pela qual inocorrente qualquer colisão de direitos a justificar um juízo de proporcionalidade que poderia afastar a admissão das figuras. Repetindo o quanto dito acima e ainda que ex absurdo fosse possível vislumbrar uma situação de entrechoque de direitos fundamentais, aceitando-se a contestável noção de direito do réu "a não figurar desnecessariamente no pólo passivo de demanda", tem-se que a ponderação de valores há de pender em favor daquele que demanda, pois, entre o indefinido retardamento da satisfação de um direito legítimo e o inconveniente da indevida participação formal em relação processual, o direito à efetividade temporal do processo tem incontestável primazia. 
Em casos tais, o princípio da máxima efetividade dos direitos processuais fundamentais obriga o aplicador do direito a uma opção mais favorável, impondo a aceitação das aludidas modalidades litisconsorciais.
As figuras dos litisconsórcios alternativo e subsidiário (também designado por eventual) foi tratada com agudeza por Araken de Assis, ainda que em poucas páginas e sob prisma diverso daquele agora apresentado, concluindo o ilustre autor pela respectiva admissibilidade. 32
Também Dinamarco posiciona-se em idêntico sentido, registrando que: "Há situações em que o autor, estando em dúvida razoável sobre a identificação do sujeito legitimado passivamente, tem a faculdade de incluir dois ou mais como réus em sua demanda, com o pedido de que a sentença se enderece a um ou outro conforme venha a resultar da instrução do processo e da convicção do juiz." 33
Tomando-se o empréstimo da experiência comparatística, é de se registrar que o direito português admite em nível positivo o denominado pedido subsidiário, este expressamente contemplado no art. 31-B do CPC (LGL\1973\5) português sob a epígrafe "pluralidade subjetiva subsidiária". Percebe-se precisamente a franca aceitação, naquele país, do litisconsórcio alternativo e do subsidiário. 34
Esclarecendo os contornos da figura no direito daquele país, Lebre de Freitas pontifica que "a dedução de pedido subsidiário é admitida quer entre as mesmas partes, quer, havendo dúvida fundamentada sobre o sujeito da relação jurídica material, entre partes distintas, em coligação (31-B). Entre pedido principal e pedido subsidiário não tem de haver prevalência substantiva: o autor pode deduzi-los apenas por estar incerto relativamente ao seu direito ou por admitir que o tribunal possa ter dúvidas quanto a ele, ordenando-os então como muito bem lhe aprouver". 35
Também o processualista lusitano e catedrático da Universidade de Lisboa, Teixeira de Sousa registra ser "admitidaa formulação subsidiária do mesmo pedido por autor ou contra réu diverso do que demanda ou é demandado a título principal, desde que exista uma dúvida fundamentada sobre o sujeito do objecto do processo. Isto significa que é admissível tanto um litisconsórcio em que um dos autores só será reconhecido como titular activo de uma situação jurídica se um outro demandante não o for, como um litisconsórcio em que se pede que um dos réus só seja condenado se a acção não for procedente quanto a um outro demandado." 36
Seria de se perguntar se a particularidade de o direito positivo português contemplar expressamente as figuras não tornaria inservível a experiência comparatística lusitana, pelo menos no que toca à fundamentação dogmática das conclusões alcançadas no presente trabalho, já que o mesmo não se passa no Ordenamento brasileiro.
É de se referir, assim, à doutrina italiana, que já em meados do século transato e também à míngua de previsão juspositiva, já sustentava a aceitação das figuras. Naquela altura, Allorio aludia ao litisconsórcio alternativo e ao eventual, dizendo ser "perfeitamente admissível" a formulação de uma duplicidade de pretensões, ou melhor, "de duas demandas judiciais reciprocamente ou negativamente condicionadas (no litisconsórcio eventual, condicionada pela ausência do acolhimento da primeira)". 37
Assim, e pelas mesmas razões, não deve suscitar perplexidades eventual proposta no sentido da aceitação, também no nosso país, do cúmulo subjetivo nas modalidades presentemente examinadas.
4. O problema da legitimidade e do interesse processual no direcionamento subjetivo alternativo ou subsidiário da lide
Um problema que se coloca à admissão do cúmulo subjetivo nas modalidades agora em estudo é o seguinte: numa hipótese ou noutra de formulação de pretensão subjetivamente complexa (do litisconsórcio alternativo ou do subsidiário), a parte admite implicitamente, e desde o nascedouro da demanda, que pelo menos com relação a um dos litisconsortes há a ausência de condição da ação.
