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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
LÍNGUA BRASILEIRA 
DE SINAIS
Autora: Ana Regina e Souza Campello
419
C193l Campello, Ana Regina e Souza.
 Língua Brasileira de Sinais / Ana Regina e Souza Campello.
 Indaial : UNIASSELVI, 2011. 153. p.: il 
 
	 	 													 Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-550-5
 1. Língua Brasileira de Sinais
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Fabiana Schmitt Corrêa
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Diagramação e Capa:
Carlinho Odorizzi
Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial.
A Professora Ana Regina e Souza Campello é 
responsável pela disciplina da Área da Surdez e de 
Língua de Sinais Brasileira. É doutorada em Educação 
de Surdos – Processos Inclusivos e mestranda em 
Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina 
– UFSC. Trabalha como professora adjunta de ensino 
de Línguas: Língua de Sinais Brasileira e professora de 
EAD – Ensino a Distância, no curso de Letras Libras da 
UFSC. Publicou vários artigos e livros: Existir para existir. 
Pedagogia Visual: Sinal na Educação dos Surdos. Onde 
você	 quer	 chegar?	 Re-reflexão	 crítica:	 Seminário	
promovido	por	 instituição	oficial	 de	educação	em	um	
estado da região sul brasileira no ano de 2004. A 
Constituição política, social e cultural da língua 
brasileira de sinais – Libras. Educação dos 
Surdos: políticas, língua de sinais, comunidade 
e cultura surda (2010).
Ana Regina e Souza Campello
Sumário
APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Libras ............................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
Fonologia	da	Língua	de	Sinais................................................... 43
CAPÍTULO 3
Morfologia	da	Língua	de	Sinais ................................................ 75
CAPÍTULO 4
Sintaxe	da	Língua	de	Sinais...................................................... 109
CAPÍTULO 5
Semântica	e	pragmática	da	Língua	de	Sinais	Brasileira ....... 133
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina trata da Língua de Sinais Brasileira. Em termos linguísticos é 
definida	como	uma	língua	sinalizada,	constituída	pelas	pessoas	Surdas,	que	tem	
identidade e cultura própria e que é compartilhada entre indivíduos ou coletivos 
das pessoas Surdas.
A língua de sinais brasileira, cuja lei e decreto garantem, no Brasil, por parte 
do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos e 
particulares, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua 
Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente 
das comunidades surdas do Brasil.
Na vídeoaula é apresentada a Língua de Sinais Brasileira, que é a língua 
natural da comunidade Surda, e no caderno de estudos apresentaremos 
conteúdos que possam servir de ajuda na compreensão, assim como dicas e 
atividades	para	reflexão	durante	o	curso.
Vamos citar exemplos mais comuns no dia a dia: você já pensou ou teve 
vontade de entender os diálogos sinalizados entre ou com pessoas Surdas 
em algum momento da sua vida? Já tentou entender como a Língua de Sinais 
Brasileira funciona dentro da estrutura das línguas faladas?
Para entender ou conhecer sobre a Língua de Sinais Brasileira apresentamos 
a disciplina dividida em cinco capítulos, que depois poderão ser aproveitados para 
fazer	seus	futuros	projetos	profissionais.	São	eles:
O Capítulo 1 – Investiga sobre as variedades das funções dos linguistas 
e amplia o conhecimento sobre o uso das propriedades da Língua de Sinais 
Brasileira utilizada pela comunidade Surda, bem como os recursos do sistema de 
transcrição de sinais na prática de transcrição.
Capítulo 2 – Trata-se de processos fonológicos e suas comparações, 
exercitando na prática a formação fonológica de sinais através de cinco 
parâmetros	da	língua	de	sinais.	Dentre	eles,	os	recursos	da	Configuração	de	Mãos	
no momento da formação de sinais e de fazer entender o porquê das restrições 
na formação de sinais.
Capítulo 3 – Trata-se de processos morfológicos e suas comparações, 
através de elaborações de lista da formação morfológica durante o exercício, para 
mais tarde, utilizar os argumentos de cada processo morfológico, interpretando, 
finalmente,	os	sinais	através	das	narrativas.
Capítulo 4 – Trata-se de pesquisa nos sites e vídeos, coletando as narrativas 
Surdas e fazendo comparações. Dentre as coletas, elaboramos a lista da 
formação sintática durante o exercício para, posteriormente, construir argumento 
para	cada	formação	de	interrogativas	e	seus	aspectos	e,	finalmente,	coletar,	ler	e	
interpretar os verbos e concordância através das narrativas.
Capítulo 5 – Trata-se das coletas das narrativas Surdas e suas comparações. 
Elaboramos a lista da semântica e pragmática durante o exercício. Construimos 
argumentos	em	todos	os	aspectos	dos	sentidos	e	significados	para,	depois,	fazer	
a	categorização,	leitura	e	interpretação	dos	sentidos	e	dos	significados	dos	sinais	
através das narrativas.
No	 caderno	 de	 estudo,	 você	 terá	 contato	 com	 as	 bibliografias	 e	 algumas		
leituras complementares que poderão servir de ajuda no transcorrer do curso, 
assim como as atividades propostas.
A autora.
CAPÍTULO 1
Libras
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Entender	o	conceito	da	profissão	linguísta	e	sua	função.
 9 Entender o uso das propriedades da língua de sinais da comunidade Surda. 
 9 Compreender os vários tipos de sistema de transcrição de sinais.
 9 Utilizar os recursos do sistema de transcrição de sinais na prática de transcrição.
10
Língua brasileira de sinais
11
LibrasCapítulo 1
Contextualização
Apresentamos a trajetória da comunidade Surda e sua língua como ponto 
de partida na construção da identidade cultural, sociológica e educacional dos 
sujeitos Surdos. O texto apresenta três tópicos a serem compreendidos no início 
do curso, que são: O papel do linguista da Língua de Sinais Brasileira, cuja função 
é de fazer entender / compreender / captar / registrar o que mostram os sinais 
durante o comportamento / ação / perfomance dos sujeitos Surdos em um evento 
comunicativo,	sem	pré-julgamento	ou	influência	sobre	a	decisão.	
Com a inserção da gramática da Língua de Sinais Brasileira, foi necessário 
entender	também	as	propriedades	desta	e,	finalmente,	o	uso	de	vários	sistemas	
de	 transcrição	de	 língua	de	sinais	para	 registrá-la	de	modo	fiel,	de	acordo	com	
sua modalidade viso-gestual. 
O	papel	do	linguista	da	Língua	de	
Sinais	Brasileira
Sabemos que a Língua de Sinais Brasileira, conhecida simplesmente por 
LSB ou LIBRAS, é reconhecida pela Lei no 10.436 de 24 de abril de 2002, no seu 
artigo e parágrafo 1º (BRASIL, 2002):
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e 
expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros 
recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais 
- Libras a forma de comunicação e expressão, em que o 
sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura 
gramatical própria, constituem um sistema linguístico de 
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de 
pessoas surdas do Brasil.O objetivo da Lei é enfatizar a necessidade de que a Língua 
Brasileira de Sinais - Libras seja objeto de uso comunicativo corrente 
nas comunidades surdas. Além disso, procura assegurar a presença 
de	profissionais	 (pesquisadores	 e	 professores)	 na	 área	 da	 linguística	
e de educação, intérpretes nos espaços formais e instituições, como 
na administração pública direta e indireta; pesquisar acerca da Língua 
de Sinais Brasileira; difundi-la através das publicações e a inclusão 
do ensino da Língua de Sinais Brasileira nos cursos de formação 
de Educação Especial, Fonoaudiologia, disciplinas de Licenciatura, 
O objetivo da 
Lei é enfatizar a 
necessidade de que 
a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras 
seja objeto de 
uso comunicativo 
corrente nas 
comunidades 
surdas.
12
Língua brasileira de sinais
Magistério	e	profissionais	 intérpretes,	 sendo	optativo	para	o	aluno	e	obrigatório	
para a instituição de ensino.
Veja a lei e sua regulamentação através do Decreto no 5.636/05 
de 22 de dezembro de 2005:
Lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm
Decreto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/ 
2005/decreto/d5626.htm
Portanto, o espaço da língua de sinais e suas pesquisas começaram a 
aparecer nos diversos estados brasileiros através das universidades brasileiras, 
que desenvolvem pesquisas e conhecimentos na área da linguística e de língua 
de	sinais.	Para	atender	melhor,	o	artigo	4º	da	lei	afirma	(BRASIL,	2002):
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas 
educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal 
devem garantir a inclusão nos cursos de formação de 
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em 
seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira 
de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Foi necessária e urgente a implantanção em tempo curto da disciplina de 
