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1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CURSO DE PEDAGOGIA – PARFOR MARIA JÚLIA CHAVES BARROZO SUELY MUNIZ A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL JOÃO QUIRINO CAPANEMA - PA 2015 2 MARIA JÚLIA CHAVES BARROZO SUELY MUNIZ A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL JOÃO QUIRINO Trabalho de Conclusão de Curso em nível de graduação apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia. Orientador(a): Profª. Dra. Eleci Terezinha Dias da Silva CAPANEMA - PA 2015 3 MARIA JÚLIA CHAVES BARROZO SUELY MUNIZ A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL JOÃO QUIRINO Trabalho de Conclusão de Curso em nível de graduação apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia. Orientador: Profª. Dra. Eleci Terezinha Dias da Silva Data da Apresentação: ___/_____________/2015 Nota: _________________ Banca Examinadora ________________________________ Prof. Dr. (Universidade Federal Rural da Amazônia) ______________________________________ Prof. Dr. (Universidade Federal Rural da Amazônia) ____________________________________________ Prof.Dr. (Universidade Federal Rural da Amazônia) CAPANEMA - PA 2015 4 Dedicamos este trabalho de conclusão de curso a todas as pessoas que de forma direta e indiretamente nos incentivaram nesta jornada e que nos desejaram forças pra continuar, pois sem o apoio de todos os nossos amigos e colegas não tinhamos conseguido. 5 AGRADECIMENTOS Agradecemos à Deus primeiramente por nos ter dado forças para vencermos as lutas de cada dia. Agradecemos aos nosso familiares pais, esposos e filhos por terem tido paciência e compromisso conosco. A nossa orientadora Professora Eleci Terezinha, por compartilhado conosco de sua sabedoria e experiencia docente. As nossas amigas de sala de aula por terem compartilhado conosco de suas descobertas e alegrias e a todos que fizeram parte de tudo isso de forma direta e indiretamente. 6 RESUMO De acordo com as teorias de Kishimoto (1996), Miranda (2001), Piaget (1977), Vygotsky (1979), entre outros teóricos, o jogo sempre esteve presente na vida da criança, sendo considerado um processo que acontece na história e faz parte da Educação Infantil de forma recreativa e motivadora onde deve ser orientada pelos seus professores. O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é apresentar a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras, onde os mesmos passaram a ser algo observado e discutido dentro das escolas, sendo que o uso do lúdico tornou-se importante na contribuição do desenvolvimento pedagógico. Assim os jogos foram transformados pelas ações dos indivíduos, culturas, e tecnologias, hoje já não se pode separar jogo e criança, portanto, a escola, precisa estar apta as práticas de tal recurso didático. Este foi um estudo realizado para que se tenha uma posição dos docentes sobre as práticas dos jogos, brinquedos e brincadeiras dentro da sala de aula. Sendo que as metodologias usadas nesta produção textual foram pesquisa de campo e bibliográficas. Entretanto a pesquisa mostrou que na referida escola, os jogos estão presentes, mais restritos, pois necessitam de materiais inovadores para que aconteça uma educação infantil de qualidade. Palavras –Chaves: Jogos. Educação Infantil. Criança. Professores. 7 ABSTRACT According to the theories of Kishimoto (1996), Miranda (2001), Piaget (1977), Vygotsky (1979), among other theorists, the game has always been present in the life of the child, being considered a process that happens in history and is part of early childhood education recreationally and motivating where must be guided by their teachers. The objective of this final project is to present the importance of the games, toys and games, where the same have been something observed and discussed within the schools, and the use of playful became important in pedagogical development contribution. So the games were transformed by the actions of individuals, cultures, and technologies, today you can't separate game and child, so the school needs to be capable of such educational resource practices. This was a study for a teaching position on the practice of games, toys and games in the classroom. Being that the methodologies used in this production were textual and bibliographic field search. However research has shown that in this school, the games are present, more restricted, because require innovative materials to a quality education. Keywords: Games. Early Childhood Education. Child. Teachers. 8 LISTA DE FIGURA Figura 1: Cidade de Cachoeira do Piriá – PA, vista parcial da entrada da cidade........................................................................................................... 39 Figura 2: Cidade de Cachoeira do Piriá – PA, vista parcial dos altos da cidade.................................................................................................... 40 Figura 3: Figura 3, 4: Escola João Quirino / Vila do Cachoeirinha do Piriá - Pará......................................................................................................... 41 Figura 5, 6: Momento de recreações na Educação Infantil da Escola João Quirino.................................................................................................... 43 9 LISTA DE GRÁFICO Gráfico 1: Os tipos de brincadeiras mais utilizadas na sala de aula?......... 46 Gráfico 2: As crianças são participantes dessas atividades aplicadas em sala de aula? Sim ou Não?....................................................................... 47 Gráfico 3: Quantas vezes na semana é utilizadas as brincadeiras lúdicas? 49 Gráfico 4: A escola apoia o uso dos jogos, brinquedos e brincadeira na Educação Infantil?................................................................................... 50 Gráfico 5: Os professores atuantes estão preparados pedagogicamente?.. 52 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................... 11 CAPÍTULO I: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................... 13 1.1 - O surgimento dos Jogos, Brinquedos e Brincadeira............................ 13 1.2 – O significado atual do jogo na Educação Infantil............................. 16 1.3 - Brincar e Jogar............................................................................... 17 1.4 - Condutas dos Jogos....................................................................... 20 CAPÍTULO II: EDUCAÇÃO INFANTIL: OS JOGOS COMO RECURSOS PEDAGÓGICOS EM TRABALHOS ESCOLARES................................... 23 2.1 - O jogo e suas aplicações............................................................... 25 2.2 - Contribuição de Piaget no uso dos jogos em sala de aula.................26 2.3 - Contribuições de Vygotsky no uso dos jogos em sala de aula........... 29 2.4 - Jogos: Implicação no Ensino-Aprendizagem da Criança na Educação Infantil........................................................................................ 31 2.5 - O processo histórico da Educação Infantil e surgimento dos jogos.... 33 2.6 - Os jogos como importante recurso didático na Educação Infantil...... 34 CAPÍTULO III: AS PROPOSTAS E AS PRÁTICAS DO LÚDICO NA ESCOLA JOÃO QUIRINO..................................................................... 38 3.1- Breve apresentação do Cachoeira do Piriá....................................... 38 3.2- Escola Municipal de Ensino Fundamental João Quirino....................... 40 3.3- As Práticas Pedagógicas na Educação Infantil na escola João Quirino ................................................................................................. 42 3.4- Apresentação e Discursão dos Resultados....................................... 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 54 REFERÊNCIAS....................................................................................... APÊNDICE 56 11 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo de apresentar a “A Importância da brincadeira na Educação Infantil na Escola Municipal João Quirino, direcionado para a Educação Infantil, trata-se de uma pesquisa para a construção deste trabalho considerado importante por abordar o uso do lúdico na escola, onde a intenção é verificar na referida escola se havia a utilização do lúdico com os jogos como recurso didático e se os professores estão capacitados para desenvolver este tipo de atividade no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Mais ainda, identificar atividades favoráveis a esse processo, analisando a relevância dos jogos livres e orientados. Por meio das concepções de alguns autores, foram mostrados os benefícios que os jogos trazem, bem como as habilidades que se desenvolvem aos utilizá-los. Além disso, outras finalidades foram expressas, dentre elas: A importância dos jogos no processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil, a partir da abordagem sócio interacionista, por meio das contribuições dos autores: Kishimoto, Kergomard, Piaget e Vygotsky; questão que será vista no primeiro capítulo. No segundo capítulo serão abordadas as implicações da Educação Infantil: Os jogos como recurso pedagógico em trabalhos escolares, comprovando que no, decorrer da história da humanidade, os jogos já se faziam presentes. Neste enredo, busca-se o resgate histórico da educação infantil, para se compreender a conquista da importância da ludicidade no processo de ensino e aprendizagem da criança. Também se busca correlacionar os jogos e suas características, quando introduzidos na educação infantil; os jogos e suas aplicações entre outras contribuições importantes como ponto de referência para observações e benefícios trazidos pela utilização dos jogos; sensibilizar a classe educadora da necessidade de sua formação para que o uso dos jogos aconteça com eficácia e qualidade, visto que o jogo por estimular a cognição da criança facilita o processo de aprendizagem da mesma. Já o último capítulo trata do papel das propostas e as práticas do lúdico na Escola João Quirino, cuja pesquisa foi realizada através de questionários e observações, tendo como sujeito os alunos da educação infantil. Abordou-se ainda, o espaço físico, o quadro de funcionários que a escola possui atualmente, as concepções dos professores e alunos sobre o uso dos jogos em aulas práticas. 