Buscar

88 Panorama da Aquicultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
2 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
3Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005 3Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
"S
Editorial
enhor Ministro, FAÇA POLÍTICA PELO AMOR DE DEUS.” Essas são as palavras que fi nalizam o texto 
da carta aberta, escrita pelo piscicultor Rômulo Lins, de Caconde (SP), dirigida ao Ministro José 
Fritsch, e que foi encaminhada através da Lista de Discussão Panorama-L. 
O desabafo desse piscicultor, que pode ser lido nessa edição, em nada difere dos muitos que 
se ouve quando o assunto é a capacidade da Seap de fazer a política aqüícola que os aqüicultores tanto 
desejam. E não se pode dizer que o Sr. Ministro desconheça os anseios dos produtores. O fato é que o 
descontentamento entre os aqüicultores é grande, assim como tem sido grande a difi culdade da Seap de 
encaminhar e solucionar os principais problemas que hoje ainda amarram a aqüicultura e, de quebra, a 
vida dos milhares de profi ssionais envolvidos.
O licenciamento ambiental das atividades aqüícolas nas águas da União é, sem dúvida, o maior 
desses gargalos, e as esperanças depositadas na gestão de Fritsch para a solução desse problema, parecem 
estar dando lugar à descrença na sua capacidade de resolvê-lo. 
O que o setor espera é que a Seap seja forte e mostre o seu cacife político, sempre que tiver 
oportunidade. Mas não o foi, nem mesmo quando era, ela própria, a grande interessada no licenciamen-
to do que viria a ser o primeiro Parque Aqüícola brasileiro - na verdade três minúsculas áreas em três 
diferentes braços do reservatório de Itaipu. E ainda teve que engolir em seco uma exigência absurda do 
Ibama para apresentar um Eia/Rima do reservatório, quando seus técnicos já julgavam ter cumprindo com 
todas as exigências para obtenção do licenciamento. Se a Seap não consegue licenciar o “seu” próprio 
Parque Aqüícola, a quem os aqüicultores irão recorrer daqui pra frente? 
Mas o licenciamento ambiental é apenas um dos problemas. Existem outros, que juntos remetem 
a um único tema central: a produção estratégica de pescado no Brasil. A grande pergunta é: vamos 
conseguir produzir nos próximos anos todo o pescado que pretendemos consumir? Ou vamos assumir 
desde já a dependência futura do abastecimento, via importação de outros países? Pode parecer absurdo 
essa segunda pergunta, mas é pertinente. Isso porque, se o desejo óbvio é o de produzir esse pescado, 
estamos então muito atrasados nas ações concretas para que isso venha acontecer. E estratégias para 
“fabricar” pescados, é uma das principais atribuições da Seap.
O fato é que passados dois anos e meio da sua gestão, as ações políticas para incrementar a 
produção, implementadas pelo Ministro Fritsch já se mostraram insufi cientes para alcançar a meta 
proposta pela sua pasta, que é de 1,5 milhões de toneladas em 2006; e vão colaborar muito pouco 
para que possamos nos aproximar da meta ideal de 2,5 milhões de toneladas (13 kg/per capita/ano), 
recomendadas pela FAO.
Os críticos de José Fritsch afi rmam que a sua estratégia política pessoal é que está atrapalhando, 
fazendo com que tenha que jogar todas as suas fi chas na sua eleição ao governo de Santa Catarina. Essa 
seria a única explicação que seus críticos têm para o fato de muitos dos cargos-chave da Seap estarem 
sendo hoje ocupados por catarinenses. O que não seria nada demais se fossem catarinenses envolvidos 
anteriormente com a aqüicultura e com a pesca. Se essas críticas procedem, veremos em breve. 
Se querem saber a minha opinião, de minha parte concordo que está na hora, sim, do Ministro 
Fritsch, fazer política com “P” maiúsculo, como pede em sua carta aberta, o piscicultor de Caconde. 
Ainda deve dar tempo.
A todos uma boa leitura,
4 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
5Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
Edição 88– março/abril, 2005
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
solange@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição:
Adriane P. Wasko
Cesar Martins 
Claudio Oliveira 
Fausto Foresti
Felipe Matarazzo Suplicy
Fernando Kubitza
José A. Senhorini 
Manuel Vazquez Vidal Junior
Marco Mathias 
Ricardo Y. Tsukamoto
Walter Quadros Seiffert
Os artigos assinados são de responsabilidade dos au-
tores. Os editores não respondem quanto a qua li da de 
dos serviços e produtos anunciados, bem como pelos 
dados divulgados na seção “Informe Publicitário”. 
Para assinatura use o cupom encartado, visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou envie e-mail.
Assinatura:
Fernanda Carvalho Araújo
e Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, quan-
tos exemplares ainda fazem parte da sua as si na tu ra. 
Basta conferir o número de créditos des cri to entre 
parenteses na etiqueta que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 12,00 cada. Para adquiri-los 
entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 
21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 79, 81, 82, 83, 87
Projeto Gráfi co:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na SRG Gráfi ca & Editora Ltda.
A única publicação brasileira dedicada exclusi-
vamente aos cultivos de organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
 
ISSN 1519-1141
Capa: Foto: Arquivo Pa no ra ma da Aqüicultura
...Pág 35
...Pág 27
...Pág 32
...Pág 35
...Pág 37
...Pág 39
...Pág 43
...Pág 37
...Pág 51
...Pág 53
...Pág 59
Í N D I C E
...Pág 61
...Pág 47
...Pág 64
...Pág 63
...Pág 19
...Pág 23
Tilápia em água salobra e salgada 
Muitas espécies e linhagens de tilápia possuem capacidade de adaptação em 
ambientes de diferentes salinidades, podendo ser cultivadas tanto em água 
doce, salobra ou salgada. O Brasil apresenta um grande potencial para cultivo 
de tilápias em áreas estuarinas, fato que em alguns países, já se tornou uma 
atividade comercial consolidada. O cultivo de tilápias em estuários pode trazer 
signifi cativos ganhos econômicos, sociais e ambientais para as populações locais, 
hoje severamente impactadas pelo declínio da atividade pesqueira.
...Pág 66
...Pág 64
...Pág 33
Editorial
Notícias e Negócios
Notícias & Negócios on-line
Inaugurado Laboratório de Processamento de Peles de Peixes
Tilápia em água salobra e salgada: uma boa alternativa de cultivo
Cultivo de tilápias da Bahia Pesca
Tilápia: mercado norte-americano x mercado europeu 
Os impactos ambientais positivos da malacocultura
Fundador do Greenpeace critica ambientalistas
Camarão na Europa: o Brasil em destaque nas exportações
Aqüicultura aponta também para produção de medicamentos
Governo abre as fronteiras para a introdução de parasita exótico
Ultra Violeta remove 17-a metil testosterona da água
Estiagem no sul de Brasil causa grandes prejuízos aos aqüicultores
Peixes ornamentais: melanotaenia maçã
Cultivo de matrinxã em tanques-rede
Matrinxã e piracanjuba: a importância do monitoramento genético
Carta ao Ministro
Tênia de peixe: parasita pode prejudicar a aqüicultura
Controle de produtos veterinários é tema de reunião na SEAP
A Mancha Branca em SC
Assinados os primeiros contratos do BB para Aqüicultura e Pesca
A dança do licenciamento
Pecnordeste 2005
Calendário Aqüícola
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 13
...Pág 14
...Pág 10
6 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
furg.br, e-mail: aquicultura@furg.br, ou fone: 
(53) 236-8042. 
EQUATORIANOS - O presidente da Federação das 
Associações de Engenheiros de Pesca do Brasil 
(FAEP/BR),Augusto José Nogueira, apresentou 
ao presidente do Conape – Conselho Nacional 
de Aqüicultura e Pesca, Ministro José Fritsch, a 
denúncia de que não está havendo fiscalização 
sobre a mão-de-obra ilegal proveniente de outros 
países, em especial do Equador, atuando na 
atividade da carcinicultura. Segundo Augusto 
José Nogueira os profissionais equatorianos por 
estarem ilegais, tornam-se mais baratos aos em-
presários brasileiros, que assim não arcam com 
os custos trabalhistas pagos pela mão-de-obra 
local e legal. Na sua denúncia, a maior parte 
desses profissionais não consegue emprego no 
Equador, pelo fato da atividade já não ser tão 
promissora como no passado.
LANÇAMENTOS - A Instrutherm Instrumentos 
de Medição Ltda, está lançando no mercado 
a Balança Digital BD-430. Com design super 
moderno, a balança tem display de cristal 
líquido com luz no fundo, possui calibração 
automática sendo muito útil para o aqüicul-
tor que necessita de precisão na pesagem, 
pois sua capacidade é de 15 kg e resolução 
de 1 grama. A BD-430 (foto) trabalha com 
três unidades de peso: quilo, grama e libra. 
A Instrutherm está lançando também o 
Termo-higrômetro digital portátil HT-260, 
um instrumento compacto desenvolvido 
para executar 
medições de 
temperatura e 
umidade do ar. 
Possui escala 
de tempera-
tura de -20 a 
60ºC e escala 
de umidade 
de 0 a 100% 
RH.
LADRÕES DE PEIXES – A Polícia no Distrito 
de Itacima, no município cearense de Guaiú-
ba, prendeu quatro irmãos, que nos últimos 
meses invadiam pisciculturas para roubar 
os peixes. A Fazenda Bom Princípio, um 
dos principais fornecedores de peixes para 
os grandes supermercados de Fortaleza, era 
uma das principais vítimas do grupo, que 
repassava os peixes para serem vendidos 
em feiras-livres. Os roubos que chegavam 
a 100 kg de tilápia por vez, causavam um 
duplo prejuízo aos piscicultores, já que os 
peixes eram comercializados por preços bem 
abaixo do valor real, nas feiras onde os 
piscicultores também negociam o produto. 
Os fazendeiros, além de ter o peixe furtado 
de seus viveiros, ainda tinham dificuldades 
de vender na feira os que sobravam. 
FILÉ PARA EXPORTAÇÃO - A Tilápia do Bra-
sil Ind. e Com. de Pescados de Aqüicultura 
Ltda., empresa formada por 10 empresários 
piscicultores, todos ligados à Associação de 
Aqüicultores de Monte Aprazível e Região 
(Aquamar), alcançou em abril a meta de 
exportar 19.000 lb (cerca da 8,6 toneladas) 
de filés de tilápia semanalmente para os 
Estados Unidos. Segundo Marcos Lopes, 
da Piscicultura Aracanguá e também um 
dos diretores da Tilápia do Brasil, o fri-
gorífico inaugurado em outubro passado, 
ocupa assim a liderança nas exportações 
brasileiras de tilápia. Em março passado, 
dois representantes da empresa estiveram 
no Boston Seafood Show para confirmar 
junto aos clientes norte-americanos, o 
compromisso de embarcar, já a partir de 
julho próximo, 25.000 lb semanais de filés 
(11,4 toneladas).
