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1 NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA NOÇÕES BASICAS E COMPETÊNCIA TRIBUTARIA E TRIBUTOS 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................03 1. GESTÃO EMPREENDEDORA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.........05 2. MATEMÁTICA FINANCEIRA E FINANÇAS APLICADAS A GESTÃO DE TRIBUTOS.....................................................................................................07 3. CONTABILIDADE SOCIETÁRIA APLICADA ÀS EMPRESAS ...................08 4. CONTABILIDADE APLICADA AOS TRIBUTOS......................................................11 5. PLANEJAMENTO ESTRATEGICO E FISCAL DE TRIBUTOS...................15 5.1 Planejamento estratégico...........................................................................18 5.2 Gestão Tributária Internacional.................................................................19 5.3 Competência tributária...............................................................................22 5.4 Legislação, vigência e aplicação...............................................................24 6. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS.......................................................................26 7. REFERÊNCIAS.............................................................................................28 3 INTRODUÇÃO Prezados alunos, Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Nesta primeira apostila introduzimos conceitos pertinentes à Ecologia e discorreremos sobre os impactos negativos que acometem o meio ambiente principalmente pelas atitudes do ser humano, algumas vezes por necessidade e outras por falta de conscientização de que suas ações podem comprometer o futuro da vida no planeta. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. " 4 Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar Dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 5 1. GESTÃO EMPREENDEDORA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Fonte:www.unipaulistana.edu.br Quem pensa em abrir seu próprio negócio fica imaginando como e por que as pessoas de sucesso chegaram lá. Alguns acham que a primeira condição é ter um grande capital, outros creem na sorte e outros acreditam até em um amigo influente. Tudo é importante, mas o que mais vale é garra, vontade de vencer, determinação e uma ótima administração (alicerçada num planejamento estratégico). É ilusório o indivíduo se aventurar em um determinado empreendimento sem o trabalho prévio de planejamento que envolve uma série de informações que definem o plano de negócio. São informações de natureza mercadológica, logística, plano de marketing, plano financeiro, plano contábil e análise dos concorrentes. Além destes é importante definir o negócio (produto/serviço), público alvo, a que preço, como distribuí-lo, como produzi-lo, etc. (Bringhenti, 2000) De acordo com uma pesquisa do SEBRAE (1999), destacam-se dez qualidades na personalidade de vários homens e mulheres de negócios que obtiveram sucesso à frente de seus empreendimentos: Assumir riscos: é a qualidade mais importante do verdadeiro empreendedor. O empreendedor tem que assumir riscos e seu sucesso depende da sua capacidade de conviver com o risco e sobreviver a ele. 6 Aproveitar oportunidades: um empreendedor de sucesso está sempre atento para perceber oportunidades de negócios. A curiosidade faz com que aumente o conhecimento e visão do mercado. Conhecer o ramo: o conhecimento do ramo é primordial para o sucesso de um negócio, podendo vir da experiência prática ou de informações obtidas através de leituras, cursos e outros. Quanto maior o conhecimento, maior o sucesso. Saber organizar: o empreendedor de verdade tem senso de organização, isto é, capacidade de utilizar recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis, de forma lógica e racional. Tomar decisões: o empreendedor deve tomar decisões certas no momento certo. Essa qualidade requer muita vontade de vencer obstáculos e iniciativa para agir objetivamente, pois a sua decisão pode estar diretamente ligada ao sucesso. Ser líder: liderar é definir objetivos, orientar a realização de tarefas, combinar métodos e procedimentos práticos, incentivar pessoas ao rumo das metas e dirigir a equipe de trabalho. Ter talento: o empresário deve ser capaz de fazer com que simples ideias se concretizem em negócios efetivos. Ser independente: o empreendedor não tem receio de trocar um bom emprego pelo risco de montar seu próprio negócio. Ele precisa se soltar e aprender a caminhar sozinho, dar um rumo ao seu objetivo. Ter otimismo: característica de quem enxerga o sucesso, em vez de temer possíveis fracassos. O empresário enfrenta os obstáculos com confiança no futuro. 7 Ter tino empresarial: é a percepção de negócios. O empreendedor, portanto, tem tino empresarial e segue caminhos para o sucesso e para a materialização de seus sonhos. Uma análise mais profunda dessas qualidades permite nos colocar que para que as mesmas ocorram, é necessário que haja algum tipo de planejamento. Um dos grandes fatores de sucesso para os empreendedores é o plano de negócios, que é um documento que tem o objetivo de estruturar as principais ideias e opções que o empreendedor analisará para decidir quanto à viabilidade da organização a ser criada. Ou seja, o planejamento deve começar antes mesmo da própria organização. É cada vez maior o número de organizações que, diante da complexidade do cenário empresarial e de tantas turbulências e incertezas, estão buscando ferramentas e técnicas para auxiliar o processo gerencial. E o planejamento estratégico é uma dessas ferramentas. Um ambiente em transformações, incertezas cada vez maiores e constantes e demandas inesperadas, são condições que têm feito com que as organizações percebam que seu universo de planejamento está limitado. Além de não incorporar satisfatoriamente as mudanças, gerando a sensação de trabalho incompleto e de relevância questionável para os próprios membros, os antigos formatos de planejamento já não são capazes de