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ATPS FABIO GAZZI

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA JUNDIAI UNIDADE 1 
CENTRO DE EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
1º SEMESTRE 2015 – DIREITO 
LINGUAGEM JURÍDICA E ARGUMENTAÇÃO 
ATPS 3ª E 4ª ETAPAS 
 
Antônio Carlos dos Santos RA 1525163968 
Cleber de Jesus Castro RA 1596852200 
Daiane Aparecida Ribeiro Soares RA 1596687193 
Elaine Oliveira DA Silva RA 1445850404 
Graciele Silva Nascimento RA 1587936903 
Janaina Rita Romantini RA 2485792580 
Mariza Viana RA 2484681887 
Paula Correia Caramigo Rezende RA 1558298938 
Regina Nunes da Ponte RA 1583926380 
Silvia Regina s. Sabino RA 1584912758 
 
 
 
 
JUNDIAÍ 
2015 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3 
Biografias não autorizadas ........................................................................................... 4 
A Inconstitucionalidade dos Artigos 20 e 21 do Código Civil. ........................................ 8 
Mudanças na legislação ............................................................................................. 10 
A discussão sobre a Lei das Biografias, os interesses jurídicos e econômicos ........... 12 
Biografias Vetadas ...................................................................................................... 14 
Considerações Finais ................................................................................................. 15 
Bibliografia .................................................................................................................. 16 
 
 
 
Introdução. 
O presente trabalho tem por finalidade a busca de uma visão 
comparativa entre os fatos a favor e contra a respeito das biografias não 
autorizadas e a polêmica jurídica que envolve o assunto, com objetivo de 
cumprir as exigências das etapas 3 e 4 das Atividades Práticas 
Supervisionadas (ATPS) da disciplina Linguagem Jurídica e Argumentação do 
curso de Direito 1ª série a matéria apresentada, busca um entendimento mais 
aprofundado em âmbito jurídico sobre o assunto. 
O desenvolvimento deste trabalho vai abordar determinados assuntos 
como: a pessoa a ser biografada deve se tratar de uma pessoa pública, assim 
como a existência de um interesse público e a utilização de fontes lícitas. 
Diante destes requisitos surgira a necessidade de uma autorização, onde nela 
o biografado dispõe a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou 
a utilização da sua imagem conforme o artigo 20 do Código Civil. 
 
 
 
Biografias não autorizadas. 
A Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) moveu em 2012 
uma Ação contrária aos artigos 20 e 21 do Código Civil os quais dispõe sobre o 
direito à inviolabilidade da vida privada e à honra, logo nos deparamos com um 
conflito de normas, ou seja, princípios e regras que se divergem entre si. 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à 
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a 
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma 
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem 
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a 
boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins 
comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são 
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os 
ascendentes ou os descendentes. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências 
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta 
norma. 
A polêmica que envolve a colisão de normas constitucionais e a 
necessidade de autorização prévia dos biografados para a sua publicação 
adentrou o âmbito jurídico sendo este problema levado ao Supremo Tribunal 
Federal em 2013. Em ação proposta pela Associação Nacional dos Editores de 
Livros (Anel) com a seguinte alegação: que a autorização prévia elucida uma 
forma de censura, contrariando a liberdade de expressão da atividade 
intelectual, artística, científica e de comunicação prevista no inciso IX do artigo 
5º da Constituição Federal. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, 
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos 
herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e 
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas 
atividades desportivas; 
A Constituição brasileira trata tanto o direito à privacidade e à honra 
quanto as liberdades de expressão e informação como direitos fundamentais, 
não estabelecendo qualquer hierarquia entre eles (artigo 5º, X e IX). Significa 
dizer que, à luz do texto constitucional, nenhuma solução absoluta pode ser 
adotada nessa matéria. Por outro lado, não se pode excluir em absoluto a 
proteção à privacidade e à honra do biografado pelo simples fato de que se 
trata de “pessoa pública”, expressão, aliás, que é tecnicamente imprópria: toda 
pessoa é privada, por definição. Seus atos é que podem ser públicos, mas isso 
não exclui nem atenua a tutela da sua vida privada. A sociedade não tem, por 
exemplo, qualquer direito de acesso aos detalhes íntimos da vida sexual de 
uma atriz de cinema ou aos detalhes penosos das trocas de curativos que se 
seguiram à sua eventual cirurgia plástica, se sobre esses fatos ela jamais se 
pronunciou publicamente. São fatos “sensíveis”, que escapam à sua atividade 
pública, inserindo-se no âmbito da sua vida privada, constitucionalmente 
protegida. 
No mesmo Sentido A ministra Carmen Lúcia, relatora da proposta, 
convocou uma audiência pública em novembro de 2013 com o intuito de haver 
a manifestação dos argumentos contrários ou não. Em uma das exposições, 
Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras, afirmou que 
a Academia manifesta-se a favor do direito à liberdade de expressão total. 
Nesse sentido, conclui explicitando que: “Condicionar a criação de todo um 
gênero literário à prévia manifestação individual de concordância de alguém 
significa aceitar que um arbítrio pessoal incida sobre a liberdade de 
manifestação.” 
O julgamento da ação sobre as biografias não autorizadas, declarado 
encerrado de acordo com decisão da ministra Carmem Lúcia, anexa a este 
trabalho. Não obstante, em fevereiro de 2014, a Ordem dos Advogados do 
 
