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Quarentena e isolamento social_ sua determinação deve ser uma decisão médica ou uma decisão política

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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA 
 
 
 
 
 
 Alexandre Fontes 
 Henrique Soares de Morais Miranda 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quarentena e isolamento social: sua determinação 
deve ser uma decisão médica ou uma decisão 
política? 
 
 
 
 
 
 
 
 Itaúna 
 2020 
 
Quarentena e isolamento social: sua determinação deve ser uma decisão 
médica ou uma decisão política? 
 
 
A origem do vírus 
No fim de 2019, mais precisamente em dezembro, o planeta Terra foi acometido 
por uma grave e poderosa doença. A doença provocada pela variação originada na 
China foi nomeada oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como 
Covid-19, em 11 de fevereiro. Ainda não está claro como ocorreu a mutação que 
permitiu o surgimento do novo vírus que mudou nossos hábitos e vidas para sempre. 
Outras variações mais antigas de coronavírus, como SARS-CoV e MERS-CoV, 
são conhecidas pelos cientistas. Eles também chegaram aos humanos por contato com 
animais: gatos, no caso da Sars, e dromedários, no vírus Mers. 
A OMS emitiu o primeiro alerta para a doença em 31 de dezembro de 2019, 
depois que autoridades chinesas notificaram casos de uma misteriosa pneumonia na 
cidade de Wuhan, metrópole chinesa com 11 milhões de habitantes, sétima maior 
cidade da China e a número 42 do mundo. O tamanho é comparável com a cidade de 
São Paulo, que tem mais de 12 milhões de habitantes. 
Uma grande variedade de animais pode ter servido como hospedeiro do vírus, 
especialmente o morcego, conhecido por ser portador de um número considerável de 
coronavírus diferentes. 
O primeiro caso do novo coronavírus em território brasileiro talvez nunca seja 
descoberto. Ao menos é o que afirmam especialistas ouvidos pela BBC News Brasil. 
Segundo médicos e estudiosos que pesquisam a trajetória do Sars-Cov-2, é muito 
provável que já houvesse casos no país antes do primeiro paciente confirmado. 
Um empresário de 61 anos é considerado o primeiro diagnóstico no Brasil. Ele 
testou positivo para a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, em 25 de 
fevereiro, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP). O paciente havia 
retornado do norte da Itália, região que começava a enfrentar uma explosão de casos 
de Sars-Cov-2. Ele tinha sintomas como febre e tosse seca, cerca de duas semanas 
depois do diagnóstico, o paciente se recuperou, segundo o Governo de São Paulo. 
Mas especialistas apontam que é pouco provável que o empresário de 61 anos 
tenha sido a primeira pessoa a pisar em solo brasileiro com o novo coronavírus, cujos 
casos tiveram início em Wuhan, na China. 
 
A quarentena no mundo 
No mundo todo a única solução para o desaparecimento total do novo vírus foi 
adotar o isolamento horizontal, ou seja, diferentemente do isolamento vertical esse ​não 
limita grupos e, portanto, todos devem permanecer em casa. Isso restringe ao máximo 
o contato entre as pessoas, evitando, desse modo, uma grande propagação da 
doença. O isolamento horizontal, no entanto, é muito criticado por causar impactos 
graves na economia. Porém, muitas vezes, ele é essencial para evitar um aumento 
desenfreado da doença, o que pode provocar um colapso no sistema de saúde, o que 
também causaria prejuízo econômico. 
Nas primeiras semanas de março, os governos de Reino Unido e Holanda 
tomaram poucas ações para combater o coronavírus e adotam o isolamento vertical. 
De acordo com reportagem da revista Science​, o primeiro-ministro holandês Mark Rutte 
rejeitou “fechar o país completamente” e optou por um “contágio controlado” de sua 
população. 
A mesma diretriz aconteceu nas terras da rainha Elizabeth II (​cujo filho, o 
príncipe Charles, testou positivo para a Covid-19​): deixar que os mais jovens se 
infectem e proteger somente a parcela mais vulnerável de nossa população. 
Porém alguns pontos mostram que o isolamento vertical não é tão eficaz quanto 
o horizontal. Ainda não sabemos quantas pessoas realmente estão seguras e quantas 
fazem parte do grupo de risco. O argumento de pessoas que defendem o isolamento 
vertical é de que podemos continuar girando a economia se apenas indivíduos com 
mais de 60 anos ficarem em casa. Mas com o passar dos meses a progressão da 
doença apresentou argumentos contraditórios a essa ideia. Pessoas novas, dentre os 
https://www.sciencemag.org/news/2020/03/mathematics-life-and-death-how-disease-models-shape-national-shutdowns-and-other#
https://veja.abril.com.br/mundo/principe-charles-esta-com-coronavirus/
https://veja.abril.com.br/mundo/principe-charles-esta-com-coronavirus/
20 e 60 anos também estão morrendo com frequência, independente de doenças pré 
estabelecidas como a diabetes. Ou seja, o isolamento vertical se mostra um isolamento 
incerteiro para o desaparecimento total da Covid-19. 
 