Língua de Sinais Brasileira nos estudos e no ensino em cursos de nível médio e 
superior. Atualmente, o ensino infantil e básico está em fase da regulamentação 
através de projeto de lei que tramita no Congresso Nacional. Isso exigiu o 
processo de criação de conhecimento, através de pesquisas realizadas em outros 
países, para poder atender a demanda de pessoas interessadas em receber o 
conhecimento e de aprender a língua da comunidade Surda. Também para 
organizar os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, requerendo uma estrutura 
organizada dentro do currículo como as outras línguas orais e orientações aos 
gestores nas implantações da língua de sinais nos currículos de ensino básico, 
sem desprestigiar a língua escrita. É fundamental o uso das duas línguas para 
tornar o cidadão Surdo bilíngue, no que se refere à diferenciação gramatical.
13
LibrasCapítulo 1
Atividade de Estudos: 
1) Qual a importância do reconhecimento da Língua de Sinais 
Brasileira para a comunidade Surda. Comente, também, as 
contribuições que a Lei e seu decreto trouxeram para a sociedade 
brasileira.
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Historicamente, os primeiros estudos da língua de sinais já vieram desde o 
século XIV. Em 1644, o inglês Bulwer J. B. escreveu um livro de língua de sinais 
inglesa: Chirologia: on the natural language of the hand,	acompanhado	de	figuras	
das	 mãos	 e	 seus	 significados.	 O	 tema	 chirologia, traduzido como quirologia, 
é muito citado por Bulwer(1644) nos seus estudos da língua de sinais porque os 
gestos das mãos são importantes para os Surdos e são vistos como o domínio 
da comunicação deles. Menciona, também, que “era recompensa da natureza que 
os	Surdos	devem	se	comunicar	através	de	gestos”,	 e	acredita	 firmemente	na	 “a	
necessidade que opera a Natureza nos homens que nascem Surdos e Mudos, que 
podem discutir, mostrar, sinalizar retoricamente por sinais”. (BUWLER, 1644, p. 
5). O livro do autor esclarece que a quirologia é um dicionário de gestos manuais, 
citando	o	seu	significado	e	o	uso	de	uma	ampla	gama	de	fontes	literárias,	religiosas	
e médicas. Quirema é um manual para o uso efetivo do Gesto de falar em público.
14
Língua brasileira de sinais
Quirologia - Do grego quiro = mão e logia = estudo, ou seja, o 
estudo ou conhecimento adquirido através das mãos.
Técnica de conversação por meio de sinais feitos com os 
dedos (por exemplo: o alfabeto dos surdos-mudos); DACTILOLOGIA 
(HOUAISS, 2010).
Quirema – segundo Stokoe (1960), são as unidades 
formacionais	dos	sinais	(configuração	de	mão,	locação	e	movimento)	
e o estudo de suas combinações.
Segundo os dados da Felipe (1998) outro livro de pesquisa de língua de 
sinais também apareceu na Inglaterra, em 1895, com o livro denominado: The 
sign of Language of the deaf and dumb de autoria de R. W. Nevins. 
Como naquela época não tínhamos muito acesso à informação, devido a 
distância	geográfica	e	à	ausência	de	computador,	os	registros	foram	importantes	
na área dos estudos linguísticos. Nos Estados Unidos, os próprios Surdos, 
oriundos da Gallaudet University, em 1848, publicaram os Annals of the Deaf, 
que é o inventário da cultura surda americana, juntamente ao inventário de 
sinais dentro da Língua de Sinais Americana (ASL). Os manuais foram: The sign 
language: a manual of signs, de J. L. Long, e Handbook of the sign language 
of the deaf, de S. Michael, no período de 1918 e 1923. Estes inventários foram 
muito importantes porque ajudaram na pesquisa da evolução de Língua de Sinais 
Americana.
No período de 1923 em diante, nos Estados Unidos, houve imposição do 
uso	 da	 filosofia	 oralista	 nas	 escolas.	 A	 pesquisa	 na	 área	 ficou	 suspensa	 por	
causa	 do	 conflito	 de	 interesse	 e	 de	 ideologia:	 oralismo	X	 língua	 de	 sinais.	 Em	
1960,	 o	 estudo	 da	 língua	 de	 sinais	 americana	 (ASL)	 ficou	 mais	 reconhecido	
quando W.C. Stokoe, pesquisador e professor de inglês da Gallaudet University, 
percebeu a diferença da gramática linguística utilizada pelos alunos Surdos na 
sala de aula e fora do contexto educacional. Publicou o artigo Sign Language 
Structure: an outline of the visual communication system of the American Deaf, 
na revista Studies in Linguistics, Occasional Papers 8. Em 1965, juntamente à 
equipe composta de pessoas Surdas e ouvintes, Stokoe, Casterline e Croneberg 
publicaram A Dictionary of American Sign Language. A partir de então, da década 
de 70 para cá, milhares de publicações foram editadas em todo o mundo sobre 
as diversas línguas de sinais, mas a Língua de Sinais Americana ainda está em 
número	maior	de	pesquisas	financiadas	pelo	governo	e	instituições	de	pesquisas.
15
LibrasCapítulo 1
Atividade de Estudos: 
1) Pesquise em sites de busca e escreva o porquê da área linguistica 
ter parado seu desenvolvimento durante este período. Quem foi 
um	dos	precursores	da	filosofia	oralista	nos	Estados	Unidos?
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Saiba mais sobre William Stokoe na seguinte página:
http://gupress.gallaudet.edu/stokoe.html 
Se você não souber ler em inglês, utilize um tradutor on-line e 
tente decifrar a tradução automática.
Acesse o link que indicamos a seguir e conheça a família 
das línguas de sinais existentes no mundo:
http://www.ethnologue.com/show_family.asp?subid=23-16
Os estudos linguísticos das línguas de sinais iniciaram com Stokoe (1960), 
pois até aquele momento, todos os estudos linguísticos concentravam-se nas 
16
Língua brasileira de sinais
análises de línguas orais (faladas) e Stokoe (1960) foi o primeiro a trabalhar 
diferente, mudou a mentalidade da área linguística, apresentando uma análise 
descritiva da Língua de Sinais Americana, através da metodologia transcrição 
de língua de sinais. Isso possibilitou, pela primeira vez, um linguista apresentar 
os elementos linguísticos de uma língua de sinais. Assim, as línguas de sinais 
passaram a ser vistas como línguas de fato e de direito linguístico da comunidade 
Surda.
Você pode observar o uso da terminologia “fonema” e “fonética”. 
Os linguistas têm utilizando os termos fonética e fonologia para tratar 
de	fenômeno	natural	ou	social	observável	cientificamente	nas	 línguas	
de	 sinais,	 desconsiderando	 o	 significado	 de	 sua	 raiz,	 fon-,	 que	 é	
som, elemento ausente da estrutura da língua de sinais americana. 
Stokoe, em 1965, no evento internacional de linguistas, propôs o termo 
“quirema”, retornando a pesquisa do Bulwer (1644), em substituição à 
terminologia “fonema”, para designar elementos linguísticos de língua 
de sinais. Havia, na época, duas correntes: a favor - defendendo que 
o conceito de quirema é o mesmo que de fonema e que o uso de duas 
terminologias com o mesmo conceito só geraria discussões; contra - 
o outro argumentava que o novo termo era também incorreto porque 
este só envolvia a mão, havendo vários outros aspectos e outras 
partes do corpo envolvidos na realização da língua de sinais, o que não 
combinaria com esta terminologia. 
Atividade de Estudos: 
1) Pesquise os conceitos dos termos: “fonética” e “fonologia” e 
responda abaixo:
a) Estes termos se aplicam à língua de sinais?
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
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 ____________________________________________________
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b) Explique o porquê da contradição dos termos “fonética e 
fonologia” para a língua de sinais.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
Os linguistas 
têm utilizando os 
termos fonética 
e fonologia para 
tratar de fenômeno 
natural ou social 
observável 
cientificamente nas 
línguas de sinais, 
desconsiderando 
o significado de 
sua raiz, fon-
, que é som, 
elemento ausente 
da estrutura da 
língua de sinais 
americana.
17
LibrasCapítulo 1
c) Como você, como futuro/a pesquisador/a da língua de sinais, vai 
divulgar a diferença de termos ao público em geral. Onde fará isso?
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
A motivação do uso da terminologia “quirema” tem um processo histórico-
cultural em que usamos a língua de sinais como usuários de uma língua e não 
como	 árbitros.	 Aos	 profissionais	 línguistas,	 é	 imprescindível	 fazer	 todas	 as	
imersões	 da	 língua	 de	 sinais	 para	 poder	 comprender	 e	 identificar	 a	 língua	 de	
sinais propriamente dita.
Por	isso,	é	fundamental	que	os	linguistas	que	exercem	a	profissão	
ou fazem pesquisa na área da língua de sinais dominam a língua de 
sinais pela modalidade viso-gestual. Como cita a professora Quadros 
(2004, p. 28), a “língua é um sistema de signos compartilhados por uma 
comunidade linguística comum” e para interagir com pessoas Surdas ou 
pesquisar com os informantes Surdos no território brasileiro dentro do 
“espaço de língua de sinais brasileira”, é preciso entender e conhecer 
os “sinalizantes-visuais” desta língua. Sem o conhecimento da língua 
de sinais seria impossível dar continuidade a esta pesquisa e avaliá-la.
Portanto, é importante mostrar que o linguista precisa saber muito 
