Buscar

118 Panorama da Aquicultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
2 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
3Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
A entrada do filé congelado de panga no mercado brasileiro já provoca desconforto entre os produtores de peixes de Santa Catarina, principalmente os de tilápia, na medida em que o peixe vietnamita avançou com sucesso em um nicho de restaurantes onde a tilápia havia conquistado grande aceitação. 
Esses estabelecimentos pagam ao distribuidor de R$ 6,50 a R$ 7,50 pelo quilo do filé de panga congelado, e não 
são raros os casos em que acabam sendo vendidos como se fossem filés de tilápia, tema discutido no nosso 
fórum de discussão Panorama-L e escolhido para a seção Notícias & Negócios On-line desta edição. Mesmo 
com esforço, não seremos capazes de entender como um filé de qualidade pode cruzar o mundo e ser vendido 
a R$ 7,00 o quilo, depois de remunerar todos os elos de uma cadeia produtiva, que começa lá no delta do rio 
Mekong e termina no bufê de um restaurante a quilo em Santa Catarina.
Um recente estudo sobre a balança comercial de pescado em 2009, elaborado pela Coordenação-Geral 
de Comercialização e Promoção Comercial do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), revelou que o país 
importou do Vietnã, no ano passado, 3.283 toneladas de panga, avaliadas em 6,3 milhões de dólares. Esse 
foi apenas o primeiro ano em que o Brasil importou pescado deste país, e não será surpresa se esse volume 
se multiplicar já a partir deste ano, visto que o filé de panga já pode ser encontrado nas prateleiras de 
praticamente todos os supermercados brasileiros.
O mesmo estudo do MPA mostrou que desde 2006 existe uma tendência de crescimento nas importações de 
pescado. De lá para cá, a balança de comércio de pescado brasileira passou a acumular déficits que culminaram 
com o recorde de 2009, quando o país importou 230 mil toneladas, avaliadas em US$ 519 milhões, exportando 
apenas 30 mil toneladas, ou US$ 169 milhões. Além do câmbio desfavorável para a exportação, analistas 
do MPA justificam esse déficit de 200 mil toneladas, apontando para uma “produção ainda insuficiente”. 
Isso, para bom entendedor, significa que a aquicultura brasileira ainda é insuficiente, uma vez que o país 
não pode contar com o aumento das capturas provenientes da pesca. 
Resta a pergunta: como a aquicultura brasileira crescerá como se deseja, com produtores vietnamitas, 
e porque não falar também dos chineses, mordendo os nossos calcanhares? Nesta edição esse tema é 
abordado por João Lorena Campos, que nos alerta para os acordos que já vêm sendo alinhavados com a China, 
interessada no nosso mercado. Trazemos ainda, algumas reflexões sobre as tendências da carcinicultura 
brasileira frente aos desafios sanitários e de mercado e um excelente artigo de Alberto Nunes e sua equipe 
do Labomar, sobre o uso de flocos microbianos no cultivo do vannamei, nossa matéria de capa. Nossas 
páginas trazem também mais um artigo escrito por Fernando Kubitza, que dessa vez responde a uma das 
perguntas mais frequentemente feitas pelos produtores aquícolas: “como é possível avaliar a qualidade das 
rações disponíveis no mercado?”, e muito mais...
 A todos uma boa leitura,
4 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
5Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Camarão: Uso de Bioflocos 
Nos últimos anos, o cultivo em sistema de bio-
flocos tem sido apontado como uma alternativa 
ao sistema intensivo convencional de engorda de 
camarões. Este sistema foi inicialmente concebi-
do para trabalhar em condições super-intensivas 
em viveiros pequenos, com fundo recoberto com 
manta de PVC, altas taxas de aeração, elevadas densidades de estocagem, pou-
ca ou nenhuma renovação d'água e rações com baixo teor protéico. O artigo 
assinado por Albert J. P. Nunes e colaboradores, mostra como isso funciona 
e apresenta os resultados da pesquisa por eles realizada, que comprova ser 
possível trabalhar com densidades de até 100 camarões/m2 e obter um cres-
cimento de camarões elevado, sempre acima de 1,3 g/semana, utilizando uma 
ração de apenas 23,5% de proteína bruta. Leia na página 36
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios on-line
Como podemos aferir a qualidade das rações
Sanidade Aquícola: Como determinar o real 
agente causador de uma doença
Utilização de probióticos na aquicultura - Parte II
Flocos microbianos reduzem a dependência de 
rações com alto teor protéico
Uso de pós-larvas de camarões marinhos SPF em Santa Catarina
Os bons ventos da carcinicultura brasileira
Apertem os cintos: A China vem aí!
Codevasf inaugura Centros de Referência em Aquicultura
Biocombustível a partir de microalgas: especialistas do Reino Unido 
vêm ao Brasil e visitam a Panorama da AQÜICULTURA
Criada a Rede de Aquicultura das Américas
Nativ Pescados inaugura moderna fábrica processadora
Têxtil Sauter - Referência em panos e redes
Guabi - O mercado está para peixe
Ficha de Assinatura da Panorama da AQÜICULTURA
Calendário Aquícola
...Pág 46
...Pág 49
...Pág 53
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 11
...Pág 22
...Pág 30
Í N D I C E
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição: 
Adolfo Jatobá, Alberto J. P. Nunes, Ana Carolina 
de Barros Guerrelhas, Aristides Leandro da Silva 
Filho, Bruno Correa da Silva, Carlos Augusto Go-
mes Leal, Felipe do Nascimento Vieira, Fernan-
do Kubitza, Frank Belettini, Glei dos Anjos de 
Carvalho Castro, Hassan Sabry Neto, Henrique 
César Pereira Figueiredo, Jairo de Souza, João 
L. Campos, José Luiz Pedreira Mouriño, Leandro 
Fonseca Castro, Walter Quadros Seiffert
Os artigos assinados são de 
responsabilidade dos autores. 
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Alegrete, 32 
22240-130 - Laranjeiras - RJ
Fone/fax: (21) 3547-9979
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
ISSN 1519-1141
Assinatura:
Daniela Dell’Armi
& Fernanda Araújo
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, 
visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou 
envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada 
edição, quantos exemplares ainda fazem parte 
da sua assinatura. Basta conferir o número de 
créditos descrito entre parênteses na etiqueta 
que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 16,00 cada. Para 
adquiri-los entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 
21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 
82, 83, 84, 85, 87, 88, 111, 112
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a quali-
dade dos serviços e produtos anunciados. 
Foto: Luiz E. L. Freitas 
Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA
Edição 118 - Março/Abril - 2010
Uso de pós-larvas de camarões marinhos 
SPF em Santa Catarina página 42...
...Pág 57
...Pág 36
...Pág 59
...Pág 55
...Pág 58
...Pág 42
...Pág 14
...Pág 61
...Pág 65
...Pág 66
Os bons ventos da carcinicultura brasileira 
página 46...
6 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Notícias & Negócios
AQUACIÊNCIA 2010 - Promovido pela 
Sociedade Brasileira de Aquicultura e 
Biologia Aquática (AQUABIO), o AquaCi-
ência 2010, em sua quarta edição, será 
realizado em Recife, PE, no período de 
12 a 15 de setembro, nas dependências 
do Mar Hotel, na Praia de Boa Viagem, 
localizado a 400 m da praia de Boa Via-
gem e a 3 km do aeroporto. O AquaCi-
ência é o principal evento científico da 
aquicultura brasileira e objetiva discutiros recentes avanços tecnológicos liga-
dos à aquicultura e biologia aquática, 
como forma de contribuir para aumen-
to da produção de pescado dentro dos 
princípios da sustentabilidade. O evento 
contará com a participação de conferen-
cistas nacionais e internacionais, sendo 
abordados temas relativos às principais 
cadeias produtivas da aquicultura, além 
da apresentação de trabalhos científi-
cos. O AquaCiência 2010 seguirá o mes-
mo estilo das edições anteriores, entre-
tanto devido a limitação de espaço, o 
número de inscrições está limitado a 
800 participantes. Dentre os convida-
dos estrangeiros já estão confirmados 
os nomes dos Drs. Nigel Preston (CSIRO, 
Austrália), que falará sobre o “Status 
da aquicultura mundial e novas tec-
nologias”, e Peter Bossier (Ghent Uni-
versity, Bélgica), que abordará o tema 
“Microbiologia aplicada a larvicultura de 
peixes e crustáceos”. Nesta edição, a or-
ganização do AquaCiência está nas mãos 
do Departamento de Pesca e Aquicultura 
da UFRPE. Maiores informações em www.
aquaciencia2010.com.br
INOVAÇÃO - A Algomix lançou recen-
temente uma inovação em rações para 
reversão sexual de tilápias. Segundo 
o diretor comercial da empresa, Saul 
Jorge Zeuckner, trata-se de um pro-
cessamento diferenciado para a ração, 
que visa obter um produto com maior 
digestibilidade e possibilitar melhores 
resultados de reversão sexual, já que 
as pós–larvas alimentam-se de maneira 
mais eficiente, promovendo melhores ín-
dices de reversão, melhor ganho de peso 
e principalmente melhor padronização 
dos lotes. “A técnica de produção da 
ração Algomix peixes 50% e 42%, para 
reversão sexual de tilápias, passa por 
sete etapas de processamento, incluin-
do, três moagens separadas, extrusão e 
cozimento, adicionamento de vitaminas 
e embalagem”, diz Saul Jorge. “Esse 
processo novo no Brasil proporciona um 
resultado fantástico, tornando o produ-
to mais digestível, maior flutuabilidade, 
e principalmente melhor reversão sexu-
al”, completa. A Rações Algomix investe 
também em uma formulação diferencia-
da, colocando matérias primas selecio-
nadas e inovadoras, que permitem óti-
mos resultados, afirma o diretor.
