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114 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
2 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
3Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
E m 1934, Rodolpho von Ihering, um gaúcho neto de alemães, desenvolveu a técnica mundialmente conhecida como hipofisação, que utiliza hipófises desidratadas de peixes para reproduzir artificialmente peixes cultivados. Mas a popularização dos conhecimentos 
relacionados à propagação artificial aconteceu, de fato, na década de 70, em decorrência dos 
acordos internacionais que a Codevasf assinou com instituições húngaras. Desde então, as Estações 
de Piscicultura da Codevasf tiveram um papel determinante na formação da mão de obra brasileira 
especializada e no aprimoramento da técnica, até hoje largamente utilizada em todo o mundo.
Aplicada há quase quatro décadas, a técnica de hipofisação é agora alvo de fiscalização 
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Sob o ponto de vista sanitário, a 
fiscalização alega que o produto não pode ser utilizado pelos piscicultores por não constar na “extensa 
lista de dois produtos” aprovados para uso na aquicultura brasileira. O clima entre os piscicultores é 
de medo e muita insegurança diante de possíveis autuações. 
Após todos esses anos, não há registro algum de que o uso tanto de hormônios como de 
hipófises de peixes desidratadas tenham ocasionado danos aos pescados, ao meio ambiente, aos 
humanos que os manipulam e, tampouco, a quem consome os peixes propagados com a técnica da 
hipofisação. Ao longo desse tempo, cresceu o número de especialistas que pesquisam a fisiologia 
da reprodução de peixes e a forma como os hormônios atuam, auxiliando a desova e a espermiação. 
Ainda que as instituições que atuam na pesquisa aquícola tenham sido sucateadas, seria possível 
hoje montar pelo menos dois times de futebol, com direito a alguma plateia, se juntássemos todos 
os especialistas no assunto para opinar sobre as possíveis consequências deletérias da técnica – e 
também se a fiscalização do MAPA está sendo conduzida de maneira adequada.
Decisões sobre assuntos polêmicos balizadas pelas “melhores informações científicas” estão 
cada vez mais comuns e o bom senso deve prevalecer para não prejudicar o setor produtivo, que 
neste momento se sente ameaçado. 
Se de um lado existem especialistas disponíveis e, de outro, produtores sendo acusados por 
uma prática que até então tem se mostrado inócua, seria adequado que o Ministério da Pesca e 
Aquicultura tomasse a frente da discussão para colocar este trem novamente nos trilhos. A Revista 
Panorama da AQUICULTURA está de páginas abertas para o debate, desejando que este tema não 
tome proporções inesperadas.
Nesta edição, ao lado de técnicas de assentamento remoto que podem dar um novo rumo na 
mitilicultura catarinense, trazemos também o último dos sete artigos do Fernando Kubitza sobre as 
boas práticas de manejo na produção de peixes, as vantagens das espécies nativas na Região Sul, a 
escolha da sede da Embrapa para a aquicultura, a ótima notícia da escolha do Brasil para sediar o 
congresso mundial da WAS em 2011 e muito mais.
A todos mais uma ótima leitura
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...Pág 58
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...Pág 14
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Í N D I C E
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
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Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
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Colaboradores desta edição: 
Alex Pires de Oliveira Nuñer, Bel Levy; Carlos 
A. G. Leal, Christine Espíndola Fischer, Evoy 
Zaniboni Filho, Fabio Faria Brognoli, Fernando 
Kubitza, Flavia Ribeiro Couto, Frederico A. A. 
Costa, Glei A. Carvalho-Castro, Henrique César 
Pereira Figueiredo, Lamartine Nóbrega Netto, 
Luis Fernando Beux, Marcos Weingartner, 
Mauro César Campos de Almeida, Nelson 
Silveira, Ruy Ávilla Wolff 
Os artigos assinados são de 
responsabilidade dos autores. 
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exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
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21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 
82, 83, 84, 85, 87, 88, 111, 112
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Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA
Edição 114 - julho/agosto - 2009
Boas práticas no transporte
página 14...
Uma nova doença em trutas 
página 30...
...Pág 60
Assentamento remoto
Uma técnica criada nos Estados Unidos para a 
produção de sementes de ostras e mexilhões tem 
revolucionado o cultivo desses animais em vários 
países. A prática, da forma como foi concebida, 
exige um manejo em instalações em terra feito 
pelo próprio produtor, o que encarece os custos de 
produção desse importante insumo. O artigo de capa 
desta edição relata uma técnica inovadora de assentamento remoto desenvolvida 
em Santa Catarina, em que tudo acontece no mar, reduzindo os custos da infra- 
estrutura e da mão de obra, que resultam em sementes saudáveis e mais baratas. 
Leia o artigo na página 38.
...Pág 38
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios on-line
Manejo na produção de peixes – Parte 7: Boas práticas no 
transporte de peixes vivos
Espécies nativas com potencial para regiões de clima frio
Sanidade Aquícola: Aprendendo sobre uma nova doença em trutas
Assentamento remoto de larvas de mexilhão diretamente no mar
A missão brasileira na Noruega e Reino Unido
Codevasf aposta nos Centros de Referência em Aquicultura
II Congresso Brasileiro de Produção de Peixes Nativos
Especialista produz alevinos de robalo flecha em Santa Catarina
Laboratório da UFSC produz pós-larvas de camarão
Tocantins sediará Embrapa Aquicultura e Sistemas Agrícolas
XVI CONBEP em Natal enfocará importância da produção de alimentos
Calendário Aquícola ...Pág 66
...Pág 63
...Pág 65
6 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
da Adece, a visita renderá bons negócios. 
O maior problema, no entanto, está na fal-
ta do selo de Boas Práticas de Produção, 
exigido pelas empresas importadoras euro-
peias. Segundo Glauber, a boa remuneração 
no mercado interno está levando os produ-
tores brasileiros a negligenciar importantes 
certificações, decisivas na hora de negociar 
com compradores internacionais. 
GRAND SHRIMP FESTIVAL – A região da 
Costa Negra, localizada a 250 km de Forta-
leza, no litoral oeste do Estado do Ceará, 
engloba os municípios de Itarema, Acaraú 
e Cruz (Baixo Acaraú) e é o mais impor-
tante pólo da carcinicultura cearense, com 
33 fazendas de engorda, um laboratório de 
produção de pós-larvas e quatro unidades 
de beneficiamento. A carcinicultura é uma 
das maiores atividades da região, gerando 
aproximadamente 800 empregos diretos e 
1.500 indiretos – somados, perfazem um 
total de 2,59 empregos/hectare. A produ-
ção da região em 2008 foi de 7.090tone-
ladas e a estimativa para 2009 é o cres-
cimento de 15%. Os números motivaram 
a realização do Grand Shrimp Festival na 
região, entre os dias 26 e 29 de novembro. 
O evento engloba o Festival do Camarão de 
Aracaú 2009; I Festival Internacional do 
Camarão de Costa Negra e o I Encontro do 
Arranjo Produtivo Local da Carcinicultura 
do Litoral Oeste. O objetivo é contribuir 
para a economia local e estadual e promo-
ver o desenvolvimento regional. Segundo 
Livino Sales, presidente da Associação dos 
Carcinicultores da Costa Negra (ACCN), os 
participantes terão a oportunidade de as-
sistir a palestras, degustar e conhecer a 
diversidade que o segmento pode oferecer. 
Mais informações sobre o Grand Shrimp 
Festival com a Prática Eventos, telefone 
(85) 3433-7684, e-mail praticaeventos@
praticanet.com.br
GUABI COMPRA FÁBRICA NO CEARÁ 
– Na primeira semana de agosto, a Guabi 
concretizou a compra da fábrica de rações 
da BR Fish, localizada no município de São 
Gonçalo do Amarante, distante 59 km de 
Fortaleza (CE). A fábrica, inaugurada em 
2006, pertencia a Pecém Agroindustrial Ltda 
(Grupo Ypioca) e tem capacidade para 800 
WAS será no Brasil em 2011 – Por conta 
da desistência da China.
ITAMAR ROCHA – No dia 6 de agosto, o 
presidente de ABCC, Itamar Rocha, sofreu 
um grave acidente automobilístico na es-
trada que liga João Pessoa a Recife. Depois 
de ter sido hospitalizado, Itamar já se en-
contra em casa, em processo final de recu-
peração. O acidente uniu todo o setor aquí-
cola em torno da recuperação de Itamar e 
não faltaram manifestações de carinho e 
votos para a sua rápida recuperação, inclu-
sive de toda a turma da revista Panorama 
da AQÜICULTURA. 
ADECE ATRAI COMPRADORES – A pre-
sença da Agência de Desenvolvimento do 
Ceará (Adece) na Feira de Pescado de Bru-
xelas deste ano já rendeu frutos. Em agos-
to, Frank Molenaar, diretor de compras da 
holandesa Klaas Pull, uma das maiores be-
neficiadoras e distribuidoras de pescado da 
Europa, veio visitar as fazendas cearenses 
produtoras de camarão, incluindo a fazen-
da Bioshrimp, do município de Aracati, e a 
Acquacrusta, de Acaraú, ambas certificadas 
pela Naturland produzindo camarão orgâ-
nico. Segundo Glauber Gomes de Oliveira, 
coordenador da área de camarão e tilápia 
Notícias & Negócios Notícias & Negócios
toneladas/mês, em cada turno. A expecta-
tiva da Guabi é que até novembro as rações 
extrusadas na fábrica cearense já estejam 
disponíveis para os aquicultores. Além do 
mercado nacional, a Guabi exporta regular-
mente para quatro países: Nigéria, Líbano, 
Brunei e Angola. Na última feira Expo Agro-
Revenda, realizada em Jaguariúna (SP), a 
Guabi foi premiada como uma das melhores 
empresas fornecedoras de rações para ani-
mais de produção e de companhia. Foram 
ouvidos 529 revendedores de todo o Brasil, 
que avaliaram quatro atributos: apoio no 
ponto de venda, prazo e pontualidade na 
entrega, condições de compra e qualidade 
de atendimento comercial. 
