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As teorias da imprevisão e da onerosidade excessiva após o advento do novo Coronavírus - VT DIREITO CIVIL III

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Aluna: Maria Madalena de Lima Azevedo - 600787208 
Professor: Péricles Bueno Neto 
Direito Civil III – Turma N2 
Goiânia, 30 de maio de 2020. 
VT de Direito Civil III 
 
As teorias da imprevisão e da onerosidade excessiva após o advento do novo Coronavírus 
 
O novo coronavírus, causador da doença COVID-19, foi detectado em 31 de dezembro de 2019 em Wuhan, 
na China. Após 114 países contraírem a doença, a OMS optou por declarar o novo coronavírus como uma pandemia, em 
11 de março do ano corrente. Nessa data, a principal recomendação da organização era que os países realizassem testes 
em massa e definissem medidas de isolamento para evitar o crescimento e disseminação do vírus, com finalidade de 
evitar o colapso do hospitais, e no Brasil, o maior dilema: evitar a “derrocada” no Sistema Único de Saúde (SUS), e 
enquanto isso, de um outro lado, cientistas de todos os países do mundo, estão trabalhando para produzirem uma vacina 
que seja eficaz contra esta doença. 
Mediante a situação posta pela pandemia, o cenário econômico tornou-se catastrófico: atividades foram 
interrompidas, faculdades, escolas, repartições públicas, o comércio, funcionamento dos shoppings, salões de beleza, 
academias, todos fecharam, mantendo apenas os “serviços essenciais a vida” funcionando: os supermercados, farmácias, 
hospitais, postos de combustíveis. Desta forma, os mais prejudicados com o novo momento, são os trabalhadores 
autônomos, os micros e pequenos empresários, o inesperado desemprego que assolou alguns empregados, e 
especialmente, as famílias mais vulneráveis. 
Este “novo caos” ocasionou diversas repercussões jurídicas, e com isso, surgiram novas dúvidas: como 
ficarão os contratos postergados no tempo, que sejam de trato sucessivo, de execução diferida ou apenas meras 
prestações, tais como locação, financiamento imobiliário, etc, se ontem o trabalhador tinha condições de garantir o “pacta 
sunt servanda” (o contrato faz lei entre as partes), e “do nada”, este mesmo trabalhador que perdeu seu ordenado devido 
a quarentena, como irá pagar os “boletos”, se estes, nunca ficam de quarentena, como bem sabemos? 
Diversas dessas repercussões estão inseridas no plano dos Direitos das Obrigações e dos Contratos, e 
daremos atenção especial ao Art. 317 CC, que trata da Teoria da Imprevisão e os Arts. 478 e seguintes, denominados 
Teoria da Onerosidade Excessiva, que tornaram-se amplamente discutidas nos novos processos protocolados nas 
Justiças Cíveis de vários Estados brasileiros, após este “desastre fortuito” ocorrido na rotina financeira do brasileiro. 
 
Teoria da Imprevisão 
 
A teoria da imprevisão consta no art. 317 do Código Civil de 2002, segundo o qual “quando, por motivos 
imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, 
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”. Como se 
vê, a teoria da imprevisão, no Direito brasileiro, admite a revisão contratual. São quatro os pressupostos da revisão 
contratual por aplicação da teoria da imprevisão: que se trate de contrato comutativo de execução diferida ou continuada; 
que, quando da execução, tenha havido alteração das circunstâncias fáticas vigentes à época da contratação; que essa 
alteração fosse inesperada e imprevisível quando da celebração do contrato; por fim, que a alteração tenha promovido 
desequilíbrio entre as prestações. 
 
Teoria da Onerosidade Excessiva 
 
O Código Civil Brasileiro nos termos do art. 478 estabelece que: “Nos contratos de execução continuada 
ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, 
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos 
da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.” O art. 479, por sua vez, à luz do princípio da conservação do 
negócio jurídico, estabelece que “A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as 
condições do contrato.” Como se vê, a teoria da onerosidade excessiva, no Direito brasileiro, admite a resolução do 
contrato, a pedido da parte prejudicada, ou a sua revisão, se a parte beneficiada se oferecer para restabelecer o equilíbrio 
contratual. Vale lembrar que resolução do contrato é a sua extinção sem cumprimento. Em caso de aplicação da teoria 
da onerosidade excessiva, além dos pressupostos para a aplicação da teoria da imprevisão, exige-se, ainda, que se 
demonstre “uma situação de grande vantagem para um contratante, e, em contrapartida, uma situação de onerosidade 
excessiva para o outro”. 
 
Aplicação das teorias da imprevisão e da onerosidade excessiva e a pandemia do coronavírus 
 
À vista das explanações, havendo alteração imprevisível das circunstâncias do momento da contratação 
durante o curso de contrato de execução continuada ou diferida, que cause desequilíbrio entre as prestações, pode a 
parte prejudicada pleitear a revisão do contrato, por aplicação da teoria da imprevisão conforme a Teoria da Imprevisão. 
Quando o desequilíbrio for tal que torne o contrato excessivamente oneroso para uma das partes e, por conseguinte, 
excessivamente vantajoso para a outra, pode a parte prejudicada, ademais, pleitear a resolução do contrato, por aplicação 
da teoria da onerosidade excessiva, com o que o contrato se extinguirá sem cumprimento. Nesse caso, se a parte 
beneficiada se dispuser a restabelecer o equilíbrio entre as prestações, poderá o juiz, à luz do princípio da conservação 
do negócio jurídico e com fundamento no art. 479 do Código, apenas revisar o contrato, em vez de resolvê-lo. 
 
Exemplo no caso concreto 
 
O juiz Fernando Henrique de Oliveira Biolcati, da 22ª Vara Cível de São Paulo, concedeu liminar para reduzir 
o valor do aluguel pago por um restaurante em virtude da epidemia da Covid-19 no Brasil, que resultou na redução das 
atividades e dos rendimentos do estabelecimento. Pela decisão, o restaurante pagará 30% do valor original do aluguel 
enquanto durar a crise sanitária. Na decisão, o magistrado citou o decreto estadual que regulamenta a quarentena em 
São Paulo, proibindo o atendimento presencial nos restaurantes, o que afeta diretamente as atividades do autor da ação. 
Por outro lado, Biolcati destacou que o aluguel também é uma fonte de renda para os proprietários do imóvel. "O contrato 
de locação é bilateral, na medida em que determina prestação e contraprestação a ambas as partes contratantes, quais 
sejam a disponibilização de bem imóvel mediante o pagamento dos alugueres, comutativo e de execução continuada", 
afirmou o juiz. Segundo ele, incide no caso o artigo 317, do Código Civil (Teoria da Imprevisão). Para revisão do valor do 
aluguel, é preciso demonstrar alteração da base objetiva do contrato, em razão de circunstância excepcional. É o caso 
dos autos, segundo Biolcati. Ele afirmou que a redução do aluguel é necessária para manter a saúde financeira do 
restaurante, sem prejudicar os proprietários do imóvel, que continuarão tendo uma fonte de renda durante a pandemia. 
"Este é o caso dos autos, na medida em que a pandemia instaurada pela disseminação rápida e global de vírus até então 
não circulante entre os seres humanos acabou por levar as autoridades públicas a concretizar medidas altamente 
restritivas de desenvolvimento de atividades econômicas, a fim de garantir a diminuição drástica de circulação das 
pessoas e dos contatos sociais", completou. (Fonte: https://www.conjur.com.br/dl/reducao-aluguel-restaurante.pdf) 
 
 
https://www.conjur.com.br/dl/reducao-aluguel-restaurante.pdf

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