Buscar

Trabalho Individual - Procedimentos Especiais

Prévia do material em texto

Matheus Alexsandro dos Santos Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ação de Alimentos 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina 
Procedimentos Especiais do Curso de 
Direito da Universidade Veiga de 
Almeida. 
Professora: Lilian Pitta 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2020 
CABIMENTO 
A ação de alimentos tem cabimento quando o autor, ou autores, necessitar (em) 
seja fixado judicialmente pensão alimentícia, com escopo de prover suas necessidades 
fundamentais, tais como: alimentação, moradia, assistência médica, educação, vestuário, 
remédios etc. 
Na maioria das vezes, os autores são crianças e mulheres em face, 
respectivamente, do genitor e ex-marido ou companheiro. Todavia, é conveniente 
registrar que a Lei de Alimentos não traz esta limitação, isto é, a ação pode ser intentada 
por qualquer pessoa, seja criança, idoso, mulher, homem, que precise da pensão 
alimentícia em face de quem tem a obrigação de prestá-la, normalmente um parente 
próximo. 
Observe-se, por fim, que a parte obrigada a prestar os alimentos pode tomar a 
iniciativa de oferecê-los, ajuizando ação em que declare seus rendimentos e requerendo 
a designação de audiência de conciliação, instrução e julgamento, destinada à fixação da 
pensão alimentícia a que está obrigado (art. 24, Lei nº 5.478/68). 
 
BASE LEGAL 
O direito de pedir alimentos aos parentes, cônjuge e companheiro encontra 
amparo nos arts. 1.694 a 1.710 do Código Civil, sendo que a “ação de alimentos” 
encontra-se disciplinada na Lei nº 5.478/68-LA. 
 
PROCEDIMENTO 
A Lei de Alimentos prevê rito especial, sumaríssimo, para ação de alimentos, 
qual seja: 
1. PETIÇÃO INICIAL (ART. 3º, LEI Nº 5.478/68-LA): 
 a) além dos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, o alimentando deverá expor 
na petição inicial suas necessidades e as possibilidades do alimentante (quanto ganha ou 
recursos de que dispõe), requerendo a fixação de alimentos provisórios; 
b) o autor deverá fazer prova do parentesco; 
c) formados os autos, esses são conclusos para o Juiz, que poderá: determinar 
que o autor emende ou complete a inicial no prazo de 15 dias (art. 321, CPC); não 
recebê-la, extinguindo o feito (arts. 485 e 330, CPC); recebê-la, fixando imediatamente 
os “alimentos provisórios” e designando audiência de conciliação, instrução e 
julgamento; 
2. CITAÇÃO (ART. 5º, § 2º, LEI Nº 5.478/68-LA): 
Obs.: o réu será citado para comparecer na audiência de conciliação, instrução 
e julgamento. Tendo havido fixação dos alimentos provisórios, será também intimado 
para efetuar o pagamento nos termos requeridos na exordial. 
3. AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO: 
a) o não comparecimento do autor implica arquivamento do pedido, e a 
ausência do réu importa em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato (art. 7º, 
Lei nº 5.478/68); 
b) autor e réu comparecerão à audiência acompanhados de suas testemunhas, 
três no máximo, apresentando, nessa ocasião, as demais provas (art. 8º, Lei nº 
5.478/68); 
c) comparecendo as partes, o juiz tentará a conciliação que, se frutífera, será 
reduzida a termo e homologada por sentença. Não obtida a conciliação, o juiz tomará o 
depoimento pessoal das partes e das testemunhas, passando, em seguida, a palavra para 
os Advogados das partes e para o representante do Ministério Público para suas 
alegações finais, após o que o juiz renovará a proposta de conciliação, proferindo em 
seguida sua decisão. 
4. SENTENÇA 
Obs.: a sentença proferida nesta ação não transita em julgado (art. 15, Lei nº 
5.478/68). 
O Ministério Público deve ser intimado a intervir em todas as fases do 
procedimento (art. 9º, Lei nº 5.478/68-LA). 
 
FORO COMPETENTE 
Segundo norma do art. 53, II, do CPC, o foro competente para se ajuizar a ação 
de alimentos é o do domicílio ou residência do alimentando, id est, aquele que pede o 
alimento, o credor. Todavia, o requerente pode, por conveniência, optar pelo foro do 
domicílio do réu, regra geral, consoante art. 46 do mesmo diploma, visto que a 
competência, neste caso, é relativa. 
 
QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS PELO (S) ALIMENTANDO (S) 
Com o escopo de viabilizar o melhor resultado possível para o constituinte, o 
Advogado deve conversar com ele sobre o caso, procurando obter resposta para as 
seguintes questões, entre outras: 
• qual o motivo do pedido (separação do casal/doença/desemprego/obrigação 
paterna ou materna etc.)? 
• quais são as necessidades do autor (gerais)? 
• o autor possui conta corrente onde poderá ser depositada a pensão? Caso 
negativo, desejam a abertura de uma? 
• quais são as condições financeiras do alimentante? 
• qual a renda aproximada do alimentante? 
• o alimentante trabalha? Onde? 
 
DOCUMENTOS 
O interessado deve ser orientado a fornecer ao advogado cópia dos seguintes 
documentos, entre outros que o caso em particular estiver a exigir: 
• documentos pessoais daquele que pede os alimentos e do seu representante, 
quando este for menor (RG, CPF, certidão de nascimento e/ou casamento, comprovante 
de residência, número de telefone e endereço eletrônico – e-mail); 
• comprovantes de despesas gerais do alimentando (por exemplo: água, luz, 
internet, telefone, televisão a cabo, alimentos, aluguel, mensalidade escolar, 
medicamentos, vestuário, lazer etc.); 
• laudo médico, sempre que o alimentando tiver qualquer necessidade especial 
(é importante que o laudo indique a doença, as limitações, as necessidades e os 
medicamentos); 
• documentos tendentes a provar as “possibilidades” de pagamento do 
alimentante (por exemplo: cópia da página de rede social que mostre bens e viagens, 
holerites, certidão de propriedade de bens; extratos bancários e de cartão de crédito; 
fotos etc.); 
• rol de testemunhas (nome, endereço, telefone, e-mail e profissão de ao menos 
três pessoas que possam confirmar as necessidades de quem pede a pensão e as 
possibilidades de quem está obrigado a pagar). 
PROVAS 
Na ação de alimentos, a prova deve incidir, basicamente, sobre três itens: a 
relação de parentesco entre alimentante e alimentando; as necessidades do autor; as 
possibilidades do réu. 
A relação de parentesco, de regra, prova-se pela juntada da certidão de 
nascimento ou casamento. 
Quanto às necessidades do alimentando e às possibilidades do alimentante, 
prova-se, habitualmente, pela juntada de documentos, tais como declaração de escola, 
receitas médicas, recibo de aluguel, declaração do empregador, carteira de trabalho e 
pela oitiva de testemunhas, que, limitadas ao máximo de três pela Lei de Alimentos, 
devem ser, de regra, conduzidas à audiência de conciliação, instrução e julgamento pela 
própria parte interessada, sendo dispensada a apresentação de rol prévio (art. 8º, Lei nº 
5.478/68). 
 
CONTESTAÇÃO 
Em sua defesa, no mérito, o réu pode argumentar sobre sua falta de capacidade, 
possibilidade, para prestar os alimentos, explicitando, é claro, seus motivos, ou, ainda, a 
falta de necessidade dos alimentos por parte do alimentando. 
A contestação deve ser oferecida em audiência, por petição ou verbalmente; 
nas comarcas onde já foi implantado o processo eletrônico é comum o juiz exigir que o 
protocolo da contestação aconteça pelo menos duas horas antes da audiência. O 
advogado deve ficar atento às normas da corregedoria do Tribunal de Justiça sobre o 
tema e, ainda, a eventual advertência no próprio mandado citatório. 
 
VALOR DA CAUSA 
Segundo norma do art. 292, III, do CPC, o valor da causa, na ação de 
alimentos, deve ser o equivalente à soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo 
autor. No caso de o alimentando estar pedindo apenas uma porcentagem sobre os 
rendimentos do alimentante, cujo total é desconhecido no momento da interposição da 
ação, deve-se lançar como valor da causa uma importância meramente estimativa, vez 
que a toda causa deve necessariamente ser atribuído um valor (art. 291, CPC). 
 
DESPESAS 
Não constando da petiçãoinicial requerimento de justiça gratuita (art. 99, 
CPC), o autor, antes de ajuizar a ação, deve proceder ao recolhimento das custas 
processuais, que, de regra, envolvem a taxa judiciária, o valor devido pela juntada do 
mandato judicial e as despesas com diligência do Oficial de Justiça. Os valores dessas 
custas variam de Estado para Estado; o Advogado que tiver dúvida sobre seu montante 
e forma de recolhimento deve consultar a subseção da OAB em sua comarca. 
 
 
Referência Bibliográfica: 
Jr., ARAUJO, Gediel de. Prática no Processo Civil, 22ª edição. Atlas, 01/2018.

Continue navegando