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A FACULTATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

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1 
FACULDADE FACI | WYDEN 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
DEIVAN CRÍSTIAN RODRIGUES DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FACULTATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL: Uma análise 
dos reflexos à luz da garantia do Direito Fundamental à Liberdade 
Sindical. 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM-PA 
2018 
 
DEIVAN CRISTIAN RODRIGUES DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FACULTATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL: Uma análise 
dos reflexos à luz da garantia do Direito Fundamental à Liberdade 
Sindical. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao curso de graduação em 
Direito da Faculdade Faci | Wyden, para a 
obtenção de nota parcial na disciplina Ordem 
Trabalhista, sob a orientação da Prof.ª Ms. 
Gláucia Kelly Cuesta da Silva. 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM-PA 
2018 
 
A FACULTATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL: Uma análise 
dos reflexos à luz da garantia do Direito Fundamental à Liberdade 
Sindical. 
 
Deivan Cristian Rodrigues de Sousa 
 
 
 
RESUMO 
Fruto das inquietações sobre a mudança na contribuição sindical trazida pela 
reforma trabalhista, este artigo com o tema: A facultatividade da contribuição 
sindical: uma análise dos reflexos à luz da garantia do direito fundamental à 
liberdade sindical, tem como objetivo principal, analisar a reforma trabalhista no 
que diz respeito a facultatividade da contribuição sindical, na perspectiva de saber 
quais os possíveis impactos e/ou reflexos para a organização sindical e sua 
liberdade enquanto direito fundamental. Para o alcance desse objetivo, utilizou-se 
como metodologia a pesquisa bibliográfica com leitura de artigos, revistas e demais 
referencias sobre o tema. O trabalho discute a origem, definição e destinação da 
contribuição sindical, o direito fundamental à liberdade sindical e analisa os 
possíveis reflexos da facultatividade da contribuição sindical, tendo como principais 
conclusões os principais reflexos levantados no decorer do trabalho. 
 
 
Palavras-chave: Contribuição sindical, facultatividade, reflexos, liberdade, 
direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Discente do sétimo semestre do curso de Direto da Faculdade Faci|Wyden; Servidor Público da Universidade 
Federal do Pará-UFPA no cargo de Assistente em Administração, lotado no Instituto de Ciências Jurídicas - 
ICJ. 
 
ABSTRACT 
As a result of the concerns about the change in the union contribution brought by 
the labor reform, this article with the theme: The facultativity of the union 
contribution: an analysis of the reflexes in light of the guarantee of the fundamental 
right to freedom of association, has as main objective, to analyze the labor reform 
with regard to the faculties of the union contribution, with a view to knowing the 
possible impacts and / or consequences for the trade union organization and its 
freedom as a fundamental right. In order to achieve this objective, the 
bibliographical research was used as a methodology with reading of articles, 
journals and other references on the subject. The paper discusses the origin, 
definition and destination of the union contribution, the fundamental right to freedom 
of association and analyzes the possible effects of the faculties of the union 
contribution, having as main conclusions the main reflections raised in the course of 
the work. 
 
Keywords: Union contribution, faculties, reflexes, freedom, right 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A trajetória do ser humano nas sociedades é indissociável do conceito de 
trabalho e está no cerne do desenvolvimento das relações sociais. A contar da 
antiguidade quando o homem primitivo utilizava-se do trabalho como meio de 
satisfazer suas necessidades na luta pela sobrevivência, até a percepção das 
relações de trabalho contemporâneas com suas contradições, incoerências e 
injustiças. 
No Brasil historicamente de raiz escravocrata, até o início da década de 
1930 as legislações que tutelavam garantias ao trabalhador eram praticamente 
inexistentes. Após a chamada República Velha e a ascensão da dinâmica 
econômica da agricultura cafeeira de São Paulo e do gado leiteiro de Minas Gerais, 
o controle político se concentrava nas oligarquias, sobrepujando o interesse das 
classes dominantes frente à classe trabalhadora, o sentido de trabalho estava na 
busca da produtividade decorrente de uma Revolução Industrial atrasada, mediante 
jornadas de trabalho exaustivas, entre outras condições extremas de 
vulnerabilidade do trabalhador no ambiente laboral. 
É nesse contexto que a organização sindical passa a surgir, com a 
responsabilidade de defender os interesses de uma classe explorada e sem 
perspectivas de direitos assegurados. O direito sindical, portanto, surgiu 
historicamente em momentos de extrema exploração do capital sobre o trabalho, 
como resposta ao alto grau exploratório, lutando e exigindo melhorias nas 
condições de trabalho. Por isso, a história do sindicalismo está diretamente 
atrelada a própria história do surgimento e desenvolvimento do direito do trabalho, 
o que por si só justifica a sua importância nas relações laborais. 
Assim, não há como se duvidar da importância dos movimentos sindicais, 
pois esta vai muito além de suas funções típicas como, celebração de acordos e 
convenções coletivas, estas organizações representam de forma ampla os 
interesses e direitos da categoria representada. Também, é um importante 
instrumento de tutela e proteção dos trabalhadores, e exercem considerável 
influência na atuação legislativa, contribuindo para as fontes materiais do direito. 
Acredita-se que somente por meio de um ser coletivo e organizado é possível 
proteger e reivindicar direitos da classe trabalhadora. 
Contudo, é importante destacar que, apesar do reconhecimento da sua 
importância, em uma breve perspectiva histórica, constata-se que o processo de 
construção e desenvolvimento dos sindicatos não ocorrem de forma tranquila, 
uniforme e pacífica. Proibições, repressões e criminalizações, fazem parte da 
história dos sindicatos, que, só conquistaram reconhecimento do direito de 
coalização e livre organização, na segunda metade do século XIX. Como um 
processo evolutivo, os sindicatos proliferam e se fortalecem. No Brasil constituiu-se 
preponderantemente no século XX. 
Hoje, com um perceptível avanço na conquista de direitos e atuação, as 
organizações sindicais passam por momentos de incertezas sobre suas conquistas 
históricas, frente as determinações expressas na LEI 13.467/2017, que trata da 
reforma trabalhista. Dentre os tantos pontos polêmicos que merecem discussão e 
análise, um que certamente merece ser analisado é o que trata da facultatividade 
da contribuição sindical, que implica na transformação da contribuição sindical de 
valor obrigatório em facultativo, dependente de autorização expressa e prévia 
do destinatário. 
A opção nesse trabalho pelo tema a Facultatividade da contribuição sindical: 
uma análise dos reflexos à luz da garantia do direito fundamental à liberdade 
sindical, se deu em razão da necessidade em aprofundar o entendimento sobre a 
questão e principalmente identificar quais os possíveis reflexos dessa mudança em 
relação a garantia do direito fundamental a liberdade sindical. 
Com essa problemática a ser estudada, o objetivo principal do presente 
artigo é analisar a reforma trabalhista no que diz respeito a facultatividade da 
contribuição sindical, na perspectiva de saber quais os impactos e/ou reflexos para 
a liberdade sindical enquanto direito fundamental, pois superando o debate em 
torno de ser contra ou favor, é necessário que se investigue analiticamente os 
reflexos dessa mudança à luz do processo no qual a reforma foi elaborada, 
Para que tal objetivo pudesse ser alcançado, utilizou-se como metodologia a 
pesquisa bibliográfica com leitura de artigos, revistas e demais referencias sobre o 
tema. A organização deste estudo se deu a partir de pontosque envolvem a 
referida questão, sejam eles: a origem, definição e destinação da contribuição 
sindical, no intuito de resgatar o contexto e as circunstâncias que levaram a classe 
trabalhadora a organizar-se e assegurar a instituicionalização da contribuição 
sindical, sua definição e destinação. Outro ponto é a facultatividade apresentada 
pela lei 13.467/2017 e seus possíveis impactos na organização sindical, para que 
se entenda melhor a questão sobre pontos de vistas diferentes, analisando-se não 
somente a sua defesa ou condenação, mas as intencionalidades que podem 
acompanhar tal proposta e os devidos reflexos à liberdade sindical. Posteriormente 
discute-se o direito fundamental à liberdade sindical, na intenção de esclarecer o 
significado da liberdade sindical enquanto direito fundamental. Finaliza-se com 
algumas conclusões tiradas a partir dos estudos e análise feitas. 
O presente tema desenvolvido neste artigo se justifica por trazer para 
discussão e análise a questão que, ora acredita-se ser uma das mais importantes 
em relação a facultatividade da contribuição sindical, que são os possíveis reflexos 
e impactos nas organizações sindicais, considerando o direito fundamental de 
liberdade. Pois, sem ignorar as demais mudanças prevista na reforma trabalhista, 
são estes que no momento certamente precisam ser debatidos e analisados, na 
perspectiva de buscar meios de avaliar a dimensão dos mesmos e trabalhar para 
que não se tornem mais maléficos do que ora se propõe. 
Portanto, acredita-se que este trabalho será de grande relevância tanto para 
o crescimento pessoal, como para formação acadêmica e profissional de seu 
elaborador, pois trata-se de um tema atual, polêmico e complexo, que exige 
interesse social e análise crítica permenente, principalmente daqueles que 
pretendem atuar na área de promoção social e garantia de direitos coletivos. 
 