ÁGUAS DE IRRIGAÇÃO – Projeto da Se-
cretaria de Agricultura e do Desenvolvi-
mento Agrário (Seagri), em parceria com 
a Agência Espanhola de Cooperação Inter-
nacional para o Desenvolvimento, pretende 
destinar reservatórios artificiais de Alagoas 
para a produção de pescado e o emprego 
de trabalhadores demitidos do setor cana-
vieiro. A ideia é sustentada por estudo da 
Seagri que comprova o potencial produtivo 
das barragens alagoanas. O levantamen-
to indica que o Estado de Alagoas abriga 
168 barragens de grande e médio porte, 
7Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Notícias & Negócios Notícias & Negócios
que totalizam o volume de 401.416.669 
metros cúbicos de água, em uma área de 
4 mil hectares alagados. Neste território, o 
povoamento de 9.664.000 alevinos e a ins-
talação de 26.800 tanques-rede podem ge-
rar 36.464 toneladas de pescado por ano. 
A primeira etapa do projeto, que consiste 
na instalação de 20 módulos, receberá o 
investimento de R$ 1,8 milhão do Banco 
Mundial. O governo do Estado providencia-
rá a instalação de 12 tanques-rede, a ração 
e os alevinos, além da seleção e capacita-
ção dos produtores. Entre as 168 barragens 
pesquisadas, está a Barragem do Bálsamo, 
em Palmeira dos Índios, com um volume de 
mais de 18,5 milhões de metros cúbicos de 
água, pertencente ao governo do Estado. 
As outras são de propriedade do Departa-
mento Nacional de Obras Contra a Seca, 
da Companhia de Saneamento de Alagoas, 
da Prefeitura de Arapiraca e das usinas do 
setor sucroalcooleiro. O governo do Estado 
negocia com proprietários o uso conjunto 
dos reservatórios.
SEMANA DO PEIXE 2009 – Entre 1º e 
15 de setembro, a Semana do Peixe 2009, 
promovida pelo Ministério da Pesca e Aqui-
cultura (MPA) com o apoio do Ministério da 
Saúde e da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa), incentiva o consumo 
de pescado em todo o país. Desde 2003, 
a campanha anual desenvolve ações para 
reforçar a importância da escolha do peixe 
como alimento saudável e orientar os con-
sumidores sobre o que observar na hora da 
compra. A programação deste ano foi am-
pliada de sete para 15 dias para aumentar 
a abrangência das iniciativas. “Este ano a 
meta é interiorizar a campanha. Sabemos 
que não basta oferecer o peixe. Temos 
que reconstruir a cultura do consumo dos 
brasileiros”, argumenta o subsecretário do 
MPA, José Claudenor Vermohlen. Além de 
procurar facilitar o acesso ao produto, ou-
tro desafio da campanha para popularizar o 
consumo do pescado é diminuir preços. Os 
peixes oferecidos durante a campanha de-
vem estar em média 15% mais baratos. Em 
2008, cerca de 70 redes de supermercados 
aderiram à iniciativa, que envolveu cerca 
de 1.500 lojas em todo o Brasil. 
POLI-NUTRI FAZ NOVOS INVESTIMEN-
TOS – A Poli-Nutri está investindo cerca 
de R$ 15 milhões em uma nova unidade 
fabril, localizada na cidade de Treze Tílias, 
em Santa Catarina, e em um novo centro 
de distribuição, na região de Caruaru, no 
Estado de Pernambuco. Os projetos fazem 
parte da estratégia de crescimento a longo 
prazo da empresa, que coincide com as co-
memorações dos 20 anos de sua fundação. 
“Escolhemos a cidade de Treze Tílias devido 
à proximidade a nossos parceiros. O meio-
oeste catarinense é um pólo importante da 
produção animal”, destaca Leandro Bruze-
guez, diretor de nutrição e formulação da 
Poli-Nutri. O novo centro de distribuição da 
empresa no Nordeste será inaugurado na 
cidade de Lajeado, próximo a Caruaru (PE). 
“O Estado de Pernambuco já conta com a 
Poli-Nutri como fornecedor e esperamos 
responder adequadamente ao potencial de 
crescimento deste mercado”, comenta Aldo 
Rodrigues Barbugli Filho, gerente nacional 
de vendas da empresa. 
SEMANA DE AQUICULTURA DA UFSC – O 
convite diz tudo: “O curso de Engenharia 
de Aquicultura da Universidade Federal de 
Santa Catarina, focado no potencial brasi-
leiro para a produção de organismos aquá-
ticos, e percebendo as oportunidades que 
se criam ao redor das atividades ligadas 
à aquicultura, tem o prazer em convidá-
los a participar de mais uma edição da 
Semana de Aquicultura da UFSC - VII 
SEMAQUI, de 09 a 13 de novembro no 
Centro de Ciências Agrárias/UFSC, em 
Florianópolis - SC”. Como nos anos ante-
riores, a programação traz novidades e 
tendências para uma atividade que vem 
ganhando destaque no cenário nacional 
e mundial e inclui os mais renomados 
profissionais da área, debatendo te-
mas atuais. Serão oferecidas palestras, 
minicursos, oficinas, mesas redondas e 
apresentação de trabalhos acadêmicos, 
todos com a finalidade de promover a 
troca de informações, disponibilizando 
ao público a possibilidade de fazer bons 
contatos e bons negócios. Para mais 
informações e inscrições, acesse o site 
www.semaqui.ufsc.br
FAEP EM NATAL – A Federação das Asso-
ciações dos Engenheiros de Pesca do Brasil 
(FAEP-BR) promoverá eleição para Diretoria 
Executiva e Conselho Fiscal em 21 de outu-
bro, durante o XVI Congresso Brasileiro de 
Engenharia de Pesca, em Natal (RN). Infor-
mações: leopesca76@yahoo.com.br8 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Notícias & Negócios
AQUABIO – Por não terem sido apresenta-
das chapas na última eleição, a atual dire-
toria da AQUABIO (Sociedade Brasileira de 
Aquicultura e Biologia Aquática) teve seu 
mandato prorrogado até 31 de dezembro 
de 2009. A expectativa do atual presiden-
te, João Donato Scorvo, é que até lá novas 
chapas sejam submetidas. 
NOVA RAÇÃO NO MERCADO – A Algomix 
Agroindustrial Ltda. (www.algomix.com.br) 
está colocando no mercado uma linha com-
pleta de produtos para piscicultura, princi-
palmente para tilápias. Segundo o diretor 
comercial da empresa, Saul Jorge Zeuckner, 
a Linha Piscicultura da Algomix conta com 
rações para todas as fases de cultivo des-
se peixe. A empresa oferece rações para 
alevinos (reversão sexual de tilápias) 
com 50% de proteínas e para juvenis 
com 42% ou 36% de proteínas. A linha 
tem também rações destinadas às fases 
de crescimento, com 32% de proteínas, 
crescimento e engorda, com 28% de pro-
teínas e acabamento, com 22% de pro-
teínas. Todos os produtos são elaborados 
com farinhas de peixes, carnes e vísceras 
de frango, com alta carga de vitamina C e 
proteínas de alta digestibilidade.
EQUIPAMENTOS – A empresa catarinense 
Quimioter, estabelecida em Campos Novos, 
oferece aos aquicultores os principais pro-
gramas voltados ao tratamento, análise e 
assessoria técnico-química 
em análises de água, solos, 
efluentes industriais e meio 
ambiente. Segundo Angelo 
Dalpasquale e Jefferson Scolaro, respon-
sáveis pela Quimioter, a empresa fornece 
soluções tecnológicas de ponta, voltadas 
para os mais diversos setores da aquicultu-
ra, desde equipamentos digitais, kits, vidra-
ria para laboratório, filtros e purificadores, 
até reagentes para análise de água, solos e 
efluentes. A Quimioter conta também com 
uma representação e setor de consultoria 
nos Estados de Pernambuco e Paraíba para 
o segmento da aquicultura. Mais informa-
ções sobre a empresa, seus produtos e ser-
viços, no site www.quimioter.com.br 
PIRARUCU LEGAL E MAIS BARATO – A 
carne de pirarucu estará mais barata no 
Amazonas e Estados vizinhos a partir de 
2010. O motivo é a construção das duas 
primeiras indústrias de beneficiamento do 
peixe na América Latina, nos municípios de 
Marrã e Fonte Boa, no oeste amazonense. 
Como atualmente não existe nenhuma in-
dústria de processamento desta espécie, há 
grande variação no preço do produto: no 
interior, o quilo de pirarucu é vendido a R$ 
3,50 e nas capitais o valor pode chegar a 
R$ 60. A expectativa é que com a cons-
trução das indústrias de beneficiamento o 
quilo do pirarucu seja comprado por R$ 30 
em Manaus, primeiro foco consumidor. Os 
peixes beneficiados serão originários da 
Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
de Mamirauá, próxima aos municípios que 
abrigarão as indústrias. No Amazonas, a 
pesca do pirarucu é proibida durante todo 
o ano. Neste Estado, a captura do peixe é 
autorizada somente entre agosto e novem-
bro, em áreas de unidades de conservação 
e sob supervisão do Ibama e da Secretaria 
Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento Sustentável (SDS). 
III ENCONTRO DA AMAZÔNIA - Desde 
2007, o Encontro de Negócios da Aquicul-
tura da Amazônia (ENAq) é realizado du-
rante a Feira Internacional da Amazônia, 
em Manaus, e este ano ocorrerá de 25 a 
29 de novembro, no Novotel Manaus. Serão 
realizados minicursos, palestras, mesas re-
dondas, rodadas de negócios e caravanas. O 
objetivo é favorecer a elaboração de novas 
políticas para o desenvolvimento da aqui-
cultura no Estado do Amazonas e estimular 
a eficiência econômica da cadeia produtiva 
através da verticalização da produção, do 
incremento da produtividade e das inova-
ções tecnológicas. O evento focará também 
a sustentabilidade e o desenvolvimento da 
piscicultura familiar, como forma de melho-
ria de vida da população interiorana. Infor-
mações pelo telefone: (92) 3237-2045.
BALANÇA COMERCIAL - A Folha de S. 
Paulo divulgou levantamento feito pela As-
sociação Brasileira de Criadores de Camarão 
(ABCC) que aponta queda de exportações 
e aumento de importações de pescados 
no Brasil, entre 2003 e 2008. Neste perí-
odo, a venda de pescados para o merca-
do externo registrou queda de 57,88% (de 
113.839 para 47.947 toneladas), enquanto 
a importação cresceu 43,3% (de 152.464 
para 218.486). A ABCC indica como prin-
cipais fatores a desvalorização cambial e a 
9Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Notícias & Negócios Notícias & Negócios
carga tributária e reivindica a desoneração 
tributária para o pescado e mais investi-
mentos para o setor. O presidente da ABCC 
e diretor do Departamento de Agronegócio 
da Federação das Indústrias do Estado de 
São Paulo (Fiesp), Itamar Rocha, enviou 
um documento ao ministro Guido Mante-
ga afirmando que o setor está “perdendo 
competitividade, tanto pela desvalorização 
do dólar como, principalmente, pela eleva-
da carga tributária sobre as vendas inter-
nas. Isso, aliado à falta de compensações 
e apoio financeiro, contribuiu para manter 
esse setor estratégico operando no mínimo 
de sua capacidade”. Também ouvido pela 
Folha, o subsecretário de planejamento do 
Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), 
José Claudenor Vermohlen, disse que a 
abertura de novos mercados está entre as 
metas do MPA.
