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CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 1 www.pontodosconcursos.com.br PRONOMES Os pronomes já povoam nosso curso há bastante tempo. Já falamos deles em CONCORDÂNCIA, em REGÊNCIA e iremos falar até a última aula. Por isso, o início dessa aula é uma espécie de “retrospectiva” de alguns pontos já estudados. Pronome é o vocábulo que, ao pé da letra, “fica no lugar do nome” (chamado de pronome substantivo) ou o determina (pronome adjetivo). Os pronomes podem ser pessoais (retos e oblíquos), possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos (uma subcategoria dos indefinidos), relativos. Aspectos próprios de cada um dos pronomes serão abordados nos comentários às questões de prova. PRONOME “SE” Para começar, vamos falar sobre o pronome “se”, que pode ser, dentre outras coisas: - parte integrante do verbo: verbos como “queixar-se, arrepender-se, suicidar-se” não se conjugam sem o pronome. Então, este termo não exerce uma função sintática própria, sendo chamado de “parte integrante do verbo”, ainda que apresente um valor reflexivo; - pronome apassivador: chegamos à exaustão de tanto estudar a construção de voz passiva. Já sabemos de cor e salteado que o verbo que possua um objeto direto (transitivo direto ou bitransitivo), quando acompanhado do pronome “se”, forma voz passiva, devendo o verbo concordar com o sujeito paciente; - índice de indeterminação do sujeito: quando o verbo não possuir objeto direto (verbos intransitivos, transitivos indiretos, de ligação), o pronome “se” tem a função de não identificar o agente que pratica a ação verbal. Certamente, não são essas as únicas possibilidades do pronome “se”. Há também os reflexivos, recíprocos, os de realce (estes só servem para ênfase, podendo ser retirados sem prejuízo algum: “Foi-se embora a minha vontade de viver” “Foi embora a minha vontade de viver.”). Contudo, são esses os que nos interessam por ora. Vamos ver algumas questões que exploram esses conceitos. 1 - (ESAF/ANA/2009) Em relação ao texto abaixo, analise a assertiva a seguir. O tratamento de esgotos é fundamental para qualquer programa de despoluição das águas. Em grande parte das situações, a viabilidade econômica das estações de tratamento de esgotos (ETE) é reconhecidamente reduzida, em razão dos altos investimentos iniciais necessários à sua construção e, em alguns casos, dos altos custos operacionais. Por esses motivos que mesmo os países desenvolvidos têm incentivado financeiramente os investimentos de Prestadores de Serviços em ETE, como os Estados Unidos e países da Comunidade Europeia. No Brasil, o problema de viabilidade econômica do investimento público torna-se ainda mais agudo, devido à elevada parcela de população de baixa renda. No entanto, vale ressaltar que a água de qualidade também é um fator de exclusão social, uma vez que a população de baixa renda dificilmente tem condições de comprar água de qualidade para beber ou até CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 2 www.pontodosconcursos.com.br mesmo de pagar assistência médica para remediar as doenças de veiculação hídrica, decorrentes da ausência de saneamento básico. (http://www.ana.gov.br/prodes/prodes.asp) - Em “torna-se”(ℓ.8), o “-se” indica sujeito indeterminado. ITEM ERRADO Comentário. O verbo TORNAR apresenta-se, nesse caso, como um verbo transobjetivo, com objeto direto representado pelo pronome “se” e o predicativo do objeto na forma do substantivo “médico”. Note que podemos substituir o pronome por um nome: “Ele tornou sua filha uma excelente pessoa.”. Assim, a função do pronome é a de objeto direto e tem valor reflexivo. Agora, de volta a o texto, vemos que a construção original é similar a essa: “... o problema (...) torna-se ainda mais agudo...”. Não há nenhuma possibilidade de esse pronome indicar sujeito indeterminado, porque o sujeito está bem explícito na construção: tem seu núcleo representado por “problema”. 2 - (ESAF/ANEEL TÉCNICO/2006) Em relação ao texto, analise o item abaixo. Apesar das dificuldades, o Programa de Metas foi executado e seus resultados manifestam-se na transformação da estrutura produtiva nacional. O governo JK, que soube mobilizar com maestria a herança de Vargas e elevar a auto-estima do povo brasileiro, realizou-se em condições democráticas, com liberdade de imprensa e tolerância política. A taxa de inflação, que em 1956 foi de 12,5%, no final do governo JK, elevou-se para o patamar de 30,5%. A Nação, por sua vez, obteve um crescimento econômico médio de 8,1% ao ano. Apesar das pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já advogava o “equilíbrio fiscal” e o Estado mínimo para o Brasil, e de setores conservadores da vida brasileira, JK conseguiu elevar o PIB nacional em cerca de 143%. E tudo isto ocorreu em um contexto marcado por um déficit de transações correntes que atingiu 20% das exportações em 1957 e 37% em 1960, o que ampliava a fragilidade externa e fazia declinar a condição de solvência da economia brasileira. No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas. (Rodrigo L. Medeiros, com adaptações) - Em “manifestam-se”(l.2) o “se” é índice de indeterminação do sujeito. ITEM ERRADO Comentário. De forma alguma, o pronome “se” poderia ser um “índice de indeterminação do sujeito”, pois o sujeito já está bem claro na passagem: é “seus resultados” (“... seus resultados manifestam-se na transformação da estrutura produtiva nacional”). CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 3 www.pontodosconcursos.com.br O verbo MANIFESTAR é transitivo direto (alguém manifesta alguma coisa: “Fulano manifesta seu descontentamento.”), então o pronome “se” forma, na verdade, voz passiva – é PRONOME APASSIVADOR (equivalente a “seus resultados são manifestados...”). Por isto, o verbo está no plural: para concordar com o sujeito paciente. Cuidado especialmente quando, dessa análise, depender a verificação de CONCORDÂNCIA. 3 - (ESAF/AFC STN / 2008) Com base no texto, analise os itens a seguir. 1. Ao lado de características inéditas, a crise cevada no mercado imobiliário e financeiro americano, com reverberações mundiais, apresenta aspectos também verificados em outras situações de nervosismo global. 5. Não há medida mágica e salvadora que faça cotações se estabilizarem e o investidor recuperar o sono. Só uma sucessão de ações consegue mudar expectativas como as atuais. A Casa Branca, ao contrário da postura que assumira no caso do Lehman Brothers – tragado, 10. sem socorro, por um rombo de US$600 bilhões –, decidira estender a mão para a maior seguradora do país, a AIG. Aos bilhões empenhados para permitir ao Morgan digerir o Bear Stearns, em março; ao dinheiro sacado 15. a fim de evitar a quebra das gigantes Fannie Mae e Freddie Mac, redescontadoras de hipotecas, o governo e o Fed, o BC dos EUA, decidiram somar US$85 bilhões para salvar a AIG. Decepcionou-se quem esperava tranquilidade. O emperramento do crédito – ninguém 20. empresta a ninguém, por não se saber ao certo o risco do tomador – continua a travar o mercado global, e as ações novamente desceram a ladeira, empurradas por boatos sobre quais serão, ou seriam, os próximos a cair. (O Globo, 18 de setembro de 2008 , Editorial) a) Em “se estabilizarem”(l.6), o “se” indica que o sujeito é indeterminado. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 4 www.pontodosconcursos.com.br b) Em “Decepcionou-se”(l.18), o “se” justifica-se porque o verbo está sendo empregado comopronominal. Gabarito: a) ITEM ERRADO Comentário. Nossa, mas a banca cismou com isso!...rs... O “se” somente pode ser índice ou partícula indeterminadora do sujeito se estiver acompanhando um verbo que não possua objeto direto, ou seja, um verbo intransitivo, transitivo indireto ou de ligação. O verbo ESTABILIZAR é transitivo direto (a medida estabilizou as cotações.). O valor do pronome “se” na construção “... que façam as cotações se estabilizarem...” é questionável: pode ser apassivador (a medida estabilizou as cotações => as cotações se estabilizaram => as cotações foram estabilizadas) ou reflexivo, se houver a possibilidade de essa estabilidade ser resultado de uma ação das próprias cotações (não sou economista, portanto não me venha perguntar se isso é lógico, possível ou racional...rs...). De qualquer forma, INDETERMINADOR DO SUJEITO esse pronome não é, pois o sujeito está lá, bonitão, lindinho: “as cotações”. Por isso, o item está ERRADO. b) ITEM CERTO Comentário. Puxa... até que enfim acertou!...rs... O verbo DECEPCIONAR também é transitivo direto (decepcionar alguém: “O rapaz decepcionou sua namorada.”). Usado com o pronome (forma pronominal, como afirmou o examinador), torna-se reflexivo. Na ordem direta, a oração seria: “Quem esperava tranquilidade decepcionou-se.”. 