Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Heloíza Rabêlo Cunha 2020 Anti-hipertensivos FISIOPATOLOGIA DA HAS • Temos que a Pressão arterial é igual ao produto do débito cardíaco com a resistência vascular periférica ou sistêmica; • O débito cardíaco é o produto da frequência cardíaca e volume de ejeção sistólica, ou seja, é o volume de sangue ejetado por minuto; • Isso é importante na farmacologia porque os fármacos anti-hipertensivos atuam em um ou nos dois fatores para controlar a pressão arterial, reduzindo ou equilibrando ela. As drogas anti- hipertensivas podem diminuir o DC, reduzindo a PA ou então diminuindo o tônus muscular e causando relaxamento, consequentemente diminuindo a resistência vascular periférica; • Para entender melhor a ação de determinados fármacos que agem na regulação da PA precisamos compreender melhor o controle autônomo, ou seja, a inervação autonômica sobre a dilatação do coração e dos vasos. O coração recebe inervação simpática através de receptores Beta-1 determinando o aumento do cronotropismo positivo, ou seja, a velocidade de batimento cardíaco e inotropismo, a força de contração. O coração também recebe inervação parassimpática, via receptores muscarínicos m2, reduzem o cronotropismo e inotropismo. Já os vasos sanguíneos recebem inervação simpática direta, não havendo inervação parassimpática. VASODILATADORES DE AÇÃO DIRETA Ativadores dos canais de potássio • São fármacos capazes de ativar os canais de potássio presentes em uma célula; Funções dos canais de potássio • Modulam e monitoram a abertura de canais de cálcio volt-independentes (CaV); • Relaxam a musculatura lisa vascular através da hiperpolarização das membranas e consequentemente causam fechamento dos canais de cálcio dependentes de voltagem. Isso ocorre da seguinte forma: os canais de cálcio apresentam uma sequência de aminoácidos capazes de detectar a polaridade da membrana celular naquele momento e se a membrana estiver despolarizada (positiva) os canais se abrem e quando a membrana está polarizada (negativa) os canais se fecham; • Os fármacos ativadores dos canais de potássio abrem esses canais de cálcio, garantindo a saída do potássio intracelular para o meio extracelular. A membrana celular então, passa para um estado de hiperpolarização, devido a esse estado os canais de cálcio dependentes de voltagem fecham impedindo a entrada de cálcio para o interior da célula. Assim, as concentrações de cálcio intracelular reduzem e em um músculo liso ocorre o relaxamento e dilatação vascular. Ao diminuir então a resistência vascular os fármacos são capazes de diminuir a pressão arterial. Hidralazina • É uma droga capaz de realizar vasodilatação, atuando principalmente sobre artérias e arteríolas; • Causa queda de pressão arterial acompanhada por taquicardia reflexa e aumento do DC; • Mecanismo de ação: A Hidralazina bloqueia o receptor de IP3, localizado na membrana do retículo endoplasmático liso e esse bloqueio evita Heloíza Rabêlo Cunha 2020 a saída de cálcio da organela, impedindo a contração muscular; • É usada para tratamento de curto prazo de hipertensão grave na gravidez, mas pode causa um distúrbio imunológico que se assemelha ao lúpus eritematoso sistêmico. Nitratos orgânicos • Apresentam em sua molécula o grupo nitro, quando administrados liberam de sua estrutura química o óxido nítrico, que se liga ao receptor da célula de um músculo liso, que converte GTP em GMP cíclico, capaz de ativar uma proteína quinase dependente de GMP cíclico, que fosforila os canais de potássio, liberando sua saída da célula. Assim, a célula se tornará hiperpolarizada, ativando assim as proteínas carregadoras de cálcio do retículo endoplasmático liso, as quais passam a armazenar concentrações de cálcio citoplasmáticos para dentro do seu lúmen, levando a um relaxamento vascular e diminuindo a pressão arterial de forma rápida e eficaz; • Os nitratos orgânicos podem ser associados à taquifilaxia, ou seja, o paciente se torna tolerante muito rapidamente e, portanto, doses repetidas ficam cada vez mais ineficazes, • Contra-indicação: Infarto do ventrículo direito. BLOQUEADORES DO CANAIS DE CÁLCIO CA2+ • Os canais de cálcio são dotados de cinco unidades: alfa-1 (por onde passam os íons de cálcio), alfa-2, Beta, Gama e Epsilon. Todos os bloqueadores de canais de cálcio se ligam na unidade alfa-1 de modo alósterico; • Os canais de cálcio podem ser apresentados nos seguintes tipos: canais de cálcio volt-dependentes tipo L (sensível a Dihidropiridinas -nifedipina- e estão presentes principalmente no musculo liso vascular, ou seja, a nifedipina é vaso-seletiva, tendo como efeitos adversos edemas maleolares e rubores) e os canais de cálcio volt-dependentes tipo T (presentes nos miócitos cardíacos e tecido nodal e com maior sensibilidade ao Verapamil, uma droga cardiosseletiva). ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES α- ADRENÉRGICOS • A musculatura dos vasos, como citado anteriormente, apresenta apenas inervação simpática. Os receptores alfa-1 possuem maior afinidade pela noradrenalina e os receptores beta-2 mais afinidade com adrenalina. Os receptores alfa-1 quando ativados dão início a uma cascata de eventos intrínsecos que tem como resultado a contração dos vasos, isso porque ao interagir com a noradrenalina o receptor alfa-1 ativa uma proteína Gq11 e acoplada a ela converte GDP em GTP e ativa uma proteína fosfoquinase, capaz de clivar fosfolipídios de membrana PIP2 em inositol trifosfato na região polar do lipídio e diacilglicerol na sua região apolar. O IP3 é capaz de se ligar ao receptor específico no retículo endoplasmático e promover a liberação do cálcio do retículo, um fator importante para a contração muscular. Já o diacilglicerol é responsável por ativar uma proteína quinase C que fosforila as demais enzimas, também indispensável para a contração. É por meio da dilatação vascular e da regulação da RVP que essa classe promove a regulação da pressão arterial. Exemplos de fármacos - Terazosina; - Doxazosina; - Prazosina. Heloíza Rabêlo Cunha 2020 β- BLOQUEADORES • Os miócitos cardíacos possuem a presença de receptores beta 1 adrenérgicos acoplados a uma proteína Gs, quando esses receptores são ativados desencadeiam uma via de transmissão de sinal intracelular e isso leva a um aumento de cálcio no interior da célula, resultando em um cronotrospismo positivo; • O receptor beta quando ativado, induz uma mudança conformacional na proteína Gs capaz de ativar a via de adenilil ciclase (proteína de membrana que converte adenosina trifosfato em AMP-cíclico); • A via da Adenilil ciclase é responsável por ativar uma proteína quinase dependente de AMP-cíclico encarregada por todos os eventos necessários para a contração muscular, esses eventos levam a taquicardia e aumento da pressão arterial). • Os bloqueadores dos receptores Beta-1 atuam inibindo esse mecanismo, reduzindo a influência do DC na pressão arterial; • Podem ser cardiosseletivos e não- cardiosseletivos. Exemplos: Betabloqueadores cardiosseletivos • Metoprolol: Indicado para pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e que possuem brocoespasmo); • Atelonol; • Esmolol; • Nebivolol; • Acebutolol; • Betaxolol; • Bevantolol; • Bisoprolol. Betabloqueadores não-cardiosseletivos • Propanolol: Pode causar broncoconstrição, que também ativa os receptores beta-2 da musculatura brônquica, por isso é contra- indicado aos pacientes com asma); • Pindolol; • Nadolol; • Carvedilol; • Timolol; • Labetalol. SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA ALDOSTERONA • É uma rota metabólica fisiológica capaz de aumentar os níveis de PAS para manter a homeostase; • Representa uma resposta mais demorada para o controle da pressão arterial; • Possui ação sinérgica com a divisão simpática do sistema nervoso, aumentando, por exemplo, a liberação de norepinefrina das terminações HeloízaRabêlo Cunha 2020 nervosas simpáticas. Estimula a secreção de aldosterona e desempenha um papel central no controle da eliminação de Na+ e do volume de líquido, bem como do tônus vascular; • A renina é uma enzima proteolítica que é secretada pelo aparelho justaglomerular em respostas a vários estímulos, incluindo queda da pressão de perfusão renal ou queda da concentração de Na+ no túbulo distal que é detectada pela mácula densa (parte especializada do túbulo distal oposta ao aparelho justaglomerular); • Atividade nervosa simpática renal, agonistas de receptores beta-adrenérgicos e a PGI2 estimulam a secreção de renina, enquanto a angiotensina II causa inibição por feedback. O peptídeo natriurético atrial inibe a secreção de renina. • Mecanismo: A renina é removida rapidamente do plasma. Atua sobre o angiotensinogênio (globulina