FENACAM 2010 - Os aquicultores brasi-
leiros têm encontro marcado na FENA-
CAM 2010, que se realizará de 7 a 10 
de junho próximo, no Centro de Conven-
ções de Natal - RN. As oportunidades 
de mercado, os avanços tecnológicos 
e o desenvolvimento do setor aquícola 
brasileiro serão assuntos a serem abor-
dados no evento, que terá como tema 
central “Aquicultura: a alternativa para 
o aumento da produção de pescados no 
Brasil” e deve reunir 800 participantes, 
entre empresários, técnicos, professores, 
pesquisadores e estudantes. Serão 24 
palestrantes nacionais e internacionais 
e serão apresentados ainda cerca de 100 
trabalhos técnicos científicos. Dentro da 
sétima versão da FENACAM serão realiza-
dos o VII Simpósio Internacional de Car-
cinicultura, o IV Simpósio Internacional 
de Aquicultura, a VII Feira Internacional 
de Serviços e Produtos para Aquicultura 
e o VII Festival Gastronômico de Frutos 
do Mar. As inscrições podem ser feitas 
através do site www.fenacam.com.br
WAS 2011 - A cidade de Natal vai rece-
ber em 2011 o evento anual da Socie-
dade Mundial de Aquicultura (WAS), que 
acontecerá juntamente com a VIII FE-
NACAM. O executivo da FENACAM, Paulo 
Henrique Nunes, foi a San Diego (EUA) 
para fazer contatos com empresas ameri-
canas, e algumas já sinalizam com o pa-
trocínio para o evento que pela segunda 
vez acontecerá no Brasil. O Comitê Orga-
nizador do WAS 2011 se reunirá durante 
a FENACAM deste ano. Os brasileiros que 
fazem parte da organização são: Ricar-
7Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Notícias & Negócios
do C. Martino, Wagner Valenti, Eduardo 
Ono, Eudes Correia, Patricia Valenti, Luis 
Andre Sampaio, Eric Routledge, Marcos 
Rogerio Camara, Alexandre W. Wainberg, 
Karina Ribeiro e Felipe Ribeiro. A indús-
tria será representada por João Manoel 
C. Alves, da empresa Guabi.
EUA REDUZEM TAXA - O Departamento 
de Comércio dos Estados Unidos (DOC) 
reduziu para 7,05% a taxa antidumping 
imposta ao camarão nacional exportado 
para o mercado americano. Em dezem-
bro do ano passado, o DOC anunciou 
margem de dumping de 10,4% para o 
camarão vendido pelo Brasil, resulta-
do da média aplicada a duas empresas 
nacionais investigadas no processo. Os 
advogados da Associação Brasileira de 
Criadores de Camarão (ABCC) pediram 
revisão das taxas e o pedido foi aceito. 
Segundo o presidente da ABCC, Itamar 
Rocha, a redução da sobretaxa vai aju-
dar os exportadores a recuperar suas 
perdas e recoloca o Brasil na disputa 
com os demais países também acusa-
dos no processo, mas que receberam 
taxas bem menores. 
PARABÉNS - O Instituto de Pesca come-
morou no dia 8 de abril os 41 anos de 
atividades. As pesquisas são mantidas 
pelo Governo de São Paulo, por meio 
da Agência Paulista de Tecnologia dos 
Agronegócios (Apta) da Secretaria de 
Agricultura e Abastecimento. 
CUSTO DE PRODUÇÃO - Acaba de ser 
lançada a publicação com CD “Planilhas 
para Cálculo do Custo de Produção de 
Peixes em Tanques-rede” de Luiz Mar-
ques da Silva Ayroza, Jorge de Matos Ca-
saca e Maria Inez Espagnoli G. Martins. 
A publicação, patrocinada pela Guabi e 
a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrí-
cola (FUNDAG), tem por objetivo munir 
os profissionais e produtores da área de 
piscicultura, de um instrumento sim-
ples e prático para análises técnicas e 
econômicas que envolvem a criação de 
peixes em tanques-rede. Para isto, foi 
elaborado um programa que serve para 
analisar a rentabilidade de projetos no-
vos e em andamento. O programa é um 
arquivo denominado Custo de Produção 
de Peixes em Tanques-rede, desenvol-
vido com a planilha eletrônica Excel. 
Apresenta pas-
tas para entrada 
de dados e exe-
cução dos cálcu-
los, dentre elas: 
informações da 
propriedade; in-
vestimentos nos 
tanques-rede; 
investimento na estrutura de fixação; 
investimento em equipamentos e aces-
sórios; outros investimentos; cálculo 
do custo de produção; cálculo da recei-
ta bruta e indicadores técnicos e eco-
nômicos. Além do CD com o programa, 
o usuário conta com um manual que 
traz orientações para o correto preen-
chimento da planilha. Custa R$ 40,00 
e informações para compra podem ser 
obtidas no www.fundag.br ou no tel 
(19) 3233-8035. 
MACROALGAS MARINHAS - O agrônomo 
Francisco Zuza de Oliveira, 61, novo pre-
sidente da Agência de Desenvolvimento 
do Ceará (Adece), anuncia que o Ceará 
produzirá carragenana, substância ex-
traída de macroalgas marinhas utiliza-
8 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Notícias & Negócios
da na indústria alimentícia a partir das 
algas que serão cultivadas ao longo do 
extenso litoral do Estado, num negó-
cio que poderá empregar cerca de 3 mil 
pessoas. Serão sete pólos de produção 
de algas: em Camocim, Acaraú, Trairi, 
Paracuru, São Gonçalo do Amarante, 
Aracati e Icapuí, e serão selecionados 
mil algicultores que constituirão, ini-
cialmente, 20 condomínios, cada um 
com 50 algicultores. Cada algicultor 
terá três balsas, nas quais serão pendu-
radas redes que receberão as mudas de 
algas. Completado o ciclo de produção, 
de 35 a 45 dias, as algas serão colhi-
das e depois submetidas ao processo de 
secagem. Estima-se que cada algicultor 
produzirá, mensalmente, 4 toneladas 
de alga úmida que lhe darão uma ren-
da mensal líquida de R$ 700. Hoje, a 
produção mundial de carreganana é de 
1,6 milhão de toneladas. Os principais 
produtores são as Filipinas, a Indonésia 
e a Tanzânia. O mercado mundial de car-
ragenana movimentou em 2008 US$ 600 
milhões. O Brasil, que produziu no ano 
passado de 2009 apenas 48 toneladas 
de carragenana, tem uma demanda anu-
al de 1.276 toneladas, 90% das quais 
produzidas em São Paulo, Rio de Janeiro 
e Paraíba. A Biomar, empresa que pro-
duz macroalgas e carragenana no Rio de 
Janeiro está indo para o Ceará, onde já 
se comprovou que a produção é maior 
do que nas águas fluminenses.A unida-
de industrial da Biomar será instalada 
em Chorozinho.
BALANÇA 2009 - O resultado da Balança 
Comercial do Pescado em 2009 foi divulga-
do pela Coordenação-Geral de Comerciali-
zação e Promoção Comercial do Ministério 
da Pesca e Aquicultura. No acumulado do 
ano as exportações brasileiras totaliza-
ram US$ 169 milhões, o equivalente a 
30 mil toneladas, e as importações foram 
de US$ 688 milhões, equivalentes a 230 
mil toneladas. Em valor o sado negativo 
foi de US$ 519 milhões, e em peso foi de 
(-)200 mil toneladas de pescado. Para os 
analistas do MPA a tendência de déficits a 
partir de 2006, após cinto anos seguidos 
de superávits (2001 a 2005) decorre do 
“aumento das importações de pescado no 
período, conjugado com a diminuição das 
exportações do pescado brasileiro, que fo-
ram afetadas principalmente pela ampli-
tude da variação do câmbio no período, e 
pela produção ainda insuficiente”. O cami-
nho pra reverter esse quadro é a produção 
via aquicultura. E não tem outro.
MÁQUINAS DE MARICULTURA - Mariculto-
res de Florianópolis utilizaram máquinas/
protótipos desenvolvidas a partir de um 
convênio firmado entre o Instituto de Ge-
ração de Oportunidades de Florianópolis 
(IGEOF/PMF) e o SEBRAE/SC, como parte 
do projeto de mecanização na maricultura 
promovido pelo Arranjo Produtivo Local – 
APL ostras. O objetivo é aumentar a pro-
dutividade, melhorar a qualidade das ostras 
produzidas, e tornar o trabalho da maricul-
tura mais qualificado, abrindo demandas 
para os setores projetistas, oficinas cons-
trutoras de máquinas e técnicos. Os equi-
pamentos são compostos por lavadora de 
ostras, uma classificadora, debulhadora de 
mexilhões e trituradora de conchas. Para 
que fossem utilizados pelas associações, 
as máquinas foram primeiramente cedidas 
aos maricultores para que fossem avalia-
das. Após a fase de testes os maricultores 
apresentaram ao IGEOF um relatório técni-
co para adequações e, a partir disso, foi fir-
9Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Notícias & Negócios
mado um termo de cooperação técnica entre as partes que permite 
que os equipamentos sejam utilizados por diversas associações. No 
decorrer desse processo, alguns produtores já construíram suas pró-
prias máquinas, inspiradas nos protótipos. 
OSTRAS NATIVAS I - O Governo Federal aprovou o cultivo de 
ostras em mais quatro áreas do município de Guaratuba, no 
litoral do Paraná. Também foram aprovadas duas áreas na baía 
de Paranaguá. Todas destinadas ao cultivo de ostra nativa. A 
licitação nacional foi realizada pelo MPA e os resultados foram 
publicados no Diário Oficial da União do dia 23 de março. Das 
áreas licitadas em Guaratuba duas ficam no Cabaraquara, uma 
no Barigui e uma na Ilha da Pescaria. As áreas foram conquis-
tadas pela Aguamar (Associação Guaratubana de Maricultores) 
e pela Addehguare (Associação de Defesa dos Direitos Huma-
nos e Desenvolvimento dos Moradores Tradicionais de Guaratu-
ba e Região). Os cultivos vão beneficiar 25 famílias.
OSTRAS NATIVAS II - A Prefeitura Municipal de São Francisco do 
Sul - SC está repovoando a baía da Babitonga com 300 mil semen-
tes de ostras nativas da espécie Crassostrea brasiliana. O trabalho 
desenvolvido pelas secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura e 
Pesca, em parceria com a Univille, a UFSC e a Colônia de Pescadores 
Z-02, objetiva impulsionar a maricultura local e conservar os bancos 
naturais de ostras, explorados ao longo do tempo. As ostras serão 
cultivadas por 30 novos ostreicultores da Associação de Aquiculto-
res Comunitários de São Francisco do Sul, com apoio técnico das 
universidades. As sementes foram produzidas em laboratório com 
matrizes de ostras provenientes da própria baia da Babitonga.
