Buscar

115 Panorama da Aquicultura

Prévia do material em texto

1Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
2 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
3Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
A proveito para redigir este editorial, enquanto some no horizonte a cidade de Florianópolis, onde estive por ocasião da VII Semana de Aquicultura da UFSC, um evento organizado pelos alunos do curso de Engenharia de Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina. E, revendo os inúmeros 
temas que abordamos nesta edição, me detive no inusitado retrato da aquicultura brasileira, revelado pelo Censo 
Agropecuário 2006, divulgado pelo IBGE no final de outubro.
Os detalhes do censo estão nesta edição, e certamente vão surpreender muita gente, principalmente 
aqueles que sempre acreditaram que o Brasil produzia muito mais do que o Ibama divulgava em suas estatísti-
cas. Segundo o IBGE, em 2006, a aqüicultura brasileira produziu 181.797,75 toneladas de pescado, apenas 2/3 
das 271.695,50 toneladas divulgadas pelo Ibama no boletim Estatística da Pesca 2006. Para se ter uma idéia, 
se considerarmos a população daquele ano, a diferença de 89.897,77 toneladas que separa as duas estatísticas, 
reduz em quase meio quilo (480 gramas) o consumo per capita de pescado no Brasil. 
Os resultados do IBGE são provenientes de um censo que cobriu pontualmente todos os estabelecimentos 
rurais do país. Já os do Ibama, resultam de informações colhidas junto a instituições nos diversos estados bra-
sileiros, muitas delas sucateadas e sem a capilaridade necessária para captar dados minimamente confiáveis. 
A prova dos noves, entretanto, está sendo tirada, e em breve esclarecerá aqueles que ficarão sem saber 
como se posicionar diante de dois cenários tão distintos. Falo da execução do Censo Aquícola, uma das melhores 
ações do Ministério da Pesca e Aquicultura, que agora se reveste de uma importância ainda maior, diante da 
disparidade dos números. 
Outra pauta desta nossa edição é o susto que piscicultores brasileiros estão levando com a chegada 
do filé congelado do bagre pangasius, ou panga, vindo do Vietnã. A notícia da presença desse peixe, ofe-
recido na gôndola de um supermercado em Chapecó-SC, foi divulgada na Panorama-L, lista de discussão da 
Panorama da AQÜICULTURA na Internet. Mensagens pipocaram de todos os lados, umas em apoio à entrada 
de um produto de qualidade inquestionável, e outras de repúdio ao panga, acusado de ser um “reservatório 
de veneno”, tamanha a quantidade de produtos químicos supostamente utilizados na sua produção. 
Produtores de tilápia sentiram-se ameaçados com a entrada do panga no mercado brasileiro, em razão das 
dificuldades que enfrentam na tentativa de reduzir seus custos de produção. Esse, aliás, o tema escolhido por 
Fernando Kubitza, que preparou um artigo sobre o manejo da tilápia em viveiros escavados, ambiente ideal para 
produzir o alimento natural tão bem aproveitado pelo peixe, reduzindo assim os custos do piscicultor.
Como artigo de capa, escolhemos o tema “uso das microalgas para a fabricação de biodiesel”, onde o pro-
fessor da FURG, Paulo Cesar Abreu, escreve sobre as razões que ainda impedem que essa indústria tão promissora 
decole no Brasil e no mundo. O leitor encontrará também nas próximas páginas, notícias sobre a 3ª Conferência 
Nacional de Aquicultura e Pesca e sobre o XVI CONBEP, Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca, realizado 
em Natal, e muito mais.
A todos uma boa leitura.
4 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
5Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
O cultivo de microalgas 
Quando resolvermos os problemas tecnológicos 
relativos ao cultivo de microalgas destinadas a pro-
dução de biocombustíveis, teremos uma fonte quase 
inesgotável de combustível proveniente de uma 
fonte renovável. Dentre as muitas vantagens de se 
cultivar microalgas no Brasil está a de que algumas 
delas podem produzir até 700 toneladas de matéria 
orgânica por hectare/ano. Mas, se as microalgas 
têm todo este potencial, por que este milagre ainda 
não está entre nós? Leia na página 34, o artigo de Paulo Cesar Abreu, professor do 
Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da FURG, que, desde 2003, desenvolve 
pesquisas sobre o cultivo massivo de microalgas para biocombustíveis.
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios on-line
Produção de tilápias em tanques de terra 
estratégias avançadas no manejo
Sanidade Aquícola: Uso de vacinas na piscicultura 
verdades, mitos e perspectivas
Microalgas e Biocombustíveis: Entre o sonho e a realidade
Lançamentos Editoriais
Informe Empresarial Poli-Nutri: um novo conceito 
na alimentação de peixes e camarões
Censo Agropecuário 2006 do IBGE mostra produção aquícola menor
Panga chega ao Brasil com jeito de quem veio para ficar
3ª Conferência de Aquicultura e Pesca
XVI CONBEP em Natal
Tilápia e outros exóticos não têm mais restrições no Paraná
WAS 2009: um sucesso, apesar dos contratempos
10 anos de Engenharia de Aquicultura: bom para 
Aquicultura, melhor para o Brasil!
Evialis realiza reunião do Comitê de Pesquisa e Desenvolvimento
Calendário Aquícola
...Pág 49
...Pág 38
...Pág 41
...Pág 42
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 11
...Pág 14
...Pág 22
Í N D I C E
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição: 
Carlos Augusto Gomes Leal, Fabrício Flo-
res Nunes, Fernando Kubitza, Glei dos 
Anjos de Carvalho Castro, Henrique César 
Pereira Figueiredo, Lamartine da Nóbrega 
Netto, Marco Aurelio Sacenti, Maurício 
Emerenciano, Paulo Cesar Abreu, Wilson 
Wasielesky
Os artigos assinados são de 
responsabilidade dos autores. 
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Alegrete, 32 
22240-130 - Laranjeiras - RJ
Fone/fax: (21) 3547-9979
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
ISSN 1519-1141
Assinatura:
Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, 
visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou 
envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada 
edição, quantos exemplares ainda fazem parte 
da sua assinatura. Basta conferir o número de 
créditos descrito entre parênteses na etiqueta 
que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 16,00 cada. Para 
adquiri-los entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 
21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 
82, 83, 84, 85, 87, 88, 111, 112
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a quali-
dade dos serviços e produtos anunciados. 
Foto: Paulo Cesar Abreu 
Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA
Edição 115 - setembro/outubro - 2009
Produção de tilápias em tanques de terra
página 14...
3ª Conferência de Aquicultura e Pesca 
página 49...
...Pág 52
...Pág 34
...Pág 63
...Pág 55
...Pág 61
...Pág 66
...Pág 44
...Pág 53
6 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
SEMINÁRIO ADIADO - O “Seminário so-
bre as perspectivas e potencial de inves-
timento na aquicultura do Piauí” teve a 
data de sua realização alterada. Anote 
aí: o evento se realizará nos dias 10 e 
11 de dezembro na cidade de Parnaíba-
PI, no auditório da Associação Comer-
cial Porto das Barcas. O Seminário será 
um momento de mobilização entre os 
produtores, entidades e poder público 
para incentivar o crescimento da ativi-
dade, disseminação de tecnologias, e 
compartilhamento de informações que 
possam contribuir para o progresso da 
aquicultura piauiense,fortalecendo as 
parcerias e atraindo investidores para o 
Estado do Piauí.
PESCADO NA ESTRADA - Aquicultores 
transportando pescado cultivado, quan-
do fiscalizados em rodovias, costumam 
ter dor de cabeça. Na maioria das ve-
zes, a falta de conhecimento sobre a 
legislação sanitária dos produtos des-
tinados para consumo, os tornam alvos 
fáceis de apreensões. Uma boa dica é 
conhecer o “Ofício Circular N° 023 de 
24 de junho de 2005, do Departamen-
to de Inspeção de Produtos de Origem 
Animal do MAPA”. O documento diz que 
”as matérias-primas como leite cru res-
friado, mel, própolis “in natura”, apitoxi-
na, pescado vivo ou fresco, oriundas da 
fonte de produção para as indústrias be-
neficiadoras, ficam dispensadas de certi-
ficação, mesmo se este trânsito ocorrer 
no âmbito interestadual.” No parágrafo 
seguinte diz: “As matérias-primas pre-
viamente inspecionadas, tais como car-
ne “in natura”’, pescado fresco e outras, 
destinadas a distribuidores e varejistas 
no âmbito do Estado não necessitam de 
Certificado Sanitário ou Guia de Trânsi-
to.” A Panorama da AQÜICULTURA dis-
ponibiliza uma cópia do Ofício Circular 
no endereço: http://www.panoramadaa-
quicultura.com.br/of23dipoa.pdf
AQUICULTURA FAMILIAR - A EMATER 
Paraná está cadastrando piscicultores 
e agricultores familiares, bem como os 
seus produtos, para que possam parti-
cipar do Programa de Aquisição de Ali-
mentos e Alimentação Escolar. A tilápia 
e a polpa de peixe (pacu) fazem parte 
dos itens que podem ser adquiridos. 
Para saber quais produtos estão dispo-
níveis, a Emater faz um levantamento, 
cadastra os interessados em participar 
do programa e encaminha a relação para 
as escolas, para que nutricionistas mon-
tem o cardápio com produtos do próprio 
município, originários da agricultura/
aquicultura familiar. A lista é encami-
nhada à prefeitura, que se encarrega 
então de adquiri-los. Pela tabela do CO-
NAB, as prefeituras têm que pagar ao 
produtor R$ 4,50 pelo quilo da tilápia 
fresca eviscerada e R$ 9,00 o quilo da 
polpa de pacu. O limite de venda anual 
por família é de R$ 3.500,00.
EMBRAPA AQUICULTURA - O governo do 
Estado do Tocantins está transferindo uma 
área do Estado para a EMBRAPA, para a 
instalação do Centro Nacional da Embrapa 
Aquicultura e Pesca. O local fica a cerca 
de 10 km do centro de Palmas, onde já 
funciona o Centro de Produção e Pesquisa 
de Peixes Nativos (CPPPN), do Governo do 
Estado, que já conta com laboratório e vi-
veiros construídos. Segundo o Secretário 
de Infra Estrutura e Fomento do Ministério 
da Pesca e Aquicultura (MPA), José “Zeca” 
Claudenor Vermohlen, o empreendimento 
contará com investimentos de R$ 12 mi-
lhões provenientes do PAC, e vai gerar 100 
empregos diretos, via concurso público 
previsto para dezembro deste ano, e cerca 
de 2.000 indiretos. O Governo do Estado 
Notícias & Negócios Notícias & Negócios
7Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
já cedeu uma sala da Secretaria da Agri-
cultura do Estado onde já trabalham três 
funcionários da Embrapa coordenando a 
implantação do Centro de Aquicultura.
