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06_Medicina_Legal

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PC-BA 
 
1 Perícia médico-legal: perícias médico-legais, perícia, peritos ........................................................... 1 
 
2 Documentos legais: conteúdo e importância ................................................................................... 14 
 
3 Traumatologia forense. 3.1 Energia de ordem física. 3.2 Energia de ordem mecânica. 3.3 Lesões 
corporais: leve, grave e gravíssima e seguida de morte ......................................................................... 25 
 
4 Tanatologia forense: causas jurídica da morte, diagnóstico de realidade da morte ......................... 45 
 
5 Sexologia forense ........................................................................................................................... 55 
 
6 Imputabilidade penal. ...................................................................................................................... 73 
 
 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
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relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
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professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
Perícias médico-legais 
 
A Perícia Médica é um procedimento executado por um profissional médico e consiste numa avaliação 
(exame médico do periciado – que pode ser um segurado, um autor, um réu, etc.) quando a questão 
tratada necessitar do parecer deste técnico. Já a Perícia Médica Judicial, visa determinar o estado de 
saúde do periciado e sua capacidade, incapacidade ou redução de capacidade geral e/ou laborativa. 
A perícia médica é conceituada como todo procedimento médico (exames clínicos, laboratoriais, 
necroscopia, exumação) promovido por autoridade policial ou judiciária, praticado por profissional de 
Medicina visando prestar esclarecimentos à Justiça. 
A perícia ou diligência médico-legal é, dessa forma, toda sindicância praticada por médico, objetivando 
esclarecer à Justiça os fatos de natureza específica e caráter permanente, em cumprimento à 
determinação de autoridades competentes. 
Neste sentido, ensina Julio Fabbrini Mirabete1, de que a perícia médico-legal não é um simples meio 
de prova — effectus criminis corporeus — mas, sim, “um elemento subsidiário, emanado de um órgão 
auxiliar da Justiça, para a valoração da prova ou solução da prova destinada a descoberta da verdade”. 
Assim, a autoridade policial ou judicial recorrerá ao profissional de Medicina, ou, onde os houver, ao perito 
médico-legal ou legista, toda vez que numa ação penal ou civil lhe deva ser esclarecido um fato médico. 
Para esclarecer à Justiça problemas que lhe são pertinentes, a perícia ou diligência médico-legal utiliza 
um conjunto de indagações de competência essencialmente médica, realizadas em pessoas, em 
cadáveres, em animais e em coisas. 
 
 
Legislação sobre perícias médico-legais 
 
A prática médico-pericial obedece a uma extensa e complexa relação de leis, decretos, portarias e 
instruções normativas, que estabelecem os limites de atuação dos setores administrativos e indicam quais 
as competências e atribuições do médico investido em função pericial. 
A aplicação dos dispositivos contidos nos principais diplomas legais (leis, decretos e portarias), todos 
da área federal, depende da avaliação médico-pericial, e entre eles, destacamos: 
 
I- Legislação Previdenciária 
 
É a mais extensa, já que disciplina a atuação da perícia médica na concessão e manutenção de 
diversos benefícios que integram o Plano de Benefícios da Previdência Social. 
- Lei 8.213/91 e Decreto nº 3.048/99 - tratam do Plano de Benefícios do Regime Geral de Previdência 
Social, ai incluídos os: Auxílios-doença, Aposentadorias por Invalidez, Auxílios-acidentes, entre outros; 
cujo sua concessão e manutenção dependem de exame médico-pericial; 
- Lei 6.179/74 - trata da renda mensal vitalícia, concebida a maiores de 70 anos ou inválidos, sendo 
indispensável a perícia médica na segunda hipótese; 
- Lei 7.070/82 - trata da concessão de benefícios por invalidez aos portadores de sequelas resultantes 
do uso da talidomida; 
 
Exemplificando a Lei n. 8.213/91, reproduz integralmente o que dispõe os artigos das leis e 
regulamentos previdenciários anteriores. 
 
 
1 Julio Fabbrini Mirabete, in Processo penal, Atlas, 1991, p. 225. 
1 Perícia médico-legal: perícias médico-legais, perícia, peritos. 
 
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Seção V - Dos Benefícios 
 
Art. 42. 
§ 1º -"A concessão da aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de 
incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às 
suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança". 
§ 2º -"A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência 
Social não lhe conferirá o direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier 
por motivo de agravamento ou progressão da doença ou lesão." 
 
Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-
doença, ressalvado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo. 
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o 
trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida: 
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade ou a partir da 
entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta 
dias; 
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial e 
facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre 
essas datas decorrerem mais de trinta dias. 
(...) 
§ 4º O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação 
das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou 
administrativamente, observado o disposto no art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) 
 
Art. 59 - O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o 
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade 
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 
Parágrafo único - Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de 
Previdência Social já portador da doença ou lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando 
a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. 
 
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do 
afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade 
e enquanto ele permanecerincapaz. 
§ 1º - Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-
doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. 
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 3º Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de 
doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. 
§ 4º - A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou convênio, terá a seu cargo o exame 
médico e o abono das faltas correspondentes ao período referido no § 3º, semente devendo encaminhar 
o segurado a perícia médica da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar a 15 (quinze) dias. 
§ 5º Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio 
competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades e de 
atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus para os segurados, 
celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento 
ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia 
médica, por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com: I - órgãos 
e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS). 
§ 6º O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta 
subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade. 
§ 7º Na hipótese do § 6º, caso o segurado, durante o gozo do auxílio-doença, venha a exercer atividade 
diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada uma das 
atividades exercidas. 
§ 8º Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou 
administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. (Incluído pela Lei nº 13.457, 
de 2017) 
 
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§ 9º Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8º deste artigo, o benefício cessará após o prazo 
de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença, exceto se o 
segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento, observado o disposto 
no art. 62 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) 
§ 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser 
convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram sua concessão ou 
manutenção, observado o disposto no art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) 
§ 11. O segurado que não concordar com o resultado da avaliação da qual dispõe o § 10 deste artigo 
poderá apresentar, no prazo máximo de trinta dias, recurso da decisão da administração perante o 
Conselho de Recursos do Seguro Social, cuja análise médica pericial, se necessária, será feita pelo 
assistente técnico médico da junta de recursos do seguro social, perito diverso daquele que indeferiu o 
benefício. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) 
 
 
II- Legislação Trabalhista 
- Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho e trata da higiene, medicina e segurança 
do trabalho; entre as diversas providências adotadas, institui a obrigatoriedade dos exames pré-
admissionais, periódicos e demissionais, instrumentos de monitoração do trabalhador. Estas avaliações 
médicas visam, sobretudo, a identificar o nexo de causalidade entre os agravos à saúde e o exercício da 
atividade ou ocupação. 
- Art. 827 da CLT, que assim dispõe: O juiz ou presidente poderá arguir os peritos compromissados ou 
os técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros tiverem apresentado. 
- Portaria MTb nº 3.214/78 - e as Normas Regulamentadoras (NR). 
 
 
III- Legislação do Regime Jurídico do Servidor Público Federal 
- Lei 8.112/90 - Regime Jurídico Único do Servidor Público Federal. 
- Lei 7.923/89 e Lei 8.270/91 - tratam, entre outras questões, da concessão dos adicionais de 
insalubridade e periculosidade, que depende de laudo pericial. 
Visando a esclarecer as dúvidas quanto ao papel do atestado médico na concessão da licença de 
natureza médica, transcrevemos os dispositivos legais que disciplinam a questão. 
 
Lei 8.112/90 
 
(...) 
Da Licença por Motivo de doença em Pessoa da Família 
 
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, 
dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e 
conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. 
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for indispensável e não puder 
ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na forma 
do disposto no inciso II do art. 44. 
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá ser concedida a cada período 
de doze meses nas seguintes condições: 
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; e 
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração. 
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir da data do deferimento da primeira 
licença concedida. 
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não remuneradas, incluídas as respectivas 
prorrogações, concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3º, não 
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º. 
 
Da Licença para Tratamento de Saúde 
 
Art. 202 - Será concedido ao servidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com 
base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. 
 
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será concedida com base em perícia oficial. 
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§ 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na residência do servidor ou no 
estabelecimento hospitalar onde se encontrar internado. 
§ 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se encontra ou tenha exercício em caráter 
permanente o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. 230, será 
aceito atestado passado por médico particular. 
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente produzirá efeitos depois de recepcionado pela 
unidade de recursos humanos do órgão ou entidade. 
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar 
do primeiro dia de afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. 
§ 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata o caput deste artigo, bem como nos demais 
casos de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que 
abranger o campo de atuação da odontologia. 
 