PEIXE PODE PREVENIR DEMÊNCIA SENIL 
– Estudo publicado na edição de agosto 
do American Journal of Clinical Nutrition 
sugere que pessoas que comem peixe 
diariamente têm até 20% menos chan-
ces de desenvolver demência senil, em 
relação a indivíduos que não consomem 
pescado regularmente. A pesquisa com-
parou cerca de 15 mil pessoas com idades 
superiores a 65 anos, originárias da Chi-
na, Índia, Cuba, Venezuela, México, Peru 
e República Dominicana. Segundo o co-
ordenador do estudo, o epidemiologista 
clínico Emiliano Albanese, a relação da 
demência senil com a carne bovina é exa-
tamente oposta: quanto mais se come, 
mais chances de desenvolver a doença.
TORTA DE CUPUAÇU PARA RAÇÃO – O 
bagaço da semente de cupuaçu, também 
conhecido como torta, que antes era des-
cartado como lixo após a extração do óleo 
utilizado em alimentos e cosméticos, é in-
dicado pela Embrapa como eficiente com-
ponente de rações para peixes, aves e car-
neiros. De acordo com estudo coordenado 
pelo pesquisador Cláudio Izel, os resíduos 
da semente do cupuaçu são ricos em mi-
nerais, proteínas, fibras e gorduras e po-
dem substituir o milho e o farelo de soja 
utilizados atualmente na engorda dos ani-
mais. De acordo com a Embrapa, os pro-
dutores de ração do Amazonas precisam 
importar esses insumos, o que encarece a 
produção. Testes com ração elaborada com 
a torta do cupuaçu já mostraram resulta-
dos satisfatórios na engorda de tambaqui. 
É grande a expectativa do setor por mais 
informações a respeito do desempenho 
zootécnico dos peixes e das análises dos 
custos de produção.
IMPORTÂNCIA DO RGP – A Lei da Pes-
ca, assinada no final de junho pelo 
presidente Lula no mesmo dia em que 
sancionou o Projeto de Lei que trans-
forma a SEAP em Ministério da Pes-
ca e Aquicultura, inclui aquicultores 
e pescadores entre os beneficiários 
das linhas de crédito do Pronaf Mais 
Alimentos. Financiamentos de até R$ 
100 mil serão concedidos a produto-
res familiares com renda anual de até 
R$ 110 mil. O prazo para pagamento 
é de dez anos, sendo três de carên-
cia, e taxas de juros de 2% ao ano. 
Para a aquicultura, os recursos serão 
restritos a atividades limitadas a dois 
hectares e poderão ser destinados a 
aquisição de redes, tanques-rede e 
estruturas de fixação; infraestrutu-
ra de armazenagem de ração e guar-
da de equipamentos; kits de análise 
de água; tubulação; materiais para 
estrutura de abastecimento e drena-
gem de viveiros; aluguel de máquinas 
para construção de viveiros e mão de 
obra; e aquisição de matrizes para o 
primeiro ciclo de produção. Mas tudo 
isso de nada valerá se o produtor não 
tiver seu cadastrado no Registro Geral 
da Pesca (RGP) e seu cultivo não tivero licenciamento ambiental. 
MESTRADO NO REINO UNIDO – O governo 
britânico abriu mais uma vez as inscrições 
para o programa Chevening de bolsas de 
estudo no Reino Unido. Para Mestrado em 
Aquicultura, o programa Chevening British 
Council recebe inscrições até 30 de setem-
bro para o ano acadêmico 2010/2011. Com 
duração máxima de 12 meses, o curso deve 
ter início em setembro de 2010. Os bol-
sistas receberão ajudas de custo e o valor 
máximo de 12 mil libras esterlinas para pa-
gamento da anuidade do curso. O programa 
é financiado pelo Foreign and Commonwe-
alth Office (FCO) e o Ministério das Rela-
ções Exteriores britânico e é administrado 
pelo British Council em todo o mundo. No 
Brasil, a administração do Chevening está 
sob a responsabilidade dos escritórios do 
British Council de Brasília, Recife, Rio de 
Janeiro e São Paulo. Mais informações: 
www.chevening.org.br
BRASIL + PERU – Missão brasileira lide-
rada pelo ministro das Relações Exteriores, 
Celso Amorim, esteve no Peru para firmar 
acordos de cooperação técnica em fronteira 
nas áreas de piscicultura, segurança, saú-
de, meio ambiente, energia e agricultura. 
Na ocasião, técnicos da Embrapa, de en-
tidades peruanas e o superintendente de 
Rondônia, Jenner Tavares Bezerra de Me-
nezes, estiveram reunidos para formulação 
do projeto de cooperação em piscicultura, 
intitulado Fortalecimento de Capacidades 
para o Melhoramento da Produção Aquíco-
la da Região de Madre de Dios. A iniciativa 
inclui a capacitação profissional em repro-
dução e produção de espécies amazônicas. 
Durante a execução do projeto, técnicos e 
aquicultores peruanos irão a Rondônia para 
participar de treinamentos, estágios e vi-
sitas a instalações aquícolas, unidades de 
beneficiamento e fábricas de ração. 
INSTITUTO DA PESCA INAUGURA LA-
BORATÓRIO – Foi inaugurado em 11 de 
agosto o Laboratório de Análise de Qua-
lidade de Água do Instituto da Pesca, lo-
calizado no Parque da Água Branca, em 
São Paulo. Fruto de um investimento de 
R$ 477 mil, o laboratório é um dos únicos 
do país a concentrar análises físicas, quí-
micas e biológicas da água, a fim de dar 
suporte à sustentabilidade ambiental das 
inúmeras atividades relacionadas ao meio 
aquático. O laboratório permitirá ao aqui-
cultor analisar a qualidade da água antes 
da sua captação, durante a atividade (para 
melhorar a produção) e depois de seu uso 
(para assegurar que a atividade não polua 
o meio ambiente). “Antigamente, o aqui-
cultor se preocupava mais com a qualidade 
da água que chegava ao empreendimento 
e não existia qualquer preocupação com a 
10 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
qualidade da água que saía dos viveiros. Hoje, essa preocupação 
já existe”, considera o assessor da diretoria do Instituto de Pesca, 
Julio Vicente Lombardi. 
TRANSGÊNICOS – O grupo de pesquisa em Biologia Aplicada da 
Universidade de Almería, na Espanha, iniciou um estudo para ve-
rificar se tilápias e doradas (sea bream) alimentadas com substân-
cias transgênicas são prejudiciais para a saúde humana. Segundo 
o diretor de pesquisas, Tomás Francisco Martínez, os experimen-
tos realizados até o momento mostram que os músculos e órgãos 
dos dois peixes assimilam essas sustâncias modificadas genetica-
mente, mas não há risco para o seu consumo. A notícia, publica-
da no site www.fis.com, informa que os pesquisadores dividiram 
os exemplares de dorada e tilápia em três grupos: um alimentado 
com soja transgênica, outro com soja ecológica e um terceiro 
que não recebeu nenhum tipo de matéria vegetal. “Mesmo ten-
do enriquecido a alimentação dos animais com uma quantidade 
de alimento transgênico superior à normalmente utilizada, não 
registramos risco ao consumo desses peixes”, Martínez garante. 
Segundo o pesquisador, as células dos peixes têm mecanismos 
naturais para se proteger de elementos estranhos e o consumo 
de soja transgênica não impactou o funcionamento interno do 
organismo. A discussão em torno dos transgênicos é polêmica. No 
Brasil, uma cartilha do Ministério da Agricultura sobre alimentos 
orgânicos, contendo comentários críticos sobre os transgênicos, 
teve a distribuição impedida por ação judicial movida pela indús-
tria de alimentos transgênicos Monsanto. Ilustrada pelo cartunista 
Ziraldo, a cartilha está disponível online: http://www.aba-agroe-
cologia.org.br/aba2/images/pdf/cartilha_ziraldo.pdf
VACINAS – Um estudo norueguês concluiu que o salmão do 
atlântico desenvolve menos lesões e conquista taxas de cres-
cimento mais favoráveis quando recebe doses reduzidas de 
vacinas. A pesquisa comparou dois grupos de 1.700 peixes, 
cedidos pela empresa SalmoBreed AS: um recebeu a vacina 
de referência e outro a experimental, com doses reduzidas. Os 
resultados, analisados quando os peixes atingiram cerca de 1 
kg, apontam crescimento 8% maior nos exemplares que rece-
beram a vacina experimental. Além disso, esses peixes apre-
sentaram grau inferior de feridas, incluindo menor adesão na 
cavidade abdominal, menos melanina pigmentada nos órgãos 
internos e na parede abdominal. As vacinas para peixes ainda 
não estão à venda no Brasil, mas são utilizadas com sucesso 
em diversos países.
Notícias & Negócios
11Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Notícias & Negócios Notícias & NegóciosOn-line
De: Esmar Júnior 
esmar_pesca@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Dúvidas/Ictio
Bom dia a todos. Poderiam me escla-
recer uma dúvida quanto ao tratamen-
to a que posso recorrer para a doença 
dos pontos brancos (Ichthyophthirius 
multifiliis) em meus japoneses e car-
pas? Qual seria o melhor tratamento: 
formol, verde malaquita ou sal e qual 
as dosagens? Devo esterilizar o am-
biente todo ou só os animais infecta-
dos? Desde já agradeço.
De: Paola P. de Oliveira Camargo
paola@escamaforte.com.br
Para:lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
Bom dia, o produto registrado no 
MAPA para utilização em tratamentos 
tanto para Ictio quanto para outros 
ectoparasitos em peixes é o Masoten 
da Bayer.Temos um manual de proce-
dimentos para a utilização de tal pro-
duto. No caso de Ictio, recomenda-se 
a aplicação do produto a cada 3 dias, 
com 3 aplicações. 