TECNOLOGIA - A Solar Instrumentação, 
Monitoração e Controle, localizada em 
Florianópolis-SC, é uma empresa 100% 
nacional que pesquisa, desenvolve e co-
mercializa instrumentos, projetos e solu-
6 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
7Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
ções para medição de grandezas químicas, 
físicas, aplicadas à monitoração de águas e 
efluentes, solos e florestas. Há mais de oito 
anos no mercado, desenvolveu importantes 
parcerias com universidades e instituições 
como a UFSC e EMBRAPA, produzindo ins-
trumentos e tecnologia em fotocolorimetria 
(foto), hidrossedimentologia, medição de 
pH, O2, entre outros, para campo e labora-
tório. Segundo a empresa catarinense, este 
amparo tecnológico, 
somado ao compro-
misso de cooperar 
com a preservação e 
recuperação do meio 
ambiente, fazem da 
Solar, uma empresa 
pronta para atender 
a iniciativa pública e 
privada.
CAMARÃO NA BAHIA – A produção de ca-
marão em 2004, na Bahia atingiu o volume 
de produção de 9.600 toneladas/ano. Cinco 
mil toneladas foram exportadas, incluindo o 
camarão na lista dos 15 itens mais impor-
tantes da pauta de exportação baiana. De 
todas as culturas primárias, a aqüicultura 
baiana é a principal geradora de empregos 
no estado, proporcionando 1,8 empregos 
diretos e 1,7 empregos indiretos por cada 
hectare. Segundo a Bahia Pesca, entre as 
ações de incentivo apoiadas pelo governo 
federal está a instalação, em Ilhéus, de 
um terminal de pesca, e um mapeamen-
to completo das zonas economicamente 
produtivas.
PESQUISA COM ORGÂNICOS - A certifi-
cadora de produtos orgânicos Naturland, 
reconhecida pela Federação Internacional 
dos Movimentos de Agricultura Orgânica, em 
cooperação com o Coop Naturaplan Fund, 
está iniciando dois programas de desenvol-
vimento, na área de aqüicultura orgânica. O 
Coop Naturaplan é o mais importante selo 
orgânico das lojas de supermercado suíças 
Coop. Um dos programas é o “Processamento 
de produtos orgânicos da aqüicultura”, que 
objetiva identificar substâncias alternativas 
ou técnicas para substituir o metabissulfito 
no processamento de camarões, e para 
a operação sem, ou com um mínimo de 
cloração da água. O outro programa “Antio-
xidantes naturais na farinha de peixe/óleo 
de peixe para alimentos orgânicos voltados 
para a aqüicultura”, pretende identificar 
substâncias alternativas ou técnicas para 
substituição de antioxidantes químicos.
SUCESSO DE VENDAS - A Textil-Sauter, no 
mercado há 10 anos no segmento de redes 
multifilamentos sem nó, está comemorando 
o sucesso de vendas da rede anti-pássaro 
para cobertura de tanques. Fabricada em 
polietileno altamente resistente aos raios 
solares, a rede protege os tanques contra 
aves piscívoras, evita a entrada de animais 
predadores e ajuda no sombreamento da 
área. Segundo a empresa, protegidos os 
peixes se alimentam melhor pois não fi-
cam estressados, favorecendo o ganho de 
peso e o crescimento mais rápido, o que 
significa aumento da produtividade e maior 
lucratividade. A empresa, que desenvolve 
seus produtos de maneira personalizada 
visando atender a necessidade de cada 
cliente, produz também comedouros, ber-
çários e tanques-rede com revestimento em 
PVC, uma novidade criada pela Sauter por 
ser mais resistente, de maior durabilidade, 
maleável e de fácil manejo.
VIVENDA DO CAMARÃO - Para buscar in-
vestidores e levar a marca a outros países, a 
empresa Vivenda do Camarão participou no 
México, no início de março, da feira de fran-
quias, FIF 2005. Com o apoio da Associação 
Brasileira de Franchising e da Agência de 
Promoção de Exportações (Apex), a empresa 
participará também de feiras nos Estados 
Unidos, Portugal e Espanha. No total, a rede 
tem 46 lojas nas principais capitais brasi-
leiras, sendo 13 franqueadas, uma delas em 
Portugal. A meta é chegar ao final de 2005 
com seis lojas no exterior, e assim vender 
fora do País, mais de 50 mil refeições/mês. 
No Brasil, são comercializados diariamente 
10 mil pratos prontos. Em 2004, a Vivenda 
do Camarão, que comercializa os camarões 
produzidos pela Sohagro, fazenda localizada 
em Valença, na Bahia, teve um faturamento 
de R$ 30 milhões, um crescimento de 30% 
em relação ao ano anterior. 
ACUI 2005 – Na região da Galícia, na Espa-
nha, o setor aqüícola possui grande impor-
tância, tanto no que se refere à produção 
como em número de empregos que gera. 
A aqüicultura galega é um dos principais 
fornecedores para os mercados europeus, 
além de ser um dos maiores produtores do 
mundo de determinadas espécies. Em função 
dessa importância, será realizado de 13 a 15 
de setembro, o Acui 2005, 1a Feira Interna-
cional de Aqüicultura da Galícia, que espera 
receber 125 expositores dos quais 20% 
estrangeiros e mais de 5.000 profissionais 
visitantes. Além de produtores e técnicos, 
estarão presentes os responsáveis por 
compras de hipermercados, de hotelaria e 
chefs de cozinha. No dia 12 de setembro, 
ocorrerão jornadas técnicas 
7Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
8 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril,2005
com a participação de experts do setor, 
que abordarão temas de interesse para a 
atividade. A feira é promovida pela Xunta 
de Galícia, Conselleria de Pesca e Assuntos 
Marítimos. Contatos: info@acui2005.com 
ou www.acui2005.com.
CAMARÃO NATIVO - A Seap celebrou con-
vênios no valor de mais de meio milhão 
de reais com a Universidade Federal de Rio 
Grande, para o desenvolvimento do cultivo 
do camarão nativo na Lagoa dos Patos. Com 
esses convênios o laboratório de Aqüicultura 
Marinha da Universidade Federal de Rio Grande, 
localizado na Praia do Cassino, em Rio Grande, 
vai desenvolver experimentos para o cultivo 
de camarões nativos em cercos, dentro da 
Lagoa dos Patos. O laboratório já trabalha 
com a reprodução e desenvolvimento do 
camarão rosa e também vai contar com os 
recursos para melhorar a sua infra-estrutura. 
Serão implantadas unidades demonstrativas 
e desenvolvidos estudos para a implantação 
de um parque aqüícola no interior da lagoa, 
viabilizando a produção de camarões.
PISCICULTURA ORNAMENTAL - Nos últimos 
cinco anos a piscicultura ornamental no Estado 
do Ceará ganhou novo significado, estando 
relacionada também a bons negócios. Desde 
2000, o setor vem registrando uma média de 
crescimento anual de 20%, tanto em relação a 
número de novos estabelecimentos, quanto de 
vendas. As projeções são de que a produção em 
cativeiro na próxima década responda por 90% 
do comércio. No Ceará, o cultivo de ornamentais 
está obtendo resultados tão positivos, que já 
existem piscicultores vendendo para outros 
estados. Porém, como o setor ainda se encon-
tra desorganizado, não é possível precisar o 
quanto de dinheiro movimenta esta promissora 
atividade. Só nos Estados Unidos, principal país 
importador de peixes ornamentais, mais de dez 
milhões de residências possuem aquários. O 
segundo país importador é o Japão.
FAO E A AQÜICULTURA – A FAO - Organiza-
ção das Nações Unidas para a Alimentação e 
a Agricultura, lançou no mês de março, um 
importante site com informações sobre a 
aqüicultura mundial. O Aquaculture Gateway 
Page faz parte do Sistema de Informação 
Global da Pesca (FIGIS) e pode ser acessado 
na Internet no seguinte endereço: www.fao.
org/figis/servlet/static?dom=root&xml=aqua
culture/index.xml 
CRÉDITO PARA O CAMARÃO – O Banco do 
Nordeste disponibilizou recursos para a 
carcinicultura em três linhas de crédito que 
abrangem financiamentos para o produto 
acabado, permitindo a formação de estoques 
reguladores; crédito rotativo para custeio a 
ser renovado automaticamente e, emprés-
timos para projetos de baixa salinidade 
(Programa Aquipesca). As estimativas são de 
possibilitar a contratação de R$ 200 milhões 
para o ano 2005, dando novo fôlego aos 
produtores para superar a crise que abalou o 
setor no ano passado. O financiamento para 
custeio com a possibilidade de renovação 
automática é uma grande conquista do setor, 
pois permite que os produtores garantam pre-
ços mais atrativos, compensando as perdas. 
De acordo com a ABCC, o preço médio do 
quilo de camarão exportado para os Estados 
Unidos ficou em US$ 4,42 em 2004, abaixo 
da cotação de US$ 5,00, considerada ideal 
pelos empresários. 
TAURA VENEZUELANA – A Síndrome de Taura 
atingiu diversas fazendas produtoras de 
camarão na Venezuela, principalmente nos 
estados de Zulia, Falcón, Trujillo e Nueva 
Esparta. De acordo com o Instituto para a 
Conservação do Lago Maracaibo (Iclam), 
cerca de 90% da produção de camarões está 
afetada, em conseqüência da presença do 
vírus. As especulações são de que o vírus 
da Taura tenha entrado no país, por meio 
de reprodutores utilizados por empresas 
produtoras de larvas, que teriam adquirido 
exemplares contaminados provavelmente 
provenientes do México ou Equador. As au-
toridades venezuelanas decidiram, além de 
esvaziar e secar os viveiros afetados nesses 
estados, regulamentar a movimentação de 
exemplares vivos no país, como medidas 
para controlar a difusão da enfermidade. 
As espécies susceptíveis de infestação 
pela Síndrome de Taura são o Litopenaeus 
vannamei, o L. stylirostris e o L. setiferus. 
O Brasil convive há anos com a Síndrome 
de Taura, sem que tenha causado prejuízos 
à sua carcinicultura. O vírus no Brasil se 
manifestou de forma bastante atenuada. 