garantir à organização sua sobrevivênciano futuro. A ideia de planejar não é nova nas organizações. A necessidade de organizar atividades, orientar o trabalho de pessoas ou formalizar um orçamento fez com que as organizações incorporassem o conceito de planejamento à sua vida. As maneiras de concretizá-lo é que variam: planos anuais; plurianuais; por setor ou área temática da organização; financeiro e assim por diante. Todas estas formas possuem em comum a preocupação mais geral de fazer com que a organização defina objetivos, cronogramas, organogramas e orçamentos. Em outras palavras, como a organização vai se preparar para cumprir sua missão. De acordo com Ludwig (2001), para vencer na nova economia é preciso criar uma organização memorável e conscientizar-se de que o conhecimento é recurso fundamental. Não existe mais negócio sem show. Hoje, além de saber tudo sobre o cliente, é preciso entretê-lo, diverti-lo, fazê-lo aprender algo. A economia atual pede organizações que funcionem como times de futebol e empreendedores que saibam correr riscos, planejem muito, adorem o seu negócio e vendam conhecimento. É muito importante, também, avaliar as necessidades eminentes. Será que o meu negócio ou o que eu desejo montar atende a uma necessidade, é uma tendência, satisfaz ou corrige uma deficiência? Responder a isto com clareza evita pensar os negócios com base somente nas emoções e nos sonhos e traz o negócio para o plano da realidade. O 8 mercado está cheio de oportunidades. O empreendedor deve olhar o mercado de fora como um todo e tentar identificar quais são essas oportunidades. Ele tem que analisar tendências e planejar onde deseja chegar e como deve agir para conseguir realizar seus objetivos. 2. MATEMÁTICA FINANCEIRA E FINANÇAS APLICADAS A GESTÃO DE TRIBUTOS Fonte: www.exame.abril.com.br A Matemática Financeira tem extrema importância para a tomada de decisões na empresa e, sua aplicação quando bem desenvolvida, traz maior rentabilidade possibilitando o processo de maximização nos resultados. Certamente com uma boa base desse conhecimento traz à compreensão de problemas. Segundo o professor da Fundação Getúlio Vargas e mestre em Economia Empresarial, Milton Juer, a Matemática Financeira também pode ser aplicada em diversas situações cotidianas como calcular as prestações de um financiamento de um móvel ou imóvel optando pelo pagamento à vista ou parcelado. A Matemática Financeira fornece o instrumental necessário à avaliação de negócios, de modo a identificar os recursos mais atraentes em termos de custos e os mais rentáveis no caso de investimentos financeiros ou de bens de capital. Nas situações mais simples e corriqueiras do dia-a-dia, como por exemplo, se você tem dinheiro em algum tipo de poupança/investimento, ou em um pequeno negócio, ou ambos, e quer comprar um carro ou um eletrodoméstico. Você deve decidir se paga à vista, mediante saque da aplicação ou do 9 capital de giro da empresa, ou se acolhe o financiamento oferecido pelo vendedor. As ferramentas da Matemática Financeira vão indicar-lhe a melhor decisão. Nas avaliações econômico-financeiras existe o binômio risco-retorno. Avaliação ou apuração do retorno de investimentos é um problema da Matemática Financeira. Já o Risco é um problema da Estatística e pode ser definido como a possibilidade de perda. Diz respeito apenas à possibilidade de ocorrer um resultado diferente do esperado. Decisões com base em dados contábeis aumentam os riscos uma vez que se baseiam em dados passados. Decisões devem ser tomadas com base nas expectativas futuras, à luz das novas tendências e dos fluxos de caixa projetados. Na área de Recursos Humanos, para medir crescimento da folha, variação/evolução salarial, custo de benefícios, encargos sociais, entre outros. A Matemática Financeira é ferramenta para qualquer obra. 3. CONTABILIDADE SOCIETÁRIA APLICADA ÀS EMPRESAS Fonte: www.contsimples.com.br O momento é histórico, para as companhias brasileiras, no que se refere às mudanças na divulgação de suas demonstrações contábeis. Nesse processo de convergência com as normas internacionais, a interpretação Ifric 12 define, de forma geral, o reconhecimento e a mensuração de obrigações e direitos relacionados aos contratos de concessão de serviços públicos. Vários estudos têm buscado identificar os impactos nas demonstrações contábeis 10 das empresas de concessão com a vigência da Ifric 12. Eles indicam que essa interpretação provocará efeitos relevantes devido à complexidade na sua implantação. A Ifric 12 será adotada por companhias privadas (operadores) que constroem ou executam melhorias em uma infraestrutura para a posterior operação e manutenção por um período determinado, mediante o recebimento de tarifas. De acordo com essa interpretação, nos serviços em regime de concessão: O operador assume a obrigação de prestar serviço de natureza pública; A parte que concede o contrato de serviço é uma entidade do setor público; O operador é responsável por, pelo menos, parte do gerenciamento da infraestrutura e dos serviços relacionados e não atua meramente como um agente em nome do poder concedente; Os contratos estabelecem os preços iniciais a serem cobrados pelo operador e regulam as revisões de preço durante o período de concessão do serviço; e O operador é obrigado a devolver a infraestrutura ao poder concedente conforme a condição especificada ao término do período do contrato, por pouca ou quase nenhuma contraprestação, independentemente de qual parte financiou. Além das condições mencionadas acima, o entendimento da Ifric 12 abrange somente a contabilização dos fatos relacionados a contratos de concessão de serviços públicos por companhias privadas. Para isso, contudo, precisa existir o controle, por parte do poder concedente, sobre os serviços que devem ser prestados, a quem, e a que preço; e também o controle relativo sobre o valor residual da infraestrutura concedida ao setor privado no fim do período de concessão. De modo geral, as contas afetadas na adoção da interpretação Ifric 12 serão: Ativo imobilizado; Ativo intangível; Contas