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�Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 � Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 �Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 � Editorial Jomar Carvalho Filho Biólogo e Editor Q uero compartilhar com você, leitor, a alegria de chegar a esta edição 100. Esse, no entanto, é o resultado de um esforço coletivo, e essa conquista quero dividir com toda a redação. Obrigado a todos da Panorama da AQÜICULTURA pela dedicação e amor com que fazem o seu trabalho. Quero agradecer também a todos os nossos grandes colaboradores, que contribuem com seus conhecimentos que, tenho certeza, repercutem muito positivamente no dia-a-dia dos que se dedicam à aqüicultura, seja no campo ou nas universidades. Agradeço também o reconhecimento das empresas patrocinadoras, que compartilham do nosso esforço de transformar em revista as nossas idéias e ideais. A Panorama da AQÜICULTURA surgiu em 1989, impressa em apenas duas folhas, com o objetivo de ser o veículo comunicador do setor, aglutinando as principais informações da aqüicultura brasileira, que naquele momento ainda procurava formas de se organizar, criando associações e promovendo simpósios e congressos, que precisavam ser divulgados para que atraíssem o maior número possível de interessados em debater os rumos da atividade. Fazendo uma breve retrospectiva desses anos, vejo que naquela época não sabíamos bem até onde iríamos, mas sabíamos que éramos necessários. Hoje, no momento em que escrevo esse editorial, me dou conta de que além de muito trabalho, tive muitos privilégios como o de pu- blicar muitas importantes manchetes que hoje retratam o crescimento da aqüicultura no Brasil. Cem edições, afinal, já contam uma história. A Panorama da AQÜICULTURA reportou as grandes transformações dos últimos anos. Nos- sas páginas acompanharam, por exemplo, o nascimento e o crescimento da indústria brasileira da tilápia cultivada, e inda tivemos o prazer de realizar junto a American Tilapia Association, o 5º ISTA – Simpósio Internacional da Tilápia, que reuniu no Rio de Janeiro os principais especia- listas nacionais e internacionais - um verdadeiro marco da atividade no Brasil. Mais do que simplesmente relatar os fatos mais relevantes como a discussão e divulgação da legislação aqüícola brasileira; os aspectos da introdução e a importância das espécies exóti- cas na aqüicultura nacional; a cobertura dos caminhos trilhados pela indústria processadora de pescados cultivados; a implantação e o uso dos tanques-rede de pequeno volume; a ocupação pela aqüicultura, das águas públicas da União; a consolidação da malacocultura; a criação da Seap; ou, a trajetória da carcinicultura, a Revista Panorama da AQÜICULTURA procurou anteci- par-se a eles, tratando-os com profundidade para poder oferecer sempre informações de quali- dade e, sobretudo, idéias para reflexão. Hoje, se fôssemos enumerar, veríamos que temos muito mais do que 100 motivos para comemorar, sendo o principal deles a credibilidade conquistada. Pra você, nosso leitor, em suas mãos, a nossa edição 100 e toda a nossa alegria. Esse ganho é de todos nós. A Panorama da AQÜICULTURA nasceu de um sonho e vive de um ideal. Tintim! Boa leitura, � Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 �Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 É com muito orgulho que nós, da Revista Panorama da AQÜICULTURA, convidamos você, amigo leitor, para essa edição de número 100. Você que já conhece a nossa revista, talvez estranhe, um pouquinho, o formato da seção “Notícias & Negócios online” que, dessa vez, aproveitamos para homenagear Ricardo Tsukamoto, um amigo que consideramos, e um profissional que muito respeitamos. Ainda como parte das comemorações dessa edição, apresentamos os 12 premiados no nosso I Concurso de Fotografia Digital. Como estamos em ritmo de festa, brindamos a edição 100 também junto aos nossos parceiros anunciantes, que nos encheram de alegria com suas frases espirituosas. A festa é grande e nela lançamos um CD contendo as nossas edições dos últimos 5 anos! E tem mais: a confraternização faz parte até do texto de algumas matérias, como a do Fernando Kubitza, cujo excelente artigo está publicado nas páginas a seguir. Um brinde a todos nós! ...Pág 57 ...Pág 45 ...Pág 49 ...Pág 54 ...Pág 30 ...Pág 36 ...Pág 53 ...Pág 06 ...Pág 03 ...Pág 14 ...Pág 24 ...Pág 09 ...Pág 60 ...Pág 62 ...Pág 66 ...Pág 41 Í N D I C E Editor Chefe: Biólogo Jomar Carvalho Filho jomar@panoramadaaquicultura.com.br Jornalista Responsável: Solange Fonseca - MT23.828 Direção Comercial: Solange Fonseca publicidade@panoramadaaquicultura.com.br Colaboradores desta edição: Albert G. J. Tacon, Débora M. Fracalossi, Eduardo A. Ono, Fernando Kubitza, Francisco Manoel de Oliveira Neto, Henrique César Pereira Figueiredo, Itamar de Paiva Rocha, Maude R. de Borba, Pámela J. Montes-Girao, Paulo R. C. de Oliveira-Filho, Raúl Malvino Madrid e Régis Canton. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores. A única publicação brasileira dedicada exclusivamente aos cultivos de organismos aquáticos Uma publicação Bimestral da: Panorama da AQÜICULTURA Ltda. Rua Mundo Novo, 822 # 101 22251-020 - Botafogo - RJ Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487 www.panoramadaaquicultura.com.br revista@panoramadaaquicultura.com.br ISSN 1519-1141 Assinatura: Fernanda Carvalho Araújo e Daniela Dell’Armi assinatura@panoramadaaquicultura.com.br Para assinatura use o cupom encartado, visite www.panoramadaaquicultura.com.br ou envie e-mail. ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, quantos exemplares ainda fazem parte da sua assinatura. Basta conferir o número de créditos descrito entre parênteses na etiqueta que endereça a sua revista. Números atrasados custam R$ 16,00 cada. Para adquiri-los entre em contato com a redação. Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 87, 88 Projeto Gráfico: Leandro Aguiar leandro@panoramadaaquicultura.com.br Design & Editoração Eletrônica: Panorama da AQÜICULTURA Ltda. Impresso na Grafitto Gráfica e Editora Ltda. Os editores não respondem quanto a quali- dade dos serviços e produtos anunciados. Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA Edição100 – março/abril 2007 Editorial Notícias & Negócios Notícias & Negócios online O mar está prá peixe...prá peixe cultivado Produção Aqüícola Global em 2005 e a ração utilizada O Catfish americano e o mercado norte-americano O Mito da onivoria do Jundiá Ostreicultura fez malacocultura catarinense crescer em 2006 Pirarucu: perspectivas para o aumento da oferta de juvenis Sanidade Aqüícola Lançamentos Editorias I Concurso Fotográfico da Panorama da AQÜICULTURA Informes Empresariais Estatísticas & Mercado Opinião: Itamar de Paiva Rocha Calendário Aqüícola � Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Notícias & Negócios WORLD AQUACULTURE 2009 – Mais um encon- tro da WAS - World Aquaculture Society (o pri- meiro foi no Brasil, em 2003), será realizado um congresso na América Latina. O evento ocorrerá entre os dias 25 e 29 de maio de 2009 na cidade de Veracruz, localizada às margens do Golfo do México e a cerca de 50 minutos de avião da capital mexicana. A escolha da cidade Veracruz, entre outras cidades mexicanas candidatas, se deu principalmente pelo apoio financeiro do governo local, que prometeu um aporte de US$ 200.000,00, além da cidade abrigar o World Trade Center, um moderno e con- fortável centro de convenções, considerado o melhor do Méxi- co. A cidade de Veracruz é um grande centro produtor de tilá- pia, tendo sediado o ISTA do ano passado. O tema escolhido para o congresso de 2009 foi: “A BLUE REVOLUTION TO FEED THE WORLD”, pela importância da aqüicultura na produção de alimentos para a humanidade. Segundo contou Ricardo C. Martino (LACC-WAS/FIPERJ), que faz parte do executivo docongresso, ficou decidido para o próximo evento, que a Sessão Plenária do WAS'09 terá três palestras, com assuntos di- retamente relacionados ao tema do congresso. Para Ricardo, se forem considerados o entusias- mo e a hospitalidade dos mexicanos, já se pode afirmar que esta será mais uma conferência para ficar na memória dos participantes. CAPÍTULO LATINO AMERICANO – Os organi- zadores do Congresso Caribenho e Latino Ame- ricano, evento organizado pelo Capítulo Latino Americano e Caribenho da WAS - World Aqua- culture Society, espera contar com a presença de muitos brasileiros ao encontro. Que se re- alizará em Porto Rico, entre os dias 6 e 9 de novembro desse ano. Mais informações sobre o evento no site da WAS: www.was.com MOLUSCOS CATARINENSES - A Seap - Se- cretaria Especial de Aqüicultura e Pesca está elaborando um programa nacional para me- lhorar a qualidade e as condições de higiene necessárias à comercialização dos moluscos cultivados no Brasil. Ostras, mexilhões e viei- ras terão um selo de qualidade, que possibi- litará aos aqüicultores vender seus produtos a outros estados ou até mesmo exportar. O programa pretende tirar da informalidade a comercialização do produto. Segundo o coor- denador geral de Maricultura da Secretaria Es- pecial de Aqüicultura e Pesca, Felipe Suplicy, o Programa Nacional de Controle Higiênico- sanitário de Moluscos Bivalves, permitirá o controle desde como o molusco foi cultiva- do até a comercialização. “É para garantir a qualidade higiênico-sanitária dos moluscos, a segurança do consumidor, o consumo se- guro inter-estadual e também para permitir que nós façamos o comércio internacional”, afirmou. Todos os países que tem uma produ- ção expressiva de moluscos têm um programa desse tipo para garantir a segurança e a qua- lidade desse produto ao consumidor. A partir de julho, o Estado de Santa Catarina deverá ser o primeiro a contar com a medida. OSTRAS NA TV GLOBO - A novela Paraíso Tro- pical, atualmente em cartaz na TV Globo, apre- sentou no dia 28 de abril uma cena em que a ostra catarinense foi enaltecida. A ação de mer- chandising se passava em Copacabana, no res- taurante do Cássio, um personagem represen- tado pelo ator Marcelo Anthony, que oferecia a um dos seus clientes as “ostras fresquinhas vindas diretamente de Santa Catarina”, estado que concentra cerca de 90% da produção na- cional de moluscos. A televisão brasileira está impregnada de ações de merchandising, práti- ca corriqueira também no cinema, empregada para induzir ao consumo. A título de curiosi- dade, uma ação de merchandising famosa foi a desenvolvida para estimular o consumo de es- pinafre na população dos Estados Unidos, com o intuito de diminuir a onda de anemia que se abatia no país, quando foi criado o marinheiro Popeye, que está até hoje em cartaz. Não só as outras, mas diversos outros produtos aqüícolas podem experimentar essas súbitas famas. Se essa onda pega... WORKSHOP - A segunda edição do Workshop Internacional sobre Qualidade da Água e Boas Práticas de Manejo para a Aqüicultura será realizada de 22 a 25 de maio, na Uni- versidade do Estado do Amazonas (UEA), em Manaus. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Empresa Brasileira de �Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Notícias & Negócios Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fun- dação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) são algumas entidades promotoras do evento. A proposta é discutir as conseqüências das restrições ambientais sobre o desenvolvimento da aqüicultura na Amazônia e os efeitos da nutrição e dos re- síduos das rações na qualidade da água dos viveiros para criação de peixes. Mais infor- mações: www.inpa.gov.br SERÁ NO BRASIL - O IV International Sym- posium on GIS/Spatial Anlyses in Fishery and Aquatic Sciences ocorrerá de 25-28 de agosto de 2008 no Rio de Janeiro. A reu- nião deverá ser sediada na Universidade Santa Úrsula (USU), decisão apoiada pelo comitê organizador, presidido por Tom Nishida da National Research Institute of Far Seas Fisheries do Japão. Este evento é realizado uma vez a cada três anos, com o enfoque no uso de "geotecnologias" para aplicação nos estudos de recursos pesqueiros e aquáticos. Entre os membros do grupo, estão James Kapetsky e José Aguilar-Manjarrez, da FAO, que realizarão um workshop nos dias que antecedem o Simpósio. A chamada de trabalhos e parti- cipações no evento deverá estar no ar no final de maio 2007 no site http://www. esl.co.jp/Sympo/index.htm. A co-orga- nizaçao do evento no Brasil está a car- go do professor Philip Conrad Scott, do Laboratório de Aqüicultura e Sistemas de Informação Geográfica (LAQUASIG/USU), apoiado pelos professores Jarbas Bonetti da USFC e Gilberto Fonseca Barroso, do LimnoLab da UFES. Contatos gerais pelo email philip@laquasig.bio.br NOVA DIRETORIA - A AQUABIO - Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática elegeu a sua nova diretoria. A partir do dia 15 de maio, assume o cargo de presidente, João Scorvo - pesquisador do Departamen- to de Descentralização do Desenvolvimento (também chamado de Apta Regional) de São Paulo. Para vice-presidente da entidade, foi eleito Ronaldo Cavalli, da Universidade Fede- ral Rural de Pernambuco - UFRPE. O Conselho consultivo será composto por Philip Scott (USU, RJ), Luis Sampaio (FURG, RS), Eudes Correia (UFRPE, PE), Débora Fracalossi (UFSC, SC) e Julio Leonhardt (UEL, PR). A cerimô- nia de posse se realizará em Jaboticabal, SP. A AQUABIO tem caráter nacional e aberto e foi constituída para congregar pesquisadores, pessoas e instituições interessadas no pro- gresso e difusão da aqüicultura em todos os estados do país. Seu compromisso é promover o desenvolvimento educacional, científico e tecnológico da aqüicultura, biologia aquática e ciências correlatas. Mais informações estão disponíveis no site www.aquabio.com.br MUDANÇA NA EPAGRI - A convite do novo presidente da Epagri, Empresa de Pesqui- sa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Murilo Xavier Flores, o cargo da Chefia do Centro de Desenvolvimento em Aqüicultura e Pesca foi ocupado, a partir de março, por Francisco “Chico” Manoel de Oliveira Neto, que substitui Sérgio Winck- ler da Costa. CONAPE - Aconteceu em Brasília-DF, entre os dias 27 e 29 de março, a primeira reunião do segundo mandato do CONAPE - Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca, o conse- lho consultivo da SEAP, que é composto por 54 conselheiros, 27 representando o setor público e 27 a sociedade civil organizada que atua na pesca e na aqüicultura. Na ocasião foi aprovada uma reivindicação dos conselheiros do setor aqüícola do primeiro mandato que resultou agora na criação de quatro comitês - pesca costeira, pesca con- tinental, aqüicultura marinha e aqüicultura continental, onde os assuntos pertinentes a cada um desses setores poderão ser dis- cutidos com muito mais objetividade. Se- gundo o presidente da Associação Nacional de Piscicultura em Águas Públicas (ANPAP), André Camargo, membro deste conselho, além da criação dos comitês, ficou deci- dido também que conselheiros escolhidos do CONAPE fariam parte da reunião onde seria discutido o Planejamento Estratégico da SEAP e ainda do PPA – Plano Plurianu- al 2008/11, do Governo Federal. Camargo lamenta, porém, “o desprezo mostrado por algumas entidades e representantes públi- cos, também representantes da aqüicultura, que sequer se fizeram presentes”. � Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 �Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Notícias & NegóciosOn-line De: Vagner Leonardo Macedo dos Santos vagnerfisher@yahoo.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Unidade de dosagem para HCG Sou estudante de biologia e pretendo trabalhar com reprodução de peixes marinhos. Estou len- do vários artigos e sempre encontro a dosagem de HCG utilizada para indução em UI/kg da ma- triz, diferentes dos demais hormônios utiliza- dos para mesma finalidadeestando em mg/kg da matriz. Pergunto o que significa UI e se dá para converter em mg, caso alguém tenha este conhecimento será de grande ajuda para meu trabalho. Aguardo retorno. De: Ricardo Y. Tsukamoto bioconsu@uol.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Re: Unidade de dosagem para HCG Caro Vagner, UI significa unidade internacio- nal. A gonadotropina é um hormônio extraído comercialmente de tecidos distintos do corpo, conforme a fonte “doadora”: da hipófise (de peixe, rã ou frango), da placenta (cavalo ou humano) e da urina (de cavalo ou humano). O mais fácil de encontrar na farmácia é o HCG (gonadotropina coriônica humana). A gonado- tropina é uma molécula protéica muito grande e complexa. O produto comercial contém a go- nadotropina purificada, mas com resíduos de outras proteínas. Além disso, a molécula da go- nadotropina é parcialmente inativada durante os processos de extração, purificação e preser- vação. Por estas incertezas é que não há razão para quantificá-la em peso e sim em função da atividade que o produto final tem. A UI indi- ca justamente esta atividade, medida em cada lote produzido e padronizado. Toda a literatu- ra adota as dosagens de HCG em UI, de modo que também não há razão científica em querer quantificar a dose em mg/L, por não significar nada palpável na prática. Por diversas razões, no atual estágio de desenvolvimento da repro- dução induzida de peixes, os agentes indutores mais práticos de usar são o extrato de hipófise (em geral de peixe, rã ou frango) e os aná- logos do hormônio liberador da gonadotro- Durante a sua trajetória a Revista Panorama da Aqüicultura criou, em 1997, a Panorama- L, a primeira lista de discussão brasileira sobre aqüicultura, na Internet, um fórum gratuito, por onde passam (e ficam) inúmeros especialistas. Nesse espaço virtual, muitas dúvidas técnicas são sanadas e diversas questões polêmicas elucidadas, graças àqueles que, com o despojamento natural de quem sabe, contribuem com seus ricos conhecimentos para o desenvolvimento da atividade em nosso país. Nessa edição 100, além de agradecer a todos os que da lista partici- pam, homenageamos especialmente o biólogo e amigo Ricardo Tsukamoto, por sua presença valiosa na Panorama-L. A “Notícias & Negócios – online” dessa edição, publica algumas de suas respostas, que tanto contribuem para a disseminação da informação científica em nossa lista. Ao Ricardo, o nosso abraço. pina (há vários GnRH ou comerciais). Não há praticamente mais motivo prático para usar o produto humano (HCG), uma vez que há alternativas melhores e mais baratas, além da questão ética de usar um produto que foi extraído de humano para ser usado em be- nefício da saúde humana. Como teste, uma busca no Google com as palavras “GnRH fish reproduction” deu 83.900 links. Boa sorte nas pesquisas e um grande abraço. De: Cristiano Borsato cbbarros@hotmail.com Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Aos criadores de tilápia de SP Olá, estou fazendo uma pesquisa de mercado, pois tenho interesse na criação de Tilápia. Desta forma eu pergunto aos criadores de tilápia: 1) Vocês vendem a produção para alguma empre- sa? 2) Qual a cotação da tilápia? De: Ricardo Y. Tsukamoto bioconsu@uol.