4 - (ESAF/SEFAZ SP/2009) 1. É importante notar que a taxa de juros anual média de 141,12% é escandalosa para o Brasil, cuja inflação anual é estimada em torno de 6,5%. A redução dos juros que se verificou em dezembro certamente não reflete 5. as mudanças que beneficiaram os bancos (redução do compulsório e ligeira melhora na captação de recursos), mas apenas a menor procura por crédito. A discreta queda dos juros não deve aumentar a procura por crédito pelas pessoas físicas que estão conscientes de 10. que não é o momento de se endividar, nem favorecerá CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 5 www.pontodosconcursos.com.br uma redução da inadimplência. No máximo, interessará às pessoas jurídicas que buscam crédito de curtíssimo prazo ou financiamentos para exportação, embora as facilidades oferecidas pelo Banco Central tenham um 15. custo muito elevado. Sabe-se que uma redução da taxa Selic nunca repercute plenamente nas taxas de juros dos bancos, que, sob o pretexto da elevação da inadimplência, aumentaram os seus spreads (diferença entre a taxa de captação e de aplicação). O governo 20. está tentando obter uma redução desse spread, até agora sem grande sucesso. Para uma redução sensível das taxas de juros, duas medidas seriam necessárias: reduzi-las nos bancos públicos (Caixa Econômica e Banco do Brasil) e, 25. especialmente, em função de uma taxa Selic menor, reduzir o interesse dos bancos em aplicar seus excedentes de caixa em títulos da dívida mobiliária federal, que oferecem juros elevados e total garantia. (O Estado de S. Paulo, Editorial, 16/1/2009) Em relação ao texto acima, analise a proposição. - Em “Sabe-se”(ℓ.15), o pronome “-se” indica voz reflexiva. ITEM ERRADO Comentário. O valor desse pronome não é reflexivo, mas passivo. Na voz reflexiva, o sujeito, ao mesmo tempo, pratica e sofre a ação verbal. O verbo SABER é transitivo direto (alguém sabe alguma coisa). Acompanhado do pronome SE, forma voz passiva. O sujeito paciente, nesse caso, vem sob a forma de oração: “Sabe-se que uma redução da taxa Selic nunca repercute plenamente nas taxas de juros dos bancos, que, sob o pretexto da elevação da inadimplência, aumentaram os seus spreads (diferença entre a taxa de captação e de aplicação)” ( isso é sabido). Assim, o pronome “se” indica construção de voz passiva sintética, e não reflexiva. 5 - (ESAF/AFC CGU/2006) O final do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias da comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 6 www.pontodosconcursos.com.br paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições. De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos atuais conceitos sobre o homem e seus aspectos, constituídos no momento histórico iniciado no século XV e consolidado no século XVIII. A modernidade que surgira nesse período é agora criticada em seus pilares fundamentais, como a crença na verdade, alcançável pela razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso. Para substituir esses dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes. (http://pt.wikipdia.org (acessado em 14 de dezembro de 2005, com adaptações)) Analise a proposição de acordo com o padrão culto da língua portuguesa. - A supressão do pronome “se” (l.4) alteraria as relações sintáticas da oração, mas preservaria a coerência textual, pois a estrutura da oração admite aí omissão do sujeito. ITEM CERTO Comentário. O pronome “se” junto ao verbo PENSAR torna a construção passiva: “algo é pensado” – construção essa que possui como sujeito paciente o sintagma nominal “a sociedade e suas instituições”. Com a retirada do pronome, este sintagma volta à sua função da voz ativa, qual seja: objeto direto. Por isso, está perfeita a afirmação de que as relações sintáticas seriam alteradas (de sujeito paciente, o conjunto passa a ser objeto direto), mas seria preservada a coerência, pois o verbo passaria a se apresentar na forma impessoal (sem sujeito). O examinador foi bastante feliz na elaboração dessa questão de prova. 6 - (ESAF/ATA MF/2009) Em relação ao texto abaixo, analise o item a seguir. Os mercados financeiros entraram em março 2. assombrados pelo maior prejuízo trimestral da história corporativa dos Estados Unidos – a perda de US$ 61,7 4. bilhões contabilizada pela seguradora American International Group (AIG) no quarto trimestre de 2008. 6. No ano, o prejuízo chegou a US$ 99,3 bilhões. O Tesouro americano anunciou a disposição de injetar 8. mais US$ 30 bilhões na seguradora, já socorrida em setembro com dinheiro do contribuinte. Na Europa, a 10. notícia ruim para as bolsas foi a redução de 70% do lucro anual do Banco HSBC, de US$ 19,1 bilhões para 12. US$ 5,7 bilhões. Enquanto suas ações caíam 15%, CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 7 www.pontodosconcursos.com.br o banco informava o fechamento das operações de 14. financiamento ao consumidor nos Estados Unidos, com dispensa de 6.100 funcionários. 16. Com demissões de milhares e perdas de bilhões dominando o noticiário de negócios no dia a dia, os 18. sinais de reativação da economia mundial continuam fora do radar. E isso não é o pior. No fim do ano 20. passado, havia a esperança de se iniciar 2009 com a crise financeira contida. Se isso tivesse acontecido, 22.os governos poderiam concentrar-se no combate à retração econômica e ao desemprego. Aquela 24.esperança foi logo desfeita. (O Estado de S. Paulo, 3/3/2009) - Em “concentrar-se”(ℓ.22), o “-se” indica sujeito indeterminado. ITEM ERRADO Comentário. Mas voltou a insistir nisso, meu filho? Que teimosia!...rs... Como é que poderia ser um sujeito indeterminado se esse termo está ali do lado, atrás do verbo auxiliar PODER que, com o verbo CONCENTRAR, forma uma locução verbal? Ora, o sujeito é “os governos”, e o valor desse pronome é reflexivo. Próximo! 7 - (ESAF/SEFAZ SP/2009) Em relação ao texto abaixo, analise a proposição. 1. É importante notar que a taxa de juros anual média de 141,12% é escandalosa para o Brasil, cuja inflação anual é estimada em torno de 6,5%. A redução dos juros que severificou em dezembro certamente não reflete 5. as mudanças que beneficiaram os bancos (redução do compulsório e ligeira melhora na captação de recursos), mas apenas a menor procura por crédito. A discreta queda dos juros não deve aumentar a procura por crédito pelas pessoas físicas que estão conscientes de 10. que não é o momento de se endividar, nem favorecerá uma redução da inadimplência. No máximo, interessará CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 8 www.pontodosconcursos.com.br às pessoas jurídicas que buscam crédito de curtíssimo prazo ou financiamentos para exportação, embora as facilidades oferecidas pelo Banco Central tenham um 15. custo muito elevado. Sabe-se que uma redução da taxa Selic nunca repercute plenamente nas taxas de juros dos bancos, que, sob o pretexto da elevação da inadimplência, aumentaram os seus spreads (diferença entre a taxa de captação e de aplicação). O governo 20. está tentando obter uma redução desse spread, até agora sem grande sucesso. Para uma redução sensível das taxas de juros, duas medidas seriam necessárias: reduzi-las nos bancos públicos (Caixa Econômica e Banco do Brasil) e, 25. especialmente, em função de uma taxa Selic menor, reduzir o interesse dos bancos em aplicar seus excedentes de caixa em títulos da dívida mobiliária federal, que oferecem juros elevados e total garantia. (O Estado de S. Paulo, Editorial, 16/1/2009) - Em “reduzi-las”(ℓ.23), o pronome “-las” retoma o antecedente “medidas”(ℓ.23). ITEM ERRADO Comentário. Veremos a forma mais recorrente de questões sobre PRONOME – o uso desses termos em coesão textual. A banca indica a qual termo o pronome se referia e você, candidato preparado, irá reler o texto para identificar esse referente. No caso, o pronome “as” (transformado em “las” por causa da conjugação verbal) se refere a “taxas de juros” (reduzir as taxas de juros nos bancos públicos é uma das medidas necessárias para a redução dos juros de forma geral, segundo o autor), e não a “medidas”. Vamos, agora, nos aprofundar nesse tipo de questão. PRONOMES E COESÃO TEXTUAL Os pronomes exercem um papel decisivo na construção de um texto coeso e coerente, a partir de indicações corretas aos seus elementos. Para compreender melhor a função dos pronomes, precisamos saber o conceito de coesão textual, pois os pronomes, assim como os conectivos (conjunção e preposição CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 9 www.pontodosconcursos.com.br – a serem estudados na próxima aula), são responsáveis por estabelecer nexo entre as ideias do texto. Coesão textual é a ligação entre os elementos da oração e delas em relação ao texto. A incoerência de um texto muitas vezes se deve à falta de coesão, exatamente porque a leitura fica prejudicada pelo emprego inadequado de pronomes, conjunções ou outros elementos textuais, inclusive a pontuação. Por exemplo, o uso inapropriado de “porquanto” ou de “a ele” pode levar o leitor a uma conclusão diversa da que se pretendia apresentar, ou até mesmo a nenhuma conclusão (alguns chamam de “ruptura semântica” ou “truncamento semântico”). Muitas questões da ESAF exploram esse conhecimento. A banca faz afirmações sobre as referências textuais e o candidato deve verificar se estão corretas essas indicações. Para isso, a compreensão correta do texto e o domínio do significado de seus elementos são decisivos. PRONOMES EM REFERÊNCIAS TEXTUAIS 8 - (ESAF/MP ENAP – SPU/2006 - adaptada) 1. Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência da democracia quando escreveu: “Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de dizê-las”. Ter 5. idéias e comportamentos políticos ou sociais diversos de outros indivíduos não significa, necessariamente, transformá-los em inimigos ferrenhos. Afinal, o que se combate são as idéias do outro e não sua pessoa. (Adaptado de Alfredo Ruy Barbosa, Jornal do Brasil, 11/03/2006) Em relação ao texto acima, marque V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas e, em seguida, assinale a opção correta. I - O emprego de segunda pessoa em “teu” (l.4) concorda com o emprego de “dizes”. II - Em “transformá-los”(l.7), a forma pronominal “-los” retoma a idéia explicitada em “outros indivíduos”. III - Em “ o que se combate”(l.7 e 8), o termo “o” pode, sem prejuízo gramatical para o período, ser substituído pelo pronome aquilo. a) V – V – F b) F – V – F c) V – F – V d) F – V – V e) V – V - V CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 10 www.pontodosconcursos.com.br Gabarito: E Comentário. Mudança ortográfica: não há acento agudo em “ideias”. São três as pessoas do discurso, e a elas se referem os PRONOMES PESSOAIS: - 1ª pessoa é a pessoa que fala; - 2ª pessoa, a para quem se fala; - 3ª pessoa, a de quem se fala. Os pronomes pessoais dividem-se em retos e oblíquos. Regra geral, os retos exercem a função de sujeito ou de predicativo do sujeito, enquanto que os oblíquos funcionam como complementos (objetos diretos, indiretos ou adjuntos). Os pronomes oblíquos devem obedecer a certas regras de colocação (sintaxe de colocação pronominal), a serem estudadas mais à frente. Para se referir à segunda pessoa (para quem se fala), temos duas opções: uso do “TU” (2ª pessoa do singular) ou do “VOCÊ” (pronome de tratamento, que usa verbos e pronomes de 3ª pessoa). O padrão formal culto da língua exige que o orador/escritor decida se quer usar sempre a 2ª ou a 3ª pessoa. A isso se dá o nome de “uniformidade de tratamento”. Falta uniformidade de tratamento quando ocorre uma “mistura” entre pronomes de 2ª (tu, ti, te) com pronomes de 3ª (você, sua), pronomes de 3ª com verbos conjugados na 2ª pessoa etc. Quer ver um exemplo clássico? “Vem pra Caixa você também!” (não vamos entrar no mérito desse “pra”, só para não complicar mais ainda a nossa vida...rs...) Vimos que o imperativo se forma a partir do presente do subjuntivo, em regra. A “exceção” fica por conta das segundas pessoas (tu/vós), que buscam a conjugação do presente do indicativo e retiram a letra “s”, no imperativo afirmativo. No imperativo negativo, até as segundas pessoas recaem na “regra geral” do subjuntivo. Pois bem: a forma “vem” é a conjugação de 2ª pessoa do singular no presente do indicativo sem a letra S (vens vem tu). Só que, em seguida, usou-se o pronome “você”, que, por ser de tratamento, exige verbos e pronomes na 3ª pessoa. Assim, a propaganda, para se adaptar à norma culta da língua, teria duas opções: 1 - Venha pra Caixa você também! (perde um pouco do ritmo...); ou 2 – Vem pra Caixa tu também! (nossa, como fica agressivo esse “tu”, não é?) Agora, fale sério, no dia a dia, quem é que não faz uma “misturinha” de vez em “sempre”? (Aliás, você notou que este “dia a dia”, substantivo, perdeu o hífen? Agora, tanto no sentido de cotidiano – substantivo – quanto como “diariamente” – advérbio-, o “dia a dia” não recebe mais o hífen.) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 11 www.pontodosconcursos.com.br “Eu vi teu pai saindo e ele perguntou por você.” “Por mais que eu te agrade, você continua insatisfeito...” A música “Vambora”, de Adriana Calcanhoto, ilustra bem o emprego de IMPERATIVO: Entre por essa porta agora E diga que me adora Você tem meia hora Pra mudar a minha vida As formas “entre”, “diga” são formas dos verbos ENTRAR e DIZER no imperativo afirmativo. Vamos relembrar a conjugação neste modo verbal? A “regra” é o presente do subjuntivo – é a base para a construção de todo o imperativo negativo(todas as pessoas) e do imperativo afirmativo, exceto as segundas pessoas (tu/vós), que usam o presente do indicativo sem o “s”. ENTRAR – presente do indicativo: eu entro, tu entras / presente do subjuntivo: eu entre, tu entres, ele (você) entre DIZER – presente do indicativo: eu digo, tu dizes / presente do subjuntivo: eu diga, tu digas, ele (você) diga. Como deixa claro o tratamento que será dispensado – o de 3ª pessoa – está certíssimo o emprego do pronome de tratamento “você” (“Você tem meia hora...”). O problema é a derrapagem na sequência: Vem, vambora Que o que você demora É o que o tempo leva Puxa... estava indo tão bem, até surgir esse “vem”. Essa é a forma de imperativo do verbo VIR da SEGUNDA PESSOA: tu vens (presente do indicativo) vem tu. Para manter a uniformidade, deveria ser “venha”, mas, considerando a informalidade da letra (“vambora” é a contração de “vamos embora”), deixemos assim mesmo...rs... Agora, quer “colírio” para seus olhos? Leia com bastante cuidado a (lindíssima!!!) letra da música “Eu te amo”, de Tom Jobim e Chico Buarque (e de quem mais poderia ser...?). Aproveite para notar a uniformidade (belíssima!!!) de tratamento (nossa, quantos superlativos!!!...rs...): Ah, se já perdemos a noção da hora Se juntos já jogamos tudo fora Me conta agora como hei de partir Ah, se ao te conhecer Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios Rompi com o mundo, queimei meus navios Me diz pra onde é que inda posso ir Se nós nas travessuras das noites eternas Já confundimos tanto as nossas pernas CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 12 www.pontodosconcursos.com.br Diz com que pernas eu devo seguir Se entornaste a nossa sorte pelo chão Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu Como, se na desordem do armário embutido Meu paletó enlaça o teu vestido E o meu sapato inda pisa no teu Como, se nos amamos feito dois pagãos, Teus seios ainda estão nas minhas mãos, Me explica com que cara eu vou sair Não, acho que estás te fazendo de tonta Te dei meus olhos pra tomares conta Agora conta como hei de partir. Trocando em miúdos (com trocadilho, por favor, já que é outro exemplo de perfeita uniformidade de tratamento...rs...), se houver a opção pelo “tu”, todos os verbos e pronomes correspondentes à segunda pessoa também devem ser de 2ª. O mesmo acontece se a escolha for pelo tratamento de 3ª pessoa. Agora, se quiser ver um belíssimo exemplo de FALTA de uniformidade de tratamento, sugiro que leia a matéria que publiquei em homenagem ao Dia das Mães, em 2007 (Ponto 58). Dever de casa: pesquisar outras letras de música e verificar o atendimento a essa exigência gramatical (já pensei em outra: “Atrás da Porta”... adivinha de quem???). Bem, antes da música, acho que estávamos fazendo alguma coisa.... ah! A questão da prova (rs...). Então, vamos à análise do primeiro item (tão distante...). I - O emprego de segunda pessoa em “teu” (l.4) concorda com o emprego de “dizes”. A passagem do texto é: “Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de dizê-las”. Está perfeito o emprego do pronome, uma vez que já havia sido usado o tratamento de segunda pessoa do singular: dizes / teu direito. ITEM CERTO. II - Em “transformá-los”(l.7), a forma pronominal “-los” retoma a idéia(*) explicitada em “outros indivíduos”. Para identificar corretamente o referente do pronome usado no texto, precisamos reler a passagem em que ele se encontra: Ter idéias (*) e comportamentos políticos ou sociais diversos de outros indivíduos não significa, necessariamente, transformá-los em inimigos ferrenhos. Quem nos dá a dica é o complemento da sequência: “não significa transformá-los em inimigos ferrenhos”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 13 www.pontodosconcursos.com.br Não poderíamos transformar “idéias(*) e comportamentos” em inimigos, mas sim os “outros indivíduos”. Portanto, a referência pronominal está CORRETA. (Coloquei este sinal - * - para lembrar que essa palavra, assim como todas as paroxítonas que apresentem o ditongo aberto “ei” ou “oi”, a partir do advento do Acordo Ortográfico – não recebe mais o acento agudo: ideia) III - Em “o que se combate”(l.7 e 8), o termo “o” pode, sem prejuízo gramatical para o período, ser substituído pelo pronome aquilo. Na questão 38 da aula sobre CONCORDÂNCIA, vimos que a expressão “o que” em passagens como a do texto (“... o que se combate são as idéias(*) do outro...”) nada mais é do que um pronome demonstrativo “o” com o pronome relativo “que”, tanto assim que podemos substituir esse “o” pelo correspondente “aquilo”. Se houver necessidade, volte àquela aula e releia o comentário. ITEM CORRETO. Assim, a ordem é V – V – V - opção E. 9 - (ESAF/AFRE MG/2005) 1. O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério do Planejamento, mostra que o serviço 5. público federal também é capaz de oferecer serviços com qualidade de primeiro mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de 10. forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem 15. de forma eficiente, constante e muito bem controlada. (Ilhas de Excelência. ISTOÉ, 2/3/2005, com adaptações) Analise a asserção abaixo a respeito das estruturas lingüísticas do texto. - A retirada do pronome do termo “tornando-os”(l..10) preserva a correção gramatical e a coerência textual, deixando subentendido o objeto de “referências nacionais”(l..10 e 11). ITEM ERRADO CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 14 www.pontodosconcursos.com.br Comentário. Mudança ortográfica: não há trema em “linguísticas”. Vamos reler a passagem do texto com a alteração proposta pelo examinador (retirada do pronome “os”): De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando referências nacionais. Pergunto agora: o que se tornou “referências nacionais”? Será que foram os resultados? Ou será que foram as “práticas e rotinas de gestão”? Ou, ainda, será que foram “as 13 instituições públicas selecionadas”? Pois é para isso que serve o pronome – dentre outras coisas, desfazer possíveis ambiguidades. Com o emprego do pronome “os”, sepulta-se essa dúvida, pois o único referente no gênero masculino é “seus resultados” (os resultados tornaram-se referências nacionais). Sem o pronome, fica prejudicada a compreensão textual (e, por consequência, a coerência). Não sei quem seria uma referência nacional: as 13 empresas? As práticas e rotinas de gestão? Os resultados? Por isso, está INCORRETA a assertiva de que foram preservadas a correção gramatical e a coerência textual. 