sobre a língua envolvida, no caso a língua de sinais, entender bem as 
culturas do povo Surdo que usa essa língua, ter familiaridade com cada 
tipo de estrutura, os conteúdos, a interpretação, a tradução e se informar 
antes sobre o assunto que será abordado no momento de pesquisa.
Segundo	 a	 pesquisa	 etnográfica	 do	 Erickson	 (1984,	 1986),	 não	
se	 usam	 critérios	 de	 classificação	 (certo/errado)	 para	 a	 língua	 de	
sinais, mas a preocupação é entender / compreender / captar o que 
mostram os sinais durante o comportamento / ação / perfomance dos 
sujeitos Surdos em um evento comunicativo. A denominação “familiarização com 
o estranho” não necessita julgar os valores morais e culturais, mas respeitar e 
tentar colocar-se no lugar do outro, como, por exemplo, respeitar o espaço e uso 
efetivo comunicativo da língua de sinais.
Isso também implica a ética, que é uma aptidão ou capacidade de mobilizar 
conhecimentos	para	satisfazer	a	um	determinado	fim	e	nunca	o	contrário.
É importante 
mostrar que o 
linguista precisa 
saber muito sobre 
a língua envolvida, 
no caso a língua 
de sinais, entender 
bem as culturas do 
povo Surdo que 
usa essa língua, 
ter familiaridade 
com cada tipo 
de estrutura, os 
conteúdos, a 
interpretação, 
a tradução e se 
informar antes 
sobre o assunto 
que será abordado 
no momento de 
pesquisa.
18
Língua brasileira de sinais
Sobre a resistência dos pesquisadores ou linguístas à língua de sinais ou à 
língua	sinalizada	 (WILCOX,	2005),	podemos	afirmar	que	ocorre	pelo	 fato	de	que	
todos os sinais novos (o que acontece comumente com os linguistas ouvintes 
quando têm pouco contato com a língua de sinais) que aparecem e suas ideias 
encontram forçosamente oposição, e não houve uma única inserção que ocorresse 
sem lutas. A resistência, nesses casos, está sempre na importância dos resultados 
previstos, pois quanto mais ela aparece, maior será o número de interesses 
ameaçados. Se for um sinal notoriamente falso ou mal pesquisado, considerado 
sem consequências, ninguém se perturba com ele e o deixará passar, 
confiante	 na	 sua	 falta	 de	 vitalidade.	 Mas	 se	 é	 verdadeiro,	 se	 está	
assentado em bases sólidas, se é possível entrever-lhe o futuro, um 
secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que se trata de 
um perigo para eles, para a ordem de coisas por cuja manutenção se 
interessa (no caso de nome e prestígio). E é por isso que se lançam 
contra ele e os seus adeptos (no caso da comunidade Surda). Para isso, 
é necessário combater o ego dos linguistas e levar sempre em 
consideração e lembrar que a Língua de Sinais Brasileira é a primeira 
língua da comunidade Surda e não valorizar somente os usuários que se 
utilizam dela como segunda língua.
Atividade de Estudos: 
1) Qual a crença sobre o papel de linguista no aprendizado da outra 
língua distinta? 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ________________________________________________________________________________________________________
2) Qual a crença sobre a língua de sinais por parte dos linguistas 
quando a aprendem?
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
A Língua de Sinais 
Brasileira é a 
primeira língua 
da comunidade 
Surda e não 
valorizar somente 
os usuários que se 
utilizam dela como 
segunda língua.
19
LibrasCapítulo 1
A função dos linguístas de Língua de Sinais Brasileira prevê, na sua 
competência:
• traduzir e interpretar a Língua de Sinais Brasileira para a Língua Portuguesa 
e vice-versa, não sendo necessário ser intérprete de língua de sinais, cuja 
profissão	e	função	se	diferenciam;
• traduzir e interpretar a Língua de Sinais Brasileira para escrita de sinais e 
vice-versa;
• traduzir e interpretar os sistemas fonológicos, morfológicos, sintáticos, 
pragmáticos e semânticos da Língua de Sinais Brasileira;
• entender	o	sentido	e	significado	de	todos	os	sinais	e	seus	contextos;
• defender a língua de sinais da comunidade Surda;
• ser neutro nas situações e não interferir nos anseios e desejos do movimento 
Surdo;
• vestir a “camisa” ou “familiarizar-se” com a língua de sinais brasileira e sua 
cultura;
• elaborar projetos, incluindo sempre as pessoas Surdas como pesquisadores/
as e não como informantes ou objetos de estudo de campo;
• participar, por força da ética, nas Associações e eventos promovidos pela 
comunidade Surda.
Com a regulamentação do decreto baseando da Lei no 10.436/02 cresceu 
o	 número	 significativo	 de	 pessoas	 ouvintes	 interessadas	 em	pesquisar	 a	 Língua	
de	 Sinais	 Brasileira.	 A	 profissão	 dos	 linguistas	 também	 cresceu.	 A	 questão	 do	
crescimento do número não é pelo ingresso no “mundo dos Surdos”, o que é pouco, 
mas sim pelos contatos diários, exposição da língua de sinais e aprofundamento do 
contexto da Surdez, da cultura e da língua de sinais durante a formação acadêmica 
(licenciaturas e bacharelados), adquirindo, assim, o “estranhamento/familiarização” 
e choque cultural durante o período de entrada neste mundo.
Aqui no Brasil, o primeiro pesquisador autodidata da Língua de Sinais 
Brasileira foi Flausino da Gama, ex-aluno e repetidor do Instituto Nacional de 
Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (Rio de Janeiro). 
Junto	 com	 o	 diretor	 publicou,	 em	 1875,	 o	 livro:	 Iconografia	 dos	 Signaes	 dos	
Surdos-Mudos,	com	as	figuras	dos	sinais	copiados	da	Língua	de	Sinais	Francesa	
20
Língua brasileira de sinais
e legendas traduzidas para o português. Neste período não estava envolvido no 
estudo da Língua de Sinais Brasileira propriamente dita. O objetivo do livro era 
difundir para a comunidade ouvinte a necessidade de aprender a Língua de Sinais 
Brasileira para poder comunicar-se com os Surdos.
Na década de 1980, em Recife, saiu o primeiro Boletim sobre o estudo da 
Língua de Sinais, elaborado pelo GELES, da UFPE – Universidade Federal de 
Pernambuco. Neste Boletim, citou-se que a língua de sinais utilizada pelos surdos 
das capitais do Brasil era denominada de LSCB, ou seja, Língua de Sinais dos 
Centros Urbanos Brasileiros, por causa da existência de outra língua de sinais 
no Brasil, a LSUK - Língua de Sinais dos índios Urubus-Kaapor, descoberta por 
um linguista americano do Summer Institute e, depois, apresentada em estudos e 
registrada em livros pela linguista Lucinda Brito.
Para preservar e defender a língua de sinais no contexto político e linguístico, 
a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS 
denominou a língua de sinais como LIBRAS – Língua de Sinais Brasileira, em 
1988. Alguns linguistas preferem referir-se a ela usando a sigla LSB, seguindo a 
nomenclatura do padrão internacional da língua de sinais que é Língua de Sinais 
Brasileira – LSB.
Em 1996, em Petrópolis, na Câmara Técnica, com o apoio da CORDE - 
Coordenadoria	 Nacional	 para	 integração	 da	 Pessoa	 Portadora	 de	 Deficiência,	
responsável pelo evento, procurou-se a introdução de subsídio ao Projeto de Lei 
da Senadora Benedita da Silva, juntamente com a FENEIS, atualmente Lei Libras 
no	10.436/02,	para	a	oficialização	da	LIBRAS	em	âmbito	nacional.	Para	reafirmar	
a importância do uso da língua de sinais na sociedade foi criada uma metodologia 
para ensino de LIBRAS pela FENEIS, com a primeira edição do material “LIBRAS 
em Contexto”, em parceria com MEC. 
Atividade de Estudos: 
1) Comente sobre a evolução do material de Libras.
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21
LibrasCapítulo 1
Para reforçar a necessidade de usar a língua de sinais no contexto educacional, 
foi realizado o II Congresso Latino-americano de Bilinguismo, em 1998, que foi 
uma era histórica na introdução da proposta de educação bilíngue para os Surdos, 
assim, podemos mostrar que a língua de sinais é de fato, de direito e verdadeira.
Mais tarde, vários/as linguistas começaram a publicar artigos e livros sobre 
a Língua de Sinais Brasileira, como Lucinda Brito, Eulália Fernandes, Ronice 
Quadros, Lodenir Karnopp, Tanya Fellipe e muitos outros.
Atividade de Estudos: 
1) Escreva em duas tabelas os nomes dos linguistas Surdos e Não-
Surdos (Ouvintes) em nível brasileiro.
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2) Igualmente, escreva os títulos dos estudos da Língua de Sinais 
Brasileira relevantes para a pesquisa da língua de sinais.
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Aos poucos, os próprios surdos começaram a participar como pesquisadores 
das línguas de sinais durante o ingresso nas universidades públicas. A 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1989, abriu o primeiro concurso 
público para professor assistente na área de Língua de Sinais Brasileira. Como 
não havia mestrado, a Universidade Federal de Santa Catarina abriu, em 2005, 
a primeira pós-graduação lato sensu (mestrado) da área linguística. No entanto, 
ainda temos poucos linguistas Surdos investigando a língua de sinais do seu país.
22
Língua brasileira de sinais
Conhecendo alguns linguistas
Os primeiros linguístas Surdos norte-americanos foram Ted 
Supalla e Carol Padden
Figura 1 – Primeiros linguistas surdos norte-americanos.
 