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Re: Aos criadores de tilápia de SP Prezado, me sinto compadecido por você es- tar totalmente perdido, em especial por virem de fora do setor, mas com a boa vontade em investir em aqüicultura. Por isso, apesar de eu geralmente não entrar em discussão neste tipo de tema, vou dar um palpite. O número atual da Panorama da AQÜICULTURA, que acaba de sair, tem uma extensa análise dos mercado nacional e internacional da tilápia. Isto porque o mundo está passando por uma virada no mercado de tilápia, que colocará pressão em breve sobre o mercado nacional, inclusive com a provável importação de produto da China. Uma enorme produção também está sendo alavancada no Nordeste do nosso país, de modo que o mercado para tilápia como commodity (abatido, filetado, congelado) não oferecerá condição viável para criadores do Sudeste que utilizem ração (o con- sorciamento com porcos é feito basicamente no Sul). Deve-se cuidar também com o sistema a ser usado para produzir os peixes. Até agora no Brasil, cria-se tilápia em tanques de terra (cha- mados “viveiros” no Nordeste) e em tanques- rede. E os criadores esperneiam para manter o custo mais baixo possível, e talvez nem assim consigam concorrer com produto de outras origens. Por isso, sistemas mais intensivos e de recirculação - que têm custo operacional muito alto - seriam inviáveis para tal propósi- to (e se chegarem a funcionar para tal). Pro- cure visitar um criador que realmente produza em maior escala com o sistema que proposto pelo vendedor. Poderia também usar esta e outras listas de discussão para levantar tais criadores. Geralmente quem está prospectan- do uma área nova para investimento contata um consultor específico daquela área para trabalhar com informações “pé no chão”. Por exemplo, o autor do artigo mencionado acima é o mais atuante deles, mas há muitos outros excelentes. E há, inclusive, criadores tecnifi- cados de tilápia em São Paulo que vieram de outros negócios e profissões, como o médico Francisco Leão (desta lista), que podem lhe transmitir a visão e a perspectiva de investi- dor, que podem ser distintas das do técnico ou do político. De: Sandra Maria Xavier Lemos slemos@fortalnet.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Cepa de microalgas Oi,amigos! Estamos querendo trabalhar aqui no Centro de Pesquisas em Carcinicultura do DNOCS, em Fortaleza, com microalgas de água doce, para testá-las nas larviculturas de peixe. Estamos com dificuldades de arranjar Cepas, só conseguimos as de águas marinhas. Será que sabem aonde podemos consegui- las? Se tiverem algum contato, por favor, nos enviem o telefone, ficaremos imensamente gratos. Aguardo notícias! De: Ricardo Y. Tsukamoto bioconsu@uol.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Re: Cepa de microalgas Prezada Sandra, nas larviculturas de água doce, o que geralmente se utiliza é a famosa “água Para fazer parte gratuitamente da Lista Panorama-L vá ao site www.panoramadaaquicultura.com.br clique em Lista de Discussão e siga as instruções. �0 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 verde”. A água verde é produzida pela adi- ção de nutrientes (fertilizante agrícola ou peixe moído) à água comum, deixando pro- liferarem as microalgas nativas do local. Se você desejar acelerar o processo de co- lonização pelas algas, pode adicionar um inóculo de água verde coletada em viveiros de piscicultura ou em lagoas de tratamento de esgoto (tecnicamente conhecidas como “lagoas de estabilização”). Esta técnica de água verde é muito simples e eficaz, pois trabalha com as espécies naturalmente acli- matadas para as condições ambientais da região. Normalmente forma um consórcio de algas flageladas (Euglena, Chlamydomo- nas, e outras), algas não móteis (Chlorella e outras) e diatomáceas. Além da praticidade, uma grande vantagem da água verde com numerosas espécies de algas é o equilíbrio nutricional adequado para os animais que se alimentam deste fitoplâncton (rotíferos, cladóceros, moluscos). Cada animal tem a sua necessidade nutricional específica, que não conhecemos, de modo que alimentá-los com várias algas é uma garantia de suprir tal necessidade. Outro fator importante é a existência também de uma especificidade no tamanho, forma e consistência da alga que pode ser consumida por cada tipo de ani- mal. Com várias algas disponíveis, o animal pode escolher o que deseja. Em contraste, uma cultura pura (ou unialgal) de microal- ga é bem mais problemática. A cultura só está pura dentro do tubo de ensaio inicial. A partir daí, com as repicagens para aumentar o volume, a cultura acaba facilmente conta- minada por outras algas (que chegam como esporos pelo ar). Quando vai para aescala de aquário, caixa d´água ou tanque, o con- trole se torna quase impossível. Mas se você precisa de uma cultura de qualquer forma, a Epagri em Santa Catarina mantém esto- que da espécie Chlorella minutíssima (falar com o Álvaro Graeff). Porém, consulte antes sobre a espécie de animal a ser alimentado com ela, pois o tamanho muito pequeno e a parede celular (“casca”) grossa desta alga impedem o bom aproveitamento por alguns tipos de animais. De: Douglas Bonanza dbonanza@terra.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Atribuição aos técnicos Estou implantando um projeto de piscicultura com 12 hectares de lâmina d’água na região de Valença-BA. As pergunta são: precisarei do aval ou de um projeto executado por um técnico ou Engenheiro de Pesca/Aqüicultura, devidamente regulamentado, para conseguir a aprovação das licenças ambientais necessárias para exercer a atividade fim? Se for necessário, alguém me in- dicaria um profissional locado nas proximidades de Salvador-BA? Obrigado. De: Ricardo Y. Tsukamoto bioconsu@uol.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Re: Atribuição aos técnicos Caro Douglas, o licenciamento ambiental é totalmente distinto do projeto de enge- nharia da sua piscicultura. O licenciamento ambiental consiste em você, empreendedor, demonstrar para o órgão normativo que o impacto ambiental do seu empreendimento não irá ferir as normas ambientais vigen- tes. O licenciamento é encaminhado pelo empreendedor, mas como normalmente ele não é especialista ambiental, o documen- to é elaborado por um profissional que se torna o seu responsável técnico. Por isso, o documento de licenciamento ambiental pode ser elaborado por qualquer profissional da área biológica que tenha experiência na área ambiental. Por exemplo, as profissões mais comuns a elaborarem (ou assinarem) tais documentos na área de aqüicultura são o biólogo, ecólogo, engenheiro agrô- nomo, engenheiro de pesca e engenheiro de aqüicultura. Como os órgãos ambientais dão preferência por documentos assinados por profissionais de nível superior, os téc- nicos de nível médio ficaram numa posição indefinida. Mais importante que a profissão específica, é essencial que a pessoa encarre- gada tenha conhecimento real da legislação, experiência e relacionamento cordial com quem vai analisar o documento (no órgão ambiental). Como a análise é em grande par- te subjetiva, sem a tranqüilidade do analis- ta, um bom projeto pode ser inviabilizado conforme as circunstâncias. Por isso, pro- cure sondar informalmente na região de Va- lença, quem tem encaminhado com sucesso Notícias & Negócios On-line ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 este documento, até porque esta região tem hoje os seus conflitos. Vale até pedir uma sugestão ao órgão ambiental. Não sou da Bahia e não conheço ninguém ali que pudesse recomendar. Boa sorte e um grande abraço. De: Anita R. Valença anita.rv@bol.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Camarão Reversão Apenas para corrigir o que considero uma injustiça de informação. Não foi a equipe da Tailândia que “descobriu a forma de alterar as características sexuais de camarões machos”. Na realidade, isto já vem sendo pesquisado há muito tempo no mundo inteiro. A primeira pessoa que publicou sobre a importância da glândula androgênica na diferenciação sexual de crustáceos (no meu conhecimento, ain- da vou fazer mais levantamento bibliográfico) foi Charniaux-Cotton. Depois dela, Claude Nagamine e equipe no Japão foram os primeiros a ver os efeitos da ablação da glândula androgênica em machos de M. rosenbergii e o efeito da implantação de pedaços da glândula androgênica em fêmeas (masculinização). Antes deles, outros pes- quisadores fizeram experimentos com outros crustáceos. Inclusive aqui no Brasil, segundo Prof. Eudes Correia, um grupo de israelen- ses que trabalhou junto com brasileiros, fez tentativas. E, eu acho que, não por acaso, pesquisadores de Israel publicaram um trabalho semelhante a este da notícia abaixo. Na Índia também estão sen- do feitas pesquisas neste sentido, pois lá eles já praticam o culti- vo monosexo de machos, só que eles fazem a seleção manual das pós-larvas e descartam as fêmeas (trabalhão e os fazendeiros ainda perdem dinheiro, pois compram Pls que não usam). E ainda existe outro jeito de conseguir prole só de machos em crustáceos, com a hibridização. Na Austrália estão fazendo isto com Cherax (Freshwater crayfish, acho que é um tipo de lagostim de água doce, me corrijam se estiver errada). E também estão pesquisando a reversão de M. rosenbergii na fase larval com 17 alfa metiltestosterona nos EUA. Agora só tá faltando “nóis” aqui! Espero não ter falado demais. A seguir, a notícia: "TAILÂNDIA – Cambio de sexo de camarones para obtener utilidades - La obtención de utilidades provenientes del ca- marón de agua dulce puede ser un reto serio. Las hembras, que son el 60% de la población, son mucho más pequeñas que los machos, de manera que solamente se venden por un tercio del precio poten- cial. Pero todo eso puede cambiar: un grupo de jóvenes empresarios ha hallado la manera de eliminar las pequeñas y no muy rendidoras hembras del banco genético del camarón, y reemplazarlas con los de animales de género mixto. Han descubierto la forma de alterar las características sexuales de los camarones macho, removiendo las glándulas androgénicas de manera que se vuelvan “neoféminas”. La próxima generación será de machos totalmente." De: Ricardo Y. Tsukamoto bioconsu@uol.com.br Para: lista@panorama-l.com.br Assunto: Re: Camarão Reversão Cara Anita, concordo com você. Ablação e transplante de glândula androgênica no camarão de água doce da Malásia (M. rosenbergii) é tema antigo, que estava em moda duas décadas atrás, no período da minha saudosa juventude na pós graduação no Japão. A notícia sobre os empresários recém-graduados da Tailândia não é científica. Ao contrário, é basicamente publicidade para atrair investidores para o projeto de risco (venture business) deles. E como é negócio de risco, o dinheiro é arrecadado, usado, e se não sobrar nada, ninguém pode reclamar mesmo, pois sabia que envolvia risco. Mas a notícia levanta um aspecto técnico intrigante: em cultivo, o crescimento do gigante-da-Malásia é controlado predominantemente pela domi- nação social entre os machos - situação em que só um deles fica grande e os outros permanecem pequenos. Existe uma hierarquia absoluta, em que um único macho (alfa, com pinças azuis) domina os outros machos e a população do entorno. Os machos dominados permanecem em duas outras hierarquias subalternas: a dos com pin- ças laranja (os da reserva) e a dos com pinça transparente (parecida com a das fêmeas, e são os soldados rasos). O macho azul reprime o crescimento dos laranjas e estes dos transparentes. Esta situação de dominação é restaurada mesmo se o macho azul for removido da população. Um macho laranja rapidamente se diferencia em macho azul e retoma a dominação. Por isso, é típico em viveiros comerciais desta espécie, encontrarmos uns poucos indivíduos enormes e os outros pequenos. Também por isso é que os viveiros de gigante-da- Malásia têm que ser despescados todo mês, para retirar os indivíduos grandes e dominantes, e possibilitar que alguns dos outros possam daí crescer. Assim, uma população constituída só de machos não resolve este gargalo básico do cultivo do M. rosenbergii. Esta hie- rarquia absoluta não seria problema em outras espécies de “cama- rão” (peneídeos, lagostins), mas nesta espécie é o gargalo principal. Obviamente, se o projeto é lançado na Tailândia, só fará um bom marketing e atrairá investidores, se usar a espécie mais típica e bem conhecida do país. Aguardemos o resultado. O Sérgio Tamassia pode nos lembrar desta notícia daqui a alguns anos. Um grande abraço, Ricardo Y. Tsukamoto. Notícias & NegóciosOn-line �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril,2007 �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 “O mar está prá peixe... N ão poderia deixar a edição 100 passar em branco. Uma edição históri-ca, muito mais esperada e que será, mantendo-se as proporções, até mais festejada do que o já aborrecido futuro milésimo gol do Romário. Pelo menos pelos seus fiéis leitores. Pois o “Baixinho” poderia contribuir com a nossa causa, mudando o nome para Ranário. Para a edição de número 100 o Jomar prometeu uma entrevista com o “Baixinho”. Mas como “o futuro milésimo” não saiu, o espaço dele sobrou para este artigo aqui. A grande massa de assinantes da Panorama, sem medo de errar, reúne produtores, empresários, técnicos, pesquisadores, legisladores e, mesmo curiosos ou simpatizantes da causa da aqüicultura. Todos, de uma forma ou de outra, contribuindo com o seu trabalho para o futuro da humanidade, mesmo sem ter a exata dimensão da importância do seu próprio esforço. Pois bem, minha intenção é que este texto traga a todos a confiança de que suas apostas no desenvolvimento do setor foram acertadas. ...prá peixe cultivado” Por: Fernando Kubitza, Ph. D. Acqua Imagem Serviços Ltda. fernando@acquaimagem.com.br ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Futuro aqüícola A produção de pescado no mundo e a aqüicultura A pesca no mundo está mais para jegue empacado do que para dourado na piracema. Estacionou em vaga proibida e ficou com a bateria arriada. Está oscilando entre 93 e 95 milhões de to- neladas. E, é só bater o El Niño, que engata a marcha ré. Com isso, a aqüicultura será a única alternativa capaz de atender o aumento na demanda de pescado nas próximas décadas. A aqüicultura vem aumentando, ano a ano, a sua produção e participação na oferta global de pescado (Quadro 1). Sua contribuição com a oferta de pescado saltou de cerca de 8% em 1975 para 40% em 2005 (48,5% se considerarmos apenas o pescado destinado ao consumo humano). A expectativa dos especialistas é de que em 2020 a aqüicultura seja responsável por 70% da oferta de pescado para o consumo humano, ou seja, ultrapasse 100 milhões de toneladas. Com a produção pesqueira estabilizada, a aqüicultura tem como desafio atender o aumento na demanda por pescado, estimado entre 30 e 60 milhões de toneladas até 2020. Este aumento é impul- sionado tanto pelo crescimento da população mundial, como pelo aumento do consumo de pescado per capita observado nos últimos anos. A população mundial atingiu 6,5 bilhões de habitantes em 2005. Na mais provável hipótese, alcançará 7,1 bilhões em 2020 e 9,6 bilhões em 2050 (um crescimento médio de 0,9% ao ano). Pensando apenas em 2020 (mais 13 anos até lá e, se Deus quiser, todos nós vamos presenciar isso), com 7,1 bilhões de habitantes e uma previsão de consumo de pescado ao redor de 21kg per capita (contra os atuais 17kg), a demanda mundial de pescado para con- sumo deverá ser próxima de 150 milhões de toneladas (7,1 bilhões de habitantes x 21 kg). Em 2005 a oferta de pescado para consumo foi de 128 mi- lhões de toneladas. A pesca contribuiu com 65 milhões (visto que 30 milhões viraram farinha e óleo de peixe) e 63 milhões vieram da aqüicultura. Desta forma, para chegarmos a 150 milhões de toneladas, será necessária uma oferta adicional de 20 milhões de toneladas de pescado até 2020. Com isso a aqüicultura deverá incrementar sua atual produção em cerca de 1,3 milhão de toneladas a cada ano. Nos últimos 5 anos a oferta de pescado via aqüicultura cresceu em média 3,5 milhões de toneladas/ano (Quadro 2), enquanto que a oferta da pesca apresentou uma redução de quase 0,5 milhão de toneladas. Portanto, se a aqüicultura crescer metade do que vem crescendo (e a produção pesqueira se mantiver como está), a demanda de pescado projetada para 2020 será atendida com sobra. No entanto, alguns especialistas acreditam na possibilidade de um crescimento maior, tanto da população, como do consumo per capita de pescado. Considerando a população mundial em 7,6 bilhões de habitantes e um consumo per capita de 25kg em 2020 (0,5 milhão de pessoas e 4kg de pescado per capita a mais comparado ao cenário mais provável), a demanda por pescado para consumo subiria para ...prá peixe cultivado” Quadro 1 - Evolução da Produção Mundial de Pescado (em toneladas ou em percentual da produção total) Quadro 2 - Incremento Médio Anual da Produção Mundial de Pescado (valores em toneladas) 190 milhões de toneladas. Isso significa 60 milhões de tone- ladas a mais do que a oferta em 2005. Considerando a pesca já no seu limite, a aqüicultura precisaria produzir 4 milhões de toneladas de pescado a mais todos os anos até 2020. Ou seja, crescer a passos mais largos do que cresceu nos últimos cinco anos. Isso exigirá a intensificação dos investimentos em projetos aqüícolas em todo o mundo. O aquecimento da demanda deverá a elevar, em valores reais, o preço do pescado. Com isso, a população de menor renda tenderá a substituir o pescado por outras fontes de proteína mais baratas. A única forma de possibilitar o acesso de populações mais pobres ao pescado será através do fortalecimento da aqüicultura. Projeções feitas por especialistas indicam que um alto investimento na aqüicultura pode promover aumento de cerca de 2kg per capita na oferta de pescado em 2020. Isso resultaria em uma redução nos preços dos pescados de baixo valor, facilitando o acesso das populações mais pobres a este alimento. Portanto, inves- tir na aqüicultura passa a ser um fator fundamental para garantir a segurança alimentar nos países em desenvolvimento e naqueles de baixa renda per capita. A produção de pescado e a aqüicultura no Brasil De acordo com os dados da FAO, a produção de pescado no Brasil em 2005 foi cerca de 1,1 milhão de toneladas (750 mil provenientes da pesca e cerca de 260 mil provenientes da aqüicultura - Quadro 3). Quadro 3 - Comparação entre a Produção (Toneladas) e o Crescimento anual da Pesca e da Aqüicultura (%) no Brasil e no mundo �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 t Futuro aqüícola A produção pesqueira no Brasil beirou 1 milhão de toneladas/ano entre 1980 e 1985 e daí em diante de- clinou até se estabilizar próximo de 700 mil toneladas no início deste milênio. Por sua vez, a aqüicultura bra- sileira cresceu a passos largos, beneficiada por todas as benesses naturais (espécies, clima, água, solo e tudo mais que já estamos “carecas de saber”), geração e difusão de tecnologia, disponibilidade de insumos e oportunidades de mercado. Crescimento superior ao da aqüicultura mundial (Quadro 3). Entre 1990 e 2000, a aqüicultura brasileira cresceu em média 23,8% ao ano, contra 10,2% da aqüicultura mun- dial. Segundo os dados da FAO, que são baseados nos dados oficiais providos pelo governo dos países (no caso do Brasil as estimativas da pesca e aqüicultura têm sido elaboradas pelo IBAMA), entre 2000 e 2005 a produção nacional de tilápias dobrou e a de camarão marinho praticamente triplicou. Na Figura 1 é apresentada a contribuição das principais espécies (grupos) na produção total de pescado cultivado no Brasil. A tilápia, o camarão marinho, os caracídeos (em particular os peixes redondos) e as carpas somaram 87% da produção da aqüicultura nacional. A produção de carpas, que está concentrada na Região Sul do país (Santa Catarina é o principal produtor), chegou a 55 mil toneladas em 2001 e vem declinando nos últimos anos, atingindo produção de 42 mil toneladas em 2005. Os