1 ORIGEM, DEFINIÇÃO E DESTINAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL 
Desde as suas origens no século XIX, os sindicatos foram instituídos para 
representar e defender os interesses dos trabalhadores de uma determinada 
categoria profissional ou econômica. O direito sindical brasileiro tem um processo 
de surgimento e desenvolvimento mais tardio se comparado com os Países 
europeus. As primeiras associações livres de trabalhadores igualmente livres e 
assalariados, mesmo não se intitulando sindicatos, surgiram nas décadas finais do 
século XIX, A organização sindical propriamente dita, só ocorre no século XX, fruto 
dos esforços da classe operária na sua luta contra o despotismo e a dominação do 
capital pelo processo da industrialização nacional. 
Durante a Era Vargas houve a concretização do sindicalismo nacional. Em 
1930 foi criado o Ministério do Trabalho e em 1931 ocorreu a regulamentação da 
sindicalização operária e patronal. Sabe-se que em razão da sua finalidade básica, 
as entidades sindicais não atuam de maneira a obter lucro e não possuem fontes 
primarias de arrecadação, que custeiem o pleno funcionamento das suas 
instalações. Nesse sentido, a instituição da contribuilçao sindical pela Constituição 
de 1937 em seu artigo 138, significaria um ganho para a referida organização? 
 
[...] a associação profissional ou sindical é livre. Somada contribuição 
sindical ente , porém, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado 
tem o direito de representação legal dos que participarem da categoria de 
produção para que foi constuído, e de defender-lhes os direitos perante o 
Estado e as outras associações profissionais, estipular contratos coletivos 
de trabalho obrigatórios para todos os seus associados, impor-lhes 
contribuições e exercer em relação a eles funções de Poder Público. 
 
 
É necessário frisar que tais prerrogativas, por mais providenciais que 
pudesse parecer aos sindicatos, não estavam livres das ideologias dominantes da 
época, pelo contrário era coerente com o Estado autoritário e interessado em 
controlar as entidades sindicais. Nesse aspecto vale ressaltar a análise de Jorge 
Luiz Souto Maior1 sobre a origem do modelo sindical brasileiro. Afirmando que o 
modelo sindical brasileiro ainda hoje é associado ao anacronismo previsto na CLT 
de 1943, de origem facista, que atrelou sindicato ao Estado para construir “o 
espírito de harmonia entre patrões e operários” 
Essa dimenção contraditória que nega a divisão de classes certamente não 
condiz com a realidade da sociedade capitalista. Assim, Souto Maior, ressalta que 
hoje não é mais a legislação instituida por Vargas que rege a organização sindical, 
porém não podemos esquecer a história, ela certamente é reflexão para o presente 
e alerta para a construção de futuro. 
Em 1940, através de decreto-lei, essa contribuição foi denominada de 
imposto sindical e estabeleceu, entre outros, a época do recolhimento pelas 
empresas e indicou o percentual a ser distribuído pelos sindicatos às entidades de 
grau superior. O Decreto-Lei 2.377/40, de 8 de julho de 1940, dipõe sobre o 
pagamento e arrecadação das contribuições devidas aos sindicatos pelos que 
participam das categorias econômicas ou profissionais representadas pelas 
referidas entidades. Com a finalidade de assegurar financeiramente a prestação de 
 
