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RT DOENÇA OCUPACIONAL COVID-19

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE XXXXXXXXXXXXXXXX
Art. 651, CLT
RECLAMANTE (colocar nome da mãe e PIS), por meio de seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, vem à presença de V. Excelência, com fulcro nos artigos 840 da CLT, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
contra HOSPITAL SANTA CASA DE MINAS (nunca os sócios), pelos motivos de fato e de direito que seguem expostos:
DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Nos termos do art. 790, §3º da CLT, alterado com a lei 13.467/17, o empregado que perceber salário igual ou inferior a 40% do teto da previdência fará jus às benesses da gratuidade judiciária ou desde que comprove a insuficiência de recursos para o pagamento das custas processuais.
In caso, o reclamante percebia salário superior a 40% do teto do RGPS, contudo, encontra-se em situação de desemprego e sem proventos, razão pela qual, requer a concessão do benefício da gratuidade judiciária, pois provada a insuficiência financeira.
DO CONTRATO DE TRABALHO
O reclamante foi admitido pela reclamada em 04.03.2018 para trabalhar na função de Enfermeiro, percebendo salário de R$ 3.452,01 e jornada 12x36 das 17hs às 05hs da manhã sempre com intervalo de uma hora para descanso e refeição.
Fora dispensado em 23.07.2020 de forma imotivada, recebendo o valor de R$ 10.256,10 a título de verbas rescisórias.
Pois bem. A presente ação tem como objetivo o pagamento de indenização substitutiva decorrente de estabilidade acidentária, indenização por danos materiais e morais conforme segue fundamentação abaixo.
DO DIREITO À ESTABILIDADE
Diante da pandemia causada pelo Covid-19 (Coronavírus) o reclamante era escalado para jornada 12x12 a fim de atender a grande demanda de pacientes que ingressavam no hospital com síndrome respiratória grave.
O atendimento era intenso, bem como a circulação dos médicos e enfermeiros nos CTIs e UTIs era rotineira ficando expostos ao contágio do vírus. 
O mundo vem acompanhando o avanço do vírus e o receio de colapso nos hospitais, notadamente em nosso país, visto que não há estrutura para o atendimento da população em geral que possa contrair a COVID-19.
A corrida contra o tempo é no sentido de achatamento da curva de contágio, a fim de preparar o sistema público de saúde para atender a esperada demanda.
Entrementes, o hospital onde o reclamante trabalhava atendia em média 15 a 25 pessoas por dia com sintomas da COVID-19, sendo umas tratadas em casa e outras internadas com situação mais grave de saúde.
O papel do reclamante era auxiliar os médicos nos procedimentos hospitalares, como intubação, ministração de medicamentos, inclusive injetáveis, retirada dos corpos dos pacientes que acabavam falecendo, enfim. Todo trabalho difícil de um CTI ou UTI.
No dia 23.03.2020, em atendimento a um paciente, o reclamante passou a sentir fortes dores no peito e dificuldades para respirar, além de febre e muita tosse.
No primeiro momento a Sra. Fulana, também enfermeira, socorreu o reclamante que imediatamente teve de ser internado. Posteriormente, após ministração de medicamentos, o reclamante teve de ser encaminhado ao CTI para a utilização de aparelhos respiratórios.
Segue abaixo um vídeo demonstrativo de como é feito a intubação orotraqueal usada para atender o reclamante: 
https://youtu.be/dMtA7Sk0gBU
Poi bem. O reclamante permaneceu internado por 13 dias e diante do rápido atendimento e do tratamento adequado se recuperou ficando em observação ainda no hospital por mais 8 dias.
A situação do obreiro agravou-se diante de doenças pré-existentes como diabetes, de maneira que, não deveria trabalhar nestas condições por ser considerado grau de risco.
Nesse meio tempo, fora realizado um exame para verificar se o obreiro tinha contraído o vírus da COVID-19, visto que os sintomas eram os mesmos.
Em 15.04.2020 saiu o resultado do exame o qual constatou-se positivo para o Coronavírus, conforme documento abaixo:
(colar o exame médico e juntar nos autos).
