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ARTIGO PÓS - REVISADO

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GARANTIAS LOCATÍCIAS
ASPECTOS DA ATUALIDADE
Jaqueline Biasoli[footnoteRef:1] [1: Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Artigo científico como requisito parcial para obtenção do título de pós-graduada. Professor Orientador: Marcelo Ribeiro Losso. Mestre e Doutor. Advogado. Professor de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Escola de Direito.] 
	O presente estudo tem o objetivo de demonstrar a importância das garantias locatícias nos contratos de locação. A garantia pode ser definida como declaração convencional que se presta a proteção e acautelamento de uma obrigação pré-constituída, de caráter pessoal ou real, e que beneficia o credor no caso de inadimplemento.
 	Cada vez mais as locações estão se tornando o foco do mercado imobiliário como forma de investimento, conhecido por “comprar para alugar”. Porém, da mesma maneira que os investidores se sentem seguros com essa forma de renda fixa, os locatários veem vantagens em não comprar e somente alugar, assim reservando o dinheiro da compra de um imóvel para outra forma de investimento e pagando o aluguel com parte do rendimento do investimento. Porém os contratos de locação acabam sendo os principais responsáveis pelos problemas entre locador, imobiliária e locatário ou em muitos casos entre locador e locatário. 
 	Observamos a todo tempo pessoas que buscam imóveis para locação com um preconceito em relação aos contratos que terão de assinar, pois sentem dificuldade em preencher a garantia na hora de assinar o contrato de locação e acabam frustrando o negócio jurídico pela falta de confiança em realizá-lo. As garantias ainda são utilizadas com protecionismo extremo pelo administrador do bem locaticio. 
PALAVRAS – CHAVE: Garantias Locatícias; Caução; Fiança; Seguro Fiança; Cessão de quotas de fundo de investimentos.
SUMÁRIO 
1. Introdução – 2. Garantias Locatícias – 2.1 Caução – 2.2. Fiança – 2.3. Seguro Fiança – 2.4. Cessão de quotas de fundo de investimentos – 3. Conclusão – 4. Abstract. - 5. Referências bibliográficas.
1. INTRODUÇÃO
 	As garantias locatícias consistem em um direito dos locadores de imóveis disposto na Lei do Inquilinato (8.245/1991), porém este direito é pouco informado ao locatário e muitas vezes o locador ou o administrador, usa de má fé este direito introduzindo mais de um direito no contrato locaticio e o locatário sem saber da ilegalidade, assina o contrato. 
 	O aumento da concorrência, como viés da globalização dos mercados, a busca pelo desenvolvimento econômico e o aumento das garantias constitucionalmente estabelecidas ao indivíduo são fatores que traduzem novos contornos à atividade econômica. Todo esse aporte tecnológico e negocial apresenta um novo cenário, que se descortina para as relações sociais permeado de incertezas e insegurança.
 	Ocorre, entretanto, que esse mesmo cenário de incertezas experimentado pela sociedade pós-moderna tem reflexos pela ausência de normativa ética capaz de estabelecer critérios objetivos à sua efetividade. 
 	Todos os contratos de locação necessitam de uma garantia ao locador no caso de insolvência do locatário. Para isto, é necessário que o operador do direito saiba exatamente quais as peculiaridades das garantias para que possa fazer uma correta análise e possível indicação ao seu cliente e possíveis soluções em caso de má fé contratual por uma das partes. 
A pesquisa sobre o tema se justifica diante do grande volume de julgados disponíveis para consulta envolvendo contratos locatícios com problemas de dupla garantia contratual, casos de fiador que indica bem de família, outros de bem de família sendo tratado como caução, ainda, caução paga em dinheiro ao administrador do bem, dentre outras situações que podem ser contempladas durante o trabalho. Explanações que podem ser de grande valia para o mercado imobiliário brasileiro ajudando a facilitar o acesso a moradia pelas classes que enfrentam maior dificuldade financeira e de se adequar às regras civis de locações.
2. AS GARANTIAS LOCATÍCIAS
 	Na Lei do Inquilinato, define-se que o proprietário do imóvel é quem aponta a espécie de garantia locatícia e não o locatário, diferentemente do que ocorre hoje, onde o locador aponta quais, no plural, ele aceita como garantia e o locatário aponta a melhor. As quatro formas de garantia são caução, fiança, seguro de fiança locatícia e a nova garantia, cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. 
 	Cada uma das modalidades de garantias possuem diferentes exigências e aspectos que na prática surtem efeito tanto para a nulidade quanto para a segurança do negócio. Vale ressaltar que as garantias contratuais, apesar de o locador poder apontar todas, o locatário só pode escolher uma, consequentemente a imposição de uma segunda garantia pelo locador implicará oficialmente na sua nulidade, visto que em ação judicial, o juiz poderá declarar sua nulidade. 
 	Ainda, constitui contravenção penal a exigencia de duas garantias em contrato, Hercules ensina que:
Assim, eiva de nulidade a exigência de mais de uma modalidade de garantia, como sanção própria dos enfrenta- mentos das leis de natureza preceptiva; como ainda tipifica como contravenção, puní- vel com prisão simples de cinco dias a seis meses ou, alternativamente, multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário, ao exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia em um mesmo contrato de locação (artigo 43, inc. II).[footnoteRef:2] [2: AGHIARIAN, Hercules. Curso de direito imobiliário. 12. São Paulo Atlas 2015. P. 359.] 
 	Caso o contrato não esteja garantido por nenhuma das garantias citadas no artigo 37 da Lei 8.245/91, é prevista a possibilidade de garantir com o pagamento antecipado dos alugueis até o sexto dia util de cada mês, como disposto no artigo 37 da mesma lei, conceituada de garantia imprópria, pelos doutrinadores. 