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá 
ser dispensada de perícia oficial, na forma definida em regulamento. 
 
Em face da presente legislação, com abrangência no setor público e setor privado, o abono das faltas 
ao trabalho motivadas por incapacidade resultante de doença ou lesão acidentaria é da competência e 
atribuição do médico perito, especificamente designado para tal função. 
 
 
IV- Legislação Fiscal 
- Leis 7.713 e 8.541/92 - tratam do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e Pessoa Física, ai incluído 
o dispositivo (inciso XIV, art. 6° da Lei 7.713/88 e art. 47 da Lei 8.541/92) que isenta do pagamento de 
Imposto de Renda os proventos de aposentadoria de pessoas portadoras de sequelas de acidentes do 
trabalho ou de doença constante da relação contida no referido inciso, desde que comprovadaem exame 
médico-pericial especializado. 
 
 
V- Legislação Processual Penal e Processual Civil 
O legislador brasileiro, consciente da importância da perícia médico-legal como meio de prova 
absolutamente útil para imposição da sentença sobre o litígio submetido ao Poder Judiciário para 
solucioná-lo, disciplina-o por via dos seguintes dispositivos legais no âmbito do processo penal e civil: 
 
a) Código de Processo Penal – arts. 158 a 184, Capítulo II (Do Exame do Corpo de Delito e das 
Perícias em Geral); 
 
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia 
criminal a fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do 
exame de corpo de delito. 
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a existência dos elementos do fato típico dos 
delitos "FACTI PERMANENTIS" (delitos praticados com vestígios). 
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não transeunte”), o exame de corpo de delito 
se torna indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que não 
sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP). 
Muitos confundem o "corpo de delito" com o "exame de corpo de delito". Explico. Dá-se o nome de 
"corpo de delito" ao local do crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal. Trata-
se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. 
Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa estar 
envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma 
porta arrombada etc. Em outras palavras, "corpo de delito" é o local do crime com todos os seus vestígios; 
"exame de corpo de delito" é o laudo técnico que os peritos fazem nesse determinado local, analisando-
se todos os referidos vestígios. 
Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, 
antes considerada a “rainha das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma ampla gama 
de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assunção de culpa meramente para livrar alguém de 
um processo-crime; 
 
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Corpo de delito direto e indireto. 
1. Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. São os elementos 
materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensíveis, 
objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua 
natureza, estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, por que se incrimina o acusado. O corpo 
de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da existência do 
fato. 
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa 
influir na aplicação da pena. 
2. Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna impossível, admite-se a prova 
testemunhal, por haverem desaparecido os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo 
pela prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora haja o delito. Vale lembrar que 
o exame indireto somente deve ser realizado caso não seja possível à realização do exame direto. 
Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a 
qualquer hora. 
 
Perícia Criminal 
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo Penal, 
indispensável para elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da 
ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação correta de 
vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias 
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. 
A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências forenses: química, biologia, 
geologia, engenharia, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentoscopia, entre outras, as quais 
estão em constante evolução. 
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que 
direciona a investigação policial e o processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é 
indispensável nos crimes que deixam vestígios, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso 
confessa a prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos 
especializados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na 
apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente 
interesse judiciário. 
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por 
profissionais especializados, permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que forma este 
ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o 
criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim como o meio 
pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. 
Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na 
prática, a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e 
objetividade da prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do 
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de 
capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde exista a intenção de 
distorcer os fatos. 
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação 
é reforçada pela Lei nº 12.030 de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código de 
Processo Penal são: o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odontolegista. 
Prova pericial (ou arbitramento) pode ser dividida em: 
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; 
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. 
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado. 
 
b) Novo Código de Processo Civil – arts. 156 a 158 (Do Perito) e 464 a 480 (Da Prova Pericial); 
 
Seção II 
Do Perito 
 
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico 
ou científico. 
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§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou 
científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. 
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação 
na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a 
universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos 
Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados. 
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, 
considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos 
interessados. 
§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 
467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os 
dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade. 
§ 5º Na localidade onde não houverinscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do 
perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico 
comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. 
 
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda 
sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. 
§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou 
do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. 
§ 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos 
exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo 
equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento. 
 