POLI-NUTRI EM LAJEDO - A cidade de Lajedo, em Pernambu-
co, foi escolhida para sediar a mais nova unidade de distribuição 
da Poli-Nutri. Com este novo centro de distribuição, a empresa 
pretende ampliar o acesso às melhores matérias-primas, rações 
prontas, núcleos e premixes aos clientes de Pernambuco, Paraíba, 
Alagoas e Bahia. A escolha do local levou em conta a proximidade 
com o Porto de Suape para a importação de matérias-primas utili-
zadas na nutrição animal. Ao estruturar um novo centro de distri-
buição próximo aos produtores do Nordeste, a Poli-Nutri permitirá 
o fornecimento de matérias-primas para todos os que enfrentam 
dificuldade na aquisição de pequenos lotes de ingredientes fun-
damentais para a composição das formulações destinadas à nutri-
ção animal. A nova unidade reforça a presença de duas décadas 
da Poli-Nutri na Região Nordeste, consolidada pela instalação da 
unidade cearense de Eusébio, em operação desde 2006. 
CAÇÃO DE ESCAMA - O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) 
está viabilizando a capacitação de pescadores artesanais para 
o cultivo e produção do bijupirá nas comunidades pesqueiras 
de Brasília Teimosa, Piedade e Barra de Jangada, na Região 
Metropolitana do Recife. O projeto “Cação de Escama” tem 
investimentos de R$ 1,7 milhão destinados a implementação 
da infraestrutura e comercialização do peixe. Inicialmente 
120 pescadores serão treinados pelo Departamento de Pesca 
e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco 
(Depaq/UFRPE). A primeira fase do projeto, iniciada há um 
ano, selecionou a área adequada ao cultivo com o licenciamen-
to ambiental e recrutou os responsáveis pela implantação do 
projeto. Os equipamentos, que passaram por licitação pública, 
foram adquiridos de uma empresa chilena e custaram cerca de 
R$ 600 mil. A estrutura conta com gaiolas, cabos, âncoras, 
sistema de redes e uma lancha para o transporte da equipe. De 
acordo com Santiago Hamilton, membro do Depaq/UFRPE e co-
ordenador do projeto, o objetivo é incentivar a produção dessa 
espécie e fazer com que os pescadores desenvolvam um sis-
tema de rodízio para aprender o cultivo. Quatro gaiolas serão 
instaladas em alto-mar a cerca de oito quilômetros em linha 
reta da costa do Recife, em frente à praia de Boa Viagem. Cada 
compartimento terá capacidade de 1,2 mil metros cúbicos e a 
estimativa de produção é de 10 quilos/metro cúbico. O projeto 
conta com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e 
Pequenas Empresas (Sebrae), Odebrecht e Instituto Agronômi-
co de Pernambuco (Ipa). 
10 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
11Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Participe da Lista de 
Discussão Panorama-L
Inscreva-se no site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
Notícias & NegóciosOn-line
De: J. Casaca
j.casaca@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Pangasius
O panga está influenciando o comércio de 
peixes aqui no Oeste de Santa Catarina. 
Muitos produtores de tilápia estão perden-
do mercado para o panga. O preço do pan-
ga no varejo está entre R$ 8,50 a 12,00 
comparados com o preço do filé de tilápia 
entre R$ 13,00 a 21,00. Cabe lembrar que 
hoje a tilápia é a espécie mais criada na 
região, representando em torno de 50% 
do total. Mas os donos de restaurantes 
compram o panga diretamente do distri-
buidor a um preço em torno de R$ 6,50 
- 7,50/kg, preparam como filé frito e o 
colocam no bufê. Muitos dizem que é filé 
de tilápia. Resultado: os restaurantes es-
tão deixando de comprar o filé de tilápia. 
Por aqui a impressão do consumidor em 
relação ao filé de panga é diferente ao re-
latado aqui na Lista Panorama-L. A maio-
ria tem aprovado o filé de panga. Esta é 
uma oportunidade para os estudiosos do 
comportamento dos consumidores.
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Em relação à tilápia cuidado para não 
comparar peixes grandes (1 kg) de culti-
vo intensivo com peixes pequenos (400g) 
de pesca de captura. São duas coisas bem 
diferentes, embora, nem sempre o con-
sumidor perceba/reconheça a diferença. 
Aqui em São Paulo o filé varia de R$ 21,00 
(supermercados de classe A e B) a R$ 8,00 
(o filezinho pequeno vendido quase que 
de forma clandestina). O peixe inteiro 
pode ser encontradoa R$ 8,00 o kg na 
peixaria, que, por sua vez compra do 
CEASA a R$ 4,50. 
De: Álvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Estimado Casaca, neste limão azedo 
vejo uma oportunidade única de fazer 
uma bela limonada. Usando o artifício 
de que se o consumidor gosta do panga, 
por que não experimentar nossos nati-
vos de couro? E, neste raciocínio, nós 
daqui do Sul temos no jundiá (Rhamdia 
quelen) um belo peixe, que se produzido 
em escala, pode competir em qualidade 
e preço. Como? Vamos desenvolver tec-
nologias, pois se os outros conseguiram 
por que não podemos?
De: Guilherme Accorsi 
guilherme.accorsi@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Prezados, experimentei o filé de panga 
aqui em Florianópolis e a minha opinião é 
que o filé é gorduroso e sem muito gosto. 
O filé de tilápia, em termos de qualidade, 
é muito melhor do que o de panga. Por 
essa razão acredito que a perda de mer-
cado da tilápia seja apenas temporária. 
Hoje está se perdendo mercado, pois é um 
produto “novo” no Brasil. Com o passar do 
tempo o próprio consumidor vai voltar a 
dar preferência à tilápia, acredito.
De: Bruno Graziano da Silva Turini 
brunoturini@mpc.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Prezados, acredito que para todo peixe 
exista um mercado, mesmo que especí-
fico. Trabalho atualmente com peixes 
nativos amazônicos (surubim, pintado 
da Amazônia e tambaqui) e com espécies 
exóticas (tilápia). Atualmente passamos 
a adquirir também o pangasius. A indús-
tria brasileira de pescado ainda sofre com 
a escassez de matéria prima de qualidade 
e de baixo custo. O pangasius, por pos-
suir excelentes características sensoriais 
(carne branca, leve, saborosa e sem a 
presença de espinhas e off-flavor), sur-
ge como alternativa, podendo ser utili-
zado na formulação de produtos a base 
de peixe (hamburger, fish bits, cripy fish, 
tirinhas, etc.). É claro que sou defensor 
de um comércio justo, sem fraudes eco-
nômicas. E também concordo com a pre-
ocupação de muitos, quando o assunto diz 
respeito às condições de trabalho no Viet-
nã, à falta de inocuidade e às BPFs. Entre-
tanto, não vejo motivo para tanta preocu-
pação. Prefiro acreditar que esta seja uma 
oportunidade de diversificação de nossos 
produtos. Existe espaço para todos!
De: Central do Peixe 
centraldopeixe@bol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Concordo integralmente com o Álvaro, te-
mos muitas alternativas e a presença do 
panga nesse momento nos obriga a pro-
curar estas alternativas. Alguns anos atrás, 
mas precisamente antes de 2006, nos lutá-
vamos em Mato Grosso para poder criar ti-
lápia, pois éramos proibidos por lei. Quan-
do conseguimos aprovar a lei 8464 que 
permitia a criação de tilápia, continuamos 
sem criar tilápia, pois descobrimos que os 
resultados financeiros eram melhores com 
os nativos do que com tilápia, foi neces-
sário um problema para descobrirmos uma 
alternativa. Pode ser este o momento de 
olharmos para os nossos peixes.
De: Ricardo B. Borges 
fazendaborges@onda.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
O preço do panga poderá baixar ainda 
mais quando as grandes redes de super-
mercado descobrirem que podem comprar 
diretamente dos exportadores, com em-
balagem própria (private label), tirando 
as indústrias importadoras atuais do cir-
cuito. Aliás, o mesmo Vietnã está com 
um bruta incentivo para fazer o mesmo 
com o cultivo da tilápia.
De: Jefferson de Alexandre Pessoa
jeffpess@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Pangasius
Comprei filés de panga e achei extremamen-
te gordo (gorduroso), não sei se é apenas 
comigo, mas peixe muito gordo me causa 
repugnância. Apesar da gordura encontrada 
acredito que o peixe tenha um bom sabor 
(quando magro). Com relação a aparência, 
o filé é muito bonito.
12 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
13Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Notícias & NegóciosOn-line
De: Mab Aquicultura 
mab.aquicultura@bol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Uma constatação pra quem trabalha com comercialização 
de pescado aqui no Brasil: aqui se compra e vende tudo! Ou 
melhor, se tem mercado pra “quase” tudo. Um exemplo é o 
próprio panga que dizem terem visto num estado que “não 
os agradaram”. Muito provavelmente, vocês devem ter visto 
uma das várias possibilidades de produto que esse peixe pode 
ser comercializado, ou seja, um filé de panga amarelo e com 
barriga (classificam como “untrimmed”). Esse é um tipo de 
produto mais barato e bom para mercados e consumidores 
pouco exigentes, que são uma grande “fatia” dos brasileiros 
que visitam e compram pescado nas peixarias e supermerca-
dos, locais onde mais se compra pescado por aqui. Com o 
mesmo peixe também é possível atender um mercado muito 
mais exigente, através de um filé de panga branco, sem es-
pinhas, sem pele, sem barriga, toalete perfeito e embalado a 
vácuo. Esse produto, lógico, tem preço muito superior e pode 
ser utilizado para pratos especiais em hotéis, restaurantes e/
ou lojas especializadas de catering, etc.. Alguém duvida que 
não temos mercado para os dois produtos acima descritos? 
Alguém duvida que o mesmo possa ser feito com alguns tipos 
de pescado que encontramos por aqui, como é o caso dos 
nossos jundiás? Essa adaptação já vem sendo feita em alguns 
tipos de pescado. Pra resumir, o que quero dizer é que existe 
mercado por aqui para as inúmeras opções de produto e para 
inúmeras formas de apresentação e qualidades de pescado. 
O consumidor é quem decide! E olha que ele tem decidido 
por todos. Apesar do critério “qualidade” ainda não ser algo 
compreendido plenamente pelos consumidores, isso facilita o 
consumo de “qualquer coisa”. Produtos bem elaborados ou pro-
dutos com quase nenhuma preparação ou agregação de valor. 
Não importa. Podemos concluir que no Brasil, se come pescado 
de “quase” todo jeito (independente de sua qualidade). E não é 
só por aqui que acontece isso! Apesar do comércio mundial de 
pescado ser absurdamente maior do que várias carnes, precisa-
mos conhecer ainda muito a nossa “casa” e os costumes de seus 
ocupantes. E desfrutar de tudo isso com bons lucros!