1
 Jurista e professor livre docente de direito do trabalho brasileiro na USP, Brasil desde 2001. É juiz titular na 3ª 
Vara do Trabalho de Jundiaí desde 1998, palestrante e conferencista. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto-lei
serviços assistenciais, como um braço da estrutura oficial do Estado. Nesse 
sentido, vale reiterar a carcteristica perniciosa pela qual esta seria uma forma de 
manter os sindicatos controlados pelo Estado. 
Segundo Marcelo Meleck2, (in revista eletronica, Reforma trabalhista III, 
2017, p. 10) “a Constituição brasileira de 1988 privilegiou o direito sindical, 
fortalecendo-o e fixando garantias de sua manutenção, desenvolvimento e 
efetividade”. Uma das conquistas previstas foi preservação da contribuição sindical 
compulsória, mantendo assim a principal fonte de recursos dos sindicatos para o 
bom funcionamento dessas entidades. 
A referida contribuição instituida legalmente, foi recepcionada pelo art. 8º, IV, 
in fine, e art. 149 da CF/88. 
 
ART. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o 
seguinte: 
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de 
categoria profissional, será descontada em folha, para : do sistema 
confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da 
contribuição prevista em lei; 
 
 
Art, 149 – Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, 
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento da sua atuação nas 
respectivas áreas, observando o disposto nos arts, 146, III, e 150, I e II, e 
sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a 
que alude o dispositivo. 
 
 
Tal garantia confere aos sindicatos o poder de impor contribuições e exercer 
funções delegadas do Poder público, a contribuição sindical de acordo com esse 
dispositivo legal, passa a ser uma obrigação de todo o trabalhador, no sentido de 
contribuir com a entidade de classe que regulamenta sua ação profissional. 
Embora nem todo trabalhador seja sindicalizado, todo assalariado faz parte de uma 
classe que responda por seus interesses. Assim, todos os anos, o equivalente à 
remuneração de um dia de seu trabalho é descontado do salário. Este valor é 
distribuído aos sindicatos, federações, confederações e instituições relacionados à 
categoria. 
 
2
 Doutor em Direito pela PUC-PR. Advogado. Professor da Universidade Positivo e membro do Núcleo 
Docente Estruturante, leciona as disciplinas de direito do trabalho, processual do trabalho e prática trabalhista. 
Professor orientador do Projeto Horizontesdo TRT 9. Professor de Direito do Trabalho no curso de Pós 
Graduação da Universidade Positivo e convidado da PUC, IEL, dentre outras. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_p%C3%BAblico
A contribuição sindical é legalmente prevista, obrigatória e garante a 
continuidade de atividades sindicais e iniciativas de proteção ao trabalhador e a 
arrecadação desses valores deve ser destinada ao custeio de todo oo sistema 
confederativo, nos percentuais de 60% do total aos sindicatos, 15% as federações, 
5% as confederações, 10% para as centrais sindicais, indicada pelo sindicato e que 
atendam aos requisitos de representatividade e 10% para a “Conta Especial 
Emprego e Salário”, administrada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, visto que 
integram os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, conforme artigo 589 da 
C.L.T. e acréscimos pelo artigo 5º da Lei nº 11.648/08. 
Nessa perspectiva, a referida contribuição, pela óptica tributária, deve ser 
considerada “contribuição parafiscal”, visto que não é destinada com exclusividade 
ao ente que retém a competência tributária, mas delegado os elementos da 
capacidade tributária ativa. Ademais, o Supremo Tribunal Federal reconhece a 
natureza tributária da contribuição sindical: 
 
A contribuição confederativa, instituída pela assembleia geral – CF, art. 8º, 
IV – distingue-se da contribuição sindical, instituida por lei, com caráter 
tributário – CF art. 149 – assim compulsória. A primeira é compulsória 
apenas para os filiados do sindicato (RE 198.092 – Rel. Min. Carlos 
Velloso – j. 27.08.1996 – 2ª T. – DJ de 11.10.1996). 
 
 
Outras destinações deste recurso estão definidas no artigo 592 da C.L.T., 
ressaltando a aplicação dessa receita visando a prestação de serviços 
relacionados à assistência jurídica, médica, hospitalar, odontológica, farmacêutica, 
realização de estudos econômicos e financeiros, agências de colocação, 
cooperativas, bibliotecas, creches, congressos e conferências, medidas de 
divulgação comercial e industrial no País, e no estrangeiro, bem como em outras 
tendentes a incentivar e aperfeiçoar a produção nacional, feiras e exposições, 
prevenção de acidentes do trabalho, assistência a maternidade, auxílo-funeral, 
colônia de férias e centros de recreação, finalidades desportivas e sociais, 
educação e formação profissional, bolsa de estudos, prêmios por trabalho técnicos 
e científicos, entre outros. 
Podemos assim inferrir que a contribuição sindical é um tributo pago pelos 
trabalhadores, que surgiu da necessidade em estruturar e agregar força e 
participação, pressupondo a evolução da organização sindical. Nos países 
capitalistas centrais demonstram uma clara linha de coerência entre o processo de 
democratização dessas sociedades e Estados com o reconhecimento e resguardo 
dos direitos e princípios da livre e autonômica associação sindical. 
A obrigatoriedade da referida contribuição para empregados, empresas e 
profissionais liberais pertencentes a categorias representadas por sindicatos, 
permite as organizações sindicais uma vida contábil previsível, calculável e certa, 
possibilitando assim a sua estruturação financeira e obviamente o seu 
fortalecimento, pois na prática, assegura a manutenção das estruturas de classe 
que o representam. 
Cabe aqui frisar que segundo o Ministério do Trabalho há neste momento no 
Brasil um total de 16720 sindicatos com registro ativo, sendo 11478 de 
trabalhadores e 5242 de empregadores, fora confederações, federações e centrais 
sindicais. Foram abertos 289 novos sindicatos no país somente em 2017. Esse 
quantitativo representa um recurso financeiro assegurado pela contribuição sindical 
muito elevado, em 2016 os sindicatos receberam R$ 3,5 bilhões dos trabalhadores. 
Em 2017, a soma chegou a R$ 3,54 bilhões. Certamente essa receita faz uma 
enorme diferença na vida e organização das referidas instituições. 
A estrura financeira de uma organização sindical é, sem dúvida um posto 
muito importante a ser considerado, pois a redução da sua receita pode afetar 
significativamente seus compromissos financeiros e portanto a sua manutenção. 
 