10 - (ESAF/SUSEP - Analista Técnico/2006) Analise a assertiva a respeito do emprego das estruturas lingüísticas no texto. 1. Antenas, computadores e vontade política. Três fatores que podem facilitar o acesso às modernas tecnologias de informação, à internet e ajudar a reduzir a nossa enorme dívida social. Podem, com certeza, encurtar a 5. distância entre os que têm e os que não têm acesso à rede mundial de computadores e às modernas tecnologias.A grande massa do povo encontra-se à margem das informações disponíveis e contatos com o mundo global. (Adaptado de Eunício Oliveira, O acesso às novas tecnologias e a inclusão social, Correio Braziliense, 14 de junho de 2004) - O desenvolvimento textual leva a entender as duas ocorrências de “os”(l.5) como remetendo aos mesmos referentes, e por isso podem ser substituídos por aqueles, sem prejuízo da correção gramatical. ITEM CERTO CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 15 www.pontodosconcursos.com.br Mudança ortográfica: não há trema em “linguísticas”. Comentário. Vamos reler a passagem do texto: Podem, com certeza, encurtar a distância entre os que têm e os que não têm acesso à rede mundial de computadores e às modernas tecnologias. A grande massa do povo encontra-se à margem das informações disponíveis e contatos com o mundo global. Nas duas passagens, o pronome demonstrativo “os” refere-se à ideia de “aqueles”, sem necessidade de haver um antecedente expresso (“.... entre aqueles que têm e aqueles que não têm acesso...”) Na verdade, esse antecedente encontra-se implícito na passagem “Três fatores que podem facilitar o acesso [dos indivíduos] às modernas tecnologias de informação, à internet...”. O referente é, portanto, “indivíduos”: “encurtar a distância entre os indivíduos que têm [acesso às modernas tecnologias de informação, à internet] e os indivíduos que não têm...”. Assim, poderia com perfeição haver a troca de “os” por “aqueles”, outro pronome demonstrativo usado em um alcance bastante abrangente (não determinadas pessoas, mas “todas” as pessoas). 11 - (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) A relação conflituosa entre fazendeiros e colonos, aliada à crescente dificuldade de importação de escravos negros da África a partir da década de 60, exige que se use a mão-de-obra nativa, forçando-a ao trabalho na lavoura. Os fazendeiros também reclamavam uma legislação que permitisse garantias dos investimentos na mão-de- obra, do cumprimento dos contratos, da repressão às greves e, ainda, que lhes propiciasse adequada produtividade. A promulgação da Lei do Ventre Livre, em 1871, sinalizando a abolição da escravidão, criou as condições para uma legislação que, ao mesmo tempo em que fazia a regulação minuciosa da contratação do trabalho livre, previa a obrigação de o homem livre contratar, como mecanismo de combate à vadiagem. (Sidnei Machado - http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direito/ article/viewPDFInterstitial/1766/1463) Julgue a assertiva a seguir. - Em “que lhes propiciasse”(l.5) o pronome “lhes” refere-se a “Os fazendeiros”(l.5). ITEM CERTO Comentário. Acordo Ortográfico: O substantivo “mão de obra” perdeu o hífen. Existem diversos elementos que serviriam de referente ao pronome “lhes”. Por isso, é importante fazer uma leitura atenta da passagem do texto. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 16 www.pontodosconcursos.com.br Os fazendeiros também reclamavam uma legislação que permitisse garantias dos investimentos na mão-de-obra(*), do cumprimento dos contratos, da repressão às greves e, ainda, que lhes propiciasse adequada produtividade. Em tempo, o sentido de “reclamar” no texto é o de “reivindicar”, “exigir”. O texto fala de “propiciar produtividade” a quem? Aos escravos? Aos colonos? Não! Os fazendeiros reivindicavam uma legislação que propiciasse adequada produtividade A ELES MESMOS. Por isso, a indicação está correta. Cuidado!!! Não menospreze uma questão como essa. Na hora da prova, há diversos fatores atuando contra você: tempo, nervosismo... Quantos candidatos saem da prova contabilizando diversos acertos e, no dia seguinte, com o gabarito na mão, se decepcionam!!! Então, tranquilidade e atenção! 12 - (ESAF/ AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL NATAL / 2008) 1. As pessoas sempre pensam em si mesmas antes de levar em conta o bem-estar geral. Não adianta querer mudar isso. A espécie humana é essencialmente egoísta e precisa freqüentemente receber estímulos individuais 5. para agir em prol de uma causa que transcenda o próprio raio de interesses. A princípio todo mundo trabalha impulsionado por objetivos próprios, entre eles o progresso na carreira e o salário no fim do mês. A única maneira de fazer um funcionário voltar-se também 10. para os interesses da empresa é motivá-lo por meio de um conjunto concreto de benefícios extras. Não é por acaso que as companhias que implantaram políticas de reparte de lucros ou de premiação em dinheiro aos funcionários mais talentosos e esforçados tendem a 15. superar as demais em produtividade e lucro. Em um mundo tão complexo, economistas, empresários e governantes precisam saber mais sobre psicologia. (Entrevista de Maskin a VEJA, 26 de março, 2008). Assinale a opção em que os três termos remetem, por coesão textual, ao mesmo referente. a) “As pessoas”(l.1) – “que”(l.5) – “próprio”(l.6) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 17 www.pontodosconcursos.com.br b) “bem-estar geral”(l.2) – “isso” (l.3) – “raio de interesses” (l.6) c) “estímulos individuais”(l.4) – “objetivos próprios”(l.7) – “eles”(l.8) d) “funcionário”(l.9) – “-se” (l.9) – “-lo” (l.10) e) “empresa”(l.10) – “companhias”(l.12) – “demais”(l.15) Gabarito: D Comentário. Acordo Ortográfico: Não há trema em “frequentemente” . Agora, de forma brilhante, o examinador exige que o candidato saiba identificar a relação entre os vocábulos empregados no texto. Vejamos qual opção indica corretamente os elementos interligados em coesão textual. a) O pronome relativo “que” (linha 5) retoma o antecedente “causa” (“... em prol de uma causa que – ESTA CAUSA – transcenda o próprio raio de interesses.”). O demonstrativo “próprios” liga-se a “todo mundo”, e não a “pessoas” (linha 1). b) O pronome “isso” (linha 3) retoma toda a ideia apresentada anteriormente (a de que “as pessoas sempre pensam em si mesmas antes de levar em conta o bem-estar geral.”). A esse pronome dá-se o nome de “vicário”, devendo ser estudado mais adiante nesta aula. Além disso, o “raio de interesses” mencionado na linha 6 não tem relação nenhuma com o “bem-estar geral”; ao contrário – refere-se ao próprio indivíduo, de forma egoísta, segundo o autor. c) O pronome “eles” refere-se ao sintagma “objetivos próprios” (“... impulsionado por objetivos próprios, entre eles o progresso na carreira...”), mas não a “estímulos individuais”. d) O pronome “se” tem valor reflexivo e, por isso, retoma o antecedente (sujeito) “funcionário” (“... fazer um funcionário voltar-se...” voltar a si mesmo). Do mesmo modo, o pronome “o” (transformado em “lo” por força da conjugação verbal) em “motivá-lo” também retoma “o funcionário” (“... fazer um funcionário voltar-se também para os interesses da empresa é MOTIVÁ-LO...” motivar esse funcionário). Essa é a resposta correta. e) Essa talvez tenha sido a opção mais capciosa desta questão. Note que o examinador buscou apresentar palavras que têm relação lógica entre si. Contudo, se voltarmos ao texto, veremos que esses elementos não têm ligação entre si. O substantivo “empresa”, na linha 10, está usado de forma genérica, vaga, não se referindo a nenhuma empresa em especial. Na linha 12, o substantivo “companhias” vem acompanhado de uma oração adjetiva restritiva (que determina o alcance dessas “companhias”): “... as companhias que implantaram políticas de reparte de lucros ou de premiação em dinheiro aos funcionários mais talentosos e esforçados...”). Não são, portanto, QUAISQUER companhias, mas aquelas que fizeram o que se segue (implantaram políticas...etc., etc., etc.). Quando, em seguida, o autor faz menção “àsdemais”, pode-se subentender que as demais não implantaram tais políticas. Portanto, esse demonstrativo (“demais”) não possui o mesmo referente de “empresa” ou de “companhias” (linha 12). CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 18 www.pontodosconcursos.com.br 13 - (ESAF/AFC STN / 2008) Assinale a opção em que a relação de referência está incorreta. 