plasmática), destacando a angiotensina I. A angiotensina I está inativa, mas é convertida pela ECA em angiotensina II (potente vasoconstritor). A angiotensina II é substrato para enzimas que removem resíduos isolados de aminoácidos, originando angiotensina III e angiotensina IV. A angiotensina III estimula a secreção de aldosterona e está envolvida na sensação de sede; • A angiotensina II atua para estreitar vasos sanguíneos e reter fluidos nos rins, o que leva a um aumento da pressão sanguínea. Portanto, um inibidor da renina deve agir como um anti- hipertensivo através da inibição da primeira fase deste processo; INIBIDORES DA ECA • Essas drogas possuem a capacidade de promover a inibição da enzima responsável por converter a angiotensina I em angiotensina II; • São encontrados dois tipos de receptores para a ação da angiotensina: AT1 (presente na parede dos vasos e interage com a angiotensina II, promovendo vasoconstrição) e AT2; • Afetam vasos de capacitância e de resistência; • Não afetam a contratilidade cardíaca; • Fármacos mais utilizados são: captopril, enalapril e ramipril; • São nefroprotetores, cardioprotetores e são o fármaco de escolha para tratar hipertensão renovascular; • Efeito adverso mais comum é a tosse; BLOQUEADORES DOS RECEPTORES DE ANGIOTENSINA II • São drogas cardioprotetoras; • Não é recomendado associar BRA II e iECA, pois existe o risco do efeito cumulativo dos eventos adversos; • Losartana; • O efeito cardioprotetor ocorre porque além de promover a contração muscular, os receptores AT1 também são responsáveis por ativar uma cascata MAP quinases, via transdução de sinal intracelular, essa cascata de quinases leva a uma fosforilação generalizada de fatores de transcrição no núcleo responsável por proliferação, apoptose. DIURÉTICOS • Considerada a classe mais utilizada em virtude da sua eficácia terapêutica e do seu baixo custo; • Relacionam-se inicialmente aos seus efeitos natriuréticos, com a diminuição do volume extracelular; • Agem nos néfrons; • Pacientes com alergia a sulfas não podem utilizar; • Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos ou similares em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação. INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA • Atuam no túbulo contorcido proximal; Heloíza Rabêlo Cunha 2020 • O principal representante é a Acetazolamida; • Ação: Inibem a anidrase carbônica, uma enzima que facilita a passagem de HCO3 – hidrofílico de um compartimento para outro (mantendo a homeostase); • Inibem reabsorção de sódio, tornando a luz tubular hiperosmótica (aumento da diurese; diminuição da volemia e do DC); • Farmacodinâmica da Acetazolamida: Aumento da perda renal de potássio; Inibição da reabsorção de NaHCO3 no túbulo proximal e Inibição da Anidrase Carbônica. Eventos adversos: Acidose metabólica e Alcalose urinária; DIURÉTICOS DE ALÇA • Para casos de insuficiência renal e situações de edema; • Furosemida e Bumetanida; • Eventos adversos: Prejuízo a reabsorção de cálcio em nível tubular; • Contraindicação: Osteoporose e Cálculos renais. DIURÉTICOS TIAZÍDICOS • Atuam no túbulo contorcido distal; • No TCD ocorre reabsorção de NaCl através de cotransportadores sódio- cloro; • Ação: A proteína indicada como C1 realiza um simporte de um íon cloreto e um íon sódio. Quando o sódio chega ao citoplasma é lançada a corrente sanguínea por meio de uma bomba de sódio-potássio ATPase em troca de um potássio. O potássio por sua vez auxilia a reabsorção de cloreto DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO • Agem no túbulo coletor do néfron; • São diuréticos que eliminam sal e água, porém poupam o potássio. Agem inibindo os canais condutores de sódio no túbulo coletor, como a amilorida e triantereno ou bloqueando a aldosterona, como a espironolactona; • São habitualmente utilizados em associação com os tiazídicos ou DIU de alça; • Espironolactona: Antagonista dos receptores da aldosterona. Diminui a produção dos canais de sódio (acúmulo de sódio na luz tubular e aumento da diurese), ou seja, o sódio não entra na célula e se acumula na luz tubular aumentando a diurese. DIURÉTICOS OSMÓTICOS • Agem no TC proximal e na alça de Henle; • Extremamente polares, ou seja, não atravessam a membrana celular. • Por interação química atraem água para a luz tubular e ao aumentar os níveis promovem o aumento da diurese;
Compartilhar