2 O DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERTADADE SINDICAL 
A discussão sobre a facultatividade da contribuição sindical e seus possíveis 
impactos nessa organização, ora colocada em estudo, nos leva a pensar sobre o 
direito fundamental à liberdade sindical. Qual o significado de liberdade sindical? O 
que são direitos fundamentais? o direito de liberdade sindical, consagrado no texto 
constitucional, pode ser considerado direito fundamental do cidadão trabalhador? 
Buscar meios de responder a esses questionamentos é fundamental nesse 
estudo, pois demonstra a tentativa de compreender melhor o tão alardeado direito 
à liberdade sindical, hoje fortemente usado para justificar a drástica mudança das 
regras trabalhista em relação a contribuição sindical. 
Para entender melhor o que são direitos fundamentais é necessário buscar 
algumas definições que acompanham o processo histórico dos sindicatos. Estudos 
indicam que os mesmos surgiram inicialmente como direitos de defesa do trabalho 
face ao Estado, o principal violador desses direitos. Na percepção de Abrantes 
(2005) essa era uma concepção liberalista baseada no jusnaturalismo, uma vez 
que competiria ao direito positivo reconhecer e proteger os referidos direitos que 
seriam anteriores ao direito positivo e existiriam independentemente dele. 
Essa mesma concepção está presente na definição feita por José Carlos 
Vieira de Andrade, Segundo o mesmo, 
 
Os direitos fundamentais são, na sua dimensão natural, direitos absolutos, 
imutáveis e intemporais, inerente à qualidade de homem dos seus 
titulares, e constituem um núcleo restrito que se impõe a qualquer ordem 
jurídica (2009, p. 21). 
 
Desta forma, as leis, regras e normas nessa perspectiva são tidas como 
imutáveis, universais, atemporais e invioláveis, pois estão presentes na natureza 
do ser humano independente de sua vontade. Pode-se então afirmar que o Direito 
Natural é baseado no bom senso, sendo este pautado nos princípios da moral, 
ética, equidade entre todos os indivíduos e suas liberdades. 
Entretanto, essa concepção não acompanha a dinâmica das sociedades. 
Com o advento do Constitucionalismo Social, iniciado pela Constituição Francesa 
de 1848, seguido das Constituições Mexicana de 1917, Weimar de 1919, bem 
como a Constituição Brasileira 1934, foram inseridos no texto constitucional direitos 
trabalhistas, embora naquela época a leitura feita dos referidos direitos era como 
princípios programáticos, sem força normativa. 
 
Embora tenha havido o reconhecimento de direitos sociais aos cidadãos, 
costuma-se entender que, somente com o advento da Constituição de 
Weimar, de 11.08.1919, ocorreu a passagem do constitucionalismo liberal 
– deixando de lado aquela segundo a qual havia apenas a preocupação 
da autonomia do indivíduo perante o poder do Estado – para um 
constitucionalismo social, demonstrando a afirmação do Estado com fins 
de solidariedade social (AMARAL, 2007, p. 54). 
 
Segundo Abrantes, (2005) este novo estado passa a intervir nas relações 
econômicas entre os cidadãos, ainda que a referida intervenção atingisse a 
liberdade individual, "o aspecto mais importante da nova concepção de direitos 
fundamentais é a modificação do próprio sentido dos direitos e liberdades 
clássicas, a que passa a ser reconhecida uma nova dimensão e uma nova função." 
(p. 161) 
Cabe aqui reiterar que, o direito não se dissocia da evolução histórica da 
sociedade, sendo certo que após a Segunda Guerra iniciou-se um fenômeno de 
universalização dos direitos humanos, que teve seu ápice na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos/1948. Simultaneamente, esses direitos humanos previstos a 
princípio do âmbito do direito internacional, passaram a integrar as constituições 
pós-guerra. Como exemplo, da Constituição Alemã de 1949, a ConstituiçãoPortuguesa de 1976, a Constituição Espanhola de 1978 e a Constituição Brasileira 
de 1988. 
Considerando-se, portanto, que os direitos sociais referentes ao trabalho 
estão vinculados aos direitos fundamentais, posto que o capítulo II – Dos Direitos 
Sociais (artigos 6º ao 11) se insere no Título II – Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais (artigos 5º ao 17) da Constituição da República, o direito à 
associação sindical e à liberdade sindical são considerados direitos fundamentais, 
contudo, essa análise ainda não é suficiente para a caracterização dos direitos 
fundamentais, pois tratar de direitos invioláveis pressupõe compromissos e 
responsabilidades tanto de quem assegura esses direitos como de quem é 
beneficiado por eles. Como afirma o professor Amauri Cesar Alves3, “sua essência 
consiste, juridicamente, no fato de que os sindicatos e as ações coletivas dos 
trabalhadores são um poderoso instrumento de afirmação da dignidade da pessoa 
humana”. Para ele, 
Igualdade, justiça, segurança, equidade, distribuição de renda e respeito 
ao cidadão são valores caros à ordem constitucional vigente, e podem ser 
efetivados, nos planos fático e jurídico, através do Direito do Trabalho. A 
atuação dos sindicatos potencialmente eleva as possibilidades contratuais 
de emprego. É que a principal função do Direito Coletivo do Trabalho, e 
consequentemente dos sindicatos brasileiros, é a de criação de normas 
jurídicas autonomamente negociadas, que tendencialmente elevam o 
padrão contratual dos trabalhadores individualmente caracterizados, 
realizando, ainda que timidamente, distribuição de renda. 
Cabe, portanto, ressaltar que a organização sindical para poder assegurar 
direitos sociais e situar-se socialmente como direito fundamental precisa pautar-se 
no exercício da autonomia e da liberdade constitucionalmente previstos, mas que 
infelizmente nem sempre são seguidos, tanto pelos sindicatos quanto pelo estado. 
 