Na primeira hipótese (litisconsórcio passivo alternativo) afirma-se que só um dos figurantes no pólo passivo é parte legítima, já que apenas e tão-somente contra um deles se dirige a pretensão, em caráter alternativo (A ou B). Na outra (litisconsórcio passivo subsidiário) fica a impressão da ausência do interesse de agir sob o prisma da necessidade, pelo menos com o requisito da atualidade exigida pela melhor doutrina, já que no exemplo supra apresentado, a responsabilidade do devedor subsidiário pode ser meramente eventual: no caso de ser satisfeita a pretensão pelo devedor principal, desnecessário se faz o direcionamento contra sujeito outro. 38
É cediço não ser dado ao intérprete a perversão finalística do processo civil, olvidando-se a sua natureza eminentemente instrumental em relação ao direito material controvertido. Flagrantemente inadmissível que se permita que a forma sobrepuje à substância, com a secundarização do direito subjetivo insatisfeito. O processo é, desde sempre, um meio para a efetivação do direito, não podendo jamais servir para a postergar a realização da justiça.
À partida, impende aviventar a lembrança da orientação teleológica das condições da ação, há muito proclamada pela doutrina peninsular e trazidas ao Brasil a partir do magistério de Liebman. Constata-se que, de maneira assaz freqüente os processualistas pátrios, em seu labor doutrinal, findam por descurar do objetivo verdadeiramente colimado pelo processo, pervertendo-o por completo e reduzindo-o a um círculo formalista e tautológico, como se o processo exaurisse um fim em si próprio. Institutos processuais, nessa toada, prestariam-se a um desserviço ao direito material, forçando a uma postergação do direito material violado.
Com efeito, repete parte da doutrina, de maneira incessante e na esteira da lição liebmaniana, que ante as condições da ação seriam "requisitos de existência da ação, as quais deveriam ser (ainda que implicitamente) examinadas antes do mérito da causa". 39
Em decorrência da já citada influência do jurista peninsular no Código Buzaid, bem como na formação dos mais notáveis processualistas pátrios, a noção do eminente jurista foi tomada como verdade quase que incontestada.
Sabe-se que o incansável repetir de uma idéia tem o condão de anuviar a percepção do ouvinte e afastar a racional análise crítica da noção professada. No direito, percebe-se esse lapso com ainda maior agudeza. Como há muito já dizia Ruy Barbosa, "familiaridade com a letra da lei não é intimidade com o espírito. Pode acontecer que a praxe esteja farta de engrolar em estribilho uma noção jurídica, e, nas applicações, amiúde a desminta, a negaceie, a enjeite, ou porque não a conheça bem, ou porque lhe queira mal". 40
A verdade é muito bem lembrada por Freire, ao asseverar que as condições da ação se prestam fundamentalmente à garantia do princípio da economia processual, evitando o processamento de demandas cujo êxito é inviável e, portanto, a inócua movimentação da máquina judiciária. 41 Ademais que, há muito, parte da doutrina sustenta a necessidade de uma mitigação do rigor formal na consideração das condições da ação, tida por alguns como um óbice intransponível à prolação de uma decisão de mérito. 
Satta, por exemplo, é um dos que advogam que as condições da ação são necessárias à obtenção de um provimento jurisdicional favorável, o que permite inferir que a respectiva verificação não é necessária diante da desfavorabilidade da decisão meritória a ser proferida. 42
No mesmo sentido Teixeira de Sousa, em alentado estudo sobre o tema, onde examina o posicionamento de autores tedescos, a exemplo de Rimmelspacher. Para o autor, ainda que faltante a legitimidade ou o interesse - e desde que esteja o processo apto para julgamento - será sempre preferível uma decisão desfavorável de mérito à simples absolvição da instância com a extinção do processo sem a resolução meritória, posto que assim se evita a desnecessária reiteração da demanda em virtude dos efeitos próprios da decisão de mérito (coisa julgada). 43
A posição é assim sintetizada por Costa e Silva: "sendo um único julgador a aferir da admissibilidade e da procedência da acção, não fará sentido proferir uma decisão de inadmissibilidade (de enfrentamento do mérito) sempre que o estado do processo permita o proferimento de uma decisão de mérito. Esta afirmação tem como suporte a seguinte verificação: a esmagadora maioria das decisões formais é proferida à falta de pressupostos processuais, que visam proteger o réu. Ora, encontrando-se o tribunal habilitado a proferir uma decisão, que protegerá o réu de modo ainda mais forte, nenhuma razão de fundo pode deduzir-se a fim de justificar o proferimento de uma sentença de absolvição deste último da instância". 44