1. O Brasil vive hoje seu primeiro momento plenamente democrático. Todas as experiências anteriores ou foram autoritárias ou tinham algumas características da democracia, mas não a realizavam por completo. Boa 5. parte desse resultado político se deve à Constituição de 1988, num sentido mais amplo que as regras por ela determinadas. Além do arcabouço institucional original, o espírito que norteou a confecção do texto constitucional e o aprendizado posterior têm produzido 10. efeitos democratizantes na vida política brasileira. Ainda há, no plano da cidadania, distância entre o Brasil legal e o Brasil real. As formas de participação extra- -eleitoral ainda são subaproveitadas. Grande parte da população não as usa. (Fernando Abrucio, Revista Época, 17 de setembro de 2008) a) “seu”(l.1) se refere a “Brasil”(l.1) b) “a”(l.4) se refere a “democracia”(l.4) c) “desse resultado político”(l.5) se refere a “foram autoritárias”(l.3) d) “ela”(l.7) se refere a “Constituição de 1988”(l.5 e 6). e) “as”(l.14) se refere a “formas de participação extra-eleitoral”(l.12 e 13). Gabarito: C Comentário. Acordo Ortográfico: Registra-se, agora, “extraeleitoral”. O “resultado político” mencionado na linha 5 é mencionado no primeiro período do texto: “O Brasil vive hoje seu primeiro momento plenamente democrático.”. Não tem relação, portanto, com a estrutura oracional “foram autoritárias”, que se refere a algumas das experiências anteriores a esse momento. As demais indicações estão corretas. 14 - (ESAF/TCU/2006) Em relação ao texto, analise a assertiva. Do ponto de vista político, a reentronização da hegemonia do capital financeiro sobre a reprodução social capitalista mundial significou a vitória da contra-revolução política e CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 19 www.pontodosconcursos.com.br econômica capitalista em todos os diferentes universos em que as revoluções políticas capitalistas e anticapitalistas tentaram se libertar do pesadelo de um capital financeiro entregue a si próprio. Esse foi o causador de duas guerras mundiais e várias escaramuças bélicas em vários rincões do planeta, assim como da contra-revolução capitalista, para não falar da inflação e do desemprego, que jogaram os trabalhadores na miséria e no desespero, no inferno das guerras, da fome e das perseguições inomináveis. Eles tentaram se libertar do pesadelo derivado de um dado histórico inequívoco: a voragem exterminista e genocida do capital e do capital financeiro em primeiríssimo lugar. E fracassaram. (Paulo Alves de Lima Filho) - O pronome “Esse” (l. 5) refere-se a “um capital financeiro entregue a si próprio” (l. 4 e 5). ITEM CERTO Comentário. Mudança ortográfica: registra-se, agora, “contrarrevolução”. Segundo as normas ortográficas novas, em regra, usa-se hífen para separar prefixo do segundo elemento quando: (1) a segunda palavra iniciar por H; (2) houver coincidência de vogal ou consoante entre o fim do prefixo e o início da segunda palavra. Nos demais casos, caso o prefixo termine por vogal e a palavra seguinte tenha início por R ou S, dobra-se esta consoante para não prejudicar a estrutura fonética. Entramos, agora, na seara dos PRONOMES DEMONSTRATIVOS. Esses pronomes possuem duas funções linguísticas: 1ª função – indicar a posição dos seres no espaço e no tempo, chamada de função dêitica. Ao se referir ao momento presente (referência temporal) ou a algo que está próximo do falante (referência espacial), usam-se este, esta, isto; em relação a momento passado (temporal) ou próximo do ouvinte (espacial), usam-se esse, essa, isso; para se referir a momentos distantes (tanto no futuro quanto no passado – temporal) ou a algo que está distante dos dois (falante e ouvinte), usam-se aquele, aquela, aquilo. Exemplos: Naquela época (período distante), usava-se espartilho. Naquele ano de 1969, o país foi submetido a uma das piores ditaduras da história universal. Neste momento, estão todos dormindo. (momento atual) Nesse fim de semana (o que passou), fomos ao teatro. Neste fim de semana (o que está por vir), iremos ao teatro. Em relação ao espaço, este/esta/isto indicam o que se encontra próximo do falante; esse/essa/isso, longe do falante, mas próximo do ouvinte; aquele/aquela/aquilo, longe de ambos. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 20 www.pontodosconcursos.com.br É da essência dos pronomes demonstrativos esse caráter dêitico, ainda que não seja privilégio seu. Outros pronomes – como os pessoais, por exemplo –, alguns advérbios (aqui, ali, agora) e substantivos também se prestam a essa função linguística. 2ª função – substituir elementos textuais em referência anafórica (se o termo for antecedente ao pronome) ou catafórica (em caso de termo referente após o pronome). Quando houver mais de um elemento textual aos quais iremos fazer menção, podemos usar “este” para o mais próximo e “aquele” para o mais distante. Exemplo: “Paulo e Mauro foram aprovados no concurso. Este (Mauro) irá para Porto Alegre, enquanto que aquele (Paulo), para Manaus.” ou “Estes argumentos [os que foram mencionados imediatamente antes desta citação] se contrapõem àqueles apresentados no início do debate.” Podemos, então, resumir o emprego dos pronomes demonstrativos em referências textuais: Forma 1 - Quando um pronome demonstrativo faz referência a algo já mencionado no texto, ou seja, a algo que está no “paSSado” do texto, deve-se usar ESSE / ESSA / ISSO (com o SS do paSSado). Se a referência ainda vier a ser apresentada (pertence ao fuTuro), usa-se ESTE / ESTA / ISTO (com o T do fuTuro) – gostou dessa dica mnemônica? Forma 2 - Quando se citam dois elementos, retoma-se o último, ou seja, o mais próximo, pelo pronome "este" (ou "esta", "estes", "estas"). O primeiro elemento citado, isto é, o mais distante, é retomado por "aquele" (ou suas flexões). Exemplo: “João e Pedro farão a prova para o Tribunal de Contas da União. Este para Analista e aquele para Técnico.” – Nesta construção, “este” é o referente mais próximo (Pedro) e aquele, o mais distante (João). Modernamente, reduziu-se o rigor no emprego do pronome demonstrativo em referências textuais, inclusive em relação às provas (como vimos nesta questão, em que, mesmo se referindo a expressão já mencionada, usou o “este”), mas, em textos formais, como pareceres e provas dissertativas, deve-se observar o correto emprego dos pronomes demonstrativos. Esse é um texto de difícil leitura, por isso devemos ter bastante atenção. “Do ponto de vista político, a reentronização da hegemonia do capital financeiro sobre a reprodução social capitalista mundial significou a vitória da contra-revolução(*) política e econômica capitalista em todos os diferentes universos em que as revoluções políticas capitalistas e anticapitalistas tentaram se libertar do pesadelo de um capital financeiro entregue a si próprio. Esse foi o causador de duas guerras mundiais e várias escaramuças bélicas em vários rincões do planeta, assim como da contra-revolução(*) capitalista, para não falar da inflação e do desemprego, que jogaram os trabalhadores na miséria e no desespero, no inferno das guerras, da fome e das perseguições inomináveis. Eles tentaram se libertar do pesadelo derivado de um dado histórico inequívoco:a voragem exterminista e genocida do capital e do capital financeiro em primeiríssimo lugar. E fracassaram.” CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 21 www.pontodosconcursos.com.br Para começar, vamos ao significado de alguns vocábulos: - reentronização – “entronizar” significa “sublimar”. Assim, reentronização seria uma nova sublimação. - hegemonia – preponderância, supremacia. - escaramuças – conflitos, brigas, desordens. O pronome demonstrativo “Esse” retoma o antecedente “capital financeiro entregue a si próprio” e quem nos dá essa certeza é a última passagem do texto (!): “Eles tentaram se libertar do pesadelo derivado de um dado histórico inequívoco: a voracidade exterminista e genocida do capital e do capital financeiro em primeiríssimo lugar.”. Segundo o autor, esse foi o elemento causador de duas guerras mundiais e de diversos conflitos espalhados pelos vários cantos do mundo, bem como de tantas outras mazelas que devastaram os trabalhadores e a humanidade em geral. Veja que, muitas vezes, o texto precisa ser lido e relido para identificarmos algum referente textual. Precisamos compreender TODO O TEXTO e não apenas a passagem em análise. Por isso, por favor, leia com atenção e calma. Não se apresse para resolver uma dessas questões. Se for preciso, deixe essa questão para o fim, momento em que, com mais tempo e tranquilidade, será possível a compreensão textual. 15 - (ESAF/MPOG - APO/2008) Em relação ao texto, assinale a opção incorreta. 1. O objetivo da Embratur é atrair mais turistas estrangeiros. Em média, segundo a empresa, eles permaneceram no Brasil 18 dias em cada viagem, em 2007, dois dias mais do que em 2006. 5. A média geral de gastos diários, por turista, foi de US$ 91,74, mas os europeus gastaram bem mais que isso. Segundo a presidente da Embratur, aumentou em 22% o número de viagens dos turistas espanhóis ao País. 10. Para atrair mais turistas, é preciso oferecer não apenas mais vôos e mais hotéis, o que já vem ocorrendo, mas também serviços de qualidade, funcionários bilíngües, segurança reforçada nas proximidades de hotéis, aeroportos e infra-estrutura. 