3
 Mestre e doutorando em direito, PUC-MG. Professor Universitário (FPL, PUC-MG. Coordenador 
do DAJ da Fundação Pedro Leopoldo. Membro da Comissão de Ensino Jurídico da OAB/MG. 
 
O referido professor, nesse aspecto, refere que nem os sindicatos e nem os 
intérpretes do direito coletivo do trabalho, conseguiram superar totalmente o 
corporativismo do século passado, pois em sua interpretação retrospectiva 
desconsideram os avanços constitucionais amplamente proclamados, 
preponderando a norma infraconstitucional sobre os fundamentais expressos na 
CF/88. 
É oportuno lembrar que a liberdade sindical, além de fazer parte dos direitos 
fundamentais expressos na Constituição brasileira, faz parte dos princípios e 
normas internacionais do trabalho previstos na Constituição da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), na Declaração de Filadélfia de 1944 e na 
Declaração dos Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho de 1998. 
Sabe-se que as relações de trabalho, geralmente estabelecidas entre 
privados, denotam um contexto de desigualdade entre as partes, pois, de um lado 
da relação jurídica encontra-se o empregador, detentor de poder econômico e 
poder de direção das atividades. Do outro lado, está o empregado que em tese a 
parte mais frágil economicamente na relação vincula-se mediante subordinação as 
orientações do empregador quanto ao exercício de suas atividades. Por esse 
motivo, a aplicação dos direitos fundamentais as relações de trabalho se faz 
necessária como meio de proteção aos direitos fundamentais dos trabalhadores. 
 A partir desses princípios e diante de uma ordem global cada vez mais 
dependente da transparência, da ética, da democracia e do equilíbrio nas relações 
econômicas e profissionais, constata-se que as antigas retóricas se enfraquecem 
diante das novas demandas de diálogo social, da autonomia decisória e da 
flexibilização na dinâmica das relações de trabalho, em função do equilíbrio entre 
bem comum e os interesses do capital. 
Tais premissas conduz a sociedade a entender que não há dúvida de que 
emerge um grande apelo por renovação de mentalidades e práticas, em particular 
no campo trabalhista. Hoje alguns grupos de trabalhadores, segmentos da 
sociedade e estudiosos do assunto, expressam a necessidade em rever aspectos 
que hoje pautam a organização e funcionamento dos sindicatos, alguns apontam a 
incompatibilidade entre a liberdade sindical assegurada legalmente e a cobrança 
de contribuição sindical compulsória. Contudo, o próprio direito à liberdade não 
pode ser usado para camuflar a arbitrariedade e a imposição. É importante lembrar 
que esse é um tema complexo que não pode se encerrar com justificativas 
simplistas e superficiais. 
Pensa-se que, frente ao cenário atual, torna-se necessário rever a atual 
forma de organização sindical, os possíveis abusos e transgressões de direito à 
liberdade que possam existir, contudo, essa mudança não pode se dar de forma 
unilateral, imposta. Pois diante das diferentes concepções ideológicas e relações 
de poder sob as quais os princípios legais, as regras e o contexto são 
interpretados, o discurso da atualização e da coerência, transformam-se em 
oportunismos para a dominação e imposição. Vale lembrar que hoje a organização 
sindical representa ameaça e neutralizar a força da organização e diminuir a 
capacidade da autonomia dessas organizações é sem dúvida favorável a quem 
representa o capital. 
 Assim, podemos constatar que o direito fundamental a liberdade sindical 
precisa ser entendida não só do ponto de vista de quem pensa e define essa 
liberdade, mas também de quem necessita dela, ou seja, não basta discursar sobre 
os direitos fundamentais do trabalhador, constatando o que é ou deixa de ser, é 
preciso envolver também o próprio trabalhador no debate, na perspectiva de 
transformar um direito previsto legalmente em direito de fato. 
Segundo Maristela Basso4, torna-se necessário que se saiba que 
[...] a liberdade de associação para fins sindicais é um dos princípios 
fundamentais do direito internacional do trabalho. Em 1919, ainda durante 
a Conferência de Versalhes, as potências aliadas manifestaram o 
expresso reconhecimento do princípio da liberdade de associação na 
Parte XIII do Tratado de Versalhes (intitulada "Do Trabalho"), a qual deu 
origem à OIT, criada justamente como um dos mais importantes 
resultados dos esforços da Liga ou Sociedade das Nações. 
A referida professora refere que em 1948, os Membros da OIT adotaram a 
Convenção nº 87, cujo preâmbulo retoma a importância do tema, reconhecendo 
que a "afirmação do princípio da liberdade sindical" reside entre "os meios aptos a 
melhorar a condição dos trabalhadores e assegurar a paz". O artigo 2º da 
Convenção assim estabelece: "Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção 
de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização prévia, 
 
4 professora de direito internacional da Faculdade de Direito da USP e sócia de Nelson Wilians Advogados 
Associados 
organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, 
sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas". 
Para ela, embora o Brasil tenha participado da XXXI Sessão da Conferência 
Geral dos Membros da OIT em 1948 e votado por sua adoção, a Convenção nº 87 
não foi ainda ratificada pelo nosso Poder Executivo, tendo sido objeto de um 
projeto de decreto legislativo somente quase 40 anos mais tarde (o PDC 58/1984). 
E nessa medida, é de se pressupor que o texto da Convenção, que teve o voto 
favorável do Brasil na OIT, continue a repousar nas mesas de trabalho do 
Congresso Nacional desde então, sem que nossos parlamentares se deem conta 
da importância dessa Convenção para a concretização dos direitos dos 
trabalhadores brasileiros. 
 
 
 
3. A FACULTATIVIDADE APRESENTADA PELA LEI 13.467/2017 E SEUS 
POSSÍVEIS IMPACTOS NAORGANIZAÇÃO SINDICAL 
O debate realizado por vários setores da sociedade em torno da mudança 
trazida pela reforma trabalhista que extingue a obrigatoriedade e aponta a 
facultatividade da contribuição sindical gera desconfiança, polêmicas e muitas 
controvérsias. Atualmente convivemos com opiniões favoráveis e contrárias, 
certamente revestidas de argumentos ideológicos e políticos. 
 