A quarentena no Brasil 
Após o carnaval o nosso país ficou com um clima de tensão e incerteza, pois 
ninguém tinha a certeza se o mesmo iria contagiar a população brasileira devido ao alto 
fluxo de pessoas no festival. No final de fevereiro, por volta do dia 25, o primeiro caso 
diagnosticado foi de um empresário de 61 anos que acabava de voltar do norte da 
Itália, onde os casos só aumentavam. 
Ao passar dos meses a situação se agravou de um modo intenso e agora se 
mostra necessário uma quarentena de todos os cidadãos brasileiros, já que a América 
do Sul é o novo epicentro da doença e o Brasil bate recordes de mortes todos os dias, 
estando apenas atrás dos EUA em número de casos e de mortes. No início da 
pandemia a modalidade adotada por governadores e prefeitos de todos os estados foi 
o fechamento dos comércios e toque de recolher em alguns municípios. Ao passar dos 
dias a economia se mostrou insustentável e o desemprego só cresceu em todo o país. 
Assim, as cidades foram flexibilizando aos poucos as suas restrições quanto a 
abertura dos comércios, ocasionando o colapso do sistema de saúde em alguns 
estados de grande fluxo de pessoas, como Rio de Janeiro e Amazonas, mais 
especificamente em Manaus. 
De acordo com os pronunciamentos feitos pelo presidente da república Jair 
Messias Bolsonaro, o comércio no Brasil deve continuar circulando normalmente, sem 
restrições de abertura, justamente para não “abalar a economia”. Politicamente e 
economicamente a decisão do nosso presidente se mostra em benefício apenas da 
economia, porém negativa em relação a saúde dos brasileiros, contrariando medidas 
adotadas pela OMS no combate ao Covid-19. 
O ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, mantinha sua ideia oposta às 
ideias do presidente quanto ao isolamento horizontal, colocando todos os brasileiros 
em quarentena. Como profissional da saúde seus ideais foram condizentes com os 
ideais da OMS, sendo a favor da quarentena obrigatória para todos. 
Tais atitudes do ex-ministro se mostraram ineficientes para o nosso presidente, 
o que levou a sua demissão em abril. Após sua demissão, Nelson Teich, médico e 
empresário brasileiro. Porém não bastou um mês para que houvesse sua exoneração 
do cargo. Atualmente,27 de maio de 2020, ainda não possuímos um ministro da 
saúde. 
 
Perspectivas Atuais 
Os números de casos de infectados no Brasil aumentam todos os dias, 
ultrapassando até mesmo milhares de infectados todos os dias. A cidade de São Paulo 
se mostra o maior epicentro da doença no Brasil atualmente. Dados de 26 de Maio 
apresentam 47.554 casos somente na capital, além de 3.691 mortes em uma cidade de 
12.252.023 habitantes. Em segundo lugar temos Rio de Janeiro com 22.446 casos e 
em terceiro Fortaleza com 20.146 infectados. 
Porém, apesar dos altos números, São Paulo ainda possui uma proporção 
“pequena” de casos e mortes se comparada com outras capitais (301 mortes por 
milhão de habitantes), enquanto Fortaleza apresenta uma proporção maior por total de 
habitantes (632 mortes por milhão de habitantes). 
É interessante notar medidas que cada governador está tomando em relação a 
quarentena nos dias atuais. O governador de São Paulo João Doria anunciou nesta 
quarta-feira, 27, o prolongamento da quarentena no estado de São Paulo por mais 15 
dias e o início da retomada das atividades econômicas no estado, de acordo com a 
fase de disseminação da epidemia em cada região. As novas medidas entram em vigor 
na segunda-feira, 1º de junho. 
As cidades com maiores incidências do vírus no Brasil sendo São Paulo (47 554 
casos) com maior número absoluto de casos, seguido por Rio de Janeiro (22 466), 
Fortaleza (20 146) e Manaus (13 881). Entretanto, proporcionalmente as cidades com 
maiores números de infectados são: Recife (8 233 casos/milhão de habitantes), 
Fortaleza (7 547 casos/milhão habitantes) e São Luís com 7.322 casos/milhão de 
habitantes. Estes dados evidenciam que apesar da grande densidade populacional no 
sudeste, em proporção o vírus se espalha com maior velocidade nas regiões norte e 
nordeste do país, isso se deve, entre outros fatores pela precariedade das ações 
preventivas nestas áreas e o pouco saneamento básico. 
Quanto a mortalidade pelo covid-19, as cidades com maior índice em proporção 
com a quantidade de habitantes são: Rio de Janeiro, com 1,92%, Vitória, com 1,75% e 
Maceió com 1,61%. 
 
