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Saúde Pública e Farmacoepidemiologia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Thais Adriana do Carmo Revisão Técnica: Prof.ª Me. Luciana Nogueira Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco O Conceito de Saúde • Introdução; • Aspectos Históricos do Conceito de Saúde/Doença; • Determinantes Sociais de Saúde. • Conhecer os aspectos históricos do conceito de saúde, termo que sofreu várias mudanças através da história da humanidade e que, mesmo atualmente, permite diferentes interpretações; • Compreender o conceito de processo saúde-doença e refl etir sobre a sua própria visão do tema; • Ter claro que coexistem várias formas de se pensar saúde na sociedade a fi m de auxiliar no enfrentamento dos desafi os encontrados na prática da profi ssão de farmacêutico; • Conhecer a fundamentação e os princípios desses conceitos. OBJETIVOS DE APRENDIZADO O Conceito de Saúde Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O Conceito de Saúde Contextualização Para iniciarmos esta Unidade, reflita sobre o que é saúde para você. Para tanto, assista ao vídeo disponível em: https://youtu.be/-Nh3qkUFj1E, elaborado com participantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) respondendo a essa questão. Ex pl or Atualmente, considera-se que não há como entender saúde e doença separada- mente, mas que se trata de um processo denominado saúde-doença – o qual é dinâmico e multideterminado. Mas nem todas as pessoas têm essa concepção. Coexistem, na sociedade, diferentes modos de explicar o processo de adoecer. Saúde e doença são conceitos elaborados a partir do conhecimento científico, da incorporação desse conheci- mento ao saber popular, dos valores morais e éticos, de fundamentos religiosos e do momento social e político vivenciado. Reconhecer essa diversidade e refletir sobre as suas próprias concepções são eta- pas importantes à fundamentação da prática dos profissionais de saúde, incluindo o farmacêutico. Portanto, refletir sobre o conceito de saúde e conhecer a sua evolução na história da humanidade são os objetivos desta Unidade. O que é Saúde? O que cada um de nós – profissionais, estudantes, pacientes, gestores – entende por saúde? Será que temos, todos, a mesma concepção/visão? Por que há pessoas saudáveis e outras nem tanto? Pessoas com viroses e outras com doenças graves? Pessoas com doenças infecciosas que se curam e outras que morrem? Pesquise sobre esse assunto selecionando, pelo menos: • 1 profissional de saúde; • 1 usuário do sistema público de saúde; • 1 usuário do sistema privado de saúde. E faça as seguintes perguntas: 1. O que é saúde? 2. O que é doença? 3. O que você faz quando adoece? 4. Como o sistema de saúde interfere no processo de saúde-doença? Lembre-se de que quanto mais pessoas você pesquisar, melhor conclusão terá ao final. Ade- mais, poderá compartilhar os resultados de sua pesquisa com os seus colegas para conseguir mais respostas. Assim, analise as respostas e veja se conseguirá chegar a uma conclusão. Ao responder esta pergunta: por que tal reflexão é importante? Pense como você, atuan- do como profissional de saúde, participará deste contexto. Ex pl or 8 9 Introdução Conceituar saúde é mais complexo do que parece em um primeiro momento, pois ter saúde não é a mesma coisa para todas as pessoas, mas depende do lugar, da classe social, dos valores culturais e individuais, da época, de aspectos religiosos e filosóficos – diferenças estas denominadas representações sociais. Dessa forma, pode-se dizer que uma representação social se traduz em senso comum a partir da incorporação e tradução do conhecimento científico no saber popular. Segundo Sevalho (1993), as representações de saúde se apoiam na inter-relação entre os corpos dos seres humanos, as coisas e os demais seres que os cercam, incluindo os saberes existentes – popular e científico. Segundo Scliar (2007), “[...] saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Depen- derá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores indivi- duais, dependerá de concepções científicas, religiosas, filosóficas”. Podemos, então, afirmar que o conceito de saúde reflete as conjunturas social, econômica, política e cultural de um determinado tempo e população (SCLIAR, 2007). É um conceito elaborado a partir do conhecimento científico disponível, da incorporação desse saber pela sociedade, dos valores morais e éticos, de funda- mentos religiosos, do saber popular e do momento sociopolítico vivenciado. Englobando esses