12 É importante a abordagem dessa temática para que fiquem claros os conceitos do jogo na educação e o significado destes em uma sala de aula, uma vez que, quando se fala em jogo de um modo geral, a primeira ideia é a de competição apenas, deixando de lado outras vantagens que eles podem oferecer para o desenvolvimento e a educação da criança. A educação infantil bem trabalhada é o ponto de partida para se ter estudantes esclarecidos, no que diz respeito a leitura, escrita, interpretação de textos etc. Para alcançar este objetivo, é indispensável o empenho dos docentes, pois os jogos contribuem para o desenvolvimento, incentivo e inteligência dos seus alunos. 13 CAPÍTULO I: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Na intenção de promover uma produção textual com suporte teórico, se tem a oportunidade de pesquisar através de bibliografias e pesquisa de campo a importância do uso de jogos, brinquedos e brincadeiras na educação infantil, pois é através deste desempenho que se obteve resultados expressivos sobre o assunto abordado dentro de sala de aula. 1.1- O surgimento dos Jogos, Brinquedos e Brincadeira Para a autora Kishimoto (1993), existem termos que por serem empregados com significados diferentes, acabam se tornando imprecisos como o jogo, o brinquedo e a brincadeira. A variedade de jogos conhecidos como faz-de-conta, simbólicos, motores, sensório-motores, intelectuais ou cognitivos, de exterior, de interior, individuais ou coletivos, metafóricos, verbais de palavras, políticos de adultos, de animais, de salão e inúmeros outros mostra a multiplicidade de fenômenos incluídos na categoria dos jogos. Ainda a autora ressalta que os jogos, os brinquedos e as brincadeiras se tornaram importante na vida da criança, sendo assim participante no cotidiano desse público infantil, pois com a contribuição no desenvolvimento intelectual da criança, sendo que esta questão devido às relações e a organização psicológica põem-se necessariamente no início de um estudo sobre o nascimento da inteligência. A autora Kishimoto (1993), e com os jogos situações como disputar uma partida de qualquer brincadeira faz com que a criança venha a desenvolver um raciocínio e organizar em sua mente uma jogada, todos os movimentos da inteligência da criança vão depender das características dos jogos, pois entre os autores que discutem a natureza do jogo, suas características excluem os jogos dos animais e aponta as características relacionadas aos aspectos sociais: o prazer demonstrado pelo jogador, o caráter “não sério” da ação, a liberdade do jogo e sua separação dos fenômenos do cotidiano, a existência de regras, caráter fictício ou representativo e a limitação do jogo e no espaço. Dentre os significados usuais dos termos: jogo, brinquedo e brincadeira o que oferece termos como sinônimos, pois o devido termo tem sido utilizado com o mesmo significado. Segundo o dicionário Aurélio (Campagne, 2002, p.228), o termo brinquedo pode significar indistintamente objeto que serve para as crianças brincar; 14 jogo de crianças e brincadeiras. O sentido usual permite que a língua portuguesa referente os três termos com sinônimos. Essa situação reflete o pouco avanço dos estudos na área. Para evitar essa diferenciação neste trabalho, brinquedo será entendido sempre como objeto, suporte de brincadeira como a descrição de uma conduta estruturada, com regras e jogo infantil para designar tanto o objeto e as regras do jogo da criança. Segundo a definição de Miranda (2001), o brinquedo é o suporte da brincadeira, quer seja concreto ou ideológico, concebido ou simplesmente utilizado como tal ou mesmo puramente fortuito. Essa definição, bastante completa, incorpora não só os brinquedos criados pelo mundo atual, concebido especialmente para brincadeiras infantis, como os que a própria criança produz a partir de qualquer material ou investe de sentido lúdico, representando, por exemplo, instrumentos musicais, pente, entre outros. Ainda para a autora, atualmente, especialmente no campo da educação infantil, a perspectiva que predomina é a evolutiva. Psicólogostem dado grande atenção ao papel do jogo na constituição das representações mentais e seus efeitos no desenvolvimento da criança, especialmente da faixa etária de 0 a 6 anos de idade. Muitos estudos de natureza metafórica explicitam, também, jogos para crianças de outras faixas etárias. Por envolver relações abstratas, analogias, jogos matemáticos e físicos que fazem comparações metafóricas são adequados, geralmente, para crianças com mais idade. As teorias que discutem os processos internos relacionados com o comportamento lúdico focalizam o jogo como representação de um objeto. Entre seus representantes estão Piaget, Vygotski, estudos, ao considerarem a realidade interna (representação), e o ambiente externo (papéis, objetos, valores, pressões, movimentos etc.), permitem uma determinação teórica mais completa. Para Miranda (2001), mediante a essa abordagem tem-se a percepção da importância do jogo na educação infantil, pois muitas dúvidas persistem entre educadores que procuram associar o jogo à educação: se há diferença entre o jogo e o material pedagógico, se o jogo é o material pedagógico, se o jogo educativo empregado em sala de aula é realmente jogo e se o jogo tem um fim em si mesmo ou é um meio para alcançar objetivos. 15 A gradativa percepção de que a manipulação de objetos facilita a aquisição de conceitos introduz a prática de materiais concretos subsidiarem a tarefa docente devido ao uso de brinquedos e jogos destinados a criar situações de brincadeira em sala de aula nem sempre foi aceito. Conforme a visão que o adulto tem da criança a da instituição infantil, o jogo torna-se marginalizado. Se a criança é vista como um ser que deve ser apenas disciplinado para aquisição de conhecimento em instituições de ensino acadêmico, não se aceita o jogo. Entende-se que, se a escola tem objetivos a atingir e o aluno a tarefa de adquirir conhecimentos e habilidades, qualquer atividade por ele realizada na escola visa sempre a um resultado, é uma ação dirigida e orientada para a busca de finalidades pedagógicas. As interpretações apontam para a necessidade de um jogo controlado como suporte da ação docente. Assim, nasce o educativo: mistura de jogo e de ensino. Se muito bem que à primeira vistas estas duas palavras - a pedagogia pelos jogos – colocadas juntas, fazem um certo efeito de certas uniões infelizes, caracterizada sobretudo pela incompatibilidade de caráter dos cônjuges; mas esta impressão cessa no momento em que se reflete, porque se compreende, então, que a pedagogia, em vez de estar limitada à instrução, abraça a cultura completa do ser. (KERGOMARD, 1996, p. 161). Kergomard (1996), pleiteia a liberdade de ação da criança, concebe o maternal como um espaço de animação cultural, onde jogos livres, escolhidos pelas crianças, possam colaborar para o cultivo do corpo. Entretanto, essa orientação choca-se com a que começa a predominar muitos e outros tentam conciliar a tarefa de educar com a necessidade irresistível de brincar. O emprego de um jogo em sala de aula necessariamente se transforma em um meio para a realização daqueles objetivos. Portanto, o jogo entendido como ação livre, tendo um fim em si mesmo, iniciado e mantido pelo aluno, pelo simples prazer de jogar, não encontraria lugar na escola. É tais ponderações que tem aquecido as discursões em torno da apropriação do jogo pela escola especialmente, o jogo educativo. 