Fonte: Disponível em: <http://www.bcs.rochester.edu/people/supalla/
supalla1.gif&imgrefurl=http://www.bcs.rochester.edu/people/supalla/&usg=__
dE9I3HG8A7TtKEgZd7MqS>. Acesso em: 26 mai. 2011. 
 
No Brasil, a primeira professora concursada na UFRJ, Myrna 
Salerno, também é pesquisadora da Língua de Sinais Brasileira há 
vários anos.
Figura 2 – Myrna Salerno, primeira professora surda concursada na UFRJ.
 
Fonte: Disponível em < http://br-pt.sonico.com/u/14899294/Myrna-Salerno-Montei
ro&usg=__8xehc3v3vqC2l7zv70UtSQ1mNms429>. Acesso em : 25 mai. 2011. 
 A Dra. Ana Regina e Souza Campello foi uma das primeiras 
surdas a estudar a Língua de SinaisBrasileira na pós-graduação, em 
2005. Em seguida, surgiram outras linguistas formadas, assim como 
Shirley Vilhalva, Heloise Gripp e Nayara Adriano (em ordem nas fotos):
23
LibrasCapítulo 1
Figura 3 – Primeiros pesquisadores surdos da Lingua de Sinais Brasileira.
Fonte: A autora. 
Propriedades	das	línguas	e	das	
línguas	de	sinais
Temos cinco (5) propriedades da língua de sinais. Vamos ver os aspectos de 
cada propriedade e não se esqueça de acessar os links para que possa entender 
melhor, visualizando os exemplos de algumas propriedades. 
a) Flexibilidade e Versatilidade
A língua de sinais, como outras línguas faladas, tem suas características 
próprias	 e	 significativas.	 Diferentemente	 de	 outros	 códigos	 ou	 sistemas	 de	
comunicação, como o sistema de comunicação de teatro ou de mímica. A língua 
de sinais pode ser utilizada como meio de persuasão, de sugestão, de pedido, de 
ordenamento, de elaboração do pensamento no futuro; para fazer planos, emitir 
diversas	opiniões,	cantar	uma	música	 rap	ou	hip-hop,	 influenciar	a	decisão	dos	
outros e tudo o que existe na comunicação no dia a dia.
Para compreender um pouco mais sobre a Flexibilidade e a 
Versatilidade, acesse os links abaixo: 
1 – poesia - http://www.youtube.com/watch?v=TxOiY9VL0AY
2 – questões da prova de Prolibras - http://www.youtube.com/
watch?v=aPEEwDKqWzo
3 – ordem de manifestação em libras - http://www.youtube.com/
watch?v=vc0fzOOz5oM
24
Língua brasileira de sinais
Atividade de Estudos: 
1)	 A	partir	dos	vídeos	e	do	que	foi	discutido	sobre	a	flexibilidade	e	
a versatilidade da Língua de Sinais Brasileira, qual relação você 
conseguiu estabelecer desses dois conceitos teóricos. 
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b) Arbitrariedade
Os sinais da língua de sinais (os signos linguísticos) são convencionados e 
reconhecidos pela comunidade Surda, portanto, todos os sinais convencionados 
são	arbitrários.	Isso	possibilita	o	enriquecimento	da	flexibilidade	e	versatilidade	da	
língua	com	o	uso	das	imotivações	entre	a	forma	e	o	significado;	e	motivação	entre	
a	forma	e	o	significado	(iconicidade).	Também,	existem,	atualmente,	as	variações	
linguísticas de sinais de cada estado do Brasil, assim como as palavras da língua 
falada.
Exemplos:
Figura 4 - Árvore – Sinal motivado (tem 
relação	entre	a	forma	e	significado)
Figura 5 - Certo – Sinal imotivado (não 
tem	relação	entre	a	forma	e	significado)
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/
VRAsD8>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Fonte: Disponível em: <www.ines.’.br/
dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011
25
LibrasCapítulo 1
Homonímia de Sinais
Figura 6 - Óbvio (Santa Catarina) Figura 7 - Oportunidade (Rio de Janeiro)
Fonte: Disponível em: <www.
ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
Fonte: Disponível em: <www.
ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
Atividade de Estudos: 
1) Pesquise no Youtube, ou em outros sites, sobre uma das 
propriedades da língua de sinais, comentando com seus colegas 
sobre a arbitrariedade da Língua de Sinais Brasileira.
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c) Descontinuidade
Apresenta	sinais	distintos	entre	eles	e	seus	significados	são	descontinuados	
através de parâmentros e níveis linguísticos diferentes. Estes sinais não permitem 
a	confusão	entre	os	significados	apresentados	dentro	do	contexto	no	qual	será	
sinalizado. Vamos ver os exemplos abaixos: 
26
Língua brasileira de sinais
Mesma	Configuração	de	Mãos	Mesmo	ponto	de	locação	Movimento	diferente
Figura 8 - Irmã(o) (esfregar 
os dedos indicadores)
Figura 9 - Igual (os dedos indicadores 
batem ao mesmo tempo)
Fonte: Disponível em: <www.
ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
Fonte: Disponível em: <www.
ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
Configurações	de	Mãos	diferentes	Mesmo	Ponto	de	Locação	Movimento	diferente
Figura 10 - Procurar (A CM “P” 
esfrega no dorso da mão do lado 
esquerdo em movimento circular)
Figura 11 - Nu(a) (A CM “D” 
esfrega no dorso da mão esquerda 
em movimento raspante)
Fonte: Disponível em: <www.
ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
Fonte: Disponível em: <www.
ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
Mesma	Configuração	de	Mãos	Ponto	de	Locação	Diferente	Movimentos	diferentes
Figura 12 - Futuro (movimenta-
se para frente) Fonte:
Figura 13 - Férias (o sinal se 
movimenta em círculo) 
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/
AhmhGj>. Acesso em: 12 abr. 2011. Fonte: Arquivo da autora.
27
LibrasCapítulo 1
Atividade de Estudos: 
1) O que você compreende sobre a descontinuidade da Língua de 
Sinais Brasileira.
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d) Criatividade e produtividade
Os	 sinais	 podem	 ser	 produzidos	 em	 infinitas	 sentenças,	 seguindo	 de	
um	 conjunto	 finito	 de	 regras	 gramaticais	 da	 língua	 de	 sinais.	 São	 produtivas	 e	
criativas, assim como quaisquer outras línguas de diversas modalidades (escrita, 
visual, falada, retórica, etc.). 
Abaixo você tem a indicação de dois sites que ilustram a 
criatividade na língua brasileira de sinais, vale a pena você assisti-los. 
Rap em Libras - http://www.youtube.com/watch?v=ylyltLkVINw
SMS em Libras - http://www.youtube.com/watch?v=0PxbHlBWWgY
e) Dupla Articulação
A língua de sinais só funciona quando as duas articulações formam 
uma combinação. Por exemplo, uma unidade mínima por si só não tem 
significado,	 mas	 quando	 juntar	 outra	 unidade	 mínima,	 qualquer	 que	
seja	Configuração	de	Mãos,	Ponto	de	Locação	ou	Movimentos,	pode	
dar	significado	e	sentido.	Veja	o	exemplo	abaixo:
A língua de sinais 
só funciona 
quando as duas 
articulações 
formam uma 
combinação.
28
Língua brasileira de sinais
Figura 14 – Exemplo de dupla articulação
Configuração de Mãos 
(uma unidade mínima)
Juntando as 3 unidades mínimas 
(Configuração de Mãos + Movimento 
+ Ponto de Locação) = Pesquisar
Movimento 
(uma unidade mínima)
Ponto de Locação 
(uma unidade mínima)
(palma da mão)
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br/dicionariolibras>. 
Acesso em: 12 abr. 2011. (Com adaptações).
Atividade de Estudos: 
1) Pesquise exemplos de dupla articulação na língua brasileira de 
sinais. 
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LibrasCapítulo1
f) Padrão
A língua de sinais tem um conjunto de regras convencionadas pela 
comunidade Surda e não pode ser produzida de modo incorreto. Assim 
como todas as línguas, as regras devem ser observadas visualmente. 
Vamos observar os exemplos de sinais errados e certos abaixo:
Figura 15 – Sinais corretos e errados na língua de sinais.
errado certo
errado certo
Fonte:	Disponível	em:	<http://www.flickr.com/photos/acessasp/3977486434/
in/photostream/>. Acesso em: 12 abr. 2011.
g) Dependência estrutural
A língua de sinais, assim como outras línguas, tem suas relações estruturais 
entre os elementos e não ocorrem ao acaso. Vamos ver os exemplos abaixo:
• J-U-L-I-O AMAR ++++(aspecto durativo) 
• AMAR++++(aspecto durativo) J-U-L-I-O
• FACULDADE SINAL
• SINAL FACULDADE
A língua de 
sinais tem um 
conjunto de regras 
convencionadas 
pela comunidade 
Surda e não pode 
ser produzida de 
modo incorreto.
30
Língua brasileira de sinais
Atividade de Estudos: 
1) Comente sobre a dependência estrutural da língua de sinais 
brasileira. 
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Seria interessante ver a história do Pinóquio em Língua de 
Sinais	 Brasileira.	 Nele,	 você	 poderá	 ver	 as	 infinitas	 possibilidades	
que a língua de sinais oferece por ser uma língua criativa, produtiva 
e é de tirar o fôlego!
Link: http://www.youtube.com/watch?v=WNh4-sHwU1E
Os	sistemas	de	transcrição	das	
línguas	de	sinais
Há algumas questões que podem ser pensadas na pesquisa de língua de 
sinais	e	sua	 tradução,	por	exemplo:	Como	vamos	 traduzir	de	modo	fidedigno	a	
língua de sinais através dos sinalizantes? Somos capazes de captar todos os 
sinais e sua expressividade através de expressões faciais? Há tantas questões 
que podem ser resolvidas com uma ferramenta: transcrição de dados de língua 
de sinais. A transcrição de língua de sinais é muito importante para a pesquisa 
de qualquer língua de sinais do mundo. Através dela, podemos estudar, analisar, 
perceber, pesquisar, descrever, em todos os níveis de análise, uma língua 
(fonológico, morfológico e sintático). Esta ferramenta é recente nos estudos 
linguísticos de língua de sinais. Stokoe (1960) foi quem realizou o primeiro trabalho 
com a Língua de Sinais Americana (ASL). A partir de então, as línguas de sinais 
foram	reconhecidas	como	língua,	graças	às	pesquisas	analíticas	e	científicas.	
31
LibrasCapítulo 1
Aqui no Brasil, a introdução da transcrição de língua de sinais foi realizada 
pela linguista Brito (1982). O processo de transcrição de dados, desde então, 
vem sofrendo adaptações de metodologias porque a língua de sinais, através da 
modalidade	gesto-visual	e	trimendisional,	dificulta	a	captação	de	cada	detalhe	e	do	
espaço de sinais. Os avanços tecnológicos propiciaram uma melhor descrição das 
línguas de sinais, conforme apresentam Quadros; Pizzio (2007). Outros autores, 
McCleary	e	Viotti	(2007),	mostraram	a	grande	dificuldade	nos	sistemas	de	notação,	
ou seja, nas formas de representar os sinais nos sistemas de transcrição de dados 
porque cada grupo de pesquisa utiliza uma notação diferente ou adaptações de 
um	mesmo	sistema	de	notação,	de	acordo	com	seu	objeto	de	estudo,	dificultando,	
assim, a padronização e propõem, no futuro, o armazenamento dos trabalhos 
coletados em um único banco de dados, acessível a qualquer pesquisador. 
a) Sistema de Transcrição para a LIBRAS 
As línguas de sinais têm características próprias e existem sistemas 
de convenções. Antigamente, usavam-se estas convenções (veja tabela 
