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120 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
2 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
3Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
M uitas vezes nesse espaço critiquei as estatísticas da aquicultura anualmente divulgadas pelo Ibama, por utilizarem dados repassados por órgãos estaduais e municipais sem o menor comprometimento com o setor aquícola. São instituições que, como se sabe, informavam e informam números 
fabricados segundo a sua conveniência, sem se dar ao trabalho de ir a campo para verificar a veracidade dessas 
informações. Em agosto último, o MPA divulgou as estatísticas de 2008 e 2009, e não resistiu à tentação de 
repetir a tão criticada fórmula do Ibama de gerar os números do setor. 
Como se sabe, com a exceção de poucos estados que possuem a seu favor uma atuante estrutura de ex-
tensão rural, a maioria dos estados brasileiros padecem com a falta de assistência, e nem que desejassem muito, 
os aquicultores não teriam a quem informar o quanto produzem a cada ano.
O MPA, no entanto, divulgou suas estatísticas acompanhadas da recomendação de que foram “resultantes 
de uma metodologia estatística apropriada, aprovada pelo IBGE, resultante da análise de correlação entre a 
comercialização de ração para organismos aquáticos no Brasil”, fornecidos pelo Sindirações.
Não restam dúvidas que usar a chancela do IBGE gera credibilidade. Mas o que resta saber é se o IBGE 
está sabendo que o Sindirações tem problemas crônicos para avaliar com precisão o volume de alimentos de 
organismos aquáticos que o país comercializa. Um deles é a grande dificuldade de contar com a adesão de muitas 
das indústrias que hoje comercializam suas rações junto ao setor, mas que não sentam à mesa com os seus pares. 
Outro problema, é que as indústrias, inclusive as que sentam na mesa do Sindirações, não vêem com bons olhos 
a divulgação da sua produção por conta da forte concorrência do setor.
Como resultado o Sindirações diz que foram produzidas 300 mil toneladas de ração de peixes em 2009, e 
o MPA diz que a produção da piscicultura foi de 337 mil toneladas, o que no mínimo faz da piscicultura brasileira 
um campeão em conversão alimentar, mesmo levando em consideração que muitos peixes são produzidos sem o 
uso de alimentos industrializados.
Fica a dúvida se era realmente necessária a divulgação de números sem a desejável precisão. Afinal, não 
serão esses números que irão mostrar o importante e histórico papel que o MPA desempenhou e desempenha 
na trajetória recente da aquicultura brasileira, criando condições para que nos próximos anos tenhamos muita 
prosperidade sendo despescada das nossas águas. 
Fica, porém a frustração de todo o setor aquícola, e certamente também de muita gente dentro do próprio 
MPA, de não ter visto a divulgação dos dados do “Censo Aquícola” no lugar dessa questionável estatística. O censo 
foi, sem dúvidas, um dos mais arrojados e importantes projetos da SEAP/MPA, cuja divulgação dos resultados 
vem sendo ansiosamente esperada desde o final do ano passado. 
A todos, boa leitura.
4 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
5Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Peixes palhaço 
Nos últimos anos o comércio de peixes ornamentais 
marinhos tem aumentado consideravelmente e os “pei-
xes palhaço”, além de muito populares são também, 
sob o ponto de vista comercial, considerados os mais 
importantes, visto que superam a demanda de mercado 
de todos os peixes marinhos ornamentais do mundo. 
Leia o artigo publicado na página 38 e conheça alguns 
dos aspectos da biologia comportamental dos peixes 
palhaço, sua relação com as anêmonas, manutenção em 
aquários e, principalmente, as possibilidades de cultivo 
comercial desses que são, sem dúvida, os ornamentais 
mais conhecidos do mundo.
...Pág 50
...Pág 57
...Pág 63
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 10
...Pág 24
...Pág 32
Í N D I C E
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição: 
Alberto O. Lima, Carina Oliveira Lopes, Carlos 
Augusto Gomes Leal, Daniela Tupy de Godoy, 
Dircéia Aparecida Custódio, Fernando Kubit-
za, Frederico Costa, Gláucia Frasnelli Mian, 
Glei dos Anjos de Carvalho-Castro, Henrique 
César Pereira Figueiredo, João L. Campos, 
Jussara de A. Guerreiro, Leandro Portz, Ulis-
ses de Pádua Pereira
Os artigos assinados são de 
responsabilidade dos autores. 
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Alegrete, 32 
22240-130 - Laranjeiras - RJ
Fone/fax: (21) 3547-9979
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
ISSN 1519-1141
Assinatura:
Daniela Dell’Armi
& Fernanda Araújo
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Assistente:
Ricardo Carvalho 
ricardo@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, 
visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou 
envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada 
edição, quantos exemplares ainda fazem parte 
da sua assinatura. Basta conferir o número de 
créditos descrito entre parênteses na etiqueta 
que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 16,00 cada. Para 
adquiri-los entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 
21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 
82, 83, 84, 85, 87, 88, 107, 111, 112
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a quali-
dade dos serviços e produtos anunciados. 
Foto: Alberto Oliveira Lima
Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA
Edição 120 - Julho/Agosto - 2010
Cultivo de tilápia em tanques-rede 
página 14...
...Pág 38
...Pág 66
...Pág 46
...Pág 14
Bijupirá em viveiro de terra
página 46 ...
...Pág 55
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios on-line
Cultivo de tilápia em tanques-rede: atraso nas vendas, falta de 
planejamento e enfermidades podem impactar o custo de produção
Sanidade Aquícola: A experiência do AQUAVET na investigação 
de doenças de peixes nativos
Entrevista: Henrique Figueiredo
Peixes palhaço: antecedentes biológicos e 
introdução ao cultivo
Bijupirá em viveiro de terra - Bahia Pesca obtém bons 
resultados em cultivo experimental
Tem peixe cultivado na gastronomia brasileira
Estatística da Pesca e Aquicultura 2008/2009
MPA exige Análise de Risco para pescado 
importado da aquicultura
Panga, um peixe bom de cultivo e de polêmica
Aquicultores capixabas recebem licenças ambientais e 
outorgas de uso da água
Ficha de Assinatura da Panorama da AQÜICULTURA
Calendário Aquícola
...Pág 57
...Pág 65
6 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & Negócios
BARRIGA DE ALUGUEL - A revolução da 
reprodução artificial de peixes pela téc-
nica de barriga de aluguel será tema de 
palestra na capital paulista. As gônadas 
de peixes contêm células-tronco, que se 
transplantadas a outros peixes, mesmo 
de sexo ou espécie diferente do doador, 
podem gerar espermatozoides ou ovos 
da espécie doadora na espécie recepto-
ra. A técnica abre um amplo leque de 
possibilidades, antes inimaginável, para 
reproduzir desde peixes cultivados até 
os que estão em extinção. Uma palestra 
sobre os avanços na área será proferida 
pelo mais destacado especialista mun-
dial nesta técnica e em peixes transgê-
nicos, o Prof. Goro Yoshizaki, da Tokyo 
University of Marine Science and Tech-
nology, Japão. O evento ocorrerá no dia 
21 de outubro às 15:30, no Auditório do 
Instituto de Pesca de São Paulo, locali-
zado no Parque da Água Branca. Como o 
local tem vagas limitadas, os interessa-dos devem enviar um e-mail a neuza@
pesca.sp.gov.br, com Assunto: Palestra, 
e o seu nome no corpo da mensagem. O 
tema a ser discutido pode ser visualiza-
do em www.aquaculture.ugent.be/larvi/
PDF/Goro.pdf
ANOTE AÍ - A Alfakit (www.alfakit.com.
br) empresa catarinense que fabrica equi-
pamentos e soluções tecnológicas para a 
análise de água, solo e efluente com tecno-
logia 100% nacional mudou de endereço e 
de telefone. Anote aí o novo número: (48) 
3029-2300 e o novo endereço: Rua João 
Sampaio da Silva 128, Capoeiras, Florianó-
polis – SC, CEP: 88090-820.
AQUAPESCABRASIL - De 18 à 20 de no-
vembro, os setores da pesca e aquicultura 
estarão reunidos em Itajaí para participa-
rem da Aquapescabrasil, Feira Internacio-
nal de Pesca e Aquicultura, uma promoção 
do Sindicato da Indústria da Pesca de Itajaí 
e Região (Sindipi). A cidade catarinense 
abriga o principal porto pesqueiro do País. 
A região produz hoje cerca de 220 mil to-
neladas de pescado por ano. Para o evento 
estão sendo esperados pelo menos 10 mil 
visitantes que percorrerão os estandes de 
60 expositores de todas as regiões do Brasil 
e procedentes da América do Sul, Europa 
e Ásia. Foram convidados para a abertura 
do evento delegações da China, Coréia do 
Sul, Tailândia, Noruega, Chile, Peru, Argen-
tina, Equador e Uruguai. De acordo com o 
coordenador da feira, Ivan Gogolevsky, os 
participantes estrangeiros vão trazer toda 
a experiência histórica na área de pesca e 
aquicultura para compartilhar com os seto-
res brasileiros. Além de reunir toda a cadeia 
logística do segmento, o Aquapescabrasil 
tem o objetivo de promover a mobilização 
da cadeia industrial do setor, de forma que 
o Brasil passe a gerar R$ 40 bilhões por 
ano com produção e exportação de peixe, 
explica o secretário da Pesca e Aquicultura 
de Itajaí, Agnaldo Hilton dos Santos. Um 
dos destaques da feira será o Simpósio In-
ternacional de Pesca e Aquicultura (Siap 
– Brasil), cuja estrutura dividida em três 
auditórios, tem capacidade para atender 
até dois mil participantes. Os trabalhos 
abordarão assuntos como a pesca artesa-
nal, pesca industrial, aquicultura de água 
doce e maricultura. Ivan Gogolevsky des-
taca ainda que graças a uma parceria com 
a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), 
está sendo programada também a realiza-
ção de workshops que visam valorizar a 
cultura gastronômica, por meio de ações 
educativas com o objetivo de apresentar 
pratos feitos à base de pescados, destacan-
do o caráter cultural dos hábitos alimenta-
res brasileiros. O Estado de Santa Catarina 
é hoje um dos estados mais importantes na 
produção de pescados e o maior produtor 
de pescado marinho do Brasil.