cultivos de tilápia se inten- sificaram, particularmente no Nordeste e Sudeste do país, aumentando de 35 para 68 mil toneladas no mesmo perío- do. A produção mundial de tilápias cultivadas ultrapassou 2 milhões de toneladas, sendo a tilápia o segundo maior grupo de peixes produzidos pela aqüicultura no mundo (atrás das carpas e à frente dos salmonídeos). A tilápia do Nilo, sozinha, respondeu pela oferta de 1,7 milhão de toneladas em 2005. O Brasil é hoje o 6º maiorprodutor de tilápia cultivada no mundo (ou 7º se considerarmos Taiwan em separado da China). A China é o maior produtor deste peixe (cerca de 980 mil toneladas em 2005). O cultivo de peixes redondos vem ganhando cada vez mais força na Região Centro-Oeste e Norte do país. Este impulso vem, em primeiro lugar, da oportunidade de suprir com o pescado cultivado o déficit de pescado nos mercados regionais, que tradicionalmente foram abastecidos com os produtos da pesca, hoje cada vez menos abundantes. E, em segundo lugar, com o aumento na escala de produção e com as iniciativas de in- dustrialização, que favoreceram a comercialização dos peixes redondos através de grandes redes de supermercados no país, atingindo o mercado de diversas regiões metropolitanas. A produção deste grupo saltou de 35 para 50 mil toneladas entre 2001 e 2005. A produção de camarão marinho aumentou de 40 para 90 mil toneladas de 2001 a 2003. No entanto, em função de algumas doenças que assolaram os cultivos e de problemas relacionados à exportação (câmbio desfavorável e barreiras comerciais), a produção retraiu nos anos seguintes, fechando 2005 com 52 mil toneladas. O Brasil se manteve como o 6º maior produtor mundial de camarão (logo atrás do México com 72 mil toneladas produzidas no mesmo ano). A China é o maior produtor com cerca de 1 milhão de toneladas em 2005. O cultivo de moluscos, praticamente inexpressivo até meados da década de 90, alcançou produção de 19 mil toneladas em 2003 e fechou 2005 com uma contribuição à aqüicultura nacional, de cerca de 15 mil toneladas. Grande parte da produção ainda é oriunda dos cultivos no litoral sul do país, embora em anos recentes tenham sido implantados cultivos comerciais em área litorâneas do sudeste e nordeste. Dentre os países latino americanos, o Brasil foi o se- gundo maior produtor de pescado cultivado em 2005 (atrás do Chile que produziu 714 mil toneladas); foi o maior produtor de tilápias (a frente de Honduras e Colômbia, ambos com cerca de 28 mil toneladas, e do Equador com 22 mil toneladas); e o segundo maior produtor de camarão marinho (atrás do México que produziu 72 mil toneladas em 2005). O Brasil conta com 5 milhões de hectares em reservatórios de água doce, além de inúmeros rios de médio a grande porte, que podem ser apro- veitados no cultivo de peixes em tanques-rede. Além disso, dispõe de insumos básicos e de empresas especializadas na produção de rações distribuídas em praticamente todo o país. Ainda tem o domínio tecnológico para a produção de diversas espécies de peixes nativos e já ocupa posição de destaque na produção de algumas “commodities” da aqüicultura mundial, como a tilápia e o camarão marinho. E, mais do que qualquer outro país latino-americano, o Brasil conta com um promissor mercado, representado por seus 180 milhões de consumidores, o que diminui sua dependência em relação ao mercado externo na comercialização de pescado. Pois bem, tudo isso conspira para que o Brasil venha a ser um dos maiores produtores de pescado cultivado no mundo. A bola está na marca do pênalti (mas não vamos deixar os pernas-de-pau do Vasco bater. E manda banana para o Ranário). Potencial de aumento no consumo de pescado no Brasil Somando a produção da pesca, a da aqüicultura e as importações de pescado e, disso tudo, subtraindo-se as expor- tações, em 2004 e 2005, a quantidade de pescado disponível Distribuição das espécies cultivadas no Brasil - 2005 FIGURA 1 �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Futuro aqüícola no mercado interno foi próxima de 1 milhão de toneladas. Divi- dindo isso pelos 180 milhões de brasileiros, o nosso consumo per capita ficou em 5,9kg/ano (Quadro 4). Obviamente que muita gente consumiu pescado que não foi computado nas estatísticas oficiais (ou seja, vindo da produção pesqueira ou da aqüicultura não contabilizada, da pesca de subsis- tência e mesmo da pesca amadora nos rios). De qualquer forma, o consumo per capita de pescado no Brasil, estimado via de regra entre 6 e 7kg/ano, deve mesmo estar por aí. Este consumo equivale a 1/3 da média mundial (17kg per capita) e está bem abaixo do consumo de outras carnes no Brasil (35kg de frango; 30kg de carne bovina e 12kg de carne suína). O consumo de pescado pelos brasileiros já teve seus tempos áureos, quando foi a segunda carne mais consumida (atrás apenas da carne bovina). Perdeu lugar para o frango e para os suínos, embora seja ainda uma fonte protéica de grande importância nos municípios ribeirinhos, onde a oferta ainda se mantém relativa- mente farta. Em diversas áreas da Amazônia o consumo per capita de pescado ultrapassa 300g/dia (pouco mais de 100kg/ano). Na Ama- zônia central há registro de consumo de 550g/dia (200kg/hab/ano). Por isso não compartilho da opinião de que o brasileiro não come peixe por falta de hábito. No meu entender, a baixa disponibilidade de pescado no mercado é o que desestimula o consumo. Em países industriais e desenvolvidos o consumo per capita de pescado está entre 24 e 28kg, enquanto que nos países em desen- volvimento ou de baixa renda este consumo gira entre 11 e 15kg per capita/ano. E o Brasil sequer chegou a este patamar. No Canadá e nos Estados Unidos, o consumo per capita é da ordem de 23kg/ano. Na União Européia, 26kg/ano, com destaque para Portugal (57kg/ano), Espanha (44kg/ano) e França (33kg/ano). Nestes países também há disponibilidade de outras carnes a preços geralmente mais baixos, como o frango e o porco. Mas nem por isso o consumo de pescado é baixo. Isso reforça outra convicção que tenho de que o preço mais elevado do pescado não é capaz de explicar sozinho o baixo consumo per capita desta carne no Brasil. O preço do pescado em nosso país é, em geral, mais alto do que o de outras carnes, principalmente pelo fato da oferta de pescado ser insuficiente para atender a demanda. O fortalecimento da aqüicultura e o aumento da oferta de pescado cultivado segura- mente contribuirão com a redução nos preços do pescado ofertado no Brasil. Enfim, o potencial de mercado para o pescado no Brasil é imenso. Para saltar de 7kg e chegar a pelo menos 11kg per capita (igualando-se ao consumo dos países de baixa renda), o Brasil terá que produzir (ou importar) adicionais 720 mil toneladas de pescado/ano (4kg x 180 milhões de habitantes). Isso significa quase quadruplicar a atual produção de nossa aqüicultura ou dobrar a produção da pesca. Se almejarmos chegar a 15 kg per capita e encostar na média mundial, temos que produzir adicionais 1,5 milhão de toneladas em relação ao que produzimos em 2005. Ainda, para atender a demanda de pescado diante do au- mento populacional previsto para os próximos anos, mantendo pelo menos o atual nível de consumo per capita (7kg/ano), o Brasil precisará produzir pelo menos 1,5 milhão de toneladas de pescado em 2020 (214 milhões de habitantes x 7) e 1,8 milhão em 2050 (260 milhões de habitantes x 7). Com a pesca estagnada em 700 mil toneladas, vamos ter que produzir ou importar 800 mil toneladas até 2020 (53 mil toneladas a mais todo ano) e 1,1 milhão de toneladas até 2050 (24 mil toneladas a mais todo ano, a partir de 2005). Condições físicas e recursos para atingir estes níveis de produção o Brasil dispõe. Especialistas internacionais acreditam que a aqüicultura no Brasil ofertará 1,4 milhão de toneladas de pescado em 2035. Mas, para isso, será preciso intensificar os investimentos no setor, pois nos últimos 5 anos o aumento médio de nossa produção aqüícola foi de apenas 17mil toneladas/ano (segundo dados reunidos pela FAO). Em síntese, o mar está mesmo para peixe e estes simples cálculos demonstram o que poderá vir a ser a aqüicultura em nosso país. Um caminho muito claro O Brasil é um dos poucos países no mundo aptos a se candidatar para atender parte da demanda global de pescado nos anos vindouros, mas para isso terá que in- vestir muito mais pesado emsua aqüicultura. O caminho principal para que isso se consolide é assegurar aos po- tenciais investidores o direito de uso das águas públicas para a implantação de cultivos em tanques-rede. Este é o caminho mais simples e sensato, e também o menos impactante, para uma rápida expansão do setor. O cultivo de peixes em tanques-rede nos gran- des reservatórios ocupa pouca terra, não desmata nossas florestas, não exauri recursos hídricos e ainda contribuirá com um aumento localizado na produção pesqueira nos parques aqüícolas. O governo já empenhou grande soma de recursos públicos (dinheiro que saiu do meu, do seu e do bolso de todos os brasileiros) na construção dos gran- des reservatórios para geração de energia ou para mitigar os problemas da seca. Foi dinheiro que saiu do bolso de nossos avós, pais, do nosso e continuará saindo do bolso das nossas futuras gerações. Portanto, o governo deveria ser mais inteligente e tirar melhor proveito destes investimentos, incentivando projetos que possibilitem o uso múltiplo destes reservatórios e não apenas que recheie de dinheiro os bolsos das concessionárias de energia do país. Quadro 4 – Estimativa do Consumo per capita de Pescado no Brasil em 2004 e 2005 �0 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Futuro aqüícola Tenho certeza de que já escrevi isso em outra matéria nesta revista, mas não custa reforçar. Se houver empenho para que sejam aproveitados apenas 2.500 hectares