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ASSUNTO FUNDAMENTOS SOCIOANTROPOLOGICOS DA SAUDE 3

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FUNDAMENTOS SOCIOANTROPOLOGICOS DA SAUDE
AULA 3
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Problematizar o conceito de saúde;
2- Reconhecer a saúde como fenômeno multideterminado;
3- Identificar os principais determinantes da saúde;
4- Compreender a saúde como diferente de ausência de enfermidade.
Aula 03: A saúde como fenômeno multideterminado: problematizando um conceito
Saúde e doença não são estados ou condições estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos a constante avaliação e mudança” (ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2012, p. 1). 
O que significa esta afirmação?
Se saúde e doença são conceitos “sujeitos a constante avaliação e mudança”, significa que não são absolutos, isto é, que são passíveis de alterações.
E o que possibilita tais alterações?
Conceito
São as transformações nas condições sócio-históricas, tecnológicas, políticas, econômicas etc. que permitirão lançar novos olhares sobre questões que envolvem os processos de saúde e doença:
“... A presença ou ausência de doença é um problema pessoal e social. É pessoal, porque a capacidade individual para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se está relacionada com a saúde física e mental da pessoa. É social, pois a doença de uma pessoa pode afetar outras pessoas significativas (ex.: família, amigos e colegas)” (ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, p. 1).
Concepções sobre doença
Para Albuquerque e Oliveira (2002), existem duas concepções fundamentais sobre a doença e, consequentemente, a saúde: a concepção fisiológica e a ontológica.
Concepção fisiológica
Iniciada por Hipócrates, a concepção fisiológica sustenta que as doenças têm origem em um desequilíbrio entre as forças da natureza. Estas forças estão dentro e fora do indivíduo. Temos aqui uma perspectiva centrada no paciente.
Considera-se o sujeito como um todo, bem como seu ambiente. A doença é algo que fala de uma totalidade e não de particularidades, como órgãos corporais específicos.
Concepção ontológica
Diferente da concepção fisiológica, a concepção ontológica “defende que as doenças são ‘entidades’ exteriores ao organismo, que o invadem para se localizar em várias das suas partes”.
 Os significados destas “entidades” não são sempre os mesmos: poderão ser consideradas processos mágico-religiosos ou castigos divinos, ou ainda vírus.
 A concepção ontológica busca um diagnóstico preciso, relacionando órgãos corporais e agentes perturbadores. Para nossa discussão, é importante notar que tal concepção, embora frequentemente utilizada, é reducionista. Isto porque não considera outras dimensões presentes no processo, tais como personalidade, modo de vida, constituição física etc. Seu objetivo é identificar os órgãos perturbados.
A evolução dos conceitos de saúde e doença
Ribeiro identifica quatro períodos que permitem entender a evolução dos conceitos de saúde e doença.
• Período pré-cartesiano;
• Período científico ou biomédico; 
• Primeira revolução da saúde; 
• Segunda revolução da saúde.
• Agora veremos de forma mais aprofundada cada período.
Período pré-cartesiano
Marcado pela insistência no distanciamento das práticas médicas de concepções mágico-religiosas típicas da Mesopotâmia e do Egito. 
A Grécia Antiga é o berço da ciência médica ocidental. Com Hipócrates, as lógicas do racionalismo e do naturalismo, características dos filósofos da época, são postas a serviço da compreensão dos processos de saúde e doença. Para ele, os procedimentos terapêuticos têm como objetivo os efeitos nocivos das forças naturais.
Para compreender os estados de saúde, deve-se considerar as influências do ar, da água, do ambiente e da alimentação.
Lembra-se da famosa frase “mente sã em corpo são”? 
Pois é, na verdade, não está associada a exercícios físicos ou “malhação”, mas à ideia do equilíbrio necessário entre o estilo de vida e as leis naturais. A medicina hipocrática apoia-se na concepção de que a natureza é formativa, construtiva e curativa: “O corpo humano tende a curar a si próprio”.
Assim, não fazer mal é o princípio fundamental no tratamento das doenças. Este é um dos quatro princípios fundamentais (o da não maleficência) da mais conhecida teoria bioética, chamada principialismo.
Período científico ou biomédico
Inspirado em filósofos como Galileu, Descartes, Newton, Bacon, dentre outros, apresenta uma concepção do mundo, inclusive o mundo humano, como uma máquina, funcionando mecanicamente, a partir de leis próprias da física.
Características do modelo biomédico
Os seres vivos são constituídos e funcionam de forma semelhante às máquinas, das quais o relógio é o grande modelo: formados por peças que se encaixam e podem ser decompostas, cada uma delas com uma função própria e observável.
Para Ribeiro, o modelo biomédico permitiu grande progresso na teoria e na prática médica, apresentando três características principais:
1. “Tendência a reduzir os sistemas a pequenas partes, podendo cada uma delas ser considerada separadamente” (p. 4). Esta perspectiva se opõe ao caráter totalizante do modelo pré-cartesiano;
2. “O indivíduo, com as suas características particulares e idiossincráticas, deixou de ser o centro da atenção médica, sendo substituído pelas características universais de cada doença” Oftalmologia, Cardiologia, Gastroenterologia, Ortopedia.
3. “Um forte materialismo substitui a tendência anterior de considerar significativos os fatores não ambientais (morais, sociais, comportamentais)” (p. 4). Trabalha-se com uma perspectiva objetiva na busca de “consertar” a “máquina defeituosa”.
A saúde como fenômeno multideterminado: problematizando um conceito
Primeira revolução da saúde 
É um desdobramento do modelo biomédico marcado pelo início da atenção à saúde pública.
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, que o mundo moderno passou por inúmeras transformações no âmbito da saúde, precipitadas por desequilíbrios ecológicos e sociais: epidemias, insalubridade, alterações no sistema de produção, êxodo do campo para as cidades.
Para Ribeiro, o modelo biomédico aplicado à saúde pública, que se estende até a década de 1970, é marcado pelo reconhecimento de que:
1 ...as doenças infecciosas eram difíceis, senão impossíveis de curar e, uma vez instaladas no adulto, o seu tratamento e a sua cura eram dispendiosos;
2...os indivíduos contraíam doenças infecciosas em contato com o meio ambiente físico e social que continha o agente patogênico;
3...as doenças infecciosas não se contraíam, a não ser que o organismo hospedeiro fornecesse um meio favorável ao desenvolvimento do agente infeccioso”.
A evolução da compreensão dos processos saúde-doença, neste momento, permite o desenvolvimento de estratégias capazes de barrar o avanço e disseminação de agentes patogênicos.
Por exemplo, através de medidas sanitárias como esgotamento e distribuição de água potável, bem como, já em pleno século XX, na utilização de vacinas ou a utilização de antibióticos.
 Podemos ver que, aos poucos, os conceitos de saúde e doença vão se encaminhando rumo à consideração de fenômenos multicausais, isto é, deles participando uma série de agentes e determinantes.
Segunda revolução da saúde
Termo utilizado em 1979 por Julius Richmond, sublinha as mudanças necessárias para responder às novas exigências no campo da saúde.
Conforme ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, p. 5
“Globalmente, pode afirmar-se que o desenvolvimento do modelo biomédico se centrara na doença, que a primeira revolução da saúde se centrara na prevenção da doença, e que a segunda revolução da saúde se centra na saúde”.

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