15. O empenho justifica-se pelo aumento CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 22 www.pontodosconcursos.com.br do emprego propiciado pelo turismo e da renda gerada para os mais diversos segmentos – shopping centers, restaurantes, cinemas, táxis, transporte especializado, farmácias. (O Estado de S. Paulo, 6/02/2008) a) A palavra “empresa” (l. 2) é termo de coesão lexical que retoma o antecedente “Embratur” (l.1). b) O pronome “eles” (l. 3) constitui uma anáfora, pois se refere ao antecedente “turistas estrangeiros” (l. 1 e 2). c) O termo “isso” (l. 7) constitui elemento coesivo, pois retoma o antecedente “US$ 91,74”. d) Em “justifica-se” (l. 15), o “-se” indica sujeito indeterminado. Gabarito oficial: B ATENÇÃO: Essa questão deveria ter seu gabarito alterado para D. Comentário. Acordo Ortográfico: Registram-se, agora, os vocábulos “voos” (sem acento circunflexo), “bilíngues” (sem trema) e “infraestrutura” (sem hífen). Nossa, quantas alterações!...rs... Essa questão foi o absurdo cometido pela banca naquele concurso para o MPOG. Evidentemente, a resposta (opção incorreta) deveria ter sido a de letra D. Contudo, a banca apresentou (preliminar e definitivamente) a resposta como B. Infelizmente, temos de aturar esse tipo de coisa, mas apresentamos aqui nosso completo e total repúdio, uma vez que o candidato preparado foi prejudicado com esse resultado – perdeu um ponto injustamente. Você deve estar se perguntando: “Então, por que a professora colocou essa questão no nosso material? Para me confundir, para me estressar?”... Não, amiguinho(a), longe de mim isso..rs... Trouxe a questão em função do grande número de candidatos que, em sua preparação, podem já ter baixado a prova e encontrado essa resposta absurda. Assim, caso isso tenha acontecido com você, pode ficar tranquilo – não é você quem não sabe nada de pronome – é o examinador..rs... Vejamos cada uma das opções e tire suas próprias conclusões. a) Sim, para não repetir o nome da empresa, usou-se desse artifício de coesão textual – a troca de um substantivo próprio por um comum. b) Ainda bem que você já sabe o que é uma “anáfora”, não é mesmo?... Não é mesmo?!?!?!...rs... Espero que sim! ...rs... Anáfora é o processo de referência textual em relação a algo que já foi mencionado. Está correta a indicação de que “eles” retoma o antecedente “turistas estrangeiros” (“esses turistas permaneceram no Brasil 18 dias...”). Então, como é que poderia ser essa a resposta, se o enunciado busca a opção ERRADA? Absurdo!!! CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 23 www.pontodosconcursos.com.br c) “A média geral de gastos diários, por turista, foi de US$ 91,74, mas os europeus gastaram bem mais que isso.”. O pronome “isso”, em referência anafórica, retoma “US$ 91,74”, sim. Está certa essa indicação. d) O pronome “se”, como vimos à exaustão no início dessa aula, não poderia ser “índice de indeterminação do sujeito”, pois o sujeito está EXPLÍCITO: “O empenho JUSTIFICA-SE...”. Essa deveria ter sido a resposta à questão. Está incorreta!!! 16 - (ESAF/IRB – Advogado/2006) 1. “O mundo é plano”, livro do jornalista Thomas Friedman, mostra que há uma nova globalização por aí. Ela achatou o planeta e explodiu as noções de distância, tempo e trabalho. Recriou a China e a Índia. 5. Ao contrário da globalização financeira dos anos 90, nessa há lugar para brasileiros. Na primeira, ganhava quem tinha dinheiro. Agora, pode ganhar quem tem educação, quer aprender mais e acredita no seu trabalho. 10. É nessa hora que se abre espaço para Pindorama. Se os jovens brasileiros começarem a brigar por mais computadores em suas casas, escolas e trabalho, a brincadeira terá começado. O livro não arruma empregos para seus leitores, mas 15. ensina como eles acabam, onde reaparecem e como reaparecem. (Elio Gaspari, Um livro muito bom: “O mundo é plano”, Folha de São Paulo, 18 de dezembro de 2005, com adaptações) Assinale a opção em que o termo da primeira coluna retoma, no texto, o termo da segunda. a) “nessa” (l.6) “globalização financeira dos anos 90” (l.5) b) “primeira” (l.6) “nova globalização” (l.2) c) “nessa hora” (l.10) “Agora” (l.7) d) “Pindorama” (l.10) “livro do jornalista Thomas Friedman” (l.1 e 2) e) “eles” (l.15) “leitores” (l .14) Gabarito: C CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 24 www.pontodosconcursos.com.br Comentário. a) O pronome demonstrativo “nessa” se refere a “nova globalização” que vem por aí. Note que, por haver dois antecedentes – um próximo (globalização financeira dos anos 90) e outro mais distante (nova globalização) –, o pronome mais adequado seria “naquela”. Contudo, como afirmamos, não deve haver um rigor gramatical extremado quando se trata de pronomes em referência anafórica. b) Agora, não se trata de referência textual (até porque foi mencionada logo no início do texto “a nova globalização”, e não é a essa expressão que “primeira” faz menção). A referência é em relação aos aspectos temporais – “a primeira” significa “a que veio primeiro”, “a que antecedeu a todos” ou “a que veio antes da outra”. Por isso, a indicação do referente está INCORRETA. Na pressa, sem retornar ao texto, o candidato pode errar!!! c) Vamos identificar os termos da argumentação. “Na primeira [entenda-se: na primeira globalização – a dos anos 90] , ganhava quem tinha dinheiro. Agora [na globalizaçãoque se anuncia], pode ganhar quem tem educação, quer aprender mais e acredita no seu trabalho.” O dêitico “agora” se refere ao mesmo elemento de “nessa hora”, mencionado no início do parágrafo seguinte: “É nessa hora que se abre espaço para Pindorama [nosso país, na linguagem do autor]” – pergunto: em que hora? Na mesma “hora” mencionada na passagem: “nessa há lugar para brasileiros”, ou seja, na globalização que se anuncia. Assim, está CORRETA a indicação de relação entre os termos. d) “Pindorama”, de origem tupi, designa uma região com palmeiras. Como acabamos de ver, é como o autor se refere ao nosso país. e) O que acaba e reaparece? Será que são os leitores? Certamente que não. O pronome pessoal “eles” faz menção aos “empregos”. 17 - (ESAF/TRF/2002) Julgue se as formas de redação abaixo estão gramaticalmente corretas. - Pensa hoje que se tornou barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia. / Seu pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia. ITEM CERTO Comentário. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 25 www.pontodosconcursos.com.br Observe que, no segundo segmento, o autor usa o pronome demonstrativo esse em referência catafórica (PARA A FRENTE), o que seria, segundo os puristas, um erro. Contudo, a banca indicou esse item como correto. Isso reforça a tese de que se reduziu o rigor gramatical no emprego anafórico do pronome demonstrativo. 18 - (ESAF/AFRF/2005) Em relação ao texto, analise a proposição. 1. IBGE e BNDES mostraram que a desesperança nas cidades pequenas empurra a força de trabalho para as médias, que detêm maior dinamismo econômico. A carga da pesada máquina administrativa das pequenas “cidades mortas” é paga pelas verbas federais do Fundo de Participação dos Municípios. A economia local nesses municípios, 5. como o IBGE também já mostrou, é dependente da chegada do pagamento dos aposentados do Instituto Nacional de Seguridade Social. O seminário “Qualicidade”, por sua vez, confirmou que a favelização é produto de “duas ausências”, a do crescimento econômico e a de política urbana. (Gazeta Mercantil, 17/10/2005, Editorial) - A presença de artigo definido feminino singular, em suas duas ocorrências (l.7 e 8), indica que se pode subentender após o artigo a repetição da palavra “favelização”(l.7). ITEM ERRADO Comentário. O seminário “Qualicidade”, por sua vez, confirmou que a favelização é produto de “duas ausências”, a do crescimento econômico e a de política urbana. Antes da palavra “favelização”, temos um artigo definido feminino, que é a palavra variável que precede o substantivo, indicando-lhe o gênero e o número. Contudo, na sequência, esses “as” indicam a existência do substantivo “ausência” e não “favelização”, como sugere o examinador. Como este item já possuía um erro – indicação incorreta de um referente – não poderíamos afirmar se a indicação da classe gramatical desse “a” estaria correta ou não, por ser considerado pronome demonstrativo e não artigo definido. A resposta veio tempos depois, com uma questão da prova para Auditor-Fiscal do Trabalho, em 2006. Vejamos. 