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Gerenciamento de Projeto e o Guia PMBOK (1)

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1. O tema e o problema de estudo
No século XX iniciou-se o projeto de identificação e conceituação de projetos, um dos primeiros conceitos surgiu com o Projeto Manhattan e o segundo o Project Management Institute (PMI), projeto é um conjunto de atividades temporárias realizadas em grupo, destinadas a produzir um produto, serviço ou resultados únicos.
O PMI é uma associação que auxilia os profissionais a seguirem as melhores técnicas e ferramentas informadas no Guia PMBOK que é dividido em 10 áreas de conhecimento, são elas: Integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, risco, aquisição e partes interessadas. Além de definições e conceitos o PMI gera certificações para profissionais que atuam na área.
Segundo o relatório anual (PMI, ANNUAL REPORT 2014) 660 mil profissionais possuem algum tipo de certificado fornecido por essa instituição, esse tipo de certificação é considerado por muitas empresas como progresso na carreira profissional. Porém em uma pesquisa realizada por Mangelli (2013) foi observado que poucos profissionais a usam indicado pela pesquisadora como nível baixo.
A partir das conclusões de Mangelli surgiu a indagação: Quais os motivos de baixo uso do Guia PMBOK por parte dos profissionais da área? Dessa forma direcionando o objetivo central desse estudo e os intermediários que são: Apontar Usabilidade nas empresas no Rio de Janeiro e entender a importância dos certificados para os profissionais da área.
Dessa forma o estudo poderá contribuir para a Instituição, para a academia e pesquisas voltadas ao uso de metodologias, praticas e ferramentas existentes no mercado.
 