 
Brasil (OAB) conseguiu a concessão de atuar no processo como parte 
interessada. O presidente da OAB, Paulo Oliver explicitou que a entidade 
defende a liberação total das biografias quanto à necessidade de autorização, 
devendo o escritor responder por possível crime contra a honra do biografado. 
Desse modo, Paulo Oliver também esclareceu que para tal, é fundamental que 
haja a produção de provas quanto às fontes utilizadas na biografia. 
Concluindo sobre as divergências entre as normas e a Constituição 
Federal, a solução se dará a partir de uma cessão de um princípio em relação 
a outro, em que o princípio cedente possui peso menor do que o princípio 
precedente. Por esse viés, não se analisa a dimensão de validade dos 
princípios. Esses são válidos, sendo afastados pelo sopesamento de interesses 
exigido no caso concreto1 
Entende-se que não há no caso concreto, no ordenamento jurídico 
aplica-se a regra, ou ainda se houvermais de uma regra solucionadora de tal 
caso, ou então, quando a solução do caso causa extrema estranheza aos 
costumes e a coletividade, o magistrado então irá se deparar com o um caso 
difícil (hard case), diferente dos casos fáceis (easy cases), onde simplesmente 
com a regra o magistrado soluciona a lide, em tese, pragmática e 
analiticamente. 
No ordenamento jurídico é evidente a dificuldade de se encontrar 
soluções para casos difíceis. Temos dois filósofos que discorrem e muito 
divergem acerca de possíveis soluções para tais casos, Herbert L. A. Hart2 e 
Ronald Dworkin3 sendo que, este propõe que existe sim uma solução correta 
 
1 CALDAS, Igor Lúcio Dantas Araújo. A ponderação de princípios e a supremacia do princípio 
constitucional da dignidade da pessoa humana. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 94, nov 
2011. Disponível em: < 
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10617 
>. Acesso em jun 2015. 
2 Herbert Lionel Adolphus Hart, referido como H. L. A. Hart (Harrowgate, 18 de julho de 1907 — 
Oxford, 19 de dezembro de 1994) foi um influente filósofo do direito inglês. Foi autor da obra 
The Concept of Law e professor na Universidade de Oxford, tendo desenvolvido uma 
sofisticada teoria sobre o positivismo jurídico nos marcos da filosofia analítica, além de publicar 
estudos sobre a responsabilidade jurídica (causalidade e imputação), o direito penal e a história 
do pensamento jurídico com ênfase na obra de Bentham. 
3 Ronald Dworkin (Worcester, Massachusetts, 11 de dezembro de 1931) é um filósofo do 
Direito norte-americano, conhecido por suas contribuições para a Filosofia do Direito e Filosofia 
 