FISH CONTROL - A Poli-Nutri mais uma 
vez sai na frente no apoio e na busca de 
melhores resultados para seus clientes. A 
empresa acompanhou de perto o projeto 
Fish Control, uma ferramenta, de análise 
zootécnica e financeira para piscicultores, 
inédita no Brasil, desenvolvida pela Evolu-
tion Software e promoveu um treinamento 
para seus clientes. Os benefícios são vários, 
como explica Fábio Junior Borba, da Evolu-
tion Software: “Você tem acesso a relató-
rios automáticos com informações relevan-
tes, como o momento exato da mudança do 
tipo de ração utilizada, diminuindo assim 
as perdas e otimizando os resultados, assim 
como a ajuda no controle de sua produção, 
gerando informações como consumo di-
ário de ração, ganho de peso, conversão 
alimentar, tempo de cultivo, etc.." A Poli-
Nutri sabe como é importante para o pro-
dutor trocar experiências e estar atualizado 
7Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & Negócios
com o que há de mais novo e moderno 
disponível para a sua área de atuação. 
Por isso, organizou um evento em For-
taleza que reuniu 45 piscicultores de 
diversas regiões do Ceará que já vinham 
buscando uma maneira eficaz de avaliar 
esses resultados. Um dos piscicultores, 
o Sr. Beto Lemos, ficou impressionado 
com o programa. “Apesar de ter experi-
ência na atividade e com outros progra-
mas, jamais tinha visto nada igual e hoje 
tenho mais segurança para projetar um 
crescimento e melhorar a análise dos da-
dos, o que antes era um caos”, afirmou. 
Para Santana Junior, Gerente Regional de 
Aquicultura Norte e Nordeste, há 21 anos 
na indústria de nutrição, não existe nada 
igual. “A maior dificuldade para implan-
tarmos um programa nutricional em uma 
piscicultura era justamente o fato de não 
podermos avaliar os dados. Com esta fer-
ramenta a Poli-Nutri, de forma inédita e 
inovadora, cria um grande diferencial na 
contribuição da cadeia produtiva”, expli-
ca Santana. Além do software a Poli-Nutri 
também disponibiliza uma equipe técni-
ca de campo, formada por Engenheiros 
de Pesca, Agrônomos e Veterinários para 
auxiliar os produtores. “O papel da Poli-
Nutri é, além de atender o cliente com os 
melhores produtos do mercado, ser pró-
ativa, levar conhecimento e apoio para 
que os produtores tenham o melhor re-
sultado possível em seu trabalho”, finali-
za Aldo Barbugli Filho - Gerente Nacional 
de Vendas da Poli-Nutri.
ALGAS DO CEARÁ - Produtores cearen-
ses dos municípios de Icapuí, Aracati, São 
Gonçalo do Amarante, Paracuru, Cascavel, 
Trairi, Acaraú e Camocim, darão início ao 
projeto “Algas do Ceará”, resultado da par-
ceria entre a empresa Sete Ondas Biomar, 
governo do Estado do Ceará, Banco do 
Brasil e Sebrae. Serão investidos R$ 66 mi-
lhões na implantação da estrutura para o 
cultivo intensivo de algas úmidas, usadas 
na produção da carragena. O projeto com 
prazo de implantação de até três anos, pre-
tende agregar três mil produtores até 2012 
e implantar um pólo de produção em cada 
um dos municípios, além de uma fábrica de 
beneficiamento de algas no município de 
Chorozinho que deve gerar 150 empregos. 
O governo do Estado do Ceará participa do 
projeto com o apoio à infraestrutura e ob-
tenção das outorgas ambientais; o Banco 
do Brasil será o agente financiador, dis-
ponibilizando crédito aos pequenos pro-
dutores por meio do Programa Nacional 
de Fortalecimento da Agricultura Familiar 
(Pronaf) e, a Sete Ondas Biomar em parce-
ria com o Sebrae, qualificarão os produtores 
e os atualizarão em relação às tecnologias 
de produção. Em contrapartida, a empresa 
se compromete a adquirir a matéria-prima. 
Hoje, a Biomar tem uma demanda entre 8 
milhões e 10 milhões de toneladas de algas 
úmidas por ano. 
HERPES PREOCUPA OSTREICULTORES - 
Em julho deste ano, produtores de ostra da 
Inglaterra e França detectaram uma nova 
linhagem de vírus de herpes que chegou a 
matar até 80% das criações de moluscos em 
uma semana. O vírus já atacava as ostras e 
não preocupava tanto os criadores, mas a 
nova cepa, chamada de Ostreid herpesvirus 
1 (OsHV-1), é mais forte que as anteriores. 
A disseminação deste vírus pode estar re-
lacionada ao aquecimento global e não é o 
mesmo que atinge os humanos, geralmente 
o Herpes simplex. O OsHV-1 permanece dor-
mente em água de temperatura menor que 
16 ºC, mas os mares europeus registraram 
temperaturas maiores em julho – período 
de verão no hemisfério norte. Segundo os 
8 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & Negócios
pesquisadores, a nova linhagem de vírus do herpes de ostras tem 
taxa de mortalidade maior porque ataca justamente no período em 
que o animal usa boa parte de sua energia para desenvolver seus 
órgãos sexuais e sobra pouca força para a defesa do organismo. O 
OsHV-1 por não dar sinais aparentes da doença, só foi descoberto 
porque a alta taxa de mortalidade levou os produtores a pesquisa-
rem a causa com exames. O maior problema imediato estaria liga-
do à indústria, já que ostras mortas não servem para o consumo. 
Apesar dos criadouros contaminados serem isolados, nada pode 
garantir que o vírus não tenha infectado ostras selvagens. 
CONSÓRCIO NACIONAL - O objetivo do Consórcio Nacional 
da Pesca e Aquicultura é apoiar e financiar ações de pes-
quisa e estabelecer as regras de funcionamento, como as 
fontes de recursos, asnormas de financiamento, o perfil das 
instituições participantes, as instâncias deliberativas, as 
estratégias e as normas de operação. Presente na abertu-
ra da reunião do Comitê de Estabelecimento do Consórcio, 
realizada em julho, na sede da Embrapa, em Brasília, o 
presidente da Embrapa, Pedro Arraes, disse que: “apesar 
de hoje contarmos com a Embrapa Pesca e Aquicultura, a 
maior parte das competências está fora da Embrapa e, por 
isso, há necessidade de criarmos o consórcio para unir es-
sas competências e assim valorizar as pessoas envolvidas e 
fazer com elas façam parte direta do processo". 
PARQUE AQUÍCOLA I - O MPA deve concluir em meados de 2011, 
pelo menos, um dos parques aquícolas do reservatório da hidre-
létrica de Lajeado, no Estado do Tocantins. Este compromisso foi 
assumido pelo secretário de Desenvolvimento e Ordenamento da 
Aquicultura do MPA, Felipe Matias, e pelo superintendente do mi-
nistério em Tocantins, Jozafá Maciel. Nos parques aquícolas de La-
jeado serão criados peixes nativos da bacia, a exemplo do pacu. 
A demarcação e a implantação dos parques aquícolas em Lajeado 
estão sendo conduzidos pela empresa Neocorp Desenvolvimento 
de Projetos, de Porto Alegre. Os estudos, orçados em R$ 854 mil, 
envolvem aspectos sócio-econômicos e a definição da capacidade 
máxima de produção. Passam também pela indicação de espécies 
de peixe adequadas, pela análise da qualidade da água e pelo le-
vantamento da profundidade do reservatório. 
PARQUE AQUÍCOLA II - A demarcação do Parque Aquícola no 
Lago do Manso, no distrito de João Carro, na Chapada dos Guima-
rães, foi iniciada em agosto. O trabalho, uma iniciativa do MPA em 
parceria com a Cooperativa de Pequenos Agricultores da Chapada 
dos Guimarães (Cooperagricultor), tem a finalidade de viabilizar 
o desenvolvimento da aquicultura em tanques-rede em uma área 
aproximada de 450 hectares, o equivalente a 1% do total da super-
fície do Lago do Manso. A demarcação permite identificar os locais 
onde serão instalados os tanques-rede. Calcula-se que poderão ser 
instalados até 200 unidades em cada hectare do lago, ou teorica-
mente 90.000 tanques-rede dentro da região demarcada. 
PARQUE AQUÍCOLA III - Os parques aquícolas nos oito reserva-
tórios do rio Paranapanema serão demarcados e implantados até 
meados de 2011. O conjunto de reservatórios terá capacidade para 
produzir em três safras aproximadamente 90 mil ton/ano de pes-
cado, em 185.235 hectares, beneficiando cerca de 1,8 mil famílias. 
Os estudos para a demarcação e a implantação dos parques aquíco-
las estão sendo conduzidos pelo Instituto Gia, com sede em Curiti-
ba. Atualmente são destinados aproximadamente R$ 16 milhões à 
demarcação e implantação de 25 novos parques aquícolas no país, 
entre eles os do complexo do Paranapanema.
INOVAÇÃO PARA A CARCINICULTURA - Mais um produto dife-
renciado para a aquicultura chega ao mercado pelas mãos da Fri-
Ribe Nutreco. Com tecnologia nutricional de última geração, o gru-
po lança agora o Fri-Acqua Camarão 35 HE (high energy), indicado 
para camarões com maior desafio produtivo. Utilizando excelentes 
matérias primas e com um processo de produção diferenciado, a 
novidade agrega a experiência de 40 anos da Fri-Ribe no mercado 
à tecnologia da líder mundial em nutrição animal Nutreco, além de 
atender às especificidades da Região Nordeste brasileira. Composto 
por uma formulação especial, o produto contém níveis específicos 
de nutrientes para favorecer uma alimentação de qualidade frente 
a limitações nutricionais e adversidades de cultivo. Entre as prin-
9Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & Negócios
cipais situações de indicação estão: den-
sidades elevadas, baixa disponibilidade de 
alimento natural, alterações de salinidade 
e baixa qualidade da água. “Os produtos 
da Linha Fri-Acqua Camarão são rigoro-
samente produzidos com ingredientes de 
alta qualidade, além de atender às regras 
de Boas Práticas de Fabricação (BPF). O re-
sultado é uma linha que garante excelen-
tes taxas de conversão alimentar e cresci-
mento diário para os camarões, tudo com 
um ótimo custo benefício", afirma Marcelo 
Toledo, Gerente Técnico de Aquicultura da 
Fri-Ribe. Os demais produtos da Linha são: 
Fri-Acqua Camarão 40; Fri-Acqua Camarão 
40 T1; Fri-Acqua Camarão T2; e Fri-Acqua 
Camarão 35 HD. A Fri-Ribe é uma das mais 
tradicionais e inovadoras indústrias de 
rações animais e para peixes e camarões 
do Brasil, com mais de quatro décadas de 
atuação no mercado e cinco fábricas (três 
com certificação BPF) estrategicamente 
localizadas (SP, GO, MG, PI e CE). 