Daí resulta que o dogma da precedência do exame das condições da ação há de ser admitido com temperamentos. Na verdade, importante ter em conta que nas hipóteses aqui imaginadas de cúmulo subjetivo especial - abstraindo a particular circunstância da precisa indicação da parte adversa - o direito da parte, in statu assertionis, não é colocado em causa. Há o direito material (ao menos em tese), residindo a justificada dúvida apenas com relação a sujeito envolvido na contenda. 
Nos termos do suporte fático delineado para os casos retro imaginados de litisconsórcio alternativo ou do subsidiário, apresenta-se inolvidavelmente claro um direito material a ser satisfeito. Num caso ou noutro, há um direito subjetivo violado, prestando-se as figuras de cumulação subjetiva agora em estudo apenas e tão-somente para a agilização da solução final do conflito de interesses instaurado, assegurando, desse modo, a efetividade temporal do processo.
Decerto, nas hipóteses sub examen, a admissão das modalidades litisconsorciais referidas dependerá de uma análise das condições da ação que há de ser feita mediante as particularidades da situação posta, sempre que reste verificada a ocorrência de fundada dúvida no tocante ao direcionamento da lide ou à aptidãopatrimonial da parte demandada a título principal para arcar com a condenação. Em ambos os casos, privilegia-se com indubitável acerto a posição do titular do direito aparentemente violado, assegurando-se os meios processuais necessários para uma rápida satisfação dos seus legítimos interesses. 
Bom dizer que não se está a defender a indiscriminada aplicação das figuras, com a desnecessária ampliação subjetiva das ações. Está-se, sim, a resguardar a efetividade temporal do processo naqueles casos em que haja, de acordo com a narrativa apresentada, uma justificada dúvida no tocante ao direcionamento subjetivo da lide, ou a fundada suspeita de insuficiência patrimonial por parte daquele indicado como parte obrigada a título principal. Num caso ou noutro, o juiz deverá lançar o seu pronunciamento sobre o meritum causae na demanda que reputa fundada, limitando-se e proceder com a absolvição da instância (resolução sem julgamento do mérito) da outra. 45
Importante destacar que o direito pátrio não desconhece situações nas quais a lei admite a possibilidade de propositura da ação diante de fundado receio (e não certeza) da violação a direito. Tomemos os exemplos da ação de mandado de segurança em caráter preventivo (art. 1.º da Lei 1.533/1951), ou mesmo das medidas cautelares inominadas (art. 798 do CPC (LGL\1973\5)), ou ainda na ação de consignação em pagamento (art. 895 do CPC (LGL\1973\5)). Os críticos da posição aqui defendida podem verberar: há previsão específica. Isso não se nega.
Todavia, a fundamentação dogmática acima expendida justifica a aceitação das figuras propostas, onde avultam, à guisa de justificativa para a respectiva admissão: a) o especial estatuto (status) do direito à efetividade temporal do processo (situado no âmbito dos direitos processuais fundamentais), o qual é resguardado pela interpretação sugerida; b) a possibilidade de cumulação objetiva imprópria, onde os fins visados são idênticos aos da cumulação subjetiva imprópria nas modalidades referidas; 46 c) o preenchimento das condições legalmente contempladas para a cumulação subjetiva (litisconsórcio) nas hipóteses sugeridas; d) a teleologia das condições da ação, que visam apenas a resguardar a inútil prática de atos processuais; e) a inexistência de prejuízo a ser suportado pela parte incluída na condição de litisconsorte alternativo ou subsidiário. 
5. Requisitos necessários à formação dos litisconsórcios alternativo e subsidiário (ou eventual) e o problema dos consectários sucumbenciais
As figuras litisconsorciais em estudo encontram-se situadas no âmbito das hipóteses de formação de litisconsórcio facultativo (ou voluntário). O problema da taxatividade (ou estrita legalidade) da admissão das modalidades litisconsorciais é resolvido pela inafastável inserção do litisconsórcio nas hipóteses do art. 46 do CPC (LGL\1973\5), já que o problema que se apresenta, como já antes afirmado, diz respeito apenas e tão-somente ao direcionamento subjetivo da demanda. Verificar-se-á, sempre, uma identidade do pedido ou da causa de pedir, calcando-se a cumulação no inciso III do referido artigo.
Curioso notar que as referidas modalidades são forçosamente de litisconsórcio facultativo simples, já que o juiz não poderá, jamais, enfrentar o mérito da causa e julgar de maneira uniforme com relação aos litisconsortes, excetuando-se apenas a hipótese de decisão de improcedência quando o cúmulo se verificar no pólo passivo, quando o decisum teria o condão de beneficiar a ambos os litigantes contra os quais fora dirigida a demanda. 