FERRAZ MÁQUINAS NO WAS 2009 - Es-
pecializada na construção e instalação 
de linhas completas para a produção de 
rações – fareladas, peletizadas ou extru-
sadas – a Ferraz Máquinas e Engenharia 
Ltda., de Ribeirão Preto, esteve presen-
te na última reunião da World Aquacul-
ture Society, no México, para apresentar 
novos equipamentos ao mercado e bus-
car parcerias internacionais. O estande 
destacou o lançamento de extrusores 
de roscas duplas e moinhos de alta 
rotação para remoagem de ração para 
peixes e camarões. “São equipamentos 
extremamente competitivos, com dife-
rencial tecnológico, que produzem ração 
de tamanho reduzido, textura uniforme 
e elevado teor de gordura”, diz o dire-
tor da empresa, José Luiz Ferraz. Foram 
distribuídas rações produzidas no Brasil, 
além de folhetos dos produtos, catálo-
gos sobre como produzir ração e litera-
tura técnica na área. “Participar de um 
evento como este é fundamental para 
uma empresa como a Ferraz Máquinas, 
que está inserida no contexto interna-
cional da aquicultura. A integração com 
produtores e pesquisadores de diversos 
países propicia a consolidação de novos 
parceiros e representantes e é oportuni-
dade para a divulgação de nossos pro-
dutos”, completa José Luiz. Atualmente 
a empresa já contempla produtores de 
15 países, incluindo Argentina, Uruguai, 
Paraguai, Chile, Colômbia, Peru, Equa-
dor, Venezuela, Guatemala, Costa Rica, 
República Dominicana e Cuba. Mais in-
formações: www.ferrazmaquinas.com.br
WAS 2011 - Como já se sabe o Brasil irá 
sediar o Congresso da WAS (Sociedade 
Mundial de Aquicultura) em 2011. Acon-
tecerá entre os dias 6 e 10 de junho 
no Centro de Convenções de Natal, no 
Rio Grande do Norte, junto à FENACAM 
2011. A escolha do Brasil, que em 2003 
já sediou o mesmo evento em Salvador 
(BA), foi por conta da desistência da 
China, que alegou problemas financeiros 
relacionados com a crise mundial. O di-
retor de eventos da WAS, John Cooksey, 
esteve no Rio Grande do Norte em ju-
nho e reuniu-se com representantes de 
AQUABIO, ABCC e da Revista Panorama 
da AQÜICULTURA, quando foram acer-
tados os detalhes para a realização do 
WAS 2011 no Brasil. Em agosto a pro-
posta com a escolha de Natal (RN) para 
ser a cidade anfitriã foi finalmente apro-
vada pela diretoria da WAS, que também 
aprovou para o Comitê de Programação 
os nomes dos professores Ronaldo Ca-
valli e Wagner Cotroni Valenti.
LAGOSTAS CULTIVADAS - Com o patro-
cínio da Universidade Estadual da Para-
íba, foi realizado de 7 a 9 de setembro, 
em João Pessoa, o “Primeiro Workshop 
Internacional sobre Cultivo de Lagostas 
do Brasil”. O foco do workshop, segun-
do Marco Antonio Igarashi, do Ministé-
rio da Pesca e Aquicultura, foi o cultivo 
sustentável, e serviu para nivelar os co-
nhecimentos com o objetivo de realizar 
o cultivo comercial no Brasil. No evento, 
Igarashi falou das perspectivas para o 
cultivo de lagostas no Brasil; Jason Seth 
Goldstein, do Departamento de Zoologia 
da Universidade New Hampshire, EUA, 
falou sobre o cultivo de larvas de lagos-
ta tropical Panulirus argus; Phil James, 
do laboratório NIWA da Nova Zelândia 
falou do cultivo de larvas de lagostas de 
clima temperado; Andrew Greig Jeffs, do 
Laboratório Marinho de Leigh, também 
da Nova Zelândia, falou da captura de 
pós-larvas de lagostas de clima tropical 
e temperado com a finalidade de cultivo. 
Mais informações sobre os temas pelo 
e-mail marcoigarashi@seap.gov.br
COMENDO MOSCA - Nos últimos anos a 
COPEL - Companhia Paranaense de Ener-
gia, negou aos aquicultores do Paraná 
os pedidos de tarifa reduzida previsto na 
Resolução Normativa da ANEEL nº 207 
de 9 de janeiro de 2006. Alegava que 
a atividade aquícola, dentro do CNAE 
(Classificação Nacional de Atividades 
Econômicas), não se enquadrava entre 
as atividades contempladas com o be-
nefício. Entretanto, a partir de 1º de 
janeiro de 2007, o benefício já poderia 
ter sido concedido, já que nesta data 
foi divulgada a versão 2.0 do CNAE, que 
traz a aquicultura na seção “A”, junto 
com agricultura, pecuária, produção flo-
restal, pesca e aquicultura, não haven-
Notícias & Negócios Notícias & Negócios
8 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
do, portanto, mais dúvida sobre o seu 
enquadramento. 
NOVA GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA - 
A Universidade Federal da Fronteira Sul 
(UFFS), criada em setembro por projeto 
de lei sancionado pelo Presidente Lula, 
oferecerá, a partir de 2010, cursos supe-
riores de aquicultura, agronomia, desen-
volvimento rural, engenharia ambiental, 
engenharia de alimentos, entre outros. O 
curso de aquicultura será ministrado no 
campus de Laranjeiras do Sul (centro-sul 
do Paraná), região com muitas barragens 
e represas. O objetivo é preparar recur-
sos humanos para o desenvolvimento 
de pesquisas e qualificar pequenos pro-
dutores. Outros cursos serão ministra-
dos nos campus de Realeza (sudoeste 
do Paraná), Cerro Largo(noroeste do 
Rio Grande do Sul) e Erechim (norte do 
Rio Grande do Sul).
GUABI EXPANDE NO NORDESTE - A Gua-
bi está expandindo suas atividades no 
Nordeste. Foram concluídas, em setem-
bro, as melhorias da fábrica de Anápo-
lis/GO, que foi modernizada, ampliada 
e adequada às normas de Boas Práticas 
de Fabricação (BPF) estabelecidas pelo 
MAPA. Além disso, na fábrica de Goia-
na/PE, está sendo construída uma uni-
dade que produzirá rações extrusadas 
para peixes e camarões, com previsão 
para inauguração no segundo semestre 
de 2010. A empresa iniciou também as 
atividades na recém adquirida unidade 
de São Gonçalo do Amarante/CE, com 
cerca de 10.000m2 de área construída, 
que ainda está sendo ampliada com a 
construção de mais 1.000m2 para me-
lhorar a logística. Agora todas as fábri-
cas da Guabi estão adequadas às Normas 
de Boas Práticas de Fabricação. Com 35 
anos no mercado, o Grupo Guabi é hoje 
um dos maiores produtores de rações e 
suplementos do país e conta com oito 
unidades fabris localizadas em Campinas 
(SP), Bastos (SP), Sales Oliveira (SP), 
Pará de Minas (MG), Anápolis (GO), Além 
Paraíba (MG), Goiana (PE) e São Gonçalo 
do Amarante (CE). www.guabi.com.br
AMAZÔNIA NUTRITIVA - O estudo “Ca-
racterização Nutricional de Peixes da 
Amazônia”, realizado por Rogério de Je-
sus, pesquisador do Instituto Nacional 
de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), 
confirmou o alto valor nutritivo dos pei-
xes encontrados na região. A pesquisa 
traçou o perfil nutricional do pacu, jara-
qui, branquinha, curimatã, pirapitinga, 
aracú e mapará e descreveu a composi-
ção química básica, minerais, ácidos gra-
xos e aminoácidos dos peixes. De acordo 
com o estudo, as espécies apresentam, 
a cada 100 g de carne, concentrações 
médias de proteína entre 18 e 20 g, e 
de lipídios entre 1,4 e 3,1 g. O mapará 
foi a única espécie estudada que se di-
ferenciou das demais, com concentra-
ções de gordura mais altas (21g/100g) 
e menor valor protéico (11g/100g). O 
trabalho mostrou ainda que a presença 
de minerais como cálcio, ferro, zinco, 
sódio, potássio e selênio, são encon-
trados em quantidades capazes de su-
prir as principais deficiências minerais 
diárias das populações vulneráveis da 
Amazônia. O Amazonas é o estado bra-
sileiro que registra maior consumo de 
pescado por pessoa. 
HOMEOPATIA PARA PEIXES - O Labo-
ratório Arenales que já se tornou refe-
rência em homeopatia para os animais, 
está lançando uma linha de medicamen-
tos para aquicultura. De acordo com a 
bióloga, engenheira agrônoma e médi-
ca veterinária homeopata, diretora da 
instituição, Maria do Carmo Arenales, o 
produto é uma inovação no segmento, 
pois ainda não existe nenhum tipo de 
medicamento homeopático que contro-
le os parasitas dos peixes. “Pensando 
nisso, criei formulações para atender 
os desejos desse tipo de consumidor”. 
Com atuação em mais de cinco países, 
o laboratório foi o primeiro das Améri-
Notícias & Negócios
9Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
cas a produzir em escala industrial com 
atuação desde dezembro de 2000. Pelo 
segundo ano consecutivo o Laborató-
rio Arenales se destacou entre as 500 
maiores companhias do agronegócio 
brasileiro, durante a quinta edição do 
Prêmio Melhores do Agronegócio 2009, 
realizado em outubro pela Revista Globo 
Rural. A Arenales conquistou o 6º lugar 
no setor de ‘Produtos Veterinários’, onde 
são segmentadas 30 categorias das or-
ganizações que mais se consolidaram 
nos mercados em que atuam.
CONSERVA E PATÊ - A Embrapa e a Uni-
versidade Federal Rural do Rio de Ja-
neiro (UFRRJ) apostam na produção de 
conservas e patês de tilápia. Os pesqui-
sadores investigam se o tratamento tér-
mico, necessário para impedir a prolife-
ração de microorganismos e aumentar a 
validade das conservas, pode afetar as 
concentrações de ácidos graxos e pro-
teínas. O estudo visa o aproveitamento 
das partes descartadas pela filetagem já 
que cerca de 90% desta carne pode ser 
processada, condimentada e comercia-
lizada sob a forma de patês. Segundo 
a pesquisadora Angela Aparecida Lemos 
Furtado, da Embrapa Agroindústria de 
Alimentos, testes sensoriais têm con-
quistado boa aceitação. A pesquisa ex-
plora também a composição de fórmulas 
que garantam sabor, cor, textura e aroma 
de acordo com as expectativas do con-
sumidor. Esse projeto conta com a par-
ceria da Cooperativa de Ranicultores de 
Cachoeira de Macacu (Coopercramma), 
da região serrana do Rio, que fornece 
os peixes para as pesquisas. Se consta-
tada a viabilidade técnica e econômica 
do estudo, piscicultores, agroindústrias 
e comércio terão a disposição alimentos 
derivados mais acessíveis e nutritivos, 
pois a tilápia é fonte de proteínas, mi-
nerais, principalmente cálcio e fósforo, 
vitaminas A, D e complexo B. 
