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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Autora: Ana Regina e Souza Campello 419 C193l Campello, Ana Regina e Souza. Língua Brasileira de Sinais / Ana Regina e Souza Campello. Indaial : UNIASSELVI, 2011. 153. p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-550-5 1. Língua Brasileira de Sinais I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Fabiana Schmitt Corrêa Revisão Gramatical: Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Carlinho Odorizzi Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. A Professora Ana Regina e Souza Campello é responsável pela disciplina da Área da Surdez e de Língua de Sinais Brasileira. É doutorada em Educação de Surdos – Processos Inclusivos e mestranda em Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Trabalha como professora adjunta de ensino de Línguas: Língua de Sinais Brasileira e professora de EAD – Ensino a Distância, no curso de Letras Libras da UFSC. Publicou vários artigos e livros: Existir para existir. Pedagogia Visual: Sinal na Educação dos Surdos. Onde você quer chegar? Re-reflexão crítica: Seminário promovido por instituição oficial de educação em um estado da região sul brasileira no ano de 2004. A Constituição política, social e cultural da língua brasileira de sinais – Libras. Educação dos Surdos: políticas, língua de sinais, comunidade e cultura surda (2010). Ana Regina e Souza Campello Sumário APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7 CAPÍTULO 1 Libras ............................................................................................. 9 CAPÍTULO 2 Fonologia da Língua de Sinais................................................... 43 CAPÍTULO 3 Morfologia da Língua de Sinais ................................................ 75 CAPÍTULO 4 Sintaxe da Língua de Sinais...................................................... 109 CAPÍTULO 5 Semântica e pragmática da Língua de Sinais Brasileira ....... 133 APRESENTAÇÃO Esta disciplina trata da Língua de Sinais Brasileira. Em termos linguísticos é definida como uma língua sinalizada, constituída pelas pessoas Surdas, que tem identidade e cultura própria e que é compartilhada entre indivíduos ou coletivos das pessoas Surdas. A língua de sinais brasileira, cuja lei e decreto garantem, no Brasil, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos e particulares, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Na vídeoaula é apresentada a Língua de Sinais Brasileira, que é a língua natural da comunidade Surda, e no caderno de estudos apresentaremos conteúdos que possam servir de ajuda na compreensão, assim como dicas e atividades para reflexão durante o curso. Vamos citar exemplos mais comuns no dia a dia: você já pensou ou teve vontade de entender os diálogos sinalizados entre ou com pessoas Surdas em algum momento da sua vida? Já tentou entender como a Língua de Sinais Brasileira funciona dentro da estrutura das línguas faladas? Para entender ou conhecer sobre a Língua de Sinais Brasileira apresentamos a disciplina dividida em cinco capítulos, que depois poderão ser aproveitados para fazer seus futuros projetos profissionais. São eles: O Capítulo 1 – Investiga sobre as variedades das funções dos linguistas e amplia o conhecimento sobre o uso das propriedades da Língua de Sinais Brasileira utilizada pela comunidade Surda, bem como os recursos do sistema de transcrição de sinais na prática de transcrição. Capítulo 2 – Trata-se de processos fonológicos e suas comparações, exercitando na prática a formação fonológica de sinais através de cinco parâmetros da língua de sinais. Dentre eles, os recursos da Configuração de Mãos no momento da formação de sinais e de fazer entender o porquê das restrições na formação de sinais. Capítulo 3 – Trata-se de processos morfológicos e suas comparações, através de elaborações de lista da formação morfológica durante o exercício, para mais tarde, utilizar os argumentos de cada processo morfológico, interpretando, finalmente, os sinais através das narrativas. Capítulo 4 – Trata-se de pesquisa nos sites e vídeos, coletando as narrativas Surdas e fazendo comparações. Dentre as coletas, elaboramos a lista da formação sintática durante o exercício para, posteriormente, construir argumento para cada formação de interrogativas e seus aspectos e, finalmente, coletar, ler e interpretar os verbos e concordância através das narrativas. Capítulo 5 – Trata-se das coletas das narrativas Surdas e suas comparações. Elaboramos a lista da semântica e pragmática durante o exercício. Construimos argumentos em todos os aspectos dos sentidos e significados para, depois, fazer a categorização, leitura e interpretação dos sentidos e dos significados dos sinais através das narrativas. No caderno de estudo, você terá contato com as bibliografias e algumas leituras complementares que poderão servir de ajuda no transcorrer do curso, assim como as atividades propostas. A autora. CAPÍTULO 1 Libras A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Entender o conceito da profissão linguísta e sua função. 9 Entender o uso das propriedades da língua de sinais da comunidade Surda. 9 Compreender os vários tipos de sistema de transcrição de sinais. 9 Utilizar os recursos do sistema de transcrição de sinais na prática de transcrição. 10 Língua brasileira de sinais 11 LibrasCapítulo 1 Contextualização Apresentamos a trajetória da comunidade Surda e sua língua como ponto de partida na construção da identidade cultural, sociológica e educacional dos sujeitos Surdos. O texto apresenta três tópicos a serem compreendidos no início do curso, que são: O papel do linguista da Língua de Sinais Brasileira, cuja função é de fazer entender / compreender / captar / registrar o que mostram os sinais durante o comportamento / ação / perfomance dos sujeitos Surdos em um evento comunicativo, sem pré-julgamento ou influência sobre a decisão. Com a inserção da gramática da Língua de Sinais Brasileira, foi necessário entender também as propriedades desta e, finalmente, o uso de vários sistemas de transcrição de língua de sinais para registrá-la de modo fiel, de acordo com sua modalidade viso-gestual. O papel do linguista da Língua de Sinais Brasileira Sabemos que a Língua de Sinais Brasileira, conhecida simplesmente por LSB ou LIBRAS, é reconhecida pela Lei no 10.436 de 24 de abril de 2002, no seu artigo e parágrafo 1º (BRASIL, 2002): Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.O objetivo da Lei é enfatizar a necessidade de que a Língua Brasileira de Sinais - Libras seja objeto de uso comunicativo corrente nas comunidades surdas. Além disso, procura assegurar a presença de profissionais (pesquisadores e professores) na área da linguística e de educação, intérpretes nos espaços formais e instituições, como na administração pública direta e indireta; pesquisar acerca da Língua de Sinais Brasileira; difundi-la através das publicações e a inclusão do ensino da Língua de Sinais Brasileira nos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia, disciplinas de Licenciatura, O objetivo da Lei é enfatizar a necessidade de que a Língua Brasileira de Sinais - Libras seja objeto de uso comunicativo corrente nas comunidades surdas. 12 Língua brasileira de sinais Magistério e profissionais intérpretes, sendo optativo para o aluno e obrigatório para a instituição de ensino. Veja a lei e sua regulamentação através do Decreto no 5.636/05 de 22 de dezembro de 2005: Lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm Decreto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/ 2005/decreto/d5626.htm Portanto, o espaço da língua de sinais e suas pesquisas começaram a aparecer nos diversos estados brasileiros através das universidades brasileiras, que desenvolvem pesquisas e conhecimentos na área da linguística e de língua de sinais. Para atender melhor, o artigo 4º da lei afirma (BRASIL, 2002): Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Foi necessária e urgente a implantanção em tempo curto da disciplina de Língua de Sinais Brasileira nos estudos e no ensino em cursos de nível médio e superior. Atualmente, o ensino infantil e básico está em fase da regulamentação através de projeto de lei que tramita no Congresso Nacional. Isso exigiu o processo de criação de conhecimento, através de pesquisas realizadas em outros países, para poder atender a demanda de pessoas interessadas em receber o conhecimento e de aprender a língua da comunidade Surda. Também para organizar os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, requerendo uma estrutura organizada dentro do currículo como as outras línguas orais e orientações aos gestores nas implantações da língua de sinais nos currículos de ensino básico, sem desprestigiar a língua escrita. É fundamental o uso das duas línguas para tornar o cidadão Surdo bilíngue, no que se refere à diferenciação gramatical. 