Após 8 dias em observação o reclamante passou a sentir leve dificuldade para respirar e que fora diagnosticado como sequelas pelo contágio do vírus.
Diante da incapacidade temporária para o trabalho, a reclamada fez o requerimento administrativo de auxílio-doença perante ao INSS o qual foi concedido até 15.07.2020.
Ocorre que a reclamada não reconheceu tal situação como acidente de trabalho, uma vez que havia o risco iminente de contágio da COVID-19 para pessoal da saúde que atua na linha de frente no atendimento aos pacientes com o vírus.
Não foi diferente para o obreiro que contraiu a doença pelas condições de trabalho e que deveria ser afastado pelo benefício acidentário B91 com a emissão da CAT para tanto.
Cumpre ressaltar que o reclamante vinha atendendo pacientes com o vírus desde 03.03.2020 e diante do risco do contágio, limitou sua locomoção do trabalho para casa e vice e versa.
De certo que o contágio ocorreu pelas condições de trabalho, razão pela qual deve ser reconhecido como acidente laboral.
Após o seu retorno do afastamento por auxílio-doença, foi dispensado imotivadamente.
Trata-se de típico acidente de trabalho (doença ocupacional) desencadeada pelas condições de trabalho em que o obreiro era exposto. 
(explicar diferença entre doença do trabalho e doença profissional – 20 da lei de benefícios).
Dispõe o art. 20, II da lei 8.213/91 que a doença do trabalho, é a assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.
Ademais a MP 927 no seu art. 29 reconhece a COVID-19 como doença ocupacional, desde que comprovado o nexo de causalidade.
Outrossim, a súmula 378 do C. TST dispõe que são pressupostos para concessão da estabilidade acidentária o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarda relação de concausalidade com a execução do contrato de emprego.
Ressalta-se que, a ausência de emissão da CAT e encaminhamento do obreiro para percepção do auxílio doença acidentário, teve como objetivo não configurar a estabilidade prevista na lei.
Ora Excelência, é clara a atitude da reclamada em obstar o direito do reclamante à estabilidade acidentária prevista no art. 118 da lei 8.213/91, para que não fosse preenchido os requisitos, quais são, o afastamento do trabalho superior a 15 dias e percepção do auxílio doença acidentário perante o INSS.
Além do desrespeito a norma cogente de ordem pública, ou seja, a Constituição Federal que elenca como direito fundamental o direito à saúde e meio ambiente equilibrado, a atitude da reclamada fere de morte o art. 22 da lei 8.213/91, que versa:
“Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte da ocorrência e, em caso de morte, imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.”
Pois bem, a jurisprudência tem decidido no sentido de que mesmo que ausentes os requisitos para percepção da estabilidade acidentária, se o motivo da ausência foi por impedimento malicioso do empregador, considera-se implementada tais condições por aplicação do art. 129 do CC/2002.
Assim é o que dispõe o Relator Juiz Convocado Altino Pedrozo dos Santos, ao julgar Recurso de Revista nº 512927/1998.6 pela 1ª Turma do C. TST, vejamos:
"EMENTA: RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. REQUISITOS. ARTIGO 118 DA LEI N.º 8.213/1991. AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE PELA EMPRESA. O afastamento do serviço por período superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário constituem pressupostos para a aquisição do direito à estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei n.º8.213/1991. No entanto, se tais exigências não foram atendidas pelo trabalhador por culpa exclusiva do empregador, que deixa de cumprira obrigação de comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social (art. 22, caput, da Lei Nº 8.213/1991), é lícito considerá-las implementadas, à luz da regra contida no artigo 129 do CC/2002 (grifo nosso). 