com o cultivo de peixes em tanques-rede (ou seja, uma área útil de tanques-rede equivalente a 0,05% dos 5 milhões de hectares de reser- vatórios gerenciados pela União e estados), alcançando uma modesta produtividade de 100kg de peixes/m2/ano (ou 100kg por m3/ ano), o Brasil (8.547.403 km2 e 188 milhões de habitantes) produzirá 2,5 milhões de to- neladas de peixes adicionais todos os anos. Isso nos aproximará da produção aqüícola de países como a Índia (3.287.782 km² e mais de 1 bilhão de habitantes) e a Indonésia (1.919.440 km² e 235 milhões de habitantes). Bater estes países e se aproximar da China é um sonho de muitos do nosso setor. Recursos naturais para isso temos de sobra. Mas não temos gente suficiente para comer tanto pei- xe assim. Precisaríamos superar estes países também na população e aí o “Brasilsão” ficaria apertadinho. O que temos que fazer então é vender nosso futuro superávit de pescado para o resto do mundo. Uma tendência a ser observada A aqüicultura mundial deve buscar reduzir sua dependência em farinha e óleo de peixe. Anualmente são produzidas de 5 a 7 milhões de toneladas de farinha e 1 a 1,5 milhão de toneladas de óleo de peixe em todo o mundo. Isso exige, em média, cerca de 30 milhões de toneladas de pescado in natura, volume equivalente a 32% da atual produção pesqueira. Variações anuais no volume de captura de matéria prima para a produção de farinha e óleo podem resultar em redução na oferta de farinha e óleo de peixe. A aqüicultura utiliza cerca de 20% da farinha de peixe e praticamente todo o óleo de peixe produzido no mundo. O restante é consumido em sua maior parte em rações para aves e suínos. O Peru é o maior produtor mundial de farinha, cerca de 33% da produ- ção mundial, seguido do Chile, que produz outros 15%. A China é o maior importador (1,2 milhão de toneladas importadas em 2005). A FAO prevê um aumento ao redor de 1% ao ano na demanda por farinha e óleo de peixe até 2010 e de 0,5% ao ano entre 2010 e 2015. Com isso a demanda por pescado para a produção de farinha e óleo deverá ser próxima de 35 a 40 milhões de toneladas em 2015. Esse crescimento da demanda será estimulado pelo aumento da produção de frangos e suínos, bem como à expansão da aqüicultura na China e outros países do Sudeste Asiático. Na opinião dos especia- listas, há duas saídas para reduzir a pressão de captura de pescado para a produção de farinha de peixe: a) intensificar o uso de fontes alternativas de proteína nas rações para aqüicultura, diminuindo ou eliminando a inclusão de farinhas e óleo de pescado. Em países como o Brasil e Estados Unidos, grandes produtores de soja e diversos outros tipos de grãos, isso já é feito há muito tempo. O farelo de soja, por exemplo, custa menos da metade do custo das farinhas de peixe e a tendência é que seu uso em rações animais fique cada vez mais globalizado; b) priorizar o cultivo de espécies onívoras em detrimento das carnívoras. Com relação a esta última, acho mais sensato dizer “priorizar o cultivo de espécies que podem ser produzidas com dietas sem inclusão ou com inclusão mínima (menos que 4%) de farinha de peixe”. Diversos trabalhos de pesquisa con- firmam a viabilidade técnica da substituição total da farinha de peixes por fontes protéicas de origem vegetal em rações para a truta arco-íris, striped bass, o próprio salmão do atlântico e uma miscelânea de peixes ori- ginalmente carnívoros, inclusive algumas espécies marinhas. Até mesmo rações para camarões podem ser produzidas sem o uso de farinhas de peixe. Obviamente que o balanceamento em energia, aminoácidos e ácidos graxos essenciais e fósforo disponível tem que ser mantido com a inclusão de outros ingredientes naturais ou sintéticos. Para com- pensar a menor palatabilidade de rações feitas exclusivamente com farelos e concentrados protéicos vegetais, quantidades mínimas de farinha de peixe podem ser usadas ou ainda palatabilizantes obtidos a partir de resíduos animais (hidrolisados de peixes e visceras de frango, por exemplo) aplicados em pequena quantidade por cobertura da ração. Em países com significativa produção de aves, suínos e bovinos, como o Brasil a oferta de farinhas animais (farinhas de vísceras e farinha de carne e ossos, por exemplo) possibilita a completa eliminação do uso de farinhas de peixe nas rações sem prejuízo à palatabilida- de, bem como ao balanceamento em energia, aminoácidos essenciais e fósforo disponível. No entanto, o uso de farinhas e subprodutos "Se forem aproveitados apenas 0,05% dos reservatórios gerenciados pela União, o Brasil produzirá 2,5 milhões de toneladas de peixes adicionais todos os anos. Isso nos aproximará da produção aqüícola de países como a Índia e a Indonésia. Recursos naturais para isso temos de sobra. Mas não temos gente suficiente para comer tanto peixe assim. Precisaríamos superar estes países também na população e aí o “Brasilsão” ficaria apertadinho. O que temos que fazer então é vender pescado para o resto do mundo." �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Futuro aqüícola de origem bovina e suína foi vetado na ali- mentação de pescado e qualquer outro animal destinado ao mercado da União Européia. Essa medida foi tomada após os episódios das vacas loucas. Assim, quem pretende exportar pescado cultivado para a União Européia, terá que seguir esta determinação. Para peixes carnívoros de grande po- tencial como o pintado, diversas empresas vêm formulando rações com inclusão mínima ou mesmo zero de farinha de peixe, sem prejuízo ao desempenho produtivo. Nestas rações as principais fontes protéicas são o farelo de soja e a farinha de vísceras de frango, ingredientes de menor custo e muitas vezes de superior qualidade nutricional, comparados a muitas farinhas de pescado produzidas no Brasil. Estas mesmas rações têm sido usadas com sucesso na alimentação do dourado, do pirarucu e de diver- sos outros peixes carnívoros tropicais. Assim, o aumento na produção de peixes carnívoros no Brasil e em países com suficiente oferta de farinhas animais ocorrerá sem qualquer pressão adicional sobre os estoques mundiais de farinha de peixe. Há de se considerar também a oferta cada vez mais freqüente de farinha de peixe produzida com os resíduos do processamento do pescado cultivado e que poderá ser utilizada de volta nas rações. No que diz respeitoa espécies onívoras, o Brasil está bem servido. Além das tilápias e diversas espécies de carpas, os produtores do país contam com muitas opções de peixes nativos onívoros. Os peixes redondos (tam- baqui, pacu , piraptinga e híbridos), que já ocupam posição destacada e se consolidam nos principais mercados do país e diversas outras espécies (matrinxã, a piraputanga, o piauçu e a curimatã) estão sendo cultivados em volumes significativos nas regiões Norte e Centro- Oeste do país. No cultivo de peixes onívoros são usadas rações com menor teor protéico e energético, geralmente de menor custo com- paradas às rações para peixes carnívoros. Isso confere maior eficiência no que diz respeito à conservação ou transformação de proteína, e possibilita a produção de proteína de pescado a um menor custo. As rações para os peixes onívoros podem ser formuladas exclusivamen- te com ingredientes vegetais (farelo de soja, farelo de trigo, milho, sorgo, protenose, quirera de arroz, óleos vegetais, etc, etc). Apenas se mantém a necessidade de suplementação mi- neral e vitamínica e da suplementação com um ou outro aminoácido essencial. Falta ao Brasil boas opções de espécies natívas com grande habilidade de aproveitamento do fitoplâncton como faz a tilápia. O fitoplâncton, em par- ticular, é o alimento natural mais abundante nos cultivos em tanques escavados e sua produção implica em grande fixação de car- bono (CO2) presente na água. Assim, além de possibilitar a produção de proteína de alta qualidade há um menor custo, o cultivo de espécies onívoras planctófagas poderá conferir considerável crédito de carbono aos empreendimentos aqüícolas (assunto topo da moda no nosso planeta tão desprovido de saúde ambiental). Assim, a produção de peixes herbívoros, planctófagos e onívoros, ou mesmo de carnívoros não dependentes de farinha e óleo de peixe, conferirá à aqüi- cultura brasileira maior sustentabilidade ambiental no longo prazo e uma imagem cada vez mais positiva perante o consumidor e à sociedade em geral. Enfim, o panorama aqui apresen- tado reforça a expectativa de boas colheitas para os investimentos realizados na aqüi- cultura em nosso país. O cenário é promis- sor. O mar realmente está para os peixes cultivados e o Brasil será um importante ator na produção e no mercado mundial de pescado. Que ninguém tenha dúvida sobre isso, assim como é certo o milésimo gol do Ranário. Feliz edição 100 e parabéns ao Jomar Carvalho Filho e a toda a equipe da Panorama da AQÜICULTURA pelo fiel, competente e incansável trabalho dedicado todos estes anos à aqüicultura em nosso pais e, seguramente a muitos dos nossos vizinhos latino americanos. O Vasco homenageará o Ranário com um busto (de girino) em São Januário. Mas a aqüicultura não tem deixado por menos quanto ao tenaz amigo Jomar. Em toda piscicultura que eu vou sempre há uma foto dele. Pelo menos aquelazinha, pequenininha, com seu eterno aspecto jovial, sorriso simpático, cabelo arrumadinho e olhar com brilho intenso, sempre maravilhado com os avanços da nossa aqüicultura. Mas que não se enga- nem os desavisados de plantão com esse rostinho de bom moço. Está aí um dos mais ferrenhos analistas e críticos das ações e acontecimentos que envolvem o nosso setor. Pois bem, Jomar e colegas da redação, a todos vocês o meu desejo (e certamente o desejo da maioria dos leitores desta revista) de que a Panorama continue sendo este maravilhoso veículo de integra- ção dos diversos setores