19 - (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Avalie a afirmação abaixo, a respeito do emprego das estruturas lingüísticas no texto. Quando se ouve a palavra “preço”, as primeiras imagens que invadem nossa mente são as de cartazes de liquidação, máquinas registradoras, cheques e cartões de crédito. Mesmo nas sociedades orientais, menos capitalistas que a nossa, a idéia de preço é sempre ligada à noção de objeto de valor. Porém, diferentemente do que a mídia informa, nem tudo pode ser comprado e parcelado em três vezes no cartão. As coisas realmente importantes da vida têm seu preço, isso é certo, mas a forma de CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 26 www.pontodosconcursos.com.br pagamento é bem diversa das praticadas nos shopping centers. Na infinita negociação que é viver, se sairá melhor aquele que possuir uma sólida conta corrente de reservas emocionais e de bom senso do que aquele que confia apenas em sua coleção de cartões de plástico. Lucrará mais aquele que souber responder com sabedoria a pergunta: vale a pena pagar o preço? (Adaptado da Revista Planeta, maio de 2006) - Para a coerência textual, o vocábulo “as”(l.2) tanto pode ser interpretado como um pronome, substituindo o substantivo “imagens”(l.2), quanto como um artigo definido que deixa implícita a concordância com “imagens”. Gabarito oficial: ITEM CERTO Comentário. Mudança ortográfica: não há trema em “linguísticas”, nem acento agudo em “ideia". Mais uma vez, a banca chama de “artigo definido” uma ocorrência que costumávamos considerar como de um pronome demonstrativo. “Costumávamos” porque nosso papel é “dançar conforme a música” (pelo menos, enquanto o maestro for o mesmo... ou seja, os componentes da banca não mudarem de ideia ou não forem substituídos). Bem, vejamos, em primeiro lugar, a proposta de recurso que fizemos para essa questão. Existe uma justificativa etimológica para a proximidade entre os artigos definidos (o, a, os, as) e os pronomes demonstrativos: o artigo definido românico, que abarca o português (o, a, os, as), o francês (le, la, les), o italiano (il, lo, la, le) e o espanhol (el, lo, la, los, lãs), proveio dos demonstrativos latinos de terceira pessoa ille, illa, illud (respectivamente masculino, feminino e neutro). As formas arcaicas dos artigos definidos el, lo, la, derivadas desses demonstrativos latinos, foram usadas no período em que o português estava se formando. Com a evolução da língua, o valor demonstrativo do artigo definido foi se perdendo, mas subsiste em alguns casos, ainda que de modo tênue, como bem indica o mestre Celso Cunha a partir dos seguintes exemplos: “Permaneceu A [= esta/aquela] semana inteira em casa.” “Partimos NO [= neste] momento para São Paulo.” “Levarei produtos DA [= desta] região.” Mas adverte M. Said Ali, na obra Gramática Histórica da Língua Portuguesa, em Lexeologia do Português Histórico: "esta função se amorteceu desde que se tornou em costume de antepor, sem grande necessidade, a qualquer substantivo a palavra o, a, CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 27 www.pontodosconcursos.com.br tornando-a seu companheiro quase inseparável. Desde então passou o demonstrativo a ser artigo". (grifo não do original) Em virtude disso, as definições que os diversos gramáticos atribuem ao artigo são: - (Celso Cunha e Lindley Cintra) “palavras o (com as variações a, os, as) e um (com as variações uma, uns, umas) que se antepõem aos substantivos (...)”; - (Rocha Lima) “partícula que precede o substantivo, assim à maneira de ‘marca’ dessa classe gramatical”; - (Evanildo Bechara) “a palavra que se antepõe aos substantivos que designam seres determinados (o, a, os, as) ou indeterminados (um, uma, uns, umas).”. Não se pode confundir, pois, o artigo definido, que acompanha um substantivo, pronome substantivo ou, em algumas vezes, um adjetivo com um substantivo oculto, com pronome demonstrativo, que pode ser empregado no lugar de um substantivo. Merece destaque a seguinte lição de Evanildo Bechara: “O pronome o, perdido de seu valor essencialmente demonstrativo e posto antes de substantivo, como adjunto, recebe o nome de artigo definido. Assim é que a gramática, no exemplo seguinte, considera o primeiro os ARTIGODEFINIDO e o segundo PRONOME DEMONSTRATIVO: ‘Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo’ (Marques de Marica)”. (grifos nossos) O exemplo apresentado pelo nobre mestre é idêntico à construção presente no primeiro período do texto a seguir transcrito, base do item I da questão 14: Quando se ouve a palavra “preço”, as primeiras imagens que invadem nossa mente são as de cartazes de liquidação, máquinas registradoras, cheques e cartões de crédito. No item I da referida questão, afirma-se: I. Para a coerência textual, o vocábulo “as” (l.2) tanto pode ser interpretado como um pronome, substituindo o substantivo “imagens”(l.2), quanto como um artigo definido que deixa implícita a concordância com “imagens”. O gabarito indica esse item como correto. Em virtude de todo o exposto, respeitosamente discordamos de tal indicação. O vocábulo ‘as’ deve ser classificado SOMENTE como um pronome demonstrativo, uma vez que substitui o substantivo “imagens”, já presente no texto, evitando sua repetição. Infelizmente, o gabarito foi mantido (de novo?!?!), o que nos leva a crer que a banca classifica como “artigo definido” a ocorrência de “a” quando for possível subentender, na sequência, um substantivo (estando ele ausente). E durma-se com um barulho desses... Voltaremos a essa questão mais adiante, em “colocação pronominal”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 28 www.pontodosconcursos.com.br COLOCAÇÃO PRONOMINAL 20 - (ESAF/AFRF/2005) A questão proposta é a do acaso. Na tradição ocidental, o tema aparece invariavelmente ligado a um outro, o da razão: o dos limites e do alcance da racionalidade. Nem seria errôneo afirmar que o empenho maior para o pensamento filosófico inaugurado na Grécia antiga resume-se em querer vencer a sujeição ao acaso. De fato, um dos traços peculiares ao homem primitivo está em deixar-se surpreender pelo acaso, em guiar-se pelo imprevisível. Já o homem racional instaurado pelos gregos entrega-se, pela primeira vez na história, a esse esforço descomunal e decisivo para a evolução do Ocidente, de tentar conjurar o mais possível as peias do acaso, estabelecendo as bases para um comércio racional do homem com o seu meio ambiente; mais precisamente: a postura racional passou a designar, de modo gradativo, um comportamento de dominação por parte do homem, elaborando racionalmente as suas relações com a natureza, o homem terminaria abocanhando as vantagens de ver subordinada a natureza aos seus desígnios pessoais. (Gerd Bornheim. Racionalidade e acaso. fragmento) Analise a correção gramatical da proposição abaixo. - Seria errôneo afirmar que nem o empenho maior do pensamento filosófico grego sujeitaria-se ao objetivo de querer trocar os limites do acaso pelo alcance da racionalidade. ITEM ERRADO Comentário. Mudança ortográfica: não há acento agudo em “ideias”. Agora, entramos em um dos pontos mais incidentes em provas da ESAF: COLOCAÇÃO DO PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO. A fim de facilitar, resumimos todas as regras de colocação pronominal a três, além da regra geral: CASOS DE PRÓCLISE OBRIGATÓRIA, CASOS PROIBIDOS, CASO FACULTATIVO. 1) REGRA GERAL: Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pronome após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise é mais frequente, por apresentar maior informalidade, mas, como devemos abordar os aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise em situações excepcionais, que são: Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjunção) atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos os advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se flexionam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 29 www.pontodosconcursos.com.br Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obrigatória por força da conjunção; Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam desejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – próclise obrigatória. Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua o pensador político” – uma oração subordinada causal, como a da questão, exige a próclise.). 2) EMPREGO PROIBIDO: Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um copo d’água. / Permita-me fazer uma observação.); Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde que não caia na proibição acima), modifica-se a estrutura (troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome em mesóclise. Exemplos: “Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.” (Não poderia ser “concedida-me” – após particípio é proibido - nem “me concedida” – iniciar período com pronome é proibido). “Recolher-me-ei à minha insignificância” (Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei”). 3) EMPREGO FACULTATIVO: Com o verbo no infinitivo, mesmo que haja uma palavra “atrativa”, a colocação do verbo pode ser enclítica (após o verbo) ou proclítica (antes do verbo). Exemplo: “Para não me colocar em situação ruim, encerrei a conversa.” “Para não colocar-me em situação ruim, encerrei a conversa.” Assim, com infinitivo está sempre certa a colocação, desde que não caia em um caso de proibição (começar período). NÃO CONFUNDA INFINITIVO COM FUTURO DO SUBJUNTIVO – Na maior parte dos verbos, essas formas são iguais (para comprar/quando comprar, para estudar / quanto estudar). Contudo, a regra da colocação pronominal só se aplica ao infinitivo. Se o verbo estiver no futuro do subjuntivo, aplica-se a regra geral. Para ter certeza de que é o infinitivo mesmo e não o futuro do subjuntivo, troque o verbo por um que se modifique, como o verbo TRAZER (para trazer / quando trouxer), FAZER (para fazer/ quando fizer), PÔR (para pôr/ quando puser), e tire a “prova dos noves”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 30 www.pontodosconcursos.com.br Se for infinitivo, pode colocar o pronome antes ou depois, tanto faz. De qualquer jeito, estará certo, mesmo que haja uma palavra atrativa (invariável). Observação importante: quando houver mais de uma palavra invariável antes do verbo, o pronome poderá ser colocado entre elas. A esse fenômeno dá-se o nome de APOSSÍNCLISE (estava devendo esse nome desde a última aula, lembra?). Exemplo: “Para não levar-me a mal, irei apresentar minhas desculpas.” – como vimos, com infinitivo está sempre certa a colocação (caso facultativo), mesmo que haja uma palavra invariável (no caso, são duas – para e não). COLOCAÇÕES IGUALMENTE POSSÍVEIS: (1) “Para não me levar a mal, ...”