ACORDO COMERCIAL - A Netuno Alimen-
tos e a Cooperativa Mista de Pescadores, 
Marisqueiros e Aquicultores do Baixo Sul 
da Bahia (Coopemar) fecharam acordo 
comercial em que a empresa se respon-
de Águas para a instalação de cultivos 
marinhos no litoral do Paraná. Para a 
Emater, que elaborou os projetos en-
caminhados ao Ministério, os termos 
de autorização, que também tiveram o 
aval de órgãos ambientais, da Marinha 
do Brasil e da Secretaria de Patrimônio 
da União, devem contribuir para a pro-
fissionalização do cultivo de ostras, o 
que deverá otimizar a margem de lucro 
das produções. Para o órgão, a medida 
também poderá motivar novos ostrei-
cultores. Com a autorização do uso das 
águas, ganha corpo a implementação 
de ações como as do Projeto de Desen-
volvimento da Aquicultura e Pesca do 
Litoral do Paraná, que prevê subsídios 
para a produção de ostra, mexilhão, ca-
marão e outros moluscos. Desenvolvido 
em parceria com a Secretaria de Estado 
da Agricultura, Emater, Fundação Terra, 
Centro de Produção e Propagação de 
Organismos Marinhos/PUC-PR (CPPOM) 
e prefeituras da região, o projeto é fi-
nanciado pela Secretaria de Estado da 
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e 
visa a promoção da pesquisa e geração 
de alternativas de renda para as famílias 
de pescadores artesanais.
sabiliza em comprar da cooperativa, pelo 
menos, 25 toneladas de tilápia por mês, a 
partir de setembro. As aquisições devem 
aumentar para 50 toneladas/mês a partir 
de abril do próximo ano. A Netuno tem 
hoje mais de quatro mil clientes ativos 
no Brasil e também nos Estados Unidos, 
Canadá, México, América Latina, Europa e 
Ásia. Segundo Cristian Becker, diretor de 
operações da Netuno, a produção de ti-
lápia no Brasil ainda está começando, os 
negócios ainda estão nascendo, entretan-
to o mercado de tilápia já é uma realidade 
mundial, com bastante demanda. “Por isso 
essa parceria com a Coopemar é muito im-
portante, além da tilápia da Coopemar ter 
qualidade, ainda tem uma proposta com 
forte veia social, que é o que o mercado 
está precisando. A Coopemar é a primei-
ra cooperativa do Brasil a firmar contrato 
com a Netuno. A embalagem desta tilápia 
sairá com a marca da Netuno e com um 
selo da Coopemar, demonstrando que foi 
produzido por famílias da agricultura fa-
miliar, oriundas de um projeto social orga-
nizado", declarou Cristian.
TERMOS DE AUTORIZAÇÃO - O MPA en-
tregou 72 Termos de Autorização de Uso 
10 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & Negócios On-line
Participe da Lista de 
Discussão Panorama-L
Inscreva-se no site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Financiamento Capítulo #1
Prezados, com base nas informações 
constantes na publicação “Acesso ao 
Crédito para a Pesca e Aquicultura” que 
baixei do site do MPA, resolvi pleitear 
um crédito de custeio da minha safra 
do ano entrante. Gostaria que vocês 
acompanhassem comigo todo o processo 
que seria ilustrativo para todos, inclusive 
o pessoal do MPA. Depois de ir ao 
Bradesco, Banco do Brasil e HSBC, 
nenhum deles jamais ouviu falar na 
palavra “aquicultura”. Não sabem se 
é algo que se come ou que se usa no 
corpo! Nenhum deles jamais ouviu falar 
nestas linhas de crédito (com exceção 
do PRONAF) e não sabem nem como 
começar o processo. Isto inclui o Banco 
do Brasil, no qual o gerente mencionouque se lembra vagamente de ter recebido 
uma circular do banco dizendo que sim, 
existe crédito para aquicultura e que o 
nome se refere ao cultivo de organismos 
aquáticos! Gostaria, portanto, de sugerir 
ao pessoal do MPA que pensasse em 
alguma estratégia para divulgar junto à 
rede bancária que este dinheiro existe 
(?) e que está disponível desde que o 
aquicultor cumpra as normas requeridas 
pelo MPA para liberar o dinheiro. Os 
gerentes tomaram nota das informações 
que eu levei e disseram que vão me 
retornar. De acordo com a apostila do 
MPA, existem linhas para investimento 
e custeio. Os valores são bastante 
interessantes. Também gostaria de saber 
se algum colega da lista está pleiteando 
financiamento e como está o processo. 
Informo que a minha piscicultura foi 
ampliada com um financiamento do 
BNDES chamado PRODEAGRO com 
o qual comprei tanques, fiz armazéns 
de ração e terraplanagem de estrada de 
acesso.
De: José Ricardo
jricardo.henrique@globo.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Financiamento Capítulo #1
Senhores, como a maioria do crédito 
interessante para a Aquicultura vem 
do BNDES, sugiro que os interessados 
acessem o site www.bndes.gov.br e 
vejam as linhas de crédito disponíveis. 
A partir daí, procurem o Banco do Brasil 
e indiquem a linha de crédito escolhida 
(PROFROTA, MODERAGRO, etc.). 
Como o BB tem metas de emprestar 
dinheiro próprio, evitam apenas fazer o 
agenciamento do BNDES, e se fazem de 
ignorantes. Com a escolha prévia, eles 
não terão desculpas como desconhecer, 
pois os sistemas deles contemplam todos 
os convênios com o BNDES. No site do 
BNDES, você já tem as informações 
de prazos, juros e aplicação. Exija que 
os bancos sejam o que se propuseram a 
ser quando assinaram convênio com o 
BNDES: repassador de financiamento. 
Os financiamentos com recursos próprios 
são mais caros, bem mais caros, e com 
menores prazos...
De: José Álvaro Costa Donato
jadonato2008@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Financiamento Capítulo #1
Informo aos companheiros da Lista, que 
no ano de 2009 segui à risca a receita 
do companheiro José Ricardo. Após 
estudar o “bonito” site do BNDES, optei 
pelo MODERAGRO e fui pessoalmente 
à monumental sede do órgão no Centro 
do Rio de Janeiro. Lá chegando, fui muito 
bem recebido pelo responsável, que me 
deu todas as informações disponíveis e 
a quem mostrei, inclusive, cópia de uma 
carta do presidente ou vice-presidente 
da AB-Tilápia (de SP), através da qual 
aquele senhor narrava ao presidente do 
BNDES as dificuldades encontradas pelos 
seus associados (principalmente junto aos 
agentes financeiros); citava os baixos 
montantes disponibilizados (inclusive 
com uma planilha de gastos requeridos 
para as diversas fases da atividade); e 
ainda terminava com uma sugestão para 
que os Programas para a Piscicultura 
fossem atendidos diretamente pelo 
BNDES (a exemplo de outros) e não 
pelos agentes financeiros credenciados e 
listados no site do Banco. Diante disso, 
o funcionário orientou-me a procurar 
um banco de meu relacionamento e 
credenciado junto ao BNDES, uma 
vez que os bancos certamente por 
serem agentes “credenciados” me 
atenderiam. Procurei, então, o “meu 
banco” CITIBANK, através de minha 
gerente de relacionamento. A primeira 
areia jogada foi a que eu era pessoa 
física e que só pessoa jurídica poderia ter 
acesso ao crédito (do BNDES), através 
daquele agente financeiro. A segunda 
foi que eu teria que ter em aplicação no 
banco, pasmem, DUAS vezes o valor 
pretendido, como garantia ao agente 
financeiro, pois na hora do vamos ver 
o BNDES não se responsabilizaria 
pela minha possível inadimplência. 
Argumentei que não tinha sentido o que 
estavam alegando e pedi para que me 
passassem para o setor responsável, desta 
feita não mais no RJ e sim em SP. Depois 
de inúmeros telefonemas e e-mails, ouvi 
do responsável pela respectiva Carteira 
em SP, que o CITIBANK, não tinha 
interesse em financiar-me o previsto 
no MODERAGRO (pasmem, verba do 
BNDES) devido aos baixos juros do 
Programa (parece-me 6,25% a/a na época) 
e principalmente ao baixíssimo percentual 
que caberia ao agente financeiro. Foi-me 
colocado gentilmente à disposição, é claro, 
11Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & NegóciosOn-line
o altíssimo juro praticado pelo banco, caso 
eu quisesse. Então, falando grosso, voltei 
ao BNDES, no mesmo setor e denunciei 
o próprio banco do qual sou cliente, por 
ser credenciado junto ao BNDES e por 
recusar-se em me atender. Ouvi, então, 
do funcionário que ele nada poderia fazer, 
pois o CITIBANK era credenciado não 
só para o MODERAGRO, mas também 
junto a outros Programas Governamentais 
(logicamente naqueles nos quais obtém 
excelente$ vantagen$). Amigos, como 
visto, não adianta falar grosso e exercer 
o papel de cidadão denunciando aos 
órgãos governamentais as irregularidades 
encontradas e praticadas por aqueles 
que junto aos mesmos são oficialmente 
credenciados. Acredito, deveria haver 
uma ingerência do Sr. Ministro (MPA) 
junto ao presidente do BNDES ou seu 
homólogo no respectivo Ministério, para 
que também nos Programas relativos 
à aquicultura, fossem os interessados 
atendidos diretamente por aquele Banco 
(a exemplo de outros Programas), como 
sugeriu à época o responsável pela 
AB-Tilápia. Um pouco de reza, quem 
sabe, também não faria mal a ninguém.
De: Romeu Campos
romeucampos@msn.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Financiamento Capítulo #1
Prezados sofridos aquicultores e em 
particular os carcinicultores, nos idos de 
2003 encaminhei ao Banco do Nordeste, 
agência de Feira de Santana onde moro, 
projeto de financiamento elaborado pela 
MCR de ampliação dos nossos viveiros 
para 12, já que tínhamos seis em pleno 
funcionamento e construídos com 
recursos próprios. Depois de enfrentar 
uma maratona de documentos e inúmeras 
reformulações do projeto, finalmente, 
em 2006 foi aprovado na condição de 
apresentar a licença ambiental. Acontece 
que minha Licença Simplificada (LS) 
venceu em dezembro de 2005, no decorrer 
da análise do projeto de financiamento. 