Obviamente, os requisitos para a formação do litisconsórcio serão os mesmos previstos para os demais casos, não se podendo desconsiderar algumas particularidades. A principal delas reside na circunstância de que as figuras em estudo só poderão ser manejadas quando restar verificada uma fundada dúvida no direcionamento subjetivo da demanda, ou na capacidade patrimonial daquele demandado a título principal na hipótese de litisconsórcio subsidiário. Um requisito ou outro há de ser expressamente afirmado na petição inicial, sob pena de liminar rejeição do pedido de cumulação subjetiva de demandas. Trata-se, num caso ou noutro, de modalidades especiais de litisconsórcio, as quais só serão aceitas quando for manifesta a necessidade do cúmulo subjetivo.
É igualmente certa a necessidade da competência do juízo para as demandas cumuladas. Assim, incidindo na espécie regra especial de competência ratione personae, não será viável o acolhimento do pretendido cúmulo subjetivo. Assim, verbi gratia, se uma das demandas for direcionada contra a União, incabível a modalidade litisconsorcial referida, como sói ocorrer, aliás, em todas as situações de litisconsórcio facultativo simples. 
Impende destacar, ainda, que nas hipóteses versadas - considerada a inviabilidade de solução unitária em relação aos múltiplos sujeitos insertos em um dos pólos da relação processual, pelas razões expostas - vige, como regra, o princípio da autonomia dos litisconsortes contemplado no art. 48 do CPC (LGL\1973\5). Por via de conseqüência, os litisconsortes são considerados independentes em suas relações com a parte adversa, de modo que as ações ou omissões de um não gerarão efeitos benéficos ou prejudiciais ao outro consorciado. 47
É de se ter presente, contudo, que o referido princípio encontrará algumas especialidades nas modalidades litisconsorciais em referência.
No caso do litisconsórcio subsidiário, por exemplo, é de todo evidente (por razões óbvias), que a atuação do demandado a título principal terá o condão de beneficiar aquele contra o qual se dirige a demanda em caráter subsidiário (ou eventual). A decisão de improcedência da demanda contra aquele traz automático benefício a este. O mesmo se diga com relação à interposição do recurso pelo demandado a título principal, o qual aproveitará àquele subsidiariamente incluso na demanda (art. 509 do CPC (LGL\1973\5)).
Igualmente, no caso de reconhecimento da procedência do pedido por um dos litisconsortes na modalidade alternativa, é suficiente para o benefício do outro figurante no mesmo pólo da relação processual, já que a pretensão é satisfeita com a condenação de um ou outro sujeito.
No que pertine aos consectários sucumbenciais, as modalidades litisconsorciais acima referidas não suscitam maiores problemas. O direito pátrio acolhe, como regra, o princípio da sucumbência, segundo o qual aquele que sucumbe na demanda deve arcar com o ônus financeiro da sua iniciativa. Como lembra Cahali, "quem litiga, o faz a seu risco, expondo-se, pelo só fato de sucumbir, ao pagamento das despesas". 48
A particularidade que se destaca nas hipóteses em estudo é que, verificando-se a formação de litisconsórcio alternativo ou subsidiário no pólo passivo, o autor, ainda que exitoso em sua pretensão alternativa ou subsidiária, arcará com o pagamento da verba honorária em relação àquele réu contra o qual deixou de ser proferida a decisão. Como já dito, em casos tais, enquanto que um dos réus é condenado, o outro será, usualmente, considerado parte ilegítima. Com relação a este, nada obstante a justificada dúvida no direcionamento subjetivo da demanda, o princípio da sucumbência impõe que fique forro de arcar com os custos do processo.
6. Conclusão
Em conclusão, pode-se afirmar a plena admissibilidade das figuras do litisconsórcio alternativo e do litisconsórcio eventual no direito brasileiro, desde que preenchidos os respectivos requisitos. A aceitação das modalidades litisconsorciais em referência - em homenagem ao princípio da economia processual - é uma imposição do regime especial do direito processual fundamental à efetividade temporal do processo, já que meio apto a ensejar uma mais rápida satisfação do direito material que subjaz ao litígio.
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1. Em alterações havidas nos últimos anos, na seqüência da Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia, os países membros passaram a incorporar às suas Constituições disposições daquele diploma. É o caso das alterações havidas no art. 111 da Constituição Italiana e no art. 20.º da Constituição Portuguesa. Sobre o tema ver CAPPONI, Bruno e VERDE, Valeria. Il nuovo articolo 111 della Costituzione e il "Giusto Processo" in matéria civile. Nápoles: Edizioni Scientifiche Italiane, 2002 e MIRANDA, Jorge e MEDEIROS, Rui. Constituição Portuguesa anotada. Coimbra: Ed. Coimbra, 2005. t. I, p. 170 e ss). 
 