GALINHA AQUÁTICA – A tilápia vem sendo 
chamada de “galinha aquática” e prova-
velmente será, em breve, uma ameaça ao 
salmão em termos de peixes produzidos por 
meio de técnicas orgânicas. Tal declaração 
foi dada por um representante da UK Sea 
Fish Industry, durante o Aquaculture Today 
2005, realizado em Edinburgh, na Escócia, 
em abril. A empresa prevê que no futuro 
próximo, iremos comer cada vez mais e mais 
peixes criados organicamente. 
QUEDA NAS VENDAS – O Rio Grande do Norte, 
registrou queda de 7% nas vendas de camarão 
para o mercado internacional no primeiro 
trimestre de 2005. Segundo a Secretaria de 
Desenvolvimento do Estado, esta é a primeira 
vez que isso ocorre nos últimos quatro anos. 
A indústria de beneficiamento e exportação de 
camarão vendeu no primeiro trimestre de 2005, 
US$ 18,15 milhões, contra US$ 19,52 milhões 
no mesmo período de 2004. Para o Sindicato 
das Empresas de Pesca do Rio Grande do Norte, 
a queda nas exportações tem relação direta 
com a demanda, já que entre janeiro e março, 
o mercado europeu costuma comprar menos 
em função de ter adquirido grande quantidade 
do produto no final do ano. Existe também a 
influência do mercado norte-americano, em 
função da definição quanto à taxa antidumping 
só ter sido definida em março, além da redução 
nas densidades de estocagem nos viveiros das 
fazendas. O Ceará também apresentou forte 
queda nas exportações de camarão no primeiro 
trimestre de 2005, apesar de ter ficado em 4o 
lugar no ranking dos produtos com maiores 
volumes de exportação. As vendas do camarão 
cearense em 2005 caíram cerca de 27% em 
relação ao mesmo período de 2004. Os valores 
negociados passaram de quinze milhões de 
dólares no primeiro trimestre do ano passado, 
para onze milhões de dólares no primeiro 
trimestre de 2005.
8 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
9Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
PATOLOGIAS E DOENÇAS - Está disponibi-
lizado na Internet, no endereço eletrônico 
http://www.dipnet.info/index.htm, uma pági-
na sobre patologias e doenças em organis-
mos aquáticos. O site, chamado Dipnet tem 
como objetivo principal integrar e estreitar 
os conhecimentos científicos atuais sobre o 
potencial de transferência de patógenos e 
de doenças entre populações de organismos 
aquáticos selvagens e populações de animais 
criados em cativeiro. Serve também de su-
porte para o desenvolvimento de políticas 
européias de proteção da saúde de popu-
lações de animais aquáticos naturais, que 
permitam o uso responsável dos ambientes 
aquáticos para fins de aqüicultura. 
PROMOÇÃO AQUABIO – A Sociedade Brasi-
leira de Aquacultura e Biologia Aquática está 
lançando uma promoção para seus sócios. 
Todos aqueles que renovarem suas anuidades 
receberão gratuitamente um volume do livro 
“Tópicos Especiais em Piscicultura de Água 
Doce Tropical Intensiva”. Receberão o livro, 
tanto os antigos sócios que já fizeram sua 
renovação neste ano, quanto os novos sócios 
que se afiliarem até o final de 2005. De acordo 
com o Estatuto da Sociedade, os novos sócios 
devem ser apresentados por sócios ativos.
DETECÇÃO DE WSSV –Um kit desenvolvido 
pela empresa EnBioTech do Japão para a 
detecção rápida do WSSV, utiliza tecnologia 
capaz de detectar partículas virais abaixo 
dos limites tradicionais dos testes de PCR. 
Em 20 minutos detecta rapidamente o WSSV 
em pós-larvas e em camarões estocados, 
com resultados obtidos com elevado grau de 
sensibilidade, o que é um fator importante 
para o controle da doença, podendo limitar 
o impacto potencial do vírus. O teste pode 
ser realizado em campo, na beira do viveiro 
e está sendo comercializado pela empresa 
norte-americana Aqua-In-Tech. 
PERDAS NA MARICULTURA – O diretor doEscritório do Governo da Galícia (Espanha) 
no Brasil, Juan José Maria Lago, alertou 
que o Estado de Santa Catarina perde 
US$ 100 milhões de investimentos na 
maricultura pela falta de regulamentação. 
Por ser uma atividade relativamente nova 
- há 15 anos desenvolvida no Estado - 
não há legislação para o uso do espaço 
marítimo. Vários órgãos ambientais têm 
competência sobre o assunto, cada qual 
com uma política, o que inibe o aporte de 
recursos. A Galícia hoje é uma referência 
mundial em pesca e maricultura. A maior 
cultura galega, de mexilhões, atinge 
257 mil toneladas por ano e representa 
o ingresso de 132 milhões de euros na 
economia da região, o equivalente a R$ 
450 milhões. Em SC, são produzidos 9,5 
mil toneladas de mexilhões e todo o setor 
de maricultura, incluindo ostras, vieiras, 
berbigão e polvo, além dos mexilhões, 
movimenta R$ 30 milhões por ano.
CÓDIGOS DE CONDUTA - A Seap abriu con-
sulta pública sobre os Códigos de Conduta 
da malacocultura, piscicultura, ranicultura 
e carcinicultura - esse elaborado pela ABCC. 
Os códigos têm como finalidade a orientação 
dos aqüicultores com relação às práticas 
das suas atividades. As versões preliminares 
encontram-se expostas ao público no site da 
Seap www.presidencia.gov.br/seap/ e estão 
abertas para sugestões até o dia 08 de julho. 
Durante este período, todos os aqüicultores 
interessados, poderão sugerir, por meio 
de um formulário, alterações nas versões 
preliminares disponibilizadas. Essas versões 
prévias, exceto à da carcinicultura, foram 
elaboradas a partir de um levantamento, 
realizado pela Seap, com base nos códigos 
de conduta já implementados em outros 
países.Todas as sugestões apresentadas 
serão compiladas em um relatório, e as 
versões finais dos códigos de conduta serão 
adequadas com base nessas sugestões.
CONAMA - No dia 17 de março, o Conse-
lho Nacional do Meio Ambiente publicou 
no Diário oficial da União, a Resolução 
357, que dispõe sobre a classificação dos 
corpos de água doces, salobres e salinas 
do Território Nacional e sobre as diretrizes 
ambientais para o seu enquadramento. 
A Resolução 357 estabelece também as 
condições e padrões de lançamento de 
efluentes e revoga a Resolução CONAMA 
20. Ao que parece, essa nova legislação 
será muito mais dura com os aqüicultores 
que trabalham no ambiente marinho do que 
com os que trabalham com a água doce. 
Em águas salinas (com salinidade maior 
que 30 partes por mil), a aqüicultura e a 
pesca serão realizadas em águas de Classe 
1. Na água doce estas atividades estão 
na Classe 2. A Classe 1 é ambientalmente 
mais restritiva que a Classe 2. Em água doce, 
a poluição orgânica será medida por meio da 
DBO - Demanda Biológica de Oxigênio, da 
concentração de cianobactérias e de clorofila-
a no ambiente, após o descarte do efluente 
do empreendimento. Em águas salinas, o 
parâmetro de controle será o COT - Carbono 
Orgânico Total, que é muito mais difícil de 
tratar e controlar. O limite máximo de COT 
é de 3 mg/L na Classe 1, na água salina, 
a qual pertence a aqüicultura. A clorofila 
não foi incluída como parâmetro legal para 
a água salina.
9Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
10 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
De: Alexandre Alter Wainberg
piau.nat@zaz.com.br
Para: carcinicultor@yahoogrupos.com.br
Assunto: WSSV
Na última reunião do cluster do camarão, 
em Natal-RN, tive notícias de uma nova 
erupção de WSSV em SC. Alguém sabe de 
alguma providência no sentido de garantir 
pl’s certificadas WSSV free no Brasil? Houve 
erupção de Taura na Venezuela e foram im-
portados camarões SPR dos EUA para tentar 
reverter a situação. Lá também era proibido 
importar crustáceos como medida preventiva. 
Os animais estão em quarentena e deverão 
começar a produzir em poucos dias para testes 
nas fazendas que estão secas por três meses. 
Existe alguma instalação de quarentena no 
Brasil, certificada pelo MAPA, que possa nos 
salvar em caso de necessidade de importação 
de linhagens WSSV free?
De: Jorge Nicolau
jorgeng@aquanorte.com.br
Para: carcinicultor@yahoogrupos.com.br
Assunto: Re: WSSV
Caro Alexandre, tenho escutado alguma coisa 
a respeito da disseminação da doença por 
outras fazendas, além das já infectadas. Diante 
da complexidade e diversidade de opiniões 
existentes em nossa atividade, a Aquanorte 
optou por vender desde o mês de março de 
2005, todas as suas pós-larvas com análise 
PCR / WSSV, feitas pelo Labomar, além de 
manter o mesmo controle para todos os lotes 
de reprodutores em maturação, monitorando 
ainda os que venham a entrar em produção, 
ainda na quarentena.
De: Alexandre Alter Wainberg
piau.nat@zaz.com.br
Para: carcinicultor@yahoogrupos.com.br
Assunto: Re: WSSV
Jorge, parabéns pela sua iniciativa, que in-
felizmente é solitária. Na minha opinião, já 
que o setor não se auto-regulamenta, o MAPA 
deveria obrigar todos a copiar seu exemplo. É 
um absurdo que os clientes dos laboratórios 
sejam obrigados a adquirir pl’s sem nenhuma 
biossegurança. As pl’s têm que ser livres de 
WSSV, IHHNV, NHP, Taura, etc.. Isto certamente 
vai refletir no preço das pl’s e tirar do mercado 
aqueles laboratórios que não tem condições de 
se adequar. O setor como um todo é bem mais 
importante que as empresas individuais.
De: Moacelio V Silva Filho
moacelio.listas@terra.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Mancha branca
Gostaria de saber se existe alguma observa-
ção desta virose em populações silvestres 
de camarão. 
De: Jorge Nicolau
jorgengoncalves@uol.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Mancha branca
Nos países onde o vírus WSSV atingiu os 
cultivos, observa-se a presença deste nas 
populações nativas, porém, sem que haja 
registro de impacto, vide os volumes da pesca 
de captura que se mantêm constantes, quando 
não são maiores. Por ser uma doença típica 
de estresse, e se considerarmos as condições 
e concentrações em que estes animais vivem 
nos oceanos, fica mais fácil de entender.