 
única aos casos difíceis (hard cases), enquanto o outro discorre sobre a 
impossibilidade de uma única solução correta destes casos no âmbito jurídico. 
Assevera Ronald Dworkin (2007, p. 43): 
 “Se duas regras entram em conflito, uma delas não pode ser 
válida e qual deve ser abandonada ou reformulada, deve ser 
tomada recorrendo a considerações que estão além da própria 
regra. Um sistema jurídico que regula estes conflitos através de 
outras regras, que dão precedência à regra promulgada pela 
autoridade de grau superior, à regra promulgada mais 
recentemente, à regra mais específica ou outra coisa desse 
gênero”. 
 
 
Política. Sua teoria dodireito com integridade, é uma das principais visões contemporâneas 
sobre a natureza do direito. 
 
 
A Inconstitucionalidade dos Artigos 20 e 21 do Código Civil. 
Abordando então dois artigos polêmicos quando falamos de biografia e a 
necessidade ou não de sua autorização, a interpretação destes artigos podem 
ser divergentes, com intuito de sanar os equívocos que têm sido cometidos em 
consequência da sua leitura ou não leitura, pois cada pessoa interpreta de uma 
forma, este tema sem ler as normas legais que se referem. Os artigos 20 e 21 
do Código Civil: 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à 
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, a exposição 
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser 
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização 
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a 
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são 
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os 
ascendentes ou os descendentes. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências 
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a essa 
norma. 
Entendendo o que é, e o que proíbe os Arts. 20 e 21 do Código Civil 
(CC): 
O Art. 20 proíbe que se divulguem escritos ou transmita-se a palavra de 
alguém, ou publique-se, exponha-se ou se utilize a imagem de alguém, sob as 
condições de lesão da sua honra, da sua boa fama ou da sua respeitabilidade, 
ou de que tais atos persigam fins comerciais. 
O Art. 21 protege a inviolabilidade da vida privada da pessoa natural. 
Não aparece, como se vê, nos textos dos Arts. 20 e 21, a palavra livro 
nem a sua espécie biografia. 
É interessante porém, recordar o que a Constituição brasileira trata tanto 
o direito à privacidade e à honra quanto as liberdades de expressão e 
informação como direitos fundamentais, não estabelecendo qualquer hierarquia 
entre eles (artigo 5º, X e IX). Significa dizer que, à luz do texto constitucional, 
nenhuma solução absoluta pode ser adotada nessa matéria. Porém, não se 
 
 
pode excluir em um todo o direito a proteção à privacidade e à honra do 
biografado pelo simples fato de que se trata de “pessoa pública”, termo este 
que aliás não condiz a pessoa humana: mediante ao fato que toda pessoa é 
privada sujeita a direito e deveres. Seus atos é que podem ser públicos, mas 
isso não exclui nem diminui a proteção da sua vida privada. O que não permite 
que a sociedade venha a ter qualquer direito de intervir, palpitar ou mesmo 
exigir esta ou aquela postura em sua vida pessoal, seja ela amorosa, sexual e 
profissional, tendo ressalvado pela lei seus direitos de sigilos de sua vida 
particular sem que sejam violados e levados a veiculação pública sem sua 
breve autorização. Em se tratando de ser uma “pessoa pública” alguns fatos 
acabam por escapar do seu âmbito privado chegando à sociedade às vezes 
através de uma má veiculação da imprensa, violando seus direitos 
constitucionalmente garantidos e protegidos. 
 