Como na Bahia, desde 2005 não se 
emite novas licenças nem se renova 
as existentes, é fácil entender o que 
ocorreu. Certos da liberação por parte 
do BNB do financiamento pleiteado 
esgotamos todos os nossos recursos na 
conclusão dos referidos viveiros. Sem 
capital de giro para tocar a fazenda, não 
restou outra opção senão me associar a 
um capitalista para bancar o custeio e 
dividirmos os lucros. Uma parceria não 
muito justa, porque nosso investimento 
foi trinta vezes maior que o do sócio e o 
lucro é dividido em partes iguais. Apesar 
de tudo estou satisfeito com a parceria, 
pois não teria como tocar a fazenda sem 
o pequeno capital do custeio que me foi 
negado pelos agentes financeiros sobre 
alegação da falta de Licença Ambiental. 
Por fim, o Instituto do Meio Ambiente 
(IMA) na Bahia, resolveu exigir a licença, 
e quem não a apresenta terá sua fazenda 
interditada (ninguém no estado dispõe de 
licença para carcinicultura). A nossa já 
está interditada, não porque desobedeci 
qualquer exigência ou condicionante. O 
que fazer se o único órgão encarregado 
de liberar as licenças se diz impedido por 
força de uma liminar da Justiça Federal, 
convenientemente mal interpretada pelo 
próprio órgão licenciador? Desculpem-
me pelo desabafo, o que quis mostrar 
é que não contamos com a má vontade 
só dos bancos, a má vontade dos órgãos 
ambientais, principalmente na Bahia se 
juntam às outras para prejudicar uma 
atividade nobre, promotora de riqueza 
e emprego e que produz um alimento de 
altíssimo valor.
De: Marcelo Burguez Pires
marcelo.burguez@mpa.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Financiamento Capítulo #1
Caros Panoramanautas, as alternativas 
gerais de crédito disponíveis hoje no 
mercado possuem condições de atender 
a diversos perfis de produtores. Desde 
aqueles com produção de subsistência 
como outros que trabalham com maiorescala de produção, tanto em tanque 
escavado como tanque-rede. As medidas 
editadas este ano são inéditas para o 
setor de aquicultura e respondem a 
persistente ação de superar as limitações 
existentes. Os modelos de linhas de 
crédito implementados foram constituídos 
a partir de interações entre técnicos do 
MPA e representações do setor aquícola 
constituídas no âmbito do CONAPE como 
também oriundas de proposições retiradas 
durante as Conferências Nacionais e 
outras interações firmadas entre o MPA 
e o setor aquícola. Como resultado desse 
trabalho, no período de 2003 a 2009/10 
foram editadas 16 Resoluções pelo 
Conselho Monetário Nacional-CMN 
com a publicação de mais de 23 medidas 
dedicadas ao atendimento de demandas 
de pesca e aquicultura. Foi o período 
histórico em que mais foram elaboradas 
alterações em modelagens com o objetivo 
de atender aquicultores e pescadores nas 
ações de crédito. O resultado de todas 
essas ações e medidas é que o crédito 
tanto em termos de contratação como 
em volume de recursos deu um salto 
histórico mais que dobrando o número de 
operações. Em 2003 eram 14 mil operações 
de crédito (pesca e aquicultura) nos anos 
seguintes o número de operações chegou a 
35 mil. Mesmo no período agudo da crise 
internacional que afetou todos os setores 
da economia, os valores destinados pelo 
crédito rural ao setor de pesca e aquicultura 
não foram afetados havendo inclusive 
expansão. O período 2003 a 2010 a partir 
de dados já catalogados e projeções para 
este ano deverá atingir mais de 200 mil 
contratações e cerca de 1 bilhão e 300 
milhões em recursos dedicados a pesca e 
aquicultura. Quanto à divulgação, ainda 
há desconhecimento por parte do agente 
financeiro quanto à existência de linhas 
de crédito destinadas ao atendimento 
da aquicultura e pesca. Como também 
desconhecimento de características mais 
peculiares como os tetos ampliados para 
investimento e custeio para a aquicultura 
(Linha Moderagro - investimento e 
Custeio Tradicional - custeio). Medidas 
que entraram em vigor neste Plano Safra 
2010/11 e passaram a vigorar a partir de 
julho de 2010 e, por esse fato, ainda podem 
ser desconhecidas de alguns gerentes. Os 
bancos credenciados a operar o crédito 
rural enviam comunicados internos para 
as suas agências para o conhecimento das 
medidas e a implantação por parte das 
gerências. Todavia, como a demanda ainda 
não ganhou contornos como possuem a 
agricultura e pecuária, há possibilidade 
que os operadores não estejam habituados 
com essas operações em suas localidades. 
A forma de superar esse desconhecimento 
dos bancos consiste em formalizar os atos 
junto ao agente financeiro por meio de 
apresentação de projetos estruturados com 
envergadura técnica, com destaque para 
elementos financeiros como capacidade 
de pagamento, taxas de retorno, e demais 
elementos de um projeto financeiro. Outra 
forma de maximizar resultados é fazerem-
se acompanhar das cartilhas e demais 
documentos que embasam as linhas a 
disposição dos aquicultores. Frente a essa 
conduta não há como o agente financeiro 
negar a existência dos instrumentos de 
financiamento. No entanto, já foi solicitada 
12 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & Negócios On-line
e quanto crédito foi liberado para a aquicultura nós não 
sabemos, assim como um panorama das regionalizações. 
Num gráfico disponibilizado pelo MPA nós vemos que o 
número de liberações diminuiu no último ano, porém, o 
volume de recursos aumentou, o que nos leva a suspeitar que 
as liberações estão na área dos projetos maiores. Munido da 
cartilha do ministério ataquei novamente, agora com o objetivo 
de levantar quais os obstáculos que serão colocados diante 
deste pobre produtor, visto que não interessa aos agentes 
financeiros a liberação destas linhas que possuem muito risco 
e pouca margem para eles. O gerente do Banco do Brasil 
de Igaratá, que nem sabia o que era piscicultura, comentou 
que nunca havia ouvido falar nestes créditos, mas que iria 
se informar. Dois dias depois me ligou radiante dizendo 
que tinha boas novas. Fui à agência cheio de esperanças 
e alegria no coração e lá fui recebido por ele dizendo que 
as linhas de crédito realmente existiam. O gerente também 
gentilmente me informou que eu teria que ligar para uma 
empresa privada de consultoria, cujo telefone ele prontamente 
me deu. Disse-me que eu teria que entrar em contato com 
eles e que, após estudarem a minha situação elaborariam um 
projeto e me indicariam qual linha de crédito se aplicava. 
Inocentemente perguntei quem pagaria pela consultoria? 
E ele me disse que teria que ser eu! Portanto, eu teria que 
pagar por um projeto que eu mesmo fiz, para pessoas que, 
provavelmente nunca viram um projeto de piscicultura. O 
gerente argumentou que se o projeto não fosse assinado por 
um agrônomo “cadastrado no BB” o dinheiro não sairia. 
Inocentemente, pedi a lista de agrônomos cadastrados e ele 
disse que só conhecia os desta empresa! Outro aspecto que 
ele levantou é que eu figuro como médico no cadastro do 
Banco do Brasil e comentou que, por não ser a piscicultura a 
minha atividade principal, que o financiamento ficaria mais 
difícil ainda de ser aprovado. Portanto, o segundo capítulo 
da novela será a descrição de todos os obstáculos que serão 
pelo MPA aos agentes bancários, a reedição dos termos das 
medidas divulgadas no Plano Safra das Águas de Aquicultura 
e Pesca 2010/2011, que será reiterado a todas as agências dos 
bancos operadores do crédito rural. Outra medida que está em 
andamento é a confecção de padrões regionais para orientação dos 
agentes financeiros. Ou seja, a elaboração de modelos firmados 
dentro das características produtivas regionais e calcados em 
elementos médios da produção enfocando o modelo financeiro 
(rentabilidade observada em determinadas região, retorno dos 
investimentos, prazos de maturação do empreendimento, etc.). 
Esse sistema atenderá especificamente a questão do risco da 
operação. Com o destaque dos resultados médios obtidos em 
determinada circunscrição poderão ser estabelecidos os riscos 
do empreendimento e dimensionadas as condições adequadas 
de financiamento. (Nota do Editor - Marcelo Burguez é o 
responsável pela Coordenação Geral de Incentivo e Apoio ao 
Crédito do MPA) 
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Financiamento Capítulo #2
Caríssimos, no capítulo anterior, diante do desconhecimento dos 
agentes financeiros a respeito dos recursos colocados à disposição 
da pesca e aquicultura, iniciamos o nosso debate pela lista no 
qual concluímos que até que a boa nova seja implementada pelos 
agentes financeiros ainda vai um bom caminho. Nossos heróis 
do MPA podem ir até um certo ponto nesta questão, porém, 
na ponta do sistema financeiro está a “terra de ninguém”. Em 
alguns lugares do país como, por exemplo, no Nordeste, que tem 
linhas de crédito regionais especiais, a coisa parece que anda 
um pouco melhor, assim como no Sul onde estão os pioneiros 
da aquicultura no Brasil. Nas outras regiões o crédito é do tipo 
“cabeça de bacalhau”. Quanto crédito foi liberado para a pesca 
13Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Notícias & NegóciosOn-line
colocados diante deste humilde produtor para conseguir um 
financiamento de Custeio Tradicional M.R.6, que qualquer 
produtor de feijão ou milho consegue sem toda esta via sacra. 
Vamos ver onde o segundo capítulo nos leva, e que certamente 
vai contribuir para a elaboração da nossa cartilha.
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Financiamento Capítulo #2
Caríssimos, até o momento temos o seguinte quadro: o sistema 
financeiro não sabe o que é aquicultura e não tem parâmetros 
para julgar os projetos que são apresentados pelos produtores. 
Diante deste quadro, as reações são as seguintes: 1 - Forçar o 
produtor a contratar uma consultoria sugerida pelo banco para 
que ela faça o projeto. O custo varia de 1,5 a 2%do valor do 
projeto que é feito por gente que não tem a menor ideia do 
que está fazendo e, no final das contas, nós mesmos fazemos o 
projeto e a consultoria assina. 2 - Colocar obstáculos na frente 
da liberação do financiamento, muitos deles são o reflexo da 
falta de coordenação entre os diversos agentes que intervêm no 
processo. O primeiro deles é pedir a licença de funcionamento 
do projeto para os que estão em águas públicas. Como quase 
todos estão funcionando baseados em protocolo de entrega do 
projeto, o processo emperra neste ponto. Outro expediente é 
exigir que a reserva legal das propriedades privadas estejam 
registradas no DPRN e averbadas na escritura da propriedade. 