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos 
que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, 
independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo 
órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis. 
 
(...) 
Seção X 
Da Prova Pericial 
 
Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. 
§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando: 
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; 
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; 
III - a verificação for impraticável. 
 
§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a 
produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. 
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto 
controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. 
§ 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto 
de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens 
com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. 
 
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a 
entrega do laudo. 
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação 
do perito: 
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; 
II - indicar assistente técnico; 
III - apresentar quesitos. 
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: 
I - proposta de honorários; 
II - currículo, com comprovação de especialização; 
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações 
pessoais. 
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§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo 
comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 
95. 
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor 
do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue 
o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários. 
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente 
arbitrada para o trabalho. 
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de perito e à indicação de 
assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia. 
 
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de 
termo de compromisso. 
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou 
suspeição. 
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências 
e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima 
de 5 (cinco) dias. 
 
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. 
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo 
perito. 
 
Art. 468. O perito pode ser substituído quando: 
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; 
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. 
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, 
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo 
decorrente do atraso no processo. 
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho 
não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. 
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º, a parte que tiver realizado o 
adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e 
seguintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário. 
 
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser 
respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. 
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. 
 
Art. 470. Incumbe ao juiz: 
I - indeferir quesitos impertinentes; 
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa. 
 
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, 
desde que: 
I - sejam plenamente capazes; 
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. 
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para 
acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. 
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo 
fixado pelo juiz. 
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado 
pelo juiz. 
 
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, 
apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar 
suficientes. 
 
Art. 473. O laudo pericial deverá conter: 
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. 8 
I - a exposição do objeto da perícia; 
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito; 
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito 
pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; 
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do 
Ministério Público. 
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência 
lógica, indicando como alcançou suas conclusões. 
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais 
que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. 
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os 
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em 
poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, 
plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. 
 
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para 
ter início a produção da prova. 
 
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma áreade conhecimento 
especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico. 
 
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz 
poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado. 
 
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias 
antes da audiência de instrução e julgamento. 
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo 
comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, 
apresentar seu respectivo parecer. 
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto: 
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério 
Público; 
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte. 
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o 
perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde 
logo, as perguntas, sob forma de quesitos. 
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias 
de antecedência da audiência. 
 
Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento ou for de 
natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos 
oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material 
sujeito a exame. 
§ 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir a 
determinação judicial com preferência, no prazo estabelecido. 
§ 2º A prorrogação do prazo referido no § 1o pode ser requerida motivadamente. 
§ 3º Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o perito poderá requisitar, 
para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes, poderá 
requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do documento lance em folha de papel, por 
cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação. 
 
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença 
os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em 
conta o método utilizado pelo perito. 
 
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando 
a matéria não estiver suficientemente esclarecida. 
§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se 
a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. 
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. 9 
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. 
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra. 
 
c) Lei n° 9.099, de 26/09/1995 – art. 77, § 1º. 
 
(...) 
Seção III 
Do Procedimento Sumariíssimo 
 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do 
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público 
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. 
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido 
no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito 
quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. 
 
Existem, ainda, número indeterminado de instrumentos legais, a nível estadual ou municipal, cuja 
aplicação implica em avaliação médico-pericial. 
 
 
Perícias 
 
A palavra Perícia vem do latim “peritĭa”, que significa a habilidade, sabedoria e experiência em um 
assunto particular. Assim, podemos definir perícia como todo procedimento, promovido por autoridade 
policial ou judiciária, praticado por um especialista no assunto visando prestar esclarecimentos à Justiça 
sobre o fato de natureza duradoura ou permanente. 
Segundo os ensinamentos de Delton Croce2, as perícias realizadas em pessoas visam determinar a 
identidade, a idade, a raça, o sexo, a altura; diagnosticar gravidez, parto e puerpério, lesão corporal, 
sociopatias, estupro e doenças venéreas; determinar exclusão da paternidade, doença e retardamento 
mental, simulação de loucura; investigar, ainda, envenenamentos e intoxicações, doenças profissionais 
e acidentes do trabalho. 
Nos cadáveres objetiva diagnosticar a realidade, a causa jurídica, o tempo da morte, a identificação 
do morto; diferenciar as lesões intra vitam (durante a vida) e post mortem (após a morte); realizar exames 
toxicológicos das vísceras do morto; proceder à exumação; extrair projéteis. 
Nos objetos e instrumentos têm por finalidade a pesquisa de pelos, levantamento de impressões 
digitais, exames de armas e projéteis e caracterização de agentes vulnerantes e de manchas de saliva, 
colostro, esperma, sangue, líquido amniótico e urina nos panos, móveis e utensílios. 
 