FRI-RIBE + NUTRECO - A empresa ho-
landesa Nutreco, atualmente uma das 
líderes mundiais no desenvolvimento 
e produção de alimentos para aquicul-
tura, acelerou sua expansão no Brasil, 
associando-se com a FRI-RIBE, empresa 
brasileira de nutrição animal, com 37 
anos de fundação e com forte atuação 
no seguimento de rações completas, su-
plementos e premixes. As atividades se-
rão mantidas em uma nova joint venture 
com o nome “Fri-Ribe Nutreco”. Com 
uma experiência de 100 anos a Nutre-
co traz um rico patrimônio de conheci-
mentos, e, segundo seu vice-presidente, 
Frank Tielens, esta associação se encai-
xa perfeitamente na estratégia de cres-
cimento da empresa para reforçar ainda 
mais sua posição no mercado global de 
alimentação animal. Esta parceria será 
gerenciada pelo staff da FRI-RIBE, par-
tilhando estratégias, planejamentos e 
tecnologias com a Nutreco, com foco em 
pesquisa e desenvolvimento de novos 
produtos. A rede de distribuição Nutreco 
oferecerá uma excelente oportunidade 
para uma parceria de longo prazo e traz 
grandes possibilidades de venda cruzada 
dos alimentos Nutreco. "A joint venture 
também demonstra claramente nosso 
compromisso de expandir nossos negó-
cios em mercados com uma perspectiva 
de crescimento rentável. O mercado de 
nutrição animal no Brasil está cres-
cendo cerca de 5% ao ano, em média, 
e esta associação traz uma excelente 
plataforma para facilitar a sua expan-
são no Brasil", disse Tielens. A Nutreco 
emprega cerca de 9.000 pessoas em 30 
países, e suas vendas acontecem em 80 
países com faturamento anual de EUR 
4,9 bilhões em 2008. A Fri-Ribe tem 
importantes posições no mercado na-
cional em nutrição animal, com cinco 
plantas de produção em seis estados, 
com vendas espalhadas por todo o 
país. Seu faturamento anual chegou a 
47 milhões de euros em 2008. 
CARCINICULTURA NA BAHIA I - O sul 
da Bahia retoma a produção de cama-
rão, com a liberação da atividade pelo 
Ministério da Agricultura. Os produtores 
foram autorizados a iniciar o repovoa-
mento das fazendas, com a introdução 
de sementes de camarões e larvas for-
necidas pela Bahia Pesca e empresas 
associadas. O Pólo de Camarões de Ca-
navieiras foi interditado em 2008 por 
determinação da Agência de Defesa 
Agropecuária da Bahia (Adab), devido à 
ocorrência do Vírus da Mancha Branca e 
da Necrose Hipodérmica e Hematopoié-
tica Infecciosa.
CARCINICULTURA NA BAHIA II - Faz 
algum tempo que os carcinicultores 
baianos não conseguem licenciar no-
vas fazendas de cultivo, sejam elas de 
pequeno ou grande porte. Empreendi-
mentos antigos, mesmo os de pequeno 
porte, que já tinham sido anteriormente 
licenciados, também não conseguem re-
novar suas licenças quando essas ven-
cem. Recentemente os produtores foram 
notificados para apresentar um estudo 
de impacto ambiental (EIA/RIMA) e, 
quem não apresentar, terá o processo 
arquivado definitivamente. Diante dessa 
determinação, os pequenos carcinicul-
tores baianos não sabem o que fazer e é 
grande a apreensão no setor produtivo. 
A Resolução no 312/2002 do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama), 
diz que a exigência da apresentação do 
EIA/RIMA vale somente para áreas supe-
riores a 50ha, mas não é este o critério 
Notícias& Negócios Notícias & Negócios
10 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
que está sendo utilizado agora na Bahia. 
Para se ter uma idéia, o proprietário de 
uma fazenda com menos de 10 hecta-
res de viveiros orçou um estudo de EIA/
RIMA junto a várias empresas especiali-
zadas, e encontrou valores que variaram 
entre R$ 80.000,00 a R$ 150.000,00. 
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - A Alfakit, 
que desenvolve tecnologia para análises 
de águas, solos e efluentes há mais de 20 
anos, está investindo em um novo modelo 
de gestão para o ano de 2010. A empresa 
catarinense já oferece os mais modernos 
equipamentos e kits para suprir as neces-
sidades dos produtores de peixe e camarão, 
mas, segundo seu 
diretor técnico Léo 
de Oliveira, a exce-
lência em inovação 
e tecnologia será o 
maior compromisso 
da empresa para o próximo ano. “Oferece-
remos aos nossos colaboradores mais co-
nhecimento e modernização, e aos nossos 
clientes, o acesso ao que há de melhor e 
mais moderno para o segmento”, disse Léo 
de Oliveira. A empresa foi a pioneira no 
Brasil no desenvolvimento de um kit para 
analisar o solo das carciniculturas e de vá-
rios outros kits para análise da qualidade 
da água em aquicultura. A estratégia de 
sucesso da empresa foi identificar as ne-
cessidades do consumidor dos seus produ-
tos e aliar a essa necessidade a inovação 
tecnológica. “Gosto de criar e desenvolver 
equipamentos que tornam mais eficazes o 
trabalho diário do produtor e as pesquisas 
para a atividade aquícola”, completa Léo 
de Oliveira. Preocupada em escutar seus 
clientes, a Alfakit vem incrementando, via 
internet, a comunicação com o consumi-
dor. No site da empresa, há um espaço para 
a divulgação de pesquisas e o nosso desejo 
é possibilitar a integração e a troca de in-
formações entre pesquisadores e produto-
res, disse Eduardo Castro, responsável pelo 
marketing da empresa. A Alfakit tem firma-
do importantes parcerias com instituições 
que utilizam seus kits, entre elas a FAEP 
(carcinicultura), Embrapa (Kit Biogás, um 
produto que já está no mercado e único no 
mundo que pode ser operado pelo próprio 
produtor) e Epagri-Tubarão (avaliação da 
qualidade da água e do solo das fazendas da 
região de Laguna – SC). Para facilitar e agi-
lizar ainda mais os processos de assistência 
técnica e manutenção de equipamentos, a 
Alfakit atuará brevemente também na Re-
gião Nordeste. www.alfakit.com.br
UFC I - O curso de Engenharia da Pesca da 
Universidade Federal do Ceará (UFC) é a 
melhor graduação do Nordeste. A conclusão 
é do Ministério da Educação (MEC) e leva 
em conta os resultados de 2008 do Exame 
Nacional de Desempenho dos Estudantes 
(Enade) e do Conceito Preliminar de Curso 
(CPC). Na avaliação, o curso de Engenharia 
da Pesca da UFC conquistou a nota máxima 
do Enade - conceito 5 - e superou a média 
de todas as instituições da região. Em todo 
o Brasil, mais de 7 mil cursos de institui-
ções públicas e privadas foram avaliados. 
Somente 6% deles atingiram o conceito 5 
do Enade. No CPC - que além da nota do 
Enade avalia a opinião dos alunos sobre as 
condições do curso, a infraestrutura dispo-
nível e o perfil dos docentes, entre outros 
aspectos - o curso de Engenharia da Pes-
ca da UFC conquistou conceito 4. Para o 
coordenador de Planejamento e Avaliação 
de Ações Acadêmicas da UFC, André Jal-
les, dois fatores apontados pelos alunos na 
avaliação impediram a nota máxima: a in-
suficiência de equipamentos para as aulas 
práticas e os planos de ensino das disci-
plinas, considerados incompletos. Ao todo, 
20 cursos da UFC foram avaliados e Enge-
nharia mecânica, Arquitetura e urbanismo, 
Computação, Biologia e Pedagogia também 
obtiveram conceito 4 no CPC. 
UFC II - Estão abertas até o dia 27 de no-
vembro as inscrições para os cursos de mes-
trado e doutorado em Engenharia de Pesca 
Notícias & Negócios
11Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
da Universidade Federal do Ceará. O progra-
ma possui linhas de pesquisa em Aquicul-
tura; Biotecnologia e genética de organis-
mos aquáticos; Recursos pesqueiros e meio 
ambiente e, Tecnologia e microbiologia do 
pescado. Os documentos necessários, a fi-
cha de inscrição e mais informações podem 
ser obtidos no site: www.pgengpesca.ufc.
br . Informações pelo telefone (85) 3366-
9727 ou e-mail engpesca@ufc.br
CINCO ANOS DE BRASIL - Em outubro a 
maltaCleyton do Brasil S.A. comemorou 
cinco anos de atividades no país. A traje-
tória de sucesso da maltaCleyton iniciou-se 
em 1991 com a fusão de duas empresas de 
grande prestígio e experiência no mercado 
mexicano e brasileiro: Anderson Clayton 
(com operações no México e no Brasil) e 
a mexicana Malta S.A., formando a malta-
Cleyton Especialista em Nutrição. Os pro-
dutos da empresa foram introduzidos no 
Brasil em 2004, iniciando com a linha de 
camarão, que consolidou a participação da 
empresa no mercado brasileiro e possibi-
litou a inserção das linhas de peixe, ca-
valo, pet e profeed. Durante estes cinco 
anos a maltaCleyton disponibilizou não só 
produtos diferenciados e de excelente per-
formance, mas também uma equipe técnica 
qualificada e comprome-
tida com o desempenho 
dos clientes. Toda essa 
preocupação proporcionou 
ótimos resultados e gerou 
um forte plano de novos 
investimentos da empresa 
no Brasil, além da criação de uma estra-
tégia para a introdução de futuros lança-
mentos no mercado. “Nesses cinco anos 
de Brasil a maltaCleyton obteve resultados 
extremamente positivos graças ao nosso 
grande empenho e também à confiança de 
nossos clientes, parceiros, distribuidores, 
lojistas e colaboradores; afinal foram eles 
que nos apoiaram desde o início”, ressal-
ta Gustavo Jiménez, Presidente da malta-
Cleyton do Brasil. Com o plano de novos 
investimentos a maltaCleyton ampliou seu 
fortalecimento no mercado brasileiro atra-
vés do equilíbrio comercial e científico e 
de parcerias em pesquisas de longo prazo, 
sempre com o objetivo de proporcionar a 
seus clientes as melhores soluções em nu-
trição animal. Em comemoração ao quinto 
aniversário da empresa no Brasil, diversos 
dirigentes da maltaCleyton e investidores 
do México e dos Estados Unidos vieram vi-
sitar as instalações da empresa no país.