São muito poucas as propriedades rurais que cumprem este 
quesito. Outros obstáculos também relacionados com o meio 
ambiente também costumam ser levantados, alguns procedentes 
e outros nem tanto. 3 - Os bancos privados dependem de 
liberações mensais de quotas de recursos do BNDES, as quais 
são destinadas aos seus clientes de acordo com critérios do 
banco. Se o cliente for interessante para o banco, daí existe 
uma possibilidade de aprovação. Caso contrário, o banco 
argumenta que os recursos são insuficientes. Se o produtor 
conseguir passar por estes obstáculos, daí para frente é reunir 
os documentos que são exigidos normalmente para as linhas 
de crédito agrícola e de investimento. Estes documentos 
estão relacionados com a situação de crédito do solicitante 
e a regularização da empresa ou da propriedade quanto a 
meio ambiente, impostos e encargos sociais. Entregando a 
“maçaroca” de documentos, geralmente o agente financeiro 
faz uma visita de inspeção na propriedade para ver se o projeto 
de aquicultura existe na realidade. Como se pode ver, ainda há 
muito a fazer quanto à coordenação entre o BNDES, agentes 
financeiros estatais e privados e o MPA. A aquicultura é uma 
atividade relativamente nova e desconhecida da maioria dos 
que influenciam a liberação do financiamento. Ficar falando 
do enorme potencial e deixar que as coisas resolvam por si só 
é continuar “deitado eternamente em berço esplêndido ao som 
do mar e a luz do céu profundo”. Mas, se tiver que ser assim, 
vamos em frente !!!!!
14 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Por:
Fernando Kubitza, Ph. D.
Acqua Imagem Serviços Ltda
fernando@acquaimagem.com.br
 aumento da produção e da oferta local e re-gional de tilápia naturalmente desencadeia 
uma redução gradativa nos preços pagos ao produtor. Essa 
redução de preços pode ser acentuada sob condições de 
sazonalidade de consumo, como as observadas na Região 
Sul e Sudeste nos meses de inverno, onde o consumo de 
pescado naturalmente declina. Nestas regiões também di-
minui o giro nos pesque-pagues, devido à diminuição de 
frequentadores e também ao menor apetite dos peixes em 
virtude das baixas temperaturas.
como o atraso nas vendas, falta de planejamento
e enfermidades podem impactar o custo de produção
tilápia em tanques-rede
Cultivo de
 Com a diminuição do ritmo de compra dos frigo-
ríficos, dos transportadores de peixes vivos e dos pesque-
pagues, os produtores ficam com seus tanques abarrotados 
de peixes. Isso ocorre particularmente onde existem diversos 
pólos de produção equidistantes dos principais centros de 
consumo e frigoríficos (como o Lago de Ilha Solteira, Lago 
de Furnas e demais reservatórios no eixo do Rio Tietê e do 
Rio Paranapanema). A oferta excede a capacidade de com-
pra do mercado local, aumentando a opção de compra dos 
frigoríficos e transportadores de peixes vivos, forçando os 
produtores a abaixarem seus preços para fechar uma venda 
e dar continuidade ao seu ciclo de produção. 
15Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Tilápia em
 tanques-rede
Mesmo reduzindo os preços, os produtores encontram 
dificuldade em vender a produção, pois a oferta momen-
tânea de peixes excede a própria capacidade de compra e, 
muitas vezes, de processamento ou comercialização dos 
frigoríficos. Com uma maior oferta repentina de tilápia 
no mercado, somente é possível escoar este excedente se 
houver uma redução de preços ao longo de toda a cadeia 
de produção e distribuição. Isso despertaria o interesse de 
mais consumidores que, por restrições de preço, não podiam 
consumir, ou consumiam de forma contida, os produtos de 
tilápia. Este ajuste de preços é necessário para que não haja 
um descompasso entre a oferta de produto e o número de 
pessoas dispostas a comprar o peixe.
Assim, aos produtores que necessitam fazer caixa 
urgentemente, restam poucas opções. Uma delas é vender 
seus produtos diretamente a grandes compradores dos en-
trepostos de pescado, como o CEAGESP em São Paulo, a 
preços bem abaixo do custo de produção. A outra é manter 
seus estoques vivos na água, arcando com os custos adicio-
nais devido à conversão alimentar mais elevada e maiores 
perdas com o adensamento excessivo e doenças, apostando 
numa melhora nos preços com o final do inverno.
Os baixos preços pagos pela tilápia no Oeste e Noro-
este Paulista há pouco mais de três anos, estão na eminência 
de se repetir. Depois de uma sub valorização, sendo com-
prada do produtor a R$ 2,40/kg, houve uma recuperação 
nos preços da tilápia, que chegou a ser comercializada na 
casa dos R$ 2,90 a 3,10/kg durante a maior parte de 2009. 
Com a grande disponibilidade de peixes no mercado, os 
preços atuais estão novamente batendo perto da casa dos R$ 
2,50/kg. Esse valor está muito aquém do custo de produção 
para uma piscicultura de pequeno e médio porte. Mantidos 
esses baixos preços, iremos testemunhar o encerramento 
de atividades de um grande número de pisciculturas e a 
redução na oferta de tilápia para os frigoríficos e pesque-
pagues. A redução na oferta de tilápias resultará em aumento 
na procura pelo produto e, consequentemente, haverá um 
novo ciclo de subida nos preços de venda. Com isso, no-
vos e antigos produtores irão retomar a produção, a oferta 
vai aumentar e novamente os preços voltarão a cair. É um 
círculo vicioso: aumento na produção e oferta → queda de 
preços → quebradeira de alguns → redução na oferta → 
nova elevação de preços... Apesar de surpreendente para 
muitos, este ciclo é característico da produção agropecuária. 
Parece safra de batata. Um ano se produz muito e o preço 
cai. No ano seguinte muita gente deixa de plantar, a oferta 
declina e o preço sobe. No próximo ano todo mundo volta 
a plantar e a super oferta do produto derruba os preços de 
novo. E assim os ciclos se repetem. 
Ao contrário da batata, a piscicultura demanda 
considerável investimento em instalações e lida com um 
produto de estocagem cara e arriscada, que pode facilmente 
sucumbir a erros de manejo e a enfermidades. Para manter 
os estoques de peixes vivos é necessário o fornecimento 
contínuo de alimento (ração), que representa grande parte 
do custo de produção. Assim, manter o estoque por mais 
tempo do que o necessário nas instalações implica em 
grande risco e um adicional de custo que muitas vezes 
come a apertada margem de lucro. Portanto, o planejamen-
to adequado da produção é fundamental na determinação 
do grau de sucesso de um empreendimento de piscicultura, 
em particular em empreendimentos com tanques-rede. 
No presente artigo foram avaliados alguns dos fa-
tores que interferem com o custo de produção de tilápias 
em tanques-rede, entre eles o atraso nas vendas, a falta 
de planejamento na aquisição de alevinos, o inadequado 
manejo dos estoques e a severidade das doenças.
Planilha de apoio para as estimativas 
de custo de produção
As estimativas de custos de produção aqui apresen-
tadas foram geradas com o apoio da planilha em Excel 
inclusa no livro “Cultivo de peixes em tanques-rede” 
Frigoríficos 
especializados no 
processamento de 
tilápia em São Paulo, 
filés de tilápia sendo 
comercializados 
em supermercado 
em Brasília e 
tilápias inteiras em 
supermercado de 
Fortaleza
16 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Ti
lá
pi
a 
em
 t
an
qu
es-r
ed
e (Eduardo Ono e Fernando Kubitza). A partir de um cenário 
de base, considerou-se uma piscicultura com capacidade de 
produção de 110 toneladas ao ano, com cerca de 80 tanques-
redes de 6m3 de volume. Essa piscicultura é operada com 
três funcionários exclusivos que cuidam de toda a rotina 
de produção (alimentação, remoção de mortalidade, regis-
tros de campo, classificações, transferências, despescas, 
manutenção das instalações e dos equipamentos, etc.). Os 
salários, os encargos trabalhistas, férias e décimo terceiro 
foram considerados a um valor médio de R$ 800,00 por 
funcionário/mês (R$ 2.400,00 para os três funcionários 
ao mês). Ao proprietário, que no caso exerce a função 
de planejamento e suporte nas operações de rotina, foi 
reservada uma remuneração mensal (pró-labore) de R$ 
2.000,00 pelo trabalho de gerenciamento do empreendi-
mento. Assim, as despesas com mão de obra e gerenciamento 
somam R$ 52.800,00 ao ano e representam, nesta análise, 
cerca de 54,8% do custo fixo estimado para este modelo de 
piscicultura.
As despesas com alevinos, ração e medicamentos va-
riaram de acordo com cada cenário, ficando dependentes dos 
níveis de eficiência considerados para cada situação de pro-
dução analisada. Por exemplo, sob um cenário de ocorrência 
de doenças, foi estimado um aumento no ciclo de produção 
em dias (devido ao atraso no crescimento dos peixes) e uma 
maior mortalidade de peixes já em ponto de abate, bem como 
de juvenis, resultando em diminuição da produção anual. Ainda 
foi considerado aumento no uso de medicamentos e piores 
índices de conversão alimentar. Os seguintes cenários foram 
avaliados, conforme especificado na Tabela 1. 
Tabela 1 – Análise comparativa da composição do custo de produção de tilápias criadas em tanques-rede 
sob diferentes cenários de produção
17Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Tilápia em
 tanques-rede
Os resultados apresentados na Tabela 1 podem va-
riar, em diferentes regiões e pisciculturas, em função de di-
ferenças nos preços dos insumos (ração, alevinos e outros), 
na estratégia de produção, nos valores de remuneração da 
mão de obra e do gerenciamento, dentre outros.
CENÁRIO 1 - Vamos considerar o exemplo apre-
sentado na Tabela 1, de uma piscicultura de tilápias 
em tanques-rede com potencial para produção de 110 
toneladas ao ano. Sob condições normais de operação, 
o custo médio de produção foi estimado em R$ 2,84/
kg (ver Quadro 1).