De uma lado, boa parte da doutrina brasileira argumenta que a 
contribuição não deveria ser compulsória porque representa uma 
contradição antidemocrática, herdada pelo sistema corporativista 
autoritário. Por outro lado, o relator da reforma afirma que esse fato 
contribuiria para acabar com os sindicatos de fachada, e tornando-a 
facultativa fortaleceria a estrutura sindical brasileira (Revista eletronica, 
Reforma trabalhista III, 2017, p. 15) 
 
Porém, nosso desafio aqui não é reforçar a polêmica, nem tão pouco tomar 
partido, visto que essa discussão é complexa, pois não envolve tão somente a 
obrigatoriedade ou a facultatividade de um imposto, mas envolve ideologias, 
relação de poder e, principalmente, o jogo de interesses econômicos e políticos, 
característicos do capitalismo que, historicamente, perpassam a relação entre 
trabalho e capital. 
Nesse sentido, o presente trabalho, sem poder fugir totalmente dessas 
implicações, centra a sua discussão sobre quais os possíveis impactos que a 
mudança que desobriga o trabalhador da contribuição sindical poderá trazer para a 
referida organização. Para tal é importante considerar o contexto no qual essa nova 
regra passa a ser estabelecida, pois acreditamos que antes de adentrar nessa 
questão, e assim compreender se as mudanças objetivam enfraquecer ou 
fortalecer o movimento sindical, torna-se necessário algumas reflexões sobre o 
processo de elaboração da reforma trabalhista, visto que esta traz outras 
mudanças que articuladas interferem fortemente na condição do trabalhador e na 
forma que se organiza. A facultatividade não pode ser analisada fora do conjunto 
das reformas previstas pela lei 13.467/2017. 
 Uma das questões que certamente precisam ser analisados são os 
argumentos presentes no relatório apresentado pelo relator da comissão especial 
destinada a proferir parecer ao projeto de Lei n. 6.787/16, referente a reforma 
trabalhista, pois segundo a revista eletronica, Reforma trabalhista III, o mesmo... 
 
 [...] é permeado de contradições, inverdades, senso comum, analogias 
sem responsabilidade científica, e visa tão somente tentar legitimar ou 
defender um projeto imposto exclusivamente pelo setor produtivo, sem ter 
havido o necessário debate ou pelo menos de ter amadurecido tão 
importante reforma. Foi uma reforma baseada em premissas totalmente 
equivocadas, como a de que “a necessidade de trazer as leis trabalhistas 
para o mundo real” , de que “a legislação trabalhista vigente hoje é um 
instrumento de exclusão [...] (MELECK, 2017, p. 15) 
 
 
É importante ressaltar que a referida reforma não é fruto de um amplo 
processo de debate e interação social, próprio das sociedades que se constituem 
democráticas. Vale destacar que tal proposta não representa a participação e 
portanto a vontade dos trabalhadores, ao contrário retira conquistas históricas e 
põe em risco a relação capital e trabalho, como afirma a juiza Valdete Souto 
severo², pois para ela representa a “tentativa de destruição da força coletiva dos 
trabalhadore e do sindicato” , uma vez que “a negociação coletiva é o modo como o 
capital e o trabalho estabelecem as regras de convivência pacífica”. 
Nesse sentido, podemos afirmar que a facultatividade prevista na referida lei 
certamente não está desprovida de intencionalidades e interesses em enfraquecer 
a organização sindical, haja visto que essa não é a primeira vez em que há 
intenção em por fim na obrigatoriedade da contribuição sindical. Durante o governo 
do presidente Fernando Collor de Mello houve a tentativa, sem sucesso, de sua 
extinção por meio da Medida Provisória nº 215, de 30 de agosto de 1990. No 
mesmo sentido, em 2004 no Fórum Nacional do Trabalho (FNT), onde foi aprovada 
a extinção da contribuição sindical em detrimento a criação da Contribuição de 
Negociação Coletiva, entretanto o Congresso Nacional não aprovou o projeto de 
reforma sindical do FNT. 
Por outro lado, não há como não atentar para as incoerências e até abusos 
exitentes dentro das organizações sindicais, pois como toda organização humana 
não está livre dos jogos de interesse, contradições e abusos de poder. No entanto, 
a questão que promove maiores inquietações não é apenas as mudanças nas 
regras do jogo, mas a forma como essa se dá e, principalmente a total intervenção 
do estado na organização sindical que, por sua natureza deveria ser autônoma, 
não podendo portanto estar ausente de um debate tão importante para a sua 
manutenção, como a questão da facultatividade da contribuição sindical prevista 
tanto na CLT como na CF/88. 
Portanto, não é de se ignorar que o fim da obrigatoriedade de recolhimento 
da contribuição sindical, tanto para as empresas quanto para os empregados é 
uma das mais polêmicas alterações trazidas pela Lei 13.467/2017 ( Reforma 
Trabalhista). Trata-se de drástica mudança, transformando a contribuição sindical 
de valor obrigatório em facultativo, dependente de autorização prévia e 
expressamente dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou 
profissional, ou de uma profissão liberal. 
 
O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização 
prévia e expressa dos que participem de uma determinada categoria 
econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do 
sindicato representativo da mesma categoria (Lei 13.467/2017, Art. 579). 
 