PEIXES NATIVOS - O Brasil foi escolhido 
para sediar, em 2011, a 3ª Conferência 
Latinoamericana sobre Cultivo de Peixes 
Nativos. A decisão aconteceu durante a 
2ª Conferência, que terminou dia 6 de 
novembro em Chascomús, na Argentina. O 
evento acontecerá junto com o III Con-
gresso Brasileiro de Produção de Peixes 
Nativos e será coordenado pela Universi-
dade Federal de Lavras, com o apoio da 
Sociedade Brasileira de Aquicultura e Bio-
logia Aquática (Aquabio).
Notícias & Negócios
12 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Notícias & Negócios On-line
De: Luciano Kellner
lucianokellner@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Pintado do Amazonas 
Está surgindo em nosso meio uma grande 
promessa de aumento de renda. Na teoria, o 
pintado do Amazonas, peixe híbrido resulta-
do do cruzamento do pintado ou do cachara 
com o jundiá, segue os hábitos e exigências 
alimentares dos onívoros. Partindo desta 
informação, até então baseada em afirma-
ções de terceiros e consideradas por mim 
totalmente sem embasamento, venho até 
vocês sugerir uma mesa redonda para troca 
de informações a respeito da criação desta 
nova espécie, tanto na piscicultura tradicio-
nal como na piscicultura em tanque-rede.
De: Francisco das Chagas de Medeiros
centraldopeixe@bol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Pintado do Amazonas 
Prezado Luciano, o novo sempre é difícil 
para todos nós. Hoje voltei meu foco para 
a produção e para, efetivamente, obter re-
sultados positivos. Se o peixe é onívoro eu 
realmente não sei, mas conseguimos fechar 
um ciclo com 17.000 peixes, produção de 
29.523 kg. Consumiu ração de alevinos de 
tambacu 42% PB até 240g e terminou o 
ciclo com a mesma ração que era forneci-
da aos tambacus com 32% PB. Conversão 
alimentar de 1,62:1.Como não sou da aca-
demia, e sim da produção, informo que o 
resultado financeiro para mim é muito bom, 
pois o peixe foi comercializado a R$ 7,00/
kg, na beira do viveiro. Coloco a disposição 
os dados coletados, e as propriedades na re-
gião de Cuiabá-MT para quem desejar visitar 
e acompanhar o desenvolvimento do peixe.
De: Thyago Campos
thyagocampos_vet@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Pintado do Amazonas
Boa noite, meu nome é Thyago Campos, 
acadêmico de medicina veterinária pela UFG 
(Universidade Federal de Goiás). No setor 
de piscicultura da UFG está sendo obser-
vado o híbrido jundiara (jundiá x cachara) 
em diferentes densidades. Não se trata de 
uma pesquisa, pois não houve repetições de 
tratamentos. Em três tanques de engorda 
tradicional estão estocadas três densidades. 
São elas: 0.7 peixes/m²; 1.0 peixes/m² e, 
1.3 peixes/m². A observação foi iniciada 
em meados de dezembro de 2008 e até o 
presente momento (11/10/2009) foram 
realizadas seis biometrias parciais que nos 
apontam que a melhor densidade para en-
gorda dos híbridos seria a 1.0 peixes/m². 
Essa densidade mostra conversão um pou-
co melhor que as demais, e ainda melhor 
desenvolvimento dos peixes, até mesmo se 
comparada a densidade de 0.7 (provavel-
mente atribuído a competição, que pode 
impulsionar uma maior ingestão de ração). 
A observação segue com arraçoamento de 
ração de 42% de proteína bruta até o final 
da engorda (data ainda não determinada). 
Não sabemos ao certo sobre a fisiologia ali-
mentar do híbrido, se o mesmo trata-se de 
carnívoro ou onívoro. Contudo, foi observa-
da uma boa conversão alimentar, ao redor 
de 1.4 - 1.5:1, na desidade de 1.0 peixes/
m², sendo que este está sendo tratado como 
carnívoro. Tenho pouca experiência no mer-
cado de pescado, entretanto pelo que tenho 
observado aqui, são valores um pouco mais 
expressivos que o de nosso amigo Francisco, 
de Cuiabá. Aqui em Goiânia está na casa de 
R$9,00/kg. Logo, é possível concluir com 
base na conversão e no preço comercial do 
híbrido, que ele é altamente rentável, mas 
ainda vale ressaltar que o preço do alevi-
no deve ser analisado com cautela, pois o 
mesmo deve seguir tendências do pintado 
que, diga-se de passagem, é bastante ele-
vado: em Goiânia, a unidade de pintado 
em torno de 12 cm está sendo comerciali-
zada na faixa de R$ 3,50. 
De: Paulo Faria
paulo_laqua@yahoo.com.br
Participe da Lista de 
Discussão Panorama-L
Inscreva-se no site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
13Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Notícias & NegóciosOn-line
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Pintado do Amazonas
Prezados, realizei uma pesquisa com este 
peixe com o título "Densidade de estoca-
gem na produção do híbrido (Pseudoplatys-
toma fasciatum x Leiarius marmoratus) em 
sistema de recirculação de água”. Segue o 
resumo do artigo: o objetivo deste trabalho 
foi avaliar o efeito da densidade de estoca-
gem na produção de “cachadiá”, híbrido do 
cruzamento entre fêmea de cachara (Pseu-
doplatystoma fasciatum) e macho de jundiá 
onça (Leiarius marmoratus) em diferentes 
fases de vida. O experimento foi dividido 
em quatro fases e realizado em sistema de 
recirculação de água (SRA). Ao final da en-
gorda foi avaliado o rendimento corporal 
dos animais em diferentes classes de peso. 
O cachadiá mostrou boa adaptação ao cul-
tivo em SRA atingindo média de 1,1kg em 
sete meses de cultivo. Este híbrido apresen-
tou excelente conversão alimentar (CA) nas 
diferentes fases de vida. Taxas de CA entre 
0,84 e 1,38:1 foram registradas. Ao final da 
engorda, o rendimento de carcaça e filé não 
foram influenciados pelas diferentes classes 
de peso avaliadas. Estes resultados mostram 
o potencial deste híbrido para a piscicultura 
em função da adaptação ao cultivo intensi-
vo em SRA com ótimo desempenho. 
 
De: Marcelo Catharin 
marcelo@aguavivaconsultoria.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Cianobactérias
Prezados listeiros, gostaria de saber se al-
guém de vocês sabe me informar qual a 
concentração de cianobactérias que causa 
mortalidade em tiápias cultivadas em tan-
ques-rede ou se conhecem artigos sobre a 
toxicidade deste tipo de microorganismo em 
peixes cultivados.
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Cianobactérias
Caro Marcelo, as cianobactérias podem ES-
TAR ou não tóxicas, dependendo de uma 
numerosa combinação de fatores genéti-
cos, fisiológicos e ambientais. Para come-
çar, dentre as cianobactérias tóxicas, cada 
espécie tem um ou mais tipos de toxinas. 
Uma determinada toxina pode afetar o 
peixe, e a outra toxina não. Uma mesma 
espécie de cianobactéria “potencialmente 
tóxica” geralmente apresenta indivíduos 
tóxicos e não tóxicos numa mesma po-
pulação, e a toxicidade dependerá do ba-
lanço dessas populações tóxicas da mes-
ma espécie. As condições limnológicas de 
cada viveiro podem condicionar o grau de 
toxicidade. A toxina fica contida dentro 
da célula da cianobactéria, e só é libera-
da quando ela morre. Assim, num dia em 
que o fitoplâncton está bem, a toxina livre 
na água é baixa. Mas se na noite seguin-
te ocorrer um colapso do viveiro por falta 
de oxigênio, a população de cianobacté-
rias morre e libera a toxina em massa na 
água do viveiro. Peixes que se alimentam 
de fitoplâncton, como a tilápia nilótica e a 
carpa prateada, têm enzimas no fígado que 
degradam boa parte das toxinas das ciano-
bactérias ingeridas. Por isso, estes peixes 
são mais resistentes que outras espécies. 
Em condições normais, a tilápia é capaz de 
tolerar oxigênio dissolvido ZERO na água 
do viveiro durante várias horas. Porém, 
na presença de cianobactérias tóxicas, as 
tilápias podem começar a morrer em bai-
xos teores de oxigênio, que normalmente 
não causariam problemas a elas. Portanto, 
simplemente NÃO existe uma correlação 
geral entre concentração de cianobactérias 
e morte de tilápia. Depende da combina-
ção de muitos fatores. Nesse sentido, é o 
mesmo que perguntar que concentração 
de bactérias mata a tilápia? Que bactérias, 
sob que condições?
De: André Pellanda de Souza
andrepellanda@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Conserva de tilápia
Gostaria de saber a opinião de produtores 
de filés de tilápia sobre beneficiamento e 
viabilidade econômica, tendo em vista que 
são necessários três quilos de tilápia viva 
para obter um quilo de filé de tilápia. Sem 
falar no filé do salmão chileno que pode ser 
comprado em média a R$ 10,00 o quilo!!! 
De: Luiz Henrique Barrochelo
henriquebarrochelo@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Conserva de tilápia
Há uns três anos, quando trabalhava em um 
grande frigorífico que processava tilápia, 
tentei iniciar um processamento de tilá-
pias em conserva e fui a fundo pesquisar 
o negócio. Esbarrei de cara no custo de 
produção. Ao contrário da sardinha a ti-
lápia inteira não fica boa em conserva 
pois suas espinhas não são finas. O cozi-
mento prévio que antecede o processo de 
esterilização não é suficiente e quando 
calculamos uma temperatura que cozinhe 
esses espinhos no esterilizador (F zero), 
esta queima o pescado. Em uma latinha 
de conserva cabe um filé de 65 gr em mé-
dia, o restante é líquido de cobertura que 
pode ser óleo, molho de tomate, etc..Es-
tive também visitando uma empresa em 
São Gonçalo que produzia filé de tilápia 
em conserva, e vi que as vendas não eram 
boas devido ao custo. Quando se fala em 
conservas temos que ter um volume muito 
grande, pois cada batelada no esteriliza-
dor deve conter um numero x de latas que 
não são poucas. O custo das latas é alto, 
a embalagem de papelão que protege a la-
tinha é cara, as perdas que ocorrem por 
estufamento e vazamento das latinhas são 
grandes. Resumindo: se engana quem acha 
que vai produzir tilápia, enlatar e vender 
por cerca de R$ 5,50 a lata e estará tendo 
um lucro imenso.