De: Elder Barroso
fazendacamponovo@fazendacamponovo.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Gosto em camarão 
Gostaria de retirar o gosto de terra em camarão, 
causado por cianofíceas. Existe outra forma 
que não seja a renovação de água?
De: Francisco Costa
hiran1968@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Gosto em camarão 
Acho que não existe milagre. Se teu viveiro tem 
cianofíceas em excesso e se os teus camarões 
estão com problema de off-flavor, a solução 
mais econômica é o calcário agrícola (100-150 
kg/ha), seguido de forte drenagem (20-30%), 
reabastecimento e repetir o processo por mais 
dois dias, alimentando bem os camarões.
De: Maristela
mcase@itep.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Gosto em camarão
Não seria mais correto monitorar a água para 
controlar os nutrientes e, desta forma, a flo-
ração das cianobactérias? Assim será menos 
impactante e diminuirá a probabilidade de 
novas florações, mantendo o camarão mais 
saudável.
De: Francisco Leão
francisco.leao@fleury.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Cultivo de jundiá
Alguém tem experiência de Jundiá em tanque-
rede? Será que vai bem? O Jundiá toleraria 
bem o manejo no frio? Se algum dos colegas 
tiver as respostas, por favor comente.
De: Gilberto Cielo
aguadoce@brturbo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Cultivo de jundiá
Seu interesse em cultivo de jundiá em tanque-
rede é oportuno. Este peixe nativo nasceu na 
piscicultura inicialmente para repovoamento 
de barragens na forma de alevino. A boa acei-
tação pelo mercado consumidor, a docilidade 
Para fazer parte gratuitamente da 
Lista Panorama-L vá ao site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
 clique em Lista de Discussão 
e siga as instruções.
você leu?
o seu cliente 
também....
anuncie!
solicite nossa 
tabela de preços
seu cliente 
certamente 
é nosso leitor
(21) 2552-2223
11Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
e a produção em altas densidades deste peixe, 
despertaram o interesse dos produtores para 
o cultivo em largaescala. Soma-se a isso, 
a proibição aqui no Rio Grande do Sul, pelo 
órgão ambiental, do cultivo e comercialização 
de catfish e clárias. Desenvolvi experimentos 
práticos de cultivo de jundiá branco e cinza 
em tanques-rede chegando à densidades 
de até 90 jundiás/m³, para abate com 850 
gramas. Atualmente é muito empregado em 
policultivo de carpas, com densidades baixas, 
1 peixe/10m². 
De: Paulo Sérgio Ramão
psramao@assis.unesp.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Procedimento HACCP, o que é isso?
Iniciei-me recentemente na criação de tilápias 
Supreme. Recebi uma proposta de venda para 
exportação, entretanto, o comprador pergun-
tou se minha produção segue os procedimentos 
HACCP. Logicamente, que neófito que sou, não 
sei o que vem a ser isso. Consulto, então, os 
colegas de lista.
De: Larissa Karsten
lari@netuno.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Subject: Re: Procedimento HACCP, o que é isso?
O sistema de Análise de Perigos e Pontos Crí-
ticos de Controle - HACCP (da sigla em inglês 
para Hazard Analysis Critical Control Points) é 
um sistema preventivo que busca a produção 
de alimentos inócuos. Ele está embasado na 
aplicação de princípios técnicos e científicos 
na produção e manejo dos alimentos desde o 
campo até a mesa do consumidor. Os princípios 
do HACCP são aplicáveis a todas as fases da 
produção de alimentos, incluindo a agricul-
tura básica, a pecuária, a industrialização e 
manipulação dos alimentos, os serviços de 
alimentação coletiva, os sistemas de distri-
buição e manejo e a utilização do alimento 
pelo consumidor. O conceito básico destacado 
pelo HACCP é a prevenção e não a inspeção 
do produto terminado. Os agricultores e pe-
cuaristas, as pessoas encarregadas do manejo 
e distribuição e o consumidor, devem possuir 
toda a informação necessária sobre o alimento 
e os procedimentos relacionados com o mes-
mo, pois somente assim poderão identificar 
o lugar onde a contaminação pode ocorrer, 
e a maneira pela qual seria possível evitá-la. 
Se o “onde” e o “como” são conhecidos, a 
prevenção torna-se simples e óbvia, e a ins-
peção e as análises laboratoriais passam a ser 
supérfluos. O objetivo é, além da elaboração 
do alimento de maneira segura, comprovar, 
através de documentação técnica apropriada, 
que o produto foi elaborado com segurança. 
O “onde” e o “como” são representados pelas 
letras HA (Análise de Perigos) da sigla HACCP. 
As provas de controle da fabricação dos alimen-
tos recaem nas letras CCP (Pontos Críticos de 
Controle). Partindo-se desse conceito, HACCP 
é nada mais que a aplicação metódica e siste-
mática da ciência e tecnologia para planejar, 
controlar e documentar a produção segura de 
alimentos. Uma definição prática de HACCP 
deve destacar que este conceito cobre todo 
tipo de fatores de risco ou perigos poten-
ciais à inocuidade dos alimentos (biológicos, 
químicos e físicos) sejam os que ocorrem de 
forma natural no alimento, no ambiente ou 
sejam decorrentes de erros no processo de 
fabricação. Enquanto os perigos químicos 
são os mais temidos pelos consumidores 
(agrotóxicos) e os perigos físicos os mais 
comumente identificados (pêlos, fragmentos 
de osso ou de metal, material estranho), os 
perigos biológicos são os mais sérios, do ponto 
de vista de saúde pública. Por esta razão, 
ainda que o sistema HACCP trate dos três 
tipos de perigo, os perigos biológicos devem 
ser abordados em maior detalhe. Por exemplo, 
um pedaço de metal (perigo físico) em um 
alimento pode provocar uma lesão bucal ou 
um dente quebrado em um consumidor, ao 
passo que a contaminação de um lote de leite 
pasteurizado com Salmonela, pode afetar a 
centenas ou milhares de consumidores.
De: Alisson Matos de Albuquerque
alissonmatos@bol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Subject: Re: Procedimento HACCP, o que é isso?
HACCP nada mais é que um método descriti-
vo de todas as etapas que você tem na sua 
produção. A sua descrição deve-se levar em 
conta os riscos que o teu produto sofre em 
cada etapa, dessa forma analisando esse risco 
(químico, físico e biológico). Você terá que 
explicar esse risco, mostrar como faz para 
controlá-lo, qual o nível desse risco (baixo, 
médio ou alto), quem vai monitorar o risco 
e uma medida corretiva caso o risco um dia 
se torne real e passe a ser um fato na sua 
produção. O HACCP para quem já trabalha com 
ele é um excelente mecanismo para manter a 
qualidade na sua empresa. Antes de implantar 
o HACCP conhecido no Brasil como APPCC 
(Análise de Perigos e Pontos Críticos de 
controle), você tem que implantar as nor-
mas de BPF (Boas Práticas de Fabricação) 
que são a base da estrutura do HACCP. As 
BPF são normas de controle de oito pontos, 
são eles: 1 Higiene das instalações, equi-
pamentos móveis e utensílios; 2 Controle 
da água; 3 Higiene e saúde dos operários; 
4 Manejo de resíduos; 5 Manutenção pre-
ventiva e calibração de equipamentos; 6 
Controle de pragas; 7 Seleção de matéria 
prima; 8 Recal. Vale ressaltar que essas 
normas são para HACCP em indústrias. Para 
fazendas temos as Boas Práticas Aqüícolas 
as quais o Ministério da Agricultura está 
começando a querer implantar, tendo em 
vista que alguns importadores de camarão 
estão exigindo um documento que compro-
ve toda rastreabilidade do produto o qual 
ele está comprando.
12 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
De: Jorge Luiz Vieira Cotan 
jlcotan@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Fecundação
Possuo um pequeno (didático) laboratório de 
reprodução de tilápias onde faço a retirada dos 
ovos da boca das fêmeas para incubação artificial 
e posterior indução de sexo. Ocorre que tenho 
observado muitos ovos não fecundados (brancos). 
Quais as possíveis causas deste problema?
De: Sergio Tamassia 
tamassia@softhouse.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Fecundação
Talvez no artigo A Simple Self-Contained Incubator 
for Cichlid Eggs, de George B. Brooks, Jr., você 
consiga achar algumas informações ou pistas para 
o seu problema. De uma maneira genérica, a não 
fecundação de ovos ou mortalidade destes podem 
estar relacionadas ou ser conseqüência de vários 
fatores de ocorrência individual ou simultânea, e 
são: a) qualidade nutricional das matrizes. Existem 
casos conhecidos para as carpas comuns, chinesas 
e catfish; b) qualidade do esperma; c) choques 
(térmicos, químicos, físicos); d) temperatura ele-
vada no início do desenvolvimento embrionário 
induz desagregação da mórula; e) embolia gasosa, 
e f) carga bacteriana elevada.
De: Alexandre Rodrigues 
ars_bettas@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Tilápia Gift/processamento de couro 
O Brasil poderia utilizar para o melhoramento 
genético de tilápia tailandesa, às tilápias 
“carecas”. Acredito que se elas não possuem 
a barbatana dorsal, o couro seria menos dani-
ficado e mais filé poderia ser retirado. O Brasil 
topou por acaso com essa mutação e creio que 
deveríamos dar crédito a esse peixe, que seria 
excelente no cultivo exclusivo de abate.
De: Eduardo Turra
geneforte@geneforte.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Tilápia Gift/processamento couro 
Informações devem ser obtidas para a escolha 
da espécie ou linhagem a ser trabalhada ge-
neticamente. Por exemplo: o desempenho da 
variedade sem nadadeira dorsal é melhor do que 
as variedades de nilótica com nadadeira? A na-
dadeira é importante para o equilíbrio e natação 
do peixe. A falta dela não determina maior gasto 
energético e, por isso, menor desempenho em 
ganho de peso? A população inicial de peixes 
carecas foi grande o suficiente para manter 
uma boa variabilidade genética? Geralmente, 
populações provenientes de mutações não o 
são. Uma base populacional pequena deter-
mina uma variedade que avançará pouco a 
partir de um trabalho de seleção e aumentará 
a consanguinidade rapidamente.
De: Alvaro Graeff 
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia Gift/processamento couro 
A tilápia Gift suporta temperaturas abaixo de 
13 graus,na água, por mais de 72 horas? Em 
caso contrário não podemos afirmar que pode 
ser criada em todo território nacional. Aí está o 
desafio do melhoramento genético para tornar 
a tilápia economicamente recomendável para 
criação nos estados sulinos e a necessidade dela 
ser biologicamente rentável em temperaturas 
abaixo dos 13 graus. Existem outros peixes que 
são recomendados para estas condições. 