 
Classificação das perícias 
 
A doutrina ainda classifica as perícias da seguinte forma: 
a) Judicial – é determinada pela justiça de ofício ou a pedido das partes envolvidas; 
b) Extrajudicial – é feita a pedido das partes, particularmente; 
c) Necessária (ou obrigatória) – imposta por lei ou pela natureza do fato, quando a materialidade do 
fato se prova pela perícia. Se não for feita, o processo é passível de nulidade; 
d) Facultativa – quando se faz prova por outros meios, sem necessidade da perícia; 
e) Oficial – determinada pelo juiz; 
f) Requerida – solicitada pelas partes envolvidas no litígio; 
g) Contemporânea ao processo – feita no decorrer do processo; 
h) Cautelar – realizada na fase preparatória da ação, quando realizada antes do processo (ad 
perpetuam rei memorian); 
i) Direta – tendo presente o objeto da perícia; 
j) Indireta – feita pelos indícios ou vestígios deixados. 
 
 
 
 
2 Manual de Medicina Legal. Delton Croce e Delton Croce Junior. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva. 2012 
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. 10 
Perito 
 
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o que prevê o Código de Processo Penal em seu 
artigo 159, vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre as que 
tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão o compromisso de e 
finalmente desempenhar o cargo. 
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos 
para esclarecerem a prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos 
ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, 
podendo apresentar as respostas em laudo complementar. 
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações 
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, mas se continua além dessa 
apreciação, por meio do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o diferencial da função de 
testemunha. Ou seja, a diferença entre testemunha e perito é que a primeira é solicitada porque já tem 
conhecimento do fato e o segundo para que conheça e explique os fundamentos da questão discutida, 
por meio de uma análise técnica científica.A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando 
de peritos não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória com um 
“compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o 
que encontrarem e descobrirem e o que em suas consciências entenderam”. 
Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para elaboração do laudo pericial, podendo este 
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos, conforme dispõe o parágrafo 
único do artigo 160 do Código de Processo Penal. Apenas em casos de suspeição comprovada ou de 
impedimento previsto em lei é que se eximem os peritos da aceitação. 
O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os peritos nomeados pela autoridade não 
podem recusar a indicação, a não ser por escusa atendível (art. 277, a); não podem deixar de comparecer 
no dia e no local designados para o exame (art. 277, b); não podem deixar de entregar o laudo ou 
concorrer para que a perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c). Pode ainda em casos de 
não comparecimento, sem justa causa, a autoridade determinar a condução do perito (art. 278). E falsa 
perícia constitui crime contra a administração da Justiça (art. 342). Quando os dois peritos não chegam, 
na perícia criminal, a um ponto de vista comum, cada qual fará à parte seu próprio relatório, chamando-
se a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus peritorum, (perito dos peritos) aceitará 
a perícia por inteiro ou em parte, ou não aceitará em todo, pois está forma determina o parágrafo único 
do artigo 181 do Código de Processo Penal, facultando-lhe nomear outros peritos para novo exame. 
 
As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz decidirá de plano e sem recurso, à vista da 
matéria alegada e prova imediata (art. 105). Não poderão ser peritos: 
I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada nos números I e II do artigo 47 do 
Código Penal; 
II – os que tiverem prestado depoimento no processo no processo ou opinado anteriormente sobre o 
objeto da perícia; 
III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279). 
 
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre a suspeição dos juízes (art. 280); 
I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo a processo análogo, sobre cujo caráter 
criminoso haja controvérsia; 
III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até terceiro grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de um ou de outro perito, criaram-se, há 
alguns anos, em alguns estados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais, espécies de 
corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão de pareceres médico-legais mais especializados, 
funcionando também como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normalmente, compostos de 
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. 11 
autoridades indiscutíveis em medicina legal e representados por professores da disciplina, diretores de 
institutos Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado pela Secretaria do Interior e 
Justiça. 
 