a seguir) para escrevê-las, utilizando vídeo para reproduzir a distância. 
Este sistema, conforme Felipe (1988,1991,1993), é um “Sistema de 
notação em palavras” porque as palavras de uma língua oral-auditiva 
são utilizadas para representar aproximadamente os sinais. Estas 
convenções vêm sendo utilizadas para poder representar, linearmente, 
uma língua espaço-visual, que é tridimensional. Veja abaixo a tabela 
comparando os estudos de Brito (1982) e Felipe (1988,1991,1993).
Quadro 1 – Comparação dos estudos de Brito (1995) e Felipe (1988, 1991, 1993).
CATEGORIAS BRITO (1984) FELIPE (1988,1991,1993)
GLOSA
Letra maiúscula em português para con-
ceitos da LIBRAS:
HOMEM TRABALHAR MUITO.
O verbo vem sempre na forma infinitiva, 
posto que não há flexão para modo e 
tempo verbal em LIBRAS.
Os sinais da LIBRAS, para efeito 
de simplificação, serão represen-
tados por itens lexicais da Língua 
Portuguesa (LP) em letras maiúscu-
las. Exemplos: CASA, ESTUDAR, 
CRIANÇA, etc.
PALAVRA 
COM HÍFEN
Quando duas ou mais palavras em 
português são necessárias para traduzir o 
conceito que é representado por um único 
sinal em LIBRAS, eles devem ser ligados 
por hífen.
NÃO-QUERER, BEBER-PINGA, COMER-
-MAÇÃ.
Um sinal, que é traduzido por 
duas ou mais palavras em língua 
portuguesa, será representado 
pelas palavras correspondentes, 
separadas por hífen, por exemplo: 
CORTAR-COM-FACA, QUER-
ER-NÃO “não querer”, MEIO-DIA, 
AINDA-NÃO, etc.
Sistema de notação 
em palavras” 
porque as palavras 
de uma língua 
oral-auditiva 
são utilizadas 
para representar 
aproximadamente 
os sinais.
32
Língua brasileira de sinais
SINAL COMPOS-
TO
Um sinal composto, formado por 
dois ou mais sinais, que será repre-
sentado por duas ou mais palavras, 
mas com a ideia de uma única coisa, 
serão separados pelo símbolo ^, por 
exemplo: CAVALO^LISTRA (zebra).
DATILOLOGIA
Usamos letras separadas pelo hífen 
quando se trata de soletração digital:
#J-O-Ã-O#R-I-O
Este tipo de soletração é usado quando 
se trata de nome próprio de pessoa e de 
lugar ou, então, quando não há sinal para 
o conceito expresso na palavra da Língua 
Portuguesa. É o caso dos empréstimos, 
marcados por #.
A datilologia ( alfabeto manual), que 
é usada para expressar nome de 
pessoas, de localidades e outras 
palavras que não possuem um sinal, 
está representada pela palavra 
separada, letra por letra, por hífen, 
por exemplo: J-O-Ã-O, A-N-E-S-T-
E-S-I-A.
SINAL SOLETRA-
DO
O sinal soletrado, ou seja, uma 
palavra da língua portuguesa que, 
por empréstimo, passou a pertencer 
à LIBRAS por ser expressa pelo 
alfabeto manual com uma incorpo-
ração de movimento próprio desta 
língua, está sendo representado pela 
datilologia do sinal em itálico, por 
exemplos: R-S “reais”, A-C-H-O, 
QUM “quem”, N-U-N-C-A, etc.
DESINÊNCIAS
Como se pode observar em Verbo-Di-
recional e Pronomes (tabela a seguir), 
não há marcação de gênero nem nos 
verbos com flexão ou direcionais e nem 
nos pronomes. Assim, se a pessoa é do 
sexo feminino, esta informação deverá 
ser inferida através do contexto. No caso 
de ambiguidade, o enunciador pode se 
servir do sinal feminino (sinal que aparece 
nas expressões menina em oposição a 
menino) após o pronome ou antes dele.
Na LIBRAS não há desinências para 
gêneros (masculino e feminino) e nú-
mero (plural), o sinal, representado 
por palavra da Língua Portuguesa 
que possui estas marcas, está termi-
nado com o símbolo @ para reforçar 
a ideia de ausência e não haver 
confusão, por exemplo: AMIG@ 
“amiga(s) e amigo(s)” , FRI@ “fria(s) 
e frio(s)”, MUIT@ “muita(s) e mui-
to(s)”, TOD@, “toda(s) e todo(s)”, 
EL@ “ela(s), ele(s)”, ME@ “mi-
nha(s) e meu(s)” etc.
33
LibrasCapítulo 1
TRAÇOS NÃO 
MANUAIS
As expressões faciais e corporais podem 
expressar interrogação 
(___ ____), exclamação (__!___), topi-
calização (__t___), negação (___ñ___), 
intensidade (___int___), força ilocucioná-
ria (___EFp____), no caso de um pedido, 
(___EFo___), no caso de uma ordem, 
etc., e serão representadas, respectiva-
mente, pelos símbolos abaixo, entre os 
pontilhados acima da porção do enuncia-
do onde elas aparecem:
__t___
CARRO, EU COMPRAR NOVO (Eu 
comprei um carro novo)
_____
NOME, pro2 (Qual é o seu nome )
___!____
BONITO Loc1 (Que bonito isto aí!)
___ñ____
ACREDITAR VOCÊ (Não acredito em 
você)
Os traços não-manuais: expressões 
facial e corporal, que são feitos 
simultaneamente com um sinal, 
estão representados acima do sinal 
ao qual está acrescentando alguma 
ideia, que pode ser em relação ao: 
 a) tipo de frase ou advérbio de 
modo: interrogativa ou ... i ... neg-
ativa ou ... neg ... etc. 
 Para simplificação, serão utiliza-
dos, para a representação de frases 
nas formas exclamativas e inter-
rogativas, os sinais de pontuação 
utilizados na escrita das línguas 
orais-auditivas, ou seja: !, ? e ?! 
 b) advérbio de modo ou um inten-
sificador: muito rapidamente exp.f 
“espantado” etc. 
 Exemplos: 
exclamativo 
 NOME
TRAÇOS NÃO 
MANUAIS
VERBOS COM 
CONCORDÂNCIA 
DE GÊNERO 
ATRAVÉS DE 
CLASSIFICADO-
RES
Os verbos que possuem concordân-
cia de gênero (pessoa, coisa, 
animal), através de classificadores, 
estão representados por um tipo de 
classificador em subscrito. Exem-
plos: 
pessoaANDAR, 
veículoANDAR, 
coisa-arredondadaCOLOCAR, etc.
34
Língua brasileira de sinais
VERBOS COM 
CONCORDÂNCIA 
DE LUGAR OU 
NÚMERO-PES-
SOAL
Os verbos que possuem concordân-
cia de lugar ou número-pessoal, 
através do movimento direcionado, 
estão representados pela palavra 
correspondente com uma letra em 
subscrito que indicará: 
a) a variável para o lugar: 
i = ponto próximo à 1a pessoa, 
j = ponto próximo à 2a pessoa, 
e k’ = pontos próximos à 
3a pessoas, e = esquerda, 
d = direita; 
b) as pessoas gramaticais: 
1s, 2s, 3s = 1a, 2a e 3a pessoas 
do singular; 
1d, 2d, 3d = 1a, 2a e 3a pessoas 
do plural; 
1p, 2p, 3p = 1a, 2a e 3a pessoas 
do plural; 
Exemplos: 
1s DAR2S “eu dou para “você”, 
2sPERGUNTAR3P “você pergunta 
para eles/elas”, 
 kdANDARk,e “andar da direita (d) 
para à esquerda (e)
PLURAL
Às vezes, há uma marca de plural 
pela repetição do sinal. Esta marca 
será representada por uma cruz no 
lado direto, acima do sinal que está 
sendo repetido: 
 Exemplo: GAROTA + 
35
LibrasCapítulo 1
SINAL COM 
DUAS MÃOS
Quando um único enunciado é realizado 
com ambas as mãos ao mesmo tempo, 
colocam-se os sinais simultâneos um 
acima do outro, isto é, em linhas difer-
entes, vindo na primeira linha o(s) sinal(is) 
realizado(s) com a mão dominante (mão 
direita para os destros).
Outras estratégias podem ser utilizadas 
na transcrição de enunciados e textos, 
porém, estas são as mais básicas e nos 
limitaremos a elas, que constam no livro 
da autora Lucinda Brito.
Quando um sinal, que geralmente é 
feito somente com uma das mãos, 
ou dois sinais estão sendo feitos 
pelas duas mãos simultaneamen-
te, serão representados um traço 
abaixo do outro com indicação das 
mãos: direita (md) e esquerda (me). 
 Exemplos: 
IGUAL (md) PESSO@-MUIT@
ANDAR (me) 
IGUAL (me) PESSOAEM-PÉ (md).
VERBO DIRECIO-
NAL
Quando o verbo é direcional, isto é, apre-
senta flexão, marcando sujeito e objeto, 
usamos números de 1 a 3 para marcar as 
pessoas no singular ou 1p, 2p e 3p para 
as pessoas do plural.
1DAR2 LIVRO (Eu dei o livro para você)
3pTELEFONAR1 ONTEM (Elas/eles me 
telefonaram ontem)
3PERGUNTAR1p VERDADE (Ele/Ela nos 
disse a verdade).
PRONOMES
Os pronomes em LIBRAS são representa-
dos da seguinte forma:
pro3 NÂO-GOSTAR pro1 (Ela/ele não 
gosta de mim)
PRONOME DE-
MONSTRATIVO 
OU ADVÉRBIO 
DE LUGAR
Os pronomes demonstrativos e os advér-
bios de lugar são representados por
Loc i - este/aqui
Loc j – esse/aí
Loc k – aquele/a, ali/lá
Loc é o símbolo para locativo.
CLASSIFICADO-
RES
Os classificadores são representados 
pelas iniciais CL: acompanhadas de 
símbolos de configuração de mãos que 
são utilizadas para representar a classe 
semântica que representam.
CARRO CL: V BATER CL: G1 POSTE (O 
carro bateu no poste)
Fonte: Disponível em: <http://www.ines.gov.br/ines_
livros/37/37_003.HTM>. Acesso em: 12 abr. 2011.
36
Língua brasileira de sinais
Atividade de Estudos: 
1) Para praticar a transcrição de língua de sinais, use os sistemas 
de Brito e Felipe para analisar os sinais pelo link: http://www.
youtube.com/watch?v=xnK25QJgSYc 
 Resposta abaixo:
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b) Sistemas de transcrição em Libras
Com as tecnologias avançadas, foram criados vários sistemas de transcrição 
de dados em línguas de sinais disponíveis, a seguir você poderá listamos os 
sistemas mais utilizados, com uma breve explicação e o link para que você possa 
acessá-los: 
BTS - Berkeley Transcription System - Berkeley System (BTS) 
foi projetado para a transcrição de sinais através de vídeos com a 
linguagem	ao	nível	 do	 significado	dos	componentes.	O	objetivo	do	
sistema BTS é fornecer um meio de transcrever a língua de sinais 
com os seguintes objetivos:
37
LibrasCapítulo 1
• Compatibilidade com programas de chat formato e CLAN (Childes);
• representação linear numa linha contínua digitada, utilizando 
apenas caracteres ASCII;
• representação	ao	nível	do	significado	dos	componentes;
• A representação plena de elementos de verbos polycomponential;
• representação dos elementos manual e não-manual;
• representação de seu olhar, desvio de função, atenção visual;
• representação de gestos e de outros atos comunicativos;
• notação das características de interação adulto-criança (sinais 
das crianças e seus erros, que se sobrepõem através de 
autocorreção).
File Make Pro – Desenvolvido para gerenciar detalhes, monitorar, 
organizar e arquivar fotos, vídeos e outros arquivos multimídia, exibir 
informações da web ao vivo, ligadas aos seus dados no seu banco 
de dados. Possui conexões ao vivo de duas vias para os seus dados 
SQL e suas organizações. Compartilha dados com o Windows e Mac 
simultaneamente através da rede ou através da web. Site: <http://
www.filemaker.com/>.
ANVIL (Annotation of video and language data). Desenvolvido 
por Michael Kipp, do DFKI (Centro Alemão para Pesquisas em 
Inteligência	Artificial),	para	a	anotação	de	comunicação	não-verbal.	
Permite múltiplas trilhas customizáveis para anotações. Disponível 
gratuitamente	para	fins	educacionais	e	de	pesquisa.	
Para plataformas PC, Mac e Unix. Site: <http://dfki.de/~kipp/
anvil/>.
ELAN (EUDICO - Linguistic Annotator). Criado pelo Instituto Max 
Planck	de	Psicolinguística	especificamente	para	análise	 linguística,	
está sendo desenvolvido junto a um grupo de pesquisadores de 