2. Curioso notar que a positivação constitucional da garantia de efetividade temporal do processo tem o condão de impor ao Estado não apenas uma atuação legislativa (Estado-legislador) e hermenêutica (Estado-juiz) com vistas à concretização do comando Constitucional. Segundo resulta do art. 5.º, LXXVIII, da CF/1988 (LGL\1988\3), também ao Executivo o comando impõe a conduta consistente no adequado aparelhamento do Poder Judiciário com os meios humanos e infra-estruturais necessários à prestação oportuna da tutela jurisdicional. Nesse sentido já se falava na Itália, onde se afirma que "o problema não se resolve apenas no plano das regras processuais. A garantia da razoável duração do processo se aplica, sobretudo, à organização judiciária em sua mais ampla acepção, impondo ao legislador - seja o legislador originário, seja o legislador delegado - como ao Governo no exercício do seu poder normativo, uma côngrua alocação de pessoal (magistrados, auxiliares e servidores), de recursos e de meios para a funcionalidade da Justiça." TARZIA, Giuseppe. L'art. 111 e Le Garanzie Europee del Processo Civile . Rivista di Diritto Processuale 1/22, Pádua: Cedam, 2001. 
 
3. A exemplo de WAMBIER, Teresa Arruda Alvim e WAMBIER, Luiz Rodrigues. Casos problemáticos: partes ou terceiros? (análise de algumas situações complexas de direito material). Aspectos polêmicos e atuais sobre os terceiros no processo civil e assuntos afins. DIDIER JR., Fredie e WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (Orgs.). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 1.035 e ss. 
 