16 1.2 – O significado atual do jogo na Educação Infantil Para o autor Miranda (2001), as divergências em torno do jogo educativo estão relacionadas à presença concomitante de duas funções: a primeira está interligada ao jogo na propiciação a diversão, o prazer e até o desprazer quando escolhido voluntariamente. A segunda está ligada a função educativa, quando o jogo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O equilíbrio entre as duas funções do jogo educativo. Entre tanto, o desequilíbrio provoca duas situações: não há mais ensino, há apenas jogos, quando a função lúdica predomina ou contrário, quando a função educativa elimina todo hedonismo, resta apenas o ensino. O autor ainda ressalta que o professor escolhe um jogo de memória com estampas de frutas destinadas a auxiliar na discriminação das mesmas, mas as crianças utilizam as cartas do jogo para fazer pequenas construções, a função lúdica predomina e absorvem o aspecto educativo definido pelo professor: discriminar frutas. Da mesma forma, certos jogos perdem rápido sua dimensão lúdica quando empregados inadequadamente. O uso de quebra-cabeças e jogos de encaixes como modalidades de avaliação constrange e elimina a ação lúdica. Se perder sua função de propiciar prazer em proveito da aprendizagem, o brinquedo se torna instrumento de trabalho, ferramenta do educador. O “brinquedo” já não é brinquedo, é material pedagógico ou didático. Miranda (2001) diz que dentro da Educação Infantil o jogo tem sua relevância que vem de longas datas, entretanto, é com Froebel, o criador do jardim- de-infância, que o jogo passa a fazer parte do centro do currículo de educação infantil. Pela primeira vez a criança brinca na escola, manipula brinquedo para aprender conceitos e desenvolver habilidade. Jogos, músicas, arte e atividades externas integram o programa diário composto pelos dons e ocupações froebelinas. O autor acima afirma que o jogo continua presente nas propostas de educação infantil com o advento do freudismo, como mecanismo de defesa de impulsos não satisfeitos. Com os estudos de ampliação de natureza psicológica o ponto de vista de desenvolvimento infantil continua a merecer a atenção, especialmente com Piaget. Atualmente, o jogo está presente também entre aqueles que estudam as representações mentais. Entre os teóricos mais relevantes que subsidiam esta perspectiva, encontram-se os expoentes da psicologia genética que 17 mostram a importância do jogo para o desenvolvimento infantil ao propiciar a descentração da criança, a aquisição de regras, a expressão do imaginário e a apropriação do conhecimento. No Brasil, a educação básica realiza-se, ou deveria realiza-se, na perspectiva legal para todas as crianças e todos os adolescentes, por intermédios de três processos de escolarização sucessivos e interdependentes. O primeiro abrange a escola da educação infantil, para crianças de até 6 anos, o segundo abrange a escola fundamental, para processos de aprendizagem escolar como uma das condições para o crianças e jovens entre 7 e 14 anos e o terceiro abrange a escola de ensino médio, para adolescente entre 15 e 17 anos. Considerando essa existência de uma escola para todos Macedo (2005), o objetivo do presente capítulo é analisar a importância da dimensão lúdica para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes e, quem sabe, para uma recuperação do sentido original da escola. Uma hipótese é que uma compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem, com formas interdependentes de conhecimento, poderia recuperar esses sentidos da escola que se perderam com o tempo. Já outra suposição é que, para isso, teríamos de cuidar da dimensão lúdica das tarefas escolares e possibilitar que as crianças pudessem ser protagonistas, isto é, responsáveis por suas ações, nos limites de suas possibilidades de desenvolvimento e dos recursos mobilizados pelos processos de aprendizagem. 1.3 - Brincar e Jogar Para Piaget (1975), o brincar é fundamental para o nosso desenvolvimento. É a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às suas necessidades de sobrevivência (repouso, alimentação, etc.). Todas as crianças brincam se não estão cansadas, doentes ou impedidas. Brincar é envolvente e informativo. Envolvente porque coloca a criança em um contexto de interação em que suas atividadesfísicas e fantasiosas, bem como os objetivos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um mesmo continuo topológico, interessante porque canaliza, orienta, organiza as energias da criança, dando nomes forma de atividade ou ocupação. Informativo porque, nesse 18 contexto, ela pode aprender sobre as características dos objetos, os conteúdos pensados ou imaginados. Ainda Piaget (1975), o brincar é agradável por si mesmo, aqui e agora. Na perspectiva a criança, brinca-se pelo prazer de brincar, e não porque suas consequências sejam eventualmente positivas ou preparadoras de alguma outra coisa. No brincar, objetivos, meios e resultados tornam-se indissociáveis e enredam a criança em uma atividade gostosa por si mesma, pelo que proporciona no momento de sua realização. Este é o caráter autotélico do brincar. O espírito lúdico refere-se a uma relação da criança ou do adulto com uma tarefa, atividade ou pessoa pelo prazer funcional que despertam. A motivação é intrínseca; é desafiador fazer ou estar. Vale apena repetir. O prazer funcional explica por que as atividades são realizadas não apenas como meios para outros fins (ler para obter informações, por exemplo), mas por si mesmas (ler por prazer ou desafio de ler). O interesse que sustenta a relação é repetir algo pelo prazer da repetição. Piaget (1975) destaca uma tarefa interessante para a criança é clara, simples e direta (precisa). É realizável nos seus tempos (interno, externo), desafiadora (envolvente), constante (regular) na forma e variável no conteúdo, além de ser surpreendente e lúdica. O fato que muitas tarefas escolares, do modo como são propostas, são excessivo ou insuficiente. As instruções ou orientações para seu fazer são poucos claras, as tarefas são complicadas, formuladas de forma indireta e confusa. Além disso, os conteúdos são repetitivos e a formulação é irregular e sem sentido para a criança. Sua realização ou demanda e o interesse das crianças, finalmente, e mais do que tudo, são claramente ainda que realizado para o bem das crianças. O lúdico, em sua perspectiva simbólica significa que as atividades são motivadas e históricas. Há uma relação entre a pessoa que faz e aquilo que é feito ou pensado. Quando brinca de casinha, por exemplo, a criança atribui sentido aos objetos que utiliza para montar os cenários, simular pessoas e acontecimentos. Essas narrativas fazem sentido para ela, pois são uma projeção de seus desejos, sentimentos e valores expressando suas possibilidades cognitivas maneiras as crianças expressam suas instituições. Piaget (1975), ainda diz que: Nos primeiros anos vidas, até por volta de sete anos, segundos Piaget a inteligência sensório–motora e depois simbólica. No primeiro caso, o prazer funcional expressa pela incontável repetição ou infinita 19 exploração dos esquemas de ação, como que para dominá-los pelo uso. A criança não cansa de olha, tocar, andar etc. Pouco a pouco, esses esquemas vão sendo falados, cantados imaginados e então se tornam mais sofisticados (saltar), correr, realizar movimentos detalhados e complexos e enriquecidos de histórias, músicas, imagens, imitações que as crianças vão agregando. O Lúdico torna-se simbólicos e amplifica as possibilidades de assimilação do mundo. Dessa maneira, a criança pode pensar, imaginar ao questionar. Como resgatar o sentido lúdico nas atividades escolares para as crianças? Propostas, por mais importantes que sejam que não têm história, ou seja, que não têm um correspondente pessoal ou grupal, não faz sentido para as crianças. Por isso, geram desatenção, desinteresse ou são motivos para chacotas e piadas. O simbolismo lúdico significa que aquilo que se faz tem um correspondente, qualquer que seja ele, para a criança. A escola trabalha muito com conceitos e classificações são muito poderosos no mundo do conhecimento, pois são ferramentas gerais que nos possibilitam encaixar os particulares como coisas conhecidas. Quando dizemos casa, por exemplo, podemos estar classificando uma casa particular a algo geral, uma casa qualquer. Assim, o desconhecido, o singular, o único (a nossa casa, a casa onde moramos). Para o autor Chateau (1987), do ponto de vista profissional, a ação de jogos é meio para se trabalhar a construção, a conquista ou a consolidação de determinados conteúdos, atitudes e competências. Trabalhar conceitos abstratos por meio de situações ilustrativas é um recurso interessante e ajuda os alunos a encontrarem sentido nas exigências e demandas escolares. A ideia central deste capítulo é uma breve discussão sobre a possibilidade de considerar as ações pedagógicas na perspectiva dos jogos, ou seja, com o sentido do jogar. É transformar gradativamente as propostas e os conteúdos em desafios a serem solucionados e obstáculos a serem vencidos. O autor acima diz que isso, pode-se contribuir para que a aprendizagem torne-se mais significativa para os alunos e também ajudar as crianças a construírem relações mais cooperativas, norteadas pelo respeito mútuo e pela consciência da importância do seu papel na constituição de um ambiente mais favorável à aprendizagem. Afinal, sem a presença e a participação de professores e alunos, o trabalho em sala de aula não acontece. Esta é uma relação 20 interdependente, em que um precisa do outro reciprocamente, num contexto de trocas. Daí a importância de ambos para a sobrevivência do sistema. Jogar não é simplesmente apropriar-se das regras. É muito mais do que isso. A perspectiva do jogar que desenvolvemos relaciona-se com a apropriação das estruturas, das possíveis implicações e tematizações. Logo, não é somente jogar que importa (embora seja fundamental), mas refletir sobre as decorrências da ação de jogar, para fazer do jogo um recurso pedagógico que permita a aquisição de conceitos e valores essenciais à aprendizagem. Aprender a jogar é o primeiro passo como continuidade, é necessário pensar sobre as consequências dessa prática para o cotidiano escolar. No jogo, a criança mostra, aliás, sua inteligência, sua vontade seu traço dominante, sua personalidade, enfim. Todo pedagogo digno desse nome há muito está atento a essas indicações dadas pela maneira de jogar/brincar. (CHATEAU,1987, p.100-101). De acordo com a citação acima desse modo, pode-se se concluir que é fundamental querer conhecer os alunos e criar situações que possam convidá-los a crescer, a expressar seus sentimentos em relação ao conhecimento, tanto no que se refere às dificuldades quanto aos interesses. Em uma palavra, consideramos de grande valor o trabalho do profissional que atua integrando – dentro do possível –os aspectos afetivos e cognitivos presentes nas diversas situações escolares. Uma criança não saberia dizer tudo a seu professor, uma vez que ela tem necessidade de ser bem vista, de passar por bom aluno, em suma, de pensar no seu futuro escolar. Ela procura então, antes de tudo, não dizer besteiras e agir de acordo com as saudáveis tradições da classe. (PIAGET, 1977, p. 26). 