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Nome da Universidade: Estácio de Sá Nome do Departamento: Letras - Língua Portuguesa - Formação Pedagógica Nome da Disciplina: Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Educação Título do Relatório: As desigualdades sociais no sistema educacional brasileiro Nome do aluno (a): Natália Vieira Almeida - Matrícula: 202001461541 Data: 13/05/2020 Este trabalho visa discutir as desigualdades educacionais no Brasil, que vem desde o surgimento do sistema escolar brasileiro, que priorizava o atendimento aos filhos da classe dominante e média, portanto já era desigual. É importante ressaltar que no Brasil estas desigualdades sempre foram gritantes e mesmo nos fins do século XIX e início do século XX quando se inicia o processo de generalização do Ensino Fundamental atendendo aos filhos das classes trabalhadores, este ensino era inferior e tem por objetivo prepará-los para o trabalho industrial e não para uma educação continuada. Para Karl Marx não é possível falar de educação sem referir-se à realidade socioeconômica e à luta de classes. Observamos claramente as desigualdades a que Marx referia-se: diferenças entre aqueles que dominam e os dominados. Vemos, em nosso dia a dia, uma gritante desigualdade social. Podemos verificar, que a escola, enquanto instituição social reflete os elementos presentes na sociedade e o processo de ensino aprendizagem é o processo que também permite e estabelece formas de regulação social adequando indivíduos e grupos à própria estrutura da sociedade. A educação, na medida em que é uma das funções do Estado, também é reguladora da moral vigente na sociedade. A Educação é o principal instrumento para enfrentar as desigualdades sociais, mas hoje o sistema educacional brasileiro atua no sentido de manter e aprofundar as diferenças de oportunidades. Ao pensarmos em desigualdade educacional, não podemos analisar a partir de um simples fator, pois existem diferentes desigualdades quando pensamos em educação escolar, Existe a desigualdade de não ter acesso ao sistema escolar, existe a exclusão dentro do próprio sistema, existem acessos a padrões diferentes de qualidade educacional e existe a desigualdade de tratamento – quando estudantes têm acesso a condições muito desiguais da oferta educacional, que deveriam ser, no mínimo, igual para todos. Mas, para falarmos de desigualdade na educação, devemos voltar no tempo e olhar para os estudos da Sociologia sobre as desigualdades entre os homens e as classes sociais. A partir do século XVI, com as modificações acontecendo na sociedade e com o começo dos estudos sociológicos, iniciaram-se os questionamentos acerca da existência das desigualdades de classes entre os homens, e muitas foram às tentativas de explicação da origem das desigualdades. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) afirmava que as desigualdades entre os homens não são de caráter natural, mas oriundas da convivência dos indivíduos em sociedade. Para Mark Weber a definição do conceito de classe social é que todo grupo de pessoas que se encontram em uma situação de classe semelhante, ou seja, têm os mesmos acessos e possibilidades de aquisição material e posição social. A sociedade capitalista é uma sociedade marcadamente desigual e excludente, na medida em que nela encontram-se presentes o próprio processo da luta de classes, onde temos uma relação desigual entre capital e trabalho. As classes sociais são a expressão do modo como as desigualdades estão estruturadas na sociedade capitalista. O primeiro estudioso a conferir preponderância analítica às classes sociais foi Karl Marx. Segundo Karl Marx, as sociedades são sociedades de classes e em qualquer sociedade, encontramos um sistema de classes, ou seja, um sistema onde há um grupo dominante e um grupo dominado. Para ele as classes não são somente uma idéia dos economistas ou dos sociólogos, trata-se de uma realidade material que influencia o comportamento dos atores. Não precisamos fazer nenhum esforço para constatarmos a existência de uma enraizada desigualdade socioeconômica em nossa sociedade. A desigualdade social é elemento cada vez mais presente no cotidiano das grandes cidades brasileiras. Este fenômeno tem se caracterizado como marca dos grandes centros urbanos, que são capazes de congregar, em uma mesma localidade, diferentes grupos sociais com interesses econômicos, políticos e sociais antagônicos. O sistema educacional constituiu-se a partir do momento em que a sociedade se estruturou em classes sociais antagônicas, com o fim da chamada sociedade primitiva. A desigualdade de renda e os indicadores educacionais, partindo da compreensão de que o Brasil é um dos países que apresenta uma maior disparidade econômica entre os segmentos populacionais revela a relação existente entre as condições econômicas da população e os níveis educacionais nas diferentes classes sociais. E como pensar na educação neste contexto? Como podemos verificar a educação faz parte da instância ideológica, neste sentido pode transmitir todos os valores, hábitos e crenças presentes na sociedade. Se a sociedade é desigual, a educação poderá transmitir os valores da classe que tem poder dominante. Neste sentido, a educação na sociedade desigual, desigualdade esta estabelecida na estrutura social, leva a que indivíduos e grupos internalizem os valores daqueles que são dominantes e exercem o poder na estrutura da sociedade. Neste sentido, se consideramos Marx, podemos dizer que no contexto de uma sociedade de classes a educação vai transmitir os valores da classe dominante. Os interesses e as necessidades da classe social dominante passaram a delimitar o campo da Educação na medida em que passou a servir para a dominação social de poucos sobre muitos. Sendo assim, a necessidade de se construir um aparato de dominação ideológica e intelectual encontrou, na escola e no sistema educacional em geral, seu ponto de apoio. Finalizando, a discussão sobre os meios de reduzir a desigualdade educacional deve estar sempre presente. Se no ponto de vista do acesso à educação as ações devem ser mais objetivas, visando a ampliação do sistema público escolar, no ponto de vista de conhecimento e conteúdo, a questão é mais complexa, pois passa por uma discussão de quais conhecimentos e conteúdos devem ser ministrados nas salas de aulas das escolas brasileiras e qual conhecimento se quer passar para cada aluno brasileiro. Lembrando que esta mudança de conteúdo não pode ficar restrita ao conteúdo programático, mas, atuar de maneira que forme um cidadão brasileiro que participe da vida social e política do Brasil. Para que isso aconteça precisamos que as políticas públicas referentes ao campo educacional implantadas pelos governos sejam, federal, estadual ou municipal, sejam contínuas e que não seja só de interesse de determinado grupo político, para que possamos cobrar estas ações por parte dos governantes independente de partido político que esteja no poder. Referências Bibliográficas NERY, Maria Clara Ramos, ESPECIFICIDADE DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO (2013) Rio de Janeiro: Ed. InterSaberes GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. (1989) Rio de Janeiro: Ed. Guanabara BAILIERO, Fernando de Figueiredo, ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO (2014) Rio de Janeiro: Ed. Seses Sites visitados: https://www.sociologia.com.br/karl-marx-e-as-classes-sociais/ https://educacaointegral.org.br/reportagens/desigualdades-educacionais-no-brasil/ http://econoeduc.com.br/2017/01/desigualdade-na-educacao-um-ponto-a-ser-considerado- nas-politicas-publicas/
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