De: Cristiano Gomes 
cristiano.industriacruz@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pangasius
Tive o prazer de adquirir uma boa quantidade de filé de panga, 
e concordo em parte no que você relata. Realmente é um filé 
de ótima apresentação com toillet “quase” perfeito e o que 
mais incrementa sua qualidade visual são suas característi-
cas sensoriais, comprovando um tipo de congelamento rápido 
e eficiente. Em contrapartida é um filé muito esbranquiçado, 
com uma ventrecha quase inexistente. Em relação às formas de 
apresentação, o mesmo não disponibiliza opcões para cortes 
variados, já que o seu lombo não apresenta uma espessura tão 
satisfatória para tal procedimento. E no que se refere a “off-
flavor” concordo plenamente com os outros colegas, filé sem 
gosto não dando para fazer qualquer comparação com a tilápia 
ou até mesmo outros filés populares como o de piramutaba. 
Testes que fiz com a carne dele moída, apresentam uma grande 
quantidade de gordura, durante a lavagem e separação, muito 
acima da tilápia, mapará, por exemplo, é como se fosse uma 
pasta branca não solúvel em água. Mas como você falou, “tem 
preço”. Enfim, esse filé de panga tem duas vantagens, o preço e 
o glaciamento, quase inexistente.
14 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Por:
Fernando Kubitza, Ph. D.
Acqua Imagem Serviços Ltda
fernando@acquaimagem.com.br
A adequada nutrição é fundamental para otimizar o 
ganho de peso e a conversão alimentar dos peixes. 
Também influencia no desempenho reprodutivo, bem 
como na qualidade, desenvolvimento e sobrevivência 
das pós-larvas e alevinos. As rações de alta qualidade 
contribuem com a preservação da qualidade da água 
e com o vigor e saúde dos peixes, fazendo com que 
estes suportemmelhor as pressões do manejo e os 
desafios frente aos organismos patogênicos. Portanto, 
a qualidade das rações, mais do que talvez você possa 
haver imaginado, é um fator de grande peso no su-
cesso econômico do seu empreendimento. As rações 
representam entre 50 e 80% do custo de produção 
em uma piscicultura intensiva. E mesmo assim uma 
grande parte dos piscicultores desconhece a relação 
benefício/custo das rações que utilizam. Com limitado 
conhecimento sobre nutrição e sobre os fatores que 
determinam a qualidade de uma ração, os criadores, 
na maioria das vezes, se baseiam quase que exclusi-
vamente no preço na hora de decidir pela compra de uma ração. Com foco 
apenas no preço, os produtores mudam de fornecedor de ração tão facilmente como trocam 
de camiseta. Fidelidade mesmo somente com produtores mais profissionalizados, que já 
avaliaram diversos produtos e realizam o monitoramento contínuo do desempenho dos 
peixes. Estes acabam optando pelos fabricantes mais regulares em termos de qualidade, 
além é claro da qualidade do atendimento. Neste artigo são apresentadas sugestões para 
uma avaliação mais objetiva da qualidade das rações usadas no seu empreendimento.
Um exemplo simples para uma rápida 
avaliação entre duas rações 
O produtor está se decidindo pela compra de 
uma ração com 32% de proteína. A ração A, colocada 
na propriedade, custa R$ 1,05/kg (R$ 27,25/saco 
de 25 kg). A ração B custa R$ 1,03 (R$ 25,75/saco 
de 25kg). Nua e cruamente, a diferença por saco é 
considerável, R$ 1,50, sendo a ração A 5,8% mais 
cara (ver Quadro 1).
Se o produtor não acredita em qualidade, ima-
gina que as rações são todas iguais e o que importa é 
o preço, a decisão já está tomada. No entanto, quando 
se tem como base, por exemplo, os níveis de garantia 
(considerando que o fabricante pode chegar até o limite 
destes níveis) a situação pode se inverter. A ração A, 
por ter maior percentual de componentes com valor nu-
tritivo (proteína, gordura e carboidratos), apresenta um 
custo menor por quilo de material protéico e energético, 
comparada à ração B.
 
15Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Qualidade da Ração
O exemplo aqui apresentado 
é um exercício muito semelhante 
ao que fazemos quando vamos ao 
supermercado e ponderamos sobre a 
compra de um peixe inteiro ou do seu 
filé, ou mesmo de coxa de frango ou 
do filé de peito de frango. Queremos 
saber quanto do produto realmente 
vai ser comestível. Porém, os su-
permercados não fornecem nenhum 
nível de garantia, como são obrigados 
a fornecer os fabricantes de ração. 
Obviamente que, no caso das rações 
do exemplo aqui apresentado, outros 
aspectos merecem ser considerados, 
dentre muitos: a) o enriquecimento 
mineral e vitamínico; b) a experiência 
prévia com o produto; c) a indicação 
de outros produtores que possuem 
bons controles e registros dos resulta-
dos de produção; d) o aspecto visual e 
sensorial do produto; entre outros. 
Percepções dos produtores 
sobre a qualidade das rações
Quando as negociações são 
pautadas somente em preço, detalhes 
importantes para a tomada de decisão 
muitas vezes são esquecidos. Entre 
eles os resultados de crescimento e 
conversão alimentar, a melhora no 
desempenho reprodutivo, o menor 
impacto sobre a qualidade da água e 
a melhor condição de saúde dos ani-
mais. O grande desafio do produtor 
é quantificar estes benefícios, tarefa 
quase impossível se não houver bons 
registros dos resultados de produção. 
Além da falta de controle e mensuração 
dos resultados no uso das rações, os pro-
dutores ainda guardam consigo conceitos 
equivocados sobre a qualidade deste 
insumo. Entre eles a idéia de que a “força 
ou sustança” é maior, quanto maior for o 
seu teor de proteína. Também idolatram a 
vitamina C de tal maneira, subestimando 
a importância das demais vitaminas e 
minerais no desenvolvimento e saúde dos 
peixes. Outra percepção equivocada é a 
relação entre uma coloração mais escura 
da ração com a presença de farinha de pei-
xe em sua composição. Mais equivocada, 
ainda, é a crença de que se não houver 
farinha de peixe em sua composição, 
Quadro 1 – Análise comparativa entre preços e componentes nutritivos e inertes entre duas rações
o produto não presta. Ou seja, vaca tem que comer farinha de vaca, porco tem que comer 
farinha de porco e gente tem que comer farinha de gente para crescer. 
Quanto aos níveis de proteína na ração
Até atingir o nível ideal ou ótimo de proteína para uma determinada espécie, dentro de 
uma fase particular de desenvolvimento (pós-larvas, alevinos, juvenis e adultos), o aumento 
nos níveis de proteína na ração tende a melhorar o ganho de peso e a conversão alimentar 
dos peixes, bem como a sua capacidade reprodutiva. A partir do nível ótimo, a elevação do 
percentual de proteína na ração não traz benefício adicional, apenas eleva o custo com a ali-
mentação e aporta mais nutrientes na água dos tanques de criação (em particular o nitrogênio 
e o fósforo), acelerando o processo de degradação da sua qualidade. Níveis excessivos de 
proteína podem, até mesmo, exercer ação tóxica aos peixes, prejudicando diretamente o seu 
desempenho. Produtores de alevinos são mais propensos ao uso de rações com excessivos 
níveis de proteína. Acreditam que isso melhora a nutrição e o desenvolvimento das pós-
larvas e alevinos. E, pelo fato de servirem de referência a muitos dos seus clientes, propagam 
este equivocado conceito adiante. Se rendendo a este apelo de mercado, pouco a pouco os 
fabricantes de ração foram deixando a racionalidade técnico-científica de lado, passando a 
ofertar rações iniciais com mais de 50% de proteína em sua composição, recomendando-as 
para uso na alimentação de pós-larvas e alevinos da maioria das espécies de peixes hoje cul-
tivadas no Brasil. Quem sai perdendo com esse exagero é o próprio produtor que, na ilusão 
de oferecer o melhor alimento aos seus peixes, paga até 60% mais caro por um produto que 
acaba prejudicando o seu desenvolvimento e sua saúde, além de deixar uma carga poluente 
maior nos seus tanques de cultivo. Na tabela 1 são sumarizados os resultados de trabalhos 
científicos que avaliaram as exigências em proteína para alevinos e juvenis de algumas es-
pécies cultivadas no Brasil. 
Tabela 1 – Níveis de proteína bruta avaliados e níveis ideais de proteína (PB ideal %) 
determinados em pesquisa com diversas espécies de peixes criadas no Brasil
16 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Qu
al
id
ad
e 
da
 R
aç
ão Na literatura científica ainda existem exemplos muito 
claros do impacto negativo do uso de rações com excessivos 
níveis de proteína sobre o crescimento e a conversão alimentar 
de pós-larvas e alevinos de peixes tropicais como a tilápia, 
o tambaqui e o pintado (Tabela 2). Observe que acima do 
nível de proteína considerado ideal, há uma redução no 
crescimento dos peixes e piora na conversão alimentar. 
Tais efeitos também já foram observados com outras 
espécies de peixes, onívoras e carnívoras. Em especial, 
excessivos níveis de proteína podem ser muito perigosos 
durante a produção de alevinos em águas excessivamente 
verdes, com grande proliferação de fitoplâncton. A intensa 
fotossíntese mantém o pH na água muito elevado, o que 
dificulta a difusão passiva da amônia do sangue dos peixes 
para a água. Isso pode aumentar o risco de ocorrência de 
uma auto intoxicação dos peixes por amônia, agravada 
ainda mais pela quantidade excessiva deste metabolito 
tóxico que está sendo gerada com a “queima” (metabolis-
mo) do excesso de proteína (aminoácidos) ingerida com 
a ração. A auto intoxicação por amônia é uma importante 
causa de morte crônica ou súbita de alevinos em tanques 
de terra com águas muito verdes, geralmente agravada 
sob o consumo de rações com elevados níveis de proteína 
(Figuras 1a e 1b).
Para a tilápia, em especial, há um grande número 
de trabalhos científicos avaliando os níveis ideais de pro-
teína na ração (Tabela 3), havendo um consenso entre os 
pesquisadores e especialistasem nutrição de que não há 
razões para o uso de rações com mais de 40-45% de pro-
teína bruta para pós-larvas e alevinos desta espécie. Em 
avaliações de campo, durante as etapas de masculinização 
Tabela 2 - Nível ideal de proteína na dieta (destacado em verde) 
e o efeito depressivo do excesso de proteína sobre o crescimento 
de alguns peixes (destacado na cor cinza)
de forma a ofertar rações iniciais com níveis protéicos 
mais equilibrados e ajustados com base nos estudos 
nutricionais, e não ao apelo do mercado. Isso tudo em 
benefício geral do setor produtivo e do ambiente.