1.4 - Condutas dos Jogos Portanto para a autora Kishimoto (1993), se tem uma forma de pensar sobre os jogos no processo de ensino aprendizagem na educação infantil e esse processo acontece quando se dispõe de uma ação aparentemente visível dentro das situações que as escolas encontram e se dispõem de atentar satisfazer esse processo educacional. Entre outra realidade se tem um processo significante e isso se dá a uma nova forma de pensar e agir no contexto infantil usando os jogos como 21 um modelo de instigar a mente dos alunos em sala de aula. Por se tratar de ensino infantil deve considerar que as crianças tenham a sua cultura lúdica, sendo que o espaço lúdico permita ao indivíduo a liberdade de ativar a sua mente em um pensamento com uma relação aberta de uma cultura: “Se brincar é essencial é porqueé brincando que a criança se mostra criativo. Dentro de algumas escolas o brincar é visto com um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter uma certa distância em relação ao real, fiel, na concepção de Freud, que vê no brincar o modelo do princípio de prazer oposto ao princípio da realidade. Ainda para Kishimoto (1993), o jogo se inscreve num sistema de significações que nos leva a interpretar como o brincar, em função da aprendizagem obtém resultados positivos integrando-o progressivamente ao seu incipiente sistema de representação. Pois, a cultura lúdica como toda cultura é o produto da interação social que lança suas raízes, como já dito, na interação precoce entre professor e aluno. A cultura lúdica não está isolada da cultura geral. Essa influência multiforme e começa com o ambiente as condições naturais, pois quando se fala em jogos dentro de sala de aula existem algumas ações o jogo antes de tudo é lugar de concentração (ou de criação, mas esta palavra é as vezes perigosa) de uma cultura lúdica. Ver nele a invenção da cultura o jogo e a produção de significados, mas no sentido de que o jogo produz a cultura que ele próprio requer para existir. É uma cultura rica, complexa e diversificada. O papel do jogo na educação infantil, sendo uma análise realizada por Froebel, colocou uma observação essencial no trabalho pedagógico, ao criar o jardim da infância com o uso dos jogos e brinquedos. Muitos educadores reconheceram a importância educativa do jogo. A prática de aliar o jogo aos primeiros estudos parece justificar o nome de ludus atribuído às escolas responsáveis pela instrução elementar, semelhante aos locais destinados a espetáculos e a prática de exercício de fortalecimento do corpo e do espirito. (KISHIMOTO, 1990, p. 39-40). Para a autora Kishimoto (1990), tal concepção de jogo está relacionada à nova percepção da infância que começa a constituir-se no Renascimento: a criança dotada de valor positivo, de uma natureza boa, que se expressa espontaneamente por meio do jogo, perspectiva que irá fixar-se com o Romantismo. É dentro dos quadros do Romantismo que o jogo aparece como conduta típica e espontânea da 22 criança, recorrendo a metáfora do desenvolvimento infantil como recapitulação da história da humanidade, o Romantismo, com sua consciência poética do mundo, reconhece na criança uma natureza boa, semelhante a alma do poeta, considerando o jogo sua forma de expressão. Mais que um ser que imita e brinca, dotada de espontaneidade e liberdade. Por certo, grande parte da vida das crianças é gasta brincando com jogos sendo que as crianças mais velhas elas aprendem mais brincadeiras inventadas por elas mesmas. Consequentemente, enquanto jogos imitativos são de grande valor educacional no modo de ensinar a criança a observar seu meio e alguns dos processos necessários aprende maus hábitos e maneiras erradas de pensar e julgar. “Tais modos são muito difíceis de corrigir, porque foram fixados ao serem vivenciados em situação de brincadeira”. Na concepção da Kishimoto (1990), ainda para evitar que a criança fixe hábitos indesejáveis, as escolas principalmente os jardins de infância, devem usar dentro do horário escolar os mesmos tipos de jogos que são exercitados fora do ambiente escolar, não somente como método de tornar o trabalho interessante para a criança, mas pelo valor educacional das atividades envolvidas, permitindo oferecer as crianças ideias e ideais mais sadios são como se sabe que a vida social da criança é a base do desenvolvimento infantil e a escola deve dar oportunidade para exprimir em suas atividades a vida em comunidade. O sucesso da educação depende da relação estabelecida entre as atividades instintivas da criança, interesses e experiências sociais. 23 CAPÍTULO II: EDUCAÇÃO INFANTIL: OS JOGOS COMO RECURSOS PEDAGÓGICOS EM TRABALHOS ESCOLARES Segundo Elkonin (2003), em seus estudos sobre o jogo, tendo por base as formulações teóricas de Vygotsky, reafirma que o jogo é uma forma peculiar de atividade infantil e apresenta uma importante contribuição quando afirma que este tem como objeto o adulto, suas atividades e o sistema de suas relações com as outras pessoas. Em suas palavras: O fundamento do jogo protagonizado em forma descolada não é objeto, nem seu uso, nem a mudança de objeto que o homem possa fazer, mas acima de tudo as relações que as pessoas estabelecem mediante ações com os objetos; não é a relação homem-objeto, mas a relação homem- homem. (ELKONIN, 2003, p.32). Elkonin (2003), ainda afirma “deslocada” do jogo possibilita compreender melhor a afinidade existente entre este e a arte, uma vez que o conteúdo de ambos inclui o sentido e as motivações desta vida. Tendo por base a concepção materialista da origem laboral da arte, afirma que tanto o jogo infantil quanto a arte são atividades com uma base genética comum, uma vez que na história da humanidade o jogo não pode aparecer antes do trabalho ou da arte. Mediante o jogo constitui uma unidade fundamental e indivisível da evolução da forma do jogo são justamente o papel e as ações a ele ligados, pois nele estão representados, em união indissociável, a motivação afetiva e o aspecto técnico- operativo da atividade. Assim sendo, “uma das motivações principais do jogo é obrar como um adulto”. Não é ser adulto, mas agir como os adultos. O educador pode desempenhar um importante papel no transcorrer das brincadeiras se consegue discernir os momentos em que deve só observar, em que deve intervir na coordenação da brincadeira, ou em que deve integrar-se como participante das mesmas. (OLIVEIRA, 2002, p. 102). De acordo com a citação a cima o autor ainda relata que as crianças não chegam isentas à escola, elas trazem no pensamento, nas emoções ou na forma de brincar a maneira como foram olhadas e percebidas pelos outros. Ao brincar, a criança não se situa apenas no momento presente; mas também, no seu passado e 24 no seu futuro. O brincar, como atividade terapêutica, possibilita que a criança supere situação de necessidades. O brinquedo da mesma forma que o brincar não é um objeto neutro, pois condensa a história da criança com outros objetos. Para Oliveira (2002), a transferência revela o tipo de laço social que se teceu no ambiente familiar da criança. Através dela acredita-se que ela reviveria os principais conteúdos emocionais que a marcaram. Na verdade, esta forma de conceber a transferência capturaria apenas uma parte do circuito transferencial: a das linhas dos afetos; excluindo da transferência enquanto um circuito do saber. A ludoterapia passou a ser o meio pelo qual as relações ruins da criança seriam recriadas, “consertadas”. Através dos jogos e brincadeiras infantis, a criança poderia simbolizar seus problemas, resolvendo-os em outro contexto. Costuma-se dar como naturais os conteúdos referentes às ligações entre a criança, os brinquedos, as brincadeiras e os jogos infantis. Ao criar este trabalho fomos revelando que estas ideias não se apresentam juntas. Elas se estruturam tanto a partir de concepções sociais quanto individuais. É preciso que nós saiamos destas concepções preestabelecidas para que realmente possamos identificar como a criança pensa, brinca e joga. Como ela concede os brinquedos, os jogos e as brincadeiras. O brincar não se reduz às diferentes etapas e tipos de brincadeiras infantis. O brincar ultrapassa estes processos e se institui como uma categoria nova para cada criança. Oliveira (2002), diz que ao aprender a criança através das etapas de desenvolvimento, nós não nos damos conta de que estamos agindo de uma forma redutora, fazendo a criança se encaixar na linguagem que conhecemos. Há um novo no brincar, nos brinquedos e jogos infantis que precisa ser resgatado pelos educadores e pesquisadoresinfantis. Um novo que sempre existiu. Um novo que pertence ao registro do real, mas que por nossas construções de linguagem sempre tentamos apreender à nossa moda, perdendo muitas vezes, irremediavelmente a criança, o brincar e o brinquedo. Para que se tenha um desenvolvimento no processo de aprendizagem das crianças é necessário que se tenha uma ambientação adequada isso consiste em oferecer condições de espaços educativos de modo que reúna as maneiras adequadas para que se desenvolva o processo de aprendizagem. Uma ambientação adequada, a partir de recursos selecionados pelo educador com uma clara intenção 25 pedagógica, facilita o processo de aprendizagem. É importante que o ambiente tenha uma conotação educativa e não decorativa. Principalmente quando se trabalha em sala de aula com os jogos, brinquedos e brincadeiras que as ilustrações que se pretenda utilizar devem ser de qualidade, sem estereótipos e que considerem elementos da cultura nacional ou local. Quando se fala em ludicidade o educador deve cuidar para que todos estes recursos sejam significativos para o grupo de crianças, que tenham relação com seus conhecimentos e experiências prévias. 