CENÁRIO 2 - O impacto do atraso nas 
vendas sobre o custo de produção
Quanto mais a tilápia pronta demora a ser vendida, o custo 
de produção por quilo se eleva. O atraso nas vendas estende o 
tempo médio da engorda, o que resulta em menor volume anual 
de produção. Assim, a piscicultura que poderia produzir e co-
mercializar 110 toneladas de peixes por ano, consegue apenas 
produzir cerca de 95 toneladas. Ou seja, uma redução de quase 
14% da produção possível. Com isso há uma maior concentração 
das despesas fixas por quilo de tilápia produzido (mão de obra, 
manutenção das instalações e equipamentos, administração, 
tarifas diversas, serviços de terceiros e depreciação de seus 
equipamentos e estruturas). As despesas fixas são aquelas que 
ocorrem na mesma intensidade, independente do volume de 
produção atingido. Além disso, o atraso nas vendas aumenta 
a despesa com ração por quilo de peixe produzido. Quando o 
peixe está pronto e não há condição de colocá-lo no mercado, 
geralmente o produtor desacelera a oferta de ração, para que o 
peixe não cresça demasiadamente e, também, como forma de 
reduzir o desembolso com a compra de ração. Tal procedimento 
desacelera a taxa de crescimento e piora a conversão alimentar. 
Em adição, quanto mais tempo o peixe pronto demora a ser 
vendido, maior será a mortalidade acumulada no cultivo. O 
atraso nas vendas faz com que as densidades nos tanques-rede 
se elevem demasiadamente. Nos meses de inverno a mortali-
dade associada ao excessivo adensamento é menos acentuada. 
No entanto, quando o atraso nas vendas ocorre nos meses de 
verão, nos quais as doenças bacterianas são mais prevalentes, a 
mortalidade pode ser bem agravada. A morte dos peixes já em 
ponto de venda significa uma grande quantidade de dinheiro e 
tempo indo diariamente para o lixo.
• Produção anual de 110 toneladas 
(Peso médio 700g);
• Número de tanques-rede de 6m3 = 80 TR;
• Preços dos alevinos = R$ 110,00/mil;
• Preço médio ração = R$ 1,04/kg;
• Conversão alimentar média = 1,65;
• Tempo médio do ciclo = 240 dias;
• Sobrevivência acumulada até despesca = 68%;
• Despesas do empreendimento conforme detalhado 
na Tabela 1.
CUSTO PRODUÇÃO = R$ 2,84/kg.
Quadro 1 – Cenário base para a estimativa do custo 
de produção de tilápia em tanque-rede
A) CENÁRIO 1 - Cenário base: onde os resulta-
dos de produção e de vendas ocorrem dentro da 
expectativa normal prevista para o empreendi-
mento (ciclo de produção de 240 dias, conversão 
alimentar média de 1,68; sobrevivência acumulada 
de 68% do alevino ao tamanho de mercado, entre 
outros parâmetros, conforme especificados na 
Tabela 1).
B) CENÁRIO 2 - Atraso nas vendas: neste cenário 
há um atraso médio de 25 dias nas vendas de pei-
xes, aumentando, nessa mesma proporção, o tempo 
do ciclo de produção. Isso resulta em elevação no 
peso médio final, bem como em maior mortali-
dade de peixes prontos para vendas. Também há 
uma maior mortalidade de juvenis, enquanto estes 
aguardam por mais tempo o resumo das vendas 
para seguirem adiante no ciclo de produção. O 
resultado disso é uma redução na produção anual 
do empreendimento, das 110 toneladas previstas 
para 95,5 toneladas de peixes.
C) CENÁRIO 3 - Perdas por manejo e doenças: 
nesta situação foi considerada uma perda adicional 
de juvenis e de peixes com tamanho de mercado 
devido a problemas com manejo e maior incidência 
de doenças. Com isso há uma redução ainda mais 
expressiva da produção anual do empreendimento, 
que ficou por volta de 89 toneladas.
D) CENÁRIO 4 - Inadequado planejamento da 
demanda e compra de alevinos: neste cenário foi 
considerado um atraso médio no ciclo de produção 
em cerca de 40 dias em virtude de problemas com 
a oferta / fornecimento de alevinos.
e) CENÁRIO 5 - Ocorrência conjunta dos fatores 
relacionados nos cenários 3 e 4.
18 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Ti
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e
Todos esses fatores ajudam a elevar o custo de pro-
dução da tilápia. Dessa forma, para balizar melhor suas 
estratégias de definição de preços de venda, particularmente 
nos momentos de grande oferta de peixes no mercado, o pro-
dutor precisa ter o controle exato das suas despesas, uma boa 
estimativa do custo médio de produção e conhecer o quanto 
o custo de produção se eleva a cada semana, ou mês em que 
a tilápia pronta fica encalhada nas suas instalações. 
Com base nos resultados apresentados na Tabela 
1, o empreendimento sob o CENÁRIO 2 tem seu ciclo de 
produção estendido em 25 dias (em média), em função do 
atraso nas vendas. O volume de produção anual cai de 110 
para 95,5 toneladas de peixes. Isso se deve não apenas a uma 
maior extensão dos ciclos de criação, mas também à mor-
talidade adicional que acomete os lotes de tilápias prontos 
para a venda, bem como os lotes de juvenis e de alevinos. A 
conversão alimentar piora em função da restrição da oferta 
de ração tanto para os peixes já terminados como para os 
juvenis e alevinos. Dessa forma, os custos fixos do empre-
endimento recaem sobre uma produção menor de pescado, 
elevando o custo de produção para R$ 3,25/kg (ver Quadro 
2). Assim, podemos estabelecer que um atraso médio de 25 
dias nas vendas, resulta em aumento no custo de produção 
de cerca de R$ 0,41/kg de tilápia em tanques-rede.
Quadro 2 – Cenário 2 - condição de atraso nas vendas
• Atraso médio de 25 dias para venda dos esto-
ques prontos;
• Mortalidade adicional em relação ao cenário 
base:
- 3% nos estoques de peixes prontos (700g)
- 5% nos estoques de juvenis (40 a 150g);
- 5% nos estoquesde alevinos (0,5 a 40g);
• Conversão alimentar piora em 15%.
• Peso médio final de venda = 800g;
• Tempo médio do ciclo = 265 dias;
• Sobrevivência acumulada até despesca = 60%
• Mesmas condições de demanda de pessoal, 
salários, remuneração ao gerenciamento e demais 
despesas conforme apresentado na Tabela 1.
CUSTO PRODUÇÃO = R$ 3,25/kg.
19Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Tilápia em
 tanques-rede
CENÁRIO 3 - O impacto das perdas com o inadequado ma-
nejo e com as enfermidades sobre o custo de produção
O inadequado manejo dos estoques, em particular no 
momento das classificações por tamanho e transferências (ou 
repicagens), bem como o inadequado manejo sanitário, levam 
a consideráveis perdas de tilápias na criação em tanques-rede. 
Episódios recorrentes de doenças são comuns após o manuseio 
dos peixes e em períodos de elevadas temperaturas da água.O 
aumento do custo de produção devido ao inadequado manejo 
e doenças ocorre de forma direta, com as mortalidades de 
peixes, alevinos, juvenis e peixes prontos para o mercado. Há 
um aumento nas despesas com medicamentos e produtos pro-
filáticos, bem como com suporte técnico de emergência. Perdas 
excessivas de alevinos e juvenis devido ao inadequado manejo 
e doenças aumentam as despesas com aquisição de alevinos. 
Enquanto as perdas diretas na forma de peixes mortos são 
facilmente verificadas, as perdas indiretas resultantes do atraso 
no crescimento e da piora na conversão alimentar nem sempre 
são reconhecidas pelos produtores. O atraso no crescimento 
(que implica em atraso no ciclo de produção) resulta em uma 
produção abaixo da capacidade do empreendimento. A piora na 
conversão alimentar em um determinado lote de peixes acome-
tido por uma enfermidade, aumenta o custo de ração por quilo 
de peixe produzido. Outro custo indireto que geralmente não é 
contabilizado advém dos compromissos de vendas não cumpri-
dos. No caso da venda de tilápias vivas (para pesque-pague ou 
para o mercado vivo), as mortalidades atribuídas à qualidade 
do peixe geralmente implicam em reposição ou descontos no 
valor aferido na venda. Esse é outro componente indireto de 
aumento no custo de produção da tilápia. 
No Quadro 3 é apresentado o cenário de produção sob 
inadequado manejo e ocorrência de doenças. Neste é conside-
rada uma mortalidade adicional de 5% nos peixes em peso de 
mercado e de 8% na etapa de juvenis, em relação ao CENÁRIO 
1. Além disso, estipulou-se um atraso de 35 dias para atingir o 
peso de mercado e uma piora de 20% na conversão alimentar, 
que saltou de 1,68 do CENÁRIO 1 para 1,98. Sob tais condi-
ções, o custo de produção foi estimado em R$ 3,61/kg, 27,5% 
superior ao do Cenário 1.
• Atraso médio de 35 dias no ciclo de produção 
(ciclo de 275 dias);
• Mortalidade adicional de 5% nos peixes prontos 
para venda;
• Mortalidade adicional de 8% nos juvenis e 
alevinos;
• Aproveitamento médio dos alevinos da estoca-
gem a despesca = 48%;
Conversão alimentar é 20% pior do que no 
• CENÁRIO 1 (média do cultivo de 1,98);
• Mesmas condições de demanda de pessoal, sa-
lários, remuneração ao gerenciamento e demais 
despesas do cenário base (Tabela 1).
CUSTO PRODUÇÃO = R$ 3,61/kg.
Quadro 3 – CENÁRIO 3 – inadequado manejo e 
ocorrência de enfermidades
CENÁRIO 4 - O impacto da falta de planejamento sobre o custo 
de produção 
Em boa parte das pisciculturas é comum observar uma 
grande quantidade de tanques vazios (viveiros ou tanques-
rede). Isso ocorre devido à falta de planejamento e de compati-
bilização dos recebimentos de alevinos com as saídas de peixes 
prontos. Essa falta de planejamento é ainda mais agravada pela 
oferta sazonal dos alevinos de tilápia nas regiões sul e sudeste 
do país. Nos meses de agosto, setembro e outubro, com o final 
Mortalidade de juvenis e de 
peixes com peso próximo do 
peso de mercado
20 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
21Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Tilápia em
 tanques-rede
do inverno na Região Sul e Sudeste, os produtores retomam suas vendas, 
abrindo espaço para a estocagem de novos lotes de alevinos. No entanto, 
antes do início de novembro, a oferta de alevinos nas regiões sul e sudeste 
ainda não estará plenamente restabelecida. Assim, muitos produtores fica-
rão sem alevinos para estocagem ao final do inverno, atrasando o ciclo de 
produção. Essa falta de planejamento se repete há anos nas pisciculturas. 