conceitos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs uma definição de saúde, “aposentando” os velhos sentidos de que a doença precisava de um agente etiológico e a colocando no ponto de vista global; assim, saúde passou a ser definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, que não consiste apenas da ausência de doenças, segundo a Constituição da OMS, de 1946. A criação da Organização Mundial de Saúde, agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) foi aprovada em 1946 e a sua fundação ocorreu em 7 de abril de 1948, tendo como objetivo padronizar as ações globais de saúde para garantir o nível mais elevado de saúde a todos os seres humanos Ex pl or Para você compreender a influência da sociedade no entendimento da saúde e doença, vamos ao exemplo de Uganda, África: esteve em discussão nesse país, entre os anos de 2009 e 2012, uma lei que determinaria a pena de morte para as pessoas homossexuais. Uma das justificativas para a sua aprova- ção era se tratar de medida para combater a disseminação da Síndrome da I munodeficiência Adquirida (Aids) no País, já que “os homossexuais seriam os responsáveis pela epidemia”. Segundo reportagens, tratava-se de um projeto de Lei com grande apoio popular, Lei que foi promulgada em 2014, mais ame- na, sendo omitida a pena de morte, alterando a penalidade para prisão, podendo ser ampliada para a reclusão perpétua, no caso de reincidência. Fonte: https://goo.gl/K9VWXj 9 UNIDADE O Conceito de Saúde No início da epidemia de Aids, realmente acreditava-se que seria uma doença vinculada a grupos de risco, entre os quais as pessoas homossexuais. Hoje, nomeia- -se comportamentode risco, já que a doença circula entre toda a população, inde- pendentemente de sexo, idade ou classe social (BRASIL, 2013). Mas, apesar dos dados que demonstram o aumento dos soropositivos entre mulheres heterossexuais, pessoas idosas e em comunidades subdesenvolvidas, ainda são encontrados grupos que relacionam à Aids os seus valores e crenças pessoais. Aliás, dá para citar uma variedade quase infinita de exemplos relacionados ao assunto. Agora, vamos refletir: um paciente pode se negar a receber uma transfu- são de sangue porque a sua religião não permite. Mas, um médico pode se negar a realizar uma transfusão de sangue em um paciente que a necessita por que a religião desse profissional não permite? E um médico pode realizar uma transfusão de sangue em um paciente que não quer recebê-la por conta de sua crença, mas que depende desse procedimento para sobreviver? Um farmacêutico, por conta de suas convicções religiosas, pode se negar a comercializar a pílula do “dia seguinte”? Situações complexas, mas que acontecem no cotidiano dos profissionais de saúde . Por isso se fazem necessárias a importância de clareza do conceito de saúde de cada um e a percepção de que nem todo mundo tem o mesmo entendimento. Aspectos Históricos do Conceito de Saúde/Doença “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro” (HERÓDOTO). Desde o início da história, o homem tentou entender e explicar porque algumas pessoas adoeciam e outras permaneciam saudáveis, porque algumas pessoas ti- nham determinadas doenças e sintomas e outras não. Na Antiguidade, os primeiros registros sobre saúde encontrados são dos povos assírios, caldeus, babilônios e hebreus, que consideravam o corpo humano como um receptáculo de causas externas, sem nenhuma participação no processo de adoecer. Para esses, a doença aparecia por conta de elementos naturais, por influência de es- píritos sobrenaturais, ou da “cólera divina diante dos pecados humanos”. Não have- ria forma de prevenção, ou de interferência humana, a não ser por meio de práticas religiosas. A doença se revestia de um caráter mágico e religioso ( SEVALHO, 1993; SCLIAR, 2007; ROSEN, 1994). Aliás, segundo Sevalho (1993), certos aspectos dessa compreensão ainda perpassam as representações contemporâneas de saúde. No Oriente Antigo, o sentido era outro: entre os chineses e hindus, acreditava- -se que o organismo humano era composto de um número variável de líquidos: os humores. Esses humores, assim como tudo no Universo, tinham características 10 11 Yin – frio, negativo, masculino – e Yang – quente, positivo, feminino –, sendo consideradas forças vitais. A doença seria decorrente do desequilíbrio entre essas forças, ou seja, entre os humores (PALMEIRA, 1990). Além disso, considerava-se que havia uma correspondência entre esses humores e os elementos fundamentais da natureza: água, terra, fogo, metal e madeira. Para se ter saúde, era importante