13 LibrasCapítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Qual a importância do reconhecimento da Língua de Sinais Brasileira para a comunidade Surda. Comente, também, as contribuições que a Lei e seu decreto trouxeram para a sociedade brasileira. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Historicamente, os primeiros estudos da língua de sinais já vieram desde o século XIV. Em 1644, o inglês Bulwer J. B. escreveu um livro de língua de sinais inglesa: Chirologia: on the natural language of the hand, acompanhado de figuras das mãos e seus significados. O tema chirologia, traduzido como quirologia, é muito citado por Bulwer(1644) nos seus estudos da língua de sinais porque os gestos das mãos são importantes para os Surdos e são vistos como o domínio da comunicação deles. Menciona, também, que “era recompensa da natureza que os Surdos devem se comunicar através de gestos”, e acredita firmemente na “a necessidade que opera a Natureza nos homens que nascem Surdos e Mudos, que podem discutir, mostrar, sinalizar retoricamente por sinais”. (BUWLER, 1644, p. 5). O livro do autor esclarece que a quirologia é um dicionário de gestos manuais, citando o seu significado e o uso de uma ampla gama de fontes literárias, religiosas e médicas. Quirema é um manual para o uso efetivo do Gesto de falar em público. 14 Língua brasileira de sinais Quirologia - Do grego quiro = mão e logia = estudo, ou seja, o estudo ou conhecimento adquirido através das mãos. Técnica de conversação por meio de sinais feitos com os dedos (por exemplo: o alfabeto dos surdos-mudos); DACTILOLOGIA (HOUAISS, 2010). Quirema – segundo Stokoe (1960), são as unidades formacionais dos sinais (configuração de mão, locação e movimento) e o estudo de suas combinações. Segundo os dados da Felipe (1998) outro livro de pesquisa de língua de sinais também apareceu na Inglaterra, em 1895, com o livro denominado: The sign of Language of the deaf and dumb de autoria de R. W. Nevins. Como naquela época não tínhamos muito acesso à informação, devido a distância geográfica e à ausência de computador, os registros foram importantes na área dos estudos linguísticos. Nos Estados Unidos, os próprios Surdos, oriundos da Gallaudet University, em 1848, publicaram os Annals of the Deaf, que é o inventário da cultura surda americana, juntamente ao inventário de sinais dentro da Língua de Sinais Americana (ASL). Os manuais foram: The sign language: a manual of signs, de J. L. Long, e Handbook of the sign language of the deaf, de S. Michael, no período de 1918 e 1923. Estes inventários foram muito importantes porque ajudaram na pesquisa da evolução de Língua de Sinais Americana. No período de 1923 em diante, nos Estados Unidos, houve imposição do uso da filosofia oralista nas escolas. A pesquisa na área ficou suspensa por causa do conflito de interesse e de ideologia: oralismo X língua de sinais. Em 1960, o estudo da língua de sinais americana (ASL) ficou mais reconhecido quando W.C. Stokoe, pesquisador e professor de inglês da Gallaudet University, percebeu a diferença da gramática linguística utilizada pelos alunos Surdos na sala de aula e fora do contexto educacional. Publicou o artigo Sign Language Structure: an outline of the visual communication system of the American Deaf, na revista Studies in Linguistics, Occasional Papers 8. Em 1965, juntamente à equipe composta de pessoas Surdas e ouvintes, Stokoe, Casterline e Croneberg publicaram A Dictionary of American Sign Language. A partir de então, da década de 70 para cá, milhares de publicações foram editadas em todo o mundo sobre as diversas línguas de sinais, mas a Língua de Sinais Americana ainda está em número maior de pesquisas financiadas pelo governo e instituições de pesquisas. 15 LibrasCapítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Pesquise em sites de busca e escreva o porquê da área linguistica ter parado seu desenvolvimento durante este período. Quem foi um dos precursores da filosofia oralista nos Estados Unidos? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Saiba mais sobre William Stokoe na seguinte página: http://gupress.gallaudet.edu/stokoe.html Se você não souber ler em inglês, utilize um tradutor on-line e tente decifrar a tradução automática. Acesse o link que indicamos a seguir e conheça a família das línguas de sinais existentes no mundo: http://www.ethnologue.com/show_family.asp?subid=23-16 Os estudos linguísticos das línguas de sinais iniciaram com Stokoe (1960), pois até aquele momento, todos os estudos linguísticos concentravam-se nas 16 Língua brasileira de sinais análises de línguas orais (faladas) e Stokoe (1960) foi o primeiro a trabalhar diferente, mudou a mentalidade da área linguística, apresentando uma análise descritiva da Língua de Sinais Americana, através da metodologia transcrição de língua de sinais. Isso possibilitou, pela primeira vez, um linguista apresentar os elementos linguísticos de uma língua de sinais. Assim, as línguas de sinais passaram a ser vistas como línguas de fato e de direito linguístico da comunidade Surda. Você pode observar o uso da terminologia “fonema” e “fonética”. Os linguistas têm utilizando os termos fonética e fonologia para tratar de fenômeno natural ou social observável cientificamente nas línguas de sinais, desconsiderando o significado de sua raiz, fon-, que é som, elemento ausente da estrutura da língua de sinais americana. Stokoe, em 1965, no evento internacional de linguistas, propôs o termo “quirema”, retornando a pesquisa do Bulwer (1644), em substituição à terminologia “fonema”, para designar elementos linguísticos de língua de sinais. Havia, na época, duas correntes: a favor - defendendo que o conceito de quirema é o mesmo que de fonema e que o uso de duas terminologias com o mesmo conceito só geraria discussões; contra - o outro argumentava que o novo termo era também incorreto porque este só envolvia a mão, havendo vários outros aspectos e outras partes do corpo envolvidos na realização da língua de sinais, o que não combinaria com esta terminologia. Atividade de Estudos: 1) Pesquise os conceitos dos termos: “fonética” e “fonologia” e responda abaixo: a) Estes termos se aplicam à língua de sinais? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Explique o porquê da contradição dos termos “fonética e fonologia” para a língua de sinais. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Os linguistas têm utilizando os termos fonética e fonologia para tratar de fenômeno natural ou social observável cientificamente nas línguas de sinais, desconsiderando o significado de sua raiz, fon- , que é som, elemento ausente da estrutura da língua de sinais americana. 17 LibrasCapítulo 1 c) Como você, como futuro/a pesquisador/a da língua de sinais, vai divulgar a diferença de termos ao público em geral. Onde fará isso? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A motivação do uso da terminologia “quirema” tem um processo histórico- cultural em que usamos a língua de sinais como usuários de uma língua e não como árbitros. Aos profissionais línguistas, é imprescindível fazer todas as imersões da língua de sinais para poder comprender e identificar a língua de sinais propriamente dita. Por isso, é fundamental que os linguistas que exercem a profissão ou fazem pesquisa na área da língua de sinais dominam a língua de sinais pela modalidade viso-gestual. Como cita a professora Quadros (2004, p. 28), a “língua é um sistema de signos compartilhados por uma comunidade linguística comum” e para interagir com pessoas Surdas ou pesquisar com os informantes Surdos no território brasileiro dentro do “espaço de língua de sinais brasileira”, é preciso entender e conhecer os “sinalizantes-visuais” desta língua. Sem o conhecimento da língua de sinais seria impossível dar continuidade a esta pesquisa e avaliá-la. Portanto, é importante mostrar que o linguista precisa saber muito sobre a língua envolvida, no caso a língua de sinais, entender bem as culturas do povo Surdo que usa essa língua, ter familiaridade com cada tipo de estrutura, os conteúdos, a interpretação, a tradução e se informar antes sobre o assunto que será abordado no momento de pesquisa. Segundo a pesquisa etnográfica do Erickson (1984, 1986), não se usam critérios de classificação (certo/errado) para a língua de sinais, mas a preocupação é entender / compreender / captar o que mostram os sinais durante o comportamento / ação / perfomance dos sujeitos Surdos em um evento comunicativo. A denominação “familiarização com o estranho” não necessita julgar os valores morais e culturais, mas respeitar e tentar colocar-se no lugar do outro, como, por exemplo, respeitar o espaço e uso efetivo comunicativo da língua de sinais. Isso também implica a ética, que é uma aptidão ou capacidade de mobilizar conhecimentos para satisfazer a um determinado fim e nunca o contrário. É importante mostrar que o linguista precisa saber muito sobre a língua envolvida, no caso a língua de sinais, entender bem as culturas do povo Surdo que usa essa língua, ter familiaridade com cada tipo de estrutura, os conteúdos, a interpretação, a tradução e se informar antes sobre o assunto que será abordado no momento de pesquisa. 