2.1 CAUÇÃO 
	
 	No que concerne a modalidade caução, devemos cuidar na forma que a estabelecemos. Atualmente observamos que esta modalidade de garantia possui mais de uma aplicabilidade como por exemplo, caução de bens imóveis, móveis, dinheiro e titulos de crédito. A caução, assim mesmo intilutada pela Lei do Inquilinato e parte da doutrina, mas vale entrar no detalhe de que parte da doutrina possui o entendimento de que esta não se trata de uma espécie de garantia qualificada pelo direito real, mas sim seu oposto por não possuir as caracteristicas deste direito, que sugere a opoibilidade erga omnes, sequela e direito de preferência. 
 Em consonância com o acatado, a caução de bens imóveis, do próprio domínio, só se constitui pela hipoteca. Ora, a hipoteca, por sua vez, só se constitui através de registro, pelo qual se torna um direito real de garantia, de tal sorte que não se concebe averbação de hipoteca, figura irregular apenas concebida por necessecidade legal.[footnoteRef:3] [3: SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Direito imobiliário. 13. Rio de Janeiro Forense 2018. p.1291.] 
 	A caução de bens imóveis, poderá prestada pelo próprio locatário ou por terceiros, exceto, pelo fiador, por se tratar de dupla garantia.
Por outro enfoque, legem habemus e, por enquanto, mesmo que com profunda atecnia, a averbação de contratos de locação em que se estipula a caução de bens imóveis é efetuada. A par disso, como dissemos, para nós, desta forma levada a efeito, se trata apenas de uma garantia pessoal circunscrita a um imóvel e, o que é pior, suscetível de proteção das disposições concernentes ao bem de família (Lei 8.009/1990), ainda que haja divergência jurisprudencial.
Trata-se, assim, de garantia fraca, sem sentido, portanto, já que melhor seria, nesses casos, a própria fiança concedida pelo proprietário desse imóvel.[footnoteRef:4] [4: SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Direito imobiliário. 13. Rio de Janeiro Forense 2018. p.1290.
] 
Ainda o artigo 40, VII, da Lei 8.245/1991, permite ao locador o direito de determinar a substituição da caução em casode venda do imóvel.
Da mesma forma, a caução em dinheiro é permitida pelo § 2º do artigo 38 da Lei do Inquilinato que, limita a três meses de aluguel, que pode ser depositado pelo locatário ou por terceiro, que não se confunde com o fiador, sendo de quem depositou o valor dado em caução, que tem direito a restituição no final da locação, com juros e correção monetária igual a poupança. Caso o inquilino fique inadimplente, ou cause algum dano à propriedade, o locatário pode utilizar desse depósito para ressarcir os seus prejuízos.
No caso de a caução em dinheiro ficar na posse do locador e este não providenciar o depósito imediato em conta poupança, este ficará responsável pela devolução do valor corrigido no final do contrato, podendo ainda responder pelo delito de apropriação indébita.
Esta modalidade não dá direito ao locatário de requerer a amortização no caso de mora ou inadimplemento, pois por se tratar de uma garantia, está sujeita aos limites legais e para supri-la deverá o locador pleitear em ação de despejo por falta de pagamento.
LOCAÇÃO. RESIDENCIAL. COBRANÇA DE ALUGUÉIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSENCIA DE DESIGNAÇÃO DE AUDIENCIA PRELIMINAR.
Inadmissibilidade. A ausência de designação de audiência preliminar de conciliação não macula o devido processo legal. Possibilidade de julgamento antecipado da lide. LOCAÇÃO. MULTA COMPENSATÓRIA. Inadmissibilidade: A cobrança da multa compensatória configura abusividade, por se tratar de bis in idem. LOCAÇÃO. CAUÇÃO. COMPENSAÇÃO COM O ALUGUEL DEVIDO. Impossibilidade a caução não se confunde com o pagamento antecipado de aluguéis, de forma que não é possível a compensação do valor depositado a título de compensação. A garantia prestada serve para tornar segura a execução e eventual crédito do locador. Sentença reformada em parte. RECURSO PROVIDO EM PARTE. 
(TJ-SP - APL:300481444208260037SP 3004814-44.2010.8.26.0037, Relator: Hamid Bdine, Data de Julgamento: 23/04/2014, 29ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 23/04/2014)
 	É possível ainda que caso ocorra o reajuste do aluguel por vontade das partes o locador peça ao locatário o depósito na caução da compensação do novo valor de aluguel.
 	Outro método de compensar esse dinheiro, podendo ser firmado um acordo de que este valor será referente ao pagamento dos últimos três alugueres. Assim, o inquilino não precisa se preocupar com o fim do contrato locatício e o locador não precisa se preocupar com os tramites da devolução. Claramente, em caso de prorrogação contratual, o dinheiro permanecerá na conta destina no início da obrigação. 
	Outra modalidade que tem se destacado atualmente é a caução por títulos de crédito, em outras palavras, caução por penhor, assim como qualquer bem móvel, não somente os títulos de crédito. 
 	Ainda, a espécie de caução prevista no artigo 38, § 3°, da Lei 8.245/1991, trata da caução com títulos, ações e créditos em sentido restrito, neste caso, o locatário ofertará ao locador, em garantia ao imóvel locado, valores mobiliários, tais como ações de companhias, títulos de crédito, quotas de empresas e créditos decorrentes de direitos obrigacionais. Traduzido nas palavras de Rubens Van Moorsel Filho em artigo para o site do escritório de advocacia:
Concretizada, então, a transferência da posse direta sob os títulos e ações do locatário para o locador, este passará a vigorar como credor imediato das obrigações pecuniárias representadas nestes títulos. E, na medida em que o locatário tornar-se inadimplente face às suas responsabilidades contratuais, o locador, agora credor, deverá notificar as sociedades emissoras, dando-lhes ciência de que deverão pagar os dividendos e ganhos de capital ao seu credor atual, em sendo o locador, e não mais ao locatário, isto em razão da transmissão de titularidade sobre os títulos e ações por efeito da instituição desta espécie de caução. 	