De: Sergio Tamassia 
tamassia@softhouse.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia Gift (couro)
No site www.worldfishcenter.org/reshigh01_
3.htm podem ser encontradas algumas infor-
mações adicionais sobre a Tilápia Gift.
De: Carlos Alberto S. Suleiman
suleiman@cksnet.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Cloranfenicol
Gostaria de saber sobre a quemicitina na ração 
com hormônio.
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Cloranfenicol
Desconheço legislação pertinente ao uso de 
produtos quimioterápicos na aqüicultura no 
Brasil. Mas pensando que os peixes poderão 
ser exportados, devemos evitar o uso de 
medicamentos que tenham princípios ativos 
proibidos no países importadores. Os proibidos 
nos EUA e na Europa são: cloranfenicol, dime-
trazole, ipronidazole, metronidazole, outros 
nitroimidazoles, furazolidone, nitrofurzone. As 
fluoroquinolonas e glucopeptideos somente são 
proibidos nos EUA.
De: Ricardo Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: cloranfenicol
Usar quemicetina em aqüicultura comercial é 
uma temeridade, já que o princípio ativo dela 
é o cloranfenicol. Esta substância é um bom 
bacteriostático geral, mas pode gerar anemia 
aplásica em seres humanos, não raro levando à 
morte. O uso médico do cloranfenicol foi proibido 
em todo o mundo, sendo usado apenas em casos 
especiais e sem outras alternativas. A maior parte 
das proibições de importação de produtos pes-
queiros vem da constatação de resíduos mínimos 
de cloranfenicol, o que provoca a sua imediata 
devolução ou incineração. O camarão produzido 
em certos países foi banido da Europa e dos EUA 
por esta razão. Não há qualquer necessidade de 
usar esse ou qualquer outro agente bactericida 
na ração para reversão sexual. Todos os agentes 
biocidas causam estresse no peixe, o que pode, 
como conseqüência, facilitar a instalação de 
doenças por agentes oportunistas. Algumas 
pessoas podem desenvolver anemia aplásica 
só pelo contato manual com o cloranfenicol, e 
depois não há retorno. Portanto, cuidado com 
esta substância.
13Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
C om a presença de representantes de instituições e empresas que au-xiliam direta ou indiretamente na execução de projetos de pesquisas 
com peles de peixes, foi inaugurado no dia 15 de abril o Laboratório 
de Processamento de Peles de Peixes e Demais Espécies de Pequeno e 
Médio Porte. O laboratório faz parte de um projeto desenvolvido pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM) para o aproveitamento das peles 
de peixes provenientes dos resíduos de filetagem dos pesque-pague e 
aqüicultores da região. 
O projeto conta com apoio da SEAP, que destinou R$ 130 mil para 
a aquisição de equipamentos para o curtimento, acabamento e testes de 
resistência dos couros, da FADEC - Fundação de Apoio ao Desenvolvimento 
Científico e da Prefeitura de Maringá, que disponibilizou uma área de 
300m2 para a sua instalação, além do apoio da UEM, através de pessoal 
e infra-estrutura de laboratórios. 
Para dar suporte ao pro-
jeto, a Pró-reitoria de Pesquisa 
e Pós-graduação, através da 
EDUEM-Editora da Universidade 
de Maringá, viabilizou como 
material didático a edição do 
manual de curtimento, “Tecnolo-
gia para processamento das peles 
de peixe”, que pode ser adquirido 
com algumas amostras de peles 
de peixes curtidas, com e sem 
acabamento.
A UEM em conjunto com 
a UNESP de Jaboticabal e a Uni-
derp de Campo Grande-MS, já vem 
realizando trabalhos científicos 
na área de peles de peixes, abordando a histologia da pele, a microscopia 
eletrônica de varredura e, mais recentemente, os testes de resistência dos 
couros de diversas espécies com potencial para a indústria coureira. Com a 
montagem do novo laboratório, as pesquisas se intensificarão, não só com 
as peles de espécies de peixes de água doce, mas também marinha. 
Segundo Maria Luiza Rodrigues de Souza, professora do Departa-
mento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá, essas tecno-
logias de aproveitamento de subprodutos de pescado, principalmente de 
peles de peixes, já estão disponíveis e vêm sendo divulgadas e repassadas 
para a comunidade. A professora julga, porém, que trabalhos científicos a 
respeito da qualidade das peles ainda são poucos, e necessitam de mais 
pesquisas. As técnicas de curtimento que estão à disposição para os pis-
cicultores são extremamente simples e ecológicas, mas existem também 
técnicas mais sofisticadas com ou sem o uso de sais de cromo. Uma vez 
curtidas, as peles podem ser comercializadas a um preço que varia de 
meio a um dólar a unidade, e de 50 a 130 dólares/m2 das mantas, peças 
unidas por um sistema de corte e costura.
 A UEM conta ainda com várias técnicas para o acabamento dos 
couros e oferece cursos de extensão para a comunidade. O curso de Pós-
graduação conta com a disciplina intitulada “Tópicos especiais – Tecno-
logia de Peles e Couros” em nível de mestrado e doutorado.
Laboratório de Processamento de Peles 
de Peixes é inaugurado em Maringá
O Ministro José Fritsch, observa objetos 
de couro de tilápia processado
A professora Maria Luiza de Souza 
apresenta equipamento do laboratório 
de processamento de peles de peixes
14 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
Uma boa alternativa de cultivo para estuários e viveiros litorâneos
Por: Fernando Kubitza, Ph.D. (Acqua & Imagem)
e-mail: fernando@acquaimagem.com.br
Muitas espécies e linhagens de tilápia são eurialinas, o 
que lhes confere a capacidade de adaptação a ambientes 
de diferentes salinidades, podendo ser cultivadas tanto 
em água doce, salobra ou salgada. Em diversos países o 
cultivo de tilápias em águas estuarinas e marinhas tem sido 
avaliado em caráter experimental e, em alguns locais, já se 
consolidou como atividade comercial. O Brasil apresenta um 
grande potencial para cultivo de peixes em áreas estuari-
nas, notadamente na Região Nordeste. No entanto, devido 
à ausência de tradição e ao desconhecimento tecnológico 
do cultivo de peixes marinhos, o uso destas áreas para fins 
de aqüicultura tem se limitado ao cultivo de camarão e de 
moluscos. O cultivo de tilápias em tanques-rede nestes 
estuários deve ser firmemente avaliado, pois pode trazer 
significativos ganhos econômicos, sociais e ambientais para 
as populações locais, hoje severamente impactadas pelo 
declínio da atividade pesqueira.
O Brasil é um dos principais produtores mundiais de cama-
rão marinho e a infra-estrutura instalada para o cultivo do camarão 
pode ser também utilizada em cultivos consorciados (policultivo 
camarão e tilápia) ou mesmo em monocultivo de tilápias com 
mínimas adaptações nos viveiros ou nas estratégias de cultivo. 
O mercado nacional e internacional deste peixe é crescente e a 
infra-estrutura e logística hoje disponível para beneficiamento e 
exportação do camarão pode ser otimizada para o escoamento dos 
produtos da tilápia. A evolução do cultivo de tilápias no Equador é 
um exemplo real. Devido a problemas de sanidade nos cultivos de 
camarão marinho, os carcinicultores apostaram na tilápia. De uma 
produção ao redor de 2.500 toneladas de tilápia em 1998, o Equador 
produziu cerca de 30.000 toneladas em 2002, tornando-se o maior 
exportador de produtos de tilápia na América Latina. 
Tilápias cultivadas em águas salobras e salgadas não apre-
sentam problemas com off-flavor e sua carne geralmente se asse-
melha em sabor à carne de peixes marinhos. A textura (firmeza) 
da carne também é superior a observada em tilápias cultivadas em 
água doce, julgada pela experiência pessoaldeste autor. Assim, o 
cultivo de tilápias nestes ambientes, particularmente as linhagens 
vermelhas, pode resultar em produtos extremamente atrativos 
(quanto ao aspecto visual, sabor e preço) para atuar em um nicho 
de mercado hoje (sub) abastecido com espécies marinhas de alto 
valor, como os pargos rosado e vermelho, o robalo, a carapeba, a 
garoupa, entre outros.
 
As espécies e linhagens de tilápias e a relação com a salinidade
No mundo são reconhecidas mais de 70 espécies de ti-
lápias. No entanto, apenas quatro delas contribuem de maneira 
significativa para a composição do pool genético de tilápia hoje 
utilizado nos cultivos comerciais em todo o mundo: a tilápia do 
Nilo (Oreochromis niloticus), a tilápia azul (Oreochromis aureus), 
a tilápia de Moçambique (Oreochromis mossambicus) e a tilápia 
de Zanzibar (Oreochromis uroleps hornorum). Além do cultivo 
como espécie pura, o cruzamento direcionado entre duas ou mais 
destas espécies (hibridações e retro cruzamentos) tem sido utilizado 
para a obtenção de alevinos híbridos ou para o estabelecimento de 
linhagens com determinadas características desejáveis ao cultivo. 
Por exemplo, o crescimento precoce, a obtenção de progênies 
com maior percentual de machos (híbridos), tolerância ao frio, 
resistência à alta salinidade, facilidade de captura, maior eficiência 
reprodutiva, entre outras. Características relacionadas ao mercado 
também foram contempladas, particularmente no que diz respeito 
à obtenção de linhagens vermelhas (que reúne padrões de cor que 
vão do branco ao rosa, ou passam por diversos tons de amarelo, 
laranja e vermelho claro). A seguir serão apresentadas informações 
sobre a tolerância e desempenho das principais espécies e linhagens 
de tilápia em águas salobras e salgadas. 
Para efeitos práticos desta revisão, quando forem feitas 
referências à água doce, salobra ou salgada, sem especificar o 
valor exato da salinidade, o leitor deve ter em mente os seguintes 
limites: água doce < 1ppt; água salgada >20ppt; e água salobra, 
salinidades entre 1 e 20ppt. Com base na divisão prática aqui pro-
posta, em função do regime das marés e do regime de chuvas, os 
ambientes estuarinos geralmente devem ser vislumbrados como 
uma combinação de águas salobras e salgadas. 
Tilápia do Nilo
A Oreochromis niloticus é a espécie mais cultivada no 
mundo, devido, principalmente, a alta prolificidade, maturação 
sexual mais tardia e crescimento mais rápido em comparação 
às espécies e híbridos relacionadas neste artigo. A grande maio-
ria das tilápias produzidas no Brasil carrega material genético 
de O. niloticus (Foto 1).