18 Língua brasileira de sinais Sobre a resistência dos pesquisadores ou linguístas à língua de sinais ou à língua sinalizada (WILCOX, 2005), podemos afirmar que ocorre pelo fato de que todos os sinais novos (o que acontece comumente com os linguistas ouvintes quando têm pouco contato com a língua de sinais) que aparecem e suas ideias encontram forçosamente oposição, e não houve uma única inserção que ocorresse sem lutas. A resistência, nesses casos, está sempre na importância dos resultados previstos, pois quanto mais ela aparece, maior será o número de interesses ameaçados. Se for um sinal notoriamente falso ou mal pesquisado, considerado sem consequências, ninguém se perturba com ele e o deixará passar, confiante na sua falta de vitalidade. Mas se é verdadeiro, se está assentado em bases sólidas, se é possível entrever-lhe o futuro, um secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que se trata de um perigo para eles, para a ordem de coisas por cuja manutenção se interessa (no caso de nome e prestígio). E é por isso que se lançam contra ele e os seus adeptos (no caso da comunidade Surda). Para isso, é necessário combater o ego dos linguistas e levar sempre em consideração e lembrar que a Língua de Sinais Brasileira é a primeira língua da comunidade Surda e não valorizar somente os usuários que se utilizam dela como segunda língua. Atividade de Estudos: 1) Qual a crença sobre o papel de linguista no aprendizado da outra língua distinta? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ 2) Qual a crença sobre a língua de sinais por parte dos linguistas quando a aprendem? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A Língua de Sinais Brasileira é a primeira língua da comunidade Surda e não valorizar somente os usuários que se utilizam dela como segunda língua. 19 LibrasCapítulo 1 A função dos linguístas de Língua de Sinais Brasileira prevê, na sua competência: • traduzir e interpretar a Língua de Sinais Brasileira para a Língua Portuguesa e vice-versa, não sendo necessário ser intérprete de língua de sinais, cuja profissão e função se diferenciam; • traduzir e interpretar a Língua de Sinais Brasileira para escrita de sinais e vice-versa; • traduzir e interpretar os sistemas fonológicos, morfológicos, sintáticos, pragmáticos e semânticos da Língua de Sinais Brasileira; • entender o sentido e significado de todos os sinais e seus contextos; • defender a língua de sinais da comunidade Surda; • ser neutro nas situações e não interferir nos anseios e desejos do movimento Surdo; • vestir a “camisa” ou “familiarizar-se” com a língua de sinais brasileira e sua cultura; • elaborar projetos, incluindo sempre as pessoas Surdas como pesquisadores/ as e não como informantes ou objetos de estudo de campo; • participar, por força da ética, nas Associações e eventos promovidos pela comunidade Surda. Com a regulamentação do decreto baseando da Lei no 10.436/02 cresceu o número significativo de pessoas ouvintes interessadas em pesquisar a Língua de Sinais Brasileira. A profissão dos linguistas também cresceu. A questão do crescimento do número não é pelo ingresso no “mundo dos Surdos”, o que é pouco, mas sim pelos contatos diários, exposição da língua de sinais e aprofundamento do contexto da Surdez, da cultura e da língua de sinais durante a formação acadêmica (licenciaturas e bacharelados), adquirindo, assim, o “estranhamento/familiarização” e choque cultural durante o período de entrada neste mundo. Aqui no Brasil, o primeiro pesquisador autodidata da Língua de Sinais Brasileira foi Flausino da Gama, ex-aluno e repetidor do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (Rio de Janeiro). Junto com o diretor publicou, em 1875, o livro: Iconografia dos Signaes dos Surdos-Mudos, com as figuras dos sinais copiados da Língua de Sinais Francesa 20 Língua brasileira de sinais e legendas traduzidas para o português. Neste período não estava envolvido no estudo da Língua de Sinais Brasileira propriamente dita. O objetivo do livro era difundir para a comunidade ouvinte a necessidade de aprender a Língua de Sinais Brasileira para poder comunicar-se com os Surdos. Na década de 1980, em Recife, saiu o primeiro Boletim sobre o estudo da Língua de Sinais, elaborado pelo GELES, da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco. Neste Boletim, citou-se que a língua de sinais utilizada pelos surdos das capitais do Brasil era denominada de LSCB, ou seja, Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros, por causa da existência de outra língua de sinais no Brasil, a LSUK - Língua de Sinais dos índios Urubus-Kaapor, descoberta por um linguista americano do Summer Institute e, depois, apresentada em estudos e registrada em livros pela linguista Lucinda Brito. Para preservar e defender a língua de sinais no contexto político e linguístico, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS denominou a língua de sinais como LIBRAS – Língua de Sinais Brasileira, em 1988. Alguns linguistas preferem referir-se a ela usando a sigla LSB, seguindo a nomenclatura do padrão internacional da língua de sinais que é Língua de Sinais Brasileira – LSB. Em 1996, em Petrópolis, na Câmara Técnica, com o apoio da CORDE - Coordenadoria Nacional para integração da Pessoa Portadora de Deficiência, responsável pelo evento, procurou-se a introdução de subsídio ao Projeto de Lei da Senadora Benedita da Silva, juntamente com a FENEIS, atualmente Lei Libras no 10.436/02, para a oficialização da LIBRAS em âmbito nacional. Para reafirmar a importância do uso da língua de sinais na sociedade foi criada uma metodologia para ensino de LIBRAS pela FENEIS, com a primeira edição do material “LIBRAS em Contexto”, em parceria com MEC. Atividade de Estudos: 1) Comente sobre a evolução do material de Libras. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 21 LibrasCapítulo 1 Para reforçar a necessidade de usar a língua de sinais no contexto educacional, foi realizado o II Congresso Latino-americano de Bilinguismo, em 1998, que foi uma era histórica na introdução da proposta de educação bilíngue para os Surdos, assim, podemos mostrar que a língua de sinais é de fato, de direito e verdadeira. Mais tarde, vários/as linguistas começaram a publicar artigos e livros sobre a Língua de Sinais Brasileira, como Lucinda Brito, Eulália Fernandes, Ronice Quadros, Lodenir Karnopp, Tanya Fellipe e muitos outros. Atividade de Estudos: 1) Escreva em duas tabelas os nomes dos linguistas Surdos e Não- Surdos (Ouvintes) em nível brasileiro. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Igualmente, escreva os títulos dos estudos da Língua de Sinais Brasileira relevantes para a pesquisa da língua de sinais. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Aos poucos, os próprios surdos começaram a participar como pesquisadores das línguas de sinais durante o ingresso nas universidades públicas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1989, abriu o primeiro concurso público para professor assistente na área de Língua de Sinais Brasileira. Como não havia mestrado, a Universidade Federal de Santa Catarina abriu, em 2005, a primeira pós-graduação lato sensu (mestrado) da área linguística. No entanto, ainda temos poucos linguistas Surdos investigando a língua de sinais do seu país. 22 Língua brasileira de sinais Conhecendo alguns linguistas Os primeiros linguístas Surdos norte-americanos foram Ted Supalla e Carol Padden Figura 1 – Primeiros linguistas surdos norte-americanos. Fonte: Disponível em: <http://www.bcs.rochester.edu/people/supalla/ supalla1.gif&imgrefurl=http://www.bcs.rochester.edu/people/supalla/&usg=__ dE9I3HG8A7TtKEgZd7MqS>. Acesso em: 26 mai. 2011. No Brasil, a primeira professora concursada na UFRJ, Myrna Salerno, também é pesquisadora da Língua de Sinais Brasileira há vários anos. Figura 2 – Myrna Salerno, primeira professora surda concursada na UFRJ. Fonte: Disponível em < http://br-pt.sonico.com/u/14899294/Myrna-Salerno-Montei ro&usg=__8xehc3v3vqC2l7zv70UtSQ1mNms429>. Acesso em : 25 mai. 2011. A Dra. Ana Regina e Souza Campello foi uma das primeiras surdas a estudar a Língua de SinaisBrasileira na pós-graduação, em 2005. Em seguida, surgiram outras linguistas formadas, assim como Shirley Vilhalva, Heloise Gripp e Nayara Adriano (em ordem nas fotos): 23 LibrasCapítulo 1 Figura 3 – Primeiros pesquisadores surdos da Lingua de Sinais Brasileira. Fonte: A autora. Propriedades das línguas e das línguas de sinais Temos cinco (5) propriedades da língua de sinais. Vamos ver os aspectos de cada propriedade e não se esqueça de acessar os links para que possa entender melhor, visualizando os exemplos de algumas propriedades. a) Flexibilidade e Versatilidade A língua de sinais, como outras línguas faladas, tem suas características próprias e significativas. Diferentemente de outros códigos ou sistemas de comunicação, como o sistema de comunicação de teatro ou de mímica. A língua de sinais pode ser utilizada como meio de persuasão, de sugestão, de pedido, de ordenamento, de elaboração do pensamento no futuro; para fazer planos, emitir diversas opiniões, cantar uma música rap ou hip-hop, influenciar a decisão dos outros e tudo o que existe na comunicação no dia a dia. Para compreender um pouco mais sobre a Flexibilidade e a Versatilidade, acesse os links abaixo: 1 – poesia - http://www.youtube.com/watch?v=TxOiY9VL0AY 2 – questões da prova de Prolibras - http://www.youtube.com/ watch?v=aPEEwDKqWzo 3 – ordem de manifestação em libras - http://www.youtube.com/ watch?v=vc0fzOOz5oM 24 Língua brasileira de sinais Atividade de Estudos: 1) A partir dos vídeos e do que foi discutido sobre a flexibilidade e a versatilidade da Língua de Sinais Brasileira, qual relação você conseguiu estabelecer desses dois conceitos teóricos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Arbitrariedade Os sinais da língua de sinais (os signos linguísticos) são convencionados e reconhecidos pela comunidade Surda, portanto, todos os sinais convencionados são arbitrários. Isso possibilita o enriquecimento da flexibilidade e versatilidade da língua com o uso das imotivações entre a forma e o significado; e motivação entre a forma e o significado (iconicidade). Também, existem, atualmente, as variações linguísticas de sinais de cada estado do Brasil, assim como as palavras da língua falada. Exemplos: Figura 4 - Árvore – Sinal motivado (tem relação entre a forma e significado) Figura 5 - Certo – Sinal imotivado (não tem relação entre a forma e significado) Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/ VRAsD8>. Acesso em: 12 abr. 2011. Fonte: Disponível em: <www.ines.’.br/ dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011 25 LibrasCapítulo 1 Homonímia de Sinais Figura 6 - Óbvio (Santa Catarina) Figura 7 - Oportunidade (Rio de Janeiro) Fonte: Disponível em: <www. ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. Fonte: Disponível em: <www. ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. Atividade de Estudos: 1) Pesquise no Youtube, ou em outros sites, sobre uma das propriedades da língua de sinais, comentando com seus colegas sobre a arbitrariedade da Língua de Sinais Brasileira. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Descontinuidade Apresenta sinais distintos entre eles e seus significados são descontinuados através de parâmentros e níveis linguísticos diferentes. Estes sinais não permitem a confusão entre os significados apresentados dentro do contexto no qual será sinalizado. Vamos ver os exemplos abaixos: 26 Língua brasileira de sinais Mesma Configuração de Mãos Mesmo ponto de locação Movimento diferente Figura 8 - Irmã(o) (esfregar os dedos indicadores) Figura 9 - Igual (os dedos indicadores batem ao mesmo tempo) Fonte: Disponível em: <www. ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. Fonte: Disponível em: <www. ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. Configurações de Mãos diferentes Mesmo Ponto de Locação Movimento diferente Figura 10 - Procurar (A CM “P” esfrega no dorso da mão do lado esquerdo em movimento circular) Figura 11 - Nu(a) (A CM “D” esfrega no dorso da mão esquerda em movimento raspante) Fonte: Disponível em: <www. ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. Fonte: Disponível em: <www. ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. Mesma Configuração de Mãos Ponto de Locação Diferente Movimentos diferentes Figura 12 - Futuro (movimenta- se para frente) Fonte: Figura 13 - Férias (o sinal se movimenta em círculo) Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/ AhmhGj>. Acesso em: 12 abr. 2011. Fonte: Arquivo da autora. 27 LibrasCapítulo 1 Atividade de Estudos: 1) O que você compreende sobre a descontinuidade da Língua de Sinais Brasileira. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ d) Criatividade e produtividade Os sinais podem ser produzidos em infinitas sentenças, seguindo de um conjunto finito de regras gramaticais da língua de sinais. São produtivas e criativas, assim como quaisquer outras línguas de diversas modalidades (escrita, visual, falada, retórica, etc.). Abaixo você tem a indicação de dois sites que ilustram a criatividade na língua brasileira de sinais, vale a pena você assisti-los. Rap em Libras - http://www.youtube.com/watch?v=ylyltLkVINw SMS em Libras - http://www.youtube.com/watch?v=0PxbHlBWWgY e) Dupla Articulação A língua de sinais só funciona quando as duas articulações formam uma combinação. Por exemplo, uma unidade mínima por si só não tem significado, mas quando juntar outra unidade mínima, qualquer que seja Configuração de Mãos, Ponto de Locação ou Movimentos, pode dar significado e sentido. Veja o exemplo abaixo: A língua de sinais só funciona quando as duas articulações formam uma combinação. 28 Língua brasileira de sinais Figura 14 – Exemplo de dupla articulação Configuração de Mãos (uma unidade mínima) Juntando as 3 unidades mínimas (Configuração de Mãos + Movimento + Ponto de Locação) = Pesquisar Movimento (uma unidade mínima) Ponto de Locação (uma unidade mínima) (palma da mão) Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br/dicionariolibras>. Acesso em: 12 abr. 2011. (Com adaptações). Atividade de Estudos: 1) Pesquise exemplos de dupla articulação na língua brasileira de sinais. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 29 LibrasCapítulo1 f) Padrão A língua de sinais tem um conjunto de regras convencionadas pela comunidade Surda e não pode ser produzida de modo incorreto. Assim como todas as línguas, as regras devem ser observadas visualmente. Vamos observar os exemplos de sinais errados e certos abaixo: Figura 15 – Sinais corretos e errados na língua de sinais. errado certo errado certo Fonte: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/acessasp/3977486434/ in/photostream/>. Acesso em: 12 abr. 2011. g) Dependência estrutural A língua de sinais, assim como outras línguas, tem suas relações estruturais entre os elementos e não ocorrem ao acaso. Vamos ver os exemplos abaixo: • J-U-L-I-O AMAR ++++(aspecto durativo) • AMAR++++(aspecto durativo) J-U-L-I-O • FACULDADE SINAL • SINAL FACULDADE A língua de sinais tem um conjunto de regras convencionadas pela comunidade Surda e não pode ser produzida de modo incorreto. 30 Língua brasileira de sinais Atividade de Estudos: 1) Comente sobre a dependência estrutural da língua de sinais brasileira. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Seria interessante ver a história do Pinóquio em Língua de Sinais Brasileira. Nele, você poderá ver as infinitas possibilidades que a língua de sinais oferece por ser uma língua criativa, produtiva e é de tirar o fôlego! Link: http://www.youtube.com/watch?v=WNh4-sHwU1E Os sistemas de transcrição das línguas de sinais Há algumas questões que podem ser pensadas na pesquisa de língua de sinais e sua tradução, por exemplo: Como vamos traduzir de modo fidedigno a língua de sinais através dos sinalizantes? Somos capazes de captar todos os sinais e sua expressividade através de expressões faciais? Há tantas questões que podem ser resolvidas com uma ferramenta: transcrição de dados de língua de sinais. A transcrição de língua de sinais é muito importante para a pesquisa de qualquer língua de sinais do mundo. Através dela, podemos estudar, analisar, perceber, pesquisar, descrever, em todos os níveis de análise, uma língua (fonológico, morfológico e sintático). Esta ferramenta é recente nos estudos linguísticos de língua de sinais. Stokoe (1960) foi quem realizou o primeiro trabalho com a Língua de Sinais Americana (ASL). A partir de então, as línguas de sinais foram reconhecidas como língua, graças às pesquisas analíticas e científicas. 