De: Felipe Ribeiro
felipe_zoo@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
Caro Esmar, se os animais estiverem 
em um sistema de pouco volume e 
temperatura passível de controle, 
uma excelente alternativa para dimi-
nuir o Ictio, sem uso de qualquer me-
dicamento, é manter a temperatura 
da água acima de 32ºC por dois a três 
dias. Praticamente qualquer protozo-
ário parasita de peixes não sobrevive 
a essas temperaturas. Se for possível 
realizar esse manejo, fique atento a 
sinais de doenças bacterianas, pois 
elas são favorecidas pela tempera-
tura alta. Por fim, verifique as con-
dições em que você está mantendo 
seus animais, pois invariavelmente o 
aparecimento de enfermidades está 
relacionado a condições inadequa-
das de manutenção e manejo, como 
por exemplo água de má qualidade e 
mudança brusca de temperatura. Uma 
curiosidade: apesar de ser uma “do-
ença” de fácil controle, o Ictio está 
entre os parasitas que mais matam 
peixes ornamentais, especialmente 
em condições pós-produção, ou seja, 
em atacadistas, lojas e aquários e 
tanques de hobbistas.
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
Estimados Esmar e Felipe, na criação 
de jundiás (Rhamdia quelen) o Ictio 
é peça fundamental para ser eficien-
te, ou não, em produção de alevinos. 
Até teria a coragem de afirmar, não 
sou especialista nisto, que é o maior 
problema em termos de produtivida-
de e sobrevivência. Os insumos ne-
cessários para combater ou controlar 
ainda são caros, não justificando seu 
uso.
De: Tiago Moraes
tiagopesca@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
Meus caros, o tratamento mais efi-
caz é através de banhos terapêuti-
cos em tanques para tal finalidade. 
Dependendo da intensidade da in-
festação, banhos comsal de cozinha 
3g/L durante 24 horas costumam re-
solver. Em caso de infestações mais 
severas, banhos com 50g/L de sal de 
cozinha podem ser usados, mas não 
ultrapassando 20 minutos. Banhos 
com formalina, usando 1 ml de for-
malina comercial para cada 4 litros 
de água, podem ser uma alternativa. 
O banho deve ser repetido por 3 ve-
zes com intervalo de 3 dias. Porém, 
muito cuidado! Façam o teste com 
um pequeno número de animais para 
adaptar as dosagens, pois elas va-
riam de acordo com a espécie e o 
estágio de desenvolvimento.
De: Álvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
12 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Notícias & Negócios On-line
Estimado Tiago, trabalhando em 
cima dos números que propôs, veja: 
3 g/L num tanque de alevinagem de 
150.000 litros = 450 quilos torna-se 
inviável técnica e financeiramente. 
50 g/L num tanque de alevinagem de 
150.000 litros = 7.500 quilos, idem. 1 
ml de formalina para cada 4 litros em 
um tanque de 150.000 litros = 37,5 
litros é inviável técnica e financeira-
mente. Por isto eu reafirmo que ainda 
é difícil fazer tratamentos curativos. 
O que devemos e podemos fazer é a 
prevenção, apesar de ser difícil.
De: Tiago Moraes
tiagopesca@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
Caro Álvaro, concordo plenamente 
que a prevenção é a medida mais vi-
ável do ponto de vista econômico e 
ambiental. Porém, muitas vezes não 
temos o total controle sobre a qua-
lidade do ambiente e os “invasores” 
acometem nossas culturas. Certamen-
te aplicar as dosagens recomendadas 
em tanques com grandes volumes é 
inviável e por esse motivo frisei: o 
tratamento mais eficaz é através de 
banhos terapêuticos em tanques para 
tal finalidade. Ou seja, tanques espe-
cíficos com volumes menores.
De: Leopoldo Barreto 
leopoldomb@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Dúvidas/Ictio
Esmar, o sistema só necessita ser es-
terilizado se a doença for crônica, 
ou seja, afete todos os animais do 
aquário/tanque. O Ictio é recorrente 
em diversos sistemas, o que se deve 
atentar é para a questão da boa ma-
nutenção da qualidade da água as-
sociada à boa alimentação, o que 
torna o animal “resistente” ao possí-
vel ataque de doenças oportunistas. 
Seguem recomendações específicas 
para kinguios e carpas: pH 7,0 - 7,4 
(pH ácido concorre para o apare-
cimento de doenças em kinguios); 
amônia (próximo a 0,0); boa oxige-
nação (devido ao porte dos kinguios 
e carpas, esses consomem bastante 
oxigênio); temperatura abaixo dos 
28ºC (kinguios e carpas são peixes de 
águas temperadas); alimentação ba-
lanceada (sem excesso de proteína, 
com vegetal e carboidrato). Essas são 
algumas sugestões para a boa manu-
tenção e possível cura, sem retorno 
do Ictio e outras doenças. 
De: Elmo Vieira Rodrigues 
zootecelmo_vieira@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Engorda tilápias fêmeas
Olá pessoal, sou zootecnista, produ-
tor de tilápias e tenho interesse em 
algum trabalho sobre engorda de fê-
meas de tilápia. Realizei alguns ex-
perimentos com engorda de tilápias 
fêmeas e obtive resultados satisfa-
tórios. Gostaria de debater sobre o 
assunto.
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Engorda tilápias fêmeas
Prezado Elmo, há muitos anos, tive 
a oportunidade de participar de tra-
balhos na Ásia, onde se constatou 
que a fêmea de tilápia nilótica tem 
potencial de crescimento superior ao 
do macho. Porém, como a fêmea ti-
picamente desova uma vez por mês e 
fica sem comer durante o período de 
incubação (bucal) dos ovos, ela aca-
ba acumulando menos peso por in-
vestir mais na reprodução. Já quando 
a fêmea é castrada geneticamente, o 
13Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Notícias & NegóciosOn-line
seu potencial de crescimento é ple-
namente aproveitado e ela, então, 
cresce mais que o macho. A castra-
ção genética é alcançada pela produ-
ção de lotes triplóides de tilápia, tal 
como se faz com truta (veja artigo 
sobre uso da triploidia em truta no 
Brasil na edição 113 da Panorama da 
AQÜICULTURA). Além disso, em con-
traste à agressividade dos machos, a 
tilápia fêmea é dócil, o que mantém 
baixo o estresse competitivo e ho-
mogeneíza o crescimento de toda a 
população.
De: Elias de Souza Souza
elipeixe@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Engorda tilápias fêmeas
Caro Ricardo, o que aconteceria com 
fêmeas (normais, não sendo triplói-
des) criadas em tanques sem a pre-
sença de machos; elas fariam o mes-
mo processo de desova e ficariam sem 
comer, atrasando o crescimento?
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Engorda tilápias fêmeas
Elias, essa pode ser uma estratégia 
interessante. No sul do Japão, ha-
via uma criação comercial de tilápia 
nilótica em tanque de concreto, em 
que a alta densidade, de 40 kg/m3, 
era mantida para inibir a reprodução 
e obter maior taxa de crescimento. 
Possivelmente, fatores como alta 
densidade e falta de substrato para 
postura possam vir a inibir o desen-
volvimento gonadal. É um bom tema 
para pesquisa e tese.
De: Elias de Souza Souza
elipeixe@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Engorda tilápias fêmeas
Olá, Ricardo, muito obrigado pela res-
posta; perguntei sobre isso porque 
tive informação de um trabalho reali-
zado na Bahia, em Paulo Afonso, em 
que alevinos produzidos através de 
retrocruzamento macho f-1 (nilótica 
x zanzibar) com fêmea nilótica foram 
criados em tanque-rede e os ovários 
das fêmeas com idade de 6 meses fica-
ram atrofiados e imaturos. Foi sugerido 
que a fêmea canalizou a energia para 
o seu crescimento e não para o desen-
volvimento gonadal. Já essas mesmas 
fêmeas, criadas em tanque escavado, 
produzem normalmente.
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Engorda tilápias fêmeas
Prezado Elias, o gargalo para o cresci-
mento da tilápia está em que o orga-
nismo da fêmea diplóide está progra-
mado para formar ovos maduros, em 
um ciclo aproximadamente mensal, 
com base contínua. Sem a presença 
de machos, os ovos gerados acabam 
sendo perdidos depois de atingir o 
estágio maduro. Desta forma, o cor-
po da fêmea investe “em reprodução” 
quase todos os nutrientes e energia 
que obteve da alimentação. Em um 
animal selvagem, na natureza, tal 
investimento maximizaria a perpetu-
ação da espécie. Entretanto, em um 
cultivo que objetiva a produção de 
biomassa, isso significaria desperdi-
çar mensalmente quase tudo o que o 
peixe conseguiu acumular. Por isso, 
considero que, sem machos presentes, 
a taxa de crescimento da população 
de tilápias fêmeas diplóides poderia 
até aumentar um pouco, pela menor 
pressão competitiva. No entanto, a 
maior parte do recurso que foi obtido 
da alimentação continua a ser jogado 
fora nas fêmeas diplóides.
14 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Boas práticas no transporte 
de peixes vivos
Parte 7
A Panorama da AQÜICULTURA fi-
naliza nesta edição uma série de 7 artigos 
sobre práticas eficientes e responsáveis 
empregadas no manejo na criação de peixes. 
O termo “manejo” aqui se refere às inter-
venções realizadas durante a criação. Estas 
intervenções buscam, dentre inúmeros obje-
tivos, otimizar a produção e a rentabilidade 
nas pisciculturas, de maneira compatível 
com a manutenção de adequada qualidade 
ambiental, dentro e fora do empreendimento, 
possibilitando a oferta de produtos seguros 
ao consumidor. 
Por:
Fernando Kubitza, Ph. D.
Acqua & Imagem Serviços Ltda.
fernando@acquaimagem.com.br
Manejo na produção 
de peixes
Um transporte bem executado premia os esforços 
realizados durante todo o processo de produção de uma pis-
cicultura. Por ser uma operação delicada e de alto risco, que 
envolve cargas vivas de alto valor, não basta apenas contar 
com equipamentos eficientes, sendo necessário investir na 
capacitação técnica do pessoal responsável por essaetapa. É 
preciso também compreender os fatores relacionados à produ-
ção, ao manuseio e ao transporte, que prejudicam a condição 
geral dos peixes e podem provocar alta mortalidade após o 
transporte. Mortalidades durante e após o transporte não 
apenas resultam em grandes perdas financeiras, mas também 
prejudicam a imagem e credibilidade do transportador / forne-
cedor dos peixes. Assim, é necessário conhecer e implementar 
procedimentos eficazes tanto no preparo quanto na condução 
desses peixes, de forma a minimizar e/ou aliviar os efeitos do 
estresse, assegurando maior sobrevivência dos animais. Este 
artigo final da série sobre “Manejo na Produção de Peixes” 
apresenta ao leitor os principais fundamentos e estratégias 
para uma melhor condução do transporte de peixes vivos.
15Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
M
anejo
Fatores de produção que influenciam o sucesso do transporte
As condições a que os peixes são submetidos durante a 
produção influenciam decisivamente o resultado do transporte 
(ver Quadro 1). Animais nutridos inadequadamente ou estres-
sados por baixos níveis de oxigênio dissolvido nos tanques de 
criação geralmente sofrem mais com o manejo da despesca e o 
transporte. Por isso, podem apresentar maior mortalidade, quando 
comparados a peixes mantidos sob melhores condições durante 
a produção. Peixes com alta infestação de parasitos (como trico-
dinas, monogenóides, mixosporídeos e outros microrganismos 
que causam inflamação e lesão nas brânquias) também podem 
apresentar alta mortalidade durante e após o transporte. O ma-
nuseio grosseiro durante as despescas deve ser evitado, como: as 
passagens excessivas de rede nos tanques, que levam os peixes à 
exaustão e aumentam as chances de ferimentos em animais que 
lutam para fugir do arrasto; a suspensão excessiva de partículas 
de argila e material orgânico para a coluna d’água, que provoca 
irritação, inflamação e lesões nas brânquias; e o confinamento 
prolongado na rede no momento da captura e do carregamento, 
que resulta em baixo oxigênio localizado e acentua as reações 
de estresse, causando perda excessiva de sais do sangue para a 
água e a redução da resposta imunológica dos peixes. Isso tudo 
aumenta a mortalidade de peixes após o transporte.
c) aumento na concentração e amônia total;
d) aumento na concentração de sólidos em suspensão 
(fezes);
e) aumento na população microbiana (bactérias em geral).
Alterações fisiológicas nos peixes 
devido ao manuseio e transporte
Diversas alterações fisiológicas ocorrem nos peixes 
em consequência do manuseio e do transporte. Os efeitos 
dessas alterações devem ser minimizados para que se 
obtenha alta sobrevivência dos peixes após o transporte. 
Durante o manuseio dos peixes para o carregamento nas 
caixas de transporte, tem início a Reação Geral de Es-
tresse. Essa reação é marcada pela seguinte sequência de 
acontecimentos: 
a) ocorre um aumento na concentração de adrenalina e 
cortisol no sangue dos peixes submetidos ao manuseio;
b) a adrenalina promove a elevação no nível de glicose 
no sangue, preparando o peixe para uma situação de 
emergência; 
c) o cortisol, por outro lado, aumenta a permeabilidade das 
membranas das células branquiais, o que facilita a perda 
de sais do sangue para a água. Isso prejudica a manutenção 
do equilíbrio de sais no sangue dos peixes, causando um 
desequilíbrio osmorregulatório. O cortisol ainda deprime 
o sistema imunológico e reduz a resposta inflamatória nos 
peixes, favorecendo a infecção dos peixes por agentes 
patogênicos e reduzindo a capacidade de reparação dos 
tecidos (ferimentos) após o transporte;
d) ao longo do transporte os peixes são gradualmente se-
dados devido à elevação na concentração do gás carbônico 
na água e, consequentemente, no sangue. O gás carbônico 
tem um efeito sedativo (anestésico) nos peixes e, em alta 
concentração na água, dificulta a respiração dos peixes, 
podendo causar asfixia, particularmente sob condições 
de baixo oxigênio na água de transporte. A hipercapnia 
(ou seja, a elevação da concentração de gás carbônico no 
sangue) altera o equilíbrio ácido-base no organismo dos 
animais, podendo levar os mesmos à morte;
e) os níveis de amônia no sangue dos peixes tendem a se 
elevar em função do aumento na concentração de amônia 
na água de transporte, dificultando a excreção passiva de 
amônia do sangue para a água.
Estratégias de preparo dos peixes para o transporte
A sobrevivência após o transporte é muito influen-
ciada pelo preparo dos peixes para o transporte. Este pre-
paro geralmente envolve os seguintes procedimentos: 
a) jejum antes da despesca e do transporte; 
b) tratamento dos peixes para eliminação de parasitos 
• Baixo oxigênio na água na semana que precede ao 
transporte;
• Despesca grosseira e exaustiva para os peixes (diver-
sas passagens de rede no tanque; elevada suspensão 
de argila e material orgânico na água; e prolongado 
confinamento nas redes antes do carregamento);
• Inadequada nutrição e alimentação durante o 
cultivo;
• Infestação por parasitos nas brânquias, que prejudi-
cam a respiração, a excreção de amônia e a osmorre-
gulação (equilíbrio de sais no sangue) dos peixes.
Quadro 1. Fatores adversos na produção e despesca que 
aumentam a mortalidade dos peixes após transporte
Alterações que ocorrem na qualidade da 
água durante o transporte
No transporte de peixes vivos, uma determinada carga de 
peixes é confinada em um volume fixo de água (seja em sacos 
plásticos ou em caixas de transporte). Na água de transporte os 
peixes respiram (consomem oxigênio e excretam gás carbônico), 
eliminam amônia do sangue para a água através das brânquias, 
excretam sua fezes (material orgânico) e liberam parte do seu 
muco. Assim, ao longo do transporte ocorrem as seguintes mu-
danças em alguns dos parâmetros de qualidade de água:
 
a) aumento na concentração de gás carbônico;
b) redução no pH da água (devido ao acúmulo de gás carbô-
nico na água);
16 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
M
an
ej
o
(extremamente importantes no preparo 
de pós-larvas e alevinos para o trans-
porte);
c) manutenção dos peixes em ambiente 
adequado para finalizar a depuração 
(esvaziamento do trato digestivo) antes 
do transporte.
Jejum antes da despesca e do trans-
porte - peixes mantidos em jejum con-
somem menos oxigênio, excretam menos 
amônia e gás carbônico, toleram melhor o 
manuseio envolvido nas despescas, clas-
Vista superior do tanque-rede posicionado 
dentro do tanque de depuração
Figura 1. Representação de um tanque-rede para depuração de alevinos, posicionado dentro de um 
tanque de depuração, suspenso cerca de 20 cm do fundo. Nas fotos podem ser visualizados tanques 
para a depuração de alevinos usando tanques-rede suspensos do fundo do tanque de depuração
Vista lateral de um tanque de depuração com 
um tanque-rede suspenso do fundo
No caso de peixes de grande porte, destinados aos pesque-pagues ou ao 
mercado vivo, a depuração normalmente é feita no próprio tanque de cultivo, 
suspendendo a oferta de ração. No caso do transporte de tilápias, carpas e 
outros peixes que não depuram bem nos tanques de terra, é necessário renovar 
a água das caixas após o carregamento. Em virtude do estresse do manuseio, 
boa parte das fezes é excretada cerca de 30 a 60 minutos após o carregamen-
to. Assim, se o transporte for longo (4 horas ou mais, por exemplo) vale a 
pena renovar a água das caixas após esse tempo, de forma a eliminar grande 
parte das fezes excretadas. Isso evita a proliferação excessiva de bactérias 
e o aumento excessivo na concentração de amônia na água de transporte. A 
adição de sal e demais produtos na água de transporte deve ser feita após esta 
renovação. Abaixar a temperatura da água nas caixas de transporte é uma 
boa prática, em particular no caso dos peixes que não depuram bem. Esse 
abaixamento de temperatura é feito com o uso de gelo. Temperaturas entre 
19 e 22oC são recomendáveis durante o transporte de peixes vivos. Além 
de reduziro consumo de oxigênio e a excreção de gás carbônico e amônia 
dos peixes, temperatura mais baixa reduz a excreção fecal e a velocidade de 
multiplicação de bactérias na água.
Tratamento dos peixes para eliminar parasitos - previamente à despesca e 
preparação dos peixes para o transporte, deve ser feita uma análise microscó-
pica de raspados do muco das brânquias e do corpo dos peixes. Isso auxilia 
na verificação da presença de parasitos e determinação da necessidade de 
tratamento dos peixes antes do transporte. Infestações moderadas ou severas 
de parasitos podem aumentar a mortalidade dos peixes após o transporte, 
particularmente em pós-larvas e pequenos alevinos. Os peixes devem então 
ser tratados previamente ao transporte para reduzir ou mesmo eliminar a 
carga de parasitos. A tricodina, por exemplo, é um protozoário parasito muito 
comum em pós-larvas e alevinos e que pode resultar em elevada mortalidade 
após transporte. Este parasito pode ser eliminado dos peixes com banhos de 
formalina de 20 a 30 minutos na concentração de 80 a 100 ml de formalina 
por 1.000 litros de água. Estes banhos geralmente são dados nas próprias 
sificações, transferências e transporte. Peixes 
em jejum defecam menos na água de transpor-
te. Portanto, os peixes devem ser mantidos em 
jejum por 24 a 48 horas antes do transporte. 
Em geral, quanto maior o peixe mais prolon-
gado deve ser o jejum. O tempo de jejum deve 
ser mais prolongado para peixes adultos (48 
a 72 horas), mais curto para alevinos (24 a 
48 horas) e ainda mais curto para pós-larvas 
(12 a 24 horas). Peixes carnívoros precisam 
de um jejum mais prolongado do que os pei-
xes onívoros ou herbívoros para o completo 
esvaziamento do trato digestivo. Aplicar um 
bom jejum é relativamente fácil quando se tra-
balha com peixes carnívoros. Basta suspender 
o fornecimento da ração nos próprios tanques 
de criação cerca de 48 horas antes da despesca 
e carregamento para o transporte. Estes pei-
xes geralmente não utilizam alimento natural 
(plâncton e outros organismos), tampouco 
comem detritos presentes nos tanques. Por 
outro lado, para peixes como as tilápias e as 
carpas (comum e cabeçuda, por exemplo), que 
aproveitam alimentos naturais disponíveis nos 
tanques de criação, apenas suspender a oferta de 
ração não garante um adequado jejum. Alevinos 
destas espécies devem ser depurados em local 
adequadamente preparado para isso. Estes peixes 
geralmente comem as próprias fezes durante a 
depuração, impossibilitando um adequado jejum 
em tanques convencionais para a depuração. 