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Conserva de tilápiaAcredito que o que queremos é processar 
o que hoje ainda não se processa, ou seja: 
pele, vísceras e cabeça. Filé de peixe por 
si só já agrega valor não sendo necessário, 
acredito eu, novas fórmulas para se escoar. 
Em certo período do ano poderíamos apro-
veitar as hipófises das tilápias, que depois 
de processadas poderiam diminuir o custo 
de produção do filé (1.200 kg de peixes da-
rão 1 grama seca de hipófise). Do fígado po-
deríamos fazer belos patês (1.000 kg de pei-
xes darão 15 quilos de fígado) e, do coração 
sete quilos de patê. Fora a polpa retirada da 
carcaça do filé, que agrega mais uns 15%. 
Então pessoal quem tiver escala de proces-
samento de filé está jogando um monte de 
dinheiro fora, com um pequeno investimen-
to de formas de agregação de valores. Nem 
só de filé viverá o peixe maravilha.
14 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Por:
Fernando Kubitza, Ph. D.
Acqua & Imagem Serviços Ltda.
fernando@acquaimagem.com.br
estratégias avançadas no manejo
 pesar do grande crescimento da produção de tilápias em tanques-rede no Brasil, boa parte da produção deste peixe ainda vem do cultivo em 
tanques de terra (viveiros). Um importante pólo de produção de tilápia em 
viveiros é a região oeste do Paraná (que engloba municípios como Cascavel, 
Marechal Rondon, Maripá, Toledo e Assis Chateaubriand). Berço da tilapicul-
tura comercial no Brasil e principal pólo de produção de tilápias na década 
de 90, esta região responde sozinha por uma produção anual próxima de 
12.000 toneladas de tilápias provenientes, quase que em sua totalidade, da 
criação em tanques escavados. Produção expressiva de tilápias em tanques 
de terra também pode ser encontrada em Santa Catarina, São Paulo, Minas 
Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Goiás e em todos 
os estados do Nordeste. A recente liberação do cultivo de tilápias no Estado do 
Mato Grosso - onde há extensas áreas de terra propícias para a construção de 
viveiros, clima tropical o ano todo e grande disponibilidade de insumos para 
rações - possibilitará uma grande expansão na tilapicultura em nosso país.
Produção de tilápias
em tanques de terra
Foto 1 - Tanque de terra para produção de juvenis de 
tilápia recoberto com tela anti pássaro
15Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Viveiros escavados
Os desafios na produção de tilápias em tanques de terra
Em contraste com as facilidades do manejo do estoque 
proporcionadas pela criação em tanques-rede, a criação de tilápias 
em tanques escavados impõe ao produtor alguns desafios para um 
adequado e eficiente manejo da produção. O principal deles é a di-
ficuldade de despesca das tilápias em viveiros com redes de arrasto 
convencionais. Tilápias são peixes espertos que saltam por sobre 
as redes ou deitam nos ninhos escavados no fundo dos tanques es-
capando por baixo das redes. Alguns peixes, no desespero da fuga, 
chegam até mesmo a se enfiar no lodo do fundo, onde invariavel-
mente acabam morrendo. Essa dificuldade nas despescas faz com 
que os produtores optem em não realizar intervenções importantes, 
como as classificações por tamanho e a eliminação de parte das 
fêmeas do lote. Assim, a engorda de tilápias em tanques escavados 
geralmente é realizada em fase única (estocagem de alevinos que 
são engordados até o peso de mercado sem nenhuma intervenção 
durante a engorda) ou, na melhor das hipóteses, em duas fases de 
produção (etapa de berçário, onde os alevinos são recriados em local 
protegido até atingirem 10 a 100g, e uma segunda etapa, onde os 
juvenis de 10 a 100g são engordados até o peso comercial). 
Sem estruturar a produção em fases, as previsões de número 
e biomassa ficam falhas, o aproveitamento dos alevinos é diminuído, 
o uso da área fica ineficiente, os peixes chegam ao final da engorda 
com tamanho muito variado e os custos de produção ficam mais 
elevados. Adicionalmente, os tanques de engorda acabam superpo-
voados com a reprodução indesejada das tilápias, principalmente 
quando se pretende produzir tilápias de maior tamanho, que deman-
dam um ciclo mais longo de engorda.
Outro problema comum à produção de peixes em viveiros é 
a ocorrência de “off-flavor” ou mau sabor nos peixes. Estes podem 
apresentar gosto de terra, particularmente quando há uma prolife-
ração muito intensa de fitoplâncton. Informações mais detalhadas 
sobre a ocorrência de mau sabor em peixes podem ser encontradas 
na edição 84 desta revista (Julho/Agosto 2004).
Apesar das dificuldades no manejo e controle do estoque, as 
tilápias podem ser criadas em tanques de terra de forma eficiente 
e a um baixo custo. Para isso é necessário adotar estratégias de 
produção eficazes e contar com equipamentos e estruturas que 
facilitem a despesca, o manuseio e a classificação dos peixes por 
tamanho. Pelo fato de serem eficientes no aproveitamento do 
alimento natural disponível (o plâncton), as tilápias podem ser 
produzidas em tanques de terra a um menor custo de produção, 
comparado à criação em tanques-rede ou em outros sistemas mais 
intensivos. Além disso, contribuem com a fixação de gás carbônico 
(incorporado no plâncton) em proteína de pescado e sua carne 
acumula mais ômega-3, fatores que podem ser ressaltados como 
um marketing positivo dos produtos de tilápia provenientes da 
criação em viveiros.
Fatores determinantes ao sucesso da produção 
de tilápias em tanques escavados
 Diversos fatores impactam o sucesso da produção de tilá-
pias em tanques de terra, conforme resumido no quadro 1. 
Qualidade e sobrevivência dos alevinos e juvenis 
O tema “qualidade dos alevinos de tilápia” já foi abor-
dado em artigo publicado na edição 97 desta revista (Setembro/
Outubro 2006) e serve como referência aos interessados em 
uma discussão mais detalhada sobre o assunto. A excessiva 
mortalidade dos alevinos e juvenis após a estocagem eleva 
os custos de produção e prejudicam a previsão dos estoques 
de peixes. Mortalidades que ocorrem logo após o transporte e 
mesmo nas primeiras duas semanas após a estocagem geral-
mente são reflexos do inadequado manejo utilizado durante a 
produção, o manuseio e o transporte dos alevinos e juvenis. 
Esta mortalidade também pode ser causada pela inadequada 
qualidade da água nos tanques onde os alevinos e juvenis serão 
estocados. Muitas vezes o produtor, por inexperiência e com 
a intenção de prover grande quantidade de alimento natural 
aos alevinos e juvenis, exagera na adubação dos tanques, que 
acabam ficando com oxigênio praticamente zerado no momento 
da estocagem dos peixes. Alevinos estocados nestas condições 
podem apresentar baixa sobrevivência. 
A predação por aves e morcegos nas fases iniciais de 
criação também contribuem com as baixas no estoque. O in-
vestimento na colocação de tela anti pássaros sobre os tanques 
estocados com alevinos e juvenis (Berçário ou Fase 1 da pro-
dução) é rapidamente recuperado com o maior aproveitamento 
dos peixes (Foto 1). 
Grande mortalidade de juvenis muitas vezes ocorre na 
própria piscicultura, após os manejos nas despescas e trans-
ferências para os tanques de engorda. Devido à facilidade das 
tilápias fugirem do arrasto, as despescas de juvenis são mar-
cadas por um grande número de passagens de rede no mesmo 
tanque. Os peixes ficam exaustos e se ferem nas inúmeras 
tentativas de fugas durante as despescas. Se espremem entre 
a rede e o barro, perdem escama e muco, entram em estresse 
fisiológico, perdem sais em excesso do sangue para a água e 
• Qualidade e sobrevivência dos alevinos e juvenis.
• Estratégias para minimizar o impacto da reprodução 
indesejada.
• Estratégias de produção em fases.
• Eficiente manuseio, classificação e transferência.
• Monitoramento da qualidade da água, em particular 
do oxigênio dissolvido.
• Adequado manejo nutricional e alimentar.
• Despesca eficiente.
• Reaproveitamento da água, mínimo volume de 
efluentes e baixa concentração de sólidos e nutrientes 
nos efluentes.
Quadro 1 – Fatores determinantes ao sucesso da 
produçãode tilápias em tanques de terra
16 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Vi
ve
ir
os
 e
sc
av
ad
os acabam com a resistência imunológi-
ca comprometida. O arrasto excessivo 
das redes promove intensa suspensão 
de argila e material orgânico na água. 
Isso provoca inflamação nas brânquias, 
prejudica a respiração e ainda pode 
favorecer a infecção dos peixes por pa-
tógenos. Adicionalmente, as passagens 
de rede misturam a água do fundo, de 
baixa qualidade, com a de superfície. 
A água do fundo dos tanques geral-
mente contém baixo oxigênio, elevado 
gás carbônico e uma diversidade de 
compostos potencialmente tóxicos aos 
peixes (amônia, gás sulfídrico, metano, 
entre outros). Peixes expostos a esta 
água por muito tempo podem apresen-
tar alta mortalidade após o manuseio e 
transferências.
O aproveitamento de alevinos e 
juvenis pode ser aumentado com a iden-
tificação de bons fornecedores, preparo 
adequado dos tanques de alevinagem, 
adoção de uma fase de berçário com 
maior proteção contra predadores e uso 
de estratégias eficientes na despesca e 
no manejo dos juvenis antes das transfe-
rências para os tanques de engorda.
Estratégias para minimizar o impacto 
da reprodução indesejada
O impacto da presença de fêmeas 
na criação de tilápias em tanques-rede 
é parcialmente minimizado pelas altas 
densidades na engorda e pela falta de 
um substrato adequado, que inibem e 
dificultam a reprodução. Este é um dos 
aspectos favoráveis da criação de tilá-
pias em tanques-rede. No entanto, em 
tanques escavados as tilápias acabam 
encontrando um ambiente mais favo-
rável à reprodução durante o cultivo. 