Por assim ser efetivada, a caução em títulos e ações assemelha-se ao penhor, de tal sorte que, guardadas as devidas proporções, esta caução representa espécie dos direitos reais de garantia, sendo classificada como penhor. E, por esta razão, aplica-se à esta espécie de caução as disposições contidas no Capítulo II, Seção VII, do Código Civil, do artigo 1.451 ao 1.460, bem como as diretrizes atinentes à caução em dinheiro, mas somente no tocante à reversão dos benefícios oriundos da capitalização dos títulos e ações ao caucionante, desde que realizada a obrigação principal, sendo o pagamento tempestivo dos aluguéis e demais encargos locatícios.[footnoteRef:5] [5: RUBENS VAN MOORSEL FILHO. Caução.Van Moorsel Advogados. Disponível em: <http://www.vanmoorsel.adv.br/caucao/> Acesso em: 29 ago.2019.] 
 	Muito tem se falado sobre o uso de títulos de crédito para garantir a locação de um imóvel. Esta modalidade tem atraído bons olhares pelos locatários pois não necessitam de tanta burocracia como as outras modalidades, podendo ser a saída para alugar um imóvel quando se está com o nome negativado, visto que não há necessidade de comprovação de renda ou fiador. Mas como todas as boas possibilidades existe a contrapartida, neste caso, apesar de ser uma solução, muitas vezes o locatário não dispõe de seis vezes o valor do aluguel para pagar um título de capitalização, levando em consideração a alta taxa de desemprego no Brasil e os níveis de endividamento e inadimplência apresentados pelo portal PEIC (Portal de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) em abril de 2019[footnoteRef:6], merecem atenção e se analisados em paralelo com esta modalidade de garantia, podemos perceber que para garantir uma locação de um apartamento de 65m² de dois dormitórios no valor médio de um mil e cento e três reais[footnoteRef:7] em uma capital como Curitiba, o uso de um Título de Capitalização no valor de seis mil e seiscentos e dezoito reais (valor de seis meses de aluguel) pode comprometer ainda mais a renda de uma família que recebe até dez salários mínimos (nove mil e novecentos e noventa e oito reais). Segundo a última pesquisa do Censo do IBGE de 2017[footnoteRef:8] o salário médio mensal dos trabalhadores formais era de quatro salários mínimos. 	
 	Outro dado importante é que o título de capitalização tem seus juros baseados na poupança, SELIC e TR, assim rendendo tanto quanto a poupança, porém se for realizado saque do título de capitalização a este é aplicado descontos, gerando prejuízo ao locatário. [6: ANÁLISE DA PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR (PEIC) ABRIL DE 2019. Disponível em: <http://cnc.org.br/editorias/economia/pesquisas/peic-abril-de-2019>. Acesso em: 30 ago. 2019.] [7: IMOVELWEB INDEX – UM RETRATO DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE CURITIBA. Disponível em: <https://www.imovelweb.com.br/noticias/imovelweb-index/imovelweb-index-um-retrato-mercado-imobiliario-de-curitiba>. Acesso em: 30 ago. 2019] [8: IBGE 2019 - PANORAMA GERAL DO MUNICÍPIO DE CURITIBA. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/curitiba/panorama>. Acesso em: 30 ago. 2019.] 
2.2 FIANÇA
 	A fiança é a espécie de garantia mais comum nos contratos locaticios, por ser desde sempre a mais prática e menos burocrática, para o locatário. Apesar de parecer uma simples espécie em que se nomeia um fiador ao locar o bem imóvel, existe muitos aspectos que devemos observar sobre ela, como por exemplo, as suas solenidades do Capitulo XVIII do Código Civil. Iniciaremos com o conceito de fiança dado pelo próprio Código Civil em seu artigo 818.
Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.[footnoteRef:9] [9: LEI N° 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 ago. 2019. ] 
 	Na sequencia, o artigo 819 define que a fiança deverá ser por escrito e admite interpretação extensiva, ou seja, o fiador só está obrigado aquilo que está expresso no contrato de fiança, lembrando que um contrato de fiança é acessório a uma obrigação principal. 
 	Outrossim, emboraa duplicidade de garantia seja proíbida, possuir mais de um fiador não implica em sua nulidade, visto que ainda na mesma espécie são tratados como solidarios. Sylvio Capanema Souza, em seu livro ressalta que:
Nada impede, por exemplo, que a fiança seja prestada por dois ou mais fiadores, o que não importa dualidade de garantia, e sim multiplicidade subjetiva dos devedores garantes. Além do mais, a pluralidade de fiadores os favorece, na medida em que dilui, entre eles, a responsabilidade.[footnoteRef:10] [10: SOUZA, Sylvio Capanema. Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo. 10. Rio de Janeiro Forense 2017. P. 176] 
 	Para a fiança ser valida, é necessária a Outorga uxória ou outorga marital, podendo tornar anulável o ato praticado se pleiteado pelo conjuge até dois anos depois de finda a sociedade conjugal.
PROCESSO CIVIL. FIADOR CASADO. AUSENCIA DE OUTORGA UXÓRIA. ANULAÇÃO. FIANÇA PARCIAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 332 DO STJ. APELAÇÃO DA CEF DESPROVIDA. 1. O fiador, na oportunidade da celebração do contrato, para ser aceito como fiador, provavelmente apresentou documentação referente a seus bens, ou não teria sido aceito como fiador, documentos nos quais, não haveira grande dificuldade de a ré buscar a informação de que era casadi, bastando que fosse diligente para descobrir, naquela ocasião, que o corréu mantinha matrimônio com a autora. 2. Embora não seja possível afastar má-fé por parte do fiador, não é objeto desta ação analisar se foi prestada uma declaração falsa ou se houve omissão da CEF na adoção das diligencias que lhe cabiam antes de aceitar um fiador, de modo que o conjuge que não tinha conhecimento da fiança não pode ser prejudicado, por outro lado, nada impedindo que a CEF busque, pelas vias próprias, a responsabilização do corréu, provando que houve má-fé. 3. No tocante a possibilidade de fiança parcial, anoto que o superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a fiança prestada sem autorização de um dos conjuges implica a ineficácia total da garantia ( sumula 332). 4. Apelação da ré CEF desprovida.
