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História do Brasil Imperial Aula 1: Herança colonial e transferência da Corte Apresentação Nesta aula, você verá como ocorreram as relações entre Brasil e Portugal no início do século XIX, estudando a herança deixada pelo período colonial e os transformações ocorridas com a chegada da corte no País. Além disso, irá entender como as transformações ocorridas com a chegada da corte in�uenciaram no processo de Independência do Brasil. Objetivos Aprofundar seus conhecimentos sobre a Corte no Rio de Janeiro; Conhecer as heranças coloniais; Aprender como Dom Pedro se tornou imperador do Brasil. Transferência da corte portuguesa O historiador Luiz Felipe de Alencastro a�rma que: “A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas, funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes, após o ano de 1808.” - ALENCASTRO, Luiz Felipe. Vida privada e ordem privada no Império. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe. História da vida privada no Brasil. São Paulo: companhia das letras, 1997. p. 12 Acompanhe os acontecimentos que contribuíram para a emancipação do Brasil. O início do século XIX representou no Brasil a continuidade do processo de transição da Colônia para o Império. Fonte: Wikipedia javascript:void(0); A independência em 1822 não coincidiu com a consolidação da unidade nacional, que só ocorreu mesmo entre os anos de 1840 e 1850, e tampouco foi marcado por um movimento de caráter nacionalista ou revolucionário. Fonte: Wikipedia javascript:void(0); De fato, o que mais se apresenta no processo de emancipação do Brasil são as atitudes recolonizadoras de Portugal e as agitações populares que ocorriam na colônia. Fonte: Wikipedia Carlos Guilherme Mota e Adriana Lopez trazem um interessante caso de como os brasileiros passaram a ter uma atitude anti- portuguesa desde a insurreição nordestina. O português Cardoso Machado escreveu a um amigo reclamando: “Os boticários, cirurgiões, sangradores não �zeram mais conta de mim; quando eu passava, riam-se. Os cabras, mulatos e crioulos andavam atrevidos, pregando igualdade (...) até os barbeiros não me quiseram mais fazer a barba, respondiam que estavam ocupados no serviço da pátria, via- me obrigado a fazer a mim mesmo a barba. Cabras e mulatos e crioulos andavam tão atrevidos que diziam éramos iguais, e que haviam de casar, senão com brancas das melhores, e Domingos José Martins andava de braço dado com eles armados de bacamartes, pistolas e espada nua.” LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008. p. 331. javascript:void(0); Motivação para emancipação do Brasil Foi no clima de antilusitanismo que D. João voltou para Portugal e indicou seu �lho para príncipe regente. A essa altura, a emancipação ia se tornando inevitável. Sem dúvida, havia motivos tanto para a emancipação com Portugal como para a permanência, como dizia Maria Odila em sua obra “A interiorização da Metrópole”: “Para os homens de ideais constitucionalistas parecia imprescindível continuar unidos a Portugal, pois viam na monarquia dual os laços que os prendiam à civilização européia, fonte de seus valores cosmopolitas de renovação e progresso. A separação, provocada pelas cortes revolucionárias de Lisboa, teria de início a conotação reacionária de contra-revolução e a marca do partido absolutista.” (162). D. João VI Fonte: Wikipedia. Partidos políticos Como não haviam partidos políticos no Brasil, os grupos se reuniam por tendências e concepções políticas. Dois dos grupos mais in�uentes eram: Partido português Defendia a ligação com Portugal e o retorno do Brasil à condição de Colônia. Esse era formado por comerciantes ligados aos monopólios portugueses. Partido brasileiro Defendia a livre negociação, ou seja, sem o intermédio dos portugueses. Era formado por produtores de gêneros tropicais e ainda contavam com o apoio de uma ampla gama de funcionários que �caram no Brasil após a saída da corte. Embora esses grupos defendessem ideias opostas, em uma coisa concordavam, ambos tinham receio da agitação popular que tomava conta das principais cidades do país. javascript:void(0); O fantasma do Haiti assombrava as elites. Era inimaginável a ideia de que em um futuro governo