2.1 - O jogo e suas aplicações Para Rezende (2007), o jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades. Os educadores se ocuparam durante muitos anos com os métodos de ensino, e só hoje a preocupação está sendo descobrir como a criança aprende. As mais variadas metodologias podem ser ineficazes se não forem adequadas ao modo de aprender da criança. A criança sempre brincou independentemente de épocas ou de estruturas de civilização, é uma característica universal; portanto, se a criança brincando aprende melhor por que então não ensinarmos da maneira que ela aprende melhor, de uma forma prazerosa para ela e, portanto, eficiente? Rezende (2007), ainda afirma que já são conhecidos muitos benefícios de certos jogos, porém, é importante que o educador, ao utilizar um jogo, tenha definido os objetivos a alcançar e saiba escolher o jogo adequado ao momento educativo. Enquanto a criança está simplesmente brincando, incorpora valores, conceitos e conteúdo. Os jogos clássicos ou passatempos já bastante utilizados, porém a novidade é o estudo feito sobre o aproveitamento no contexto educativo, explorando o máximo esse momento com conhecimento das finalidades de cada jogo. A proposta é ir além do jogo, do ato de jogar para o ato de antecipar, preparar e confeccionar o próprio jogo antes de jogá-los, ampliando desse modo a capacidade do jogo em si a outros objetivos, como profilaxia, exercício, desenvolvimento de habilidades e potencialidades e também na terapia de distúrbios específicos de aprendizagem. Com objetivos claros, cada atividade de preparação e confecção de um jogo é um trabalho rico que pode integrar as diferentes áreas do 26 desenvolvimento infantil dentro de um processo vivencial. A criança tem pouco espaço para construir coisas, para confeccionar brinquedos. Numa sociedade de consumo, são sem dúvida, infindáveis os apelos que chegam até as pessoas. (...) Como mercadoria, a TV vende todos os valores, de produtos de limpeza, as ideias, sentimentos e atitudes. (REZENDE, 2007, p.7). E como consumistas compra-se a maioria delas, as crianças então gastam a maior parte de seu tempo livre diante da televisão e consomem os atraentes jogos e brinquedos eletrônicos. Não sobra tempo para criar, inventar e soltar a imaginação. A criança acaba por não ter a oportunidade de conhecer alguns de seus potenciais criativos por falta de tempo e espaços disponíveis. A oferta de brinquedos eletrônicos e os atraentes jogos e brinquedos à disposição no mercado desmerecem o artesanato, colocando no lugar da satisfação de criar o gosto pelo consumo exacerbado, trocando-se os valores entre o ter e o fazer. Da parte dos educadores, podem passar conteúdos e realizar a avaliações de forma mais atraente e motivadora, e, pela confecção de jogos, atingir diferentes objetivos simultaneamente. 2.2 - Contribuição de Piaget no uso dos jogos em sala de aula Piaget (1975) é um teórico consagrado mundialmente pelas suas descobertas a respeito do desenvolvimento humano, sobre tudo em seus aspectos cognitivos. Ele preocupa-se com o estudo mental ou cognitivo, da forma como os indivíduos conhecem o mundo exterior, entendendo o desenvolvimento como a busca de um equilíbrio superior, e como ele constrói seu conhecimento um processo de equilibração constante. No jogo, a criança se apropria daquilo que percebe da realidade. O autor defende ainda que não é determinante nas modificações das estruturas, mas pode transformar a realidade. Piaget (1975), o processo de aprendizagem, o autor destaca duas tendências: assimilação e acomodação. Entende-se por Assimilação – incorporação dos objetos ou dos acontecimentos aos esquemas existentes (quando está desenvolvendo o esquema de sugar a chupeta, o dedo, e objetos que tenha acesso). Por Acomodação–modificação dos esquemas existentes para assim 27 atender as novas exigências do ambiente (quando a criança toca um objeto e sente que lhe escapa, modifica o esquema de tocar formando assim um novo esquema, o de apanhar ou segurar para assimilar o objeto). Outros fatores importantes para o desenvolvimento cognitivo é a maturação e interação social. A maturação possui grande importância no desenvolvimento das funções cognitivas, uma vez que se refere ao crescimento fisiológico, ao desenvolvimento do sistema nervoso, inclusive o do cérebro. Já a interação com outras pessoas faz com que aconteça um desequilíbrio em relação ao conhecimento. Quando os pensamentos da criança entram em conflito com os pensamentos de criança ou de um adulto, ela começara então a questionar seus pensamentos. Os indivíduos segundo Piaget (1975), se desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio em que vivem. O comportamento de cada um é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Na teoria Piagetiana (1975) do desenvolvimento humano perpassa quatro períodos do desenvolvimento: Período Sensório-motor (zero a dois anos) – é o período em que a criança baseia-se somente em percepções sensoriais e em esquemas motores para resolverem seus problemas, que são essencialmente práticos, como por exemplo, possui pensamento, uma vez que ainda não possui a capacidade de apresentar eventos. Período pré-operatório (dois a sete anos) - neste período, a criança começa a dispor da linguagem oral por volta dos dois anos e da possibilidade de ter esquema de ações interiorizadas, sendo assim capaz de formar representações. Nessa fase de faz – de – conta, a criança cria personagens e desenvolve a escrita. Operações Concretas (sete a onze ou doze anos) – é nesta etapa que o pensamento lógico adquire preponderância, e, ao longo dela, as ações interiorizadas vão tornando – se cada vez mais reversíveis, e, por tanto, móveis e flexíveis. O real e o fantástico não mais se misturarão em sua percepção, e nesse momento, a criança começa a refletir e forma sua personalidade. 28 Operações Formais (onze ou doze anos em diante) – nesta fase, o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta. A criança operatório-formal pode pensar de modo lógico e correto mesmo que com um conteúdo de pensamento incompatível com o real. A construção típica desta etapa é o raciocínio hipotético-dedutivo; é ele que permitirá ao adolescente estender seu pensamento até o infinito. Cada estágio do desenvolvimento descrito por Piaget tem uma sequência que depende da evolução da criança, do nascimento até o final da vida. Uma fase se interliga com a outra de forma que o final de umase confunde com o começo de outra. A evolução começa com a fase puramente reflexiva, passando pela assimilação, pelo simbolismo até chegar à acomodação. Em fim a relação da brincadeira e do jogo, aqui, é vista, estreitamente, relacionada com a atividade produtiva do grupo, contudo, a atividade mediada pelo outro envolvendo objetos e caracterizada como brincadeira quando de sua predominância imaginativa, ou como jogo quando de predominância de regras, importantes para o desenvolvimento das habilidades do infante. E, aqui, aponta-se o outro, o adulto, a criança mais experiente, o educador como importante veículo para a construção da inteligência. Até agora, estar-se numa linha que aponta o papel dos objetos no aprendizado dos novos indivíduos: as crianças. Esse aprendizado ocorre num dado espaço, o qual é rodeado por sujeitos culturais: os adultos. Para tanto, não se trata aqui, de uma relação mecânica e linear de aprendizado e desenvolvimento, onde basta que se apresentem as crianças junto aos objetos de cada cultura, sejam abstratos ou materiais. Piaget acredita que os materiais utilizados são de suma importância para o desenvolvimento cognitivo da criança e dentro do qual se desenvolvem processos psíquicos que preparam o caminho da transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento, também facilita a interação social e assim desenvolve, na troca das relações, o desenvolvimento afetivo e cognitivo. Piaget (1975) classifica também em fase o desenvolvimento na criança: Primeira fase: adaptações puramente reflexas: a criança age conforme os instintos essenciais, como por exemplo, a sucção como refeição. 