(TRF-3 - APL: 00227823920054036100 SP, Relator: Desembargador Federal Mauricio Kato, Data de Julgamento: 27/11/2017, 5ª Quinta Turma, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA: 06/12/2017)
 	Em contrapartida, o Código Civil/2003 no artigo 1647 dispensa a anuência do conjuge em caso de casamento após a vigência do Novo Código Civil registrados pelo regime de separação total de bens, isto pois casamentos anteriores ao Código Civil de 2003 ainda requerem a anuência do conjuge mesmo em regime de separação total de bens. [footnoteRef:11] [11: LEI N° 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 ago. 2019.] 
Um cônjuge não pode, sem o consentimento do outro, exceto no re-gime da separação absoluta, prestar fiança (CC, art. 1.647, III). A falta da aludida autorização torna o ato anulável (art. 1.649), estando legitimado a postular a anulação, “até dois anos depois de terminada a sociedade con-jugal”, somente o cônjuge que não deu a outorga, ou seus herdeiros, se já falecido, podendo, ainda, ser confirmado por ele, desde que “por instru-mento público, ou particular, autenticado” (arts. 172, 1.649, parágrafo único, e 1.650).[footnoteRef:12]
 [12: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 3 contratos e atos unilaterais. 15. São Paulo Saraiva 2017. p. 565.
] 
 	Já em se tratando de união estável o STJ posicionou-se no sentido de que não é necessária a vênia conjugal.
DIREITO CIVIL – CONSTITUCIONAL. DIREITO DE FAMÍLIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO. FIANÇA. FIADORA QUE CONVIVIA EM UNIÃO ESTÁVEL. INEXISTENCIA DE OUTORGA UXÓRIA. DISPENSA. VALIDADE DA GARANTIA. INAPLICABILIDADE DA SUMULA N. 332/STJ.
Mostra-se de extrea relevância para a construção de uma jurisprudência consistente acerca da disciplina do casamento e da união estavel saber, diante das naturais diferenças entre os dois institutos, quais os limites e possibilidades de tratamento jurídico diferenciado entre eles. 2. Toda e qualquer diferença entre casamento e união estavel deve ser analisada a partir da dupla concepção do que seja casamento – por um lado, ato jurídico solene do qual decorre uma relação jurídica com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico, e, por outro, uma entidade familiar, dentre várias outras protegidas pela Constituição. 3. Assim, o casamento, tido por entidade familiar timbradas comode “segunda classe” pela Constituição Federal de 1988, diferentemente do que ocorrida nos diplomas constitucionais e legais superados. Apenas quando se analisa o casamento como ato jurídico formal e solene é que as diferenças entre este e a união estável se fazem visíveis, e somente em razão dessas diferenças entre casamento – ato jurídico p e união estável é que o tratamento legal ou jurisprudencial diferenciado se justifica. 4. A exigência de outorga uxória a determinados negócios jurídicos transita exatamente por este aspecto em que o tratamento diferenciado entre casamento e união estável é justificável. É por intermédio do ato jurídico cartorário e solene do casamento que se presume a publicidade do estado civil dos contratantes, de modo que, em sendo eles conviventes em união estável, hão de ser dispensadas as vênias conjugais para a concessão de fiança. 5. Desse modo não é nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união estável sem a outorga uxória do outro companheiro. Não incidência da Súmula n.332/STJ à união estável.6. Recurso especial provido.
(STJ – reSP: 1299866 DF 2011/0312256-8, Relator: Ministro Luis Felipe Salomão, Data do julgamento:25/02/2014, T4 – QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 21/03/2014). Grifo nosso.
 	Como efeitos da fiança, deve-se observar o beneficio de ordem que é o direito que o fiador possui de exigir que os bens livres e desembaraçados do afiançado sejam executados antes dos seus e solidariedade entre os cofiadores para quando houver mais de um fiador todos serão solidários em face do artigo 829 do Código Civil, vez que a solidariedade decorre de lei ou da vontade das partes, não cabendo presunção. 
 	Junto com a solidariedade o mesmo dispositivo do Código Civil permite que cada devedor solidário responda por uma quota parte do débito, caso não esteja nada estipulado em contrato, todos respondem solidariamente pela totalidade do débito, neste caso, se o locador cobrar a totalidade do débito de um dos devedores, a ele se sub roga o direito de cobrar dos outros fiadores a quota parte de cada um, tornando-se credor como estipulado.
 	Caso ocorra a morte do fiador, esta obrigação extingue-se. O conjuge somente será garante de fiança se anuiu como fiador e não somente com a ciente da fiança do conjuge falecido. Assim, cabe aos herdeiros responder até os limites da herança e da morte do fiador. Deve-se prestar atenção se o casal participou do contrato prestando fiança solidariamente ou um autorizando e o outro garantindo. Por outro lado o locador pode exigir novo fiador ou substituir a modalidade de garantia, como disposto no artigo 40 da Lei do Inquilinato. No entendimento de Hercules Aghiarian.
O fato de um dos cônjuges anuírem o outro aceite a qualidade de fiador em favor de terceiro, não vinculaa em nível de responsável aquele primeiro. Nesse caso, somente anuência expressa por parte de ambos os cônju- ges terá eficácia a torná-los (a ambos) fiadores e por sua vez, de forma reflexa, respon- der com o patrimônio conjunto ou os bens de ambos (em caso de eventual regime de distinção de bens do casal). 