Foto 1 - Tilápia do Nilo 
(Foto Kubitza)
A tilápia tailandesa (Foto 2 ) introduzida em 1996 e a recém 
introduzida tilápia Supreme são linhagens comerciais desenvolvi-
das na Ásia a partir da combinação de materiais genéticos de O. 
niloticus originários de diversos locais da África. 
15Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
Foto 2 - Tilápia Chitralada 
Tailandesa (Foto Kubitza)
Inúmeros estudos avaliaram a capacidade de adaptação 
desta espécie em cultivos em água salobra e salgada e muitas ve-
zes são visualizados grandes contrastes nos resultados, que podem 
ser atribuídos à pureza genética dos estoques avaliados e a outras 
condições inerentes a cada um dos estudos. Em resumo, parece 
haver um consenso quanto a melhor eficiência reprodutiva desta 
espécie em água doce, comparada a águas salobras. Apesar de 
ser capaz de se reproduzir normalmente em águas com salinidade 
de 7 a 14ppt (ou 7 a 14g de sais/litro), a eficiência reprodutiva e 
o desenvolvimento de pós-larvas são melhores em água doce. A 
sobrevivência das pós-larvas na primeira semana de vida é muito 
baixa em salinidades acima de 10ppt. Metade dos ovos e das larvas 
morre após 96 horas de exposição à água com salinidade ao redor 
de 19ppt. Em água salgada (32ppt) a tilápia do Nilo não é capaz 
de se reproduzir.
Alguns estudos sugerem que a tilápia do Nilo pode ser acli-
matada a águas com salinidade de 30ppt ou até mesmo superior a 
isso. No entanto, o crescimento desta espécie parece ser maximizado 
a salinidades entre 10 e 12ppt (salinidade isoosmótica em relação 
aos fluídos corporais – plasma e fluídos celulares). Há registros de 
que até 16-18ppt o crescimento é semelhante ao observado em água 
doce. Em estudo sobre tolerância à salinidade, foi registrada uma 
salinidade letal mediana (salinidade que mata 50% dos animais) 
ao redor de 46g/l para O. niloticus quando a adaptação à salinidade 
ocorreu a acréscimos entre 2 e 8ppt por dia. 
No Brasil, Ostrenski et al (2000) observaram que a tilápia 
do Nilo pode ser aclimatada a salinidade ao redor de 25ppt. No 
entanto, mortalidade total foi registrada após 90 minutos em água 
com 30ppt. Hena et al (in press) registraram alta mortalidade em 
O. niloticus em salinidades de 23 e 30ppt, atribuída tanto ao es-
tresse osmoregulatório quanto à maior susceptibilidade à doenças. 
Em um experimento piloto com tanques-rede realizado pela Bahia 
Pesca no estuário de Camamu, na Bahia, foram registradas altas 
incidências de ulcerações na pele e alta mortalidade de tilápias da 
linhagem tailandesa em local com salinidade entre 26 e 28ppt. Em 
outro local com salinidade ao redor de 20ppt a sobrevivência foi 
de 76% para a tailandesa. Além da maior salinidade, neste segundo 
local também predominaram correntes de água de maior velocidade 
(entre 10 e 22m/minuto), que pode ter imposto maior estresse aos 
peixes confinados. Em um estudo realizado em aquários avaliando 
o crescimento da tilápia do Nilo em diferentes temperaturas e sali-
nidade (Likongwe et al 1996) também apareceram lesões na pele 
dos peixes quando a salinidade atingiu 16ppt a uma temperatura de 
32oC. Essas lesões não ocorreram na mesma salinidade a tempera-
turas de 28 e 24oC. Wainberg (em comunicação pessoal) observou 
reduzido crescimento, lesões corporais e hemorragias em tilápia 
tailandesa e dois outros híbridos vermelhos em viveiros quando a 
salinidade ultrapassou valores de 16 a 18ppt. 
Em contraste com a tolerância à salinidade registrados no 
Brasil, ensaios de crescimento realizados em tanques escavados 
nas Filipinas resultaram em índices de sobrevivência entre 82 e 
94% quando a salinidade da água flutuou entre 14 e 35ppt ou entre 
17 e 50ppt. Alevinos de 3 a 4 gramas atingiram peso médio entre 
80 e 125 gramas após 90 ou 120 dias de cultivo (Watanabe et al 
1997; Guerrero e Guerrero 2004). Essas diferenças talvez sejam 
um reflexo da pureza dos estoques genéticos de O.niloticus nestes 
dois países ou de outras variáveis ambientais nos locais onde foram 
realizados os testes.
Tilápia de Moçambique
A Oreochromis mossambicus ou Tilápia de Moçambique 
é uma das espécies mais tolerantes à salinidade. Sobrevive bem a 
concentrações de sal de até 70ppt e tolera concentrações próximas 
de 120ppt quando adaptada gradualmente. Consegue se reproduzir 
em águas de salinidade próxima a 50ppt. A eficiência reprodutiva 
desta espécie é cerca de três vezes maior em água com salinidade 
entre 9 e 15ppt do que em água doce. No cultivo desta espécie em 
água doce foram registrados altos índices de mortalidade.
A tilápia de Moçambique contribuiu com material genético 
para a formação de diversas linhagens de tilápia. Uma das mais 
conhecidas é o híbrido vermelho denominado Tilápia Vermelha da 
Flórida (TVF). Nas Filipinas está sendo desenvolvido um programa 
para a produção de linhagens de tilápia capazes de crescer bem e 
se reproduzir em água salgada. Este programa tem como base a 
hibridação entre O. mossambicus e O. niloticus. Os pesquisado-
res envolvidos neste programa registraram valores de salinidade 
mediana letal (salinidade que mata 50% dos peixes utilizados no 
experimento) de 54ppt para a tilápia do Nilo, 115ppt para O. mos-
sambicus, e entre 97 a 112ppt para os híbridos recíprocos entre estas 
espécies e seus retrocruzamentos com O. mossambicus.
Tilápia de Zanzibar
A Oreochromis urolepis hornorum ou Tilápia de Zanzibar(Foto 3) também tolera e se reproduz em salinidades acima de 30ppt. 
O. hornorum foi oficialmente introduzida no Brasil na década de 70 
pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) 
e foi experimentalmente utilizada para a produção do híbrido com 
a tilápia do Nilo. Recentemente, na Estação da CHESF em Paulo 
Afonso foi realizada a hibridação experimental de O. hornorum 
com a tilápia tailandesa (Chitralada), onde foram obtidos híbridos 
F1 100% machos e indivíduos ¾ (retrocruzamento do híbrido com 
a tilápia tailandesa). A tolerância destes híbridos à salinidade deve 
ser avaliada. Se eles apresentarem a tolerância da O. hornorum, 
pode estar aí um bom material genético para o cultivo em águas 
salobras e salgadas. 
Foto 3 – Tilápia de Zanzibar 
(Foto Panorama)
Tilápia Azul
Há registros de cultivos da Oreochromis aureus ou Tilápia 
azul (Foto 4) em água com salinidade entre 39 e 45ppt. No entanto, 
esta espécie apresenta crescimento mais lento que O. spilurus e 
que a tilápia vermelha de Taiwan nos cultivos em água salgada. 
Os híbridos entre O. niloticus e O. aureus parecem se desenvolver 
bem em água salgada (32–34ppt). A tilápia azul é conhecida por 
16 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
17Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
Tilápia Vermelha da Flórida 
Esta linhagem foi originada do cruzamento de um macho 
mutante vermelho de O. mossambicus com uma fêmea normal O. 
hornorum (Foto 5).
Em alguns países onde foi introduzida (particularmente 
em países da Ásia, América Central, América do Sul e Ilhas do 
Caribe) a Tilápia Vermelha da Flórida - TVF sofreu ao longo do 
tempo contribuições de outras espécies de tilápia. No entanto ainda 
conserva um forte componente genético de O. mossambicus, o que 
lhe confere grande tolerância a altas salinidades. A TVF cresce 
melhor do que indivíduos puros O. mossambicus. O crescimento 
e a conversão alimentar da TVF são melhores em águas salobras 
(> 10ppt) do que em água doce (1ppt). O crescimento a 18ppt foi 
melhor do que o obtido em água doce ou a uma salinidade de 36ppt. 
O desempenho da tilápia vermelha da Flórida em água salgada é 
bem razoável, sendo possível, a partir de alevinos de 1 a 5g atingir 
peso médio ao redor de 450g em 150 a 160 dias de cultivo com 
conversão alimentar ao redor de 1,8:1 com rações contendo entre 
25 e 32% de proteína. 
A TVF foi introduzida na Colômbia e no Equador, neste 
último como opção para o cultivo em águas de alta salinidade. 
Nestes países alguns híbridos foram derivados desta linhagem, 
como a Red Jumbo 1 (híbrido com O. niloticus). No Brasil, a Bahia 
Pesca realizou um cultivo experimental de tilápias vermelhas hí-
bridas (denominadas Red Jamaica, como as da Foto 6 no estuário 
de Camamu (Bahia). Alevinos de 1g atingiram peso médio final 
de 350 a 550g com 200 dias de cultivo. No entanto, a conversão 
alimentar não foi das melhores, girando entre 2,4:1 e 3,9:1. No local 
de maior salinidade (26-28ppt) e de maior velocidade da água (10 a 
22m/minuto) as tilápias apresentaram manchas esbranquiçadas na 
pele e lesões ulcerativas. Essa possível baixa tolerância à salinida-
des de 26-28ppt nos faz acreditar que a Red Jamaica não carrega 
uma grande contribuição de O. mossambicus. Wainberg também 
observou problemas a salinidades acima de 18ppt (reduzido cres-
cimento e lesões na pele) em tilápias vermelhas oriundas de duas 
localidades do nordeste, o que nos leva a crer que a contribuição 
de O. mossambicus nestes peixes também é reduzida. 
Quanto à capacidade reprodutiva, apesar da TVF ser capaz 
de se reproduzir a salinidades de até 36ppt, a produção de pós-lar-
vas foi duas vezes melhor a 5ppt do que a 18ppt. Acima de 18ppt 
há uma redução acentuada na fertilização dos ovos e na taxa de 
sua maior tolerância ao frio e muito utilizada em cruzamentos onde 
esta característica é desejada. Grande parte da tilápia cultivada na 
China é composta por híbridos entre O. niloticus e O. aureus. 
