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562-Revista_Noticias_da_Construcao_SindusCon_novembro_de_2011

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utilização de geossintéticos em 
obras de engenharia civil cons-
titui prática crescente graças às 
diversas vantagens que estes materiais 
oferecem. Eles têm ampla aplicação em 
técnicas de solo reforçado, para a estabili-
zação de cortes em terrenos naturais ou de 
taludes de aterros. O desempenho destas 
obras depende da interação mobilizada 
entre as inclusões, geralmente planares e 
dispostas convenientemente no interior do 
maciço, e o seu solo constituinte.
Além das vantagens técnicas, os 
geossintéticos também se destacam pela 
facilidade de aplicação do material, pela 
rapidez da construção e ainda pela redu-
ção significativa de custos na comparação 
com soluções convencionais.
Em maciços de solo reforçado, a in-
clusão de geossintéticos como elemento 
de reforço do material de aterro propicia 
uma redistribuição global das tensões e 
deformações, permitindo a adoção de 
estruturas com faces verticais (muros) ou 
maciços mais íngremes (taludes), com 
menor volume de aterro compactado 
(Vertematti, 2004).
A técnica de solo reforçado se baseia, 
portanto, na interação entre o solo e a inclu-
são de reforço, sendo que a transferência 
de tensões entre estes elementos ocorre 
por atrito e/ou por resistência passiva, 
dependendo da geometria do reforço. A 
Figura 1 apresenta um arranjo típico de 
uma estrutura de solo reforçado.
O correto dimensionamento de uma 
estrutura em solo reforçado deve contem-
plar duas etapas distintas. A primeira delas 
envolve a avaliação da estabilidade externa 
e a outra a avaliação da estabilidade interna 
da estrutura. 
A estabilidade externa de estruturas 
de solo reforçado com geossintéticos, 
bem como a de estruturas convencionais 
de contenção, pressupõe que o aterro 
reforçado se comporta como um corpo 
rígido. A estrutura dimensionada deve ser 
verificada quanto ao risco de ruptura global, 
avaliando-se os fatores de segurança em 
relação a quatro mecanismos básicos de 
instabilização: deslizamento da base da 
estrutura reforçada, tombamento em torno 
do pé do muro, capacidade de carga da 
fundação e ruptura global por uma super-
fície que engloba todo o maciço reforçado 
(Figura 2).
A análise da estabilidade interna de 
estruturas reforçadas com geossintéticos 
consiste basicamente na avaliação de 
dois mecanismos principais de ruptura. 
Pressupõe-se que a ruptura interna pode 
ocorrer quando as solicitações impostas à 
inclusão são superiores à resistência da 
mesma, ou ainda quando o comprimento 
de ancoragem é insuficiente, permitindo o 
escorregamento da inclusão no interior da 
massa de solo. 
A análise da estabilidade interna da 
estrutura consiste na divisão do maciço 
reforçado em duas zonas: zona “ativa” e 
zona “passiva” (Figura 3). Estas zonas são 
definidas segundo uma superfície potencial 
SOLUÇÕES INOVADORAS
Geossintéticos para contenção
Rafael Ribeiro Plácido e Thelma Sumie Maggi Marisa Kamiji * 
A
Material é
econômico
e de fácil
aplicação
Arranjo típico de uma estrutura em solo reforçado
ativa e passiva
(ou resistente)
Mecanismos para analisar estabilidade externa de maciços reforçados
Figura 1 Figura 2
Figura 3
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mie@ipt.br
* ENGENHEIROS C IVIS E MESTRES EM G EOTE C NIA PELA 
EES C- US P, SÃO PESQUISADORES DA S EÇÃO DE 
G EOTE C NIA DO C T-OBRAS DO IPT
de ruptura, a qual pode possuir diferentes 
formas, dependendo do método de análise 
empregado, da geometria do sistema, dos 
carregamentos aplicados e ainda da defor-
mabilidade dos elementos de reforço. O 
solo da zona ativa se encontra na iminência 
de ruptura, e sua estabilidade é garantida 
por reforços ancorados na zona resistente.
Os geossintéticos utilizados para re-
forço de solo devem, portanto, restringir as 
deformações e aumentar a resistência do 
maciço. O reforço deve conferir ao solo a 
resistência à tração que este não possui. 
Os geossintéticos empregados com maior 
frequência em maciços de solo reforçado 
são: os geotêxteis tecidos, os geotêxteis 
nãotecidos e as geogrelhas (Figura 4). 
No Brasil, os geossintéticos têm sido 
empregados desde o início da década de 
70, principalmente em sistemas de dre-
nagem. Em 1984, foi realizada a primeira 
obra de solo reforçado com geotêxteis, no 
km 35 da rodovia SP-123 que liga Taubaté 
a Campos de Jordão (Figura 5). Segundo 
Carvalho et al. (1986), esta obra foi implan-
tada para recuperar um aterro rodoviário de 
cerca de 30 m de altura, construído para a 
travessia de um talvegue que havia sofri-
do uma ruptura e cuja cicatriz continuava 
sofrendo evolução através de processos 
erosivos, colocando em risco a continui-
dade da rodovia. Segundo os autores, este 
tipo de obra se 
viabilizou tanto 
tecnicamente 
quanto eco-
nomicamente 
após um estudo 
de alternativas, 
eliminando solu-
ções convencio-
nais que se inviabilizaram devido à elevada 
inclinação do talude resultante e também 
à não competitividade econômica destas 
alternativas. 
Atualmente, os geossintéticos vêm 
ganhando espaço entre as principais 
soluções para obras de contenção e 
recomposição de taludes. Isto se deve, 
principalmente, por se apresentarem como 
soluções tecnicamente inteligentes, e ainda 
serem economicamente competitivas e 
possuírem um apelo estético interessante. 
O acabamento de muros de contenção 
e taludes reforçados com geossintéticos 
pode ser realizado de diversas formas. Em 
taludes, pode-se revestir a estrutura com 
grama, dando um aspecto mais natural à 
estrutura. Pode-se ainda utilizar concreto 
projetado sobre uma tela de armação ade-
rida à face do muro, e ainda, em casos de 
estruturas verticais ou subverticais, utilizar 
blocos pré-moldados que possibilitam 
soluções com acabamento arquitetônico 
mais atraente. 
A Figura 6 mostra uma vista geral da 
instalação de uma camada de reforço 
de um muro reforçado com geogrelha. A 
Figura 7 mostra uma vista geral de uma 
estrutura de contenção reforçada com 
geotêxtil não tecido. Já a Figura 8 mostra 
o acabamento final de uma estrutura de 
solo reforçado com face em blocos pré-
mol dados.
Estrutura de solo reforçado com blocos de concreto
Estrutura de solo reforçado com geotêxtil nãotecido
Instalação de uma camada de reforço com geogrelha
Geossintéticos utilizados em obras de contenção
Figura 4
Obra de solo reforçado em Campos de Jordão
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8

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