4. Imaginemos, verbigratia, que dois convidados tenham ingressado em recinto de onde desapareceu um objeto de valor. Sabendo que apenas um deles foi o responsável pelo ato, e diante de versões testemunhais contraditórias, o lesado não estaria, de logo, em condições de identificar o responsável pelo ilícito que é fonte da responsabilidade obrigacional (furto). Haveria uma fundada dúvida no tocante ao civilmente responsável pela reparação, contra o qual deveria serdirigida a demanda. 
 
5. Não se desconhece, por óbvio, a existência de umas poucas decisões pretorianas permitindo a formação de litisconsórcio passivo facultativo entre pais e avós, como forma de abreviar o tramitar da demanda. Todavia, as decisões carecem da necessária fundamentação dogmática, sendo certo, ainda, que a distinção da posição jurídica dos pais e dos avós face ao alimentando torna a solução de todo inadequada.
 
6. CHIOVENDA, Giuseppe. Principii di diritto processuale civile. Nápoles: Jovene, 1965, p. 63. 
 
7. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 2001. v. 1, p. 318. 
 
8. SCARPINELA BUENO, Cássio. Código de processo civil interpretado. MARCATO, Antônio Carlos (Org.). São Paulo: Atlas, 2004, p. 882. 
 
9. MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2005, p. 174. 
 
10. MONTENEGRO FILHO, Misael. Op. cit., p. 175.
 
11. ALVIM, Thereza. O direito processual de estar em juízo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996, p. 125. 
 
12. BEDAQUE. José Roberto dos Santos. MARCATO, Antônio Carlos (Org.). São Paulo: Atlas, 2004, p. 151.
 
13. ARRUDA ALVIM, José Manoel de. Código de Processo Civil (LGL\1973\5) comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975. v. 2, p. 359. No mesmo sentido BEDAQUE, José Roberto dos Santos. MARCATO, Antônio Carlos (Org.). São Paulo: Atlas, 2004, p. 150-151. 
 
14. SCHWAB, Karl Heinz. Der Streitgegenstand im Zivilprocess. Tomas Benzhaf (Trad.). Buenos Aires: Europa-América, 1968, p. 242. 
 
15. Não se ignora, bom frisar, a possibilidade excepcional de indeterminação do réu. Todavia, a regra é o direcionamento da demanda contra sujeito determinado. Ainda assim, a indeterminação do direcionamento não impede que, mediante a ciência do pedido e causa de pedir, o sujeito potencialmente afetado consiga vislumbrar o possibilidade de afetação da sua esfera jurídica em caso de reconhecimento da procedência do pedido. É o que ocorre, verbigratia, com os ocupantes de imóvel face à pretensão possessória. Estes, apesar de não individualizados no ato inaugural de postulação, são cientificados, pela publicidade dada à delimitação objetiva do litígio (pedido e causa de pedir) acerca da potencial repercussão negativa de um provimento que venha a reconhecer a procedência do pedido reintegratório, ensejando a respectiva participação no processo. 
 
16. Assim pode ser sintetizada a noção germânica de ação. Ver WINDSCHEID, Bernhard. Die Actio des römischen Civilrechts, vom Standpunkte des heutigen Rechts. Tomás Banzhaf (Trad.). Polemica sobre la "actio". Buenos Aires: Europa-América, 1974, p. 13-14. 
 
17. MONTELEONE, Girolamo. Diritto processuale civile. Pádua: Cedam, 2002, p. 192. 
 
18. A ligação entre pedido e o direcionamento subjetivo da demanda foi percebida, ainda que sob outro enfoque, por WAMBIER, Teresa Arruda Alvim e WAMBIER, Luiz Rodrigues. Casos problemáticos..., p. 1.039.
 