Quanto à coloração escura e presença de 
ingredientes de origem animal nas rações 
Muitos produtores crêem que, quanto mais escura 
for a ração, mais farinha de peixe ou produtos de origem 
Figura 1a - 
Águas 
excessivamente 
verdes, 
com grande 
proliferação de 
fitoplâncton
Figura 1b - 
Mortalidade de 
alevinos criados 
em tanques de 
terra devido à 
auto intoxicação 
por amônia, 
agravada pelo 
elevado pH 
da água (pelo 
excesso de 
fitoplâncton) e 
pelo uso de ração 
com elevados 
teores de proteína
GDP – Ganho de peso 
1 Van der Meer et al 1995
2 Hayashi et al 2002
3 Ludsted et al sem data
das tilápias, tanto em hapas (tanques-rede) como em tan-
ques escavados, rações com 40% de proteína chegam até 
mesmo a superar os resultados obtidos com rações com 
teor protéico superior a 50%, a um custo de aquisição 
de ração cerca de 40 a 60% inferior.
Diante do fato aqui exposto, é fundamental que 
os piscicultores, em especial os produtores de alevinos, 
reavaliem seus conceitos no que diz respeito ao uso de 
rações com elevados níveis de proteína. Também é neces-
sário que os fabricantes revisem suas linhas de produtos, 
17Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Qualidade da Ração
Tabela 3 – Níveis de proteína bruta nas rações que otimizam 
o desempenho de pós-larvas e alevinos de tilápia
animal ela contém. E consideram isso bom. No entan-
to, nem sempre a presença de grandes quantidades de 
ingredientes de origem animal é um fator positivo na 
ração. Farinhas de peixe geralmente conferem maior 
palatabilidade às rações, melhorando seu consumo 
pelos peixes, em particular os carnívoros. No entanto, 
sua importância nas rações para peixes onívoros não 
é tão grande quanto o produtor imagina. Grande parte 
das farinhas de peixes produzidas no Brasil é obtida a 
partir de restos de filetagem e descartes de peixes já 
em avançado estado de decomposição. Assim, contém 
menor percentual de proteína, matéria mineral mais 
elevada, maior grau de rancificação (oxidação) de 
seu óleo (ou lipídios) e maior concentração de aminas 
biogênicas (compostos produzidos com a putrefação da 
proteína). Além disso, quando superaquecidas durante 
o cozimento e secagem, podem ter a digestibilidade 
da proteína reduzida. Farinhas de peixe nacionais 
apresentam digestibilidade de proteína entre 82 e 90%, 
contra 90 a 95% de digestibilidade para a proteína no 
farelo de soja, por exemplo. Tais características podem 
prejudicar o desenvolvimento dos peixes. Assim, nem 
sempre a presença de farinha de peixe em uma ração 
para peixes é sinônimo de qualidade da ração. Com o 
surgimento de frigoríficos especializados em produtos 
da aquicultura, que processam pescado fresco, recém 
abatido, a qualidade das farinhas de peixes disponíveis 
no Brasil tenderá a melhorar, tanto pela qualidade da 
matéria prima, pelos processos e equipamentos mais 
eficientes de produção de farinha e pela visão de quali-
dade do empreendedor, buscando obter um subproduto 
de melhor qualidade do que até hoje vem sendo ofertado 
pela indústria pesqueira tradicional. 
Um ingrediente de origem animal que escurece a 
ração é a farinha de sangue. Com coloração semelhante 
a de um pó de café super torrado, as farinhas de sangue 
que geralmente são utilizadas nas rações no Brasil, são 
obtidas por secagem em chapa quente (tambor rotativo), 
onde acabam sendo superaquecidas. Com isso a diges-
tibilidade de proteínas destas farinhas é relativamente 
baixa, geralmente entre 50 e 70%. Além do mais, a proteína 
das farinhas de sangue é desequilibrada em diversos amino-
ácidos essenciais, entre eles a metionina e o triptofano. Por 
apresentar proteína mais barata em relação a outras fontes 
protéicas (devido ao seu teor elevado de proteína, em média 
de 80%) e, ainda, conferir uma coloração mais escura à ra-
ção, a farinha de sangue muitas vezes é utilizada em excesso 
na fórmula, reduzindo o custo da mesma, porém compro-
metendo sua qualidade. Apenas como ilustração, uma ração 
com 40% de proteína que contenha em sua fórmula 20% de 
farinha de sangue, recebe deste ingrediente uma contribuição 
de 16% dos 40% de proteína assegurados no rótulo. Como a 
digestibilidade desta proteína muitas vezes é de apenas 50%, 
cerca de 8% da proteína bruta da ração será eliminada nas 
fezes dos peixes. Com isso, uma ração com 40% de proteína 
acaba com um valor nutritivo semelhante ao de uma ração 
com 32% de proteína formulada com ingredientes de alta 
digestibilidade. Portanto, fique bem atento a rações muito 
escuras, quase negras, que podem indicar um uso excessivo 
de farinha de sangue.
Uma consideração sobre a percepção 
do valor da vitamina C
A idolatria pela vitamina C é ponto em comum entre 
os produtores, que muitas vezes usam o nível de enriqueci-
mento desta vitamina como fator decisivo na compra de uma 
ração. A vitamina C é importante para o desenvolvimento 
e saúde dos peixes. Participa na formação dos ossos, na 
cicatrização dos tecidos, na melhoria da resposta imunoló-
gica e na redução da infestação de alguns parasitos, entre 
outros benefícios. No entanto, a vitamina C sozinha não faz 
milagres, por isso não deve servir como único parâmetro de 
avaliação da qualidade de uma ração. Níveis de vitamina 
C adequados nas rações usadas em criações intensivas em 
tanques de terra estão entre 100 e 200 mg/kg. Para cultivos 
sob altas densidades e maior situação de estresse, como no 
caso da produção em tanques-rede, os níveis devem ficar 
pelo menos na casa dos 200 a 300 mg/kg de uma fonte de 
vitamina C estável durante o processamento e armazenamen-
to da ração. Rações para pós-larvas, pelo fato de perderem 
mais vitaminas por dissolução na água, devem ser suple-
mentadas com pelo menos 500 mg de vitamina C/kg. Para 
se obter um efeito expressivo na resposta imunológica dos 
peixes, geralmente são necessários níveis acima de 1.000 
mg/kg desta vitamina. Obviamente que isso não é uma regra 
fiel, mas uma síntese do que se conhece do ponto de vista 
científico e prático do enriquecimento das rações de peixes 
com a vitamina C. Agora, mais do que apenas a vitamina 
C, o produtor deve levar em consideração o enriquecimento 
vitamínico e mineral como um todo. É comum encontrar no 
mercado rações com altos níveis de vitamina C, mas que 
possuem níveis marginais de outras vitaminas e minerais, 
notadamente algumas vitaminas do complexo B e o zinco, 
prejudicando assim o crescimento e a saúde dos peixes.
18 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
19Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Uma avaliação mais objetiva e 
fiel da qualidade das rações
As análises laboratoriais conven-
cionais, como a da composição proximal 
(proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta, 
matéria mineral, umidade e extrativo não 
nitrogenado – carboidratos), são acessí-
veis no preço, mas não conseguem refletir 
o verdadeiro valor nutritivo da ração. Por 
exemplo, uma análise do teor de proteína, 
nada diz sobre a qualidade desta proteína 
(seu perfil de aminoácidos e sua digestibi-
lidade). A análise da composição proximal 
apenas serve para aferir se o produto está 
em conformidade com os níveis de garantia 
providos no rótulo. 
Análises mais elaboradas e, de maior 
custo, são necessárias para ter uma melhor 
idéia sobre a qualidade nutricional das ra-
ções. Por exemplo, um aminograma, que 
expressa o perfil de aminoácidos presentes 
no produto. Também é possível analisar al-gumas vitaminas e minerais para comparar 
com o grau de enriquecimento do produto 
indicado pelo fabricante. Análises de di-
gestibilidade da proteína também podem 
ser realizadas. No entanto, estas análises 
mais detalhadas implicam em considerável 
custo e, ainda assim, não possibilitam obter 
plena certeza quanto à qualidade do produ-
to. Se formos mais a fundo, ainda valeria 
rastrear a presença de micotoxinas (toxinas 
produzidas por fungos e que podem estar 
presentes em alguns ingredientes usados 
nas rações, notadamente no milho e nos 
farelos vegetais), índice de peróxidos, entre 
outros parâmetros. Na realidade, análises 
laboratoriais tão detalhadas assim somente 
são realizadas quando ocorre algum proble-
ma muito sério, geralmente envolvendo a 
mortalidade dos animais ou qualquer outro 
grande prejuízo aclamado pelo produtor e 
atribuído à inadequada qualidade da ração. 
E, geralmente, quando alguma coisa erra-
da ocorre na piscicultura, a ração sempre 
é colocada no topo da lista dos prováveis 
suspeitos, mesmo havendo um precário 
controle por parte dos produtores das de-
mais condições de cultivo (qualidade de 
água e do manejo, sanidade, entre outros 
aspectos). Muitas vezes os produtores bri-
gam com o fabricante, trocam de ração e o 
problema acaba se repetindo, confirmando 
que há algo errado na condução do cultivo 
e não na ração.
Qualidade da Ração
Apesar de todas as possibilidades de 
análises laboratoriais de uma ração, ainda não 
conheço prova mais fiel de sua qualidade do que 
o próprio desempenho produtivo dos peixes, que 
pode ser quantificado sob condições controladas 
ou sob condições de produção. Parâmetros rela-
cionados ao desempenho reprodutivo (número 
de pós-larvas ou ovos produzidos por quilo de 
fêmeas, percentual de pós-larvas deformadas, 
sobrevivência das pós-larvas até a fase de ale-
vinos) e ao vigor, resistência e sobrevivência 
dos alevinos após o manejo e transporte, são 
alguns dos pontos a serem considerados por 
quem produz alevinos. Ganho de peso, con-
versão alimentar, custo da ração por quilo de 
peixe produzido, deposição de gordura visceral 
e aparência e condição de órgãos internos (por 
exemplo, o fígado, que pode ser severamente 
impactado pela qualidade das rações) são parâ-
metros a serem considerados na recria e engorda. 