 	Ainda, o fiador só estará exonerado após o término contratual, aparentemente isto não é novidade, entretanto, a discussão acalorada gira em torno da “cláusula de responsabilidade até a efetiva entrega das chaves”, pois a principal dúvida é se o fiador está obrigado a tão somente ao que se obrigou ou deve-se fazer uma interpretação extensiva. Neste sentido, decidia a Quinta Turma do STJ em 2006:
PROCESSUAL CIVIL. LOCAÇÃO. CLAUSULA QUE OBRIGUE OFIADOR ATÉ A EFETIVA ENTREGA DAS CHAVES. IRRELEVÂNCIA. RESPONSABILIDADE. RESTRIÇÃO AO PERÍODO ORIGINALMENTE CONTRATADO. PRORROGAÇÃO DA LOCAÇÃO COM ANUÊNCIA DO FIADOR. EXTINÇÃO DA GARANTIA. SÚMULA 214/STJ. INAPLICABILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. I – O Superior Tribunal de Justiça já pacificou entendimento no sentido de que a fiança como contrato benéfico, não admite a sua interpretação extensiva, não tendo eficácia a clausula contratual que preveja a obrigação fidejussória até a entrega das chaves, ou pretenda afastar a disposição do art. 819 do Código Civil (1.483 do CC/16). Assim, há que se ter como termo final do período a que se obrigam os fiadores a data na qual se extinguiu a avença locativa originária, impondo-se afastar, para fins de responsabilização afiançatória, o lapso temporal que se seguiu, creditado à conta de prorrogação do contrato. II – A impossibilidade de conferir interpretação extensiva à fiança lcoativa, consoante pacífico entendimento desta Eg. Corte, torna, na hipótese, irrelevante, para o efeito de se aferir o lapso temporal da obrigação afiançada, cláusula contratual que preveja a obrigação do fiador até a entrega das chaves. Precedentes. III – Na hipótese dos autos, há pormenor relevante. Consoante consignado pelo Juízo de Primeiro grau, “os embargantes aceitaram a prorrogação da obrigação, ao anuírem ao acordo celebrado entre a embargada e o afiançado após o termino do prazo de vigência originário (fls. 16/17).” (fl.45). IV – Nos termos do enunciado 214 da Súmula do STJ, “ o fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aaditamento ao qual não anuiu.”. V- Agravo interno desprovido.
(STJ- AgRg no Resp: 833492 SP 2006/0064859-8, Relator: Ministro Gilson DIPP, Data de Julgamento 12/09/2006, T5 – QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 09/10/2006 p.354)
 	Porém, este posicionamento se manteve firme até o advento da Lei 12.112/2009 com a nova redação dos artigos 39 e 40, no artigo 39 temos que:
Art. 39.  Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado, por força desta Lei. 
 	Para Sylvio Capanema Souza, esta modificação ainda não será suficiente para encerrar as discussões acerca do tempo da obrigação do fiador, dita:
Com a modificação agora feita pretendeu-se superar o debate, com a reafirmação da regra de manutenção das garantias até a efetiva devolução do imóvel, inclusive a fiança, mesmo estando o contrato prorrogado por prazo indeterminado, ex-vi legis.
Apesar da intenção da lei, nossa opinião é que a modificação não será suficiente para encerrar a controvérsia, o que, entretanto, só o tempo dirá.[footnoteRef:13] [13: SOUZA, Sylvio Capanema. Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo. 10. Rio de Janeiro Forense 2017. P. 183] 
 	Agora, especificamente sobre o artigo 40 inciso X da mesma Lei, define que o fiador após a prorrogação do contrato de locação por prazo indeterminado, deverá notificar a qualquer tempo sua vontade de exonerar-se da fiança, porém a Lei salienta que este pedido vem acompanhado de um prazo de cento e vinte dias em que o fiador continuará responsável pela fiança e só poderá ser por prazo menor se o afiançado informe ao locador outro fiador responsável. Neste período, o locador poderá exigir do locatário uma nova modalidade de garantia, para isso o paragrafo unico do artigo 40 estabelece o prazo de 30 dias para apresentar ao locador.
Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos:
(...)
X – prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. 
Parágrafo único.  O locador poderá notificar o locatário para apresentar nova garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de desfazimento da locação.[footnoteRef:14] [14: LEI N° 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 ago. 2019.] 
	Não obstante, a nova redação da Lei do Inquilinato tratou de forma clara o tempo em que se obriga o fiador em um contrato de locação, ensina Hercules Aghiarian em seu livro:
Na lei anterior, o fiador vinculava-se ao prazo do contrato, se o contrário, ex- pressamente, não consignava. A atual lei, com mais pertinência, dispõe que “salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel” (artigo 39), abrangendo, mesmo na modalidade de segu- ro de fiança, a ”totalidade das obrigações do locatário” (artigo 41).[footnoteRef:15] [15: AGHIARIAN, Hercules. Curso de direito imobiliário. 12. São Paulo Atlas 2015. P. 360.] 
 	O mesmo ocorre no caso de morte do locatário, o fiador poderá exonerar-se da obrigação, mas deverá comunicar por escrito ao locador de sua vontade no prazo de 30 dias contado do conhecimento da sub-rogação entretanto, a responsabilidade continua por cento e vinte dias após a notificação, assim como no inciso X. A exceção no caso é de que deve-se observar se o fiador assinou contrato assumindo a responsabilidade mesmo em caso de morte do afiançado e sub-rogação legal.