29 Segunda fase: as condutas adaptativas continuam, mas começam com uma diferenciação: a dualidade. Como exemplo se tem os jogos da voz, que são as primeiras relações. Terceira fase ou fase das relações circulares secundárias: o processo se mantém inalterado, mas a diferença entre jogo e assimilação intelectual é mais nítida. Quarta fase ou fase da coordenação secundária: prologam-se as manifestações lúdicas, pois elas são executadas por pura assimilação, por prazer e sem esforço, tendo em vista atingir uma finalidade. Esta modalidade de esquema permite a formação de verdadeiras combinações lúdicas, passando de um esquema a outro para assegurar-se deles, e sem esforço de adaptações. Consiste em repetir e associar os esquemas já constituídos, com um fim não lúdico. Quinta fase: acontece a transição entre as condutas rituais e o símbolo lúdico, onde as manifestações aparecem com uma fertilidade muito maior de combinações. O jogo se apresenta como uma ampliação da função de assimilação, para além dos limites da adaptação atual. Sexta fase: nesta fase o lúdico desliga-se do ritual, sob a forma de esquemas simbólicos, graças ao progresso de sua representação. Isso se concretiza quando a inteligência experimental passa para uma combinação mental, a imitação externa a imitação interna. Há símbolos, então apenas um jogo motor, porque há assimilação fictícia de um objeto ao esquema, os seu exercício resulta na acomodação. Neste contexto, Piaget classifica os jogos segundo sua evolução, em três grandes estruturas: jogo sensório motor, é obter a satisfação de suas necessidades. Com ampliação dos esquemas, a acriança vai cada vez se tornando mais consciente de suas potencialidades, colocando em ação um conjunto de condutas, sem modificar as estruturas, onde as ações ficam dirigidas somente para atingir seu objetivo maior que é o prazer. 2.3 - Contribuições de Vygotsky no uso dos jogos em sala de aula Vygotsky (1979), estabelece uma relação estreita entre o jogo e aprendizagem, atribuindo-lhe uma grande importância. Para que se possa melhor compreender essa importância é necessário retomar algumas ideias de sua teoria 30 do desenvolvimento cognitivo. A principal é que o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contato regular. Vygotsky (1979), é relevante lembrar também que o principal conceito da teoria de Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Proximal, que ele define a diferença entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que atinge quando resolve problemas com auxílios. Partindo deste pressuposto considera-se que todas as crianças podem fazer mais do que conseguiram fazer por si sós. No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenha um papel de primeira importância. Põem em evidência as qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de fazer em corporação. Por consciente o único tipo correto de pedagogia e aquele que segue em avanço relativamente aos desenvolvimentos e o guia deve ter por objetivo, mas as funções em vias de maturação (VYGOTSKY,1979, p. 138). Não é o caráter de espontaneidade do jogo que torna uma atividade importante para o desenvolvimento da criança, mas sim o exercício no plano da imaginação da capacidade de planejar, imaginar situações diversas representar papéis e situações do cotidiano, bem como, o caráter social das situações lúdicas, os seus conteúdos são inerentes a cada situação. No jogo simbólico estão presentes as condições que possibilitam a criação de uma zona de desenvolvimento proximal. Ao desenvolver um jogo simbólico a criança projeta-se em atividades que são vivenciadas pelos adultos. Dessa forma ela ensaia-lhes significados divergentes das suas possibilidades afetivas. A atuação nesse mundo imaginário cria uma Zona em Desenvolvimento Proximal formada por conceitos ou processos em desenvolvimento. Pode-se sintetizar dizendo que: a regra e a situação imaginária caracterizam o conceito de jogo infantil para Vygotsky. O autor também detecta no jogo outro elemento a que atribui grande importância: o papel da imaginação que coloca em estreita relação com a atividade criadora. (Vygotsky, 1979) para ele os processos de criação são observáveis, mais principalmente nos jogos da criança, porque no jogo ela representa e produz muito mais do que aquilo que viu. Outro aspecto importante colocado por Vygotsky (1979), é que no jogo de faz de conta, a criança passa a dirigir seu comportamento pelo mundo imaginário isto é o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias. Assim, do ponto de meio para desenvolver o pensamento abstrato. A interpretação deste 31 teórico atribui ao jogo imaginário uma dupla dependência com ações subordinadas ao real pelos seus vínculos com acontecimento e regras daquilo que é vivenciado, e com a transformação do real pelas possibilidades e recombinação criativa das experiências. Portanto, as atividades lúdicas quanto a atividade criativa surgem marcadas pela cultura e mediadas pelos sujeitos com que elas se relacionam. Mas além de ser uma situação imaginária, o brinquedo é também uma atividade regida por regras. Mesmo no universo do “faz-te conta” há regras que devem ser seguidas. Ao brincar de professor por exemplo, exerce o papel de professor. Para isso tem que tomar como modelo os processos reais que conhece e extrair deles um significado mais geral e abstrato para a categoria “professor”. Para brincar conforme as regras tem que se esforça para exibir um comportamento semelhante ao do professor, o que a impulsiona para além de seu comportamento como criança. Tanto pela criação de situação imaginária como pela definição de regras especificas o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Na brincadeira a criança comporta-se mais avançada do que nas atividades da vida real e também apreende separar objeto / significado. Vygotsky (1979), sinaliza que ao brincar, a criança não está só fantasiando, mas fazendo uma ordenação do real; tendo a possibilidade de resinificar suas diversas contas permite a reconstrução interna daquilo que é observado externamentee portanto através da imitação são capazes de realizar ações que ultrapassam o limite de suas capacidades como foi falado anteriormente. As situações de imitação precisam interferir e desencadear um processo de aprendizagem. A promoção de atividades que favorecem o envolvimento em brincadeiras principalmente na pré-escola, a brincadeira não deveria ser considerada uma atividade de passa tempo sem outra finalidade que é a diversão. É necessário considerar as brincadeiras que as crianças trazem de casa ou da rua e que organizam independente do adulto como um diagnóstico daquilo que já conhecem tanto no que diz respeito ao mundo físico ou social bem como afetivo elemento mediador das interações das crianças com os objetos de reconhecimento. 2.4 - Jogos: Implicação no Ensino-Aprendizagem da Criança na Educação Infantil 32 Miranda (2001) ressalta que mesmo sem um mediador, as crianças apreendem nas observações que elas, fazem ao seu redor, ouvindo músicas no rádio, historias na televisão, etc. E com a brincadeira não é um processo diferente. Os jogos especificamente por fazerem parte das brincadeiras infantis, sem dúvida contribuem para a aprendizagem das crianças. Jogando, a criança estará aprendendo tanto com o jogo orientado ou livre. Na Educação Infantil, tendo como primordial o desenvolvimento de habilidades básicas, o jogo tem o papel de facilitar esse processo. Algumas habilidades desenvolvidas na criança e que fornecem capacidades indispensáveis para toda vida através do jogo, são motivação atenção, concentração e habilidades perceptuais e psicomotoras. À motivação para que as crianças assimilem os conteúdos ou as cenas que elas presenciam fora da escola; desenvolvimento da criança. (MIRANDA, 2001, p.12). Pelo fato dos jogos estarem hoje, mais presentes nas escolas julga-se que a criança frequenta as aulas com mais assiduidade e entusiasmos que as crianças de algumas décadas atrás. Porém para essa realidade se for necessário entender o contexto os jogos como recurso educativo. De que através de atividades que se apreende. Por um outro lado somente a utilização de conceitos dificulta a aprendizagem enquanto que trabalhar com o real envolve a criança e faz com que ela sinta parte do que está apresentando portanto isso torna a aprendizagem interessante. (KISHIMOTO, 1996, p.34). Além de facilitar a aprendizagem, os jogos prendem a atenção das crianças o que é importante de conceitos dificulta a aprendizagem para o processo de ensino destas e as que jogam tornam-se bem mais criativas que aquelas que não jogam. O jogo é um campo fértil para a semente da imaginação, destacando-se os jogos de faz de conta em que as crianças criam ou imitam personagem ou imita os adultos, pais, tios, professores, ou seja, criam historias abordando os mais diversos assuntos por isso o jogo é por si um universo de informações que precisam ser exploradas cada vez mais pela criança em faze escolar Pesquisas realizadas de diferentes perspectivas que revelam que várias espécies de mamífero ocupam-se em perseguições e faze explorações do meio desligados de objetivos de mera considerados necessários a vida adulta desses animais O jogo humanos capacidade de se relacionar com diferentes parceiros e com eles comunicar-se por meio de diferentes 33 linguagens para criar o novo e tomar decisões. Algo culturalmente determinado. (OLIVEIRA, 2002, p. 159). Diferentes dos jogos lúdicos dos animais as brincadeiras das crianças não são instintivas assim precisamente humanas. Trabalhando o jogo com a criança. O educador estará desenvolvendo nela várias habilidades como; cognição, motivação, coordenação motora, assimilação de conceitos, dentre outras como Miranda, Cunha e Kishimoto darão ênfase neste assunto no decorrer deste capitulo. 