relacionadas a ativos financeiros; Provisões para multas e reparos; e Receitas. Uma das mais atingidas por essas mudanças serão as companhias de transmissão outorgadas a partir de 1995 que não tiverem direito à indenização na reversão dos bens vinculados à concessão. Isso ocorrerá devido à alteração do montante contabilizado no ativo imobilizado para o ativo intangível, o que, consequentemente, afetará a depreciação dos bens para amortização do intangível em função do prazo de concessão. O saldo do ativo 11 imobilizado em 31 de dezembro de 2009 deverá ser desmembrado em ativo financeiro e intangível com a identificação do que será recebido do poder concedente e do que será recebido diretamente do usuário. O ativo financeiro será registrado em função da indenização do poder concedente pelos investimentos ainda não amortizados ao término da concessão. Para as empresas distribuidoras de energia, segundo a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia (Abradee), os ativos financeiros representam 70% do atual ativo imobilizado e 30% são representados por ativos intangíveis. Existe uma preocupação do governo com as indenizações que vencerão em 2015, e caso sejam realizadas novas licitações ou a prorrogação dos contratos, deverão ser definidas regras para a indenização dos ativos, que influenciarão diretamente na forma de contabilização. Como última novidade sobre a adoção da Ifric 12 no Brasil, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) concluiu que a regra não se aplicará às geradoras de energia, pois, embora também ocorra a devolução da infraestrutura ao poder concedente, existe a liberdade para a determinação do preço da energia vendida. Contabilidade SocietáriaÉ o estudo da legislação de constituição das sociedades, que serão registradas nas Juntas Comerciais ou Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Esse estudo pode ser completado com conhecimentos que envolvam os grupamentos ou conglomerados empresariais (Lei das S/A), com o estudo da função das controladoras (holding) e das controladas e coligadas na estrutura organizacional dos grupos de empresas. Para isso é necessário também o estudo do sistema de mensuração dos investimentos em empresas de um conglomerado por Equivalência Patrimonial e o estudo das formas de Avaliação das Empresas, que inclui a Avaliação e Reavaliação de Ativos e a Avaliação do Fundo de Comércio, todos estes no âmbito da Contabilidade Avançada. Também podem ser estudadas as implicações societárias e tributárias nos casos de Incorporação, Fusão, Cisão, Transformação, Liquidação Judicial, Extrajudicial e Ordinária, Extinção, Dissolução, Falência e Constituição de sociedades e que se conheça ainda os métodos de Consolidação das Demonstrações Contábeis dos grupamentos de sociedades e a Conversão das Demonstrações Contábeis em Moedas Constantes. 12 4. CONTABILIDADE APLICADA AOS TRIBUTOS Fonte: www.osayk.com.br Ferramenta indispensável à gestão da organização. No entanto, além desta nobre função, a Contabilidade tem servido também aos interesses do Fisco, fornecendo informações relevantes acerca da situação financeira da empresa, da sua forma de atuar e outras informações nas quais é possível inferir indícios de cerceamento às obrigações fiscais Como forma de estabelecer uma justiça fiscal, o governo por meio de dispositivos legais permite às empresas a opção por um regime de tributação que lhes favoreça mais, ou seja, salvo exceções, as empresas podem optar por o modo de se recolher tributos que mais lhe seja favorável. A intenção de permitir ao contribuinte tal escolha reside na obediência ao princípio constitucional que determina ao Estado, sempre que possível, tributar de acordo com o porte e capacidade daquele que contribui (vide Constituição Federal, artigo 145, parágrafo 1º). Dito isto, temos atualmente quatro regimes de tributação distintos, cada qual priorizando determinada característica da empresa, a saber: Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrado. Daremos certa ênfase nos três primeiros e apenas um pequeno comentário sobre o último. Antes de abordarmos os temas, deve o caro leitor ter em mente duas coisas: Primeiramente que os métodos aqui mostrados são exemplificativos e não taxativos, ou seja, há várias exceções não abordadas aqui, pois o objetivo não é o aprofundamento em tais questões e sim a apresentação de conceitos gerais. 13 Em segundo lugar, os mesmos métodos não abrangem de forma algumas questões ligadas a tributos sobre o consumo/indiretos (PIS, COFINS, ICMS, IPI entre outros), abrangendo tão somente a tributação sobre o resultado/lucro. Simples Nacional Instituído pela Lei Complementar 123/2006, contando também com alterações posteriores, é o regime de recolhimento de tributos criado para beneficiar a micro e a pequena empresa. Salvo exceções explícitas na Lei 123/2006, a regra geral de enquadramento dá-se pelo porte/volume da movimentação financeira da empresa, prevalecendo (salvo exceções, como já exposto) a ideia de que o importante não é o que se faz e sim o vulto financeiro envolvido. Com a proposta de simplificar o sistema tributário do pequeno empresário, o Simples Nacional abrange os seguintes tributos: ISS, ICMS, PIS, COFINS, Contribuição Previdenciária Patronal, CSLL e IRPJ em apenas uma guia de recolhimento (são os únicos dos regimes de tributação em que os tributos diretos e indiretos são calculados juntos). Há, para efeito de conservação do princípio da isonomia, os chamados Anexos, cuja numeração vai de I a V, nos quais as diferentes atividades são inseridas. Não serão abordados aqui especificações e detalhes de cada Anexo, haja vista que este material pretende apenas apresentar os diferentes regimes de tributação existentes. Eventual aprofundamento será oportunamente feito em artigo específico. Suas principais características são a diferenciação da base de cálculo dos tributos, que não incidem sobre lucro ou valor agregado, como em outros regimes fiscais, mas diretamente sobre a receita; ou seja, o fato gerador da obrigação principal (recolhimento do tributo) é o Faturamento. Outra peculiaridade reside no fato da desoneração da folha de pagamento, extinguindo a contribuição do INSS sobre a folha (de 20%) e de terceiros (percentual que pode chegar a 8,8%), ao embutir tais contribuições juntas com os demais impostos, diretamente sobre o faturamento, mas com um percentual menor. Entretanto, cabe observar que há uma exceção a esta regra, conforme transcrito do citado dispositivo legal: Art. 18, § 5o-C. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei Complementar, as atividades de prestação de serviços seguintes serão tributadas na forma do Anexo IV desta Lei Complementar, hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os demais contribuintes ou responsáveis: Desta forma, o fisco conseguiu manter a carga tributária sobre a folha de pagamento de pelo 14 menos parte das empresas do Simples Nacional, conforme fica claro no artigo transcrito acima, no qual as atividades tributadas no Anexo IV, são obrigadas a proceder ao recolhimento do INSS da mesma maneira que o fazem os não optantes pelo Simples Nacional. Ressaltamos ainda que existem diversas hipóteses de exclusão do regime fiscal do Simples Nacional, entre elas estão faturamento elevado e também sonegação de impostos. Frisamos também que existem dezenas de peculiaridades, mas não as apresentaremos aqui e sim em material propício. Cabe ainda uma observação final, a de que as empresas enquadradas no Simples Nacional são obrigadas a manter escrituração contábil, pois, apesar da dispensa por parte da Lei 123/2006, elas continuam obrigadas perante a legislação societária, comercial e outras que não promoveram tal dispensa. Há inclusive um valor adicional de Imposto de Renda sobre o lucro distribuído (fato desconhecido por muitos), que deve ser pago em alguns casos, por aqueles que não mantêm contabilidade regular (art. 14 da Lei 123/2006). Há ainda, como hipótese de exclusão do regime Simples Nacional, a omissão de receita, despesas incompatíveis com o faturamento, compras incompatíveis com a movimentação financeira, distribuição disfarçada de lucros entre outras irregularidades, possíveis de defesa e de produção de provas a favor do contribuinte (empresa) desde que se mantenha a contabilidade devidamente organizada. Lucro Real O Imposto de Renda (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL) incidem ambos sobre o lucro apresentado pela empresa. Observe-se que, numa definição simples, o lucro é “acréscimo ao capital efetivo, por efeito do movimento” (Lopes de Sá, 2005) ou seja, entendemos como lucro todo valor positivo agregado ao capital inicial, após o movimento. Dito isto, os referidos tributos incidem sobre o valor efetivamente agregado, ou seja, o lucro. Desta forma, dispõe o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) que sobre o lucro líquido apurado e feitos os ajustes necessários, incidirão o IRPJ e a CSLL. Observe- se que, caso não haja lucro, poderá o contribuinte (empresa) abster-se do pagamento de IRPJ e CSLL. Evidentemente há normas que disciplinam o assunto, não permitindo que o contribuinte use e escriture documentos com má fé, com o fim de evadir-se do pagamento de tributos. Na tributação por meio do Lucro Real, deve o contribuinte, por meio de sua contabilidade, apurar o resultado do período, utilizando-se de documentaçãoidônea, para só então proceder ao lançamento do imposto. Sobre o valor encontrado calcula-se os tributos em questão (15% a título de IRPJ e 9% a título de CSLL). Cabe ainda observar que o conceito 15 “Lucro Real” é um conceito meramente fiscal, para fins de recolhimento de tributos, não servindo para fins econômicos, financeiros e societários. Conclui-se, portanto, que contribuintes que tenham poucas despesas são financeiramente penalizados por este regime de apuração, dado que a quantidade de despesas dedutivas (idôneas) é inversamente proporcional ao lucro e por consequência ao imposto devido. Para tais contribuintes, que em virtude de sua atividade possuem poucas despesas, foi criado o regime chamado de Lucro Presumido, conforme veremos abaixo. Lucro Presumido Nesta modalidade de tributação, como o próprio nome já sugere, o lucro da empresa para fins de apuração do IRPJ e CSLL, é apurado com base em algumas regras de presunção e não a partir da contabilidade. Esta forma de recolhimento essencialmente consiste no cálculo do IRPJ e CSLL sobre um percentual do faturamento da empresa, sendo que o referido percentual é o Lucro Presumido propriamente dito. Para fins de apuração do Lucro Presumido, utilizam-se os percentuais previstos no Regulamento do Imposto de Renda (1,6%, 8%, 16% e 32%) e na legislação da Contribuição Social (12% e 32%), de acordo com a atividade desenvolvida e em alguns casos específicos, conforme o faturamento anual. O método consiste na aplicação do percentual específico, determinado pela legislação, sobre o faturamento da empresa. O produto desta operação, ou seja, o resultado, é a base de cálculo (Lucro Presumido) sobre o qual se calcula os tributos (15% a título de IRPJ e 9% a título de CSLL). De forma análoga ao Lucro Real, observamos que o termo “Lucro Presumido” é um conceito estritamente fiscal, não sendo de forma alguma aplicável a qualquer outra finalidade. O que significa que a empresa deverá manter escrituração contábil para atender a legislação comercial, societária, previdenciária e até mesmo para próprio controle interno, tendo em vista que somente a legislação federal do IRPJ e CSLL, dispensou a escrituração contábil. Note-se que o fisco federal ainda poderá exigir a contabilidade para averiguação de outros tributos: PIS, COFINS, IPI, II entre outros. Também os fiscos Estaduais e Municipais jamais dispensaram a contabilidade, podendo igualmente solicitar ela para fiscalizações. Portanto é falsa a afirmação que empresas do Lucro Presumido não necessitam de contabilidade. Ressalta-se que a contabilidade poderá ser solicitada pela autoridade judicial em eventuais processos, inclusive em contencioso fiscal do IRPJ e CSLL. E, não custa lembrar é uma ferramenta de gestão que nenhuma organização pode dar-se ao luxo de prescindir. 