Uma piscicultura que perde um, dois ou três meses do seu ano de produção 
por falta de alevinos, acaba com uma produção anual abaixo do que pode-
ria ser alcançado se houvesse um adequado planejamento para escapar da 
entressafra de alevinos. Portanto, o produtor deve ter a dimensão exata da 
sua demanda por alevinos e, quando chegar próximo do final da estação 
reprodutiva (meses de fevereiro, março e abril), deve adquirir alevinos em 
quantidades suficientes para produzir os juvenis que serão utilizados na 
estocagem dos tanques na saída do inverno.
Novamente, tomando como ponto de partida o cenário base apresen-
tado na Tabela 1, um atraso de 20 dias no recebimento de alevinos devido 
a deficiências na entrega ou aos pedidos em cima da hora), mais um atraso 
de 60 dias no período de redução da oferta de alevinos (junho, julho, agosto 
e setembro), acabam reduzindo de 110 para 94 toneladas a produção anual 
de uma piscicultura sob inadequado planejamento do uso e estocagem de 
alevinos. Isso equivale a cerca de 14,5% de redução na produção. Desse 
modo, o custo médio de produção se eleva de R$ 2,84/kg (cenário base) para 
R$ 2,98/kg, ou seja, R$ 0,15/kg de aumento no custo médio de produção da 
tilápia (4,9% de aumento no custo da tilápia sobre o custo no Cenário 1). 
anual de alevinos e ração demandados pelo empreendimento. 
Tampouco é realizada uma avaliação criteriosa do mercado 
e da capacidade de venda da produção. Num impulso, estes 
novos criadores seguem o exemplo de vizinhos e amigos que 
aparentemente se deram bem com a criação e esperam que 
essa seja também a sua sina na piscicultura. No entanto, logo 
se deparam com as dificuldades do dia a dia, agravadas ainda 
mais pelo desconhecimento das práticas eficazes de produ-
ção e manejo sanitário, assim como pela inexperiência dos 
produtores iniciantes. Em geral há uma significativa perda de 
alevinos e juvenis, e uma mortalidade acima do aceitável de 
peixes já no peso de venda. Enquanto os preços de venda da 
tilápia se mantêm elevados, o empreendimento se sustenta. No 
entanto, com a redução dos preços e ocorrência de elevadas 
perdas de peixes por doenças, os custos de produção se elevam 
consideravelmente, fazendo com que muitos empreendimen-
tos operem no vermelho.
A ocorrência simultânea de dois ou mais fatores 
adversos (falta de planejamento, atraso na aquisição de ale-
vinos, perdas de peixes devido ao manejo grosseiro e maior 
incidência de doenças pela ausência de um programa eficaz 
de manejo sanitário) pode amplificar ainda mais o aumento 
nos custos de produção, inviabilizando por completo o em-
preendimento. Segue o exemplo do Quadro 5. O atraso na 
aquisição de alevinos, as perdas elevadas de juvenis devido 
a um manuseio grosseiro nas classificações e transferências, 
e a ocorrência de mortalidade crônica por doenças nos lotes 
• Atraso médio de 20 dias no recebimento dos 
alevinos nos meses de safra e de 60 dias no rece-
bimento nos meses de entressafra, o que equivale 
a um atraso médio combinado de 40 dias nos ciclos 
de produção;
• Mortalidade acumulada, conversão alimentar e 
peso médio final em condições semelhantes às do 
Cenário 1;
• Tempo médio do ciclo = 280 dias;
• Sobrevivência acumulada até despesca = 68%;
• Mesmas condições de demanda de pessoal, sa-
lários, remuneração ao gerenciamento e demais 
despesas conforme apresentado na Tabela 1.
CUSTO PRODUÇÃO = R$ 2,98/kg.
Quadro 4 – Cenário sob o inadequado planejamento na aquisição de alevinos
 "O produtor deve ter a 
dimensão exata da sua 
demanda por alevinos e, 
quando chegar próximo 
dofinal da estação 
reprodutiva deve adquirir 
alevinos em quantidades 
suficientes para produzir 
os juvenis que serão 
utilizados na estocagem 
dos tanques na saída do 
inverno."
CENÁRIO 5 – Combinando o planejamento deficiente, o atraso nas 
vendas e a ocorrência de enfermidades de forma simultânea
Boa parte das pisciculturas em tanques-rede que iniciam 
sua operação, em particular aquelas de pequeno porte e de caráter 
familiar, produzem tilápias literalmente na raça. O planejamento prévio 
do empreendimento é incipiente. Muitas vezes não há noção do volume 
22 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
23Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Tilápia em
 tanques-rede
de tilápia em ponto de venda, elevam o custo de produção de R$ 
2,84 (no CENÁRIO 1) para R$ 3,76/kg. Um aumento de cerca de 
32% no custo de produção. 
Margens de lucro sob os diferente cenários
Na Tabela 2 são resumidas as margens de lucro obtidas sob 
os diferentes cenários detalhados na Tabela 1. Observe que o Cenário 
3 envolvendo manejo ineficiente e alta ocorrência de doenças, jun-
tamente com o Cenário 5, são os que mais reduzem a margem bruta 
de lucro do empreendimento. Mesmo com preço de vendas da tilápia 
a R$ 3,60/kg, a margem de lucro bruta ainda continua negativa. O 
produtor de tilápia em tanque-rede que hoje vende seu peixe a um 
preço inferior a R$ 3,00 corre grande chance de ficar no prejuízo, 
particularmente se há uma grande ineficiência no planejamento e na 
condução da criação
Nos próximos anos é de se esperar um aumento no volume de 
produção e a atuação de mais frigoríficos no mercado. Além disso, 
espera-se também que continue crescendo o número de consumidores 
do pescado cultivado. A equação que vai ajustar a disponibilidade 
de pescado ao número de consumidores será determinada pela lei 
da oferta e procura. Muitos são os fatores que podem afetar a oferta 
do peixe e o número de potenciais compradores. Desta forma, 
muitos ciclos de apertos e alívios ainda virão. A atividade se tornará 
cada vez mais competitiva e as margens de lucro mais estreitas. Os 
empreendimentos precisarão operar de forma eficiente para manter 
seu custo de produção sob controle e dentro de uma faixa capaz 
de remunerar o capital e o tempo investidos. O produtor precisará 
ter competência para planejar e conduzir seu empreendimento, 
minimizando perdas de estoques devido a erros primários por falta 
de conhecimento de boas práticas de produção e por descuido no 
manejo sanitário. A gestão de um empreendimento exige uma busca 
contínua por informações, técnicas e de mercado. Assim, a capaci-
tação do proprietário e de sua equipe é fundamental. Quanto maior 
o porte do empreendimento, maiores serão os desperdícios gerados 
pela ineficiência do processo produtivo (com ração, com a perda de 
• Atraso médio de 70 dias no ciclo de produção 
(ciclo de 310 dias), devido ao atraso na compra de 
alevinos e, também, ao atraso no crescimento devido 
a doenças (ver Tabela 1);
• Mortalidade adicional de 5% nos peixes prontos 
para venda;
• Mortalidade adicional de 8% nos juvenis e alevi-
nos;
• Aproveitamento médio dos alevinos da estocagem 
a despesca = 48%;
• Conversão alimentar é 20% pior do que no CENÁRIO 
1 (média de 1,98);
• Mesmas condições de demanda de pessoal, salários, 
remuneração ao gerenciamento e demais despesas do 
cenário base (Tabela 1).
CUSTO PRODUÇÃO = R$ 3,76/kg.
Quadro 5 - CENÁRIO 5 - combinando o inadequado planejamento na aquisição 
de alevinos, o manuseio grosseiro de juvenis e ocorrência de enfermidades 
alevinos e juvenis e com a mortalidade de 
peixes em ponto de venda). Portanto, con-
tar com um suporte técnico seguro muitas 
vezes é imprescindível e determinante para 
o sucesso do empreendimento.
No caminho para a consolidação 
da tilapicultura como uma das principais 
indústrias de carne no Brasil, será preciso 
reduzir as ineficiências. No criador, através 
da adoção de práticas eficientes de manejo 
dos estoques e controle dos dados de pro-
dução, com o auxílio de suporte técnico 
especializado. Nas indústrias de ração, com 
a formulação e preparo de rações de alta 
qualidade e custo eficiente. Nos frigoríficos, 
com o aproveitamento integral da tilápia, 
para que o custo de produção não recaia 
somente sobre o filé, sendo assim capaz 
de remunerar adequadamente seus forne-
cedores, mantendo-os vivos no mercado. 
Um longo caminho ainda pela frente, mas 
a tilapicultura no Brasil chegou para ficar e 
este é um caminho sem volta.
.
Tabela 2 – Impacto do preço de venda sobre a margem de lucro de empreendimentos de criação de tilápia 
em tanques-rede sob diferentes cenários, conforme apresentado na Tabela 1. A remuneração mensal ao 
proprietário pelo gerenciamento e trabalho na produção já está embutida no custo de produção
24 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Sanidade
Aquícola
A experiência do AQUAVET
na investigação de doenças de peixes nativos
 a presente edição descreveremos parte da experiência do AQUAVET na sanidade 
e diagnóstico de doenças infecciosas de peixes 
nativos, em ambientes de aquicultura. O cultivo 
das espécies nativas tem apresentado um cres-
cimento significativo em nosso país, sendo que 
muitas são cogitadas como modelos para o futuro 
da piscicultura nacional. Até recentemente, a 
produção comercial de peixes nativos apresen-
tava como principais dificuldades a realização 
da reprodução e o manejo alimentar, principal-
mente nas fases mais jovens. Transpostas essas 
barreiras, vemos atualmente que os problemas 
sanitários vêm causando grandes impactos e 
podem se apresentar como um dos principais 
limitantes para a atividade em algumas situa-
ções. Ao longo do texto apresentamos, baseados 
nas consultorias da equipe do AQUAVET, alguns 
exemplos práticos de problemas sanitários e 
surtos de doença vivenciados em pisciculturas 
em diferentes regiões do país. 