Perspectivas futuras para o controle do vírus 
Uma coisa é certa. Não nos cabe a posição de pretendermos que nada está 
acontecendo. Está havendo e haverá mudanças profundas em nossas relações sociais, 
em nossa situação financeira e nas tarefas que deveremos desempenhar para 
reconstituir nosso processo de trabalho quando tudo isso terminar. O mundo inteiro 
adota a conduta de restrição à mobilidade, mantendo as pessoas ao máximo possível 
dentro de suas casas. Os números são eloquentes para mostrar que o contrário implica 
em danos insuportáveis. Vamos examinar a hipótese do isolamento vertical, ou seja, 
manter a livre circulação de pessoas e isolar apenas aqueles com mais de 60 anos. Os 
números nos indicam uma letalidade de 0,5% entre os jovens sem comorbidades. 
Também há evidências de alta transmissibilidade do vírus. Em uma população como a 
do Brasil, imaginemos que 100 milhões de pessoas sejam prováveis futuras infectadas. 
Se estamos protegendo os idosos, vamos subtraí-los deste montante. Seriam, então, 
85 milhões de jovens previamente saudáveis infectados pelo vírus. Destes, 0,5% 
morrerão, ou seja, 425 mil mortes de pessoas jovens, sem problemas prévios de 
saúde. Porém, vamos voltar aos idosos. Nenhum processo de isolamento é 100% 
efetivo. Imaginemos que a execução deste isolamento dos idosos funcione bastante 
bem e haja apenas um percentual de falha de 10%. Serão 1,5 milhões de infecções em 
pessoas com mais de 60 anos. Ora, a letalidade nesta parcela da população é de 15%, 
ou seja, serão mais 225 mil mortes a serem somadas às 425 mil entre jovens, 
atingindo-se 650 mil mortes no total. A circunstância macabra é que, neste cenário, 
teremos invertido a tendência, sendo mais de 60% das mortes incidentes em jovens 
previamente saudáveis. Sem dúvida, este é um custo muito alto para a tentativa de 
manter uma pretensa normalidade social. 
Quanto ao progresso da pandemia, tudo depende da persistência ou não da 
imunidade adquirida. Se cada infectado permanecer imune após a infecção e se 
mantivermos as restrições que estão sendo mantidas até agora, os outros países nos 
mostram que isso deve se manter por dois ou três meses, mas o problema não acaba 
aí. Após o declínio da curva epidêmica, ainda haverá um grande contingente de 
suscetíveis e espera-se possivelmente novas ondas, com novas curvas epidêmicas e 
novas necessidades de restrição à mobilidade. Se tomarmos como modelo a gripe 
espanhola, isso pode durar três anos. Dificilmente, o mundo aguentará esse tempo 
todo. Nossa esperança repousa em nossa capacidade de desenvolver tratamentos e 
vacinas, o que já vem aparecendo na forma de esforços de diversos grupos no mundo 
inteiro. Há notícias de dezessete protocolos de desenvolvimento de vacinas, dez de 
antivirais, oito de anticorpos monoclonais, seis de imunobiológicos, três de 
quimioterápicos redirecionados, três de nanomoléculas e um de estudo de terapia com 
células tronco. 
Conclusão: 
​Portanto, é necessário que as medidas governamentais devam ser tomadas de 
acordo com as orientações médicas levando em consideração todos os aspectos 
científicos de progressão e contágio da doença. Para isso, faz-se necessária a 
harmonia entre o governo federal juntamente do ministério da saúde com a sociedade 
médica do país e não somente jogadas políticas sem concordância científica. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/02/27/qual-e-a-origem-do-novo-
coronavirus.ghtml (Alexandre Fontes). 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52334034 (Henrique Miranda) 
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/isolamento-vertical-e-horizontal.htm 
(Alexandre Fontes). 
https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-isolamento-vertical/ (Henrique Miranda). 
https://especiais.gazetadopovo.com.br/coronavirus/casos-no-brasil-por-cidades/ 
(Alexandre Fontes). 
https://veja.abril.com.br/saude/doria-prolonga-quarentena-em-sp-com-retomada-gradua
l-da-economia/ (Henrique Miranda).

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