16 Lucro Arbitrado Quando o Fisco verificar indícios de irregularidades, que resultem em omissão de receitas, manipulação de resultados, contabilidade com informações insuficientes e de baixa qualidade ou qualquer outro artifício utilizado para reduzir o tributo devido ou evadir-se do pagamento, determinará a tributação pelo Lucro Arbitrado, procedendo à desconsideração total da escrituração fisco-contábil. Verificamos, portanto, que esta modalidade de tributação é predominantemente utilizada como política de policiamento fiscal de uma empresa, o que implica em extrema desvantagem financeira. O contribuinte, em casos excepcionais, poderá optar por este regime. Um exemplo é quando por motivo de força maior, perde sua documentação. Estando impossibilitado de provar ao Fisco o quanto deve, acaba por optar pelo Lucro Arbitrado, antecipando-se ao Fisco e amenizando eventuais consequências. A forma como a empresa será tributada nesta modalidade dependerá das variáveis e de indícios que o Fisco tenha encontrado. Portanto, como o próprio termo já antecipa, a empresa tem seu lucro auferido arbitrariamente, dado que não consegue apresentar provas de quanto seria seu lucro fiscal (base de cálculo), por meio das outras modalidades (Simples, presumido ou Real). 5. PLANEJAMENTO ESTRATEGICO E FISCAL DE TRIBUTOS Fonte:www.plane.com.br 17 O planejamento tributário consiste em uma técnica em que o “propósito é orientar as possibilidades de conduta de determinada pessoa a atingir seus objetivos sob a menor pressão fiscal possível”, (AMARAL, 2004, p. 72) sendo razoável enquadrar dentro dessa definição do conceito as condutas lícitas, mas também as condutas ilícitas. Segundo Miguel Delgado Gutierrez (2006, p. 16), “hoje em dia afirma-se que exista uma relação jurídica tributária entre o Estado e o contribuinte, encontram-se em posição de igualdade, pois devem submeter suas condutas à lei” ficando o contribuinte vinculado ao pagamento de tributos porque a lei o impõe, e o Fisco não dispõe de qualquer direito exceto pelo que lhe é outorgado pela lei. Entretanto, lembrando as palavras de Roque Carrazza (2011, p. 197): “Teoricamente não se discute que a relação que se estabelece entre o fisco e o contribuinte é uma relação de direito (não uma relação de poder), pela idêntica subordinação de ambos à lei”. Entretanto, em termos práticos, lembra o autor, que “o contribuinte, quando se depara com a formidável pessoa política tributante, invariavelmente acaba levando a pior”. Assim sendo, em que pese disparidade de armas, o contribuinte tem o direito de minimizar seus custos tributários, conquanto cabe ao Estado estabelecer o cumprimento da legislação tributária, almejando gerar receitas, capazes de atender às necessidades públicas. Neste contexto, Lívio Augusto Sillos (2005, p. 10) traz uma visão mais completa acerca do tema, ele diz que: “O planejamento tributário é expressão utilizada para representar o conjunto de procedimentos adotados pelo contribuinte com o objetivo de eliminar, reduzir ou diferir para momento mais oportuno a incidência de tributos”. Tal espectro traduz o significado do planejamento tributário em sua essência, que é na realidade uma verdadeira gama de artifícios que o contribuinte se utiliza com o objetivo de eliminar, reduzir ou adiar o momento de incidência do tributo. O que, no final das contas, se traduz justamente no pagamento do tributo, sendo ele eliminado, reduzido, adiado ou não. Passando à esfera da Constituição Federal, o artigo 5º, inciso II, institui que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Da mesma forma no título da Tributação e do Orçamento, no capítulo do Sistema Tributário Nacional, na seção das Limitações do Poder de Tributar, o artigo 150, inciso I, veda a União, Estados, Distrito Federal e Municípios de exigir ou aumentar tributos senão em virtude de lei. Desta forma, Felipe Faria de Oliveira (2007, p. 115) argumenta da seguinte forma, ipsis litteris: Se é tida como basilar a concepção de que ninguém pode se abster do pagamento de tributos nos moldes estabelecidos em lei, também o é a ideia de que não há 18 obrigatoriedade pecuniária em proporção maior ou prazo menor daqueles estabelecidos no texto positivado. A Constituição Federal tutela em seu bojo o direito da autonomia privada, além da propriedade e da liberdade contratual, entretanto, do mesmo modo há o dever ético- jurídico de pagar tributos. É justamente em cima deste contexto ético mais amplo que se vislumbra a figura do planejamento estratégico tributário, uma nova figura que traduz justamente esta ideia dentro de um campo de situações do próprio planejamento tributário. Assim sendo, observa-se que embora a Constituição Federal preveja, de certa forma, o planejamento tributário há o dever ético-jurídico ao pagamento do tributo, ou seja, é louvável e necessário que se entenda que o pagamento do tributo transcende a questão de economia ou gastos com tributo, mas que talinstrumento financeiro é indispensável à efetivação do Estado como ente social. 5.1 Planejamento Estratégico A terminologia planejamento tributário, como observamos, habitualmente utilizada para definição do estudo de maneiras lícitas com o objetivo de eliminar, reduzir ou diferir a carga tributária, parece-nos sofrer um problema de ordem prática da terminologia empregada. O verbo planejar leva ao referencial de uma ferramenta que permite, a partir de uma realidade, avaliar os caminhos e construir um referencial futuro, ou seja, é um processo abstrato que organiza e escolhe as ações, antecipando resultados esperados. Sobre essa definição do verbo planejar é que surge o problema: na prática da contemporaneidade parece evidente que raras são as situações em que alguém paga seus tributos sem planejamento (principalmente tratando-se de pessoa jurídica), acontece que esse tipo de planejamento tributário não reflete, em sua essência, a situação a que se propõe, qual seja, “uma técnica de estudo cujo propósito é orientar as possibilidades de conduta de determinada pessoa a atingir seus objetivos sob a menor