Classificação 
- oficiais - são profissionais que realizam as perícias “em função de ofício”; trata-se de funcionário de 
repartição oficial, cuja atribuição precípua é exatamente a prática pericial; tal é a situação dos médicos 
do IML, do Manicômio Judiciário etc. 
- nomeados (ou louvados) – em certas ocasiões, contudo, as autoridades judiciárias irão se servir de 
peritos não oficiais; pode se tratar de exame para o qual a organização pública não disponha de serviço 
próprio, ou de localidade onde não há ainda repartição adequada ou, ainda, de assunto novo e 
controvertido, a cujo respeito o Judiciário necessite de opinião de alto nível científico; o juiz, então se 
socorrerá de profissionais que lhe mereçam confiança; trata-se, agora, do “louvado” ou “nomeado”. 
- assistentes técnicos – em questão cível, admite-se ainda a designação de “assistente técnico”, que 
são profissionais de confiança das partes em litígio, para acompanhar os exames realizados pelo perito 
do juízo onde tramita o processo, do qual poderão divergir; se houver divergência entre o perito e os 
assistentes técnicos, cada qual escreverá o laudo em separado, dando as razões em que se fundar. 
 
Atividades Desenvolvidas 
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada, 
tendo por objeto executar com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais 
necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor, 
exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Balística 
Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, Identificação 
Veicular, Informática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio 
Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca 
da verdade material com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar ou 
suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os aspectos inerentes aos 
elementos investigados, do ponto exclusivamente técnico. 
 
Formulação de quesitos pelo Ministério Público, assistente de acusação, ofendido, querelante, 
e acusado. 
Podem, o Ministério Público, o assistente de acusação, o ofendido, o querelante, e o acusado, formular 
quesitos e indicar assistente técnico. Eis o teor do previsto no segundo parágrafo, do art. 159, do Código 
de Processo Penal. 
 
Laudo pericial. 
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em 
casos excepcionais a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente 
o que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, 
isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será possível designar a 
atuação de mais de um perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de mais de um 
assistente técnico. 
 
 
Responsabilidades do Perito 
 
No campo das responsabilidades é conferido ao perito oficial e ao não-oficial obrigações de ordem 
legal, de modo que a ilicitude de suas atividades é entendida como violação a um dever jurídico. Devemos 
separar as responsabilidades em civil e penal. 
 
Responsabilidade Civil 
 
No caso da responsabilidade civil o interesse é do lesado, trata-se de interesse privado. Tendo em 
vista que a norma de ordem pública foi infringida, devendo ser reparado o dano. 
 
O ato do agente, julgado ilícito, pode não ter violado ou irrompido norma de ordem pública, porém, 
pode haver causado dano a alguma pessoa, razão pela qual, o desencadear da obrigação ressarcitória 
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. 12 
se impõe. Nosso ordenamento jurídico não consagra a aplicação a pena para este caso, mas sim, a 
condenação do agente à indenização a ser paga para a vítima do dano experimentado. 
 
A responsabilidade civil compreende o dano, o prejuízo, o desequilíbrio do patrimônio de alguém, 
preocupando-se apenas com o restabelecimento do equilíbrio causado pelo dano, seja de ordem 
patrimonial ou extrapatrimonial. Para este caso, pela natureza da matéria, todo o processo fica 
dependendo da manifestação da vítima, jáque sem seu interesse, não há que se falar em reparação do 
dano. 
 
Responsabilidade Penal 
 
Em âmbito penal, o infrator desrespeita uma norma de direito público, lesando o meio social, sendo 
que para este caso, a punição será uma pena. 
 
A responsabilidade penal visa a reparação do dano social, causado ao conjunto social, sem 
repercussão patrimonial causada à sociedade, pois atenta contra a liberdade da pessoa do agente, de 
modo a reprimir o ato ilícito. 
O objetivo da responsabilidade penal não diz respeito ao restabelecimento do equilíbrio econômico ou 
moral da vítima. Em decorrência disso, a ação de reprimir encontrada em nosso ordenamento jurídico 
combate um ou mais danos, considerando a parte integrante do grupo ao qual pertence a sociedade. 
Por meio do quadro abaixo, façamos uma análise sobre a diferença entre responsabilidade civil e 
responsabilidade penal. 
 
