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HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO DIREITO ROMANO Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Direito Prof. Dr. Raoni Bielschowsky DIREITO ROMANO ANTIGO 13 séculos de História 753 a.C. – 585 d.C. Três etapas cronológicas Período da Realeza Fundação de Roma 753 a.C. a 509 a.C. Período da República 509 a.C. a 27 a.C. Império Período do Principado 27 a.C. a 284 d.C. Baixo império 284 d.C. a 585 d.C. Queda do Império Romano Ocidental 476 d.C. DIREITO ROMANO ANTIGO Animação da evolução territorial do Estado romano. República Romana Império Romano Império Ocidental Império Oriental DIREITO ROMANO ANTIGO DIREITO ROMANO ANTIGO Relações entre Grécia à Roma: da polis à cosmopolis “Os gregos souberam dar corpo a filosofias do direito, os romanos desenvolveram seu gênio próprio na ordem da teoria do direito” Filosofia do Direito: “reflexões quanto ao fundamento e definição do direito, quanto à articulação do positivo e do natural, quanto a seu sentido no processo humano da socialização” Teoria do Direito: “conjunto de reflexões oriundas mais diretamente de práticas jurídicas, e que tenta esclarecer ou teorizar sobre essas práticas” (BILLIER, Jean-Cassien; MARYOLI, Aglaé. História da filosofia do direito. Tradução Maurício andrade. Barueri: Manole, 2005, p. 99) DIREITO ROMANO ANTIGO Gregos Autoctonia Autonomia e autarquia Atenienses e espartanos antes de serem gregos E gregos antes de serem homens Polis Physis Natureza Romanos Autorictas Tradição Urbs Eneida “ser romano é fazer a experiência do antigo como novo e como o que se renova pela transplantação em um novo solo Vítimas da universalidade do império Estoicismo DIREITO ROMANO Pragmatismo Direito romano como descrição do mundo Obra do jurista é essencialmente realista Tradição Ius “Ars boni et aequi”, Celso Aparelho de teoria do direito Literatura jurídica: reflexão doutrinária forte Três motivos Profissão específica a serviço do aparelho: jurisconsultos Aversão à teoria Olhar fixado no concreto Obras científicas e pedagógicas Paradoxo entre direito natural e direito positivo Ius civile Ius gentium Ius naturae ou Ius naturale DIREITO ROMANO Periodização da História do Direito Romano Período Arcaico Desde a fundação: presumida em 753 a. C. Século II a.C.: adoção do processo formular e atividade dos pretores Legis actiones: “Ações da lei” Idade Clássica República tardia: 150 a.C. Principado: antes da anarquia militar, pouco depois da dinastia dos severos Per formulas: processo formular Lex Aebulia (149-126 a.C.) e Lex Iulia (17 a.C.) Tardio Ocaso da jurisprudência: quando se tenta salvar o material produzido Século III: fim do império Cognitio extra ordinem DIREITO ROMANO ANTIGO Tendencialmente sempre foi comum: Sistema aristocrático Relação entre estratos sociais Dependência da proteção social de mais poderosos Clientes Misto Algumas assembleias Algumas magistraturas Restrições de funções a algumas classes DIREITO ROMANO ANTIGO Primeiro momento do Direito Romano: Período Arcaico (753- 150 a.C.) Antecede o processo formular (149 a.C.) e a instituição dos pretores peregrinos (242 a.C.) Realeza Reis etruscos Eletivo Imperium: poder civil, militar, religioso e judiciário Desaparece com a expulsão de Tarquino, o soberbo (509 a.C.) República Poder político exercido de forma mista Elemento representativo Assembleias: comitia Elementos oligárquicos Senado Colégio de pontífices Magistraturas DIREITO ROMANO ANTIGO Senado Senatus populusque Romanus Conselho de anciãos Vitaliciedade Ligação da cidade com sua história, vida e autoridade Exercia e simbolizada a autorictas patrum Excepcionalmente emitia senatus consultus para questões negociais Só no principado o senatus consultus pode se equiparado à lei Com Adriano (117-138 d.C.) DIREITO ROMANO ANTIGO Assembleias Função legislativa Durante a República Comitia centuriata Comitia tributa Concilium plebis Plebe scita Até Lex Hortensia de Plebesictis (286 a.C.) DIREITO ROMANO ANTIGO Magistraturas Eleições anuais Muitas vezes colegiada Variadas Cônsul, Pretor, Edil, Questores, Censor, Ditadores (excepcionalmente) Editos: ius honorariom Pretores participação no imperium: poderes civis Coercitio: disciplina Iurisdictio: dizer o direito DIREITO ROMANO Pontífices Sacerdotes-funcionários Poder de usar fórmulas legais Interpretar as fórmulas legais Monopólio da interpretação Colégio de patrícios (patres): até o século II a.C. DIREITO ROMANO Lei das XII Tábuas: aproximadamente 450 a.C. Perdida nas invasões gaulesas, 390 a.C. Menções de juristas Redução a escrito de costumes, em fórmulas lapidares Fórmulas antigas laicizadas Influência grega Excertos registrados por Cícero: “Que seja morta, segundo a Lei das XII Tábuas, a criança monstruosa” “Se o pai vender por três vezes seu filho, que