31 LibrasCapítulo 1 Aqui no Brasil, a introdução da transcrição de língua de sinais foi realizada pela linguista Brito (1982). O processo de transcrição de dados, desde então, vem sofrendo adaptações de metodologias porque a língua de sinais, através da modalidade gesto-visual e trimendisional, dificulta a captação de cada detalhe e do espaço de sinais. Os avanços tecnológicos propiciaram uma melhor descrição das línguas de sinais, conforme apresentam Quadros; Pizzio (2007). Outros autores, McCleary e Viotti (2007), mostraram a grande dificuldade nos sistemas de notação, ou seja, nas formas de representar os sinais nos sistemas de transcrição de dados porque cada grupo de pesquisa utiliza uma notação diferente ou adaptações de um mesmo sistema de notação, de acordo com seu objeto de estudo, dificultando, assim, a padronização e propõem, no futuro, o armazenamento dos trabalhos coletados em um único banco de dados, acessível a qualquer pesquisador. a) Sistema de Transcrição para a LIBRAS As línguas de sinais têm características próprias e existem sistemas de convenções. Antigamente, usavam-se estas convenções (veja tabela a seguir) para escrevê-las, utilizando vídeo para reproduzir a distância. Este sistema, conforme Felipe (1988,1991,1993), é um “Sistema de notação em palavras” porque as palavras de uma língua oral-auditiva são utilizadas para representar aproximadamente os sinais. Estas convenções vêm sendo utilizadas para poder representar, linearmente, uma língua espaço-visual, que é tridimensional. Veja abaixo a tabela comparando os estudos de Brito (1982) e Felipe (1988,1991,1993). Quadro 1 – Comparação dos estudos de Brito (1995) e Felipe (1988, 1991, 1993). CATEGORIAS BRITO (1984) FELIPE (1988,1991,1993) GLOSA Letra maiúscula em português para con- ceitos da LIBRAS: HOMEM TRABALHAR MUITO. O verbo vem sempre na forma infinitiva, posto que não há flexão para modo e tempo verbal em LIBRAS. Os sinais da LIBRAS, para efeito de simplificação, serão represen- tados por itens lexicais da Língua Portuguesa (LP) em letras maiúscu- las. Exemplos: CASA, ESTUDAR, CRIANÇA, etc. PALAVRA COM HÍFEN Quando duas ou mais palavras em português são necessárias para traduzir o conceito que é representado por um único sinal em LIBRAS, eles devem ser ligados por hífen. NÃO-QUERER, BEBER-PINGA, COMER- -MAÇÃ. Um sinal, que é traduzido por duas ou mais palavras em língua portuguesa, será representado pelas palavras correspondentes, separadas por hífen, por exemplo: CORTAR-COM-FACA, QUER- ER-NÃO “não querer”, MEIO-DIA, AINDA-NÃO, etc. Sistema de notação em palavras” porque as palavras de uma língua oral-auditiva são utilizadas para representar aproximadamente os sinais. 32 Língua brasileira de sinais SINAL COMPOS- TO Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, que será repre- sentado por duas ou mais palavras, mas com a ideia de uma única coisa, serão separados pelo símbolo ^, por exemplo: CAVALO^LISTRA (zebra). DATILOLOGIA Usamos letras separadas pelo hífen quando se trata de soletração digital: #J-O-Ã-O#R-I-O Este tipo de soletração é usado quando se trata de nome próprio de pessoa e de lugar ou, então, quando não há sinal para o conceito expresso na palavra da Língua Portuguesa. É o caso dos empréstimos, marcados por #. A datilologia ( alfabeto manual), que é usada para expressar nome de pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um sinal, está representada pela palavra separada, letra por letra, por hífen, por exemplo: J-O-Ã-O, A-N-E-S-T- E-S-I-A. SINAL SOLETRA- DO O sinal soletrado, ou seja, uma palavra da língua portuguesa que, por empréstimo, passou a pertencer à LIBRAS por ser expressa pelo alfabeto manual com uma incorpo- ração de movimento próprio desta língua, está sendo representado pela datilologia do sinal em itálico, por exemplos: R-S “reais”, A-C-H-O, QUM “quem”, N-U-N-C-A, etc. DESINÊNCIAS Como se pode observar em Verbo-Di- recional e Pronomes (tabela a seguir), não há marcação de gênero nem nos verbos com flexão ou direcionais e nem nos pronomes. Assim, se a pessoa é do sexo feminino, esta informação deverá ser inferida através do contexto. No caso de ambiguidade, o enunciador pode se servir do sinal feminino (sinal que aparece nas expressões menina em oposição a menino) após o pronome ou antes dele. Na LIBRAS não há desinências para gêneros (masculino e feminino) e nú- mero (plural), o sinal, representado por palavra da Língua Portuguesa que possui estas marcas, está termi- nado com o símbolo @ para reforçar a ideia de ausência e não haver confusão, por exemplo: AMIG@ “amiga(s) e amigo(s)” , FRI@ “fria(s) e frio(s)”, MUIT@ “muita(s) e mui- to(s)”, TOD@, “toda(s) e todo(s)”, EL@ “ela(s), ele(s)”, ME@ “mi- nha(s) e meu(s)” etc. 33 LibrasCapítulo 1 TRAÇOS NÃO MANUAIS As expressões faciais e corporais podem expressar interrogação (___ ____), exclamação (__!___), topi- calização (__t___), negação (___ñ___), intensidade (___int___), força ilocucioná- ria (___EFp____), no caso de um pedido, (___EFo___), no caso de uma ordem, etc., e serão representadas, respectiva- mente, pelos símbolos abaixo, entre os pontilhados acima da porção do enuncia- do onde elas aparecem: __t___ CARRO, EU COMPRAR NOVO (Eu comprei um carro novo) _____ NOME, pro2 (Qual é o seu nome ) ___!____ BONITO Loc1 (Que bonito isto aí!) ___ñ____ ACREDITAR VOCÊ (Não acredito em você) Os traços não-manuais: expressões facial e corporal, que são feitos simultaneamente com um sinal, estão representados acima do sinal ao qual está acrescentando alguma ideia, que pode ser em relação ao: a) tipo de frase ou advérbio de modo: interrogativa ou ... i ... neg- ativa ou ... neg ... etc. Para simplificação, serão utiliza- dos, para a representação de frases nas formas exclamativas e inter- rogativas, os sinais de pontuação utilizados na escrita das línguas orais-auditivas, ou seja: !, ? e ?! b) advérbio de modo ou um inten- sificador: muito rapidamente exp.f “espantado” etc. Exemplos: exclamativo NOME TRAÇOS NÃO MANUAIS VERBOS COM CONCORDÂNCIA DE GÊNERO ATRAVÉS DE CLASSIFICADO- RES Os verbos que possuem concordân- cia de gênero (pessoa, coisa, animal), através de classificadores, estão representados por um tipo de classificador em subscrito. Exem- plos: pessoaANDAR, veículoANDAR, coisa-arredondadaCOLOCAR, etc. 34 Língua brasileira de sinais VERBOS COM CONCORDÂNCIA DE LUGAR OU NÚMERO-PES- SOAL Os verbos que possuem concordân- cia de lugar ou número-pessoal, através do movimento direcionado, estão representados pela palavra correspondente com uma letra em subscrito que indicará: a) a variável para o lugar: i = ponto próximo à 1a pessoa, j = ponto próximo à 2a pessoa, e k’ = pontos próximos à 3a pessoas, e = esquerda, d = direita; b) as pessoas gramaticais: 1s, 2s, 3s = 1a, 2a e 3a pessoas do singular; 1d, 2d, 3d = 1a, 2a e 3a pessoas do plural; 1p, 2p, 3p = 1a, 2a e 3a pessoas do plural; Exemplos: 1s DAR2S “eu dou para “você”, 2sPERGUNTAR3P “você pergunta para eles/elas”, kdANDARk,e “andar da direita (d) para à esquerda (e) PLURAL Às vezes, há uma marca de plural pela repetição do sinal. Esta marca será representada por uma cruz no lado direto, acima do sinal que está sendo repetido: Exemplo: GAROTA + 35 LibrasCapítulo 1 SINAL COM DUAS MÃOS Quando um único enunciado é realizado com ambas as mãos ao mesmo tempo, colocam-se os sinais simultâneos um acima do outro, isto é, em linhas difer- entes, vindo na primeira linha o(s) sinal(is) realizado(s) com a mão dominante (mão direita para os destros). Outras estratégias podem ser utilizadas na transcrição de enunciados e textos, porém, estas são as mais básicas e nos limitaremos a elas, que constam no livro da autora Lucinda Brito. Quando um sinal, que geralmente é feito somente com uma das mãos, ou dois sinais estão sendo feitos pelas duas mãos simultaneamen- te, serão representados um traço abaixo do outro com indicação das mãos: direita (md) e esquerda (me). Exemplos: IGUAL (md) PESSO@-MUIT@ ANDAR (me) IGUAL (me) PESSOAEM-PÉ (md). VERBO DIRECIO- NAL Quando o verbo é direcional, isto é, apre- senta flexão, marcando sujeito e objeto, usamos números de 1 a 3 para marcar as pessoas no singular ou 1p, 2p e 3p para as pessoas do plural. 