 	Outro assunto muito debatido e que gera muitas duvidas é, o unico imóvel do fiador pode ser penhorado? Depende, em junho de 2018, houve uma decisão por maioria no STF em que foi afastada a penhora de bem de família de fiador em um contrato de locação comercial, porém nos contratos de locação residencial o bem continua sendo penhoravel.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO MANEJADO CONTRA ACÓRDÃO PUBLICADO EM 31.8.2005. INSUBMISSÃO À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. PREMISSAS DISTINTAS DAS VERIFICADAS EM PRECEDENTES DESTA SUPREMA CORTE, QUE ABORDARAM GARANTIA FIDEJUSSÓRIA EM LOCAÇÃO RESIDENCIAL. CASO CONCRETO QUE ENVOLVE DÍVIDA DECORRENTE DE CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL. PENHORA DE BEM DE FAMÍLIA DO FIADOR. INCOMPATIBILIDADE COM O DIREITO À MORADIA E COM O PRINCÍPIO DA ISONOMIA. 1. A dignidade da pessoa humana e a proteção à família exigem que se ponham ao abrigo da constrição e da alienação forçada determinados bens. É o que ocorre com o bem de família do fiador, destinado à sua moradia, cujo sacrifício não pode ser exigido a pretexto de satisfazer o crédito de locador de imóvel comercial ou de estimular a livre iniciativa. Interpretação do art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990 não recepcionada pela EC nº 26/2000. 2. A restrição do direito à moradia do fiador em contrato de locação comercial tampouco se justifica à luz do princípio da isonomia. Eventual bem de família de propriedade do locatário não se sujeitará à constrição e alienação forçada, para o fim de satisfazer valores devidos ao locador. Não se vislumbra justificativa para que o devedor principal, afiançado, goze de situação mais benéfica do que a conferida ao fiador, sobretudo porque tal disparidade de tratamento, ao contrário do que se verifica na locação de imóvel residencial, não se presta à promoção do próprio direito à moradia. 3. Premissas fáticas distintivas impedem a submissão do caso concreto, que envolve contrato de locação comercial, às mesmas balizas que orientaram a decisão proferida, por esta Suprema Corte, ao exame do tema nº 295 da repercussão geral, restrita aquela à análise da constitucionalidade da penhora do bem de família do fiador em contrato de locação residencial. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 605709, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 12/06/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 15-02-2019 PUBLIC 18-02- 2019)
 	Este entendimento não é pacifico nos tribunais e sem pretender chegar a uma conclusão sobre este assunto, ressalto que, a sumula 549 do STJ dispõe que “É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação” fazendo com que haja discordanciada aplicabilidade da interpretação proferida pela Ministra Rosa Weber, visto que é exposto como desigual aplicar este entendimento somente ao contrato de locação comercial e não ao residencial sendo que a lei e a sumula não destacam esta diferença.
 	O acórdão do STF demonstra uma revisão do entendimento da Corte sobre o tema, eis que reconhecido o distinguishing entre o assunto antes decidido que versava sobre imóvel residencial, e agora a matéria da decisão publicada, que abordou sobre o bem de família do fiador em contrato de locação comercial.
 	Ainda, a consequência desta decisão, será a multiplicidade de recursos interpostos que pelo artigo 1.036 do CPC, poderão ser afetados pela visão dos recursos repetitivos, aí sim, o precedente poderá ser vinculante.
2.3 SEGURO FIANÇA
 	Espécie de garantia prevista no artigo 37, inciso III da Lei 8.245/1991, nada mais é do que um contrato de seguro, usualmente contratado pelo locatário em beneficio do locador, indeniza-lo em caso de inadimplência, este contrato é firmado para durar o tempo total do contrato de locação. Ainda pouco utilizado, mas proporciona vantagens significativas ao contratante, como aborrecimentos e constrangimentos em relação as outras espécies de garantias. 
 	A maior utilidade desta modalidade é que possibilita o acesso a moradia por meio da locação para os individuos que não possuem sua própria vida financeira em condições de oferecer uma garantia e nem mesmo amigos e familiares dispostos ajudar financeiramente ou como fiadores.
 	Sylvio Capanema diz que houve no Brasil a falta da “cultura do seguro” para justificar a falta de uso desta espécie nos contratos de locação, ainda menciona que possívelmente as seguradoras permaneceram temerosas em adentrar neste novo mercado ao analisar o alto indice de inadimplencia dos brasileiros.[footnoteRef:16] [16: SOUZA, Sylvio Capanema. Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo. 10. Rio de Janeiro Forense 2017. P. 194.] 
 	Rubens Van Moorsel Filho, em artigo publicado no seu site, faz analise ao artigo 12 da circular e expõe também uma razão do baixo uso desta modalidade:
Tendo em vista o disposto no artigo 12 desta Circular, nota-se que o período de vigência do seguro-fiança guarda íntima relação com o prazo de duração da relação locatícia, pois a cobertura do seguro perdurará pelo mesmo período firmado no contrato de locação. Mas, na hipótese em que ocorrer a prorrogação do contrato de locação por tempo indeterminado, estabelece o § 1°, deste artigo, que a cobertura do seguro exclusivamente persistirá vigente após o prazo originariamente estabelecido no instrumento locatício se houver aceitação de uma nova proposta por parte da empresa seguradora. E, neste caso, será definido um termo próprio para o novo contrato de seguro, contendo, inclusive, a possibilidade de renovações posteriores, conforme prevê o § 2°, do artigo em destaque.
Portanto, o elevado custo para sua contratação, somando a esta limitação temporal, revelam-se como motivos principais pelos quais a contratação do seguro-fiança não ser tão expressiva no mercado imobiliário.[footnoteRef:17] [17: RUBENS VAN MOORSEL FILHO. Seguro de fiança locatícia. Van Moorsel Advogados. Disponível em: <http://www.vanmoorsel.adv.br/seguro-de-fianca-locaticia/>. Acesso em: 02 set. 2019.] 
 	Esta modalidade, além de prevista em Lei, é regulamentada pela Circular nº 347/2007 SUSEP e pela normativa 202/2008 do CNSP, para Scavone Junior, a circular não poderia produzir os efeitos que produz:
Conclui-se, com rigor científico e jurídico, que a Circular 347, de 27 de junho de 2007, expedida pela Superintendência de Seguros Privados, sob o falso manto regulamentar, transmudou-se em verdadeira lei, restringindo aquilo que a Lei 8.245/1991 não permite, ou seja, admitindo cobertura parcial e limitada no tempo, sendo, portanto, absolutamente inconstitucional nos termos do art. 5º, II, da Constituição Federal. 
Ainda, deve-se advertir que o contrato de locação deve prever a clásula em que a renovação do contrato se dá pela manifestação do locatário, para que as garantias sejam renovadas.