Para produzir uma tilápia de maior porte 
(600g a 1.000g, por exemplo) a engor-
da pode se estender por 6 a 12 meses, 
dependendo das condições do clima, do 
peso inicial dos alevinos estocados, do 
manejo nutricional e alimentar empre-
gado, da densidade de estocagem, entre 
outros fatores. Como as tilápias atingem 
maturidade sexual por volta do 5º ao 6º 
mês de vida, há tempo suficiente para 
que as fêmeas presentes no estoque se 
reproduzam repetidamente. Os novos 
alevinos e juvenis nascidos nos tanques 
de engorda competem com os peixes 
originalmente estocados pelo alimento e 
oxigênio disponível. Isso pode prejudicar 
o crescimento e a conversão alimentar 
dos peixes no cultivo. A presença de um 
pequeno percentual de fêmeas nos lotes, 
sem um adequado manejo, em particular 
sob ciclos estendidos de engorda, é sufi-
ciente para superpovoar os tanques. Esse 
problema é ainda mais acentuado quando 
a engorda tem início com juvenis que 
foram estocados durante o inverno. Estes 
peixes já estão se aproximando do início 
da reprodução e ainda precisam de mais 5 
a 8 meses de crescimento para atingir peso 
de mercado. Isso é tempo suficiente para 
realizarem diversas desovas nos tanques 
de engorda.
Para minimizar este impacto, o 
produtor deve identificar fornecedores de 
alevinos que conseguem ofertar de forma 
consistente lotes com o menor percentual 
possível de fêmeas. Ainda assim é preciso 
adotar estratégias complementares para 
minimizar o impacto da reprodução das 
poucas fêmeas presentes nos estoques. 
Uma destas estratégias é estruturar a pro-
dução em fases, possibilitando, antes do 
início da fase final de engorda, o descarte 
do maior número possível de fêmeas do 
plantel, através da técnica de gradagem. A 
gradagem serve para eliminar os menores 
peixes do lote, dentre os quais se presume 
haverá um maior percentual de fêmeas. A 
eliminação de fêmeas também pode ser 
feita manualmente, embora este processo 
seja demasiadamente trabalhoso em uma 
grande escala de produção. Além disso, o 
produtor pode também estocar outros pei-
xes que comam as pós-larvas e pequenos 
alevinos de tilápia. Neste trabalho é mais 
eficiente o uso de peixes controladores de 
pequeno porte. Alevinos de peixes carní-
voros como o black bass, o trairão, a traíra, 
o dourado, o pintado, entre outros, com 
tamanho de 8 a 10 cm podem ser usados. 
Estes peixes ainda trazem a vantagem de 
não competirem com as tilápias pela ra-
ção fornecida. Cerca de 100 a 200 peixes 
controladores de pequeno porte devem ser 
estocados para cada 1.000m2 de tanque. 
Estes juvenis podem ser reaproveitados 
após a despesca e estocados em outros 
tanques de engorda. Lambaris também são 
"O aproveitamento 
de alevinos e 
juvenis pode 
ser aumentado 
com a 
identificação 
de bons 
fornecedores, 
preparo adequado 
dos tanques 
de alevinagem, 
adoção de uma 
fase de berçário 
com maior 
proteção contra 
predadores e uso 
de estratégias 
eficientes na 
despesca e no 
manejo dos 
juvenis antes das 
transferências 
para os tanques 
de engorda"
17Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Viveiros escavados
ótimos controladores de tilápia. No entanto, podem se reproduzir 
e competir com a ração fornecida às tilápias quando atingem 
porte adulto. Assim, estes peixes devem ser estocados nos tan-
ques apenas na fase final ou nos últimos meses da engorda.
Estratégias de produção em fases
A divisão da produção em fases possibilita: a) um maior 
cuidado e proteção dos alevinos e juvenis contra predadores; b) 
uma melhor padronização no tamanho do peixe em cada tanque; 
c) o uso mais eficiente das unidades de produção (do espaço 
de produção); d) uma melhor previsão do estoque (números e 
biomassa); e) a redução do custo de produção. Um exemplo da 
produção de tilápias de 700g em 3 fases é ilustrado na figura 1. 
Na Fase 1, alevinos pós revertidos com cerca de 0,3 
a 0,5g são estocados nos viveiros a densidades entre 40 e 60 
peixes/m2. Estes tanques devem ser protegidos com tela anti 
Figura 1 – Ilustração da produção de tilápias em 3 fases, 
atingindo peso médio final de 700g
0,3 a 10g
40 dias
10 a 120g
80 dias
120 a 700g
120 dias
240 dias, em média, são 
necessários para chegar 
ao peso de abate de 700g
pássaro. Quando os peixes atingem 10g de peso médio, os 
juvenis podem ser capturados com rede de arrasto, despes-
cados, classificados por tamanho e estocados nos tanques 
para a segunda fase da produção. Peixes de fundo do lote 
podem ser descartados neste momento. Esta fase pode ser 
realizada dentro de tanques-rede ou hapas montados em 
tanques de terra onde já estão sendo conduzidas a segunda 
ou a terceira fase de produção (Foto 2). Isso possibilita um 
aproveitamento ainda melhor da área de produção, maior 
proteção dos alevinos, economia de tempo no preparo 
e despesca dos viveiros e um menor uso de água. Além 
disso, facilita a captura dos juvenis para as classificações 
e transferências. No entanto, a biomassa total de peixes 
estocada no tanque (a soma das biomassas dos peixes nos 
tanques-rede e dos peixes soltos no viveiro) não deve ex-
ceder o limite estabelecido para o referido tanque. 
Foto 2 - Tanque-rede para fase de berçário instalado 
dentro de um tanque de engorda de tilápia
 
Na Fase 2 a densidade de estocagem deve ser ajus-
tada para 5 a 6 peixes/m2. Os juvenis são recriados até 
cerca de 100 a 120g. Quando atingem este porte é feita 
uma nova despesca, classificação por tamanho e o descarte 
18 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Vi
ve
ir
os
 e
sc
av
ad
os
de eventuais fêmeas encontradas no lote, preferencialmente 
através da gradagem. A gradagem pode ser realizada dentro 
do próprio tanque de produção com o uso de classificadores 
de barras e tanques-rede (Foto 3) ou em tanques de alvenaria 
construídos em setores da piscicultura, de modo a atender a 
um grupo de tanques escavados (Foto 4). Mais detalhes so-
bre esta estratégia de classificação são discutidos em artigo 
publicado na edição 113 desta revista. 
Na Fase 3 os juvenis de 100 a 120g são estocados a 
densidades entre 1,2 e 2 peixes por m2 para que atinjam peso 
médio ao redor de 700g. Densidades de estocagem mais eleva-
das podem ser empregadas em todas as fases, desde que haja 
disponibilidade de renovação de água e aeração e seja feito um 
monitoramento contínuoda qualidade da água. Tilápias maiores 
do que 700g podem ser produzidas, sendo necessário um ajuste 
na densidade de estocagem na fase final da engorda.
Eficiente manuseio, classificação e transferência
O uso de redes e estratégias eficientes para uma rápida 
captura dos alevinos e juvenis é fundamental na produção de 
tilápias em tanques escavados, reduzindo a exaustão física 
e fisiológica dos peixes, bem como a ocorrência de injúrias 
físicas, comuns quando a rede de arrasto é passada várias 
vezes no mesmo tanque. As classificações por tamanho são 
importantes para uniformizar os lotes, possibilitar o descarte 
dos peixes do fundo dos lotes (menores) e reduzir o número 
de fêmeas na fase final da engorda. O uso de tanques de 
classificação com a água salinizada possibilita uma eficiente 
classificação, a realização de tratamentos preventivos nos 
peixes e a redução na mortalidade após o manuseio. Mais 
detalhes sobre este manejo o leitor poderá encontrar em 
artigo recentemente publicado nesta revista (Edição 115, 
julho/agosto 2009).
Monitoramento da qualidade da água, em particular do 
oxigênio dissolvido
Tilápias toleram baixos níveis de oxigênio na água. No 
entanto, o crescimento, a conversão alimentar e a sobrevivên-
cia são afetados quando o peixe é frequentemente submetido 
a baixa concentração de oxigênio. O produtor deve procurar 
manter os níveis de oxigênio na água acima de 40% da satu-
ração, ou seja, 3mg/L ou mais. Se não houver disponibilidade 
de aeração, o fornecimento de ração deve ser reduzido ou mesmo 
interrompido de modo a impedir que o oxigênio caia abaixo de 
2mg/litro. Onde há disponibilidade de aeradores, estes devem ser 
acionados sempre que os níveis de oxigênio chegarem próximos 
de 2mg/litro. Para o adequado manejo da aeração é importante 
monitorar o oxigênio durante a noite, através do método da leitura 
contínua à noite ou através do método das duas leituras noturnas 
(ver mais detalhes sobre isso em artigo da edição 109 desta re-
vista). O uso de aeradores na produção de tilápias geralmente é 
necessário quando o objetivo é atingir biomassa superior a 8.000 
kg/ha (ou 0,8kg de peixes/m2). Cerca de 5 CV de aeração por 
hectare é recomendado. Potência de aeração entre 10 e 20 CV 
por hectare é necessária quando a produção excede 20 toneladas 
por hectare (2kg de peixes/m2).
Outros parâmetros de qualidade de água devem ser acom-
panhados. Em tanques com água verde (com fitoplâncton para 
contribuir com a alimentação das tilápias), é importante manter 
a alcalinidade total acima de 30mg CaCO3/litro. Isso é possível 
através de aplicações periódicas de calcário agrícola, determinadas 
com base nos valores da alcalinidade total da água. Com uma boa 
alcalinidade total, o pH da água fica mais estável (entre 7,0 e 8,5) 
e a formação e manutenção do fitoplâncton é favorecida. Águas 
verdes e com baixa alcalinidade podem apresentar pH muito 
elevado no período da tarde. Isso aumenta o risco de toxidez por 
amônia caso este composto esteja presente na água.
 
Foto 3 – Classificação de juvenis de tilápia usando tanques-rede 
posicionados no próprio tanque de criação 
Foto 4 – Classificação de juvenis de tilápia em tanque 
de classificação de alvenaria e com uso de grade de 
barra (Centro de Produção de Juvenis de Tilápia – CPAT. 
Tangará, RN – Foto provida por Robert Krasnow) 
19Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Viveiros escavados
A concentração de amônia na for-
ma tóxica (NH3) deve ser mantida abaixo 
de 0,2 mg/litro. Isso é feito controlando a 
oferta de ração, realizando troca de água e 
mantendo o pH da água mais estável através 
da calagem. Exposição contínua das tilápias 
a concentrações de amônia tóxica acima 
de 2 mg/litro pode resultar em mortalidade 
completa dos peixes em poucos dias. A 
concentração de amônia na água deve ser 
monitorada semanalmente nos tanques que 
estão recebendo grande aporte de ração. A 
redução do arraçoamento e a realização 
de troca de água são as ferramentas que o 
produtor dispõe para manter os níveis de 
amônia dentro de limites adequados. Uma 
população de fitoplâncton bem estabele-
cida também contribui com a remoção da 
amônia da água. O leitor interessado em 
conhecer mais sobre manejo da qualidade 
da água pode consultar as edições 45, 46, 
47 e 109 desta revista.