tivesse que ampliar a base representativa com a inclusão de elementos das camadas populares. Dessa forma, ambos os partidos agiram rápido e viram no príncipe regente a �gura que iria estar à frente dos interesses comuns, a luta contra as Cortes portuguesas e contra os republicanos. Manter a monarquia para evitar uma crise sucessória e manter a escravidão era desejo tanto dos portugueses como dos brasileiros, mas Carlos Guilherme Mota a�rma que: “Por outro lado, Pedro aproveitou a oportunidade para desobedecer às cortes. Orientado por um político reformista ilustrado e maduro, o santista e professor da Universidade de Coimbra José Bonifácio de Andrada e Silva (então a �gura mais ilustre no mundo luso-brasileiro), o príncipe regente Pedro proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 (o “Grito do Ipiranga”). Dessa forma, pensava-se que o absolutismo do príncipe regente e a ordem escravista das elites �cariam a salvo dos ataques das Cortes portuguesas e da “anarquia dos liberais-radicais brasileiros.” LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008. p. 333. Assim, em outubro de 1822, Pedro I foi aclamado imperador do Brasil. Fonte: Wikipedia. José Bonifácio de Andrada e Silva Nasceu em Santos em 1763. O estudante destacado tornou-se �lósofo, advogado, professor e cientista político. Teve destacada atuação na vida política brasileira, como deputado, vice-- presidente da Província de São Paulo, ministro do Império, tutor do Imperador Pedro II e é considerado como Patriarca da Independência. “Ser obrigado a conduzir-me entre os homens como homem vulgar, quando não penso como eles, é a coisa mais pesada a que devo me sujeitar.” José Bonifácio de Andrada e Silva Guerras de Independência Virou lugar comum ouvir dizer que o processo de independência do Brasil não contou com nenhum confronto, no entanto a historiogra�a elucida que ocorreram alguns con�itos, sobretudo no nordeste do País. De fato, os con�itos mais acirrados ocorreram a partir de tropas portuguesas que estavam na Bahia, Maranhão, Piauí, Grão- Pará e também na província da Cisplatina. As tropas portuguesas lutavam para manter o Brasil ligado a Portugal. Independência: arranjo ou revolução? javascript:void(0); A Proclamação da Independência (Fonte: Wikipedia). O historiador Caio Prado Júnior indica que houve um “arranjo” que marcou os períodos posteriores à formação do Estado. Sobre a interpretação de “arranjo”, atesta ele: “Outro efeito da forma qual se operou a emancipação do Brasil é o caráter de “arranjo político”, se assim nos podemos exprimir, de que se revestiu. Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período �nal em que os acontecimentos se precipitam, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrola exclusivamente em torno do príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da in�uência das Cortes portuguesas e trazê-lo para o seio dos autonomistas. Resulta daí que a Independência se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro.” LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008. p. 333.) javascript:void(0); Dica Atualmente, a historiogra�a sobre a Independência é bastante vasta, vale a pena conhecer os trabalhos de Evaldo Cabral de Mello e de Sérgio Buarque de Hollanda. Atividade Proposta Teste o que você aprendeu! Vamos para os exercícios de �xação. Analise as a�rmativas a seguir e selecione se elas sãoverdadeiras ou falsas. a) As tropas portuguesas que estavam na província da Cisplatina lutavam para dividir o Brasil em regiões independentes. b) O Brasil tinha uma economia colonial totalmente voltada para Portugal, mas a transferência da corte mudou o sistema econômico brasileiro que passou a ser mais aberto para comercializar com outras partes do mundo. c) Sem dúvida, o que marcou o processo de emancipação do Brasil foram as atitudes recolonizadoras de Portugal e as agitações populares que ocorriam na Colônia naquele período. Notas Referências Pendente Próxima aula Como se dava a relação entre senhores e escravos; A relação entre economia imperial e escravidão; A formação da elite brasileira no século XIX. Explore mais texto com bold texto com italico texto com Link. javascript:void(0);
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