manter o equilíbrio entre o conjunto desses elementos, cujo desequilíbrio culminaria em desarmonia e, portanto, na doença. Nessa perspectiva, o corpo humano tinha uma participação ativa no processo saúde-doença. Essa concepção fundamentou algumas práticas terapêuticas ainda utilizadas atualmente, tais como a acupuntura. Na Grécia, em princípio, predominava também uma visão mágico-religiosa. Os gregos cultuavam Asclepius – ou Aesculapius – como deus da saúde. Segundo os quais, esse deus teve cinco filhas, incluindo as deusas Panaceia e Higeia. Pana- ceia era a divindade da medicina curativa. Em seus templos eram realizadas práticas terapêuticas individuais, baseadas em rituais, mas também na utilização de plantas e métodos de intervenção. Por sua vez, Higeia era considerada a deusa da saúde coletiva, representando práticas higiênicas, de modo que os seus seguidores prega- vam o equilíbrio entre o homem e meio ambiente para garantir a saúde de todos. Desde então, percebe-se uma dicotomia entre as visões preventiva – coletiva – e curativa – individual. Nesse contexto surgiu Hipócrates de Cós, filósofo que viveu provavelmente entre 460 e 377 a.C., considerado o “pai da Medicina” e quem propôs uma visão raciona l sobre o processo saúde-doença. À semelhança da medicina oriental, acreditava que o corpo humano possuía diferentes humores, destacando como principais a bile amarela, a bile negra, a fleuma e o sangue. A saúde dependia do equilíbrio desses humores, o qual poderia ser comprometido por diferentes causas. Para a manu- tenção da saúde, Hipócrates pregava a perfeita harmonia entre nutrição, excreção, exercício e descanso – condição possível apenas para a elite da época e, portanto, não acessível a todos. ÁGUA FOGO ARLESTE NORTE Colérico Seca e Quente Bile Amarela Juventude Verão Otim ista Quente e Úm ido Sangue Infância Prim avera M el an có lic o Fr io e Se co Bí lis N eg ra M at ur id ad e Ou to no Fleumático Úmido e Frio Apatia Velhice Inverno SUL OESTE QU EN TE FRI O ÚMIDO SECO TE RR A Figura 1 – Teoria dos humores 11 UNIDADE O Conceito de Saúde Hipócrates defendia ainda a observação próxima e detalhada do paciente como méto- do para o estudo das doenças, de suas causas e tratamentos. Dava ênfase no prognóstico, procurando desvendar a evolução das doen- ças (ADLER, 2006). A partir da observação, Hipócrates estudou e desenvolveu conceitos até hoje utilizados, tais como epidemia e endemia, distribuição das do- enças em diferentes ambientes, tendo formula- do a hipótese da transmissibilidade de doenças. No seu livro Ares, águas e lugares, encontra- -se um conceito ecológico de saúde-doença que trata da interferência do meio ambiente neste processo (ROSEN, 1994; SCLIAR, 2007). Figura 2 – Hipócrates Fonte: Getty Images Leia o Juramento de Hipócrates, disponível em: https://goo.gl/bY58LH. Ex pl or Seguindo a história, em Roma aconteceu um grande desenvolvimento da linha “pana- ceia”, com ênfase na clínica e no levanta- mento de hipóteses sobre a causalidade da doença. Galeno, médico e filósofo romano de grande destaque, que viveu entre os anos 129 a 217, revisitando a teoria humoral, desenvolveu a teoria das latitudes de saúde, que dividia o estado dos indivíduos em saúde, estado neutro e má saúde. Para Galeno, o funcionamento adequado do organismo estaria relacionado ao fluxo perma- nente dos humores, o que dependia das influên- cias ambientais e da ingestão de alimentos. Figura 3 – Doutrina universal de Cláudio Galeno (Compêndio de Farmacologia) Fonte: Wikimedia Commons Seu diagnóstico era baseado no estado de saúde do doente, em seu tempera- mento, os seus hábitos de vida, a alimentação, nas condições ambientais e confor- me a época do ano. Considerava que os humores definiam, inclusive, os quadros morais e mentais dos indivíduos (BACKES et al., 2009). Na Idade Média, novamente a saúde e doença se revestiram de caráter religioso. Foi um período com grande influência do poder da Igreja Católica, de modo que todos os aspectos da vida passaram a ter uma explicação baseada no sagrado. 