2.5 - O processo histórico da Educação Infantil e surgimento dos jogos Para Kishimoto (1993), vários fatores contribuíram para que houvesse a criação da educação infantil. Dentre eles, a necessidade da entrada da mulher no mercado de trabalho. A mulher precisava trabalhar fora e as crianças não tinham com quem ficar. Daí a necessidade de criar um ambiente que pudesse acolhê-las enquanto suas mães trabalhavam. Mães trabalhadoras. Posteriormente, foram criados os jardins-de infância, com cárter educativo e público mesmo que destinados a classe média e alta. Todos os jogos froebelianos envolvem movimentação das crianças de acordo com os versos por elas cantadas. O conteúdo das músicas em consonância com os movimentos facilita o conhecimento espontâneo sobre os elementos do ambiente. O papel educativo do jogo é exatamente esse. Quando desenvolvido livremente pela criança, o jogo tem efeitos positivos na esfera cognitiva, social e moral. (KISHIMOTO, 1993, p.102). Para Kishimoto (1993), a brincadeira, portanto, foi realizada na educação infantil, quando foram criados os jardins de infância frutos da extensão da proposta Froebelinas está por sua vez influenciou a educação infantil de todos os países. Muitos filósofos como Aristóteles Platão, Montaigne e Rousseau enfeitiçaram o papel do jogo na educação porem foi através de Froebel que a criançada pôde brincar de fato na escola. O brincar possui um papel importante no desenvolvimento da criança, ou seja, é uma das linguagens utilizadas por ela, e por isso é necessário que tenha o seu espaço nas instituições de educação infantil (educação de crianças de zero a seis anos). Os jogos sempre estiveram presentes na história da humanidade e a importância do brincar, de simples ato de lazer para uma contribuição ao desenvolvimento da criança, também passou a ser vista como um importante 34 instrumento no processo de aprendizagem. Ao longo de sua história os jogos foram se transformando continuamente pelas ações dos indivíduos e por suas culturas e tecnologias. Kishimoto (1993), os primeiros estudos sobre o jogo educativo situam-se na Roma e Grécia antigas com os pensadores Platão, Aristóteles, Horácio e Quintiliano. Nesta época o jogo era visto como tendo importância para o preparo para a vida adulta. Ao longo da história, encontra-se a existência da relação entre o jogo e a educação, já que Gregos e Romanos já falavam da importância do jogo para educar a criança. Com advento do cristianismo na Idade Média, a educação passou a ser disciplinadora e o uso dos jogos na educação não foi mais permitido, pois era considerado algo “delituosos”, ocorrendo o decréscimo o interesse pelos jogos, compreendendo um período de latência que durou até o século XVI. Portanto, a partir do século XVIII, é que se expande a imagem da criança como ser distinto do adulto, o brincar destaca-se como típico da idade. Neste contexto, faz-se necessário compreender os princípios e fundamentos filosóficos, socioculturais e psicológicos que norteiam o emprego do jogo no contexto educacional, apresentando o jogo no seu percurso histórico e as influencias recebidas pelas transformações sociais, culturais e históricos. Os jogos sempre estiveram associados à educação e a criança e se constituíram em uma forma de atividade do ser humano. As atividades lúdicas envolvem o jogo, o brinquedo e a brincadeira, precisando então ser garantidas em todas as dimensões na educação infantil, mas em especial nas instituições de educação infantis, criadas a partir de então. Nesse período da vida da criança, são relevantes todos os aspectos de sua formação, pois como ser “bio-psico-social-cultural” dá os passos definitivos para uma futura escolarização e sociabilidade adequadas como membro do grupo social que pertence. 2.6 - Os jogos como importante recurso didático na Educação Infantil Miranda (2001), trabalhar com educação infantil requer muita dedicação e criatividade do professor. A criança vive num mundo de brincadeira, e a escola será extensão desse mundo, mascom objetivos definidos para formar o cidadão, consciente dos seus direitos, deveres e obrigações. Portanto, para se trabalhar com 35 a criança é indispensável à ludicidade, pois, através das brincadeiras e dos jogos a criança assimila o que for apresentado sem perder o prazer do brincar – aprender. Miranda (2001), os jogos didáticos são recursos indispensáveis para uma boa prática pedagógica. Na educação infantil, especificamente, os jogos podem ser utilizados nos mais variados eixos: linguagem oral e escrita, matemática, sociedade e natureza, movimento nas diversas disciplinas: Português, Geografia, Ciências et. E assim através deles poderá se abordar temas diversos. Miranda (2001), para educar, o professor ou a professora dispõem de vários métodos que contribuem para o processo ensino aprendizagem, os recursos didáticos, por exemplo, são peças fundamentais para ajudar a criança a assimilar os conteúdos de forma bem mais prazerosa. A criança pequena precisa de limites, orientações e, o que é de mais importante, saber que, em alguns momentos na vida, se ganha; em outros, se perde. Portanto, o jogo é um recurso didático que facilitará ao professor, quando for trabalhar diversos conceitos com a criança, porém, é necessário que ele esteja preparado para conduzir, de forma coesa, as situações de conflitos que são comuns quando se joga. Profissionais da área educacional, comprometidos com a qualidade da sua prática pedagógica, reconhecem a importância do jogo como um veículo para o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos. O jogo não é simplesmente um “Passa-Tempo” para distrair os alunos; ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula, ainda, a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Ao trabalhar o jogo com a criança, o educador estará preparando-a para a realidade social em que ela está inserida - um mundo capitalista em que a disputa está presente em todos os âmbitos. Se bem orientada, a criança construirá valores que contribuirão para sua vida adulta (MIRANDA, 2001, p. 34). Miranda (2001), através do jogo, o indivíduo pode brincar naturalmente, explorar toda a sua espontaneidade e criatividade. O jogar é também essencial para que a criança utilize suas potencialidades de maneira Integral. Somente sendo criativa que a criança descobre seu próprio eu. Esta ação, durante o movimento do jogo causa estimulação suficiente para que o aluno transcenda a si mesmo. Ele é 36 libertado para penetrar no ambiente, explorar, aventurar sem medo de todos os perigos. O processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então, tomando como ponto de partida no nível de desenvolvimento real da criança, num dado momento, e com sua relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, e como ponto de chegada, e os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequadas a faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo de crianças. O percurso a ser seguido nesse processo estará demarcado pelas possibilidades das crianças. Miranda (2001), jogar em sala de aula proporciona momentos ricos em interação e aprendizagem, auxiliando educadores no processo de ensino e aprendizagem. O conhecimento e a apropriação do objeto de conhecimento, através das constantes interações entre criança, meio e objeto de conhecimento. Kishimoto (1996), portanto no jogo que se cria, antecipa e inquiete. Assim transforma-se, levantam-se hipóteses e traça estratégias para a busca de soluções. No jogar, o desejável passa a ser algo obtido através da sua imaginação na qual o abstrato se concretiza e resulta no processo de construção do conhecimento. As situações de jogos atuam no imaginário e estabelece regras, o que proporciona desenvolvimentos na medida em que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento. O educador, para trabalhar com os jogos didáticos, é preciso ter consciência de que estes são apenas meios para educar, e não fins; porém, para que ele tenha consciência disto, é fundamental ter passado por uma capacitação, pois só assim desempenhará com sucesso a utilização de tal recurso, uma vez que utilizar recursos didáticos nas turmas de educação infantil é algo indispensável e significativamente contribuinte. A formação profissional como condição para a qualidade no uso dos jogos, os jogos existentes são diversos e para utiliza-los o educador precisa ter conhecimento das fases de desenvolvimento em que a criança se encontra, para assim selecionar os jogos que satisfarão a necessidade de cada uma. Kishimoto (1996), além da formação acadêmica, outros cursos de capacitação contribuem para que o educador possa inovar a sua prática e desenvolver as habilidades competentes as crianças. O profissional de educação infantil necessita buscar atividades lúdicas que apreendem, pois os educadores se 37 ocuparam durante muitos anos com os métodos de ensino, e só hoje a preocupação está sendo descobrir como a criança aprende. As mais variadas metodologias podem ser ineficazes se não forem adequadas ao modo de aprender da criança. A interação entre o educador e a criança é um fator indispensável quando se trabalha com o lúdico, uma vez que o adulto é visto pela criança como exemplo a ser seguido. Nesse sentido, é de suma importância que o educador busque, de forma incessante, tanto a formação quanto a informação, pois dessa forma estará adquirindo conhecimento inquestionáveis para uma boa prática. 