Desse modo, a depuração de alevinos e ju-
venis destas espécies deve ser feita dentro 
de hapas ou tanques-rede (malha 5 mm ou 
maior), posicionados cerca de 20 a 30 cm 
acima do fundo dos tanques de depuração 
(Figura 1). Dessa forma as fezes excretadas 
passam pelas malhas dos tanques-rede e se 
depositam no fundo do tanque de depuração, 
fora do alcance dos peixes. Estes tanques-
rede ou hapas também facilitam a captura 
dos peixes para o carregamento, agilizando 
a operação.
17Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
M
anejo
caixas de transporte no momento da transferência dos alevi-
nos dos tanques de cultivo para os tanques de depuração. O 
tratamento também pode ser realizado no próprio tanque de 
depuração, desde que haja a possibilidade de se renovar a água 
do tanque para reduzir a concentração do produto. Durante o 
banho com formalina deve ser monitorado continuamente o 
oxigênio dissolvido, pois a formalina aplicada na água, por 
si só, consome grande quantidade de oxigênio. A oxigenação 
da água através de difusores de ar e injeção de oxigênio ge-
ralmente é necessária. Banhos prolongados (12 a 24 horas) 
com sal na dose 10g/litro (10 kg / 1.000 litros) podem ajudar 
a reduzir a infestação por parasitos (monogenóides, epistylis, 
piscinoodinium), bem como impedir a infecção dos peixes 
por fungos (Saprolegnia) e bactérias como a Flavobacterium 
columnaris (que causa podridão de nadadeiras e boca de al-
godão nos peixes (“columnariose”). Estes banhos podem ser 
aplicados durante a depuração. 
Em casos onde não é viável transferir os peixes para 
os tanques de depuração (principalmente no caso de grandes 
quantidades de peixes de tamanho de mercado) o tratamento 
para eliminação de parasitos deve ser feito nas próprias caixas 
de transporte antes de iniciar a viagem. Após o tratamento é 
necessário renovar a água da caixa para evitar a exposição 
dos peixes por tempo prolongado aos medicamentos usados. 
Além da formalina e do sal há outros produtos que podem ser 
utilizados nos tratamentos preventivos de parasitos. Consulte 
sempre um profissional especializado para discutir as possi-
bilidades de tratamento preventivo e para prescrever as doses 
de medicamentos e profiláticos a serem utilizadas.
Manutenção de adequado ambiente para a depuração dos 
peixes - muitas vezes a depuração é realizada em tanques 
especificamente projetados para esta operação. Os peixes 
são estocados nestes tanques em altas densidades e os níveis 
de oxigênio são mantidos através de aeração ou renovação 
de água. Durante a depuração é necessário ficar atento ao 
oxigênio dissolvido na água. Peixes submetidos a baixas 
concentrações de oxigênio durante a depuração podem apre-
sentar alta mortalidade após o transporte. Salinizar a água 
da depuração entre 5 a 8ppt (5 a 8 kg de sal por 1.000 litros 
de água) melhora a condição do peixe durante a depuração e 
previne a infecção dos peixes por fungos e bactérias externas 
(algo que pode ocorrer com frequência após o estresse relacio-
nado à despesca e ao manejo de classificação que precede ao 
transporte). A salinização da água também evita que os peixes 
percam excessiva quantidade de sal do sangue para a água 
devido ao estresse do confinamento durante a depuração. Esta 
salinização somente é possível quando não se renova a água 
nos tanques de depuração ou quando os tanques de depuração 
contam com um sistema de recirculação de água.
O preparo da água para o transporte 
A água usada no transporte deve ser limpa, livre de ma-
terial orgânico, argila em suspensão e de plâncton (Figura 2). 
Normalmente é utilizada água de poços (artesianos ou poços 
comuns), água de represas com alta transparência, água dos 
canais de abastecimento e, às vezes, até mesmo água do 
abastecimento municipal, tomando-se o cuidado de eliminar 
o cloro residual nesta última.
O condicionamento da água para o transporte - diversos 
produtos podem se usados no condicionamento da água. Den-
tre alguns podem ser relacionados os neutralizadores de cloro 
(como o tiossulfato de sódio), compostos tamponantes que 
evitam a redução do pH da água (tampões a base de fosfato); 
misturas comerciais de sais que auxiliam na redução dos ní-
veis de gás carbônico na água e na manutenção do equilíbrio 
osmorregulatório dos peixes; substâncias parasiticidas, fungicidas 
e bactericidas (geralmente muito usados no transporte de peixes 
ornamentais); compostos anestésicos que sedam e acalmam os 
peixes durante o transporte; dentre outros. O sal comum (sal 
marinho) é um dos produtos de maior benefício para uso na água 
de transporte e fundamental para melhorar a sobrevivência dos 
peixes após o transporte. Doses de sal entre 6 e 8 kg/1000 litros 
devem ser utilizadas O sal estimula a produção de muco e reduz 
as perdas de sais do sangue para a água, facilitando o ajuste da 
osmorregulação. Além disso, reduz a ocorrência de infecções 
fúngicas e bacterianas após o transporte. Além do sal, o gesso 
(sulfato de cálcio) e o cloreto de cálcio também são produtos 
que podem ser usados na água de transporte com a finalidade de 
aumentar a dureza da água (teor de cálcio) e, assim, auxiliar os 
peixes na manutenção do equilíbrio osmorregulatório. A dose de 
gesso usada é cerca de 60 a 80g/ 1.000 litros de água e o cloreto de 
cálcio ao redor de 40 a 60g/ 1.000 litros. Quando a água utilizada 
no transporte for muito ácida (pH < 6,5) deve ser adicionado 
bicarbonato de sódio naágua. Isso evita que o pH da água ao 
final do transporte fique muito baixo a ponto de comprometer a 
sobrevivência dos peixes. A quantidade de bicarbonato aplicada 
deve ser ao redor de 60 a 100 g/ 1.000 litros.
Figura 2. A água usada no transporte deve ser limpa (sem material orgânico ou argila 
em suspensão) e livre de contaminantes. Geralmente é utilizada água de poço ou água 
de um reservatório ou canal usado para o abastecimento da piscicultura
18 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
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Figura 3. Esquema de abaixamento da temperatura para embalagem de peixes em sacos plásticos. Os peixes que serão embalados 
então no tanque de depuração a uma temperatura de 28oC. Uma quantidade de peixes é transferida do tanque de depuração (com 
o auxílio de uma peneira de padrão de medida) para a caixa intermediária (geralmente uma caixa de isopor com água cerca de 
4 a 5ºC abaixo da temperatura no tanque de depuração. Na caixa intermediária é provida aeração e os peixes ficam ali cerca de 
2 minutos, para que a temperatura corporal abaixe dos 28oC para cerca de 23-24oC. Após isso, os peixes são transferidos, com 
o uso de medidas padrões, para os sacos plásticos com água entre 19 e 20ºC para a embalagem final. Os sacos plásticos podem 
ser transportados em caixas de isopor (que mantém a temperatura baixa por mais tempo) ou em caixas de papelão (que não tem 
um isolamento térmico tão bom quanto a de isopor, mas é melhor do que transportar as embalagens soltas).
ser feita colocando pedaços de gelo (gelo em barra partido) 
diretamente na água. Caso o transporte seja de alevinos e 
somente haja disponibilidade de gelo em cubo, o gelo deve 
ser colocado dentro de um saco plástico sem furo, o qual será 
imerso na água para abaixar a temperatura. Jogar gelo em cubo 
diretamente na água pode ocasionar a morte de pequenos ale-
vinos por hipotermia (baixa temperatura corporal), pois estes 
acabam entrando no interior dos cubos e, literalmente, tomam 
uma gelada. Durante a adição de gelo deve ser monitorado o 
abaixamento da temperatura. Tão logo a temperatura chegue 
ao valor desejado, se houver gelo excedente na água da caixa 
de transporte, este deve ser removido. O preparo da água para 
uso em sacos plásticos pode ser feito em caixas de isopor, 
adicionando gelo até atingir a temperatura desejada. Caso a 
temperatura da água na depuração esteja mais do que 4 a 5oC 
acima da temperatura desejada na embalagem de transporte, 
antes dos peixes serem colocados nos sacos plásticos com a 
água mais fria, estes devem ser imersos por cerca de 2 minutos 
em uma água de temperatura intermediária. Veja o exemplo 
na Figura 3. 
O isolamento térmico das caixas - idealmente, as caixas de 
transporte devem possuir isolamento térmico, para evitar a 
elevação da temperatura durante o transporte. No transporte 
em sacos plásticos, onde se utiliza pequenos volumes de 
água, é recomendável o uso de caixas de isopor ou caixas de 
papelão com revestimento interno de isopor (Figura 4). Não 
dispondo deste tipo de caixa, uma alternativa é usar caixas 
de papelão forradas internamente com uma camada espessa 
de papelão para reduzir a condução de calor até a embalagem 
com os peixes. Sempre que possível procure evitar a expo-
sição das caixas ao sol. Caixas para transporte de peixes a 
granel devem ter isolamento térmico, permitindo o transporte 
de peixes sob qualquer tempo, sem que haja grande elevação 
ou redução na temperatura da água no interior das caixas.
O controle da temperatura da água no transporte 
A redução na temperatura da água usada no 
transporte é fundamental para a segurança, a eficiência 
e o sucesso do transporte. A baixa temperatura reduz 
o metabolismo dos peixes, diminuindo o consumo de 
oxigênio e a excreção de gás carbônico e amônia. Além 
disso, retarda o desenvolvimento de bactérias na água. 
Isso permite transportar cargas maiores de peixes a 
distâncias mais longas.
Temperaturas adequadas para o transporte de pei-
xes vivos - durante o transporte a temperatura da água 
deve ser mantida entre 19 e 22oC para peixes tropicais. 
Temperaturas mais baixas, entre 16 e 18oC podem ser 
utilizadas para o transporte de espécies de peixes de 
clima temperado, como o catfish, black bass, carpas, 
“gold fish” ou “kinguiô”, entre outros. Peixes de águas 
frias, como as trutas por exemplo, geralmente são 
transportados a temperaturas entre 8 e 15oC. 