12 13 O período compreendido entre os anos 500 e 1000 ficou conhecido como a “Idade das Trevas”. O conhecimento greco-romano acumulado durante séculos foi substituído pela religião. A doença era entendida como resultado de uma maldição ou punição divina, ou até mesmo por uma possessão demoníaca. Dessa forma, a impureza do corpo – doença – poderia ser transmitida através da impureza da alma – por comportamentos inadequados, pecaminosos; e a saúde passou a ser enca rada como uma dádiva, recompensa, mediada e entregue a instituições religiosas . Os sa- cerdotes ocupavam o lugar reservado aos médicos, os quais eram considerados desprestigiados, pois tratavam de pecadores – doentes. Foi um período de grande insalubridade, com o aparecimento das epidemias de varíola – França e Itália – e sarampo – em toda a Europa. No período entre 1000 e 1500 acon- teceu considerável crescimento das ci- dades europeias apartir do enfraque- cimento do feudalismo. Entretanto, o aumento populacional aconteceu sem que fosse respaldado pelo desenvol- vimento de condições adequadas de infraestrutura e moradia. Essa situação, associada ao medo e à ignorância da população, resultou novamente em gra- ves epidemias, principalmente de han- seníase e peste negra – peste bubônica. Apareceu, então, a figura da “quarente- na” – termo até hoje utilizado – visando o isolamento dos doentes ou suspeitos de estarem doentes enquanto durasse o período de contaminação – acreditava- -se, na época, como quarenta dias para toda e qualquer doença. Figura 4 – Máscara de peste, criada com o objetivo de afastar o ar contaminado; era preenchida com ervas aromáticas, sendo utilizada pelos médicos junto ao traje especial que cobria todo o corpo Fonte:Getty Images A origem negra de uma máscara do Carnaval de Veneza: https://goo.gl/5zxBBL. Ex pl or Nessa época foram criados os hospitais pioneiros na França, em um primeiro momento como casas de recepção e atendimento de doentes imigrantes sem famí- lia ou apoio social. Os hospitais eram lugares de acolhimento e consolo, mas não de cura (SCLIAR, 2007). De fato, o período que compreendeu os séculos XV e XVI foi marcado pela ocorrência de diversas epidemias, principalmente cólera, tifo, peste e escorbuto, além de varíola, sarampo e hanseníase. 13 UNIDADE O Conceito de Saúde Tomou forma, então, a teoria miasmática: a palavra miasma deriva do latim e sig- nifica maus ares. Segundo tal proposta, as epidemias seriam decorrentes de um es- tado da atmosfera propício a certas doenças que se espalhavam enquanto perdurava essa condição particular. Os miasmas aconteciam por causa de ares corrompidos, condições climáticas ou até mesmo conjunções astrais. Poderiam emanar também a partir de cemitérios, abatedouros ou cortiços (ROSEN,1994; SCLIAR, 2007). Importante! Pelo apresentado até aqui, constata-se que a visão predominante entre a Antiguidade e a Idade Média era de que a saúde e doença aconteciam por interferência sobrenatural, ou por castigo ou maldição divina. Era de alguma forma, portanto, associada ao sagrado, fora do alcance da intervenção humana. As exceções a essa concepção foram adotadas na Grécia e em Roma, que estavam fortemente vinculadas à teoria dos humores. Em Síntese Assim como o Renascimento trouxe uma nova luz para as artes, trouxe tam- bém um olhar inédito sobre a Medicina. Dessa época destaca-se o médico suíço Paracelso (1493-1541) que, apesar de ter sido educado em mosteiros, desenvolveu visão crítica quanto à ignorância e ao fanatismo existente à época. Paracelso afirmava que as doenças eram produzidas por agentes externos ao organismo, que alteravam os processos químicos que aconteciam internamente. Concluiu que por isso, os remédios deveriam ser produtos químicos. Utili zava a similitude para escolher os tratamentos, empregando plantas medicinais que escolhia pela forma – por exemplo, de rim como medicamento para doenças renais. Pregava a observação, investigação e utilização de medicamentos puros e simples, obtidos muitas vezes por processos alquímicos. Segundo Paracelso, cada doença acontecia por conta de uma causa específica, o que posteriormente contribuiu para a teoria da existência de micróbios (ADLER, 2006; SCLIAR, 2007). “Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio”. (PARACELSO ) Fonte: https://goo.gl/uqcBnT Outra contribuição importante nesse período foi a teoria do contágio, elaborada por Girolamo Fracastoro (1478-1553), médico, astrônomo e poeta italiano. Ao es- tudar o desenvolvimento da febre tifoide e da sífilis, duas doenças com prevalência importante à época, propôs uma teoria racional sobre a ocorrência das quais. Segundo Fracastoro, as doenças seriam causadas por agentes animados que penetrariam no corpo humano, alterando os humores e as causando. A esses agen- tes denominou seminárias, as quais teriam a capacidade de se alojar em diferentes partes do corpo e de permanecerem ativas no meio externo. Para cada doença existiria uma seminária específica, que poderia ser transmitida por meio do contato direto – de pessoa para pessoa –, por contato indireto – através de fômites –, ou por meio do ar. Acreditava que a transmissão das doenças seria favorecida dependendo do estado da atmosfera. 