Responsabilidade Civil Responsabilidade Penal 
O interesse é da parte lesada O interesse é privado 
O agente pode ou não ter infringido 
norma de ordem pública 
O agente infringe norma de ordem pública 
Gera dever de reparação 
A sociedade espera que o agente seja 
punido com uma pena 
 
A perícia criminal é tratada no Código de Processo Penal, trata-se de atividade técnico-científica. 
 
O laudo deve ser confeccionado no prazo máximo de 10 dias, permitindo prorrogação, se assim 
entender os peritos. 
 
Quanto aos exames, estes possuem prazos diferenciados, dependendo do caso. Vejamos: 
a. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e hora. 
b. A autópsia, é um pouco diferente, deve ser feita pelo menos seis horas depois do óbito, exceto se 
os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que 
declararão no auto. 
c. Em casos de morte violenta, bastará o exame externo do cadáver, quando não for preciso apurar 
infração penal, ou ainda, quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte, sem 
necessidade da realização de exame interno para verificação de alguma circunstância relevante. 
d. Para que se faça a exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia 
e hora previamente marcados, se realize a diligência, devendo se lavrar auto circunstanciado. 
 
Quando falamos em legislação pericial devemos entender que o estudo volta-se para a Lei nº 
12.030/2009. Vejamos: 
 
LEI Nº 12.030, DE 17 DE SETEMBRO DE 2009. 
 
Dispõe sobre as perícias oficiais e dá outras providências. 
 
O Presidente da República, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte 
Lei: 
 
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal. 
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. 13 
 
Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado autonomia 
técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o 
provimento do cargo de perito oficial. 
 
Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza criminal, os peritos de 
natureza criminal estão sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação específica de cada 
ente a que se encontrem vinculados. 
 
Art. 4o (VETADO) 
 
Art. 5o Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o perito se encontra 
vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos 
odontolegistas com formação superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a 
necessidade de cada órgão e por área de atuação profissional. 
 
Art. 6o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação. 
 
 
Questões 
 
01. (TJ/PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES/2016). No que se 
refere aos exames de corpo de delito e das perícias em geral é correto afirmar: 
(A) O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
(B) O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 30 dias, podendo este prazo ser prorrogado, 
em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
(C) A autópsia será feita pelo menos quatro horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência 
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
(D) O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma 
de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 3 (três) pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
 
02. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC/2016) Sobre o exame de corpo de delito e as 
perícias em geral, nos termos preconizados pelo Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado necessariamente por três pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por 
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que 
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida 
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
03. (DPE/PA - Defensor Público - FCC) De acordo com o Novo Código de Processo Civil, a prova 
pericial 
(A) é obrigatória quando houver controvérsia sobre a matéria de fato discutida no processo. 
(B) é renovável se a matéria não estiver suficientemente esclarecida. 
(C) vincula o juiz ao resultado da perícia, salvo quando ocorrer corrupção do perito. 
(D) é sempre dispensável quando ocorrer à revelia. 
(E) não se compatibiliza com o procedimento sumário. 
 
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Respostas 
 
01. Resposta: “A” 
Art. 161, CPP O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
 
02. Resposta: “A” 
A alternativa “A” está incorreta, tendo em vista que nos termos da lei, na falta de perito oficial, o exame 
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas e não por 3 (três), como se afirmou na resposta. É o que 
dispõe o art. 159, §1º do CPP. 
 
03. Resposta: “B” 
Dispõe o art. 480, do NCPC. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização 
de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida. 
 
 
 