e protagonistas da aqüicultura em nosso país. E, por favor, continue falando bem de mim. “O mar está mesmo para peixe. Se o Brasil ainda quiser atender parte da demanda global de pescado nos anos vindouros, terá que investir ainda mais pesado na aqüicultura. O primeiro passo é assegurar aos investidores o direito de uso das águas públicas para cultivos em tanques-rede. Este é o caminho mais simples e sensato, e também o menos impactante, para uma rápida expansão do setor... ...O cenário é promissor. O Brasil será um importante ator na produção e no mercado mundial de pescado." �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Produção Aqüícola Global em 2005 e as estimativas da quantidade de ração utilizada Por: Albert. G. J. Tacon Ph.D., Aquatic Farms Ltd, E-mail: agjtacon@aol.com Q uem participou do oi-tavo Simbraq, realizado em Piracicaba em 1994, deve ainda se lembrar do Albert Tacon, já na ocasião um dos mais celebrados especialistas em alimentos para organismos aquáticos da atualidade, um sujeito de fala mansa, daque- le tipo que quando encontra- mos pela primeira vez, temos a impressão que conhecemos há muito tempo. Tacon, na época trabalhando para a FAO, apre- sentou no Simbraq uma rese- nha da produção aqüícola na América Latina e Caribe, tema que também abordou em seu artigo para a edição nº 26 de novembro/dezembro de 1994 da Panorama da AQÜICULTURA. Passados 13 anos, é um prazer ter Albert Tacon novamente nas páginas desta revista, desta vez fazendo uma resenha da produ- ção aqüícola mundial com uma avaliação do crescimento dos principais cultivos nas últimas décadas, bem como uma rápida olhada no cenário mundial do consumo de rações. Destaques da Produção Mundial em 2005 • O total produzido pela aqüicultura ao redor do mundo bateu mais um novo re- corde em 2005, alcançando 63 milhões de toneladas, avaliadas em 78,4 bilhões de dólares, um crescimento de 5,2% em peso comparado ao ano anterior (Figura 1 e 2; FAO 2007). Por outro lado, os desembarques das capturas na natureza caíram 1,2%, somando 94,6 milhões de toneladas. No total, a participação dos pescados provenientes da aqüicultura em 2005 já ultrapassou os 40% do total de pescados produzidos em todo o mundo. A produção aqüícola dobrou desde 1995, e segue crescendo, em média, 8,7% ao ano desde 1950. A pesca, por outro lado, cresceu apenas 2,9% ao ano nesse mesmo período (Figura 3). Figura 1. Produção Aqüícola Global 2005 (por peso) (valores em milhões de toneladas (MT), equivalente em peso vivo) Fonte: FAO FISHSTAT (2007) Figura 2. Produção Aqüícola Global 2005 (por valor) (valores em bilhões de US$) Fonte: FAO FISHSTAT (2007) ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 Produção aqüícola m undial Produção Aqüícola Global em 2005 e as estimativas da quantidade de ração utilizada • De longe, os peixes formam o maior grupo entre as espécies cultivadas em 2005 (30.3 milhões de toneladas ou 48,1% do total da produção em peso), seguido das plantas aquáticas (14.8 milhões de toneladas ou 23,5%), moluscos (13.5 milhões de toneladas ou 21,4%), crustáceos (4.0 milhões de toneladas ou 6,3%), anfíbios/répteis (286.732 toneladas) e outras espécies de invertebrados aquáticos (151.613 toneladas: FAO, 2007). • No que se refere ao ambiente de cultivo, aproximadamente 31.4 milhões de toneladas ou 49,9% do total da produção aqüícola em 2005 foi produzida em águas marinhas, seguido das águas doces (27.7 milhões de toneladas ou 44,1%) e salobra (3.8 milhões de toneladas ou 6,0%). • No que se refere ao abastecimento de carnes, em 2005 a aqüicultura produziu o equivalente a 29,3 milhões de toneladas (peso depois de eviscerado e descascado) para consumo huma- no direto, ocupando o quarto lugar depois da carne suína (104 milhões de toneladas), aves (82,2 milhões de toneladas) e carne bovina (53,9 milhões de toneladas; FAO, 2006, 2007). • No que se refere à economia dos países produtores, a parti- cipação dos países em desenvolvimento aumentou de 42,4% (271.101 toneladas) em 1950 para 93,3% (58.75 milhões de toneladas) em 2005. A partir de 1950, a aqüicultura praticada nos países desenvolvidos cresceu com taxas de 4,5% ao ano até 1995, quando as taxas de crescimento caíram para 1,5% ao ano. Já nos países em desenvolvimento as taxas cresceram inicial- mente 10,3% ao ano, caindo para 6,9% a partir de 1995. •Por regiões, em 2005 a Ásia produziu 92,1% do total em peso (57.97 milhões de toneladas), seguido da Europa (3,4%, 2.14 milhões de toneladas), América do Sul (1,8%, 1.16 milhões de toneladas), América do Norte (1,4%, 862.160 toneladas), África (1,0%, 656.370 toneladas) e Oceania (0,26%, 162.156 toneladas). • Por país, a lista dos dez principais países produtores (top ten) de 2005 é encabeçada pela China com 43.27 milhões de toneladas (68,7%), seguida da Índia (2.84 milhões de toneladas, 4,5%), Indonésia (2.12 milhões de toneladas, 3,4%), Filipinas (1.89 milhões de toneladas, 3,0%), Vietnam (1.47 milhões de toneladas, 2,3%), Japão (1.25 milhões de toneladas, 2,0%), Tailândia (1.14 milhões de toneladas, 1,8%), Coréia Republic (1.06 milhões de toneladas, 1,7%), Bangladesh (0.88 milhões de toneladas, 1.4%), e Chile (0.71 milhões de toneladas, 1,1%). Esses dez principais países produtores responderam por cerca de 90% (56.65 milhões de toneladas) de produção global em 2005. Principais grupos de Peixes Cultivados/espécie por volume • Ciprinídeos (peixes de água doce - carpas e outros): produção total 19.541.921 toneladas em 2005 (64,5% da produção global de peixes cultivados) com 29 espécies re- portadas. Taxa de crescimento médio anual de 9.0% entre 1950 e 2005 e crescimento de 4.5% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965- 1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 5,0%, 5,3%, 10,5%, 11,7% e 6,5%, respectivamente. Principais países produtores: China 77,3%, Índia 13,1%, Bangladesh 3,1%, Indonésia 1,3%, Myanmar 0,8%, Egito 0,7% (Ásia 97,7%, Europa 1,1%, África 0,75%; FAO, 2007). • Tilápia (peixes de água doce - tilápia e outros ciclídeos): produção total 2.025.560 toneladas em 2005 (6,7% da pro- Figura 3. Total dos desembarques e despescas globais de pescados (FAO, 2007) �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 dução global de peixes cultivados) com 10 espécies reporta- das. Taxa de crescimento médio anual de 11,3% entre 1950 e 2005 e crescimento da produção de 6,7% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 4,5%, 9,6%, 15,8%, 12,7% e 11,2%, respectivamente. Principais países produtores: China 48,3%, Egito 10,7%, Indonésia 9,4%, Filipinas 8,0%, Tailândia 5,4%, Taiwan 4,1%, Brasil 3,3%, Malásia, Honduras, Colômbia 1,4%, Equador 1,1%, Laos 1,0% (Ásia 78,5%, África 12,1%, América do Sul 6,0%, América do Norte 3,4%; FAO, 2007). • Salmonídeos (peixes diádromos - salmão e truta): produ- ção total 1.986.213 toneladas em 2005 (6,5% da produção global de peixes cultivados) com 14 espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 10,8% entre 1950 e 2005 e decréscimo da produção de 0,2% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 14,0%, 9,8%, 8,6%, 13,3% e 7,7%, respectivamente. Principais pa- íses produtores: Noruega 32,3%, Chile 30,1%, Reino Unido 7,2%, Canadá 5,2%, Turquia 2,5%, Dinamarca 1,9%, USA, China, França 1.8%, Iran 1,7%, Japão 1,6%, Itália 1,5%, Espanha 1,3%, Ilhas Faroe 1,2% (FAO, 2007). • Peixes de água doce (espécies não reportadas por país): produção total 1.799.758 toneladas em 2005 (5.9% da produção global de peixes cultivados). Taxa de crescimen- to médio anual de 6,3% entre 1950 e 2005, e aumento de produção de 7,7% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975- 1985, 1985-1995, 1995-2005: 5,2%, 4,8%, 7,3%, 11,4% e 3,0%, respectivamente. Principais países produtores: China 35,5%, Vietnam 32,5%, Myanmar 14,2%, Bangladesh 10,6%, Indonésia 2,5%, Índia 1,6%, Canadá 0,7%, Brasil 0,6% (Ásia 97,8%, América do Norte 1,0%, América do Sul 0,6%, Europa 0,1%; FAO, 2007). • Catfish (peixes de água doce - bagres): produção total 1.512.846 toneladas em 2005 (5,0% da produção global de peixes cultivados) com 16 espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 12,0% entre 1950 e 2005, aumento de produção de 14,8% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005: 18,6%, 9,8%, 12,1%, 6,5% e 16,0%, respectivamente. Principais países produto- res: China 31,6%, Vietnam 24,8%, USA 18,2%, Tailândia 8,6%, Indonésia 6,7%, Índia 2,9%, Nigéria 2,3%, Malásia 1,6%, Camboja 0,8% (Ásia 77,9%, América do Norte 18,5%, África 2,9%; FAO, 2007). • Milkfish (peixe diádromo - migra da água doce para salgada ou vice-versa): produção total 594.783 toneladas em 2005 (2,0% da produção global de peixes cultivados) com uma única espécie reportada (Chanos chanos). Taxa de crescimento médio anual de 4,3% entre 1950 e 2005, com aumento da produção de 3,7% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005: 3,6%, 3,4%, 5,6%, 1,4% e 5,0%, respectivamente. Principais países produtores: Filipinas 48,6%, Indonésia 42,7%, Taiwan 8,4%, Singapura 0,2% (Ásia 99,9%, Oceania 0,002%; FAO, 2007). • Peixes chineses carnívoros de água doce (peixe Mandarin, enguia do pântano): produção total 338.186 toneladas em 2005 (1,1% da produção global de peixes cultivados) com duas espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 24,6% entre 1995 a 2005, com aumento de produção de 10,5% entre 2004/2005. Prin- cipal e único país produtor: China (Ásia 100,0%; FAO, 2007). • Snakehead (peixes de água doce - snakeheads): produção total 308.938 toneladas em 2005 (1,0% da produção global de peixes cultivados) com três espécies reportadas. Taxa de cresci- mento médio anual de 12,5% entre 1950 e 2005, com aumento de produção de 7,9% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 7,6%, 8,0%, 10,7%, 1,7% e 