Se houver deficiência em uma única vitamina ou 
mineral, ou algum desequilíbrio em aminoácidos 
essenciais, se a fração protéica apresentar baixa 
digestibilidade, ou ainda houver a presença 
de micotoxinas nas rações, o peixe de alguma 
forma sinalizará isso com uma redução no seu 
desempenho, fornecendo ao produtor um retrato 
mais fiel sobre a qualidade das rações. 
Uma maneira eficaz de realizar estas 
avaliações é dispor de unidades experimen-
tais compactas. Por exemplo, tanques-rede e 
gaiolas de pequeno volume, berçários do tipo 
“hapas”, caixas d’água, aquários, entre outras 
estruturas. Nas Figuras 2 e 3 são ilustradas 
unidades experimentais usadas na avaliação 
da qualidade das rações em uma piscicultura. 
Os produtores podem avaliar e comparar, 
em um mesmo teste, duas ou mais rações 
simultaneamente. Mas é importante que cada 
ração seja experimentada em pelo menos 3 
unidades de teste (ou seja, 3 repetições si-
multâneas), sendo portanto necessários três 
tanques-rede ou três caixas d’água para cada 
uma das rações a ser avaliada. Para o teste 
devem ser utilizados peixes que se adaptem 
bem às unidades experimentais (geralmen-
te alevinos e juvenis). No caso do uso de 
tanques-rede (ou gaiolas), estes devem ser 
posicionados em um mesmo ambiente, de 
modo a minimizar possíveis diferenças na 
qualidade da água que poderiam comprome-
ter o resultado da avaliação. Os peixes usados 
no teste devem ter a mesma origem (mesma 
genética e lote), tamanho uniforme e devem 
ser estocados a uma mesma densidade nas 
unidades experimentais. A alimentação pode 
" Uma ração 
com 40% de 
proteína e 
que leva 
em sua 
composição 
20% de 
farinha de 
sangue, 
recebe deste 
ingrediente 
uma 
contribuição 
de quase 
metade de sua 
proteína 
(16 dos 40% 
garantidos
 no rótulo)."
20 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
21Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Qualidade da Ração
ser feita à vontade, ou então, de forma restrita, nas mesmas quantidades para todas 
as unidades em teste. Devem ser registrados os seguintes parâmetros: a) número 
total e peso total dos peixes em cada unidade experimental; b) quantidade total 
de ração fornecida ao longo do experimento; c) mortalidade diária que deve ser 
retirada, contada e pesada; d) biometrias a intervalos de pelo menos duas sema-
nas, para avaliar o desenvolvimento parcial dos peixes e reajustar a quantidade 
de ração a ser fornecida.
Durante a condução dos testes e 
ao final da experimentação devem ser 
calculados os seguintes parâmetros: a) a 
conversão alimentar; b) o ganho diário 
de peso = (Peso final – Peso inicial)/dias; 
c) o ganho em biomassa = (Biom. final 
– Biom. inicial); d) a deposição de gor-
dura corporal (através de inspeção visual, 
separação mecânica do tecido adiposo e 
dós órgãos internos e pesagem da gordura 
em separado); e) uma análise do custo da 
ração por quilo de ganho de peso.
Todas as pisciculturas comerciais 
Figura 2 - Bateria de tanques-redes de 1m3 para realização de testes comparativos de rações para 
diversas fases da criação. Estes tanques são estocados com números iguais de alevinos e cada 
ração a ser avaliada é alocada em pelo menos 3 tanques. Por estarem situados em um mesmo 
ambiente, qualquer oscilação na qualidade da água terá impacto em todos os tanques-redes de 
maneira similar, não interagindo com os resultados do teste
Figura 3 - Uma unidade de experimentação montada com 10 caixas d’água de 1.000 litros, 
onde podem ser avaliados diversos tipos de rações, com repetição, sem a interferência de 
alimentos naturalmente presentes nos tanques de produção
deveriam contar com alguma estrutura, como 
por exemplo a apresentada nas figuras 2 e 3, 
para uma avaliação contínua da qualidade das 
rações. Os produtores, em geral, têm dúvidas se 
a ração que estão usando é a melhor dentre as 
disponíveis no mercado. Essa dúvida seria rapi-
damente dissipada com um teste diretamente 
com os peixes. Caso não seja viável ao pro-
dutor montar essa estrutura de teste sozinho, a 
saída é fazer isso em grupo ou através de uma 
associação, elegendo uma piscicultura que 
reúna as melhores condições para isso (local 
adequado, recurso humano para conduzir os 
testes, equipamentos para mensuração dos 
resultados, entre outros recursos). De fato, 
cada uma das centenas de associações e co-
operativas de piscicultores espalhadas pelo 
nosso país deveria dar mais atenção a isso 
e prover seus associados com informações 
sobre os produtos de melhor relação custo/
benefício disponíveis no mercado. A cada 
tonelada de peixe produzida com uma ração 
que custa R$ 1,00/kg, uma diferença de 0,2 na 
conversão alimentar (perfeitamente possível, 
identificando as rações de melhor qualidade no 
mercado), significa R$ 200,00 de economia e 
cerca de 180 kg a menos de aporte de matéria 
seca nos tanques de produção. Assim, uma 
piscicultura que produz 5 toneladas ao mês, ou 
60 toneladas ao ano, teria ao final do ano uma 
economia direta de R$ 12.000,00, sem contar os 
benefícios indiretamente relacionados à melho-
ria da qualidade da água e redução nos custos de 
bombeamento e de aeração, por exemplo. Que 
excelente contribuição isso traria ao seu bolso 
e ao seu empreendimento. Ao ambiente, com 
menor impacto sobre a qualidade da água. E à 
redução da fome no mundo, com a otimização 
do uso dos insumos que compõem a ração, e 
que poderiam estar servindo de alimento direto 
ou para produção de mais alimento (peixes e 
outros animais) para muita gente que hoje e no 
futuro passarão fome em nosso planeta.
22 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Sanidade
Aquícola Por:Henrique César Pereira Figueiredoe-mail: henrique@dmv.ufla.brMédico Veterinário, professor do 
Depto. de Medicina Veterinária Preventiva, 
Escola de Veterinária da UFMG
Coordenador do AQUAVET
Lab. de Doenças de Animais Aquáticos
Glei dos Anjos de Carvalho Castro
Médica Veterinária, M.Sc., doutoranda
 em Ciências Veterinárias, UFLA 
Carlos Augusto Gomes Leal
Médico Veterinário, M.Sc., doutorando 
em Ciências Veterinárias, UFLA
PATOGÊNICOS OU NÃO-PATOGÊNICOS: 
Como determinar o real agente causador de uma doença
Perspectiva Histórica 
Desde o início dos tempos, seres humanos e animais se de-
param com os desafios biológicos do ambiente, consequentemente 
com as doenças infecciosas. Relatos bíblicos já descreviam quadros 
condizentes com as enfermidades que conhecemos atualmente. 
Esses demonstram a íntima relação histórica entre seres humanos 
e patógenos. Com a evolução das sociedades e do conhecimento 
científico, tiveram início os questionamentos sobre as causas des-
sas moléstias. Diversos estudos e pesquisadores contribuíram para 
o entendimento das enfermidades, mas, sem sombra de dúvida o 
divisor de águas para a compreensão das doenças infecciosas foram 
os resultados obtidos pelo médico e microbiologista alemão Ro-
bert Koch. Ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina 
em 1905, Koch tornou-se famoso pelo isolamento das bactérias 
Bacillus anthracis (causador do antrax), Mycobacterium tuber-
culosis (causador da tuberculose) e Vibrio cholera (causador da 
cólera). Porém, o principal feito desse pesquisador foi o desen-
volvimento do postulado que leva seu nome, o “Postulado de 
Koch”, e que consiste em: 
1- O microrganismo deve estar presente nos animais doentes 
mas não nos saudáveis; 
2- Reisolamento do patógeno em culturas puras; 
3- O microrganismo reisolado deve ser inoculado em animais 
saudáveis com capacidade de causar doença; 
4- Deve haver reisolamento do microrganismo em culturas 
puras a partir do animal infectado experimentalmente. 
O postulado é utilizado até hoje para determinação dos agen-
tes etiológicos (causadores) de doenças infecciosas. Um exemplo 
de sua importância foi descrito na edição 114 da Panorama da 
Na coluna “Sanidade Aquícola” dessa edição 
discutiremos sobre um tema que gera muitas 
dúvidas e controvérsias entre profissionais e pro-
dutores do setor: como associar um determinado 
microrganismo a uma doença e ter certeza que 
esse é o causador da enfermidade. Numa primeira 
avaliação, pode-se pensar de maneira simplista, 
que quando encontramos um patógeno em um 
determinado órgão ou lesão de um animal doen-
te, esse é o responsável por tal problema. Esse 
tipo de associação pode ser uma verdade quando 
estamos lidando com microrganismos altamente 
especializados, que apresentam estreita relação 
com os hospedeiros (não sobrevivem na ausência) 
e não possuem muita viabilidade no ambiente. 
Entretanto, quando falamos de microrganismos am-
plamente disseminados em ambientes aquáticos 
ou de agentes etiológicos que possuem variantes 
incapazes de causar doença (não-patogênicos) 
isso se torna duvidoso. Nesse caso, as inferências 
começam a se tornar complexas e estabelecem uma 
relação direta entre causa e consequência, no caso 
agente etiológico e doença do animal, pode não 
ser tão fácil. Existem ainda muitos paradigmas e 
conceitos errôneos sobre esse assunto. Ao longo 
do texto explicaremos quais são os requisitos, 
métodos de análise e informações que devem ser 
levadas em conta para determinação do agente 
etiológico de uma doença.
23Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Sanidade Aquícola
AQÜICULTURA, publicada em agosto de 2009. A matéria 
intitulada “Aprendendo sobre uma nova doença em trutas: 
septicemia hemorrágica causada pela bactéria Weissella sp.” 
demonstrou como a equipe AQUAVET conseguiu reproduzir 
em laboratório uma doença que estava causando sérios pro-
blemas nas truticulturas nacionais.