14 15 O impressionante é que mesmo sem acesso a instrumentos ou meios de conhe- cer os agentes microbiológicos, através da observação e análise sistemática dos achados, acabou por elaborar uma teoria racional sobre as doenças infecciosas (ROSEN, 1994). A partir do século XVII, conhecido como o “século das luzes” ou “da razão”, os desenvolvimentos científicos, culturais e sociais deram início ao iluminismo. Esse período foi marcado por grandes descobertas e pela produção de conhe- cimento. A invenção do microscópio, por exemplo, deu considerável impulso à compreensão das doenças. Os primeiros a identificarem pequenos agentes pato- lógicos foram os cientistas alemães Hauptan, Ettmüller e Bonomo. Encontraram minúsculos animais nas bolhas d’água provocadas pela escabiose. Era o início da teoria da causalidade que questionava a proposição miasmática. Figura 5 – Microscópio antigo desenvolvido por Hans e Zacharias Janssen Fonte: Adaptado de semanticscholar.org Logo depois, Petty e Graunt, na Inglaterra , estudando os eventos vitais registrados em igrejas, deram início à estatística vital, impor- tante contribuição para o estudo da distribui- ção das doenças nas comunidades. Então, John Snow, ao estudar as epide- mias de cólera na Inglaterra, demonstrou que essa doença era transmitida pela água – e não através do ar, pelos miasmas, como se pensava –, tornando-se conhecido como o “pai da Epidemiologia”. Figura 6 – Louis Pasteur Fonte: Wikimedia Commons Mas foi Louis Pasteur (1822-1895), químico francês, que deu o grande salto para a compreensão da ocorrência das doenças. Seus primeiros estudos foram com cristais. Nestes, ao identificar pequenas assimetrias em sua formação, levantou a hipótese de que seriam provocadas por pequenos seres vivos. Daí foi estudar a fermentação, processo que até então era considerado resultado de reações químicas, que poderia estar envolvido na formação dos cristais. Com o auxílio do microscópio, identificou microrganismos participantes desse processo – fermentação – e passou a procurá- -los inicialmente nos bichos da seda e posteriormente em ovelhas. Identificou as leve- duras e depois as bactérias anaeróbias. Relacionou-as com a ocorrência de doenças. 15 UNIDADE O Conceito de Saúde Era o início da Era Bacteriológica, a Era do descobrimento dos agentes cau- sais. Podem ser citadas as descobertas dos agentes causadores da tuberculose por Koch, do tétano por Nicollier, da peste por Yersin e Kitasato e do botulismo por Van Ermenger. Com os estudos de Bernard foi possível elucidar os processos fisiológicos ocorridos no interior dos seres vivos (ROSEN, 1994). A partir da demonstração de que os microrganismos eram responsáveis por alterar processos fisiológicos e, com isso, provocar doenças, surgiu a teoria da uni- causalidade das doenças: para cada doença uma causa, um agente. “As doenças tinham causas, poderiam ser prevenidas e curadas” (SCLIAR, 2007). Entretanto, no final do século XIX, outros fatores começaram a ser associados ao estado de saúde ou doença. Com a Revolução Industrial, iniciou-se novamente uma época de epidemias urbanas, principalmente nas cidades onde ocorreu rápida industrialização. Em 1826, o médico Louis R. Villermé (1782-1860) publicou rela- tório analisando a mortalidade nos diferentes bairros de Paris e vinculou o perfil encontrado ao nível de renda das populações. Na Inglaterra, novos estudos rela- cionaram a industrialização e proletarização à ocorrência de doenças e mortes. Tais estudos subsidiaram a publicação intitulada As condições daclasse trabalha- dora na Inglaterra em 1844, de Friedrich Engels, trazendo questões sociais para a discussão da saúde. O livro Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell, é uma história que se passa na Inglaterra da Era da Industrialização e demonstra, de forma romanceada, esse impacto da industrialização. O livro foi transformado em uma série, pela BBC, em 2004. Ex pl or Na fase contemporânea, iniciada no século XX, a partir da década de 1930 é observado novamente um processo acentuado de industrialização, fenômeno se- melhante ao acontecido no final do século XIX, com intensa migração rural para as cidades e, mais uma vez, pessoas expostas a situações precárias de moradia, trabalho e nutrição. Constata-se, então, que existe estreita relação entre pobreza e chances de sobre- vivência e longevidade. Percebe-se que as doenças são decorrentes não apenas de causas biológicas, mas também sociais – e a teoria da unicausalidade perde força. A partir da década de 1940, o homem passou a ser considerado como um indivíduo bio-psíquico-social. Ou seja, um ser vivo – biológico –, que pensa – psí- quico – e vive em sociedade, portanto, que sofre influência das relações estabe- lecidas em comunidade – social. Os aspectos mentais, psíquicos e emocionais do homem assumem fundamental importância no contexto da saúde, esta que – junto à doença – passa a ser explicada pela teoria da multicausalidade, para a qual a saúde seria um processo multicausal que envolve fatores oriundos dos meios biológico, físico e social. 