línguas de sinais. Permite múltiplas trilhas customizáveis para 
anotações e vídeos simultâneos. Distribuído gratuitamente para 
plataformas PC, Mac e Unix. 
Site: <http://www.lat-mpi.eu/tools/elan/>.
CLAN (Computerized Language Analysis). Desenvolvido na 
Universidade
Carnegie Mellon para analisar dados transcritos no formato 
CHILDES. Não é um software	 específico	 para	 transcrição	 a	 partir	
38
Língua brasileira de sinais
de vídeo, mas permite a interligação de trechos da transcrição com 
trechos de áudio e vídeo. Compatível com o Berkeley transcription 
system for sign language research (BTS). Distribuído gratuitamente 
para plataformas PC, Mac e Unix na base de troca de dados com o 
projeto CHILDES. 
Site: <http://childes.psy.cmu.edu/>.
SIGNSTREAM. Desenvolvido pelo American Sign Language 
Linguistic Research Project, da Universidade de Boston, 
especificamentepara	 pesquisa	 com	 línguas	 sinalizadas.	 Permite	
múltiplas trilhas customizáveis para anotações e vídeos simultâneos. 
Disponível para plataforma Mac, mediante compra de licença por 
uma quantia simbólica. 
Site: <http://www.bu.edu/asllrp/SignStream/>.
TRANSANA. Ferramenta para transcrição e análise qualitativa 
de dados em áudio e vídeo, desenvolvida no Wisconsin Center for 
Education Research. Permite interligação de trechos da transcrição 
com	trechos	de	áudio	e	vídeo.	Transcrição	livre,	sem	predefinição	de	
trilhas. Disponível gratuitamente para plataforma Windows. 
Site: <http://www.transana.org/>.
Destes vários sistemas de transcrição, o ELAN é o que tem sido utilizado 
pelos pesquisadores, linguistas e bolsistas de projeto de pesquisa de língua de 
sinais aqui no Brasil, na tentativa de padronizar as transcrições da Língua de 
Sinais Brasileira. 
Por esta razão, vamos ler a reprodução da parte do texto base das autoras 
(QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 2008, p.39)sobre o ELAN: 
[...] é descrito como uma ferramenta de anotação que 
permite que você possa criar, editar, visualizar e procurar 
anotações através de dados de vídeo e áudio. Foi projetado 
especificamente	para	a	análise	de	línguas,	da	língua	de	sinais	
e de gestos, mas pode ser usado por todos que trabalham 
com corpora de mídias, isto é, com dados de vídeo e/ou áudio, 
para	finalidades	de	anotação,	de	análise	e	de	documentação	
destes. É de fácil interface entre as diferentes informações, 
permitindo um número ilimitado de registros determinado pelos 
pesquisadores. Comporta conjuntos de diferentes caracteres 
39
LibrasCapítulo 1
e exporta os registros como documentos de texto. Através 
deste sistema, o pesquisador pode visualizar diferentes 
blocos de informação simultaneamente (como os vídeos, as 
glosas, as traduções das glosas, as marcas não-manuais, 
os sons associados aos sinais, o contexto, os comentários, 
entre	 outros.).	 No	 momento	 em	 que	 o	 pesquisador	 fixa	 em	
um ponto determinado da transcrição, imediatamente os 
outros blocos de informação relacionados a ela aparecem. 
Os vídeos podem ser salvos como documentos *.mpg ou 
*.mov e visualizados de diferentes formas. Até quatro vídeos 
podem ser visualizados simultaneamente, sendo que os 
mesmos podem ser sincronizados (no caso de vídeos de uma 
mesma imagem, porém de ângulos diferentes) com o mesmo 
tempo. É possível, inclusive, abrir uma tela exclusiva para os 
vídeos que podem ser rodados no tamanho da tela e facilitar 
a visualização de detalhes. Os vídeos podem ser rodados 
em diferentes velocidades e cada quadro pode ser localizado 
apresentando-se uma variedade grande de opções (próximo 
quadro,	 quadro	 anterior,	 começo	 do	 vídeo,	 final	 do	 vídeo,	
volta um segundo, segue um segundo, volta um pixel (menor 
unidade de imagem)). 
Algumas	Considerações
Apresentamos, neste capítulo, os objetivos, as funções e a competência dos 
linguistas da área de língua de sinais. Para ter a “imersão” da Língua de Sinais 
Brasileira, é fundamental ter na mente a ampliação de conhecimento sobre o 
uso das propriedades da Língua de Sinais Brasileira utilizada pela comunidade 
Surda. E para ambientar, gravar, analisar os dados da língua de sinais, use os 
vários sistemas de transcrição de sinais, de acordo com a possibilidade, o tempo 
e a facilidade do manuseio das ferramentas na prática de transcrição. Com o 
desenvolvimento	 da	 tecnologia,	 a	 ferramenta	 de	 transcrição	 ficou	 mais	 fácil	 e	
acessível ao público em geral.
Referências
BRASIL. Lei no 10.436 de 24 de abril de 2002. Estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional. Brasília: MEC. Disponível em: < http://www.planalto.gov.
br/ccivil/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 25 maio 2011.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de Línguas de Sinais. Rio de 
Janeiro:	Tempo	Brasileiro:	UFRJ,	Departamento	de	Lingüística	e	Filosofia,	1982.
40
Língua brasileira de sinais
BULWER, J. Chirologia: or the Naturall Language of the Hand and Chironomia: 
or the art of manual rhetoric. [London] Carbondale and Edwardsville: Southern 
Illinois University Press, 1644.
ERICKSON, F. What Makes School Ethnography Ethnographic: Antropology 
and Education Quarterly. Porto: editor do Porto, 1984. 
______. Qualitative methods in research on teaching. In: WITTROCK, M.C. 
(Org.). Handbook of research on teaching. New York: MacMillan, 1986. 
FELIPE, T.A. O Signo Gestual-Visual e sua Estrutura Frasal na Língua 
dos Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros. Dissertação (Mestrado) - 
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1988. 
______. Coesão Textual em Narrativas Pessoais na LSCB.	Monografia	
de conclusão da disciplina História da Análise do Discurso, (Doutorado em 
Lingüística) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991 
______. Por uma tipologia dos verbos da LSCB. In: ENCONTRO NACIONAL DA 
ANPOLL, 7, 1993 Goiânia, Anais... Goiânia: Lingüística, 1993. p. 724-744.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicionário eletrônico Houaiss da Língua 
Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva/Instituto Houaiss, 2001. CD-Rom 1.
INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DOS SURDOS - INES. Disponível em: 
<ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
McCLEARY,L.; VIOTTI, E. Transcrição de dados de uma língua sinalizada: um 
estudo piloto da transcrição de narrativas na língua de sinais brasileira (LSB). In: 
SALLES, H. (Org.) Bilinguismo e surdez. Questões linguísticas e educacionais. 
Goiânia: Cânone Editorial, 2007.
QUADROS, R. M. de; PIZZIO, A. L.; REZENDE, P. Libras – IV. Texto Base da 
Letras – Libras - Ensino a Distância. UFSC: Florianópolis, 2008.
QUADROS, R. M. de; PIZZIO, A. L. Aquisição da língua de sinais brasileira: 
constituição e transcrição dos corpora. In: SALLES, H. (Org.) Bilinguismo e 
surdez. Questões linguísticas e educacionais. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. 
QUADROS, R. M. de. Efeitos de Modalidade de Língua: As Línguas de Sinais. 
Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.167-177, jun. 2006. Disponível 
em: <http://143.106.58.55/revista/viewarticle.php?id=120&layout=abstract>. 
Acesso em: 12 abr. 2011.
41
LibrasCapítulo 1
WILCOX, Sherman. Aprender a Ver. Petrópolis: Ed. Arara-Azul, 2005. Disponível 
em: <http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/livro2.pdf>. Acesso em: 12 abr. 
2011.
STOKOE, James. Decorative and ornamental brickwork: 162 photographic 
illustrations. New York : Dover Publications, 1960.
42
Língua brasileira de sinais
CAPÍTULO 2
Fonologia	da	Língua	de	Sinais
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Constatar o processo fonológico da língua de sinais brasileira. 
 9 Comparar a diferença entre a língua de sinais e a língua oral.
 9 Compreender os cinco parâmetros da língua de sinais.
 9 Aprofundar	 o	 conceito	 sobre	 Configuração	 de	 Mãos,	 Ponto	 de	 Locação,	
Orientações de Mãos, Movimento e Expressões Faciais/Corporais.
44
Língua brasileira de sinais
45
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
Contextualização
Vamos conhecer, neste capítulo, os conceitos e exemplos na área da fonologia 
dos	sinais,	principalmente,	das	unidades	funcionais	do	sinal	-	configuração	de	mão,	
movimento, locação, orientação de mãos, bem como expressões faciais e corporais. 
Além disso, iremos conhecer e compreender as restrições na formação de sinais.
A Fonologia das Línguas de Sinais, presente nos aspectos teóricos deste 
caderno, explica que a fonologia faz parte do ramo da linguística. O objetivo dela 
é	identificar	a	estrutura	e	a	organização	dos	constituintes	fonológicos,	elucidando	
descrições e explicações. Também oferece uma teorização básica e uma revisão 
da literatura na área da fonologia dos sinais. Vamos conhecer, neste capítulo, 
os conceitos e exemplos na área da fonologia dos sinais, principalmente, das 
unidades	 funcionais	 do	 sinal	 -	 configuração	 de	 mão,	 movimento,	 locação,	
orientação de mãos, bem como expressões faciais e corporais. 
Neste capítulo iremos aprenderum pouco sobre a fonologia da língua de 
brasileira de sinais, para tanto este capítulo está dividido em três seções: 1) 
Organização fonológica das línguas de sinais; 2) Parâmetros da Língua de Sinais; 
3) As restrições na formação de sinais. 
Organização	fonológica	das	línguas	
de	sinais
As línguas de sinais por serem da modalidade gestual-visual (ou 
espaço-visual), cuja informação linguística é recebida e vista pelos 
olhos, são produzidas e sinalizadas pelas mãos. 
A organização fonológica da língua de sinais possui dois 
parâmetros, que são:
• primários:	 são	 as	 mãos	 (configuração	 de	 mãos),	 que	 se	
movimentam no espaço em frente ao corpo do interlocutor 
(movimentos) e o espaço onde se articulam os sinais em 
determinados pontos (locações).
• secundários: as mãos se posicionam de acordo com o movimento 
(orientações de mãos) e o interlocutor usa várias expressões corporais e 
faciais como elementos extralinguísticos.
As línguas de 
sinais por serem 
da modalidade 
gestual-visual (ou 
espaço-visual), 
cuja informação 
linguística é 
recebida e vista 
pelos olhos, são 
produzidas e 
sinalizadas pelas 
mãos. 
46
Língua brasileira de sinais
Sobre o sinal, que é o léxico ou sinalário (no caso da língua de 
sinais), pode-se dizer que tem os mesmos princípios linguísticos que a 
palavra das línguas orais, pois tem uma gramática. 
Um sinal pode ser utilizado em:
a) Uma mão – para articular um sinal, dependendo do discurso do 
interlocutor, como mostra o exemplo abaixo:
 