Apesar de ótima ferramenta para determinação de 
agentes etiológicos, desde seu estabelecimento o postulado 
mostrou-se deficiente para a caracterização de alguns patóge-
nos e doenças infecciosas. Isso era esperado devido à diversi-
dade biológica de hospedeiros e microrganismos. O primeiro 
postulado tornou-se questionável com a observação de porta-
dores assintomáticos (animais infectados que não adoecem) 
ou com infecções subclínicas (animais infectados com sinais 
brandos ou não perceptíveis da doença). Nessas situações os 
hospedeiros possuíam o microrganismo, mas não ficavam 
doentes. Esse comportamento é uma realidade para diversas 
doenças de animais aquáticos, por exemplo, quando realizamos 
uma avaliação bacteriológica de uma tilápia do Nilo doente e 
obtemos um resultado positivo para Aeromonas hydrophila. 
Será que essa bactéria é um patógeno ou um microrganismo 
da microbiota (flora) normal dos peixes ou da água? Em um 
dos primeiros trabalhos realizados pela equipe AQUAVET, 
verificamos que essa bactéria é normalmente encontrada na 
maioria dos ambientes de uma piscicultura, como na água de 
abastecimento, água dos tanques, no muco de peixes sadios 
etc. (Hirsch et al., 2006). Certificar que essa bactéria era a real 
causadora de um processo de doença somente através de seu 
isolamento e identificação não era confiável e seguro.
Já quanto ao segundo postulado a existência de patóge-
nos que não podem ser cultivados em laboratório fez com que 
esse se tornasse uma etapa impossível para caracterização de 
algumas doenças. O terceiro postulado encontrou na variabili-
dade genética dos hospedeiros um empecilho. Nas populações 
de todos os seres vivos existem grupos de animais que são 
naturalmente mais ou totalmente resistentes a uma determinada 
doença. Por esse motivo nem sempre o patógeno é capaz de 
causar a enfermidade. 
Apesar dessas deficiências o Postulado de Koch é ampla-
mente aceito na comunidade científica e tem balizado os estudos 
de caracterização dos patógenos há décadas. 
 
Avanços no Postulado de Koch
Diante das deficiências apresentadas pelo Postulado 
de Koch, surgiu a sua versão molecular que tem como obje-
tivo principal determinar a capacidade de um microrganismo 
causar uma enfermidade, em função dos mecanismos mole-
culares envolvidos nesse processo. Dessa forma são anali-
sados os “fatores de virulência” que a bactéria carrega, ou 
que seja capaz de expressar, quando infecta um hospedeiro. 
Esse conceito ajuda explicar porque duas amostras de uma 
mesma espécie de bactéria, a exemplo da Escherichia coli, 
podem ter capacidade de virulência diferentes e, portanto, 
terem importâncias distintas como agentes causadores de 
doenças. Esse novo postulado cria critérios experimentais 
e requisitos mínimos a serem satisfeitos para que se possa 
demonstrar que um gene encontrado em um microrganis-
mo patogênico atua diretamente no processo de doença. Na 
prática, aplicando-se esses conceitos, podemos verificar 
como a presença de determinados fatores de virulência 
possibilitam ou aumentam a capacidade dos patógenos em 
causar infecção ou lesões no organismo ou, por outro lado, 
sua ausência limita ou reduz o potencial infectante. 
Desenvolvido pelo renomado pesquisador da Es-
cola de Medicina da Universidade de Stanford (EUA), 
Dr. Stanley Falkow, o Postulado Molecular de Koch tem 
apresentado maior aplicabilidade para o estudo das do-
enças bacterianas, e seu texto original segue as seguintes 
premissas:
 1- O fenótipo ou propriedade (fator de virulência) 
sob investigação deve estar associado a membros patogêni-
cos de um gênero ou amostras/variantes patogênicas de uma 
espécie. O(s) gene(s) deve(m) estar presente(s) em amostras 
patogênicas e ausente em amostras não patogênicas;
 2 - A inativação do gene(s) que codifica(m) o refe-
rido fator(es) virulência reduz(em) de maneira significativa 
a patogenicidade (capacidade de causar doença) e virulência 
(intensidade das lesões e alterações patológicas);
 3 - A reintrodução do(s) gene(s) que codifica o(s) 
fator(es) de virulência no microrganismo recupera sua pato-
genicidade e virulência;
 4- O gene que codifica o fator de virulência deve ser 
expresso durante a infecção;
 5 - Resposta imunológica específica do organismo do 
hospedeiro frente ao fator de virulência estudado deve conferir 
proteção à infecção pelo microrganismo.
"A versão molecular 
do Postulado de Koch 
tem como objetivo 
principal determinar 
a capacidade de um 
microrganismo causar 
uma enfermidade, em 
função dos mecanismos 
moleculares envolvidos 
nesse processo"
24 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
25Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
 Na figura 1 é apresentado um diagrama esquemático que 
exemplifica os pontos principais do Postulado Molecular de Koch. 
Esse utiliza como exemplo o fator de virulência SST3 (sistema 
de secreção do tipo 3) em Aeromonas hydrophila.
A versão molecular do Postulado de Koch permitiu um 
avanço significativo no estudo dos patógenos e na compreensão 
dos processos infecciosos. Nesse ponto enfatizamos sua aplica-
ção prática para patógenos de organismos aquáticos. Para isso 
podemos utilizar como exemplo bactérias importantes para aqui-
cultura que podem ser encontradas tanto na água do sistema de 
cultivo como estar associadas a quadros de infecção nos animais, 
como Aeromonas hydrophila (para peixes cultivados) ou Vibrio 
alginolyticus (para o cultivo de camarão-marinho). Como esses 
microrganismos podem ser patogênicos ou ambientais, somente 
o isolamento desses de um animal doente não garante com 100% 
de certeza que são os agentes etiológicos do problema. Pois, 
como podem estar na água do sistema de cultivo, na superfície 
dos animais e trato gastrointestinal existe a possibilidade de erro 
durante o exame bacteriológico e contaminação do material. 
Mas, caso tenhamos um sistema capaz de diferenciar as amos-
tras ambientais das patogênicas, através da pesquisa de genes de 
virulência, podemos determinar com segurança se esse isolado é 
o real causador da doença em questão. 
As etapas estabelecidas pelo AQUAVET para diagnóstico 
da bactéria Aeromonas hydrophila foram demonstradas na revista 
Panorama da AQÜICULTURA, edição de junho de 2008, com o 
artigo “Quem tem medo de Aeromonas?”. No final do processo 
de identificação do microrganismo foi inserido um método de 
biologia molecular, a reação em cadeia da polimerase (PCR), 
para determinação da patogenicidade através da prospecção 
de genes de virulência. Essa análise aumenta a confiabilidade 
obtida no exame bacteriológico e reduz a possibilidade de falso 
diagnóstico para o patógeno. A seguir apresentaremos a conti-
nuidade desse trabalho, realizado pela equipe do AQUAVET, 
para a diferenciação de amostras de Aeromonas hydrophila 
patogênicas ou não patogênicas para peixes. 
 
Padronização da Detecção de Genes de 
Virulência em Aeromonas hydrophila
Desde o início de suas atividades em 2002, o laboratório 
AQUAVET vem realizando estudos científicos para deter-
minar a importância e para elucidar os processos envolvidos 
nas infecções causadas por Aeromonas móveis em peixes. 
Inicialmente, os trabalhos do laboratório foram voltados para 
a prospecção dessas bactérias no campo, obtidas de amostras 
de diferentes origens (água do sistema de cultivo, água de 
abastecimento e muco de superfície) e fazendas, bem como, 
isolados de casos clínicos de peixes doentes recebidos de todo 
o Brasil. Esses trabalhos resultaram em um banco de bactérias 
do gênero Aeromonas com total aproximado de 420 isolados 
de diferentes fontes e origens geográficas. 
Essas amostras foram inicialmente identificadas em 
nível de espécie por métodos fenotípicos. Visto que esses 
não apresentam a capacidade de distinguir com segurança as 
espécies de Aeromonas foi necessária a realização de técni-
cas moleculares para a confirmação dos resultados obtidos 
anteriormente. Devido a importância da bactéria Aeromonas 
Figura 1. 
Representação 
esquemática 
do Postulado 
Molecular de Koch 
demonstrando 
uma bactéria 
patogênica 
possuidora de um 
fator de virulência, 
no caso o Sistema 
de secreção do 
tipo III (SST3), 
infectando o peixe 
e causando doença
Sanidade Aquícola
Doença Cíclica de Alta
Patogenicidade
Inativação dos
Genes de Virulência
Redução Significativa na 
Patogenicidade
Genes de virulência
Reconstituição da Alta Patogenicidade
Bactéria com Fator de 
Virulência SST3
26 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
27Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA PARA DETECÇÃO DE GENES DE VIRULÊNCIA PARA Aeromonas hydrophila
PROSPECÇÃO DE AMOSTRAS
Água de
Abastecimento
Água do
Tanque
Peixes
Doentes Amostras SST3
Positivas
Amostras 
SST3
Negativas12 Fazendas
3 Estados
Identificação 
Molecular
(PCR-RFLP)
420 isolados 
Aeromonas spp.
Detecção dos Genes de
Virulência nos Isolados
SST3 Positivas:
•Doença Hiperaguda
•Sinais Clínicos 
Proeminentes
•Alta Mortalidade
SST3 Negativas:
•Doença de Evolução Lenta
•Sinais Clínicos Brandos
•Mortalidades Moderada
Infecção Experimental
104 Aeromonas hydrophila
(64 Casos Clínicos e 40 Ambiente)
Padronização PCR para 
Genes de Virulência
SST3 PCR 2 Genes
Sanidade Aquícola
hydrophila como patógeno de peixes, e sua ampla disseminação 
em ambientes aquáticos e o fato de ser um problema de saúde 
pública, os trabalhos do AQUAVET passaram a ser focados 
somente nessa espécie. Diversas amostras avirulentas dessa bac-
téria têm sido isoladas em estudos prévios descritos na literatura, 
assim como amostras virulentas que possuem fatores singulares 
capazes de potencializar sua patogenicidade. Por esse motivo era 
importante a padronização de uma metodologia que conseguisse 
discriminar os isolados patogênicos e não-patogênicos. 
Do banco de Aeromonas spp., 104 isolados foram classifi-
cados como Aeromonas hydrophila, sendo esses proveniente de 
12 fazendas localizadas em três estados brasileiros (MG, RS e 
SP). Dessas, 64 amostras foram isoladas de peixes doentes, com 
sintomatologia clínica de septicemia por Aeromonas móveis, de 
cinco espécies: tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), pacu 
(Piaractus mesopotamicus), jundiá (Rhamdia quelen), piracan-
juba (Brycon orbignyanus) e betta (Betta splendens). As demais 
amostras foram provenientes de água de abastecimento (28) e 
água do tanque (12), a partir de fazendas que não apresentavam 
quadro clínico de qualquer doença. Nesse ponto da pesquisa nos 
deparamos com a questão citada anteriormente no texto: Como 
podemos identificar e distinguir as amostras responsáveis por 
causar doença das amostras ambientais? 