19. As especialidades de regime são referidas por SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 85 e 248 e ss. 
 
20. Para uma análise das decisões da Corte Européia sobre violações ao direito à duração razoável do processo, sobretudo envolvendo o Estado italiano, ver PARROTTA e LIZZA. Il Diritto ad um Giusto Processo tra Corte Internazionale e Corti Nazionale. Milão: Cosa & Come, 2002, p. 1-21 e 359-384; SUDRE, Frédéric, MARGUENAUD, Jean-Pierre, ADRIANTSIMBAZOVINA, Jöel; GOUTTENOIRE, Adeline, LEVINET, Michel. Les Grands Arrêts de La Cour Européene des Droits de L'Homme. Paris: PUF, 2003, p. 156 e ss.; BARRETO. A Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Coimbra: Coimbra, 1999, p. 113 e ss; VIAZZI. La Durata Irragionevole dei Processi Civile: um problema prioritário per il CSM .Il Nuovo Articolo 111 della Constituzione e il Giusto Processo Civile. Milão: Franco Agneli, 2001, p. 143 e ss.; SCALABRINO. L'Irragionavole Durata Dei Processi Italiani e La L. 24 marzo 2001, n. 89: um commodus discessus .Rivista Internazionali di Diritti Umani 2/365, Milão: Unniversità Cattolica del Sacro Cuore, 2001; e SACCUCCI. Le Due "Prospettive" Della Durata Ragionavole del Processo tra Diritto Internazionale e Diritto Interno. GC. Milão: Giuffrè, 2002, p. 3.105 e ss. 
 
21. No mesmo sentido do texto, TROCKER registra os prejuízos econômicos e sociais de uma ineficácia temporal na administração da justiça. Diz o autor, que provoca a imobilização de capitais, favorece a especulação e a insolvência, além de se transformar em instrumento de pressão, uma "arma formidável nas mãos do mais forte para ditar ao adversário as condições para a capitulação". TROCKER, Nicolo. Processo civile e costituzione. Milão: Giuffrè, 1974, p. 276-277. Ver também ANDOLINA e VIGNERA. Il modello costituzionale del processo civile italiano - Corso di Lezioni. Turim: Giappichelli, 1990, p. 88-89. 
 
22. COMOGLIO, Luigi Paolo. Il principio di economia processuale. Pádua: Cedam, 1980. v. 1, p. 7. Para uma visão comparatística sobre a economia processual, ver do mesmo autor Il Principio di Economia Processuale Nell'Esperienza di Ordinamenti Stranieri. Rivista di Diritto Processuale. Pádua: Cedam, 1982, p. 664 e ss. 
 
23. Sobre o tema, há estudo do autor deste artigo, feito à luz do direito português intitulado Garantia de acesso à justiça - os direitos processuais fundamentais . Coimbra: Ed. Coimbra, 2007 (no prelo). 
 
24. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia..., p. 352. 
 
25. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 2003, p. 1.224. SARLET, concordando com a posição defendida por MIRANDA, pontifica que "os juízes e tribunais estão obrigados, por meio da aplicação, interpretação e integração, a outorgar às normas de direitos fundamentais a maior eficácia possível no âmbito do sistema jurídico" ( A eficácia..., p. 360). No mesmo sentido BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 549-551. 
 
26. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra, 2000. v. 4, p. 340. 
 
27. MIRANDA, Jorge. Constituição e processo civil .Direito e justiça. Lisboa: Universidade Católica, 1994, p. 21. 
 
28. Sobre o tema, na doutrina nacional, ver BONAVIDES, Paulo. Curso..., p. 356 e ss. No direito alienígena, ver a exaustiva investigação de PULIDO, Carlos Bernal. El principio de proporcionalidad y los derechos fundamentales. Madri: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2003, passim. 
 
29. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria..., p. 1.225. 
 
30. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim e WAMBIER, Luiz Rodrigues. Casos problemáticos..., p. 1.035.
 
31. COMOGLIO, Luigi Paolo. Il principio di economia processuale..., p. 153. 
 
32. ASSIS, Araken. Cumulação de ações. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 165-168. 
 
33. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2001. v. 2, p. 359. 
 
34. O art. 31-B do CPC (LGL\1973\5) de Portugal tem o seguinte teor: "É admitida a dedução subsidiária do mesmo pedido, ou a dedução de pedido subsidiário, por autor ou contra réu diverso do que demanda ou é demandado a título principal, no caso de dúvida fundamentada sobre o sujeito da relação controvertida."
 