 
 
Mudanças na legislação. 
O Projeto de Lei 393/2011, que tramita atualmente no Congresso 
Nacional, caminha, todavia, no sentido oposto. É objetivo e, do modo como 
está redigido, não resolverá a questão das biografias não autorizadas no Brasil. 
A proposta limita-se a acrescentar um parágrafo ao artigo 20 do Código Civil 
que terá a seguinte redação: “A mera ausência de autorização não impede a 
divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de 
pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública 
ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade.” 
A inovação é inútil porque, na prática, quando o Poder Judiciário 
brasileiro proíbe a circulação de uma biografia não autorizada, não o faz ao 
simples argumento de que aquela biografia não foi autorizada pelo biografado. 
O principal argumento dessas decisões judiciais é que o biografado ou seus 
familiares (no caso das biografias póstumas) foram atingidos em sua honra ou 
em sua intimidade. Como está redigido, o Projeto de Lei 393 não impedirá, 
portanto, que, diante de uma afronta à sua privacidade ou à sua honra, o 
biografado ou seus familiares venham exigir a proibição da circulação de uma 
biografia. 
O que o Projeto de Lei deveria indicar são parâmetros ou testes aptos a 
atribuir uma base segura para a superação das colisões entre, de um lado, as 
liberdades de expressão e informação e, de outro, os direitos à honra e à 
privacidade. Claro que, por conta do direito de acesso à Justiça, também 
tutelado constitucionalmente (artigo 5º, XXXV), quem quer que se sinta 
ofendido sempre poderá recorrer ao Poder Judiciário. Isso, aliás, acontece não 
apenas em relação a biografias, mas também em relação a qualquer outro 
livro, a reportagens jornalísticas, a matérias em revistas e a qualquer outro 
setor da vida social. 
As violações à privacidade e à honra continuarão podendo ser invocadas 
caso a caso, e os tribunais estaduais continuarão sem parâmetros seguros 
para avaliar e solucionar as colisões entre esses direitos e a liberdade de 
expressão. 
 
 
 
Como é 
 Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessáriasà administração da 
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a 
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da 
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem 
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a 
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes 
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os 
descendentes. 
Como ficaria 
Art. 20 - o Caput permanece o mesmo. 
§ 1º Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para 
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
§ 2° A mera ausência de autorização não impede a divulgação de 
imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja 
trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja 
inserida em acontecimentos de interesse da coletividade. 
 
 
 
A discussão sobre a Lei das Biografias, os interesses jurídicos e 
econômicos. 
A discussão sobre a Lei das Biografias ultrapassa o campo jurídico e 
envolve também interesses econômicos. A porta-voz e presidente da diretoria 
do grupo Procure Saber, Paula Lavigne, afirmou em entrevista ao jornal Folha 
de São Paulo: “Nosso grupo é contra a comercialização de uma biografia não 
autorizada. Não é justo que só os biógrafos e seus editores lucrem com isso e 
nunca o biografado ou seus herdeiros”. 
O interesse no lucro muitas vezes se sobrepõe à preocupação com a 
honra e a privacidade do biografado ou com a veracidade dos fatos veiculados. 
Prova disso é que, conforme Luiz Schwarcz, da Editora Companhia das Letras, 
escreveu em sua coluna, a família de Garrincha permitiu que a obra de Ruy 
Castro sobre o jogador voltasse a circular após volumoso acordo, sem se 
preocupar com o conteúdo ou a capa da obra. 
O professor de direito da UFPR Sérgio Staut chama atenção para o peso 
que o dinheiro tem nessa briga. “As duas partes estão travestindo o interesse 
econômico com direito”, avalia e acrescenta: “Não sei se uma grande editora 
está tão preocupada com a tutela da liberdade de expressão, como está em 
lucrar com a obra de um biografado importante. E não sei se os biografados 
estão tão interessados em proteger a sua imagem, sendo que, diariamente, 
expõem sua privacidade”. 
Em contrapartida, surgiu um grupo formado por artistas, como Djavan, 
Caetano Veloso, Milton Nascimento e Chico Buarque, chamado “Procure 
Saber” em 2013. O grupo sem uma organização formal teve, a princípio, dois 
objetivos: a manutenção da autorização prévia para a elaboração de biografias 
e a determinação de um pagamento do biógrafo ao biografado. Entretanto, 
apenas o primeiro foi mantido na reivindicação do grupo. A principal alegação é 
que a publicação de biografias não autorizadas viola o direito à intimidade, à 
vida pessoal, à privacidade e à reputação. 
Concomitantemente, em maio de 2014, foi a Câmara dos Deputados 
aprovou um projeto de lei do deputado Newton Lima que permite a publicação 
 