A estratégia definida foi a detecção de genes do fator de 
virulência chamado sistema de secreção do tipo III (SST3). Para 
a identificação do SST3 em A. hydrophila foram desenvolvidas 
no AQUAVET reações de PCR específicas para detecção de dois 
genes, ascV e aopB, que codificam proteínas essenciais para a 
estrutura e funcionamento dos SST3, respectivamente. Durante 
a padronização da técnica foram realizadas centenas de reações e 
todos os resultados foram confirmados através do sequenciamento 
dos produtos da PCR e análise de bioinformática. O intuito desses 
procedimentos era verificar se a técnica estava reconhecendo e 
amplificando os genes corretos, o que foi confirmado.
 Após a padronização da técnica, todas as 104 amostras 
foram submetidas aos testes para os dois genes visando deter-
minar presença ou ausência do SST3. 53 amostras (50,9%) 
apresentaram resultado positivo para esse fator de virulência, 
sendo 40 isoladas de casos clínicos e 13 de ambiente. Esse fator 
de virulência estudado era significativamente mais frequente em 
amostras de peixes doentes (62,5%) que em amostras ambien-
tais (32,5%). Nossos resultados indicaram que o SST3 estava 
relacionado à capacidade da Aeromonas hydrophila de causar 
doença na tilápia, podendo ser usado como uma ferramenta para 
distinguir as amostras patogênicas das não patogênicas. 
 Para confirmar que havia uma variação na patogenicida-
de e virulência das amostras relacionada à presença ou ausência 
doSST3, ensaios de infecção experimental foram conduzidos 
com os diferentes padrões obtidos para esse fator de virulência 
na técnica de PCR. Para a realização desses foram utilizados 
160 peixes subdivididos em 20 grupos com oito animais cada. 
Desses, nove foram inoculados com uma dose de 106 UFC/mL 
(unidade formadora de colônias por mL) de bactérias positivas 
para o SST3, e nove inoculados com a mesma dose de bactérias 
negativas para o SST3. Os outros dois grupos foram utilizados 
como controles negativos, sendo inoculados com tampão fosfato 
salino (solução isotônica que não causa lesão no peixe). Na 
figura 2 é apresentado um diagrama esquemático com todos os 
passos experimentais para determinar a importância da detecção 
do SST3 em Aeromonas hydrophila. 
Figura 2. 
Representação 
esquemática 
demonstrando 
todas as etapas 
realizadas para o 
desenvolvimento de 
uma metodologia 
para detecção de 
genes de virulência 
em A. hydrophila
28 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Nos ensaios experimentais as amostras positivas causaram doença rapidamente, com 
sinais clínicos evidentes em até 4 h pós-infecção, seguidos de mortalidade abrupta em que a 
maioria dos peixes morria no período de 8 h (p.i). Nos animais infectados com essas amos-
tras os principais sinais clínicos observados foram hemorragia em toda a extensão corporal 
sendo mais exacerbadas na boca e base das nadadeiras. Também foi possível observar ascite 
(acúmulo de líquido na barriga do peixe), natação errática e exoftalmia. Ao contrário disso, 
os peixes infectados com bactérias negativas para os genes do SST3 não apresentaram sinais 
clínicos característicos de doença. Foi observado nesses peixes apenas anorexia, escureci-
mento de pele e letargia, e quando ocorria mortalidade essa se iniciava 24 h pós-infecção. 
Na tabela estão compilados os dados das amostras utilizadas na infecção experimental e 
principais sinais clínicos observados nos peixes doentes, e na figura 3 pode se observar as 
diferenças de sintomas causadas por amostras positivas e negativas para o SST3.
É muito importante ressaltar que dentro dos grupos infectados com amostras positivas 
para SST3 a mortalidade chegou até a 87,5%, e mesmo as amostras isoladas de ambiente 
foram capazes de causar doença e morte. Dos nove grupos infectados com amostras nega-
tivas para o SST3 a taxa de mortalidade foi baixa, variando de 12,5% a 37,5%, sendo que 
Tabela. Amostras da bactérias A. hydrophila utilizadas para verificação de 
virulência nas infecções experimentais
Figura 3. Fotos de infecção experimental mostrando a diferença de resultados obtidos entre amostras com e 
sem SST3. (A) Peixe infectado com amostra negativa SST3 mostrando apenas escurecimento de pele. (B) Peixe 
infectado com amostra positiva para o SST3 apresentando ascite (área dentro do círculo branco). (C) Peixe 
infectado com amostra positiva para o SST3 apresentando hemorragia pelo corpo, sendo mais evidente nas 
bases das nadadeiras (setas brancas)
CA
B
29Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
Sanidade Aquícola
Figura 4. Gráfico ilustrativo das taxas de mortalidades em tilápia do Nilo, obtidas após infecção experimental com 
os diferentes isolados de Aeromonas hydrophila. Os cilindros em vermelho indicam amostras positivas para os genes 
do SST3 enquanto que os brancos são de amostras negativas. Pode se observar nessa figura que todas as amostras 
portadoras dos genes de virulência causaram taxas de mortalidade que variaram entre 12,5% e 87,5%, enquanto que 
mais da metade das amostras sem os genes não causaram mortalidade. Quando a morte ocorreu nos grupos desafiados 
com amostras negativas para o SST3, a taxa não ultrapassou 37,5%
0,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
AE
 4
13
-0
4
AE
 0
67
-0
2
AE
 1
10
-0
2
AE
 1
11
-0
2
AE
 1
52
-0
2
AE
 2
88
-0
3
AE
 3
44
-0
3
AE
 4
03
-0
4
AE
 4
06
-0
4
AE
 0
80
-0
2
AE
 1
90
-0
2
AE
 2
20
-0
2
AE
 2
21
-0
2
AE
 2
25
-0
2
AE
 2
66
-0
3
AE
 3
33
-0
3
AE
 4
10
-0
4
Amostras positivas
Amostras negativas
Taxa de Mortalidade
Referências Bibliográficas:
Carvalho-Castro, G.A. ; Lopes, C.O.; Leal, C.A.G.; Cardoso, P.G.; Leite, R.C.; Figueiredo, H.C.P.. Detection of type III secretion system 
genes in Aeromonas hydrophila and their relationship with virulence in Nile tilapia. Veterinary Microbiology (2010), doi:10.1016/j.
vetmic.2010.01.021.
Hirsch, D.; Pereira Júnior, D.; Logato, P. V. R.; Piccoli, R. H.; Figueiredo, H. C. P.. Identificação e resistência a antimicrobianos de espécies de 
Aeromonas móveis isoladas de peixes e ambientes aquáticos. Ciência & Agrotecnologia v.30, n.6, 2006.
o grupo que apresentou a taxa 
mais alta foi inoculado com uma 
amostra isolada de peixe doente. 
Esse resultado sugere que outros 
fatores de virulência, além do 
SST3, podem estar presentes 
nessas amostras.
Fica claro então que, 
para o diagnóstico de enfermida-
des bacterianas que ocorrem em 
nossas pisciculturas, precisamos 
de um melhoramento contínuo 
das técnicas laboratoriais e da 
capacidade de diferenciar bac-
térias patogênicas das não pato-
gênicas. Isso tem forte impacto 
nos procedimentos a serem 
adotados tanto na prevenção de 
surtos (como a recomendação 
de uso de vacinas), quanto para 
o controle desses surtos (como 
o uso de antibióticos). 
***
Os trabalhos do AQUAVET são 
financiados pela FAPEMIG, CNPq e 
Furnas Centrais Elétricas S.A.
30 Panorama da AQÜICULTURA, março, abril, 2010
UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS 
Por: 
José Luiz Pedreira Mouriño 
Adolfo Jatobá 
Bruno Correa da Silva
Felipe do Nascimento Vieira 
e-mail: mourino@lcm.ufsc.br
Laboratório de Camarões Marinhos, 
Departamento de Aquicultura, 
Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC
NA AQUICULTURA
Como é desenvolvido o probiótico?
No nosso vasto planeta a maioria das pessoas não per-
cebe que os microrganismos (bactérias, vírus e fungos) são os 
maiores habitantes da terra em número, biomassa e diversidade 
genética. Nesta imensidão de microrganismos, o isolamento 
de um microrganismo específico com características benéfi-
cas para ser utilizado como probiótico é um trabalho árduo e 
que demanda tempo. Este trabalho deve seguir uma série de 
procedimentos, que vão desde o isolamento do microrganismo 
até testes em escala comercial de cultivo que comprovem sua 
eficácia (Figura 1). 
Dentre os microrganismos probióticos as bactérias têm 
destaque. O isolamento de bactérias do trato intestinal do 
animal de interesse é o primeiro passo para se obter sucesso 
no desenvolvimento de um probiótico (BALCAZAR et al., 
2006). Esta etapa normalmente está associada ao isolamento 
de dezenas ou até centenas de cepas de bactérias com potencial 
probiótico. Entretanto, com esse elevado número de bactérias 
torna-se inviável avaliar os seus efeitos diretamente nos ani-
mais de cultivo, pois nada se conhece sobre as cepas isoladas. 
Sendo assim, há necessidade de se realizar diversos testes 
de seleção em laboratório (in vitro) - inibição de patógenos; 
produção de enzimas digestivas; tolerância a sais biliares e 
variações de pH e salinidade; produção de substâncias antimi-
crobianas; velocidade de crescimento e, capacidade de adesão 
do epitélio intestinal - para a seleção de apenas algumas cepas 
para os ensaios com os animais de interesse (in vivo) (VINE 
et al., 2004). 
Entre os testes in vitro, os ensaios de inibição de bacté-
rias patogênicas são os mais utilizados. Neste teste, é possível 
avaliar a capacidade da bactéria potencialmente probiótica de 
inibir diferentes patógenos que podem causar danos aos animais 
cultivados e, neste caso, o mais indicado é avaliar o probiótico 
frente às bactérias patogênicas dos próprios organismos aquá-
ticos a serem tratados. Isto é, se está sendo desenvolvido ou 
avaliado um probiótico para tainha, os testes in vitro devem 
ser realizados, preferencialmente, com patógenos isolados da 
própria tainha, e não de outras espécies de peixes ou mesmo 
camarões.

Continue navegando