40,5%, respectivamente. Principais países produtores: China 89,8%, Indonésia 3,7%, Índia 2,7%, Tailândia 2,4%, Nigéria, Filipinas 0,4% (Ásia 99,6%, África 0,4%; FAO, 2007). • Peixes marinhos não especificados (espécies não reportadas por país): produção total 264.575 toneladas em 2005 (0,9% da produção global de peixes cultivados). Taxa de crescimento mé- dio anual de 15,4% entre 1950 e 2005, com aumento de produção de 17,2% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995- 2005 de 24,1%, 2,0%, 22,9%, 24,0% e 5,3%, respectivamente. Principais países produtores: China 90,8%, Índia 3,0%, Japão 2,3%, Taiwan 0,9%, Malásia 0,9%, Turquia 0,8%, Grécia 0,5% (Ásia 99,4%, Europa 0,5%; FAO, 2007). • Seabass japonês (peixe marinho): produção total 251.770 toneladas em 2005 (0,8% da produção global de peixes culti- vados) com uma espécie reportada (Lateolabrax japonicus), e produção reportada apenas desde 1999, com aumento de pro- dução de 14,8% entre 2004/2005. Principais países produtores: China 99,0%, Coréia do Sul 1,0% (Ásia 100,0%; FAO, 2007). • Sparídeos (peixes marinhos - pargos): produção total 245.217 toneladas em 2005, com 10 espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 30,2% entre 1965 e 2005, com aumento de produção de 5,1% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 48,9%, 20,0%, 13,5% e 8,7%, respectivamente. Principais países produtores: Japão 31,0%, China 18,0%, Grécia 18,0%, Turquia 11,6%, Espanha 6,3%, Coréia do Sul 4,3%, Itália 2,9%, Egito 1,8%, Israel 1,4%, Taiwan 1,2%, França 0,7% (Ásia 68,3%, Europa 29,3%, África 2,2%, América do Norte 0,1%; FAO, 2007). • Enguia (peixe diádromo - enguia de rio): produção total Pr od uç ão a qü íc ol a m un di al ��Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 242.067 toneladas em 2005 (0,8% da produção global de peixes cultivados) com três espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 11,8% entre 1950 e 2005, e queda na produção de 2,5% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995- 2005 de 15,7%, 7,9%, 8,3%, 8,8% e 2,6%, respectivamente. Principais países produtores: China 74,0%, Taiwan 11,8%, Japão 8,2%, Coréia do Sul 2,3%, Holanda 1,6%, Dinamarca 0,7%, Itália 0,5% (Ásia 96,5%, Europa 3,4%; FAO, 2007). • Mugilidae (peixes marinhos - tainhas): produção total 180.326 toneladas em 2005, com três espécies reportadas. Taxa de cresci- mento médio anual de 8,5% entre 1950 e 2005, com aumento de produção de 16,3% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimen- to nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 2,2%, 6,7%, 8,5%, 11,3% e 17,8%, respectivamente. Principais países produtores: Egito 86,7%, Indonésia 6,5%, Coréia do Sul 3,0%, Taiwan 1,3%, Israel 1,2%, Ucrânia, Hong Kong 0,3% (África 86,9%, Ásia 12,4%, Europa 0,6%; FAO, 2007). • Carangidae (peixe marinho - pampos): produção total 178.270 toneladas em 2005, com cinco espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 16,5% entre 1950 e 2005, com aumento de produção de 5,5% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 71,3%, 20,2%, 5,4%, 1,2% e 0,02%, respectivamente. Principais países produtores: Japão 92,4%, China 6,7%, Taiwan 0,5%, Egito 0,2% (Ásia 99,7%, África 0,2%; FAO, 2007). • Characidae (peixe de água doce - tambaqui, pacu (=co- lossoma): produção total 148.469 toneladas em 2005, com três espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 42,0% de 1975 a 2005, com a produção reduzida de 0,06% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1955- 1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 52,0%, 44,5% e 30,4%, respectivamente. Principais países produtores: China 57,0%, Brasil 33,5%, Colômbia 4,6%, Venezuela 3,4%, Nigéria 0,7%, Argentina 0,3% (Ásia 57,1%, América do Sul 42,2%, África 0,7%; FAO, 2007). • Linguados (peixes marinhos planos): produção total 135.782 toneladas em 2005, com oito espécies reporta- das. Taxa de crescimento médio anual de 23,6% de 1985 a 2005, com aumento de produção de 23,6% entre 2004/2005. Principais países produtores: China 60,8%, Coréia do Sul 29,5%, Espanha 4,1%, Japão 3,4%, Noruega 0,9%, França 0,6% (Ásia 93,7%, Europa 6,1%, América do Sul 0,2%; FAO, 2007). • Sciaenidae (peixes marinhos - pescadas): produção total 117.141 toneladas em 2005, com cinco espécies reportadas. Taxa de cres- cimento médio anual de 123,3% de 1995 a 2005, com aumento de produção de 2,5% entre 2004/2005. Principais países produtores: China 98,5%, Mauricius, Espanha 0,3%, Israel, França, Itália 0,2% (Ásia 98,8%, Europa 0,7%, África 0,5%; FAO, 2007). • Moronidae (peixes marinhos - seabass europeu, striped bass): produção total 100.769 toneladas em 2005, com duas espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 31,1% entre 1975 e 2005, com aumento de produção de 25,1% entre 2004/2005. Média das taxas de cresci- mento nos decênios 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 34,5%, 46,2% e 14,5%, respectivamente. Principais países produtores: Turquia 37,2%, Grécia 30,7%, Itália 6,5%, Espanha 5,7%, USA 5,0%, Egito 4,2%, França 3,9%, Croácia 2,0%, Portugal 1,5%, Marrocos 0,8% (Eu- ropa 50,6%, Ásia 38,6%, África 5,8%, América do Norte 4,9%; FAO, 2007). • Serranidae (peixes marinhos - garoupas): produção total 65.362 toneladas em 2005, com cinco espécies re- portadas. Taxa de crescimento médio anual de 22,4% entre 1975 e 2005, com aumento de produção de 10,5% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 24,3%, 14,3% e 29,2%, respectivamente. Principais países produtores: China 59,5%, Taiwan 20,8%, Indonésia 10,5%, Malásia 3,9%, Tailândia 3,5%, Hong Kong 0,8%, Filipinas 0,4%, Singapore 0,3%, Coréia do Sul 0,2% (Ásia 100,0%; FAO, 2007). • Belontidae (peixe de água doce - Snakeskin gourami): produção total 39.815 toneladas em 2005, com apenas uma espécie reportada. Taxa de crescimento médio anual de 8,4% entre 1950 e 2005. Principais países produtores: Tai- lândia 92,8%, Indonésia 7,2% (Ásia 100,0; FAO, 2007). • Centropomidae (peixes diádromos - barramundi (roba- lo), perca do Nilo): produção total 34.545 toneladas em 2005, com duas espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 29,4% entre 1965 e 2005, com aumento de produção de 8,9% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1965-1975, 1975-1985, 1985- 1995, 1995-2005 de 33,5%, 22,0%, 25,6% e 6,0% , respec- tivamente. Principais países produtores: Tailândia 40,2%, Taiwan 22,8%, Malásia 12,1%, Nigéria 9,5%, Indonésia 8,5%, Austrália 5,1%, Sudão 0,6%, Singapure 0,5% (Ásia 84,5%, África 10,3%, Oceania 5,1%; FAO, 2007). • Tetraodontidae (peixes marinhos - baiacus): produção total 24.572 toneladas em 2005. Espécies não relatadas. Taxa de crescimento médio anual de 30,2% entre 1965 to 2005, com aumento de produção de 20,3% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 de 0,0%, 55,6%, 18,3% e 19,8%, respectivamente). Principais países produtores: China 81,4%, Japão 18.6% (Ásia 100,0%; FAO, 2007). • Atum (peixes marinhos): produção total 22.915 tone- ladas em 2005, com quatro espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 37,7% entre 1985 a 2005, com queda de 5,9% entre 2004/2005. Média das taxas de cres- Produção aqüícola m undial �� Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2007 cimento nos decênios 1985-1995 e 1995-2005 de 48,2% e 28,0%, respectivamente. Principais países produtores: México 34,3%, Austrália 32.5%, Croácia 14,9%, Espanha 14,7%, Itália 1,3%, Tunísia 1,2%, Chipre 0,8% (América do Norte 34,3%, Oceania 32,5%, Europa 30,9%, África 1,3%, Ásia 0,9%; FAO, 2007). • Bijupirá (Cobia) (peixe marinho): produção total 22.751 toneladas em 2005, com uma espécie reportada. Primeiro relatório de produção em 1995, com aumento de produção de 11,2% entre 2004/2005. Principais países produtores: China 83,0%, Taiwan 17,0%, Mayotte (Ilhas Comores) 0,03% (Ásia 99,9%, África <0,01%; FAO, 2007). • Gadidae (peixes marinhos - bacalhaus e hadoques): produção total 8.194 toneladas em 2005, com duas espécies reportadas. As 30 principais espécies de peixe e crustáceos cultivados no mundo em 2005, por volume Primeiro relatório de produção em 1987, com aumento de pro- dução de 111,1% entre 2004/2005. Principais países produtores: Noruega 90,4%, Islândia 8,6%, UK 0,8%, <0,1% Federação Russa (Europa 100,0%; FAO, 2007). Principais grupos/espécies de crustáceos cultivados (por volume) • Camarão Marinho: produção total 2.675.336 toneladas em 2005 (67,5% do total da produção de crustáceos), com 11 espécies reportadas. Taxa de crescimento médio anual de 14,8% entre 1950 e 2005, com aumento de produção de 9,4% entre 2004/2005. A média das taxas de crescimento nos decênios 1955-1965, 1965-1975, 1975-1985, 1985-1995, 1995-2005 foram de 4,8%, 20,4%, 25,3%, 15,8% e 11,2%, respectivamente. Principais pa- íses produtores em 2005: China 38,3%, Tailândia 14,0%, Viet- nam 12,2%, Indonésia 10,4%, Índia 5,3%, México 2,7%, Bra- sil. Bangladesh 2,4%, Equador 2,1%, Myanmar 1,8%, Filipinas 1,5%, Malásia 1,2%, Colômbia 0,7%, Venezuela, Taiwan 0,6% (Ásia 88,8%, América do Sul 6,1%, América do Norte 4,4%, África 0,4%, Oceania 0,2%; FAO, 2007). • Camarão de Água Doce: pro- dução total 467.876 toneladas em 2005 (11,8% da produção total de crustáceos), com três espécies reportadas e primeiro relatório de produção em 1970. Taxa de crescimento médio anual de 26,9% entre 1975 e 2005, com aumento de produção de 6,3% entre 2004/2005. Média das taxas de crescimento nos decênios 1975- 1985, 1985-1995, 1995-2005 de 30,0%, 14,0% e 37,7%, respecti- vamente. Principais países produ- tores em 2005: China 76,5%, Índia 9,9%, Tailândia 6,4%, Bangladesh 4,2%, Taiwan 2,2%, Indonésia 0,2% (Ásia 99,7%, América do Norte 0,1%; FAO, 2007). • Caranguejo chinês de rio (crustáceo de água doce): pro-
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