16 17 Nesse contexto, em 1946, a OMS reconheceu, pela primeira vez, a saúde como um dos Direitos Humanos, considerando a saúde física e mental como um Direito Huma- no Fundamental, sem distinção entre classes sociais, raças, sexo e/ou discriminação. Baseando-se na teoria da multicausalidade, em 1948, a OMS propôs o conceito apresentado no início desta Unidade: “Saúde não é apenas a ausência da doença, mas o completo bem-estar físico, mental e social”. Trata-se de um conceito amplo e que incorporou os diferentes fatores que contri- buem para a saúde ou doença. Foi um considerável avanço para a época e contribuiu imensamente para as reformas sanitárias acontecidas em diferentes países do mundo. Entretanto, a partir de 1970 surgiu uma nova forma de se pensar a questão: ganhou força um conceito que levava em consideração a historicidade e determina- ções social e política na ocorrência das doenças. A doença passou a ser compreendida como algo construído socialmente. A sua aceitação, interpretação, significado e até prognóstico dependem da sociedade na qual está inserida. Um marco para a transição do modelo biomédico de saúde ao biopsicossocial foi a Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, que aconteceu em Ottawa, Canadá, em 1986, com o lema Saúde para todos no ano 2000. É claro que essa meta precisou ser revista, mas os conceitos tratados nessa conferência são válidos até os dias atuais. Carta de Ottawa Documento elaborado na Primeira Conferência Internacional sobre a Pro- moção da Saúde, que abrange ações intersetoriais que devem ter atenção especial na promoção da saúde para todos, entre as quais: • Promoção da saúde; • Pré-requisitos para saúde; • Defesa de causa; • Capacitação e mediação; • Construção de políticas públicas saudáveis; • Criação de ambientes favoráveis; • Reforço da ação comunitária; • Reorientação dos serviços de saúde. A Carta de Ottawa não foi o primeiro documento elaborado com a visão biopsicossocial da saúde. Antes, outro evento importante ocorreu em Alma-Ata, na antiga União Soviética, quando foi elaborada a Declaração de Alma-Ata, expressando a necessidade de ação de todos os governos para promover a saúde. Acesse-a em: https://goo.gl/mvoic9. Ex pl or 17 UNIDADE O Conceito de Saúde História Natural da Doença Considerar a existência de um processo saúde-doença, ao invés de um sistema binário onde há apenas doença ou saúde, é pressupor que o ser humano passa por inúmeras situações ou condições que exigem a sua constante adaptação. Esse processo não é o mesmo para diferentes organismos, mas sabe-se que as doenças progridem segundo alguns padrões. Tal evolução é denominada história natural da doença (PEREIRA, 2005), modelo proposto por Leavell e Clarck, em 1976 (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2006). Segundo Rouquayrol e Almeida Filho (2006), a história natural da doença [...] é o nome dado ao conjunto de processos interativos que compreende as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. Permite a identificação das causas e da forma como cada uma participa no pro- cesso da doença, de modo que se consiga elaborar um modelo descritivo compreen- dendo as inter-relações entre o agente, hospedeiro e meio ambiente. A história natural da doença pressupõe a interação de três fatores fundamentais: o agente, suscetível e ambiente – tríade causal. Essa interação apresenta uma varia- bilidade que pode evoluir para a doença segundo estes padrões (PEREIRA, 2005): • Aguda, rapidamente fatal; • Aguda, clinicamente evidente e com rápida recuperação; • Sem alcançar o limiar clínico – assintomática; • Crônica, que se exterioriza e progride de forma lenta, por um longo período; • Crônica, com períodos assintomáticos intercalados com períodos de manifes- tação de sintomas. A história natural da doença tem início quando o agente e suscetível se encon- tram no meio ambiente. A partir daí