Por:
Henrique César Pereira Figueiredo
e-mail: henrique@dmv.ufla.br
Médico Veterinário, professor do 
Deptº de Medicina Veterinária Preventiva, 
Escola de Veterinária da UFMG
Coordenador do AQUAVET
Lab. de Doenças de Animais Aquáticos
Carlos Augusto Gomes Leal, M.Sc.*
Gláucia Frasnelli Mian, D.Sc.*
Daniela Tupy de Godoy, M.Sc.*
Ulisses de Pádua Pereira, M.Sc.*
Glei dos Anjos de Carvalho-Castro, M.Sc.*
Frederico Costa, M.Sc.*
Carina Oliveira Lopes*
Dircéia Aparecida Custódio - Técnica de Laboratório 
*Médicos veterinários, Aquavet – UFMG 
Reprodução e larvicultura
As dificuldades enfrentadas no cultivo comercial de 
espécies nativas iniciam-se com a aquisição de reprodutores. 
Como a exploração da maioria das espécies se deu recente-
mente, não existem famílias ou linhagens de reprodutores 
formadas, e consequentemente disponíveis para a compra. 
Por esse motivo, quando um piscicultor quer iniciar a pro-
dução de um peixe nativo, suas opções são adquirir alevinos 
de outras fazendas ou capturar reprodutores no ambiente 
natural, realizando todas as fases do cultivo na propriedade 
(reprodução, larvicultura, alevinagem, recria e engorda). 
No caso de peixes capturados direto da natureza, 
a sua introdução na propriedade merece maior atenção 
devido à grande complexidade deste processo. O histórico 
sanitário destes animais é totalmente desconhecido e estes 
podem carrear patógenos para o sistema de cultivo sem que 
percebamos, permitindo o estabelecimento desses micror-
ganismos na propriedade. Na prática, são comuns os casos 
onde mortalidade de reprodutores pós-captura são verifica-
das muitas vezes semanas após o povoamento. Na figura 1 
podemos observar reprodutores de cachara (Pseudoplatys-
toma fasciatum) e pintado (Pseudoplatystoma corruscans) 
apresentando sinais clínicos de doença infecciosa, quinze 
dias após captura. Além do estresse do processo de captura 
25Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Sanidade Aquícola
e adaptação ao ambiente de cultivo (tanque), temos como 
dificuldade adicional, nesses casos, o fato desses peixes 
não ingerirem ração. Poresse motivo, em casos de doença 
bacteriana o tratamento com antibiótico não é possível, 
visto que esses são fornecidos junto com a ração.
Para tentarmos evitar este tipo de problema, os peixes 
capturados devem ser colocados em tanques de quarentena. 
A vantagem desta prática é que além de tornar mais fácil 
a observação dos animais é possível a realização de trata-
mentos profiláticos. Adicionalmente, durante o período em 
que ficam nestes tanques, os patógenos que possivelmente 
estariam presentes nos peixes não contaminariam o sistema 
de cultivo. Na introdução desses peixes é recomendado que 
se realizem os exames bacteriológicos e parasitológicos. No 
caso de reprodutores adquiridos de outras pisciculturas, o 
histórico sanitário conhecido desses animais dá uma maior 
segurança para o produtor, além de possibilitar a realização 
de tratamentos profiláticos poucos dias antes do transporte 
dos animais. Ainda assim, os cuidados sanitários devem ser 
os mesmos adotados para os peixes capturados da natureza. 
O sistema de quarentena deve ser utilizado também neste 
caso, assim como para a introdução de peixes de qualquer 
faixa etária na propriedade.
Figura 1: reprodutores de pintado e cachara, capturados do 
ambiente, apresentando hiperemia e hemorragias cutâneas 
(setas pretas), bem como, ulcerações (setas vermelhas) em 
diversas regiões do corpo quinze dias após o povoamento
nagem. Nessas fases os peixes têm menor resistência 
aos parasitas. Como esses patógenos são facilmente 
visualizados, o piscicultor deve fazer uma inspeção 
criteriosa dos reprodutores na chegada à propriedade. 
Quando verificada a presença desses, os tratamentos 
com antiparasitários devem ser realizados.
A larvicultura é um dos principais pontos críti-
cos para produção comercial de peixes nativos. Nessa 
fase, as larvas são altamente sensíveis às mínimas 
variações no ambiente (qualidade da água, temperatu-
ra, etc.), ao manejo e também são susceptíveis a uma 
ampla diversidade de patógenos, por não possuírem 
o sistema imune completamente formado. No estágio 
larval é comum a ocorrência de surtos, com mortali-
dade de 100% dos animais. Para facilitar a discussão, 
consideraremos a larvicultura como sendo o período 
compreendido entre a fecundação artificial dos ovos e 
o desenvolvimento dos peixes de 5cm a 10cm (há uma 
variação de acordo com a espécie). Do ponto de vista 
sanitário, o risco de contaminação das larvas começa 
antes mesmo do seu nascimento. Como discutido em 
edições anteriores dessa coluna, diferentes patógenos 
podem ser transmitidos via ovos e sêmen, sendo reco-
mendada a realização da desinfecção desses. 
 Na prática temos verificado altas mortalidades 
causadas por infecções por Flavobacterium colum-
nare (causador da columnariose). Casos de surtos de 
columnariose acometendo larvas ainda nas incubado-
ras são cada vez mais comuns nas larviculturas. Os 
principais sinais clínicos observados nas larvas são a 
erosão da nadadeira caudal e a formação de manchas 
brancas na região da cabeça. Muitas vezes a evolução 
da doença é tão rápida, que quando se suspeita da 
doença essa já matou grande parte do lote, não sendo 
Ectoparasitas macroscópicos são comumente observa-
dos em peixes capturados, principalmente o crustáceo Argu-
lus sp. (popularmente conhecido como “piolho de peixe”). 
Esse parasita é normalmente encontrado nos rios do Brasil, 
principalmente em áreas de sedimentação, sendo que sua 
forma infectante tem a capacidade de migrar por distâncias 
consideráveis facilitando sua disseminação. Apesar de não 
causarem doença grave nos reprodutores, esses parasitas 
podem ser reservatórios para outros patógenos e ocasionar 
problemas em estágios futuros, como na larvicultura e alevi-
"Ectoparasitas 
macroscópicos como o 
Argulus sp. são comumente 
observados em peixes 
capturados. Popularmente 
conhecido como “piolho de 
peixe”, esse parasita apesar 
de não causar doença grave 
nos reprodutores, pode ser 
reservatório para outros 
patógenos."
26 Panorama da AQÜICULTURA, julho, agosto, 2010
Sa
ni
da
de
 A
qu
íc
ol
a CASO CLÍNICO 1:
Caracterização da Propriedade: fazenda especializada na recria e engorda de 
pintado da Amazônia híbrido (Rhamdia sebae x P. fasciatum). O cultivo é realizado 
em tanques de terra.
Histórico do Problema: surtos de mortalidade de alevinos vinham sendo observados 
após o povoamento. Os alevinos eram adquiridos de apenas uma larvicultura. De 
acordo com o responsável pela propriedade, era comum a realização de tratamentos 
com oxitetraciclina na ração, para evitar a ocorrência de surtos de columnariose.
Sintomatologia clínica: peixes com hiperemia e hemorragias em diferentes regiões 
do corpo (olho, base das nadadeiras e ao redor da boca), nadando na superfície, 
acúmulo de animais na entrada de água e nas bordas do tanque. 
Exames clínicos e laboratoriais: 
• Avaliação parasitológica: não foram verificadas infestações parasitárias 
significativas.
• Exame bacteriológico: resultados positivos para infecção por Aeromonas hydrophila 
patogênica, confirmado por PCR-RFLP e detecção de genes de virulência do sistema 
de secreção do tipo III.
• Teste de resistência dos isolados bacterianos frente à antibióticos: as amostras 
de A. hydrophila isoladas a partir dos peixes doentes mostraram-se resistentes à 
oxitetraciclina e outros antibióticos.
Tratamentos e Controle: foi realizado o tratamento com antibiótico para combater as 
infecções por Aeromonas hydrophila. A escolha do antibiótico foi baseada no resultado 
do teste de resistência, que demonstrou quais os fármacos que seriam eficientes 
para esses isolados bacterianos. Para evitar a introdução de animais doentes na 
propriedade foi elaborado um procedimento padrão baseado: na inspeção e coleta de 
animais para exame parasitológico/bacteriológico antes da entrada na propriedade; 
realização de tratamentos profiláticos; povoamento dos peixes inicialmente em tanque 
isolado, realizando assim uma quarentena; e após 15 dias, na ausência de problemas 
sanitários, os peixes são liberados para os demais sistemas de cultivo da propriedade. 
Associado a esses, passou-se a realizar um manejo sanitário criterioso.
Diagnóstico final: infecção por Aeromonas hydrophila resistentes a oxitetraciclina. 
Os principais fatores de risco para os surtos eram o estresse do manejo e transporte 
dos peixes. 
viável a realização de tratamentos. 
Atualmente, verificamos na prática 
muitos casos de surto de columnario-
se e infestações parasitárias conco-
mitantes. Esses patógenos têm como 
principais fatores de risco: o excesso 
de matéria orgânica (principalmente 
ração) em incubadoras/tanques; altas 
densidades de estocagem; estresse 
nos animais com treinamento alimen-
tar (no caso de peixes carnívoros); 
transição de dieta; classificação das 
larvas; limpeza das incubadoras, 
entre outros. Resultados positivos 
no controle da columnariose em 
larviculturas de peixes nativos têm 
sido obtidos com a salinização da 
água, associada a correção dos pro-
blemas (fatores de risco) descritos 
acima. Em concentrações baixas, 
porém constantes, o sal inibe as in-
fecções por F. columnare. Contudo, 
é importante fazermos uma ressalva 
nesse ponto. As diferentes espécies 
nativas respondem e resistem de 
maneira diferenciada ao aumento na 
salinidade da água. Não é recomen-
dada a salinização da água caso não 
se tenham estudos de seu efeito para 
as larvas do peixe em questão, poden-
do provocar a morte de todo o lote. 
Adicionalmente, o uso de vitaminas 
com ação imunoestimulante (vita-
minas C e E) na ração dos peixes, 
desde a absorção do saco vitelínico 
e o enriquecimento do alimento vivo 
(rotífero ou artêmia), incrementam a 
imunidade e melhoram a resistência 
das larvas frente às infecções. 
Outro parasita que causa pre-
juízo às diferentes fases do cultivo 
(reprodução, alevinos, engorda e 
terminação) é o protozoário Ichthyo-
phthirius multifiliis. Na larvicultura, 
as infestações por esse parasita

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