- O pronome foi atraído pelo advérbio (palavra invariável). (2) “Para me não levar a mal, ...” – O pronome foi atraído pela preposição (outra palavra invariável). De volta à questão, vemos que o erro está em colocar o pronome APÓS o futuro do pretérito: SUJEITAR-SE-IA. Em relação a essa sintaxe, alertamos para os verbos terminados em –ZER. “Cláudia, qual é o problema com esses verbos?” A maioria esmagadora dos verbos, tanto no futuro do presente quanto no do pretérito, mantém “de um lado” o infinitivo e do outro a desinência. Veja só: VERIA + O VER + O + IA VÊ-LO-IA COMPRARIA + AS COMPRAR + AS + IA COMPRÁ-LAS-IA (já falamos sobre a acentuação gráfica nesses casos, não é?) ESTUDAREI + O ESTUDAR + O + EI ESTUDÁ-LO-EI Só que não é isso o que acontececom os verbos terminados em –ZER: FAZER (futuro do presente) FAREI (não é FAZEREI) (futuro do pretérito) FARIA (e não “fazeria”). Assim, quando um pronome é colocado em MESÓCLISE, de um lado não fica o infinitivo, POIS HOUVE ALTERAÇÃO NO RADICAL DO VERBO!!! FAZER + O FAREI + O = FÁ-LO-EI (futuro do presente) FARIA + O = FÁ-LO-IA (futuro do pretérito) DIZER + AS DIREI + AS = DI-LAS-EI (fut.do presente) DIRIA + AS = DI-LAS-IA (futuro do pretérito) Agora, confesse: se encontrasse no meio de um texto imenso dividido em opções um “fazê-las-ia com a máxima urgência”, será que você notaria esse erro???? CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 31 www.pontodosconcursos.com.br 21 - (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) As coisas realmente importantes da vida têm seu preço, isso é certo, mas a forma de pagamento é bem diversa das praticadas nos shopping centers. Na infinita negociação que é viver, se sairá melhor aquele que possuir uma sólida conta corrente de reservas emocionais e de bom senso do que aquele que confia apenas em sua coleção de cartões de plástico. Lucrará mais aquele que souber responder com sabedoria a pergunta: vale a pena pagar o preço? (Adaptado da Revista Planeta, maio de 2006) Avalie a afirmação abaixo, a respeito do emprego das estruturas lingüísticas no trecho em destaque. - Devido ao emprego da vírgula, mantém-se a coerência textual e a correção gramatical ao empregar o pronome átono depois do verbo em “se sairá”(l.3): sairá- se. ITEM ERRADO Comentário. Mudança ortográfica: não há trema em “linguísticas”. O examinador insiste no mesmo erro: colocar o pronome em ênclise a um verbo no futuro do presente / futuro do pretérito. Esse é um caso de mesóclise, se não houver palavra invariável antes do verbo, o que provocaria uma próclise. Veja a passagem do texto, que já foi apresentado na íntegra em questão pretérita: “Na infinita negociação que é viver, se sairá melhor aquele que possuir uma sólida conta corrente de reservas emocionais e de bom senso...” Muitos devem estar se perguntando se a posição deste pronome estaria correta, e a resposta é SIM. O que o pronome não pode é iniciar PERÍODO, mas este foi iniciado pela estrutura “Na infinita negociação que é viver...”. Vamos supor que este segmento estivesse mais adiante. Nesse caso, a única possibilidade seria a mesóclise: “Sair-se-á melhor aquele que, na infinita negociação que é viver, possuir uma sólida...”. 22 - (ESAF/MPOG – Especialista Políticas Públicas/2005) Julgue a afirmação abaixo em relação às lacunas do texto. Enquanto houver falta de força de trabalho, _______a)_____, os novos direitos conquistados se efetivam para a quase totalidade dos assalariados. Mas a situação muda completamente__________b)__________ e ______________ c) ______________. Nessas fases da conjuntura, a competição pelos poucos empregos disponíveis faz com que _________________ d) __________________, o que só podem fazer trabalhando como “informais”. É o que estamos assistindo hoje no Brasil: CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 32 www.pontodosconcursos.com.br ________ e) __________, um número ainda maior trabalha sem registro e sem os direitos consignados na CLT. (Paul Singer, Folha de S. Paulo, 30/04/2005) - A primeira lacuna poderia ser preenchida, com correção gramatical, coesão e coerência textuais, por qualquer das propostas a seguir. 1. que caracteriza períodos de intenso crescimento econômico 2. que distingue-se a economia em ritmo de aceleração ITEM ERRADO Comentário. O pronome relativo “que” é uma palavra invariável, que tem o condão de atrair o pronome para antes do verbo. Além desse fator, temos, nesse caso, uma oração subordinada adjetiva, um dos casos de próclise obrigatória. Assim, além de se observar um prejuízo em relação à coerência textual, a proposição 2 apresenta o erro de colocação do pronome “se”, exigindo-se a próclise: que se distingue. 23 - (ESAF/MPOG – Especialista Políticas Públicas/2005) Aponte a opção que finaliza com correção gramatical o trecho abaixo. O desenvolvimento científico e tecnológico tem, de fato, uma coerência imanente fundamental. O seu temido desvirtuamento decorre sempre de fatores acidentais, alheios portanto à sua lógica intrínseca e fatal que, levada às últimas conseqüências, é sempre a favor e não contra o homem, porquanto não somente somos parte integrante do processo, mas o seu remate. Se a televisão, por exemplo, pode revelar- se aborrecida ou nociva, _______________________________________ (Lúcio Costa, “O novo humanismo científico e tecnológico”) a) não é que o deve ser necessariamente, mas porque o critério do seu emprego a torna assim. b) não é que deva sê-lo necessariamente, mas por que o critério do seu emprego a torna assim. c) não é porque seja-o necessariamente, mas por que o critério do seu emprego torna- a assim. d) não é que a deve ser necessariamente, mas porque o critério do seu emprego torna-a assim. e) não é que deve sê-la necessariamente, mas por que o critério do seu emprego torna-a assim. Gabarito: A Comentário. Mudança ortográfica: não há trema em “consequências”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL E MPOG – QUESTÕES COMENTADAS ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 33 www.pontodosconcursos.com.br Além do aspecto semântico, devemos observar a correção gramatical. Para aumentar nossas chances de acertar a questão, vamos eliminar os itens que apresentam erros gramaticais. As opções b, c e e indicam o vocábulo por que (separado), que é um pronome interrogativo ou uma preposição acompanhada de pronome relativo (assunto da aula de CONJUNÇÃO). Na oração, deve ser usada uma conjunção de valor explicativo, que se escreve em um só vocábulo: porque. Na opção d, o erro é de colocação pronominal: numa oração subordinada adjetiva explicativa, iniciada pela conjunção explicativa porque, o pronome deve estar proclítico. Contudo, observa-se o pronome em ênclise (“mas porque o critério do seu emprego torna-a assim”). Só com essa análise gramatical, teríamos chegado à resposta – a única correta seria opção A. Para fins didáticos, iremos avaliar o aspecto semântico da construção e a função de seus elementos. É preciso, antes de tudo, compreender o texto. Para isso, precisamos vencer alguns obstáculos, quais sejam: o emprego de vocábulos desconhecidos por nós. Alguns são essenciais, outros não. Glossário: Imanente – algo sempre presente, inseparável; Porquanto – conjunção de valor causal, equivalente a porque (aguarde a aula sobre CONJUNÇÃO para receber uma dica de como memorizar o sentido dessa conjunção, sempre presente nas provas da ESAF); Remate – acabamento, fim, e, em linguagem conotativa, cume, auge, ponto máximo. Fala-se da coerência própria do desenvolvimento científico e tecnológico, de seu desvirtuamento e das consequências disso, sempre a favor do homem, que é não só parte, mas também fim desse processo. A partir disso, aborda-se o papel da televisão nesse contexto. Para compreendermos a função do pronome demonstrativo o em “não é que o deve ser necessariamente”, vamos dissecar a passagem: “Se a televisão, por exemplo, pode revelar-se aborrecida ou nociva, não é que necessariamente deve (a televisão) ser assim (aborrecida ou nociva), mas porque o seu emprego (emprego da televisão) a torna (torna a televisão) assim (aborrecida ou nociva).” Afinal, qual a função do pronome demonstrativo “o” em “não é que o deve ser”? Retomar a ideia de que “a televisão pode revelar-se aborrecida ou nociva”. Veja a seguir mais um exemplo de pronome em função vicária. 24 - (ESAF/SEFAZ SP/2009) Com base no texto, analise a proposição a seguir. 1. É certo que houve
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