Transformar a contribuição sindical de valor obrigatório em facultativo, 
dependente de autorização expressa e prévia do destinatário traz uma mudança 
profunda na receita sindical, pois valores devidos por toda a categoria só poderão 
ser cobrados se houver concordância efetiva dos integrantes da categoria. 
Á luz de tal mudança pode-se então inferrir que os impactos para as 
organizações certamente serão muitos, pois toda mudança exige a desconstrução 
de concepções e práticas já estruturadas e cristalizadas, para que novas ações, 
posturas e comportamentgos sejam edificados, demandando tempo e trabalho. A 
mudança em si é importante e necessária para companhar a dinâmica e a evolução 
da sociedade, contudo, o que precisa-se discutir sobre a questão, não é tão 
somente a mudança que ora se propõe, mas a maneira como essa está formatada, 
assim como os impactos que trará as organizações sindicais. 
Podemos assim inferir que a mudança, como está evidenciada nesse 
contexto, trará reflexos negativos, e por que não dizer retrocessos, pois, ao não 
passar pelo viés do debate com os envolvidos, caracteriza imposição, 
arbitrariedade, exigindo das organizações sindicais “adequar-se” a um modelo 
que pode ter sido pensado para frear a participação e a contribuição financeira dos 
trabalhadores e empresas, pressupondo enfraquecimento e desmobilização. 
Um ponto importante a ressaltar neste tema diz respeito a estrutura 
administrativa e a atuação dos vários sindicatos profissionais e patronais, pois 
essas são bastante complexas, e seus compromissos financeiros são proporcionais 
a sua receita, o que ocorre há muitas décadas. Desse modo, acreditamos que a 
retirada da contribuição sindical obrigatória de imediato, tanto num grande sindicato 
quanto numa entidade de tamanho e representação menores, causará abalos 
financeiros e consequentemente uma certa fragilidade em sua organização e 
estrutura. Acrescentando a essa questão a possibilidade dos sindicatos desviarem 
ou perderem o foco das suas reais finalidades, para buscar meios de assegurar a 
autorização da contribuição sindical dos trabalhadores e/ou outras formas de 
arrecadação financeira.Muitos analistas ao tratarem a questão tendem a levantar seus pontos de 
vista de forma bem antagônicas. Para uns será benéfico a facultatividade, como 
para Paulo Sérgio João, professor da Pontifícia Universidade Católica dde São 
paulo, da Fundação Getúlio Vargas e advogado. O mesmo ressalta que “os efeitos 
da extinção da contribuição sindical obrigatória poderiam contaminar o controle da 
unicidade; a estrutura sindical; negociações coletivas e litigiosodade em 
enquadramanto sindical”. Tais questões sob análise do referido professor trariam 
consequências positivas, como a perda atual do monopólio de representação dos 
sindicatos, perda da unicidade e do monopólio da cúpula sindical para dar espaço a 
pluralidade de representações e expressão de diferentes correntes ideológicas, as 
assembléias tenderiam a ser mais consistentes, participativas e com maior 
legitimidade, o enquadramento sindical seria dispensável e desapareceriam as 
discussões perante o Judiciário Trabalhista. Essas considerações revelam a 
preocupação com o modelo de proteção trabalhista. 
Os mais péssimistas sobre a questão referem que as consequências da 
abrupta extinção da contribuição sindical, trará demissões em massa de 
trabalhadores, redução de salários, corte de benefícios, fechamento de sub sedes, 
venda de ativos, extinção de serviços prestados aos trabalhadores, entre outras 
providências para contenção de gastos. Não é demais ressaltar que os sindicatos 
são associações de pessoas que ao terem como principal objetivo buscar 
melhorias das condições detrabalho e de vida de integrantes, precisam de receita 
financeira para custear suas ações. 
Para Maurício Goldinho Delgado5 
 
A diretriz dessa jurisprudência trabalhista dominante, entretanto — ao 
reverso do que sustenta — não prestigia os princípios da liberdade sindical 
e da autonomia dos sindicatos. Ao contrário, aponta restrição incomum no 
contexto do sindicalismo dos países ocidentais com experiência 
democrática mais consolidada, não sendo também harmônica à 
compreensão jurídica da OIT acerca do financiamento autônomo das 
entidades sindicais por suas próprias bases representadas. Além disso, 
não se ajusta à lógica do sistema constitucional brasileiro e à melhor 
interpretação dos princípios da liberdade e autonomia sindicais na 
estrutura da Constituição da República. É que, pelo sistema constitucional 
trabalhista do Brasil, a negociação coletiva sindical favorece todos os 
trabalhadores integrantes da correspondente base sindical, 
independentemente de serem (ou não) filiados ao respectivo sindicato 
profissional. Dessa maneira, torna-se proporcional, equânime e justo (além 
de manifestamente legal: texto expresso do art. 513, “e”, da CLT) que 
esses trabalhadores também contribuam para a dinâmica da negociação 
coletiva trabalhista, mediante a cota de solidariedade estabelecida no 
instrumento coletivo de trabalho” (Direito Coletivo do Trabalho, 6ª Ed. p. 
114, LTR Editora, São Paulo, maio/2015 ). 
 
De outro lado, aqueles que se posicionam a favor, discursam sobre a defesa 
da liberdade sindical e a autonomia para decidir sobre a forma de sustentação 
financeira do sindicato, princípios já previsto em outros dispositivos legais. Mas 
para outros, tal mudanças precisa ser vista com estranheza e preocupação. Para 
Pedro Paulo Teixeira Manaus, ministro aposentado do TST e professor da 
faculdade de Direito da PUC-SP, a extinção da obrigatoriedade da contribuição 
sindical, “afetará, sem dúvida, os compromissos financeiros que hoje têm as 
entidades sindicais permitindo supor, pela mudança brusca, considerável número 
de desempregados, diante da inexistência de recursos para pagamento de 
 
5 Jurista brasileiro e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) desde 2007 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribunal_Superior_do_Trabalho
salários”. Ou seja, nessa ponto de vista o fim da obrigatoriedade, na forma como 
se apresenta, pressupõe o desmonte de uma estrutura consolidada 
financeiramente e quantitativamente. 
Entre opiniões e análises permeadas de justificativas importantes e 
passíveis de reflexão, cabe aqueles que se dedicam a buscar a justiça e o direito 
num contexto de democracia em seu sentido pleno, fomentar a discussão, e, acima 
de tudo, buscar no cerne da questão compreender que, para além de uma nova 
forma de organização dos sindicatos ora imposto pelo estado, está em jogo as 
formas de assegurar e manter direitos e deveres dos trabalhadores, bem como a 
busca em se estabelecer regras claras e coerentes para o equilíbrio necessário da 
relação trabalhador e capital. 
Diante do exposto torna-se necessário que haja análises mais profundas e 
posicionamentos consistentes sobre o possível enfraquecimento da representação 
sindical causada pela mudança na referida contribuição, com responsabidade e 
coerência. É importante destacar o que está disposto na nota técnica 05/2017 do 
Ministério Público do Trabalho sobre o tema, 
 
[...] a extinção da contribuição sindical deve ser acompanhada da 
apresentação de alternativas de financiamento às entidades sindicais, 
como a contribuição assintencia, figura completamente compatível com o 
modelo de liberdade sindical proposto pela OIT, conforme estabelecido no 
verbete nª 363 do comitê da liberdade sindical 
 