38 CAPÍTULO III: AS PROPOSTAS E AS PRÁTICAS DO LÚDICO NA ESCOLA JOÃO QUIRINO Na intenção de promover uma produção textual alicerçada nas condições visíveis da realidade da escola pesquisada se tem informações cedidas por parte dos professores integrantes da Educação Infantil, sendo de suma importância entender o grau de condições em sua estrutura física e pedagógica e os níveis de participação da comunidade escolar com esses alunos. Por essas razões foi aplicado um questionário com seis perguntas abertas para os professores que fazem parte da Educação Infantil, na intenção de obter resultados significativos para a concretização deste trabalho. Sendo que a escola tem sua existência e funcionamento diariamente, pertencendo ao município de Cachoeira do Piriá – Pará, na vila do Cachoeirinha II. 3.1- Breve apresentação do Cachoeira do Piriá O município de Cachoeira do Piriá foi criado pela lei Nº 5.927 de 28 de dezembro de 1995, desmembrado d município de Viseu. Chamava-se Cachoeira do Garimpo em virtude das atividades predominantes de exploração mineral, sendo o ouro seu principal produto. Emancipado em 28 de dezembro de 1995, Cachoeira do Piriá, apresenta uma área territorial de 2.418, 277 Km2. Densidade de 12,6 hab./Km2; Altitude 92,6m, Fuso horário UTC-3, com uma população segundo o IBGE/2010, estimada em 30.430 habitantes, distribuídos entre as áreas urbanas (20,86%) e rurais (79, 14%), formadas por bairros e comunidades rurais, sendo as que mais desenvolvidas são: Vila Alto Bonito, Vila Amadeu, Vila do Enche Cocha, Vila Alegre, Vila do Jiboia, Vila do Cigana, Vila do Guajará, Vila do Seringal, Vila do Baixinho. Localiza-se distante da capital do Estado (Belém), a 255 Km, tendo como principal via o transporte a Rodovia BR 316, conhecida também como Rodovia Pará/Maranhão, que corta a cidade ao meio de Norte a Sul. O adjetivo de seus filhos naturais chama-se Cachoeira Piriaense. Na representação política, conta com o Poder Executivo, formado pelo prefeito municipal e o vice-prefeito, auxiliados por cinco secretários municipais e o Poder Legislativo formado por uma câmara com 11 (onze) vereadores. 39 A economia é baseada no extrativismo mineral (ouro), vegetal (madeira),açaí nativo, no cultivo de roçados de subsistência (mandioca, banana e feijão), na pecuária e no comercio de varejo e atacado. Na área da saúde a população é atendida por uma equipe de: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, psicólogos, Assistentes Sociais, Fonoaudiólogos, sendo que estes profissionais atendem em Posto de Saúde e em Unidades Básicas de Saúde da Família. A rede municipal de ensino conta com 5 (cinco) escolas na sede do município e 46 (quarenta e seis) na zona rural, todas ativas. Oferece o curso de Educação Infantil, Ensino Fundamental 1 (1º ano ao 5º ano), Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e Educação de Jovens e Adultos (1ª a 4ª Etapa). Figura 1: Cidade de Cachoeira do Piriá – PA, vista parcial da entrada da cidade. 40 Figura 2: Cidade de Cachoeira do Piriá – PA, vista parcial dos altos da cidade. 3.2- Escola Municipal de Ensino Fundamental João Quirino A Escola Municipal de Ensino Fundamental João Quirino, localizada na vila do Cachoeirinha sede do município do Cachoeira do Piriá, alvo do presente estudo, a mesma foi fundada em 2005, a referida escola foi criada para atender um número considerável de alunos que necessitavam de uma educação digna, pois não havia escola nesta vila. O ensino é realizado em turmas multisseriadas decorrente a falta de estrutura física da escola e por falta de profissionais nas mais distintas séries. A escola atualmente possui em sua estrutura física: 1 sala de aula que serve de sala de leitura, 1 sala dos professores que serve de secretaria, 1 sala de merenda que serve de copa, 1 quadra improvisada, 1 banheiro. Em sua estrutura pedagógica é formada por: 2 professores, 2 serventes, 1 zelador, 1 diretora que também dá aula. Nesta condição a escola tem em média 40 alunos que necessitam de um acompanhamento educacional de qualidade e merenda escolar nutritiva, a escola possui poucos utensílios de uso para realizar o preparo da merenda e outros recursos são utilizados pelos próprios professores trazido de suas casas, como: data show, Aparelho de DVD, Xerox, entre outros produtos. A vila do Cachoeirinha II é composta por pessoas humildes, com baixa renda, uma grande parte das famílias estão inseridas no Programa Bolsa Família, as mesmas tem como fonte de renda a agricultura e infelizmente possui um grande 41 índice de analfabetismo, pois a escola funciona nos turnos da manhã e tarde e os alunos da vila são proveniente da própria vila. Figura 3, 4: Escola João Quirino / Vila do Cachoeirinha do Piriá - Pará. 42 3.3- As Práticas Pedagógicas na Educação Infantil na escola João Quirino Decorrente a pesquisa de campo foi necessário entender de que forma os professores realizam esse processo nas práticas lúdicas, utilizando os Jogos, Brinquedos e Brincadeiras em sala de aula na Educação Infantil. Segundo os relatos das professoras o uso do lúdico é importante e significativo, pois se tem a música na sala de aula, os jogos como uma das forma de recursos principalmente os que tem figuras geométricas que auxiliam na aprendizagem dos alunos no processo de decifrar: cores números, formas, letras e imagens. No caso da música os alunos passam a desenvolver uma comunicação e socialização de forma compreensível e respeitosa com o próximo, sem que haja nenhum tipo de bloqueio. Os jogos são utilizados para que os alunos possam desenvolver suas habilidades de forma junta e individual neste processo de regras e comportamento, portanto todos os alunos buscam ser participativos. As professoras cederam exemplos de como é realizado este processo em sala de aula usando a música para apresentar o objetivo da brincadeira, por exemplo: Brincadeira de Roda Tema: Saia, saia, piaba da lagoa Saia, saia Piaba da lagoa Põem a mão na cabeça Outra na cintura Dá um remelexo e um abraço no outro Objetivo da brincadeira Desenvolver a interação, a amizade, coordenação motora e também a oralidade e sua atenção. 43 A brincadeira é realizada de forma expressiva e espontânea, com uma proposta solicitadas pelos próprios alunos, pois andam em círculo e ao mesmo tempo cantam porem observando os comandos que constam na brincadeira. O que se percebe é que algumas crianças tem vergonha de abraçar o outro e de se requebrar no momento do remelexo, mesmo assim participam repetindo assim algumas vezes. Momentos de Recreações Segundo os relatos da professoras no dia sexta a escola cede o momento para que as criança da Educação Infantil possam promover as suas próprias atividades lúdicas. Sendo que os professores orientam esses alunos e apresentam os objetivos do uso de cada objeto, por exemplo imagem abaixo representa uns desses momentos. Figura 5: Momento de recreações na Educação Infantil da Escola João Quirino. Nesta recreação o uso de figuras geométricas passam a ser uma das melhores fontes de aprendizagem para as crianças principalmente por se tratar de um contato com as cores, formas, tamanho, modelos, facilitando assim o interesse do aluno em criar as suas próprias artes com inúmeras representações. 44 Figura 6: Momento de recreações na Educação Infantil da Escola João Quirino. Neste momento as crianças criam as suas próprias artes e se sentem felizes em pôr em práticas as suas habilidades com figuras geométrica tornando as aulas prazerosa, existindo assim uma socialização entre os alunos da classe. Para Kishimoto (1996), os jogos aplicados na sala de aula tem uma influência fundamental para o desenvolvimento mental, cognitivo auxiliando na pratica da socialização desses alunos na criação desta formação pedagógica. Ressaltando sobre a visão dos professores e da autora as práticas pedagógicas serve para auxiliar as aulas na Educação Infantil e isso tem uma importância significativa para processar uma formação nas series seguintes. 3.4- Apresentação e Discussão dos Resultados Na intenção de realizar este trabalho teve como metodologia entrevistar duas professoras que fazem parte da Educação Infantil, com a intenção de obter resultados expressivos sobre as formas de aprendizagem dos alunos da Escola Municipal João Quirino. Sendo que a responsável da escola teve participação total das perguntas realizadas no obtenção de respostas, mesmo entendendo que a escola também trabalho com o processo de multisseriado, e apresentar uma grande carência física, falta de recursos e material didático. Pois a responsável da escola afirma que: “A escola deve ser totalmente reformada e ampliada para que as crianças da Educação 45 Infantil possa receber de forma correta uma aprendizagem lúdica digna e favorável aos critérios de desenvolvimento mental”. Segundo o pensamento de Miranda (2001), a criança deve ser incentiva aprender a se relacionar com as outras crianças utilizando os jogos, brinquedos e brincadeiras como forma de conquistar um conhecimento necessário e saber decifrar as suas veracidades diárias em tempo de aprendizagem escolar. Para o autor o aluno tem uma certa alegria em aprender em quando se faz parte da Educação Infantil sem interferir em suas necessidades de socialização e decifração de regras e controle de tempo, torna-se algo expressivo e prazeroso entender as diferenças entre os jogos, brinquedos e brincadeiras. Na referida escola a necessidade de se ter uma melhor condição ela é generalizada podendo ser comparada como “abandono” político, pois a educação poderia ser melhor e a proveitosa em grande parte. Com base nos relatos adquiridos se tem o compromisso em expor de forma expressiva as respostas adquiridas através dos questionários aplicado na escola pesquisada. Sendo que a professora (a) tem formação em Pedagogia e já atua em sala de aula há mais de cinco anos. A
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