Adequado manejo nutricional 
e alimentar
Conversões alimentares entre 1,0 
e 1,3 são comuns na criação de tilápias 
em tanques de terra com o uso de rações 
extrusadas de boa qualidade. Na criação de 
tilápias em tanques-rede, onde a contribui-
ção do alimento natural é praticamente zero, 
as conversões alimentares variam entre 1,5 
e 1,8, mas muitas vezes podem ficar acima 
de 2,0:1 quando a ração e/ou o manejo 
alimentar não são adequados.
Em criações intensivas em tanques 
de terra, o plâncton e outros alimentos 
naturais podem contribuir com cerca de 
30 a 40% do ganho de peso das tilápias, 
ajudando a reduzir o custo de produção. 
Além disso, o fitoplâncton oxigena a água 
dos tanques, remove a amônia e impede 
o desenvolvimento de plantas aquáticas 
submersas. Assim, a formação do plâncton 
deve ser promovida com a correção da 
alcalinidade da água através da calagem 
(quando necessário) e da adubação dos 
tanques no início de cada fase de cultivo. 
Alguns produtores não conseguem formar 
e manter uma adequada quantidade de 
plâncton. Este insucesso geralmente se deve 
a inadequada correção da alcalinidade da 
água e ao excesso de renovação de água nos 
tanques. Outros fatores como a presença de 
argila em suspensão e a estocagem inicial 
de uma biomassa pequena de peixes 
também podem dificultar a formação do 
plâncton. A renovação de água na recria 
e engorda de tilápias em tanques de terra 
somente é necessária após ser atingida 
uma biomassa de 600g/m2 (6.000 kg/
ha), ou melhor, quando a taxa de alimen-
tação ultrapassa 80kg de ração/ha/dia. 
O disco de Secchi mede a transparência 
da água e pode ser útil para determinar 
se a água deve ou não ser renovada nos 
viveiros. Em tanques de produção de 
tilápia a transparência deve ser mantida 
entre 20 e 30cm. Quando o plâncton se 
torna excessivo, ou seja, a transparência 
cai abaixo de 20cm, o produtor deve 
realizar a renovação de parte da água 
dos viveiros. 
Pelo fato das tilápias em tan-
ques de terra terem alimento natural 
disponível, muitos produtores relaxam 
no manejo nutricional e alimentar. 
Na realidade, o uso de rações de alta 
qualidade (as mesmas usadas em 
situações de cultivo intensivo) traz 
grandes benefícios à qualidade da 
água, ao desempenho e à saúde dos 
peixes, acelerando as etapas de cul-
tivo e possibilitando um aumento na 
produtividade por área com melhor 
eficiência alimentar e menor custo de 
ração por quilo de peixe produzido. 
O desafio no manejo alimentar de 
tilápias em tanques de terra é dosar a 
oferta de ração de modo que os peixes 
ainda mantenham um adequado con-
sumo de alimento natural. A coloração 
das fezes dos peixe pode ajudar o pro-
dutor a dosar a alimentação. Fezes de 
cor verde muito intenso pode indicar 
que a oferta de ração está insuficien-
te. Fezes de coloração bem marrom, 
sem tons esverdeados, indicam que 
os peixes estão recebendo excessiva 
quantidade de ração. Fezes com co-
loração marrom com tom esverdeado 
indicam que os peixes estão comendo 
tanto a ração como o alimento natural, 
condição próxima do desejado.
No quadro 2 é apresentada uma 
estratégia nutricional e alimentar para 
cada fase de cultivo. Informações mais 
detalhadas sobre o manejo nutricional 
e alimentar na produção de tilápias 
podem ser encontradas em artigo pu-
blicado na edição 98 desta revista.
"O uso de 
rações de alta 
qualidade 
traz grandes 
benefícios 
à qualidade 
da água, ao 
desempenho 
e à saúde 
dos peixes, 
acelerando 
as etapas 
de cultivo e 
possibilitando 
um aumento na 
produtividade 
por área 
com melhor 
eficiência 
alimentar e 
menor custo 
de ração por 
quilo de peixe 
produzido" 
20 Panorama daAQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Vi
ve
ir
os
 e
sc
av
ad
os
Despescas eficientes
Como comentado anteriormente, as tilápias esca-
pam facilmente do arrasto com rede. Para uma colheita 
eficiente é preciso contar com redes especialmente dese-
nhadas para a captura de tilápias. Também é importante 
contar com pessoal bem treinado no arraste das redes. As 
redes mais adequadas para isso devem ter um ensaque 
central de grande tamanho e uma altura da panagem de 6 
a 8 metros na área central da rede, favorecendo a condu-
ção da linha de fundo bem a frente da linha de bóias. O 
ensaque central pode ainda dispor de acoplamento para 
um “carro vivo”, uma espécie de tanque rede que pode 
ser acoplado ao fundo do ensaque da rede, deixando um 
túnel de passagem entre o ensaque e o “carro vivo”. Isso 
possibilita que, durante o arrasto, os peixes se encaminhem 
para dentro do “carro vivo” e ali se concentrem, facilitando 
a captura. (Foto 5).
 A captura das tilápias pode ser facilitada com 
a construção de caixas de despesca bem dimensionadas 
dentro ou fora dos tanques de engorda (Fotos 6a, 6b e 6c). 
Estas caixas de despesca devem contar com renovação 
de água e com equipamento de aeração (aeradores de pás 
ou bombas verticais). Isso possibilita a manter uma alta 
concentração de peixes no interior das caixas de despesca, 
mesmo após a drenagem do tanque. Estas caixas podem ainda 
servir para a depuração dos peixes para transporte ou abate, 
e, até mesmo, para a classificação dos animais por tamanho, 
se necessário. Viveiros que possuem comportas de grandes 
Fase 1 – 0,3 a 10g (30-40 dias):
Fornecer 4 a 3 refeições/dia em quantidade entre 
6 e 4% do peso vivo (PV)/dia. Uso de ração em pó com 
40% de proteína bruta (PB). Após atingido 5g de peso 
médio, iniciar a oferta de peletes de 2mm com 36 a 
40%PB. A ração deve ser fornecida de forma restrita, 
próximo de 70 a 80% do máximo consumo dos peixes.
Fase 2 – 10 a 120g (60-80 dias):
Fornecer 2 refeições/dia, em quantidade entre 4 
e 3% PV/dia. Esta etapa deve ser iniciada com peletes 
de 2mm com 36%PB. Quando os peixes atingirem 30g 
podem ser fornecidos peletes de 3-4mm com 32%PB. A 
ração deve ser fornecida de forma restrita, próximo de 
70-80% do máximo consumo dos peixes.
Fase 3 – 120 a 700g (100-120 dias):
Fornecer 2 a 1 refeições/dia, em quantidade entre 
3 e 1% PV/dia. Esta etapa deve ser iniciada com peletes 
de 3-4mm com 32%PB. Quando os peixes atingirem cerca 
de 200g podem ser fornecidos peletes de 5-6mm com 
32%PB, que pode ser usado até o final da engorda. A 
ração deve ser fornecida de forma restrita, próximo de 
70-80% do máximo consumo dos peixes.
Quadro 2 – Estratégia nutricional e alimentar na produção 
de tilápia em tanques escavados com plâncton
Foto 5 - Carro vivo usado na despesca de catfish americano em fazenda no 
Mississipi. O mesmo processo de despesca pode ser utilizado com tilápia, 
de forma a aumentar a eficiência da captura com a rede de arrasto
Fotos 6a e 6b - Caixas de 
despescas em formato de 
piscina construídas no 
fundo dos tanques para 
facilitar a despesca de 
tilápias. Nestas caixas, 
além de renovação de 
água, podem ser colocados 
aeradores para promover 
a oxigenação da água 
durante a concentração 
dos peixes na despesca
Foto 6c - Caixa de despesca 
de formato retangular 
com entrada de água em 
uma das extremidades na 
Estação de Piscicultura da 
CHESF em Paulo Afonso, 
BA. Este formato de caixa 
de despesca, além da 
concentração dos peixes, 
possibilita a realização da 
classificação dos peixes com 
o uso de grades de barra
21Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
tamanhos também podem ser adapta-
dos para uma colheita eficiente sem a 
necessidade do uso de rede de arrasto.
Reaproveitamento da água, mínimo vo-
lume de efluentes e baixa concentração 
de sólidos e nutrientes nos efluentes
Além do sucesso produtivo, a 
tilapicultura em tanques escavados 
deve seguir na direção da sustentabili-
dade ambiental. Para isso é necessário 
adotar boas práticas de conservação 
de água e de mínimo descarte de 
efluentes. Assim, os produtores devem 
manter o nível operacional de água nos 
tanques cerca de 10 a 15 cm abaixo do 
nível máximo de água, possibilitando 
acomodar a água da chuva que incide 
diretamente sobre os viveiros. Isso 
possibilita conservar a água, reduzir 
o volume de descarga de água e de 
sólidos em suspensão para os cursos 
d’água receptores e minimizar os gas-
tos com energia em pisciculturas onde 
o bombeamento de água é necessário 
para o enchimento dos tanques. 
Na criação de tilápias é necessário 
realizar a drenagem completa dos tanques 
após cada fase de produção. Só assim é 
possível remover todos os peixes do tanque. 
Essa água drenada deve, sempre que pos-
sível, ser reaproveitada no enchimento do 
mesmo tanque ou para completar a água em 
outros tanques de criação. Para tanto a água 
de drenagem tem que ser armazenada em 
um tanque receptor ou mesmo em tanques 
vizinhos, sendo usada posteriormente para o 
enchimento do tanque que foi drenado. Além 
da economia no uso de água, corretivos 
e fertilizantes, o reuso da água possibilita 
iniciar um novo ciclo com boa abundância 
de alimento natural.
Outra boa prática que deve ser ado-
tada pelos produtores é a de manter o dreno 
fechado durante a despesca. Isso impede a 
descarga de água com excessiva quantidade 
de sólidos em suspensão. Após a finalização 
da despesca da maioria dos peixes, deve se 
aguardar entre dois e três dias para que os 
sólidos em suspensão decantem. Somente 
após esse tempo é que deve ser feita a 
drenagem total do viveiro e a remoção do 
restante dos peixes. A adoção destas práticas 
ajuda a reduzir o uso de água, o volume 
de efluentes e o aporte de sólidos e de 
nutrientes nos corpos d’água receptores 
da água da piscicultura. 