(EXPLICAR A IMPORTÂNCIA DE ABRIR O ACÓRDÃO)
Nessa toada decide o Ministro Barros Levenhagen no mesmo Recurso de Revista, vejamos:
ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. LEI Nº 8.213/91. NÃO-EMISSÃO DA CAT PELA EMPRESA. É certo que a jurisprudência desta Corte, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial nº 230 da SBDI-1, é de que o afastamento do trabalho por prazo superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença-acidentário constituem pressupostos para o direito à estabilidade prevista no art. 118 da Lei nº8213/1991, assegurada por período de 12 meses, após a cessação do auxílio-doença. Ocorre que o afastamento da incidência do precedente em apreço deve-se ao fato de o Regional ter consignado que a empresa, não obstante tivesse plena ciência do acidente de trabalho, obstou ao empregado o direito de adquirir o afastamento formal pelo INSS com a percepção do auxílio-doença acidentário, requisito previsto no art. 118 da Lei nº 8.214/91, e com o conseqüente reflexo na aquisição da estabilidade provisória, quando furtou-se à entregar a CAT na época própria, apesar das várias licenças médicas oriundas do acidente, encontrando-se subjacente à decisão recorrida a aplicação do art. 9º da CLT. Não compartilho, ainda, com a tese de que a não-comunicação pelo empregado à entidade sindical do acidente ocorrido implicaria o afastamento do direito à indenização relativa ao período estabilitário, uma vez que a ilação que se extrai do art. 22, § 2º, da Lei nº 8.213/91 é de que a obrigação de comunicar o acidente é da empresa, tendo o legislador atribuído ao trabalhador apenas a faculdade de fazê-lo. Recurso conhecido e desprovido. (RR-787.253/2001, Rel. Min. Barros Levenhagen, DJ 16/4/2004);
Mister se faz a aplicação do art. 9º da CLT no caso em tela, considerando que ao furtar-se da emissão da CAT a reclamada buscou impedir a garantia de emprego do reclamante.
Portanto, deve ser considerada a implantação dos requisitos para percepção da estabilidade acidentária nos termos da fundamentação, condenando a reclamada à imediata reintegração do reclamante bem como pagamento dos salários e demais verbas pelo período afastado até a reintegração.
Ocorre que, diante das sequelas da doença, o obreiro encontra-se incapacitado para o seu trabalho habitual, razão pela qual a reclamada deverá proceder na realocação do obreiro em função compatível com sua capacidade laboral.
Caso V. Excelência entenda de forma diversa pela reintegração do reclamante, requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização substitutiva correspondente aos salários e reflexos considerando o período estável de até 12 meses após o retorno ao trabalho.
DA DOENÇA OCUPAIONAL
Primeiramente, cabe trazer em discussão a definição de acidente de trabalho e suas características à luz da lei 8.213/91.
Vejamos o que dispõe o art. 20 da referida lei:
“Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função das condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I;”
 Interessa extrair do texto supra, a definição de doença do trabalho pelo inciso II, aquela que é desencadeada ou adquirida pelas condições especiais em que o empregado exerce suas atividades, estas são consideradas doenças ocupacionais.
Ainda, a doença ocupacional decorre da forma em que o trabalho é prestado ou condições do ambiente de trabalho.
Ademais a MP 927 no seu art. 29 reconhece a COVID-19 como doença ocupacional, desde que comprovado o nexo de causalidade.
O obreiro laborava como enfermeiro e com o pico de contágio da COVID-19, houve uma sobrecarga de atendimento nos hospitais obrigando a reclamada exigir dos seus empregados jornada 12x12 a fim de atender a demanda.
Ressalta-se ainda que o obreiro passava toda sua jornada circulando o CTI e a UTI no atendimento desse tipo de paciente, exposto ao contágio de forma permanente até que então, passou por síndrome respiratória grave aguda culminando no seu internamento.
Após o tratamento e recuperação, o obreiro foi diagnosticado com o vírus da COVID-19, considerado, portanto, doença ocupacional por contágio no ambiente de trabalho.
Com efeito, o nexo de causalidade deve ser presumido diante das especificidades da atividade exercida pelo obreiro bem como o elevado grau de contágio pela exposição constante ao vírus.
(se houvesse afastamento de auxílio doença acidentário, o nexo já seria presumido).
Após a recuperação e a realização de exames para verificar a cura da doença, revelou-se que o obreiro permanece com lesões nos pulmões com leve desconforto respiratório e fôlego curto.
Muito embora seja cedo para se falar em sequelas, visto que há somente exames preliminares em pacientes que se recuperam da COVID-19, certo é que o obreiro permanece com o desconforto respiratório e impedido do exercício de atividades exijam esforço físico.