2. Referencial teórico
Segundo PMI 2014 p.5, “O gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender seus requisitos.”
Alguns outros autores também realizaram a definição de projeto de forma objetiva como para Verzuh (2000) [...] possuem um inicio e um fim e geram produtos singulares[...], segundo Kerzner (2002) [...] consome recursos e opera sob pressão de prazo, custo e qualidade, acreditando ser uma atividade exclusiva [...] Keelling possui afirmações de projeto com mais objetivo e propósito com uma administração própria e por fim Clements e Gido que informam com tarefas inter-relacionados e utilização eficaz de recursos.
Reconhecemos dessa maneira as características do projeto: Atividade com duração finita, com inicio e fim, produz um produto, serviço ou resultados únicos, singulares, que consome recursos, possui objetivos determinados e apresenta tamanhos e complexidade distintos.
Apesar de algumas construções milenares se encaixarem no conceito de projeto somente na Revolução Industrial é possível identificar traços de gerenciamento de projetos, como o estudo de Tempos e movimentos de Frederic Taylor correlacionada a EAP (Estrutura Analítica de projeto), podendo citar também o gráfico de Gantt. Na pesquisa de Henri Fayol (184-1925) identificamos relação com gestão de projetos pois o mesmo cita divisão de trabalho, fases e cadeia de comando.
Segundo Weaver (2007) o projeto Manhattan foi o primeiro projeto da geração atual que marcou a existência do conceito.
Na década de 60 surgiu o IPMA (International Project Management Association) na Europa e nos Estados Unidos o PMI com o intuito de auxiliar os profissionais da área e o guia PMBOK com conceitos básicos de projeto, sendo atualizado até hoje para atender as mudanças globais e organizacionais que podem afetar o projeto.
Um projeto é iniciado de maneira lenta com pouco esforço e conforme se desenvolve a quantidade de esforço e velocidade aumentam, atingindo seu ápice de utilização de recursos e de tempo que leva a desaceleração e a conclusão do projeto. Vargas (2009), p. 27
Na fase inicial é necessário definir Escopo, recursos e gerente de projetos, de planejamento contempla: Escopo final, cronograma, custos finais, qualidade, pessoal, comunicação, riscos, materiais. Na fase de execução todos os planos são realizados, na fase de monitoramento e controle são realizadas as supervisões e na fase de encerramento verifica-se o alcance dos objetivos, a satisfação dos clientes e conclui-se o trabalho.
As fases de um projeto interagem entre si, ocorrem simultaneamente e dependem um das outras, assim iremos nos aprofundar nos conceitos de escopo, tempo, custo, qualidade e stakeholders, que são listadas abaixo devido a sua importância como atributo de projeto.
	Temas
	Definições
	Escopo
	Soma dos produtos, serviços e resultados, descreve os requisitos e pode ser definido em três categorias, sendo elas: funcional, técnico e de atividades
	Tempo
	Prazo a ser realizado
	Custo
	Realização de orçamento, levando em consideração ajustes financeiros
	Qualidade
	É o grau com que o conjunto atinge aos requisitos
	Stakeholders
	Partes interessadas
Entre os padrões e guias mais conhecidos é possível citar: PRINCE 2 (Project In Controlled Enviroments) que foca no produto do projeto, o ICB que é o guia regido por IPMA (International Project Management Association) focado nos quesitos técnicos, contextuais e emocionais e o APMBok atenta para gerenciamento de tecnologia, design e pessoas.
O PMI (Project Management Institute) desenvolve carreiras com o intuito de aprimorar os profissionais fundado em 1969 nos Estados Unidos, são ao todo 20 livros e oito certificações, se dividindo em três categorias, padrões fundamentais, práticos e de extensão. O PMBOK é um guia que descreve métodos, processos e práticas, fornece instruções e define conceitos.
Conforme apresentado no site do PMI um profissional tem 5 motivos para adquirir os certificados, a credibilidade, a transferibilidade, a vantagem competitiva, o compromisso e o reconhecimento. Alguns dos certificados emitidos são: PMP (Project Management Professional) sendo o mais cobiçado de todos, o CAMP (Certified Associate in Project Management), o PgMP ( Program Management Professional), o PMI – ACP ( PMI Agile Certified Practitioner), o PMI – PBA (PMI Professional in Business Analysis), o PMI – RMP (PMI Risk Management Professional) e o PMI – SP (PMI Schedulig Professional).
Segundo o Guia PMBOK, ao todo são dez áreas do conhecimento que compõem o gerenciamento de projeto, sendo elas: Gerenciamento de integração, escopo, tempo, custos, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos, aquisições e gerenciamento das partes interessadas, cada uma possuindo entradas e saídas. Constituindo atividades listadas abaixo:
Gerenciamento de Integração: Identificação, definição, combinação, unificação e coordenação.
Gerenciamento de Escopo: Identificar e desenhar as necessidades de um projeto.
Gerenciamento de Tempo: Controle de duração do projeto.
Gerenciamento de Custo: Processos de controle de custo, seguindo orçamento. 
Gerenciamento de Qualidade: Fiscalizar e avaliar as atividades do projeto.
Gerenciamento de Recursos Humanos: Organizar, gerenciar e guiar a equipe do projeto.
Gerenciamento de Comunicações: Garantir que todas as informações sejam geradas, coletadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e apresentadas de maneira adequada.
Gerenciamento de Riscos: Planejar, identificar, analisar, controlar e monitorar os riscos.
Gerenciamento de Aquisições: Gerenciar a massa de compras do projeto, podendo incluir produtos e serviços.
Gerenciamento das partes interessadas: Analisar expectativas e impactos as partes.
Todas as áreas de conhecimento possuem sua importância e sua análise três grandes objetivos, o primeiro consiste em analisar o impacto das áreas de conhecimento para o sucesso do projeto, o segundo estuda o nível de uso das áreas de conhecimento para planeja-lo e o terceiro considera o uso das áreas de conhecimento com base no tipo de indústria.
Através do resultado da pesquisa de Papke- Shields (2009) determina que somente três áreas do conhecimento possuem alto uso, três possuem médio e outras três baixo uso, considerando somente nove áreas, para Mangelli (2013) o Guia PMBOKainda tem um baixo uso.
3. Métodos e procedimentos de coleta e de análise de dados
Foram coletas os dados de duas formas, o primeiro a pesquisa exploratória e na segunda a pesquisa de campo qualitativa. O trabalho contou com dados oriundos de artigos acadêmicos e de entrevistas que possuíam roteiro semi- estruturado com pessoas que possuíam experiências com gerenciamento de projetos. 
O conteúdo extraído das entrevistas foi comparado com o referencial teórico, a analise qualitativa dos dados permite focar na associação dos elementos em questão, que deve ser levado em conta, a percepção do autor pois não ocorre total neutralidade na investigação dos dados.
4. Apresentação e análise dos resultados 
Foram entrevistadas sete pessoas do Rio de Janeiro que trabalham no setor de Óleo e gás e que atuam como gerentes de projeto, durante a entrevista todos lembraram do Guia PMBOK que é um dos mais conhecidos, porém não foi citado o ICB.
Alguns entrevistados reconhecem e utilizam o Guia PMBOK, outros acham que não tem muita relevância, pois se trata somente de conceito e fundamentos que os mesmos já conhecem, alguns informam que utiliza para pesquisa caso tenha conflito no projeto.
As áreas apresentadas com mais relevância não possuem mais utilidade segundo as entrevistas, e não utilização do Guia se dá, pois, as empresas possuem seus próprios procedimentos, mas informaram que utilizam o Guia de forma informal.
Para a maioria dos entrevistados os certificados não trazem importância por conta das experiencias que os mesmos tem, mas para um profissional entrante no mercado seria de grande importância e geraria diferencial na carreira, um entrevistado citou o fato do certificado ser de comercialização, entretanto para profissionais de TI os certificados são como pré-requisitos.
5. Conclusões e recomendações para novos estudos
Após definirmos e conceituarmos o gerenciamento de projetos, fases e suas atribuições, foi possível perceber que o Guia PMBOK é muito conhecido e demonstra força no mercado de trabalho por suas técnicas e ferramentas, e suas áreas de conhecimento foram levantadas como importantes e que uma não funciona sem a outra porém poucos profissionais o utilizam.
Alguns profissionais usam o Guia de maneira formal pois reconhecem as áreas, ferramentas e técnicas e outros de forma informal pois fazem uso das áreas ferramentas e técnicas porém sem reconhecer. Percebendo que as áreas julgadas como as mais importantes nem sempre são as mais usadas.
Um fato para a baixa usabilidade é que foi visto como leitura e aplicação difíceis, apresentada de forma confusa e um candidato entrevistado a considerou com pouca relevância pois o que trouxe o conhecimento para o mesmo foi a experiencia e alguns candidatos informaram que as empresas já possuem seu próprio procedimento de gerenciamento de projeto baseado no Guia PMBOK. 
Referente as certificações apontadas sem muita relevância para profissionais que já trabalham na área, mas com potencial de destaque para novos ingressantes, porém sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas por área de atuação pois para o setor de Óleo e gás a cerificação não surgiu efeito, mas para o setor e TI foi constatado como pré-requisito.

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