evolui em dois períodos sequenciais: epidemio- lógico – ou pré-patogênico – e patológico – ou patogênico. No período pré-patogênico ainda não há doença. Mas os fatores de risco ou de proteção já estão presentes no meio ambiente, ou seja, os agentes que determinam a ocorrência das doenças estão interagindo entre si e com os suscetíveis – interação entre hospedeiro versus ambiente versus agente causador, igualmente chamada de tríade causal. Essas interações são os eventos que ocorrem em época ainda ante- rior à resposta biológica inicial do organismo (MENEZES, 2001; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2006). Nesse período, o interesse é dirigido para as relações entre suscetível-ambiente (ROUQUAYROL, 2004). 18 19 Recorrendo à dengue como exemplo: no período pré-patogênico o suscetível – homem – e o agente – arbovírus – se encontram. Para isso é necessário que exista, no ambiente: um infectante – fonte de infecção (homem contaminado) –, o vetor – mosquito hematófago (Aedes aegypti) – e um suscetível – homem sadio. Fatores ambientais e sociais determinam a existência de criadouros para os vetores, da presença de suscetíveis e da fonte de infecção. No período patogênico interessam as modificações que se passam no organismo vivo, ou seja, quais processos ocorrem no interior do corpo humano a partir da interação entre agente e suscetível. Esses processos envolvem a forma de interação do estímulo-suscetível, as alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas perce- bidas através de exames clínicos e laboratoriais, os sinais e sintomas da doença – estágio clínico – e a evolução da doença – cronicidade. Voltando ao exemplo da dengue: após a picada do mosquito e a inoculação do vírus no suscetível, tal vírus se dissemina pelo organismo e inicia o seu ciclo de replicação nas células estriadas. O suscetível pode desenvolver a forma clássica ou hemorrágica. Os sintomas vão desde febre de intensidade variável, fortes dores de cabeça, dores nas costas, músculos e articulações até manchas na pele e sangra- mentos nasais, gengivais e gastrintestinais. Pode evoluir para infecções assintomá- ticas, benignas ou graves, tendo como desenlace a cura ou morte. A história natural da doença pode ser resumida no seguinte esquema: Figura 7 Fonte: Adaptadade Rouquayrol e Almeida Filho, 2006 Por meio da história natural de uma doença pode-se pensar nas intervenções pos- síveis para a sua respectiva prevenção, controle e até mesmo para a sua erradicação. As ações de intervenção são chamadas de ações de prevenção, as quais anteci- padas por objetivarem interceptar ou anular a evolução da doença. 19 UNIDADE O Conceito de Saúde As ações de prevenção podem ser realizadas nos dois períodos da história natural da doença: se no pré-patogênico, são chamadas de ações de prevenção primária; se no período patogênico, podem ser ações de prevenção secundária ou terciária. De acordo com Menezes (2001), as ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças, ou à manutenção da saúde; as ações secundárias destinam-se a regredir o período clínico das doenças, ou impedir a progressão ao óbito, ou ainda evitar o surgimento de sequelas; as ações terciárias procuram minimizar os danos já ocor- ridos com a doença. Veja este esquema gráfico relacionando a história natural da doença com os níveis de prevenção: Figura 8 Fonte: Adaptada de Rouquayrol e Almeida Filho, 2006 Em relação à dengue, no período pré-patogênico temos que, segundo Teixeira e colaboradores (1999), [...] nas áreas mais pobres, que correspondem àquelas deficientes em estrutura urbana, os criadouros potenciais mais encontrados são vasi- lhames destinados ao armazenamento de água para consumo, devido à frequente intermitência ou mesmo inexistência dos sistemas de abasteci- mento, e recipientes que são descartados, mas permanecem expostos ao ar livre no peridomicílio, por não se dispor de coleta de lixo adequada. Os criadouros mencionados são os locais de reprodução do mosquito. Uma ação visando uma coleta de lixo sistemática, periódica e de qualidade é uma ação de prevenção primária. Em relação ao período patogênico, o diagnóstico diferencial da dengue quanto a outras doenças, tais como gripe, rubéola ou sarampo, é uma ação de prevenção 20 21 secundária, pois permite a definição do tratamento do paciente. Já assegurar uma consulta de retorno, preferencialmente na atenção básica, para todos os pacientes atendidos na unidade é uma medida de prevenção terciária. Determinantes Sociais de Saúde Quando passamos a considerar a saúde do ponto