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Equação de Bernoulli Evandro Bastos dos Santos 7 de Abril de 2019 1 Tipos de Escoamentos Já vimos nas aulas passadas que a hidrodinâmica é uma parte da mecânica de fluidos que é responsável pelo estudo do movimento dos fluídos. Sua aplicação prática acontece nos sistemas envolvendo fluidos líquidos ou até mesmo correntes de ar. O movimento de um fluido, pode ser definido como o escoamento. Que tem algumas classificações: Escoamento Estacionário ou laminar, ocorre quando a velocidade de escoamento é pe- quena, em outras palavras, a velocidade fluido é a mesma em todos os pontos. Ex.: a água de um rio calmo, escoamento de ar e gases. Escoamento não estacionário ou turbulento, ocorre quando a velocidade do fluido varia no tempo. Ex.: quedas d’água em virtude de rochas. O diâmetro dos tubos e a viscosidade do fluido tem influência primordial em efeitos de escoamento de fluidos, pois aparecem forças de movimento relativo entre as camadas do fluido (cisalhamento), o que ocasiona a dissipação de energia mecânica. 2 Equação de Bernoulli Assim como na nossa definição da vazão volumétrica, devmos considerar, para a dedução da equação de Bernoulli que o flui é incompressível, sem viscosidade e possui escoamento laminar. Vamos iniciar o estudo observando a imagem abaixo Figura 1: Escoamento de um fluido em pontos de alturas diferentes 1 A energia potencial de um fluido muda enquanto ele se move. Enquanto que o fluido se move, a mudança na energia potencial é a mesma que aquela de um volume V que se movimentou da posição 1 para a posição 2. A energia potencial do fluido no resto do tubo é a mesma que a energia potencial da água antes do movimento. Logo, temos que ∆U = (∆m)gh2 − (∆m)gh1 = ρ∆V g(h2 − h1) (1) e a variação na energia cinética ∆Ec = 1 2 (∆m)v22 − 1 2 (∆m)v21 = 1 2 ρ∆V (v22 − v21) (2) O fluido na parte da esquerda empurra as demais partículas, na parte direita, exercendo uma força F1 = P1A1, em que P1 é a pressão no ponto 1. Essa força produz um trabalho W1 = F1∆x1 = P1A1∆x1 = P1∆V. (3) Simultaneamente o lado direito faz uma força no lado esquerdo. F2 = P2A2W2 = −F2∆x2 = P2A2∆x2 = P2∆V. (4) O trabalho total é,portanto, WT = P1δV − P2∆V = (P1 − P2)∆V (5) Sendo o trabalho total a soma das energias potencial e cinética (W = ∆Ec + ∆U ). (P1 − P2)∆V = ρ∆V g(h2 − h1) + 1 2 ρ∆V (v22 − v21). (6) Dividindo por ∆V , (P1 − P2) = ρg(h2 − h1) + 1 2 ρ(v22 − v21) (7) P1 + ρgh1 + 1 2 ρv21 = P2 + ρgh2 + 1 2 ρv22, (8) ou seja P + ρgh+ 1 2 ρv2 = constante. (9) Isso significa que essa combinação de grandezas tem o mesmo valor em qualquer ponto do fluido! Essa equação é chamada de Equação de Bernoulli, aplicada ao escoamento em regime permanente de um fluido ideal (viscosidade nula e incompressível). Foi publicada pela primeira vez por Daniel Bernoulli, suíço, em 1738. 2 3 Aplicações da Equação de Bernoulli 3.1 Efeito Magnus: Figura 2: Escoamento de um fluido em pontos de alturas diferentes 3.2 Sustentação aérea: Figura 3: Sustentação da asa de um avião Figura 4: Sustentação das hélices de um helicóptero 3 3.3 Tubo de Pitot Quando o termo P = P0, isolado, da equação de Bernoulli for a pressão nos pontos em que a velocidade do fluido é nula. Essa pressão será chamada de pressão de estagnação do fluxo. O termo 1 2 ρv2 é chamado de pressão dinâmica do fluxo. A velocidade do fluxo pode ser obtida a partir das pressões, de estagnação e dinâmica, v = √ 2(p0 − p) ρ (10) O tubo de pitot é um