Figura 16 – Sinal: Cavalo
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
b) Duas mãos - um sinal pode ser articulado com as duas mãos, por exemplo:
 
Figura 17- Sinal: Cruz
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 10 abr. 2011.
c) Duas mãos na condição de simetria – um sinal pode ser articulado com as 
duas mãos em um mesmo movimento, por exemplo:
Figura 18 - Sinal: blusa (movimento de cima para baixo)
 
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
O sinal tem os 
mesmos princípios 
linguísticos que a 
palavra das línguas 
orais, pois tem uma 
gramática. 
47
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
d) Duas mãos na condição de assimetria – um sinal pode ser articulado com 
as duas mãos em movimentos diferentes (alternância de movimentos), por 
exemplo:
Figura 19 - Sinal: economia, administração, econômico (movimento em rotação)
 
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
e) Uma mão dominante e outra mão não-dominante (passiva) – de acordo com a 
restrição de sinais e de interação entre as mãos, um sinal pode ser articulado 
com	as	duas	mãos	com	configuração	de	mãos	iguais	e	movimentos	diferentes,	
por exemplo:
Figura 20 - Sinal: árvore (o cotovelo do braço direito – braço dominante - pousa 
em cima do dorso da outra mão esquerda – mão não-dominante ou passiva).
 
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
f) Uma mão dominante e outra mão não-dominante (passiva) – de acordo com a 
restrição de sinais e de interação entre as mãos, um sinal pode ser articulado 
com	 as	 duas	 mãos	 com	 configuração	 de	 mãos	 diferente	 e	 movimentos	
diferentes, por exemplo:
Figura 21 - Sinal: nu (o dedo da mão direita – mão dominante - movimenta raspando 
levemente	no	dorso	da	mão	esquerda	que	fica	parada	–	mão	não-dominante	ou	passiva)
 
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
48
Língua brasileira de sinais
g) Mão destra ou mão canhota – o sinal pode ser articulado de acordo com a 
habilidade do interlocutor. Para restringir o sinal de acordo com a habilidade 
das mãos, tem-se que usar a posição do braço e das mãos em vertical, por 
exemplo:
 
Figura 22 - Mão esquerda
Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=p0YMldORFDA>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Figura 23 - Mão direita
 
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
É	errado	usar	as	duas	mãos	sem	critério,	como	mostram	as	figuras	
a seguir. Na primeira, o usuário usou a mão direita e, na segunda, usou 
a mão esquerda. A posição do sinal “amar” é sempre no lado esquerdo.
 
Figuras 24 e 25 – Uso equivocado das mãos
Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=8VK7LeVy5p8>. Acesso em: 12 abr. 2011.
É errado usar as 
duas mãos sem 
critério.
49
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
Atividade de Estudos: 
1) Procure nos dicionários digitais (www.ines.gov.br e outros) ou no 
youtube as palavras-chave sinais em libras e capture 10 sinais 
diferentes: 5 mostrando o uso de duas mãos e 5 mostrando o 
uso de apenas uma mão (tanto na habilidade esquerda quanto 
na direita). Se souber adivinhar os nomes, escreva-os abaixo da 
imagem capturada.
Dica: para conseguir capturar as imagens do site, sugirimos que 
clique nas teclas CTRL + PRTSC SYSRQ e ao mesmo tempo sobre 
a imagem e passe para PAINT. 
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Parâmetros	da	Língua	de	Sinais
Nos anos de 1960 a 1970, o pesquisador e professor americano Stokoe 
e seu grupo de pesquisadores se dedicaram à pesquisa de línguas de sinais, 
comparando as estruturas e a organização dos elementos das línguas de sinais 
com os das línguas orais. Descobriram que na descrição e análise estrutural da 
Língua de Sinais Americana (ASL) os sinais são vistos como partes de um todo 
(fonemas que compõem morfemas e sinais). 
Stokoe (1982) propôs os parâmetros em ASL, cujas unidades não são 
carregadas separadamentes, assim como:
		 (1)	 a.	Configuração	de	mão	(CM)		
 b. Locação da mão (L) 
 c. Movimento da mão (M)
50
Língua brasileira de sinais
Para validar a teoria do Stokoe, Hulst (1993 apud QUADROS; KARNOPP, 
2005) mostra as diferenças entre as duas línguas: orais (sequencialidade) e de 
sinais (simultaneidade), como mostra o quadro abaixo:
µ = morfema. 
[	 ]	 =	 um	 fonema	 ou	 conjunto	 de	 especificações	 representando	 uma	
determinada palavra (CM, M ou L).
Quadro 2 – Diferenças entre línguas orais e de sinais
[s] [o] [l]
µ
sol
Língua oral 
 [ ] (CM)
 µ
 sol [ ] (M)
 [ ] (L)
Língua de Sinais
Fonte: Quadros e Karnopp (2005, p. 49).
Veja	 abaixo	 a	 figura	 dos	 parâmetros	 fonológicos	 da	 Língua	 de	 Sinais	
Brasileira:
 