O abaixamento da temperatura - no carregamento dos 
peixes, a água que será usada no transporte já deve estar 
cerca de 4 a 5oC mais fria do que a água onde estão os 
peixes. Por exemplo, se a água do tanque de depuração 
ou de criação estiver com 28oC, a água na caixa de 
transporte deve estar a 23 ou 24oC. Se necessário, a 
temperatura da água pode ser abaixada com o uso de 
gelo. Conforme o carregamento vai sendo realizado, 
mais gelo deve ser colocado na caixa de transporte 
para manter a temperatura da água 4 a 5ºC mais fria do 
que a água no tanque de depuração. Finalizado o car-
regamento, se ainda for necessário, mais gelo deve ser 
adicionado para que a temperatura chegue à faixa de 19 
a 22oC, ideal para o transporte. A adição de gelo pode 
Tanque de depuração 28oC Caixa intermediária 23oC Embalagem final 19-20oC
19Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
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Figura 4. Caixa de papelão com revestimento interno de isopor para 
conferir melhor isolamento térmico da embalagem
necessário para o carregamento (ou embalagem), para 
a viagem (transporte) e para a soltura no destino; c) do 
tamanho ou peso médio dos peixes a serem transportados; 
d) da espécie de peixe; dentre outros. Quanto mais baixa 
for mantida a temperatura da água, quanto maior for o 
tamanho dos peixes e quanto mais rápido for o transporte, 
maior pode ser a carga de peixes no transporte (em kg/
m3 ou em g/litro).
Cargas de peixes nas caixas de transporte - com o uso 
de oxigênio, cerca de 60 a 80 kg/m3 é uma carga adequada 
no transporte de alevinos e juvenis e 200 a 250 kg/m3 
é uma carga adequada para o transporte de peixes que 
finalizaram a engorda. Cargas maiores podem ser usadas, 
dependendo da distância do transporte, da temperatura 
da água nas caixas de transporte, da qualidade do equi-
pamento, da possibilidade de troca de água durante o 
transporte, entre outros fatores. 
Cargas de peixes em sacos plásticos - para pequenas 
pós-larvas as cargas devem ficar entre 20 a 30g de pós-
larvas por litro de água. No caso de alevinos as cargas 
podem variar entre 80 a 200g/litro, dependendo do tempo 
de transporte, do tamanho dos peixes, da temperatura da 
água, dentre outros fatores. No transporte em sacos plás-
ticos a quantidade de oxigênio é limitada e os níveis de 
O ajuste adequado da carga de peixes 
a ser transportada 
A carga de peixes possível de ser transportada (em 
sacos plásticos ou granel em caixas de transporte) depende 
de diversos fatores: a) da previsão da temperatura da água 
em que se realizará o transporte; b) previsão do tempo 
20 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
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gás carbônico ficam mais elevados. 
A quantidade de oxigênio presente 
na embalagem deve ser suficiente 
para atender o consumo dos peixes 
durante o transporte. O consumo de 
oxigênio, expresso em gramas de 
O2 por quilo de peixe por hora (g 
O2/ kg/ h) de peixe/hora, varia em 
função da espécie e do tamanho dos 
peixes, da temperatura da água, da 
condição de jejum dos peixes, entre 
outros fatores. Alevinos em jejum 
geralmente consomem cerca de 1 a 
1,5 g O2/ kg/ h. Cada litro de oxi-
gênio na embalagem equivale a 1,4 
g de oxigênio. Assim, para suprir a 
demanda de oxigênio de um quilo de 
alevinos a cada hora de transporte, 
teoricamente seria necessário pelo 
menos 1 litro de oxigênio. No entan-
to, nem todo o oxigênio colocado na 
embalagem se difunde para a água 
e, também, não é possível assegurar 
que a temperatura da água na emba-
lagem não se elevará demasiadamen-
te duranteo transporte, aumentando 
o consumo de oxigênio pelos peixes 
acima do previsto (a não ser que as 
embalagens sejam colocadas dentro 
de caixas de isopor). Adicional-
mente, durante o transporte há uma 
elevação nos níveis de gás carbô-
nico, dificultando a respiração dos 
peixes. Assim, é necessário manter 
uma concentração mais elevada de 
oxigênio na água da embalagem. Por 
tudo isso, é recomendável considerar 
a necessidade de prover cerca de 2 
litros de oxigênio para cada quilo 
de alevinos por hora. No Quadro 
2 é apresentado um exemplo de 
como estimar o volume de oxigênio 
necessário para uma determinada 
carga de alevinos no transporte em 
sacos plásticos. Na prática, como 
o volume das embalagens é fixo, é 
recomendável que a proporção entre 
o volume de oxigênio e o de água 
seja pelo menos 5:1. Assim se uma 
embalagem tem volume total de 60 
litros, é possível usar até 10 litros de 
água, deixando espaço para 50 litros 
de oxigênio.
Monitoramento contínuo e ajuste do 
fluxo de oxigênio 
No transporte de peixes a 
granel é possível regular o fluxo de 
oxigênio em cada caixa. Isso é feito 
com base nas leituras de oxigênio re-
alizadas periodicamente ao longo do 
transporte. Essas leituras, juntamente 
com a marcação do fluxo de oxigênio, 
devem ser anotadas em uma tabela de 
acompanhamento do transporte (ver 
exemplo na tabela na página 21) e ser-
virão como base para o ajuste do fluxo 
de oxigênio ao longo do transporte. 
Portanto, o oxímetro é uma ferramen-
ta fundamental para o transportador 
de peixes, conferindo segurança e 
economia no transporte.
Para fins didáticos e de com-
preensão da regulagem do oxigênio, 
a operação de transporte será aqui 
divida em três momentos ou etapas: 
1) o momento do carregamento dos 
peixes; 2) mais ou menos a primeira 
metade do percurso; 3) a segunda 
metade do percurso. Durante o 
carregamento o oxigênio dissolvido 
deve ser mantido acima de 4mg/L. 
Os peixes estão extremamente agita-
dos e o consumo de oxigênio é muito 
acelerado. Assim, a regulagem da 
vazão de oxigênio no fluxômetro é 
mantida mais elevada. Logo após o 
carregamento e início da viagem, 
os peixes começam a se acalmar, e o 
consumo de oxigênio se reduz. Por-
tanto, é necessário realizar o ajuste 
no fluxo de oxigênio, para evitar 
que este se eleve demasiadamente. 
Cerca de 30 a 40 minutos após o 
carregamento, ainda no início da 
viagem, deve ser feita uma checagem 
do oxigênio (Figura 5) e ajustado 
o fluxo de oxigênio se necessário. 
Com mais uma hora de transporte 
deve ser realizada uma nova medição 
nas caixas e um novo ajuste no fluxo 
do oxigênio. Nesta primeira metade 
do transporte a meta é manter o oxi-
gênio próximo da saturação, ou seja, 
entre 7 e 8mg/l. 
"O transporte de 
peixes vivos já se 
tornou um negócio 
para muitas pessoas 
no Brasil. Diversos 
transportadores 
e produtores 
têm investido 
consideráveis 
recursos na compra 
e adaptação de 
caminhões, na 
aquisição de caixas 
de transporte e 
equipamentos 
auxiliares, na 
manutenção 
do caminhão, 
combustíveis, etc.. 
No entanto, muitos 
ainda realizam 
a operação de 
transporte de forma 
empírica, sem os 
conhecimentos 
mínimos para 
conduzir de forma 
eficiente e segura 
esse trabalho." 
21Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Após o oxigênio ter estabilizado neste valor as leituras 
de oxigênio podem ser realizadas de duas em duas horas. A 
elevação do gás carbônico na água, conforme o transporte 
progride, vai provocando uma sedação nos peixes e o con-
sumo de oxigênio dos mesmos vai ficando cada vez menor, 
sendo geralmente necessário reduzir o fluxo de oxigênio 
a cada leitura realizada. A partir da segunda metade do 
transporte, onde já ocorrem níveis mais elevados de gás 
carbônico na água, é recomendável manter o oxi-
gênio dissolvido em valores um pouco acima da 
saturação, entre 9 e 11mg/l de forma a compensar 
o elevado gás carbônico e evitar que os peixes 
tenham dificuldade em respirar. Na chegada ao 
destino final, durante a aclimatação dos peixes 
à água dos tanques onde eles serão soltos, o oxi-
gênio deve ser novamente mantido próximo da 
saturação. Isso diminui o risco de ocorrer embolia 
nos peixes após a soltura. A troca de água durante 
a aclimatação é feita para igualar a temperatura 
(geralmente mais baixa nas caixas de transporte) 
e o pH, para reduzir a concentração de amônia e 
gás carbônico na água. Durante a aclimatação o 
oxigênio pode ser novamente mantido próximo 
de 7 a 8mg/litro, valores adequados para realizar 
a soltura dos peixes.
Embolia - durante o transporte há o risco de 
ocorrência de supersaturação de gases na água 
(tanto o oxigênio, como o gás carbônico). Essa 
supersaturação pode provocar a embolia gasosa 
nos peixes. Uma condição particular que favorece 
a ocorrência de embolia é a soltura dos peixes 
diretamente dos tanques ou das embalagens de 
transporte para uma água mais quente, sem uma 
adequada aclimatação dos peixes à nova condição 
de água. Assim, durante a soltura dos peixes o 
ideal é que o oxigênio na água das embalagens ou 
das caixas de transporte tenha sido abaixado para 
valores próximos da saturação.
• Volume total da embalagem (no ponto em que esta 
é amarrada) - 70 litros;
• Volume de água - 10 litros;
• Carga máxima de alevinos - 200g de alevinos/litro 
de água ou 2kg de alevinos por embalagem.
• Para estimar o volume máximo de oxigênio que 
cabe nesta embalagem é preciso subtrair, do volume 
total, o volume de água mais o volume deslocado 
pelos peixes, que neste caso foi de 2 litros (1 litro 
para cada quilo de peixe). Assim, o volume máximo 
de oxigênio na embalagem equivale a 58 litros (70 
- 10 - 2). 
• Para cada quilo de peixe estocado, é necessário 
prover 2 litros de oxigênio por hora. Assim, para os 
2 quilos de alevinos na embalagem, será necessário 
colocar 4 litros de oxigênio para cada hora de trans-
porte. Como a embalagem comporta até 58 litros de 
oxigênio, o tempo máximo que este oxigênio dura é 
de 58/4 - cerca de 14 horas de transporte. 
• Neste mesmo exemplo, se a carga de peixes for 
reduzida pela metade (ou seja, 1kg de alevinos), 
estes mesmos 58 litros de oxigênio podem durar até 
28 horas de transporte.