 
de biografias sem a autorização prévia. O projeto explicita que a regra geral 
seria a proibição conforme o artigo 20 do Código Civil, todavia haverá uma 
exceção quanto ao biografado cuja trajetória pessoal, artística ou profissional 
tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da 
coletividade. Caso a lei entre em vigor, não haverá a necessidade de 
julgamento do Supremo Tribunal Federal quanto à ação direta de 
inconstitucionalidade proposta pela Associação Nacional dos Escritores de 
Livros (Anel). 
 
 
 
Biografias Vetadas. 
Confira algumas das obras que contam histórias de famosos brasileiros 
proibidas de circular por decisão judicial: 
 “Noel Rosa, uma Biografia” – João Máximo e Carlos Didier, Editora 
Companhia das Letras (1990) 
 “Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha” – Ruy Castro, 
Editora Companhia das Letras (1995) [Prêmio Jabuti 1996 de Melhor Ensaio e 
Biografia] 
“Roberto Carlos em Detalhes” – Paulo César de Araújo, Editora Planeta 
(2006) 
“Sinfonia de Minas Gerais - A Vida e a Literatura de João Guimarães 
Rosa” – Alaor Barbosa, Editora Lge (2007) 
 “Lampião – o Mata Sete” – Pedro de Morais (2011) 
 
 
 
Considerações Finais. 
Ao encerramos este trabalho nota-se que a proposta adotada pela (Anel) 
nada mais é que um “golpe econômico”, na tentativa de sanar suas infrutíferas 
biografias não autorizadas, e não somente as de hoje, incluído nesta grande 
lista as de ontem também. Deste modo entende-se que de acordo com a 
evolução da sociedade, o direito possa evoluir de maneira que beneficie as 
instituições que venham defender as informações prestadas sobre a vida de 
seus biografados. 
Para que em um futuro próximo se venha valer todas as Leis e normas 
que regem a sociedade em seu real teor, sem alterações, e sem interpretações 
duvidosas. 
O trabalho ora apresentado é resultado das pesquisas e dos esforços 
mantidos pelo grupo, tentamos buscar na integra da Lei as bases para uma 
fundamentação sólida e ter um resultado uma argumentação satisfatória. 
Anexamos ao trabalho a decisão da Ação Direta de Inconstitucionalidade 
ADI 4815, como segue. 
 
 
 
Bibliografia 
BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasilia, 2002. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 
1988, Brasília, 1988 
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia: Uma defesa das regras do jogo; 
tradução de Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. 
CALDAS, Igor Lúcio Dantas Araújo. A ponderação de princípios e a supremacia 
do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. In: Âmbito Jurídico, 
Rio Grande, XIV, n. 94, nov 2011. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10617>. 
Acesso em jun 2015. 
DICIONÁRIO Jurídico, Costa,Wagner Veneziani/Aquaroli,Marcelo 
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução e notas por Nelson 
Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
NICOLAY, Thiago. A publicação de biografias não autorizadas sob a ótica Civil-
Constitucional - Interpretação dos artigos 20 e 21 do Código Civil. In: Âmbito 
Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 119, dez 2013. Disponível em: <http://www.ambito 
-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13992>. Acesso 
em jun 2015.

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