Figura 26 – Parâmetros fonológicos da Língua de Sinais Brasileira
Fonte: Disponível em: <http://www.rebecanemer.com.br/
surdos/libras.html>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Durante a análise, Stokoe estabeleceu o primeiro parâmetro: 
configuração	 de	 mãos,	 locação	 e	 movimentos.	 Depois,	 com	 o	
pesquisador Battison (1974, 1978 apud QUADROS; KARNOPP, 
2005), estabeleceu o segundo parâmetro que é: orientação de mãos e 
expressões faciais e corporais. Os novos conceitos passaram a fazer 
parte do sistema fonológico de línguas de sinais. Em 1990, aqui no 
Brasil, a linguísta Lucinda Brito (1990, 1995) apresentou no seu livro as 
propriedades de cada parâmetro de Língua de Sinais Brasileira.
Cada unidade do 
parâmetro tem 
seus aspectos 
diferentes. Para 
comparar a sua 
diferença, cabe 
aos pesquisadores 
identificar cada 
unidade, usando 
os contrastes 
que mostram 
suas diferenças 
no significado 
dos sinais. Suas 
diferenças de 
significados são 
denominadas de 
pares mínimos.
51
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
Cada unidade do parâmetro tem seus aspectos diferentes. Para comparar 
a	 sua	 diferença,	 cabe	 aos	 pesquisadores	 identificar	 cada	 unidade,	 usando	 os	
contrastes	quemostram	suas	diferenças	no	significado	dos	sinais.	Suas	diferenças	
de	significados	são	denominadas	de	pares	mínimos.
Exemplo:
Figuras	27	e	28	-	Sinais	em	configuração	de	mãos	iguais	e	movimentos	diferentes
saber
Sinais	em	configuração	de	mãos	iguais	e	movimentos	diferentes
entender
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Figuras	29	e	30	–	Sinais	em	configuração	de	mãos	iguais	e	locação	diferente
Sinais	em	configuração	de	mãos	iguais	e	locação	diferente
 
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Figuras	31	e	32	–	Sinais	em	configuração	de	mãos	diferentes	e	locação	igual
Deixar para lá
Sinais	em	configuração	de	mãos	diferentes	e	locação	igual
Mentira, mentir
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
52
Língua brasileira de sinais
O que é par mínimo?
Na fonologia, o par mínimo são duas palavras ou frases, numa 
determinada língua, que dependem unicamente de um só fonema 
para	distinguir	o	seu	significado.	São	comumente	usados	para	indicar	
que dois sons constituem dois fonemas distintos nessa língua.
Ex: 
a) Língua Portuguesa – bola / cola
b) Língua de Sinais – aprender / laranja
 
Figuras 33 e 34 – Indicação de um par mínimo na língua de sinais.
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Atividade de Estudos: 
Vamos exercitar com os olhos!
1) Procure nos dicionários digitais (www.ines.gov.br e outros) ou 
no youtube	 as	 palavras	 chaves:	 sinais	 em	 libras	 e	 identifique	
dez pares mínimos de cada tipo, diferentes dos que foram 
apresentados no material, ou seja, com diferença apenas na 
configuração	da	mão,	apenas	na	locação	e	apenas	no	movimento.	
Vamos conhecer cada unidade dos parâmetros a seguir:
a)		Configuração	de	Mãos
É uma unidade mínima da fonologia da língua de sinais brasileira. Muitos 
pesquisadores e linguistas (BRITO, 1995; FELIPE, 1998) apresentaram vários 
53
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
inventários	 de	 Configuração	 de	 Mãos	 que	 são	 coletados	 em	 diversas	 cidades	
do	 Brasil.	 Porém,	 atualmente,	 apresentaremos	 as	 75	 configurações	 de	 mãos,	
conforme o quadro da linguista Faria-Nascimento (2009) abaixo:
 
Figura	35	–	Configuração	de	mãos
Fonte: Faria-Nascimento (2009).
O	 que	 é	 Configuração	 de	 Mãos?	 É	 uma	 unidade	 mínima	
fonético-fonológica da língua de sinais. Na língua portuguesa, a 
palavra ou item lexical “certo” é formada dos seguintes componentes 
ou unidades, por exemplo: 
em português falado 
/sertu/ 
Temos aqui cinco sons ou fonemas, isto é, cinco componentes 
ou unidades mínimas da palavra falada “certo”. 
em português escrito 
certo 
54
Língua brasileira de sinais
Fonte: Exemplo tirado do site <www.ines.gov.br>.
Na libras
O sinal “certo” a CM é utilizado pelo número 62 
 
Figura 36 – Sinal de “certo”.
Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011.
Se está interessado(a) em conhecer as unidades mínimas de 
fonética e fonemas da língua portuguesa, acesse o site: http://web.
letras.up.pt/srodrigues/pdfs/term_ling_actas.pdf
Lá você vai entender o porquê do uso de fonemas das línguas 
orais serem distintas da língua de sinais. O nosso “fonema” é a 
Configuração	de	Mãos.
Acesse o site www.ines.gov.br, veja no lado esquerdo a tabela 
“Ordem”,	clique	 “Mãos”	e	verá	as	diversas	configurações	de	mãos.	
Se você for clicando em cada um deles e acabará aprendendo que 
cada	configuração	de	mãos	tem	os	seus	sinais	próprios.
55
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
Durante a articulação de sinais, através dos dedos ou das palmas das mãos, 
a	 CM	 pode	 permanecer	 na	 mesma	 ou	 mudar	 para	 outra	 configuração.	 Nesta	
mudança, acontece o movimento interno ou externo da mão, que é o ponto 
principal da CM.
b) Movimento
Os	 autores	 Ferreira-Brito	 e	 Langevin	 (1995)	 definem	 que	 os	
movimentos das mãos do enunciador na língua de sinais precisam 
representar o objeto e o espaço. A complexidade do movimento, como 
um dos parâmetros, ocorre porque envolve várias formas e direções, 
tais como movimentos internos, externos, os movimentos do pulso e os 
movimentos direcionais no espaço. (KLIMA; BELLUGI, 1979).
Não são somente estes tipos de movimentos, a autora Ferreira-
Brito (1990) enfatiza que o movimento pode estar também no antebraço. 
Os movimentos direcionais podem ser unidirecionais, bidirecionais 
ou multidirecionais. A maneira descreve a categoria que envolve a 
qualidade, a tensão e a velocidade do movimento. A frequência se 
refere ao número de repetições de um movimento. Veja abaixo o quadro 
das categorias do movimento.
TIPO
Contorno ou forma geométrica: retilíneo, helicoidal, circular, semicircular, sinuoso, angular, 
pontual;
Interação: alternado, de aproximação, de separação, de inserção, cruzado;
Contato: de ligação, de agarrar, de deslizamento, de toque, de esfregar, de riscar, de escovar ou 
de pincelar;
Torcedura do pulso: rotação, com refreamento;
Dobramento do pulso: para cima, para baixo;
Interno das mãos: abertura, fechamento, curvamento e dobramento (simultâneo/ gradativo).
DIRECIONALIDADE
Direcional
- Unidirecional: para cima, para baixo, para direita, para esquerda, para dentro, para fora, para 
o centro, para a lateral inferior esquerda, para a lateral inferior direita, para a lateral superior 
esquerda, para a lateral superior direita, para um específico ponto referencial;
- Bidirecional: para cima e para baixo, para esquerda e para direita, para dentro e para fora, para 
as laterais opostas – superior direita e inferior esquerda;
Não-direcional
Ferreira-Brito e 
Langevin (1995) 
definem que 
os movimentos 
das mãos do 
enunciador 
na língua de 
sinais precisam 
representar o 
objeto e o espaço.
56
Língua brasileira de sinais
MANEIRA
Qualidade, tensão e velocidade:
- contínuo;
- de retenção;
- refreado.
FREQUÊNCIA
Repetição:
- simples;
- repetido.
Quadro 3 - Categorias do parâmetro Movimento na LIBRAS
Fonte: Ferreira-Brito (1990).
O que é Movimento?
Define	 os	movimentos	 das	mãos	 do	 enunciador	 na	 língua	 de	
sinais.
Veja o movimento das mãos do Intérprete de Língua de 
Sinais no noticiário, clique no site: http://www.youtube.com/
watch?v=9HBH9g1M8ZU
Aprecie os tipos: direcionalidade, maneira e frequência.
Atividade de Estudos: 
1) Clique no site www.ines.gov.br e observe os cincos sinais: casa, 
pato, trabalhar, economia e nascer.
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57
Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2
2) Descreva todos os sinais acima mencionados, o tipo de 
direcionalidade, a maneira e a frequência. 
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c) Locação
Há vários autores brasileiros que utilizam terminologia diferente, assim como 
Ponto de Articulação, Ponto de Locação ou mesmo Locação, mas os conceitos 
são os mesmos. 
A	 autora	 Lucinda	 Brito	 (1990,	 p.33)	 mostra,	 na	 figura	 abaixo,	 o	 espaço	
utilizado na realização de sinais. 
Figura 37 – Espaço utilizado na realização de sinais.
 
Fonte: Brito (1990, p. 33).
No	espaço	de	enunciação	há	um	número	finito	(limitado)	de	pontos,	que	são	
denominados “pontos de articulação” ou “locação”. Não existem somente estes 
pontos no espaço, denominado de espaço neutro, alguns pontos podem ser 
direcionados e tocados nos diversos locais, como na ponta do nariz, e outros mais 
abrangentes,

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