Quadro 2. Exemplo de como prever o tempo máximo de 
transporte de alevinos em um saco plástico 
Tabela. Registro do oxigênio dissolvido e do fluxo de oxigênio nas caixas de transporte
Figura 5. Monitoramento do oxigênio nas 
caixas de transporte antes do início da 
viagem. O oxímetro é um equipamento 
indispensável no transporte de peixes a 
granel. Com o oxímetro é possível monitorar 
o oxigênio e realizar o ajuste do fluxo 
deste gás em cada caixa, evitando falta ou 
excesso de oxigênio. Com o uso do oxímetro 
o transporte é realizado de forma segura 
e com grande economia de oxigênio. A 
economia de oxigênio em alguns meses de 
transporte equivale ao valor investido na 
compra do oxímetro
22 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
23Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
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anejo
Aclimatação dos peixes durante a soltura
Ao final do transporte é necessário realizar 
a aclimatação dos peixes à água onde estes serão 
estocados. Em geral, a água de transporte difere 
da água do destino na temperatura, na concentra-
ção de oxigênio e gás carbônico, no pH, na salini-
dade, dentre muitos outros parâmetros. Assim, é 
necessário fazer uma mistura gradual da água de 
transporte com a água do tanque de destino. Essa 
mistura é feita introduzindo a água do tanque de 
destino nas caixas de transporte (através de bom-
ba ou mesmo com baldes), drenando simultanea-
mente a água da caixa de transporte. No caso do 
transporte feito em sacos plásticos, estes devem 
ser abertos e gradualmente a água do tanque de 
destino deve ser introduzida na embalagem. Isso 
é feito até que o volume da água no interior da 
embalagem seja pelo menos triplicado, ponto em 
que as diferenças entre a água da embalagem e a 
do tanque foram suficientemente minimizadas e 
já é possível soltar os peixes(Figura 6). 
O transporte de peixes vivos já se tornou um 
negócio e fonte de recursos para muitas pessoas 
no Brasil. Diversos transportadores e produtores 
de peixes têm investido consideráveis recursos na 
compra e adaptação de caminhões para realizar 
o transporte de peixes vivos, na aquisição de cai-
xas de transporte e equipamentos auxiliares, nas 
despesas de manutenção do caminhão (seguros, 
impostos, licenciamento, revisões, manutenção 
periódica, etc.), combustíveis e outros. No en-
tanto, apesar de contarem com equipamentos 
de primeira linha para o transporte de peixes, 
muitos ainda realizam a operação de transporte 
de forma empírica, com conhecimentos mínimos 
dos fundamentos e das técnicas aplicadas ao 
transporte de peixes vivos. Aos interessados em 
se aprofundar mais nas técnicas de transporte 
de peixes vivos, para conduzir de forma mais 
eficiente e segura seu trabalho de rotina no 
transporte de peixes, recomendo a leitura do 
livro “Técnicas de transporte de peixes vivos” 
deste mesmo autor. Também vale a pena atender 
a cursos específicos sobre este assunto, onde 
será possível discutir estratégias de transporte 
específicas e trocar experiências e informações 
com outros transportadores de peixes.
Figura 6. Aclimatação dos alevinos ao final do transporte. As embalagens devem 
ser colocadas na água e imediatamente deve ser iniciada a adição da água 
do local de destino no interior das embalagens, até que o volume de água na 
embalagem triplique o quadruplique. Este processo deve levar cerca de 3 minutos 
por embalagem. Não há necessidade de demorar mais do que isso
Saiba mais: Quem é assinante lê on-line
A Panorama da AQÜICULTURA sugere a leitura de artigos 
relativos ao tema, publicados em edições anteriores.
Transporte de Peixes Vivos – Parte 1
Por: Fernando Kubitza
(Panorama da AQÜICULTURA - Edição 43 - setembro/outubro - 1997)
Transporte de Peixes Vivos – Parte 2
Por: Fernando Kubitza
(Panorama da AQÜICULTURA - Edição 44 - novembro/dezembro - 1997)
O sal de cozinha no transporte de peixes
Por: Levy de Carvalho Gomes, Rodrigo Roubach e 
Carlos A R.M. Araújo-Lima 
(Panorama da AQÜICULTURA - Edição 72 – julho/agosto - 2002)
Amenizando as perdas de alevinos após o manejo e o transporte
Por: Fernando Kubitza
(Panorama da AQÜICULTURA - Edição 80 – novembro/dezembro - 2003)
Mais profissionalismo no transporte de peixes vivos
Por: Fernando Kubitza 
(Panorama da AQÜICULTURA - Edição 104 – novembro/dezembro – 2007)
Os artigos “Manejo na produção de peixes” 
foram publicados com os seguintes temas:
Edição 108: Parte 1 – A conservação e o uso da água.
Edição 109: Parte 2 – O uso eficiente da aeração: fundamentos e 
aplicação.
Edição 110: Parte 3 – O preparo dos tanques, estocagem dos peixes 
e a manutenção da qualidade da água.
Edição 111: Parte 4 – Manejo nutricional e alimentar.
Edição 112: Parte 5 – Boas práticas no manejo sanitário. 
Edição 113: Parte 6 – Boas práticas nas despescas, manuseio e 
classificação dos peixes.
Edição 114: Parte 7 – Boas práticas no transporte de peixes vivos.
24 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
 e acordo com a estatística da produção aquícola e pesqueira do Brasil, em 2005, quando foram produzidas 178.746,5 
toneladas de peixes de água doce (Fonte: IBAMA), a Região Sul 
foi responsável por 33% da produção nacional. Essa produção 
sempre esteve e continua baseada no cultivo de espécies exóticas, 
notadamente do grupo das carpas e tilápias, que compõem cerca 
de 80% da produção de peixes do Paraná, Santa Catarina e Rio 
Grande do Sul.
Apesar do sucesso da atividade nesses estados, que registrou 
um crescimento de 75% entre 1997 e 2006, algumas espécies cul-
tivadas, como a tilápia (Oreochromis niloticus) e o bagre-africano 
(Clarias gariepinus), apresentaram suscetibilidade ao clima da 
região. Quando no inverno há registros de temperaturas mais baixas 
que a média da estação, condição frequente na região, elevadas 
taxas de mortalidade podem ocorrer durante o cultivo dessas 
espécies. Em 2000 foram registradas mortalidades de tilápias e 
bagre-africano em várias regiões de Santa Catarina, e estima-se 
que 15% da produção do estado tenha sido sacrificada pelo frio 
(Panorama da AQÜICULTURA, 2000). Ao analisar detalhada-
mente o ocorrido naquele ano, considerando os dados produzidos 
com potencial para regiões de clima frio
Espécies nativas
A escolha das espécies mais adequadas 
para o cultivo na Região Sul do Brasil 
sempre foi um tema muito discutido, 
principalmente quando os produtores se 
deparam com invernos onde a tempera-
tura cai abaixo da média desta estação, 
momento em que lidam com mortalidades 
e muito prejuízo. Desde 1995, pesquisa-
dores do Laboratório de Biologia e Cultivo 
de Peixes de Água Doce da Universidade 
Federal de Santa Catarina (LAPAD/UFSC) 
se dedicam a esses estudos e apontam 
neste artigo as razões que os levaram a 
escolher, entre tantas, algumas espécies 
que continuam a responder zootecnica-
mente, mesmo nas temperaturas mais 
baixas. Este tema, pela sua importância, 
foi um dos destaques no II Congresso 
Brasileiro de Produção de Peixes Nati-
vos, realizado de 25 a 28 de agosto em 
Cuiabá, MT.
Por: 
Evoy Zaniboni Filho 
Marcos Weingartner 
Luis Fernando Beux 
Alex Pires de Oliveira Nuñer
Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes 
de Água Doce / Universidade Federal de 
Santa Catarina (LAPAD/CCA/UFSC) 
e-mail: evoy@lapad.ufsc.br
25Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2009
Espécies nativas
com potencial para regiões de clima frio
Espécies nativas
pela EPAGRI/ CIRAM/INMET para a década entre 1998 
e 2008, verificou-se que a temperatura média no estado 
para o mês de julho é de 14,6 oC. Em 2000, a temperatura 
média caiu para 11,4 oC.
No entanto, não apenas as espécies exóticas têm 
sofrido com as baixas temperaturas da região. Também em 
2000, Santa Catarina assistiu à mortalidade de juvenis e 
adultos de dourados (Salminus brasiliensis) provenientes 
de empresas situadas na Região Centro-Oeste e originados 
de reprodutores lá capturados. Por outro lado, neste mes-
mo ano, exemplares de dourados da bacia do rio Uruguai 
mantidos em cativeiro em Santa Catarina sobreviveram a 
consecutivos dias de baixas temperaturas, inclusive com 
geada matinal em torno dos viveiros. Aqui merece desta-
que o cuidado necessário para que o conceito de espécie 
nativa leve em consideração a bacia hidrográfica ou, como 
é conhecida no meio científico, espécie autóctone. 
É fácil compreender que o desenvolvimento genético 
realizado naturalmente ao longo do processo evolutivo 
das populações de peixes isoladas por centenas de anos 
em diferentes bacias hidrográficas tenha possibilitado a 
seleção de genes melhor adaptados às condições ambien-
tais daquela bacia. Isso permite inferir, por exemplo, que 
a população de dourado do rio Uruguai, situado no sul do 
Brasil, apresenta maior tolerância a baixas temperaturas 
de água do que a população nativa da Região Centro-Oeste 
(no Pantanal Matogrossense ou no Alto Paraná). 
Pensando dessa forma, podemos sugerir que a melhor 
alternativa para o produtor é cultivar peixes originários de 
reprodutores provenientes da mesma região onde será de-
senvolvida a criação. Essa questão pode ainda ser ampliada 
para os problemas de contaminação genética decorrentes da 
fuga de peixes de cultivo para o ambiente natural. O escape 
de peixes presentes na bacia, mas oriundos de populações 
de outras bacias hidrográficas, possibilita um intercâmbio 
genético que pode ser desastroso para a sustentabilidade lo-
cal da espécie. A possibilidade de escape de peixes cultiva-
dos é bastante frequente nas fazendas de produção, embora 
haja dúvida quanto à capacidade de sobrevivência desses 
peixes no ambiente e quanto à probabilidade de reprodução 
juntamente com o estoque de peixes residentes. Apesar da 
dúvida, mesmo que poucos exemplares fugitivos tenham 
sucesso e consigam produzir descendentes anualmente, 
já estará garantida a contaminação genética do estoque 
local.

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