	ACÓRDÃO Nº 2.0128/2010 DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. CONTRATO DE SEGURO FIANÇA LOCATÍCIA. PRESCRIÇÃO ÂNUA. RECURSO CONHECIDO. PROVIDO. UNANIMIDADE. I- De acordo com o Código Civil, prescreve em um ano a pretensão, tratando-se de segurado e segurador. II - Por se tratar de questão de ordem pública, o tema alusivo à prescrição pode ser sucitado em qualquer grau de jurisdição, nas instâncias ordinárias, não estando sujeito à preclusão. (TJ-AL- APL: 00144585720018020001 AL 0014458 - 57.2001.8.02.0001, Relator: Des: Alcides Gusmão da Silva, 2ª Câmara Cível, Data de Publicação: 15/04/2010).
Deve-se atentar o locátário para não esquecer do fim do contrato de seguro e acabar acreditando que se aplica o mesmo do contrato de locação e ter surpresas quando precisar dos serviços da seguradora. 
PROCESSO CIVIL. LOCAÇÃO. COBRANÇA ALUGUERES. SEGURO FIANÇA LOCATÍCIA. RENOVAÇÃO. PROVA. AUSÊNCIA. 1. Ausente a comprovação de que o locador renovou o contrato de seguro de fiança locatícia com vigência no período do inadimplemento dos alugueres perseguidos nos autos, não há como condenar a seguradora pelo pagamento do débito. 2. O apelante não comprovou a renovação do contrato de seguro. Assim por se tratar de prova viável,não se desincumbiu de provar sua ocorrência. 3. Verba honorária majorada. Percentual Somado ao fixado anteriormente. Inteligencia do art. 85§ 11 do Código de Processo Civil de 2015. 4. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-DF 20090111505624 DF 0062652-69.2009.8.07.0001, Relator: MARIA DE LOURDES ABREU, Data de Julgamento: 02/08/2017, 3ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE: 08/08/2017, Pág.: 394/401).
		Ainda, observando a circular 347 da SUSEP, nota-se que o artigo 7, veda expressamente mais de um contrato de seguro fiança para o mesmo contrato de locação, assim, deve-se atentar para que o seguro contratado abranja a integralidade da obrigação locatícia disposta no contrato de locação. 
		Beneficamente, o seguro fiança, dependendo da seguradora pode fornecer serviços adicionais como, serviços de reparos e limpeza, assistência 24horas de encanador, eletricista, chaveiro, bem como serviços de mudanças entre outros.
2.4 CESSÃO FIDUCIARIA DE QUOTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO
 	Instituida pela Lei nº 11.196, de novembro de 2005, modernizando a lei no sentido de prover as locações o mercado de capitais e fundos de investimentos. 	
 	Regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aquela permite instituições financeiras a utilização dos fundos de investimentos a cessão de quotas fiduciárias para garantir a locação imobiliária caso o locatário não cumpra com sua obrigação contratual locatícia. Esta nova espécie possibilita ao locatário o uso de um investimento ou um novo investimento que continuará gerando rendimentos até o fim da locação, caso não deixe prejuízos ao locador. Claro, sem prejuízo de ações de despejo ou cobranças. 
 	No seguro fiança o locador figura como segurado, nesta modalidade ele é chamado de “credor fiduciário” e a Instituição Financeira emissora das quotas como “Agente Fiduciária”, está fiscalizada pelo Banco Central e autorizada pela CVM. 	
 	No entendimento de Sylvio Capanema Souza, ele ressalta: 
Anote-se, por fim, que a propriedade das quotas do fundo é de natureza resolúvel, já que uma vez pagas todas as obrigações do locatário reverterão ao seu patrimônio, à revelia da vontade do locador. Considerando a vedação do pacto comissório, não poderá o locador incorporar diretamente ao seu patrimônio as quotas que lhe foram cedidas fiduciariamente, sendo forçado a resgatá-las, para que se possa aferir a existência de eventual saldo, que será devolvido ao locatário.[footnoteRef:18] [18: SOUZA, Sylvio Capanema. Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo. 10. Rio de Janeiro Forense 2017. P. 195. ] 
 	Muitos locatários optam pelas outras espécies pois não sabem como funciona esta modalidade, simplificando o procedimento,a cessão de quotas se dá pelo titular das quotas solicitando ao agente fiduciário o registro da cessão das quotas em favor do locador (credor fiduciário), entregando ao agente o termo de cessão fiduciária e uma via do contrato de locação a propriedade resolúvel das quotas conforme determinado na Lei 11.196/05 artigo 88§ 1º.
Para que haja a efetivação da cessão de quotas de fundo de investimento como garantia locatícia, este procedimento de transferência deverá ser formalizado perante o administrador do fundo de investimento, por intermédio da ratificação do termo de cessão fiduciária, que constituirá propriedade resolúvel sobre as quotas em favor do locador. Deste modo, devendo ser respeitada a forma escrita, assim como a solenidade prevista no § 1°, do artigo 88, da Lei 11.196/2005, entendemos, com base nos artigos 104, inciso III, e 166, inciso IV, da Lei 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 - Código Civil, que qualquer convenção desta garantia de forma verbal, ensejará em nulidade do negócio jurídico, isto em razão do descumprimento do mandamento solene insculpido no parágrafo em análise.[footnoteRef:19] [19: RUBENS VAN MOORSEL FILHO. Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Van Moorsel Advogados. Disponível em: <http://www.vanmoorsel.adv.br/cessao-fiduciaria-de-quotas-de-fundo-de-investimento/>. Acesso em: 03 set. 2019.
] 
	 No caso do inadimplemento do locatário, caberá ao locador na figura de credor fiduciário comunicar ao agente fiduciário a necessidade de executar extrajudicialmente as quotas, para que estas sejam resolvidas como pagamento da obrigação. 	
 	Caso o valor das quotas não cubra o valor total do prejuízo, deverá o locador analisar a possiblidade da propositura da ação de despejo ou cobrança. 	
 	A importância desta modalidade se dá quando se observa que o locador, no caso de inadimplência do locatário, não precisa de autorização judicial ou realização de leilões, pois já possui direito real sobre as quotas do fundo de investimento e pode executá-las de imediato. 	Para locatários com perfil de investidor, esta modalidade supre as necessidades de garantia em contratos locatícios, visto que este tipo de cliente, busca negócios que possam gerar rentabilidade e a ideia de manter um fundo de investimento rentável até o final de uma locação é visto como vantajoso.