Há pesquisas em andamento para pacientes que se curaram da COVID-19 que relatam tais sequelas. Segue o site que relata tais pesquisas:
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/deutsche-welle/2020/03/20/coronavirus-pode-deixar-sequelas-no-pulmao-apontam-exames.htm?aff_source=56d95533a8284936a374e3a6da3d7996
https://exame.abril.com.br/ciencia/mesmo-curados-pacientes-de-covid-19-podem-ter-problemas-pulmonares/
Havendo a redução da capacidade laborativa, nasce para o reclamante o direito à reparação por parte da reclamada com supedâneo no art. 7º inciso XXVIII da CF/88 e art. 186 e 927 do Código Civil de 2002.
Nesse liame, a responsabilidade civil configura-se pela presença de três requisitos, sendo eles o dano, o nexo e a culpa em caso de responsabilidade subjetiva, ou tão somente o dano e o nexo em caso de responsabilidade objetiva.
A responsabilidade objetiva ocorre quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
No presente caso o dano emerge da redução da capacidade respiratória em decorrência do vírus, ainda que preliminar, a perícia médica se faz necessária.
O nexo causal deve ser considerado como causalidade direta, ou seja, aquela em que há vinculação imediata entre a prestação de serviço e consequente doença do trabalho, uma vez que o obreiro teve o contágio por conta da sua atividade laboral com exposição permanente ao vírus.
Por derradeiro, configurada a responsabilidade civil da reclamada, deve esta indenizar o reclamante por danos materiais decorrente da redução da capacidade laborativa, seja o dano emergente e os lucros cessantes.
Nesse liame, o Código Civil prevê que em caso de a “a ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento (danos emergentes) e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu”, consoante art. 950 do referido diploma.
Ainda no diploma civil no art. 950, parágrafo único, faculta ao prejudicado o direito de receber a indenização arbitrada de uma só vez.
Cumpre salientar que o reclamante não poderá realizar qualquer atividade laboral, sendo assim, deve ser considerado que a lesão sofrida acarreta a redução da capacidade de trabalho, o que lhe enseja o direito ao pagamento de indenização equivalente a redução da capacidade laboral.
Pelo princípio da reparação integral em que a indenização mede-se pela extensão do dano (Art. 944, CC)é devido ao obreiro pagamento de indenização correspondente a sua redução da capacidade laboral.
Muito embora não tenha legislação específica para fixação do quantum indenizatório em casos semelhantes, a perícia poderá fixar o percentual de redução da capacidade laboral com base na tabela da SUSEP utilizada para fixação de indenizações em casos de seguro.
Nos termos da tabela, a redução para fins de indenização é de 100% para o órgão afetado, vejamos:
"Lesões de órgãos e estruturas crânio-faciais, cervicais, torácicos, abdominais, pélvicos ou retro-peritoneais cursando com prejuízos funcionais não compensáveis de ordem autonômica, respiratória, cardiovascular, digestiva, excretora ou de qualquer outra espécie, desde que haja comprometimento de função vital"
É cediço que a jurisprudência tem entendido que o cálculo da indenização deve ser a aplicação da redução da capacidade de trabalho sobre o último salário do empregado acidentado, considerando que não se habilitará mais para o trabalho habitual.
Portanto, pelo exposto, requer o reclamante a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos materiais, em 100% aplicado sobre o último salário do obreiro pago em forma de pensionamento desde o acidente até os 72 anos de idade que é a expectativa de vida laboral da população segundo o IBGE.
Requer ainda que a indenização seja paga em uma só parcela nos termos do parágrafo único do art. 950 do CC.
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Em consequência do vírus adquirido durante o pacto laboral, o reclamante teve redução significativa da sua capacidade laboral, o que lhe causa sérios danos de ordem íntima, bem como intranquilidade e sofrimento.
Nos dias atuais, muito se fala em “indústria do dano moral” decorrente do crescente número de ações aventureiras, acreditando o autor que o mero aborrecimento significa lesão aos direitos imateriais.