Perspectivas para a expansão da 
tilapicultura em tanques escava-
dos no Brasil
A criação intensiva de tilápias 
em tanques de terra, mesmo deman-
dando maior investimento na implan-
tação das fazendas de produção, traz 
importantes vantagens competitivas 
sobre a criação em tanques-rede:
a) menor incidência de doenças, impon-
do menor risco ao desenvolvimento da 
atividade;
b) contribuição do alimento natural 
no crescimento da biomassa, fixando 
carbono e aumentando os níveis de 
ômega-3 nos produtos; 
c) conversões alimentares mais efi-
cientes, reduzindo o uso de ração e o 
custo da alimentação por quilo de tilápia 
produzida;
d) melhor aproveitamento de alevinos 
e maior sobrevivência durante a recria 
e engorda.
Não podemos subestimar as 
vantagens aqui relacionadas, que con-
tribuem para que o custo de produção 
da tilápia cultivada em viveiros com 
ração gire hoje entre R$ 1,90 e 2,40/kg, 
contra custos cerca de 40% superiores 
registrados na criação em tanques-rede 
(atuais R$ 2,70 a 3,40/kg). A dificuldade 
de despesca deste peixe e os eventuais 
problemas com “off-flavor” em tan-
ques de terra podem ser superados com 
criatividade, equipamentos, instalações 
adequadas e estratégia de produção.
O Brasil conta com grandes exten-
sões de áreas contínuas e propícias para 
a piscicultura em tanques escavados. O 
aproveitamento eficiente destas áreas sob 
um uso mínimo de água demanda a criação 
de uma espécie tolerante ao baixo oxigênio 
dissolvido e com grande habilidade em uti-
lizar a biomassa fitoplanctônica disponível. 
Além disso, ajuda muito se esta espécie 
apresentar carne branca com ausência de 
espinhas. A tilápia é a espécie de maior 
compatibilidade com estes requisitos.
Viveiros escavados
"Após a finalização 
da despesca 
da maioria dos 
peixes, deve se 
aguardar entre 
dois a três dias 
para que os sólidos 
em suspensão 
decantem. Somente 
após esse tempo é 
que deve ser feita a 
drenagem total do 
viveiro e a remoção 
do restante dos 
peixes. A adoção 
destas práticas 
ajuda a reduzir 
o uso de água, o 
volume de efluentes 
e o aporte de 
sólidos e nutrientes 
nos corpos d´água 
receptores da água 
da piscicultura"22 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Sanidade
Aquícola
N a Coluna “Sanidade Aquícola” desta edição discutiremos 
um tema muito atual, mas ainda pouco 
conhecido na piscicultura brasileira: 
as vacinas. Esse tipo de produto tem 
sido utilizado há décadas na medicina 
humana e veterinária, sendo uma das 
principais ferramentas empregadas no 
controle de diversas doenças infecciosas. 
Apesar de prematura, a vacinologia (es-
tudo das vacinas) em peixes é uma área 
em ampla expansão no meio acadêmico e 
na indústria aquícola em todo o mundo. 
O desenvolvimento de vacinas eficazes 
para as espécies cultivadas e eficien-
tes frente aos principais patógenos 
ocorrentes no Brasil é uma perspectiva 
importante e será um grande passo para 
a atividade no país. Ao longo do texto 
apresentaremos os principais conceitos, 
tipos de vacina, métodos de vacinação 
em peixes, fatores que influenciam sua 
eficiência e quais são as perspectivas 
para a aquicultura nacional nos próxi-
mos anos.
Por:
Henrique César Pereira Figueiredo
e-mail: henrique@ufla.br
Médico Veterinário, professor do Departamento 
de Medicina Veterinária da UFLA
Coordenador do AQUAVET
Lab. de Doenças de Animais Aquáticos
Glei dos Anjos de Carvalho Castro
Carlos Augusto Gomes Leal
Lamartine da Nóbrega Netto
Uso de vacinas na piscicultura: 
Vacinas
As vacinas são produtos conhecidos e desenvolvidos na sociedade 
moderna desde os primórdios do século 20. Pelo fato da vacinação contra 
diversas enfermidades ser um procedimento comum desde a infância, a 
maioria das pessoas está habituada a ela e acredita nos benefícios desse 
tipo de produto. Porém, na agropecuária o conceito exato de vacina possui, 
muitas vezes, interpretações dúbias e errôneas. Isso se deve à utilização de 
diferentes produtos (não-vacinas) para aumentar a resistência dos animais 
frente às doenças, que acabam sendo confundidos com as vacinas. 
Mas, o que é uma vacina e quais seus objetivos? Vacinas são substân-
cias como proteínas, polissacarídeos (açúcares) e toxinas de origem microbia-
na; partes de bactérias e vírus; ou ainda microrganismos inteiros inativados 
ou atenuados (enfraquecidos) que, ao serem introduzidos no organismo dos 
animais (incluindo seres humanos e peixes), estimulam o sistema de defesa de 
maneira específica (ver artigo “Imunidade de Animais Aquáticos”, Panorama 
da Aqüicultura, v.18, n°105). Essas substâncias são tecnicamente chamadas 
de “antígenos” e possuem as características estruturais e moleculares que 
serão reconhecidas pelo sistema imune. 
A característica principal das vacinas é a estimulação específica das 
defesas do organismo. A partir da vacinação, o organismo é capaz de produzir 
anticorpos, que são moléculas que reconhecem, sinalizam e neutralizam os 
patógenos (Figura 1), ou ainda respostas celulares específicas que detectam 
com alta eficiência e afinidade aquela substância com a qual foi estimulado 
(antígeno), que o protege frente a um posterior evento de infecção. 
Verdades, mitos e perspectivas
23Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Sanidade Aquícola
A especificidade da resposta imune é o que diferencia a 
ação biológica (efeito) das vacinas e dos imunoestimulantes. 
Estes últimos estimulam de maneira inespecífica o sistema 
imune, agindo sobre a imunidade inata (não-específica), para 
que o organismo reconheça e combata de maneira genérica to-
dos os microrganismos. Porém, apesar de importante, somente 
as defesas inespecíficas não são capazes de evitar diversas 
infecções. Devido à relativa baixa especificidade das barreiras 
inatas e padrão genérico de resposta, muitos patógenos desen-
volveram mecanismos que os permitem driblar a imunidade 
inata e causar doenças. Esse tipo de estimulação inespecífica é 
promovida também por alguns probióticos, que além de alterar a 
composição da microbiota (flora) intestinal, liberam substâncias 
ou componentes celulares que exercem efeito imunoestimulate 
(somente imunidade inespecífica) em seus hospedeiros.
O objetivo principal da vacinação é preparar o organis-
mo do animal com um aparato de defesa (imunidade) montado 
para combater um determinado patógeno, previamente ao 
contato com esse. Essa antecipação da resposta defensora por 
parte do animal pode impedir prontamente a infecção e, con-
sequentemente, a ocorrência da doença. Por esse motivo, as 
vacinas são utilizadas unicamente como medidas preventivas 
e não terapêuticas (curativas). Para montar uma resposta imune 
protetora, o organismo dos animais necessita de tempo para 
capturar o antígeno (vacina) aplicado, processá-lo e produzir 
anticorpos específicos ou células do sistema imune competen-
tes (Figura 2). Portanto, durante um surto a vacinação não terá 
efeito algum pois o organismo dos peixes não terá tempo hábil 
para se proteger. 
Neste ponto, podemos ressaltar a diferença básica no uso 
de antibióticos e vacinas em programas de prevenção e controle 
de doenças causadas por bactérias. Os antibióticos devem ser 
utilizados durante os casos de surto para atuar diretamente 
nas células das bactérias, combatendo-as para permitir que 
Figura1: Representação esquemática de um anticorpo de peixe, denominado 
tecnicamente de imunoglobulina (Ig). Em peixes ósseos existe apenas um 
tipo de anticorpo, de composição tetramérica com quatro extremidades 
ligantes (setas), que reconhecem os antígenos. No caso de peixes 
cartilaginosos o anticorpo é pentamérico. Já os mamíferos apresentam 
um sistema imune mais especializado com cinco tipos diferentes de 
anticorpos 
Sítios de interação
 com os antígenos
Figura 2: Esquema demonstrando o efeito protetor da vacina 
no peixe, através da produção de anticorpos específicos contra 
agentes patogênicos (como o vírus e bactérias) 
Administração 
da vacina
Em torno de 
20 dias após
Produção de anticorpos 
por células de defesa do 
peixe (plasmócitos)
Contato entre os peixes e os 
patógenos durante o cultivo
Anticorpos 
combatendo o 
patógenoReconhecimento específico e 
fagocitose dos patógenos por 
macrófagos (células de defesa 
do peixe)
os animais se curem da infecção. O uso de antibióticos como 
medicamento preventivo (profilático) é prejudicial, pois pode 
levar à seleção de microrganismos resistentes, provocar impacto 
ambiental, gerar resíduos e aumentar o custo de produção. As 
vacinas, por outro lado, têm uma maior aplicabilidade preventi-
va, visto que podem ser administradas anteriormente ao período 
de ocorrência das doenças, sem causar impacto ao ambiente ou 
deixar resíduos, além de, em geral, terem um menor custo (varia 
conforme o produto). No caso das doenças virais, somente o 
uso de vacinas é possível, pois não há tratamento específico 
para uso em produção animal.
"O objetivo da vacinação 
é preparar o organismo do 
animal com um aparato de 
defesa montado para combater 
um determinado patógeno, 
previamente ao contato com esse. 
Essa antecipação da resposta 
defensora por parte do animal 
pode impedir prontamente a 
infecção e, consequentemente, a 
ocorrência da doença" 
24 Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
com potencial para regiões de clima frio
Espécies nativas
25Panorama da AQÜICULTURA, setembro, outubro, 2009
Tipos de vacina e Métodos de Vacinação
As vacinas são classificadas em diferentes tipos, de acordo 
com a maneira que são produzidas. A seguir, são apresentados 
os três tipos básicos de preparação vacinal, suas aplicações e 
exemplos em piscicultura:
3) Vacinas de DNA: são produzidas a partir da transferência 
intencional de um gene específico, que codifica uma proteína 
ou outra molécula do microrganismo (antígeno), para o ani-
mal, via injeção intramuscular. Esse gene é fundido com um 
fragmento de DNA não cromossomal de bactérias, chamado 
Sanidade Aquícola1) Vacinas inativadas: são os tipos mais comuns de vacinas sendo 
produzidas a partir de células inativadas (mortas) dos microrga-
nismos. A inativação das células bacterianas é realizada com o 
uso de substâncias químicas,

Continue navegando