3.0 CONCLUSÃO
 	Os contratos de locações necessitam de uma garantia ao locador no caso de insolvência do locatário e quando não houver, o locador pode exisgir pagamento do aluguel até o sexto dia util. Mas para isto é necessário que o operador do direito saiba exatamente quais as peculiaridades das garantias para que possa fazer uma correta análise e possível indicação ao seu cliente das possíveis soluções em caso de má fé contratual por uma das partes ou até por desconhecimento da lei. 
 	A pesquisa sobre o tema se justifica diante do grande volume de julgados disponíveis para consulta envolvendo contratos locatícios com problemas de dupla garantia contratual, fiador que indica bem de família e quais seus perigos, novas modalidades de garantias como a cessão de quotas de fundos de investimentos o seguro fiança que além de novo, é pouco conhecido e aplicado pelos locadores a caução e suas diversas modalidades. 
 	É notavel que o direito tem se reinventado conforme a necessidade da sociedade, porém muitas das vezes acaba se reinventando sem observar os pormenores da inovação, simplesmente criando para dar a possibilidade do novo. Mesmo sem esgotar o tema, percebe-se que é muito mais profundo do que esta simples analise, onde, se aprofundado provavelmente não se obteria uma conclusão precisa do uso de cada uma das espécies de garantias. 
 	Veja, muito além do uso contratual da garantia, muitos principios constitucionais devem ser observados em conjunto antes da elaboração do contrato de locação, não podendo olvidar-se de que são espécies utilizadas em contratos entre individuos humanos, relacionados diretamente a direitos fundamentais.
 	Continua sendo comum no mercado imobiliario ouvir pessoas que estão em busca de moradia e optam pelo sistema locaticio, recitarem a frase “ alugar direto com o proprietario é melhor”, essa frase tem um sentido popular de que o aluguel é muito mais barato se for alugado direto com o proprietário e ainda mais, pensam que por ser “direto com o proprietário” não terão de apresentar fiadores, caução ou outra garantia, sendo mais facil a locação e tornando-a pacifica. Este pré-conceito contra as imobiliarias tem se estabelecido por diversas razões, porém a que chama mais atenção é o fato de, muitas vezes sequer ter contrato entre locador e locatario e no caso oposto, a imobiliaria em seus padrões procidimentais, não observar as peculiaridades de cada locatário e assim estabelecer um contrato justo para as partes. Finalizando o negócio juridico com acaloradas discussões em ambito judicial.
4.0 ABSTRACT
RENTAL GUARANTEES
CURRENT ASPECTS
 	The present study aims to demonstrate the importance of tenancy guarantees in lease agreements. The collateral can be defined as a conventional declaration that provides protection and protection of a pre-formed obligation, whether personal or real, and which benefits the creditor in the event of default.
 	Leasing is increasingly becoming the focus of the real estate market as a form of investment, known as 'buy for rent'. However, just as investors feel secure with this form of fixed income, tenants see advantages in not buying and only renting, thus reserving the money from buying a property for another form of investment and paying the rent with part of the rent. But lease contracts end up being primarily responsible for the problems between landlord, real estate and lessee or in many cases between landlord and lessee.
 	People who are looking for rental properties with a bias towards the contracts that will have to sign are noticeable at all times, as they find it difficult to fill the guarantee when signing the lease and end up frustrating the legal business due to the lack of confidence to perform it. Guarantees are still used with extreme protectionism by the property manager.
KEYWORDS: Tenant Guarantees; Bond; Bail; Bail insurance; Assignment of investment fund shares.
5.0 REFERÊNCIAS
SOUZA, Sylvio Capanema. Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo. 10. Rio de Janeiro Forense 2017.
AGHIARIAN, Hercules. Curso de direito imobiliário. 12. São Paulo Atlas 2015.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 3 contratos e atos unilaterais. 15. São Paulo Saraiva 2017.
ARAÚJO JÚNIOR, Gediel Claudino de. Prática de locação. 8. Rio de Janeiro Atlas 2017.
SEGALLA, Alessandro. Contrato de fiança. São Paulo Atlas 2013.
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Direito imobiliário. 13. Rio de Janeiro Forense 2018.
Rocha Barros
ANÁLISE DA PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR (PEIC) ABRIL DE 2019. Disponível em: <http://cnc.org.br/editorias/economia/pesquisas/peic-abril-de-2019>. Acesso em: 30 ago. 2019.
IMOVELWEB INDEX – UM RETRATO DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE CURITIBA. Disponível em: <https://www.imovelweb.com.br/noticias/imovelweb-index/imovelweb-index-um-retrato-mercado-imobiliario-de-curitiba>. Acesso em: 30 ago. 2019.
IBGE 2019 - PANORAMA GERAL DO MUNICÍPIO DE CURITIBA. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/curitiba/panorama>. Acesso em: 30 ago. 2019.
LEI N° 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 30 ago. 2019.
RUBENS VAN MOORSEL FILHO. Caução. Van Moorsel Advogados. Disponível em: <http://www.vanmoorsel.adv.br/caucao/>. Acesso em: 29 ago. 2019.
RUBENS VAN MOORSEL FILHO. Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Van Moorsel Advogados. Disponível em: <http://www.vanmoorsel.adv.br/cessao-fiduciaria-de-quotas-de-fundo-de-investimento/>. Acesso em: 03 set. 2019.
LEI Nº 12.112, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2009
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12112.htm>.Acesso em: 30 ago. 2019.
LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8245.htm>. Acesso em: 30 ago. 2019.
RUBENS VAN MOORSEL FILHO. Seguro de fiança locatícia. Van Moorsel Advogados. Disponível em: <http://www.vanmoorsel.adv.br/seguro-de-fianca-locaticia/>. Acesso em: 02 set. 2019.

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