Esta situação muitas vezes atrapalha o cidadão que realmente foi lesado, que busca no judiciário a reparação do dano sofrido, porquanto os magistrados tendem repelir as aventuras judiciais, acabam por julgar o quantum indenizatório de forma ínfima prejudicando aquele que teria direito real de reparação.
Daí porque, importante se faz a obrigação do advogado fundamentar o pedido, esclarecer e apontar o dano sofrido, para que não seja entendido pelo magistrado que a ação em debate é mais uma das aventuras judiciais em busca do enriquecimento fácil pela “indústria do dano moral”.
Primeiramente, cabe trazer a baila o conceito de dano moral, nos dizeres do professor Yussef Said Cahali (O Dano Moral – ed. Revista dos Tribunais), vejamos: 
“O dano moral é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral (honra, reputação, etc) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc), dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)”.(grifo nosso).
Na legislação atual o dano moral passou a ter previsão legal no art. 223-A e seguintes da CLT, prescrevendo o conceito de dano moral como lesão a honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física que são bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.
No caso em tela, flagrante a lesão extrapatrimonial sofrida pelo obreiro, diante do grau de letalidade da doença, do tratamento sem perspectiva concreta de recuperação e o estado grave durante a internação.
Pois bem, consoante narrado os dizeres do professor Yussef Said Cahali, a privação ou diminuição de bens que tem valor precípuo a vida do homem, incluindo a integridade física, ocorre o dano moral, nascendo o direito à reparação do dano para o ofendido.
In caso, o reclamante teve sua integridade física comprometida, reduzida consideravelmente, algo que levará para o resto da vida, lhe causando sérios constrangimentos e sofrimento de ordem íntima.
Ademais, inimaginável a dor de quem encontra-se em estado grave e próximo da morte, agravado por uma doença cujo vírus ainda não se tem muitos estudos, tampouco tratamento ou vacina.
Com a reforma trabalhista, o dano moral passou a ter critérios de fixação nos termos do art. 223-G, §1º da CLT em que divide a natureza do dano entre leve, média, grave e gravíssima.
Uma vez que houve privação da integridade física do obreiro que reflete nos afazeres do cotidiano, pode-se considerar que a ofensa tem natureza gravíssima, até mesmo pela redução da capacidade laboral atestada em perícia com diminuição do patrimônio físico do ofendido. 
Por estas razões, requer de V. Excelência, a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no importe de 50 vezes o último salário do obreiro (art. 223-G, §1º, IV da CLT).
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, vem o reclamante às portas do judiciário esperando justiça, para que a reclamada seja condenada nos seguintes pedidos:
1) Requer a condenação da reclamada em reintegrar o reclamante portador de estabilidade acidentária, bem como pagamento dos salários e demais verbas pelo período entre a dispensa e a reintegração. Caso não seja esse o entendimento de V. Excelência em reintegrá-lo, que seja a reclamada condenada ao pagamento de indenização substitutiva..................................................................R$ 41.424,12 (quarenta e um mil quatrocentos e vinte e quatro reais e doze centavos);
2) Requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos materiais em 100% sobre o último salário do obreiro pela redução da capacidade laborativa, sendo este pago desde o acidente até os 72 anos e em uma única parcela (34 anos).........................................................................R$ 1.408.420,08 (um milhão quatrocentos e oito mil quatrocentos e vinte reais e oito centavos);
3) Requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais correspondente a 50 vezes o último salário do reclamante ........................................................................................................R$ 172.600,50 (cento e setenta e dois mil seiscentos reais e cinquenta centavos);
Requer a notificação da reclamada para que, querendo, ofereça contestação em audiência, sendo que o não comparecimento importará na revelia e confissão quanto à matéria de fato.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial prova documental, testemunhal, pericial e outras mais que se fizerem necessárias e desde já ficam requeridas.
Requer desde já que a presente demanda, tramite em segredo de justiça por conter informações de interesse somente das partes.
Requer ainda a concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do art. 790, § 3º da CLT, uma vez que o reclamante não está em condições de arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento.
Por fim requer a condenação da reclamada no pagamento de honorários advocatícios em caso de sucumbência em 15% sobre o valor da condenação.
Dá-se a causa o valor de R$ 1.622.444,78
Termos em que
Pede deferimento.

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