pressão fiscal possível” (AMARAL, 2004, p. 72) sempre focando na licitude da conduta. A terminologia planejamento estratégico transpassa a definição do conceito de planejamento, sendo mais objetiva e interessante aos objetivos do presente trabalho. Para definição do conceito de planejamento estratégico, diversos estudiosos da Administração de Empresas desenvolveram propostas na gestão de negócios. O modelo de planejamento estratégico de Arnoldo C. Hax e Nicolas S. Majluf se preocupa com a “identificação das competências empresarias que permitirão aproveitar as oportunidades e minimizar ou eliminar os efeitos das ameaças”. (PASQUALE, 2009, p. 65) Esse estudo é iniciado pela 19 definição da missão do negócio, representado pelos produtos, mercados e segmentação geográfica da empresa, permitindo que a organização tenha vantagens competitivas com relação a suas concorrentes. Define-se então o planejamento estratégico como “planos de ação elaborados para atingir objetivos” (SEMENIK; BAMOSSY, 1995, p. 64, apud MATTAR et al., 2009, p. 87) ou como o “conjunto de objetivos da empresa e a forma de alcançá-los” (BUZZEL et al., 1977, p. 16, apud MATTAR et al., 2009, p. 87). Na primeira fase do planejamento estratégico administrativo empresarial se faz uma análise interna com o objetivo de identificar fatores críticos (forças e fraquezas básicas), bem como uma análise externa para identificar elementos que contribuam para a atividade do setor a que pertence a empresa (oportunidades e ameaças). Na fase seguinte, “elabora-se a programação estratégica, que consiste na definição e avaliação dos programas de ação específicos” (PASQUALE, 2009, p. 67), que vem seguida das questões orçamentárias e de controle gerencial da empresa. Neste ramo do conhecimento, percebemos que o planejamento estratégico visa uma possível reconfiguração da empresa, após análises internas e externas, com foco na melhoria dos objetivos (produção de bens e serviços), mas também com olhos à redução de custos. O planejamento estratégico tributário deita suas raízes em um viés legalista, diferentemente do viés econômico da administração de empresas, entretanto, em ambas as situações, se percebe que há uma estratégia utilizada para o planejamento de efetiva redução de custos e na melhoria da produção de bens e serviços. 5.2 Gestão Tributária Internacional Em uma economia globalizada como a atual, na qual as oportunidades de negócio ultrapassam constantemente as fronteiras internacionais, levando empresas e investidores a atuar nos mais longínquos recantos do planeta, conhecer as especificidades locais e as forças e regras que envolvem e permitem a interação entre as nações é essencial para o sucesso do empreendedor, especialmente no que se refere à questão tributária. É preciso estar sempre atento ao fato de que, não importa quão global é um dado negócio ou atividade, as implicações tributárias (positivas e negativas) dele decorrentes são influenciadas (senão determinadas) por legislações locais. Em suma, se os negócios são globais, é preciso lembrar sempre que a legislação tributária é local. Tal dicotomia – global versus local – pode ensejar riscos e oportunidades. Quanto aos primeiros, eles demandam ações fortes na área de compliance, cujo objetivo seria evitar um eventual “gol contra”, isto é, a geração de 20 contingências tributárias na nova jurisdição onde uma determinada multinacional passe a operar, o que, além do custo financeiro, pode provocar danos à imagem. Em relação às oportunidades, há que se pensar em “estruturação tributária”, que pode ter um escopo internacional (envolvendo várias jurisdições simultaneamente) ou local (quando o foco é exclusivo em uma única jurisdição). Com efeito, do ponto de vista mais prático, e detendo-nos em relação ao caso de multinacionais brasileiras como exemplo, os dois assuntos que usualmente mais afetam essas empresas são as regras de tributação dos lucros de controladas e coligadas no exterior e as regras de preços de transferência, duas questões sensíveis que devem ser tratadas sempre com muita atenção e por gestores que detenham conhecimento adequado sobre os temas. Equalizar a gestão tributária de uma multinacional acaba sendo, de fato, um desafio complexo e trabalhoso. Para lidar com a questão, há várias formas de abordagem, dependendo da empresa e de seu negócio, a área e países de atuação. Porém alguns efeitos mais comumente percebidos são: a gestão tributária da empresa passe a conquistar mais relevância, principalmente do ponto de vista estratégico; aumentarem a complexidade tributária e os respectivos riscos e oportunidades advindos de tal complexidade; ser necessário incorporar a figura do diretor global de assuntos tributários, ou global tax director; em razão de a empresa passar a se preocupar muito mais com a governança tributária; ser necessário utilizar mais intensamente o apoio de consultores tributários com presença internacional, tanto nos trabalhos de compliance, como nos de estruturação tributária; e haver a tendência de se observar (e não necessariamente copiar) o que outras multinacionais não brasileiras realizam em termos de estruturação tributária internacional, notadamente aquelas de origem europeia e norte-americana, pois elas estão “na estrada”, ou seja, no cenário internacional, há mais tempo. A equalização da gestão tributária exige, portanto, acesso efetivo ao conhecimento local somado a uma administração integrada e dimensionada para garantir o cumprimento das exigências e normatizações fiscais, sempre em consonância com os interesses da corporação e de sua relação com clientes, fornecedores, autoridades e a sociedade em geral, tanto local, como globalmente. Em essência, o desafio de compatibilizar as demandas de diferentes países e equilibrar os dispêndios tributários de modo correto e mais adequado para as contas corporativas exige muita atenção. A maneira de fazer com que a soma das partes forme um todo organizado exige a aplicação de várias medidas, como: organizar a governança tributária de maneira global; recorrer ao chamado global tax