Foto 4 - Exemplar de 
Oreochromis aureus 
(Foto Kubitza)
eclosão e na sobrevivência das 
pós-larvas. 
Tilápia Vermelha de Taiwan 
Este é outro híbrido 
vermelho originado do cruza-
mento entre O. mossambicus x 
O. niloticus. A Tilápia Vermelha 
de Taiwan - TVT cresce bem a 
salinidades entre 17 e 37ppt. No 
entanto, é bastante sensível ao 
manuseio sob altas salinidades. 
O comportamento de reprodução 
deste híbrido é inibido em água 
salobra ou salgada, o que pode 
ser devido ao legado genético de 
O. niloticus, que também não é 
capaz de se reproduzir em água 
salgada (32ppt). Isso certamente 
é uma vantagem no cultivo em 
águas de alta salinidade, reduzindo os problemas com a superpo-
pulação dos viveiros. No entanto, a produção de alevinos tem que 
ser feita em locais com água doce ou salobra. Guerrero e Guerrero 
(2004) compilaram informações sobre o cultivo experimental de um 
híbrido vermelho entre O. mossambicus e O. niloticus em viveiros 
com água de salinidade ao redor de 32ppt. Alevinos de 8g atingiram 
180g em 120 dias de cultivo. A sobrevivência foi de 83%.
Outras espécies de tilápia tolerantes a altas salinidades 
Apesar de pouco utilizadas em cultivos comerciais, Ore-
ochromis spilurus e Sarotherodon melanotheron são espécies de 
tilápia altamente tolerantes à salinidade. O. spilurus também é 
mais tolerante ao frio do que a tilápia vermelha da Flórida, porém 
apresenta menor crescimento que esta em água salgada. Sarothe-
rodon melanotheron tolera salinidades de até 120ppt, porém cresce 
muito lentamente. Há estudos avaliando a tolerância à salinidade e 
o crescimento de híbridos desta espécie com O. niloticus. Juvenis 
de S. melanotheron apresentaram mortalidade mediana (50% dos 
peixes) a uma salinidade próxima de 125ppt.
Avaliação da tolerância à salinidade 
Em virtude da grande variabilidade na composição genética 
de híbridos e linhagens de tilápia cultivadas no Brasil, a melhor 
maneira de se assegurar da tolerância de uma determinada espécie à 
salinidade é realizar um teste prático. Neste teste, grupos de 20 a 50 
peixes devem ser colocados em caixas ou aquários experimentais. 
Seria interessante realizar o ensaio com juvenis ao invés de peque-
nos alevinos. A salinidade pode ser aumentada a taxas diárias de 3 
a 5ppt. O uso de água do mar (ao invés da simples adição de sal) 
na mistura com a água dos aquários experimentais é recomendável, 
pois a água do mar apresenta uma mistura mais completa de sais 
presentes no ambiente onde será realizado o cultivo. O balanço 
entre os íons presentes na água pode influenciar na tolerância dos 
peixes à salinidade. A salinidade deve ser gradualmente elevada. 
O ponto de mortalidade mediana (salinidade na qual a mortalidade 
acumulativa atingiu 50% dos peixes de um determinado aquário) 
e de mortalidade completa (salinidade na qual se atingiu 100% de 
mortalidade dos peixes em um determinado aquário). Estes valo-
res de salinidade, comparados com as salinidades observadas nos 
possíveis locais de cultivo poderão dar ao produtor uma idéia da 
adequação de um certo tipo de tilápia ao cultivo. Avaliada a tolerância, 
Foto 5 - Tilápia vermelha no 
nordeste: possível contribuição 
da tilápia vermelha da Flórida 
(Foto Kubitza)
Foto 6 - Tilápias vermelhas 
(Foto Kubitza)
18 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
o produtor deve fazer um ensaio piloto de cultivo e verificar se o de-
sempenho dos peixes é satisfatório (crescimento, conversão alimentar 
e sobrevivência). 
Salinidade e crescimento
Salinidades ao redor de 10 a 12ppt são consideradas isoosmóti-
cas para as tilápias. Nesta faixa de salinidade o consumo de oxigênio é 
minimizado, sugerindo um menor gasto de energia para osmoregulação 
(manutenção do equilíbrio de sais nos fluídos corporais – plasma e 
fluídos celulares). Salinidades isoosmóticas potenciam o crescimento 
de O. niloticus, O. mossambicus e da tilápia vermelha da Flórida. Para 
a tilápia vermelha da Flórida e a tilápia de Moçambique, a produção 
de pós-larvas também é mais eficiente nestassalinidades. 
Em geral, os híbridos vermelhos usados em cultivos comer-
ciais no mundo, crescem melhor em águas salobras do que em água 
doce ou água salgada. Yi et al (2004) avaliaram o desenvolvimento de 
uma linhagem de tilápia vermelha oriunda da Tailândia em viveiros 
fertilizados, sem o uso de ração. Peixes estocados com 22g, aos 160 
dias alcançaram peso médio de 88g na água doce contra 144 a 150g 
a 10ppt, 123 a 142g a 20ppt e 106 a 115g a 30ppt. A sobrevivência 
em todas as salinidades foi de 100%. O crescimento destes híbridos 
vermelhos em água salobra (salinidade próxima da isoosmótica) foi 
superior ao registrado em água doce ou em água salgada (30ppt). Isso 
também foi observado para a tilápia vermelha da Flórida, para a tilápia 
de Moçambique, para híbridos entre O. mossambicus e O. hornorum e 
para a Tilápia vermelha de Taiwan (O. mossambicus x O. niloticus). 
Diversos motivos foram apresentados para explicar este melhor 
crescimento em águas isoosmóticas. O primeiro deles é o menor custo 
energético com a osmorregulação. Russel et al (2003) registraram uma 
menor taxa metabólica de manutenção em tilápia de Moçambique 
aclimatadas à água salgada do que em peixes em água doce. O segundo 
é a redução na agressividade de alguns híbridos vermelhos em águas 
salobras e salgadas. O oposto foi observado para a tilápia do Nilo, 
com o aumento da agressividade entre os peixes quando a salinidade 
aumento gradualmente de 0 a 36ppt. Esta maior agressividade pode 
estar relacionada com a mortalidade registrada ao longo da adapta-
ção gradual deste peixe à água salgada. Um terceiro componente é o 
aumento geral na taxa metabólica em tilápias aclimatadas em água 
salgada comparado aos mesmos peixes aclimatados em água doce. Na 
tilápia vermelha da Flórida cultivada em águas de alta salinidade foi 
observado aumento no consumo de alimento e uma melhor conversão 
alimentar. Russel et al (1994) verificaram um aumento na produção de 
hormônio de crescimento e uma maior atividade das células produtoras 
deste hormônio na hipófise das tilápias de Moçambique aclimatadas 
em água salgada, comparadas a peixes mantidos em água doce. Isso 
pode ser uma das causas do aumento no metabolismo e no crescimento 
desta espécie de tilápia em água salgada. 
Há um consenso entre produtores e técnicos de que as linha-
gens vermelhas híbridas existentes no Brasil apresentam crescimento 
inferior ao registrado para as linhagens com base genética de tilápia 
do Nilo quando cultivadas em água doce. No entanto, essa diferença 
pode ser menos acentuada em águas salobras ou salgadas. Assim, 
vale a pena reavaliar o crescimento destes peixes em locais com água 
salgada ou que apresentam grande flutuação na salinidade.
Adaptação à água salgada
Os dois fatores mais importantes no sucesso da adaptação 
à água salgada são a idade (tamanho) dos juvenis e a estratégia de 
adaptação. Tanto para a tilápia vermelha da Flórida como para O. 
niloticus a tolerância à água de alta salinidade é maior após os 40-50 
dias de vida. O tamanho parece ser mais importante do que a idade 
em determinar esta tolerância. Para O. niloticus a tolerância máxima à 
água salgada parece ser atingida com alevinos maiores que 5cm. Para 
O. mossambicus e seus híbridos com O. niloticus, alevinos já com 
2,5cm apresentam boa tolerância à transferência à água salgada.
Diversos estudos demonstraram que as principais espécies e 
híbridos de tilápia usadas na aqüicultura não toleram transferência direta 
da água doce para a água salgada. S. melanotheron, considerada uma 
tilápia altamente resistente à salinidade, apresentou 90% de mortalidade 
sete horas após a transferência direta de alevinos de 20g da água doce 
para uma água de 35ppt. Para Oreochromis aureus a transferência direta 
da água doce para água com salinidade maior que 21ppt resultou em 
mortalidade. Com a adaptação gradual, com incrementos de 5ppt ao dia 
esta espécie tolerou salinidade de até 52ppt. Para as espécies de tilápia 
hoje cultivadas, a transferência direta de água com 0 para 10ppt é con-
siderado um procedimento seguro. A partir deste ponto é recomendado 
um aumento gradual da salinidade não ultrapassando incrementos de 
5ppt ao dia. Assim, são necessários cinco a seis dias para completar a 
aclimatação à água salgada (32ppt) para as espécies capazes de tolerar 
esta salinidade. A tilápia vermelha da Flórida, a tilápia de Moçambique 
e os híbridos O. mossambicus x O. niloticus toleram transferência direta 
da água doce para água com salinidade próxima de 18 a 20ppt. 
Considerações finais
O Brasil conta com extensas áreas de estuários, onde a pesca arte-
sanal já deixou de ser uma importante fonte de renda para as populações 
locais. A aqüicultura nestas áreas, além de restaurar o desenvolvimento 
sócio-econômico, contribuirá com a redução na pressão de captura 
exercida pela pesca. A falta de tradição e de domínio da tecnologia de 
cultivo de peixes marinhos tem limitado à exploração aqüícola destas 
áreas ao cultivo de moluscos. O cultivo de tilápias em tanques-rede pode 
ampliar o leque das atividades econômicas nos estuários e minimizar o 
risco de empreendimentos pioneiros voltados ao desenvolvimento do 
cultivo de peixes marinhos. 
Adicionalmente, há no país uma considerável infra-estrutura 
já instalada para o cultivo do camarão marinho no nordeste. O cultivo 
de tilápias nestes empreendimentos pode ser uma excelente alternativa 
de diversificação e minimização de riscos, principalmente com a atual 
situação de preços e com as sanções comerciais impostas ao Brasil e 
outros países no mercado internacional do camarão. Não custa men-
cionar a necessidade de, antes de empenhar grandes investimentos na 
tilapicultura, avaliar com cautela as opções e tendências do mercado, 
bem como as condições de infra-estrutura e equipamentos disponíveis 
ao cultivo. Particularmente, a despesca da tilápia em tanques escavados 
é muito mais difícil do que a do camarão. Isso poderá demandar investi-
mentos adicionais na adequação das unidades de cultivo e na aquisição 
de equipamentos que facilitem o processo de produção e colheita. 