sensor de pressão que possibilita o funcionamento de um dos mais importantes instrumentos de uma aeronave, o velocímetro. Basicamente, é um tubo insta- lado paralelamente ao vento relativo e com um orifício voltado diretamente para o fluxo de ar resultante da velocidade aerodinâmica da aeronave. Esse orifício se comunica com o interior de uma cápsula aneróide, instalada no velocímetro da aeronave. A caixa do instru- mento recebe a pressão estática do ar de uma fonte estática, que não é afetada pela variação de velocidade da aeronave. Figura 5: Diagrama ilustrativo de um tubo de Pitot. Quando a aeronave está estacionária e não há vento relativo, nem real, a pressão que entra pelo orifício do pitot é somente a pressão atmosférica estática. A cápsula aneróide permanece então em uma posição neutra e a velocidade indicada é zero. Quando a aeronave se desloca na massa de ar, o vento relativo causa um aumento na pressão de ar admitida pelo oríficio do tubo de pitot, em relação à pressão estática, e essa "pressão de impacto", somada à pressão estática, faz a cápsula aneróide expandir. O movimento de expansão da cápsula é transmitido aos ponteiros do velocímetro por hastes e engrenagens, do tipo setor e pinhão, o que faz o ponteiro se movimentar, indicando ao piloto a velocidade da aeronave. Por ser baseado na equação de Bernoulli, o tubo de Pitot só funciona com fluidos in- compressíveis e com viscosidade nula. No entanto, a velocidades baixas (Mach< 0, 3 ≈ 100m/s ≈ 360km/h), o ar rarefeito a elevadas altitudes pode ser aproximado por esse mo- delo. Assim, o tubo de Pitot é muito usado para medir a velocidade de aviões, de acordo com a equação 10. Em velocidades mais altas, a velocidde relativa ao ar (medida pelo tubo de pitot) e a velocidade real (medida por um GPS), são diferentes. 4 Exercícios 1. 50 litros/s escoam no interior de uma tubulação de 8”. Esta tubulação, de ferro fundido, sofre uma redução de diâmetro e passa para 6”. Sabendo-se que a parede da tubulação é 4 de 0,5” , calcule a velocidade nos dois trechos e verifique se ela está dentro dos padrões (v < 2, 5m/s). R. V1 = 2, 0m/s, V2 = 3, 90m/s 2. No início de uma tubulação de 20 m de comprimento, a vazão é de 250 litros/h. Ao longo deste trecho são instalados gotejadores com vazão de 4 litros/h cada, distanciados de 0,5 m. Calcule a vazão no final do trecho. R: 90L/h 3. Um projeto fixou a velocidade V1 para uma vazão I1, originando um diâmetro D1. Mantendo-se V1 e duplicando-se I1, demonstre que o diâmetro terá que aumentar 41%. R: D2 = 1, 41D1. 4. Em um canal de concreto, a profundidade é de 1,2m e as águas escoam com velocidade de 2,4m/s, até certo ponto, onde, devido a uma pequena queda, a velocidade se eleva para 12m/s, reduzindo-se a profundidade a 0,6m. Desprezando as possíveis perdas por atrito, determine a diferença de cota entre os pontos. Figura 6: Ilustração do ex4 R: y=6,5m 5. Determine a velocidade do jato de líquido na saída do reservatório de grandes dimen- sões mostrado na figura. Figura 7: Ilustração do problema 6. A água escoa em regime permanente através do tubo de Venturi mostrado na figura abaixo. Considere no trecho mostrado que as perdas são desprezíveis. A área da seção (1) é 20cm2 e a da seção (2) é 10cm2. Um manômetro de mercúrio é instalado entre as seções (1) e (2) e indica o desnível mostrado. Determine a vazão de água que escoa pelo tubo. 5 Figura 8: Ilustração do problema 6
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