Não se pode ignorar que a organização sindical é, sem dúvida, um 
instrumento valioso de fortalecimento da democracia e de equilíbrio necessário 
entre as forças antagônicas da sociedade, aqui representadas por empregados e 
patrões, portanto se existe atualmente a ameaça clara de seu possível 
enfraquecimento é preciso que algo urgente possa ser feito. 
Nesse contexto, há uma importante consideração a ser feita, trata-se da 
discussão sobre a liberdade sindical, ora usada para implementar mudanças na 
organização sindical, que, certamente vai de encontro ao seu sentido pleno. Vale 
aqui destacar o despacho do ministro relator do Supremo Tribunal Federal, Édson 
Fachin, Na ADI 5794 MC/DF 
 
A liberdade de associação deve, nessa dimensão, ser harmonizada com o 
direito de uma categoria ser defendida por um sindicato único, de modo 
que admitir a facultatividade da contribuição sindical, cuja concepção 
constituinte tem sido históricamente da obrigatoriedade, pode, ao menos, 
em tese, importar um esmaecimento dos meios necessários à consecução 
dos objetivos constitucionais impostos a estas entidades, dentre os quais 
destacam-se a defesa dos direitos e interesse coletivos ou individuais da 
categoria ( artigo 8º, III, da CRFB), a participação obrigatória nas 
negociações coletivas de trabalho (artigo, 8º, VI, da CRFB), a denúncia de 
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União 
(artigo 74, §2º, da CRFB), e o ajuizamento de ações diretas e ações 
mandamentais coletivas perante a jurisdição constitucional (artigo 5º, LXX, 
e 103, IX, da CRFB). 
 
 
 
Acredita-se que é, também, por meio de posicionamentos críticos e 
fundamentados, com o acima exposto, que um tema tão complexo e polêmico 
como o que está sendo posto em análise, poderá encontrar meios cabíveis para 
superar os reflexos negativos mensionados neste trabalho. 
 
3 CONCLUSÃO 
Ao encerrar-se a análise proposta neste trabalho, sem portanto, esgotar 
debate sobre o tema, concluimos que o objetivo principal aqui proposto foi 
alcançado a medida que se conseguiu pontuar alguns reflexos e impactos que a 
facultatividade da contribuição sindical pode trazer aos sindicatos à luz do direito à 
liberdade sindical. Independente de posicionamentos favoráveis ou contrários, 
pôde-se constatar que um dos reflexos é a necessidade dos sindicatos encararem 
o desafio da mudança, pois sendo os reflexos negativos ou positivos, caberá as 
organizações sindicais repensarem suas estruturas, em especial afinanceira, no 
sentido de buscarem alternativas para desenvolver uma nova forma para a 
contribuição sindical, que, ao deixar de ser obrigatória, exigirá da referida 
organização, metodologias capazes de não transformar essa mudança em 
enfraquecimento da mesma, como possivelmente esta foi imposta. 
No decorrer das análises procurou-se contextualizar a forma como a reforma 
trabalhista e as mudanças abruptas nela expressas, foram colocadas e justificadas, 
o que contribuiu para constatar-se que outro reflexo possível de ocorrer é o 
retrocesso quanto a autonomia sindical, aqui, ameaçada pela falta de participação 
dos trabalhadores nessa discussão e na tomada de decisão que envolve aspectos 
fundamentais para a vida do trabalhador e sua organização, para a garantia de 
direitos. 
É incontestável que, apesar dos discursos que associam a facultatividade 
sindical com a necessidade de se garantir a liberdade sindical, o fim da 
obrigatoriedade acompanhada de outras mudanças nos direitos trabalhistas, 
configuram-se em retirada de conquistas históricas e põe em risco a relação capital 
e trabalho, podendo ocasionar a destruição da força coletiva dos trabalhadores e 
do sindicato, bem como das regras de convivência equilibradas. 
Concluiu-se ainda que a estrutura administrativa e a atuação dos vários 
sindicatos profissionais e patronais, são bastante complexas, e seus compromissos 
financeiros são proporcionais a sua receita, o que ocorre há muitas décadas. 
Desse modo, outro impacto que certamente os atingirá com a retirada da 
contribuição sindical obrigatória, de imediato, tanto num grande sindicato quanto 
numa entidade de tamanho e representação menores, serão os abalos financeiros 
e consequentemente uma certa fragilidade em sua organização e estrutura. Bem 
como o possível desvio ou perda de foco em relação a principal razão da existencia 
da organização sindical, a garantia dos direitos fundamentais do trabalahador. 
Contudo, vale ressaltar que a retirada da obrigatoriedade da contribuição 
sindical, mesmo podendo ter intencionalidades que afetam o verdadeiro direito à 
liberdade sindical, não deve ser compreendido como a sua inexistência. O que está 
sendo proposto a ser mudado é a forma de recolhimento dessa contribuição que 
prevê autorização prévia, portanto, a contribuição continua sendo o meio de manter 
financeiramente e porque não dizer participativamente o sindicato, porém isso 
ocorrendo exigirá novas estratégias e metodologias de arrecadação. 
É importante que as organizações não se ausentem do debate e nem da 
busca por alternativas sobre essa questão, pois é também diante dos grandes 
desafios e crises que se pode reinventar, cabendo aos sindicatos, por meio das 
assembleias buscar soluções econômicas e sociais, como ato coletivo e soberano 
da categoria . 
 
 
 
 
 
 
4 REFERÊNCIAS 
ABRANTES, José João. Contrato de trabalho e direitos fundamentais. Coimbra, 
2005. 
AMARAL, Júlio Ricardo de Paula. Aplicação dos direitos fundamentais no âmbito 
das relações de direito do trabalho. Ed. LTR, 2007. 
ALVES, Amauri Cesar Alves. A eficácia dos direitos fundamentais no âmbito das 
relações trabalhistas. Artigo publicado na “Revista LTr.”, ano 75, outubro de 2011, 
págs. 1209 a 1218. 
ANDRADE, José Carlos Vieira. Os direitos fundamentais na Constituição 
Portuguesa de 1976. 4. ed. Almedina, 2009.

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