Outro passo importante é a adequada seleção das espécies ou 
linhagens de tilápias candidatas ao cultivo em águas salgadas. Testes 
de tolerância e desempenho são obrigatórios sob as condições preva-
lentes em cada localidade. Estes testes devem ser realizados ao longo 
de todo o ano para cobrir todas as variações ambientais possíveis. O 
desenvolvimento de linhagens específicas de tilápia pode demandar o 
uso de estratégias de hibridação e/ou a implementação de programas 
de seleção e melhoramento genético para a obtenção de populações 
com maior tolerância à salinidade e melhor desempenho. As linha-
gens de O. niloticus avaliadas no Brasil não são capazes de tolerar 
condições de salinidade acima de 20ppt. As linhagens de tilápias 
vermelhas avaliadas no cultivo também apresentaram problemas 
de desempenho e baixa sobrevivência quando a salinidade superou 
os limites de 26ppt. Outras linhagens devem ser avaliadas e, se não 
forem adequadas, será necessária a importação de material genético 
específico para o cultivo em águas salgadas.
As referências bibliográficas deste artigo foram omitidas e podem ser solicitadas 
ao autor através de e-mail, além de poderem ser acessadas na edição on-line 
no site www.panoramadaaquicultura.com.br
19Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
O cultivo de peixes em águas estuarinas é um dos mais importantes desafios que a Bahia Pesca vem enfrentando nos últimos anos. O 
objetivo de desenvolver a piscicultura marinha nos 
municípios litorâneos do Estado é o de promover a 
melhoria das condições de vida de marisqueiras e 
pescadores artesanais, inserindo-os profissional-
mente em um dos muitos elos que compõem a cadeia 
produtiva do pescado cultivado. Nessa empreitada, a 
Bahia Pesca conta com a participação de importantes 
parceiros, destacando-se o Sebrae e, a Secretaria 
de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais(SECOMP), através do Projeto Boapesca, que se 
dedica a promover cursos de capacitação e a prover 
o mínimo de infra-estrutura necessária para que os 
envolvidos possam se integrar ao trabalho. 
Os primeiros resultados desse esforço já são vistos em Ta-
peroá, um município da Costa do Dendê, localizado a 280 km ao 
sul de Salvador, onde módulos de tanques-rede já estão produzindo 
as primeiras safras de tilápia Chitralada. Lá, uma bem estruturada 
unidade de processamento, já em operação, garante a filetagem 
dos peixes. A conseqüência de tudo isso, é o entusiasmo diante das 
boas perspectivas que já podem ser vislumbradas pelos pescadores 
da Colônia de Pesca Z-53.
O uso dos estuários para o cultivo de pescados está entre as 
melhores opções quando o que se deseja é manter marisqueiras e 
pescadores artesanais no 
ambiente em que sempre 
viveram. Segundo o líder 
local e presidente da Co-
lônia de Pescadores Z-53, 
de Taperoá, Luiz Paixão 
Silva Oliveira (foto ao 
lado) não há outra saída 
senão o cultivo de pes
A tilápia nos estuários do sul da Bahia
Pescadores aos poucos se transformam em aqüicultores
20 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
21Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
cados, para atenuar os problemas da escassez da pesca e da 
super exploração dos mangues pelas comunidades carentes. 
Com sua experiência, sabe que os recursos do mangue estão 
escasseando e que a sua capacidade de ser explorado está no final 
- “Quando a agricultura fica fraca, o pessoal vem pro mangue, só 
que o mangue já está com excesso de usuários e não agüenta tanto 
esforço”, diz Luiz Paixão, apontando com tristeza as inúmeras 
canoas que na maré vazante saem perigosamente superlotadas de 
gente, inclusive crianças, para catar mariscos e tudo o mais que 
puder ser catado, por entre as árvores dos mangues da região (foto 
abaixo). Não basta, portanto, que o mangue esteja de pé verdejante, 
é preciso também que sua exploração seja feita de forma sustentável 
para que continue exercendo a sua função.
Taperoá
 O trabalho que a Bahia Pesca desenvolve atualmente 
em Taperoá, está principalmente voltado para a formação dos 
pescadores, para que possam entender os aspectos do manejo do 
cultivo dos peixes nas gaiolas e saber como lidar no dia-a-dia com 
os cuidados de alimentação, biometria, manutenção das estruturas 
de fixação, etc. A empresa atua implantando o que chama de “mó-
dulos de capacitação”, compostos por 12 tanques-rede (2 x 2 x 1,8 
m). Dois deles são utilizados como berçários e os 10 restantes para 
engorda. Uma vez instalado, cada módulo de capacitação passa a 
ser gerenciado por um grupo de cinco famílias, que se revezam 
diariamente nas tarefas de manutenção, alimentação e vigilância 
dos cultivos de tilápia Chitralada
 A relação da Bahia Pesca com a tilápia nilótica da li-
nhagem Chitralada vem desde 1999, quando a empresa importou 
alevinos diretamente da Tailândia. Desde então, três estações da 
empresa seguem produzido alevinos revertidos, com destaque 
para a Estação de Piscicultura de Jequié, onde são produzidos os 
alevinos destinados aos cultivos nos estuários do sul do estado. 
Uma aclimatação, porém, é necessária, antes de serem colocadas 
nos berçários de Taperoá. Atualmente, os alevinos de 30 dias e 
peso médio ao redor de uma grama saem de Jequié (em salinidade 
5 ‰ ) para a Fazenda de Camarão da Bahia Pesca, no município 
de Santo Amaro da Purificação, onde são aclimatados lentamente 
para a salinidade de 15 ‰, e só então são transportados para as 
gaiolas bercários.
 Nesta fase os alevinos de 1-2 gramas, já aclimatados, 
são colocados nos tanques-rede que usam inicialmente malha de 4 
mm e abrigam, cada um, ao redor de 6.000 alevinos. Após algumas 
semanas, o saco da rede é substituído por outro de malha de 8 mm, 
até completar os 60 dias, quando os peixes atingem pesos entre 
20 e 30 gramas. Na fase seguinte, os alevinos dos dois tanques 
berçários são distribuídos pelas 10 gaiolas destinadas à engorda. 
Cada uma, agora com malha de 17 mm, recebe 800 alevinos, que 
engordados por mais quatro meses serão abatidos com 700 gramas 
de peso médio.
Tilápia nas Gaiolas 
A Bahia Pesca iniciou em 2001 as primeiras pesquisas 
com o objetivo de avaliar técnica e economicamente o cultivo 
de tilápias em tanques-rede nos estuários de água salgada. Os 
experimentos foram realizados em localidades ao sul da Bahia: 
Barra do Serinhaém e Canavieiras, ambos localizados na Baia de 
Camamu. Os estudos serviram também para conhecer o desempe-
nho da linhagem Chitralada (nilótica) e de um híbrido de tilápia 
vermelha denominado comercialmente de Red Jamaica. 
A experiência revelou importantes aspectos do cultivo, 
mostrando que ambas as tilápias podem ter um bom desempenho, 
desde que alguns aspectos ligados à dinâmica das correntezas, 
sejam respeitados na hora da escolha definitiva do local onde 
serão fundeados os tanques-rede. Fato comprovado nos módulos 
instalados na localidade de Canavieiras, que por estarem em local 
com correntes mais fracas e águas menos salinas, apresentaram 
resultados bem superiores aos de Barra do Serinhaém, onde as 
correntes eram fortes e a salinidade bem maior. Possivelmente 
em decorrência do aumento do gasto energético, a conversão 
alimentar em Barra do Serinhaém, foi bem mais elevada. Além 
disso, o estresse fisiológico debilitou os peixes e reduziu a imu-
nidade, o que favoreceu o aparecimento de doenças, elevando 
a mortalidade. 
Além desses aspectos, o que ficou claro ao término dos 
primeiros testes é que a tilápia Chitralada apresentou ótimos 
resultados, muito próximos daqueles que alcança quando é cul-
tivado nos tanques-rede das barragens de Paulo Afonso (BA). 
Detalhes desse experimento realizado pela Bahia Pesca na Baia 
de Camamu podem ser consultados na Revista Panorama da 
Aqüicultura n. 72 de julho/agosto/2002.
Infra-estrutura
 
 Atulamente, a maior parte das tarefas do cultivo já estão 
sendo realizadas pelos próprios pescadores, que já dominam a mon-
tagem dos tanques-rede feitos de estruturas de alumínio, cuja 
Alevinos de Tilápia Chitralada já aclimatados à água 
salgada, prontos para o estuário
22 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
montagem absorve bastante a mão de obra feminina. 
Através do Projeto Boapesca, a colônia Z-53 recebeu seis cano-
as motorizadas (foto acima) que facilitam o ir e vir até o local 
do cultivo, bem como permitem o transporte das estruturas de 
cultivo e ração.
 Os custos de produção das tilápias Chitraladas culti-
vadas no estuário de Taperoá estão hoje ao redor de R$ 2,78. O 
mesmo peixe, cultivado nas águas doces do São Francisco está 
sendo produzido ao redor de R$ 2,40. É certo, porém, que os 
custos de produção no estuário podem baixar ainda mais com 
a otimização do manuseio, principalmente no que se refere 
aos cuidados na hora da alimentação, evitando o desperdício e 
respeitando o apetite dos peixes.
 Bem junto ao caís da Ponte Nova, ponto de atracação 
das embarcações, foi construída uma bem estruturada unidade 
de processamento (fotos 
abaixo). O estabeleci-
mento não foi construído 
somente para processar as 
tilápias dos tanques-rede 
e, atualmente, recebe tilá-
pias de vários municípios 
da região, bem como 
beneficia pescados oriun-
dos da pescaria artesanal, 
23Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2005
Importações de tilápia pelos EUA
Independentemente de ser um produto 
com boa aceitação e bastante competitivo 
com outras espécies, o recente aumento nas 
importações norte-americanas, que pratica-
mente dobrou nos últimos três anos, pode 
ser também explicado pela proibição das 
importações do catfish proveniente do Vietnã. Os importadores 
tiveram que buscar uma alternativa para substituir esta espécie 
no mercado norte-americano, e a tilápia surgiu como a espécie 
disponível para tal substituição. A questão atual é como os produ-
tores norte-americanos do catfish irão reagir a essa inundação do 
mercado pela tilápia proveniente de fora do país. Basta

Continue navegando