1DAR2 LIVRO (Eu dei o livro para você) 3pTELEFONAR1 ONTEM (Elas/eles me telefonaram ontem) 3PERGUNTAR1p VERDADE (Ele/Ela nos disse a verdade). PRONOMES Os pronomes em LIBRAS são representa- dos da seguinte forma: pro3 NÂO-GOSTAR pro1 (Ela/ele não gosta de mim) PRONOME DE- MONSTRATIVO OU ADVÉRBIO DE LUGAR Os pronomes demonstrativos e os advér- bios de lugar são representados por Loc i - este/aqui Loc j – esse/aí Loc k – aquele/a, ali/lá Loc é o símbolo para locativo. CLASSIFICADO- RES Os classificadores são representados pelas iniciais CL: acompanhadas de símbolos de configuração de mãos que são utilizadas para representar a classe semântica que representam. CARRO CL: V BATER CL: G1 POSTE (O carro bateu no poste) Fonte: Disponível em: <http://www.ines.gov.br/ines_ livros/37/37_003.HTM>. Acesso em: 12 abr. 2011. 36 Língua brasileira de sinais Atividade de Estudos: 1) Para praticar a transcrição de língua de sinais, use os sistemas de Brito e Felipe para analisar os sinais pelo link: http://www. youtube.com/watch?v=xnK25QJgSYc Resposta abaixo: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Sistemas de transcrição em Libras Com as tecnologias avançadas, foram criados vários sistemas de transcrição de dados em línguas de sinais disponíveis, a seguir você poderá listamos os sistemas mais utilizados, com uma breve explicação e o link para que você possa acessá-los: BTS - Berkeley Transcription System - Berkeley System (BTS) foi projetado para a transcrição de sinais através de vídeos com a linguagem ao nível do significado dos componentes. O objetivo do sistema BTS é fornecer um meio de transcrever a língua de sinais com os seguintes objetivos: 37 LibrasCapítulo 1 • Compatibilidade com programas de chat formato e CLAN (Childes); • representação linear numa linha contínua digitada, utilizando apenas caracteres ASCII; • representação ao nível do significado dos componentes; • A representação plena de elementos de verbos polycomponential; • representação dos elementos manual e não-manual; • representação de seu olhar, desvio de função, atenção visual; • representação de gestos e de outros atos comunicativos; • notação das características de interação adulto-criança (sinais das crianças e seus erros, que se sobrepõem através de autocorreção). File Make Pro – Desenvolvido para gerenciar detalhes, monitorar, organizar e arquivar fotos, vídeos e outros arquivos multimídia, exibir informações da web ao vivo, ligadas aos seus dados no seu banco de dados. Possui conexões ao vivo de duas vias para os seus dados SQL e suas organizações. Compartilha dados com o Windows e Mac simultaneamente através da rede ou através da web. Site: <http:// www.filemaker.com/>. ANVIL (Annotation of video and language data). Desenvolvido por Michael Kipp, do DFKI (Centro Alemão para Pesquisas em Inteligência Artificial), para a anotação de comunicação não-verbal. Permite múltiplas trilhas customizáveis para anotações. Disponível gratuitamente para fins educacionais e de pesquisa. Para plataformas PC, Mac e Unix. Site: <http://dfki.de/~kipp/ anvil/>. ELAN (EUDICO - Linguistic Annotator). Criado pelo Instituto Max Planck de Psicolinguística especificamente para análise linguística, está sendo desenvolvido junto a um grupo de pesquisadores de línguas de sinais. Permite múltiplas trilhas customizáveis para anotações e vídeos simultâneos. Distribuído gratuitamente para plataformas PC, Mac e Unix. Site: <http://www.lat-mpi.eu/tools/elan/>. CLAN (Computerized Language Analysis). Desenvolvido na Universidade Carnegie Mellon para analisar dados transcritos no formato CHILDES. Não é um software específico para transcrição a partir 38 Língua brasileira de sinais de vídeo, mas permite a interligação de trechos da transcrição com trechos de áudio e vídeo. Compatível com o Berkeley transcription system for sign language research (BTS). Distribuído gratuitamente para plataformas PC, Mac e Unix na base de troca de dados com o projeto CHILDES. Site: <http://childes.psy.cmu.edu/>. SIGNSTREAM. Desenvolvido pelo American Sign Language Linguistic Research Project, da Universidade de Boston, especificamentepara pesquisa com línguas sinalizadas. Permite múltiplas trilhas customizáveis para anotações e vídeos simultâneos. Disponível para plataforma Mac, mediante compra de licença por uma quantia simbólica. Site: <http://www.bu.edu/asllrp/SignStream/>. TRANSANA. Ferramenta para transcrição e análise qualitativa de dados em áudio e vídeo, desenvolvida no Wisconsin Center for Education Research. Permite interligação de trechos da transcrição com trechos de áudio e vídeo. Transcrição livre, sem predefinição de trilhas. Disponível gratuitamente para plataforma Windows. Site: <http://www.transana.org/>. Destes vários sistemas de transcrição, o ELAN é o que tem sido utilizado pelos pesquisadores, linguistas e bolsistas de projeto de pesquisa de língua de sinais aqui no Brasil, na tentativa de padronizar as transcrições da Língua de Sinais Brasileira. Por esta razão, vamos ler a reprodução da parte do texto base das autoras (QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 2008, p.39)sobre o ELAN: [...] é descrito como uma ferramenta de anotação que permite que você possa criar, editar, visualizar e procurar anotações através de dados de vídeo e áudio. Foi projetado especificamente para a análise de línguas, da língua de sinais e de gestos, mas pode ser usado por todos que trabalham com corpora de mídias, isto é, com dados de vídeo e/ou áudio, para finalidades de anotação, de análise e de documentação destes. É de fácil interface entre as diferentes informações, permitindo um número ilimitado de registros determinado pelos pesquisadores. Comporta conjuntos de diferentes caracteres 39 LibrasCapítulo 1 e exporta os registros como documentos de texto. Através deste sistema, o pesquisador pode visualizar diferentes blocos de informação simultaneamente (como os vídeos, as glosas, as traduções das glosas, as marcas não-manuais, os sons associados aos sinais, o contexto, os comentários, entre outros.). No momento em que o pesquisador fixa em um ponto determinado da transcrição, imediatamente os outros blocos de informação relacionados a ela aparecem. Os vídeos podem ser salvos como documentos *.mpg ou *.mov e visualizados de diferentes formas. Até quatro vídeos podem ser visualizados simultaneamente, sendo que os mesmos podem ser sincronizados (no caso de vídeos de uma mesma imagem, porém de ângulos diferentes) com o mesmo tempo. É possível, inclusive, abrir uma tela exclusiva para os vídeos que podem ser rodados no tamanho da tela e facilitar a visualização de detalhes. Os vídeos podem ser rodados em diferentes velocidades e cada quadro pode ser localizado apresentando-se uma variedade grande de opções (próximo quadro, quadro anterior, começo do vídeo, final do vídeo, volta um segundo, segue um segundo, volta um pixel (menor unidade de imagem)). Algumas Considerações Apresentamos, neste capítulo, os objetivos, as funções e a competência dos linguistas da área de língua de sinais. Para ter a “imersão” da Língua de Sinais Brasileira, é fundamental ter na mente a ampliação de conhecimento sobre o uso das propriedades da Língua de Sinais Brasileira utilizada pela comunidade Surda. E para ambientar, gravar, analisar os dados da língua de sinais, use os vários sistemas de transcrição de sinais, de acordo com a possibilidade, o tempo e a facilidade do manuseio das ferramentas na prática de transcrição. Com o desenvolvimento da tecnologia, a ferramenta de transcrição ficou mais fácil e acessível ao público em geral. Referências BRASIL. Lei no 10.436 de 24 de abril de 2002. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC. Disponível em: < http://www.planalto.gov. br/ccivil/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 25 maio 2011. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de Línguas de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filosofia, 1982. 40 Língua brasileira de sinais BULWER, J. Chirologia: or the Naturall Language of the Hand and Chironomia: or the art of manual rhetoric. [London] Carbondale and Edwardsville: Southern Illinois University Press, 1644. ERICKSON, F. What Makes School Ethnography Ethnographic: Antropology and Education Quarterly. Porto: editor do Porto, 1984. ______. Qualitative methods in research on teaching. In: WITTROCK, M.C. (Org.). Handbook of research on teaching. New York: MacMillan, 1986. FELIPE, T.A. O Signo Gestual-Visual e sua Estrutura Frasal na Língua dos Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1988. ______. Coesão Textual em Narrativas Pessoais na LSCB. Monografia de conclusão da disciplina História da Análise do Discurso, (Doutorado em Lingüística) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991 ______. Por uma tipologia dos verbos da LSCB. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPOLL, 7, 1993 Goiânia, Anais... Goiânia: Lingüística, 1993. p. 724-744. HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva/Instituto Houaiss, 2001. CD-Rom 1. INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DOS SURDOS - INES. Disponível em: <ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. McCLEARY,L.; VIOTTI, E. Transcrição de dados de uma língua sinalizada: um estudo piloto da transcrição de narrativas na língua de sinais brasileira (LSB). In: SALLES, H. (Org.) Bilinguismo e surdez. Questões linguísticas e educacionais. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. QUADROS, R. M. de; PIZZIO, A. L.; REZENDE, P. Libras – IV. Texto Base da Letras – Libras - Ensino a Distância. UFSC: Florianópolis, 2008. QUADROS, R. M. de; PIZZIO, A. L. Aquisição da língua de sinais brasileira: constituição e transcrição dos corpora. In: SALLES, H. (Org.) Bilinguismo e surdez. Questões linguísticas e educacionais. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. QUADROS, R. M. de. Efeitos de Modalidade de Língua: As Línguas de Sinais. Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.167-177, jun. 2006. Disponível em: <http://143.106.58.55/revista/viewarticle.php?id=120&layout=abstract>. Acesso em: 12 abr. 2011. 41 LibrasCapítulo 1 WILCOX, Sherman. Aprender a Ver. Petrópolis: Ed. Arara-Azul, 2005. Disponível em: <http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/livro2.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2011. STOKOE, James. Decorative and ornamental brickwork: 162 photographic illustrations. New York : Dover Publications, 1960. 42 Língua brasileira de sinais CAPÍTULO 2 Fonologia da Língua de Sinais A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Constatar o processo fonológico da língua de sinais brasileira. 9 Comparar a diferença entre a língua de sinais e a língua oral. 9 Compreender os cinco parâmetros da língua de sinais. 9 Aprofundar o conceito sobre Configuração de Mãos, Ponto de Locação, Orientações de Mãos, Movimento e Expressões Faciais/Corporais. 44 Língua brasileira de sinais 45 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 Contextualização Vamos conhecer, neste capítulo, os conceitos e exemplos na área da fonologia dos sinais, principalmente, das unidades funcionais do sinal - configuração de mão, movimento, locação, orientação de mãos, bem como expressões faciais e corporais. Além disso, iremos conhecer e compreender as restrições na formação de sinais. A Fonologia das Línguas de Sinais, presente nos aspectos teóricos deste caderno, explica que a fonologia faz parte do ramo da linguística. O objetivo dela é identificar a estrutura e a organização dos constituintes fonológicos, elucidando descrições e explicações. Também oferece uma teorização básica e uma revisão da literatura na área da fonologia dos sinais. Vamos conhecer, neste capítulo, os conceitos e exemplos na área da fonologia dos sinais, principalmente, das unidades funcionais do sinal - configuração de mão, movimento, locação, orientação de mãos, bem como expressões faciais e corporais. Neste capítulo iremos aprenderum pouco sobre a fonologia da língua de brasileira de sinais, para tanto este capítulo está dividido em três seções: 1) Organização fonológica das línguas de sinais; 2) Parâmetros da Língua de Sinais; 3) As restrições na formação de sinais. Organização fonológica das línguas de sinais As línguas de sinais por serem da modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), cuja informação linguística é recebida e vista pelos olhos, são produzidas e sinalizadas pelas mãos. A organização fonológica da língua de sinais possui dois parâmetros, que são: • primários: são as mãos (configuração de mãos), que se movimentam no espaço em frente ao corpo do interlocutor (movimentos) e o espaço onde se articulam os sinais em determinados pontos (locações). • secundários: as mãos se posicionam de acordo com o movimento (orientações de mãos) e o interlocutor usa várias expressões corporais e faciais como elementos extralinguísticos. As línguas de sinais por serem da modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), cuja informação linguística é recebida e vista pelos olhos, são produzidas e sinalizadas pelas mãos. 46 Língua brasileira de sinais Sobre o sinal, que é o léxico ou sinalário (no caso da língua de sinais), pode-se dizer que tem os mesmos princípios linguísticos que a palavra das línguas orais, pois tem uma gramática. Um sinal pode ser utilizado em: a) Uma mão – para articular um sinal, dependendo do discurso do interlocutor, como mostra o exemplo abaixo: Figura 16 – Sinal: Cavalo Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. b) Duas mãos - um sinal pode ser articulado com as duas mãos, por exemplo: Figura 17- Sinal: Cruz Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 10 abr. 2011. c) Duas mãos na condição de simetria – um sinal pode ser articulado com as duas mãos em um mesmo movimento, por exemplo: Figura 18 - Sinal: blusa (movimento de cima para baixo) Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. O sinal tem os mesmos princípios linguísticos que a palavra das línguas orais, pois tem uma gramática. 47 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 d) Duas mãos na condição de assimetria – um sinal pode ser articulado com as duas mãos em movimentos diferentes (alternância de movimentos), por exemplo: Figura 19 - Sinal: economia, administração, econômico (movimento em rotação) Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. e) Uma mão dominante e outra mão não-dominante (passiva) – de acordo com a restrição de sinais e de interação entre as mãos, um sinal pode ser articulado com as duas mãos com configuração de mãos iguais e movimentos diferentes, por exemplo: Figura 20 - Sinal: árvore (o cotovelo do braço direito – braço dominante - pousa em cima do dorso da outra mão esquerda – mão não-dominante ou passiva). Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. f) Uma mão dominante e outra mão não-dominante (passiva) – de acordo com a restrição de sinais e de interação entre as mãos, um sinal pode ser articulado com as duas mãos com configuração de mãos diferente e movimentos diferentes, por exemplo: Figura 21 - Sinal: nu (o dedo da mão direita – mão dominante - movimenta raspando levemente no dorso da mão esquerda que fica parada – mão não-dominante ou passiva) Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. 48 Língua brasileira de sinais g) Mão destra ou mão canhota – o sinal pode ser articulado de acordo com a habilidade do interlocutor. Para restringir o sinal de acordo com a habilidade das mãos, tem-se que usar a posição do braço e das mãos em vertical, por exemplo: Figura 22 - Mão esquerda Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=p0YMldORFDA>. Acesso em: 12 abr. 2011. Figura 23 - Mão direita Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. É errado usar as duas mãos sem critério, como mostram as figuras a seguir. Na primeira, o usuário usou a mão direita e, na segunda, usou a mão esquerda. A posição do sinal “amar” é sempre no lado esquerdo. Figuras 24 e 25 – Uso equivocado das mãos Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=8VK7LeVy5p8>. Acesso em: 12 abr. 2011. É errado usar as duas mãos sem critério. 49 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 Atividade de Estudos: 1) Procure nos dicionários digitais (www.ines.gov.br e outros) ou no youtube as palavras-chave sinais em libras e capture 10 sinais diferentes: 5 mostrando o uso de duas mãos e 5 mostrando o uso de apenas uma mão (tanto na habilidade esquerda quanto na direita). Se souber adivinhar os nomes, escreva-os abaixo da imagem capturada. Dica: para conseguir capturar as imagens do site, sugirimos que clique nas teclas CTRL + PRTSC SYSRQ e ao mesmo tempo sobre a imagem e passe para PAINT. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Parâmetros da Língua de Sinais Nos anos de 1960 a 1970, o pesquisador e professor americano Stokoe e seu grupo de pesquisadores se dedicaram à pesquisa de línguas de sinais, comparando as estruturas e a organização dos elementos das línguas de sinais com os das línguas orais. Descobriram que na descrição e análise estrutural da Língua de Sinais Americana (ASL) os sinais são vistos como partes de um todo (fonemas que compõem morfemas e sinais). Stokoe (1982) propôs os parâmetros em ASL, cujas unidades não são carregadas separadamentes, assim como: (1) a. Configuração de mão (CM) b. Locação da mão (L) c. Movimento da mão (M) 50 Língua brasileira de sinais Para validar a teoria do Stokoe, Hulst (1993 apud QUADROS; KARNOPP, 2005) mostra as diferenças entre as duas línguas: orais (sequencialidade) e de sinais (simultaneidade), como mostra o quadro abaixo: µ = morfema. [ ] = um fonema ou conjunto de especificações representando uma determinada palavra (CM, M ou L). Quadro 2 – Diferenças entre línguas orais e de sinais [s] [o] [l] µ sol Língua oral [ ] (CM) µ sol [ ] (M) [ ] (L) Língua de Sinais Fonte: Quadros e Karnopp (2005, p. 49). Veja abaixo a figura dos parâmetros fonológicos da Língua de Sinais Brasileira: Figura 26 – Parâmetros fonológicos da Língua de Sinais Brasileira Fonte: Disponível em: <http://www.rebecanemer.com.br/ surdos/libras.html>. Acesso em: 12 abr. 2011. Durante a análise, Stokoe estabeleceu o primeiro parâmetro: configuração de mãos, locação e movimentos. Depois, com o pesquisador Battison (1974, 1978 apud QUADROS; KARNOPP, 2005), estabeleceu o segundo parâmetro que é: orientação de mãos e expressões faciais e corporais. Os novos conceitos passaram a fazer parte do sistema fonológico de línguas de sinais. Em 1990, aqui no Brasil, a linguísta Lucinda Brito (1990, 1995) apresentou no seu livro as propriedades de cada parâmetro de Língua de Sinais Brasileira. Cada unidade do parâmetro tem seus aspectos diferentes. Para comparar a sua diferença, cabe aos pesquisadores identificar cada unidade, usando os contrastes que mostram suas diferenças no significado dos sinais. Suas diferenças de significados são denominadas de pares mínimos. 51 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 Cada unidade do parâmetro tem seus aspectos diferentes. Para comparar a sua diferença, cabe aos pesquisadores identificar cada unidade, usando os contrastes quemostram suas diferenças no significado dos sinais. Suas diferenças de significados são denominadas de pares mínimos. Exemplo: Figuras 27 e 28 - Sinais em configuração de mãos iguais e movimentos diferentes saber Sinais em configuração de mãos iguais e movimentos diferentes entender Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. Figuras 29 e 30 – Sinais em configuração de mãos iguais e locação diferente Sinais em configuração de mãos iguais e locação diferente Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. Figuras 31 e 32 – Sinais em configuração de mãos diferentes e locação igual Deixar para lá Sinais em configuração de mãos diferentes e locação igual Mentira, mentir Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. 52 Língua brasileira de sinais O que é par mínimo? Na fonologia, o par mínimo são duas palavras ou frases, numa determinada língua, que dependem unicamente de um só fonema para distinguir o seu significado. São comumente usados para indicar que dois sons constituem dois fonemas distintos nessa língua. Ex: a) Língua Portuguesa – bola / cola b) Língua de Sinais – aprender / laranja Figuras 33 e 34 – Indicação de um par mínimo na língua de sinais. Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. Atividade de Estudos: Vamos exercitar com os olhos! 1) Procure nos dicionários digitais (www.ines.gov.br e outros) ou no youtube as palavras chaves: sinais em libras e identifique dez pares mínimos de cada tipo, diferentes dos que foram apresentados no material, ou seja, com diferença apenas na configuração da mão, apenas na locação e apenas no movimento. Vamos conhecer cada unidade dos parâmetros a seguir: a) Configuração de Mãos É uma unidade mínima da fonologia da língua de sinais brasileira. Muitos pesquisadores e linguistas (BRITO, 1995; FELIPE, 1998) apresentaram vários 53 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 inventários de Configuração de Mãos que são coletados em diversas cidades do Brasil. Porém, atualmente, apresentaremos as 75 configurações de mãos, conforme o quadro da linguista Faria-Nascimento (2009) abaixo: Figura 35 – Configuração de mãos Fonte: Faria-Nascimento (2009). O que é Configuração de Mãos? É uma unidade mínima fonético-fonológica da língua de sinais. Na língua portuguesa, a palavra ou item lexical “certo” é formada dos seguintes componentes ou unidades, por exemplo: em português falado /sertu/ Temos aqui cinco sons ou fonemas, isto é, cinco componentes ou unidades mínimas da palavra falada “certo”. em português escrito certo 54 Língua brasileira de sinais Fonte: Exemplo tirado do site <www.ines.gov.br>. Na libras O sinal “certo” a CM é utilizado pelo número 62 Figura 36 – Sinal de “certo”. Fonte: Disponível em: <www.ines.gov.br>. Acesso em: 12 abr. 2011. Se está interessado(a) em conhecer as unidades mínimas de fonética e fonemas da língua portuguesa, acesse o site: http://web. letras.up.pt/srodrigues/pdfs/term_ling_actas.pdf Lá você vai entender o porquê do uso de fonemas das línguas orais serem distintas da língua de sinais. O nosso “fonema” é a Configuração de Mãos. Acesse o site www.ines.gov.br, veja no lado esquerdo a tabela “Ordem”, clique “Mãos” e verá as diversas configurações de mãos. Se você for clicando em cada um deles e acabará aprendendo que cada configuração de mãos tem os seus sinais próprios. 55 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 Durante a articulação de sinais, através dos dedos ou das palmas das mãos, a CM pode permanecer na mesma ou mudar para outra configuração. Nesta mudança, acontece o movimento interno ou externo da mão, que é o ponto principal da CM. b) Movimento Os autores Ferreira-Brito e Langevin (1995) definem que os movimentos das mãos do enunciador na língua de sinais precisam representar o objeto e o espaço. A complexidade do movimento, como um dos parâmetros, ocorre porque envolve várias formas e direções, tais como movimentos internos, externos, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais no espaço. (KLIMA; BELLUGI, 1979). Não são somente estes tipos de movimentos, a autora Ferreira- Brito (1990) enfatiza que o movimento pode estar também no antebraço. Os movimentos direcionais podem ser unidirecionais, bidirecionais ou multidirecionais. A maneira descreve a categoria que envolve a qualidade, a tensão e a velocidade do movimento. A frequência se refere ao número de repetições de um movimento. Veja abaixo o quadro das categorias do movimento. TIPO Contorno ou forma geométrica: retilíneo, helicoidal, circular, semicircular, sinuoso, angular, pontual; Interação: alternado, de aproximação, de separação, de inserção, cruzado; Contato: de ligação, de agarrar, de deslizamento, de toque, de esfregar, de riscar, de escovar ou de pincelar; Torcedura do pulso: rotação, com refreamento; Dobramento do pulso: para cima, para baixo; Interno das mãos: abertura, fechamento, curvamento e dobramento (simultâneo/ gradativo). DIRECIONALIDADE Direcional - Unidirecional: para cima, para baixo, para direita, para esquerda, para dentro, para fora, para o centro, para a lateral inferior esquerda, para a lateral inferior direita, para a lateral superior esquerda, para a lateral superior direita, para um específico ponto referencial; - Bidirecional: para cima e para baixo, para esquerda e para direita, para dentro e para fora, para as laterais opostas – superior direita e inferior esquerda; Não-direcional Ferreira-Brito e Langevin (1995) definem que os movimentos das mãos do enunciador na língua de sinais precisam representar o objeto e o espaço. 56 Língua brasileira de sinais MANEIRA Qualidade, tensão e velocidade: - contínuo; - de retenção; - refreado. FREQUÊNCIA Repetição: - simples; - repetido. Quadro 3 - Categorias do parâmetro Movimento na LIBRAS Fonte: Ferreira-Brito (1990). O que é Movimento? Define os movimentos das mãos do enunciador na língua de sinais. Veja o movimento das mãos do Intérprete de Língua de Sinais no noticiário, clique no site: http://www.youtube.com/ watch?v=9HBH9g1M8ZU Aprecie os tipos: direcionalidade, maneira e frequência. Atividade de Estudos: 1) Clique no site www.ines.gov.br e observe os cincos sinais: casa, pato, trabalhar, economia e nascer. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 57 Fonologia da Língua de SinaisCapítulo 2 2) Descreva todos os sinais acima mencionados, o tipo de direcionalidade, a maneira e a frequência. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Locação Há vários autores brasileiros que utilizam terminologia diferente, assim como Ponto de Articulação, Ponto de Locação ou mesmo Locação, mas os conceitos são os mesmos. A autora Lucinda Brito (1990, p.33) mostra, na figura abaixo, o espaço utilizado na realização de sinais. Figura 37 – Espaço utilizado na realização de sinais. Fonte: Brito (1990, p. 33). No espaço de enunciação há um número finito (limitado) de pontos, que são denominados “pontos de articulação” ou “locação”. Não existem somente estes pontos no espaço, denominado de espaço neutro, alguns pontos podem ser direcionados e tocados nos diversos locais, como na ponta do nariz, e outros mais abrangentes,
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