director e, consequentemente, à formação de um time tributário corporativo que esteja focado no todo, 21 e não só em um país em particular; formar e manter bons times tributários locais, isto é, em cada jurisdição de operação; e utilizar, quando necessário, consultores tributários internacionais, tanto na área de compliance, como na de estruturação tributária, pois nenhuma empresa tem sozinha toda a competência em relação aos assuntos tributários nas jurisdições em que atua. Segundo Musgrave (1976), o conceito de Sistema Tributário é entendido como sendo o complexo de regras jurídicas formado pelos tributosinstituídos em um país ou região autônoma e os princípios e normas que os regem. Desta forma, podemos concluir que o Sistema Tributário instituído no Brasil é composto dos tributos, dos princípios e normas que regulam tais tributos. No Brasil o princípio adotado é o da estruturalidade orgânica do tributo, o qual determina a espécie tributária pelo seu fato gerador, com base na doutrina majoritária, pode-se afirmar que são cinco as espécies tributárias que compõem o sistema tributário brasileiro: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios. Fabretti (2009, p. 87) define princípios como sendo “grandes fundamentos às grandes diretrizes lógicas, políticas sociais e econômicas do sistema, que prevalecem sobre todas as normas”. Sendo assim o Sistema Constitucional Tributário está sujeito a uma série de Princípios constitucionais: Princípio da Legalidade: O texto do referido art. 150, I da CF/88 estabelece que "é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça". Esse princípio por si só já menciona que é prestação “instituída em lei”. Em suma, a criação do tributo só acontecerá se houver previsão legal, caso contrário será considerado indevido. Princípio da Igualdade: Segundo art. 150, II, CF/88, a distinção arbitraria é proibida por esse princípio, entre contribuintes que se encontrem em situações semelhantes. Visando a garantia do indivíduo, para que sejam evitados perseguição e favoritismo. "Nem pode o aplicador, diante da lei, discriminar, nem se autoriza o legislador, ao ditar a lei a fazer discriminações". Princípio da Irretroatividade: De acordo com art. 150, III, a, CF/88, a este princípio é proibido a retroativade da lei: ou seja, não podem ser exigidos tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que instituiu ou aumentou algum tributo. 22 Princípio da Anterioridade: Segundo art. 150, III, b, CF/88, proíbe a exigência de tributo ou seu aumento no mesmo exercício em que for publicada nova lei, para que o contribuinte não seja surpreendido com a tributação de última hora. Princípio do Não Confisco: De acordo com art. 150, IV, CF/88, este princípio visa estabelecer uma limitação a atividade tributária do Estado, buscando proteger o contribuinte para que o valor do tributo não tenha alíquota tão elevada a ponto de representar a perda total do bem ou mercadoria sobre o qual esteja incidindo. A cobrança não poderá significar a perda do bem, pois se assim fosse, estaríamos contrariando a vigência do princípio da garantia da propriedade privada. 5.3 Competência tributária A expressão competência tributária pode ser definida como sendo o poder, atribuído pela Constituição Federal, observadas as normas gerais de Direito Tributário, de instituir, cobrar e fiscalizar o tributo, compreendendo as três competências legislativa, administrativa e judiciária. Pode-se definir competência tributária como sendo “a parcela do poder de tributar conferida pela Constituição a cada ente político para criar tributos", ou, ainda, “a aptidão para criar tributos através de leis”. A Lei maior, assim como também é chamada a Constituição Federal, instituiu um sistema de distribuição constitucional de competências entre os entes Federativos. BERCOVICI, (2004, p.23-54) explica que: As unidades federadas recebem diretamente da Constituição Federal as suas competências, isto é, o reconhecimento de seus poderes conjugados com a atribuição de encargos. Não se trata de mera descentralização administrativa, mas da existência conjunta de múltiplos centros de decisão política, cada qual com a exclusividade em relação a determinados assuntos. O Código Tributário Nacional trata do tema nos artigos 6º a 8º: Art. 6º. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações constitucionais contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta lei. 23 Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º. A competência tributária é indelegável, salvo a atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do art. 18 da Constituição. § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas jurídicas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Art. 8º. O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. Na definição de José Afonso da Silva (1990, p. 413), competência é a “faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões”. Competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. Destarte, no exercício e desenvolvimento de suas atividades existem competências tributárias da União, dos Estados, dos Distritos Federais. A competência para legislar sobre Direito Tributário é concorrente - não inclui os Municípios conforme art. 24 da CF e inciso I: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; A competência para instituição de taxas é do ente a quem a União atribuirá a competência para a atuação de prestar certo serviço público ou para exercer certo poder de polícia. Assim, os Municípios têm competência para instituir taxa de licença para estabelecimento, pois ao Município é dada a competência de polícia sobre o uso do solo 24 urbano. A União tem competência para instituir a taxa de passaporte, pois a é ela é dada a competência de polícia de fronteiras. E os três níveis da federação têm competência para instituir taxas de polícia ambiental. No exercício da função administrativa compete ao estado prestar serviços ou exercer poder de polícia. Assim, pode-se dizer que a competência para taxas corresponde à competência administrativa atribuída pela CF que estão citados nos arts. 21, 23 e 25, §§ 1º e 2º, e 30, da CF. A instauração de impostos, entretanto, é de competência privativa da União – Art 154, I. A Constituição Federal adotou, assim, a competência concorrente não-cumulativa ou verticalaos entes da federação, de forma que a competência da União está adstrita ao estabelecimento de normas gerais, devendo os Estados e o DF especificá-las, através de suas respectivas leis. Por estarem definidas na CF, não pode outro instrumento normativo estabelecer, extinguir ou limitar competências tributárias, salvo as emendas constitucionais, respeitadas as chamadas “cláusulas pétreas” (direitos e garantias individuais, por exemplo). 