de vista biopsicossocial, per- cebemos que existem condições que podem favorecer o aparecimento de doenças. Após o que já foi apresentado, podemos concluir de maneira resumida que qualquer situação que altere o bem-estar físico, mental ou social pode levar à doen- ça e, muitas vezes, o próprio ambiente que proporciona as condições de sobrevi- vência de um indivíduo pode ser um fator que desencadeará tal doença. Por exemplo, em um ambiente capitalista o trabalho é necessário para que a pessoa consiga ter comida, moradia, segurança. Porém, o ambiente de trabalho inadequado também pode ser um determinante de doença, como no caso de con- taminantes químicos, risco físico ou, inclusive, estresse e bullying. Segundo a Lei n.º 8.080/90, além do acesso aos bens e serviços essenciais e qualquer coisa que possa garantir às pessoas e coletividades condições de bem- -estar físico, mental e social, são considerados determinantes da saúde: Tabela 1 Saneamento Básico Alimentação Educação Moradia Transporte Renda Meio Ambiente Trabalho Fonte: elaborada pela professora conteudista Podemos classificar ainda os determinantes em: Tabela 2 – Fatores determinantes da doença Endógenos: fatores determinantes que, no quadro geral da ecologia da doença, são inerentes ao organismo e estabelecem a receptividade do indivíduo. • Herança genética; • Anatomia e fisiologia do organismo humano; • Estilo de vida. Exógenos: fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente • Biológicos: bactérias, fungos, protozoários – por exemplo, salmonela na maionese; • Físicos/químicos: calor, pressão, impacto, produtos químicos – por exemplo, contaminação, no trabalhador rural, por inseticida; • Sociais: impostos pela sociedade/cultura local – por exemplo, racismo, habitação etc. Fonte: elaborado pela professora conteudista Ademais, o denominado modelo Dahlgren e Whitehead (Figura 9) dispõe os determinantes sociais de saúde em camadas: os indivíduos estão na base, in- fluenciados pelas características pessoais – idade, sexo e fatores genéticos –; na camada seguinte estão o comportamento e os estilos de vida individuais, seguidos 21 UNIDADE O Conceito de Saúde das redes comunitárias e de apoio, que sofrem influência do nível socioeconômico e das redes de relacionamento; no próximo encontramos as condições de vida – trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso à saúde e educação –; no último nível encontramos os macrodeterminantes, que correspondem às condições econô- micas, culturais e ambientais da sociedade e que influenciam nas demais camadas. Figura 9 – Modelo Dahlgren e Whitehead Fonte: scielosp.org Importante! Nesta Unidade você conheceu o conceito de saúde e doença e como estas evoluíram pela história. Aprendeu um pouco mais sobre a história natural da doença e os determinantes sociais de saúde, ou seja, como a doença evolui e as variáveis que interferirão em um ser humano, podendo desencadear a doença. Os temas apresentados são extensos, de modo que é importante organizar os seus estudos e aprofundar o conhecimento com o Material complementar, além de realizar as atividades propostas. Seja proativo(a) e sucesso! Em Síntese 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos O pulso Analise a música O pulso, da banda de rock nacional Titãs e avalie o que foi considerado como doença na letra. https://youtu.be/N2US94b-6z8 Filmes O nome da rosa Recomenda-se o filme O nome da rosa, de 1986, dirigido por Jean-Jacques Amnaud e baseado no livro de Umberto Eco. Leitura Narrativas sobre o processo saúde-doença: experiências dos grupos operativos de educação FAVORETO, Cesar Augusto Orazem; CABRAL, Cristiane Coelho. Narrativas sobre o processo saúde-doença: experiências dos grupos operativos de educação. Saúde Interface, Botucatu, SP, v. 13, n. 28, p. 7-18, 2009. https://goo.gl/cHkY8R A historicidade das teorias interpretativas do processo saúde-doença O LIVEIRA, Maria Amélia de Campos; EGRY, Emiko Yoshikawa. A historicidade das teorias interpretativas do processo saúde-doença. Rev. Esc. Enf. USP, v. 34, n. 1, p. 9-15, 2000. https://goo.gl/zgL2br 23 UNIDADE O Conceito de Saúde Referências ADLER, R. E. Médicos revolucionários: de Hipócrates ao genoma humano. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. BACKES, M. T. S. et al. Conceitos de saúde e doença ao longo da história sob o olhar epidemiológico e antropológico. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 111-117, jan./mar. 2009. BARROS, J. A. C. Pensando o processo saúde-doença? 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