o filho seja libertado de seu pai” “Segundo a lei das XII Tábuas (em caso de divórcio) que ele ordene a sua mulher que leve os seus trastes, e que ela entre as chaves” DIREITO ROMANO ANTIGO Direito romano arcaico se aplica aos quirites Ius civile Tradição Processo especial e formal Função performática da linguagem: “Falar é fazer” Fórmulas que precisavam ser pronunciadas “Ações da lei” Uso correto da fórmula (formalidade extrínseca) Supervisão da formalidade “Negócios” ou “obrigações” Nexum: dívida; Sponsio: promessa que dispensa testemunha; Mancipium: forma de troca “Processo” em 5 ações Per sacamentum; Per iudicis; Abirtrive postulationem; Per condictionem; Per manus iniectionem; Per pignores capionem DIREITO ROMANO ANTIGO Segundo momento do Direito Romano: Período clássico Processo formular Criação Lex Aebutia (149 a.C. – 126 a.C.) Lex Iulia (17 a.C.) Dura até o Principado Formação dos elementos fundamentais da jurisprudência clássica Envolvidos Pretores (In iure) Iudex e árbitros (Apud iudicem ou in iudicium) Partes intresadas Juristas Fórmulas Remédios para defesa de interesses e situações não previstas no direito quiritário antiga Editos Flexibilização do direito civil DIREITO ROMANO ANTIGO Primeira fase: In iure Centralidade do Pretor: Pretor urbano (367 a.C.) e Pretor peregrino (242 a.C.) Editos: Direito novo Anuais Proclamação verbal, reduzida Observância por boa vontade Lex Cornelia, 67 a.C. Corrigir e suprir o ius civiles Comunicação da pretensão ao adversário Dever do interessado de fazer seu adversário comparecer perante o magistrado Tarefa exclusivamente privada DIREITO ROMANO ANTIGO Primeira fase: In iure Pretor verificava se o caso poderia ser tornado em “adjudicável” Transformava a queixa em conflito a ser decidido por árbitro nomeado Fórmula em formato de quesito Deveria ser contida no Edito Fórmula Designação do iudex: album Quesito: sim ou não Formato negociado pelas partes Partes firmavam compromisso perante testemunhas Litis cu testatio DIREITO ROMANO ANTIGO Segunda fase: Apud iudicem ou in iudicium Iudex ou árbitro privado Colegiado: recuperatores Recolhiam as provas Decidiam sobre os quesitos Sim ou não Houve o fato? Fulano é o autor? Houve agravantes ou atenuantes? Partes determinadas na fómula (Gaio) Intentio, demonstratio, adiudicatio, condemnatio DIREITO ROMANO ANTIGO DIREITO ROMANO ANTIGO Terceiro momento do Direito Romano: Cognitio extra ordinem Inicia com o Império, em paralelo ao processo formular Desaparecimento do processo formular Centralização política Centralização dos poderes de julgamento em um único órgão Príncipe Delegados: agentesimperiais Apelação (Supplicatio) A membro do conselho Juristas Valorização dos juristas DIREITO ROMANO ANTIGO Juristas Aristocratas Substituem os pontífices Tradição Retórica e dialética para flexibilizar a herança romana Função pública Não remuneração Influência social Tarefas Conselhos aos particulares sobre negócios e contratos Preparar as operações e documentos (instrumenta) ou minutas Perito Conselhos aos pretores Auxiliavam os juízes Escolas DIREITO ROMANO ANTIGO Juristas Principado Augusto cria o ius respondendi (ex autoritate principis) Jurista que poderia falar em nome do imperador Dominato Juristas passam a funcionários, dentro da burocracia Encarregados de aplicar precedentes e garantir uniformidade e submissão ao poder central Auxílio na produção da legislação imperial, que cresce em importância “Codificação” Consolidação temática de fontes Codex Gregorianus (c. 291 d.C.) Codex Hermogenianus (c. 295 d.C.) Lei das citações, Vaetiniano III (426 d.C.) Código Teodosiano (438 d.C.) • Constituições imperiais desde Constitatino (321 d.C.) Codex Iustiniani (530 d.C.) DIREITO ROMANO ANTIGO Fontes do Direito Romano Costumes Lex Senatus consultus Ius honorarium Edito dos magistrados Atos do imperador: constituições Edicta: ordem geral do império Decreta: julgamentos, decisões ou sentenças que constituíam precedentes Rescripta: respostas a consultas de magistrados Mandata: ordens administrativas, a funcionários e governadores de províncias Opinião dos prudentes Partes: ad respondendum Pretores e juízes: ad agendum Documentos: ad cavendum DIREITO ROMANO ANTIGO Código Justiniano: Corpus Iuris Civilis Denominação dada por Gothofredus, 1583 Direito Canônico x Jus civilis Quatro partes Codex Leis imperiais Pretendia substituir o Código Teodosiano Digesta ou Pandecta Compilação e extratos de mais de 1500 livros de jurisconsultos da época clássica Uma das principais fontes para o estudo do direito romano 1/3 é composto por partes da obra de Ulpiano 1/6, Paulo Institutas Ensino do Direito Sistemática: Doroteu e Teófilo, sob direção de Triboniano Novelas Constituições publicadas por Justiniano posteriores ao Codex
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