5.4 Legislação, vigência e aplicação O Art. 96 do CTN assim dispõe sobre a legislação tributária: “A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. ” Logo, será tratada a aplicação e vigência de todosestes instrumentos normativos descritos pelo CTN como legislação tributária. A aplicação da norma presume a sua interpretação, que dessa forma, pressupõe a sua vigência. A norma prevê uma hipótese genérica e abstrata que será aplicada a fatos concretos ocorridos no mundo real que sejam previstos por essa norma. O ponto de partida para aplicação da norma é a percepção do texto normativo. Porém, há situações em que o texto normativo não está suficientemente claro, podendo ensejar mais que um entendimento. Então, faz-se necessário que haja primeiro a análise da norma em face de todo o ordenamento jurídico. A vigência pode vir ou não em conjunto com a publicação ou com a eficácia. Geralmente, a vigência ocorre em data distinta da publicação, obedecendo a vacatio legis, que é o período existente entre a data da publicação e o início da vigência e da eficácia. A regra geral é a de que a Lei entra em vigor e se torna eficaz decorrido o prazo de 45 dias contados a partir da data da publicação. Neste caso, há diferença entre a publicação e a vigência, se dando esta última, juntamente com a eficácia. 25 6. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS Fonte: unieducar.org.br/ Tem como fundamento a preservação de valores que a Constituição Federal reputa relevantes, como o federalismo, a atuação de certas entidades, a liberdade religiosa, o acesso à informação, a liberdade de expressão. Só há imunidade, em regra, quanto aos impostos. É a qualidade da situação que não pode ser atingida pelo tributo. Importante saber que a imunidade atua no plano da competência e a isenção atua no exercício da competência. Na isenção, é a lei infraconstitucional que retira algumas ocorrências da hipótese de incidência. Ex. alguns produtos não pagam impostos. Seguem as imunidades tributárias constitucionalmente previstas: Imunidade Recíproca De acordo com o artigo 150, inciso VI, aliena ‘a’, é vedado à União, aos Estados- Membros, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, bem como as autarquias e fundações mantidas pelo Poder Público. Essa disposição constitucional visa à proteção do federalismo. Importante saber que, quem vende mercadoria para pessoa imune não tem imunidade. Ex. aquisição de veículos pelo Município, por meio de licitação. Empresa vencedora pagará o ICMS. A pessoa física ou 26 jurídica - que adquire bem imóvel pertencente à pessoa imune - se submete ao pagamento do ITBI. Imunidade dos Templos Está contida no artigo 150, inciso VI, alínea ‘b’, a imunidade que protege o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais de qualquer templo. O fundamento é garantir a liberdade de crença, tendo em vista que o Brasil é um país laico, isto quer dizer, não tem religião oficial. A imunidade alcança o seminário, a casa do padre/pastor, automóvel, rede TV; para alguns alcança até a comercialização de camisetas, imagens (tudo que estiver no nome da igreja). Entidades Imunes Nos termos do artigo 150, inciso VI, alínea ‘c’, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos, inclusive das fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Em síntese, a imunidade protege o patrimônio, a renda e os serviços, desde que relacionados com as finalidades essenciais dos entes, em face das razões abaixo comentadas: Partido político: evitar a restrição à liberdade partidária. O partido deve ser legalmente constituído. Fundações partidárias: entidades de apoio ao partido, formação de militância, centro de debates e estudos. Entidades sindicais dos trabalhadores: a razão é a liberdade sindical. A imunidade atinge os sindicatos, federações, confederações, forças sindicais. Os sindicatos patronais não têm imunidade, em razão do desequilíbrio de forças. Entidades sem fins lucrativos: não ter finalidade lucrativa não significa que a entrada de recursos deve ser limitada aos custos, pois as entidades podem e devem obter recursos destinados ao seu desenvolvimento. O que não pode ocorrer é a distribuição do patrimônio ou dos lucros, cujo destino é o investimento na própria instituição. 27 A lei mencionada no artigo 150 é a nº 9.532/1997 que trata da legislação tributária federal. No seu artigo 12 estabelece os requisitos que as instituições de educação e de assistência social devem atender para usufruir a imunidade. Segue súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca do tema: Súmula 724 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art.150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. Imunidade dos livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão A imunidade prevista no artigo 150, inciso VI, alínea ‘d’, da Constituição Federal, justifica-se pela liberdade de expressão. Essa imunidade deve abranger até mesmo os meios indispensáveis à produção dos objetos imunes, tal como os equipamentos destinados à sua produção. Ex. imposto de importação sobre máquinas destinadas à impressão de jornais. A imunidade visa baratear a produção das obras e não enriquecer os produtores. 28 7. REFERÊNCIAS BRINGHENTI, C. Fundamentos para a implantação de pequenas e microempresas de alimentos. Florianópolis: UFSC/PPGEP, 2000. Dissertação de Mestrado. DRUCKER, P. F. 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