35. LEBRE DE FREITAS, José. Introdução ao processo civil - conceito e princípios gerais . Coimbra: Coimbra Editora, 1996, p. 168-169. 
 
36. TEIXEIRA DE SOUSA, Miguel. Estudos sobre o novo processo civil. Lisboa: Lex, 1997, p. 166. 
 
37. ALLORIO, Enrico. L'ordinamento giuridico nel prisma dell'accertamento giudiziale e altri studi. Milão, 1957, p. 515. 
 
38. Como lembram TARUFFO, COMOGLIO e FERRI, o interesse deve ser "concreto e atual", pois "do contrário, quando a lesão ao direito reclamada fosse meramente eventual ou futura, ou o direito perseguido viesse configurado como puramente hipotético, a intervenção do juiz não seria mais justificada, revelando-se inidônea (ou melhor, desnecessária) para a prestação da tutela perseguida, devendo por conseqüência a demandaser declarada inadmissível." TARUFFO, Michele; COMOGLIO, Luigi Paolo e FERRI, Corrado. Lezioni sul processo civile. Bolonha: Il Mulino, 1998, p. 246. Basicamente no mesmo sentido CARNEIRO DA CUNHA, Leonardo. Interesse de agir na ação declaratória. Curitiba: Juruá, 2002, p. 85-86. 
 
39. LIEBMAN, Enrico Tullio. Manuale di diritto processuale civile. Milão: Giuffrè, 1992, p. 144. 
 
40. BARBOSA, Ruy. Commentarios à Constituição Federal (LGL\1988\3) brasileira. São Paulo: Saraiva, 1932, v. 4, p. 443. 
 
41. Assinala o autor que "Atendem as condições da ação, assim como os pressupostos processuais, ao princípio da economia processual, reduzindo também o excessivo custo do processo, pois evitam, na maioria das vezes, o desenvolvimento de processos sem qualquer perspectiva de um resultado prático efetivo." (FREIRE, Rodrigo da Cunha Lima. Condições da ação - enfoque sobre o interesse de agir . São Paulo: RT, 2001, p. 58). 
 
42. SATTA, Salvatore e PUZZI, Carmine. Diritto processuale civile. Pádua: Cedam, 2000, p. 134. 
 
43. TEIXEIRA DE SOUSA, Miguel. Algumas reflexões sobre o dogma da apreciação prévia dos pressupostos processuais na acção declarativa. Revista da Ordem dos Advogados, v. 49. Lisboa: Ordem dos Advogados, 1989, passim. 
 
44. COSTA E SILVA, Paula. A transmissão da coisa ou do direito em litígio - contributo para o estudo da substituição processual. Coimbra: Ed. Coimbra, 1992, p. 184. 
 
45. Nesse sentido, quanto ao litisconsórcio alternativo ou eventual no direito italiano, ALLORIO, Enrico. L'ordinamento..., p. 516. 
 
46. A "estreita analogia" entre as situações de cumulação objetiva e subjetiva, ambas espécies do gênero cumulação de demandas é expressamente sentida por DINAMARCO. Instituições..., p. 360. Também ALLORIO afirma que CHIOVENDA, em sua célebre obra (indicada na bibliografia do presente estudo), ao estudar as hipóteses de cúmulo alternativo de demandas, quis incluir a possibilidade do cúmulo subjetivo (ALLORIO, Enrico. L'ordinamento..., p. 515). Na verdade, a análise da situação topológica da obra daquele grande jurista nos seus Principii desmente a assertiva de ALLORIO, já que o respectivo § 91 tem como epígrafe o cumulo obbiettivo, tornando improvável a intenção do mestre, o qual deixou de aludir expressamente ao litisconsórcio alternativo ao tratar do cúmulo subjetivo, isto no § 88. 
 
47. Sobre o princípio ver BUENO, Cássio Scarpinella. Partes e terceiros no processo civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 122 e ss. 
 
48. CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 50.

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