 
Documentos Médico-Legais 
 
É o meio através do qual a marcha e o resultado final de uma perícia médica chegam ao conhecimento 
da autoridade solicitante. 
O médico, como perito em saúde, tem fé de ofício, e, qualquer papel assinado pelo mesmo, é 
considerado como documento médico, estando sujeito ao segredo profissional e à responsabilidade 
médica. Quando passa a ter interesse para a Justiça (civil, criminal ou trabalhista), é denominado de 
documento médico-legal. 
Assim, denominam-se documentos médico-legais a simples exposição verbal e os instrumentos 
escritos por médicos objetivando elucidar a Justiça e servir pré-constituidamente para a prova ou de prova 
do ato neles representados. Observa-se, então, que os documentos médico-judiciários podem ser escritos 
ou verbais. Os documentos médico-judiciários ou médico-legais são basicamente de seis espécies: 
notificações, atestados, relatórios, pareceres, consultas e depoimentos orais.a) NOTIFICAÇÕES - As notificações são comunicações compulsórias às autoridades competentes de 
um fato médico sobre moléstias infectocontagiosas e doenças do trabalho, para que sejam tomadas as 
providências sanitárias, judiciárias ou sociais cabíveis. Embora se impute a todo ser humano, por dever 
de solidariedade, a notificação de doenças infectocontagiosas de que tenha conhecimento, e assim 
impedir o evento, só o médico que se omite, não havendo participação criminosa, comete o crime 
tipificado no art. 269 do Código Penal: “Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória”. Admite-se a participação criminosa se o médico se omite a pedido do doente 
maior e capaz ou de seu responsável (art. 29 do CP). Trata-se de deito especial, omissivo próprio, que 
ocorre na simples abstenção da atividade devida pelo profissional de Medicina. A inação non facere, o 
“deixar de comunicar” é que constitui o crime, sendo irrelevante a motivação do agente. 
O delito consuma-se na omissão daquele que, devendo e podendo atuar para evitar o evento lesivo 
no caso concreto, apesar de ser ele previsível, não o faz, por inércia psíquica, por preguiça mental, por 
displicência. Não se atribui a omissão à regra do sigilo profissional tutelada pelo art. 154 do Código Penal, 
pois o dever do médico guarda-lo não é absoluto, se há justa causa; o que a lei proíbe é a quebra do 
segredo profissional por maldade, jactância e simples leviandade e não a que, como na vertente, é 
praticada no exercício regular do direito (art. 146, § 3.°, do CP) ou de faculdade legal, objetivando a 
prestação da incolumidade pública, bem inestimável tutelado pelo Estado, cujo interesse prepondera 
sobre a liberdade individual. 
O art. 8.° da Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975, regulamentada pelo Decreto n. 78.231 de 12 de 
agosto de 1976, estendeu a obrigatoriedade a outros profissionais de saúde no exercício da profissão, 
que não apenas o médico e o dever aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e 
particulares de saúde e ensino de denunciar casos suspeitos ou confirmado de doenças de notificação 
compulsória à autoridade pública. Todavia, crime só comete o médico, pois estão essas pessoas fora do 
alcance da lei penal, ficando elas somente sujeitas às sanções do regulamento. Para os efeitos da 
aplicação da Lei n. 6.259, de 1975, e do Decreto n. 12.984, de 15 de dezembro de 1978 (estadual), que 
2 Documentos legais: conteúdo e importância. 
 
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. 15 
aprova Normas Técnicas Relativas à Preservação da Saúde, constituem objeto de notificação 
compulsória as seguintes doenças relacionadas: 
I – em todo o Território Nacional: cólera, coqueluche difteria, doença meningocócica e outras 
meningites, febre amarela, febre tifoide, hanseníase, leishmaniose, oncocercose, peste, poliomielite, raiva 
humana, sarampo, tétano, tuberculose, varíola; 
II – em áreas específicas: esquistossomose (no Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, 
Alagoas, Pernambuco e Sergipe); filariose (exceto Belém e Recife); malária (exceto região da Amazônia 
Legal). 
 
“Por qualquer meio pode ser feita a denuncia, devendo lançar-se mão naturalmente do mais seguro e 
rápido. Existem fórmulas impressas para esse fim, porém, não lhes está sujeito o médico. Sua 
comunicação poderá ser efetivada pessoalmente, por carta, telegrama, telefone, etc.” (E. Magalhães 
Noronha). 
 
Da mesma forma, também as doenças profissionais e as produzidas em virtude de condições especiais 
de trabalho são de notificação compulsória, de conformidade com instruções baixadas pelo Ministério do 
Trabalho (art. 169 da CLT). Igualmente, em caráter de emergência, o é toda morte encefálica comprovada 
em hospital público ou privado, de acordo com o art. 13 da Lei n. 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. E por 
fim, os crimes de ação pública (Lei de Contravenções Penais, art. 66). A notificação compulsória não mais 
se aplica aos viciados em substâncias capazes de determinar dependência física ou psíquica, conforme 
Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. 
 
b) ATESTADOS - Denominados, também, certificados médicos, são a afirmação simples e redigida 
de um fato médico e de suas possíveis consequências. Classificam-se os atestados em oficiosos, 
administrativos e judiciários ou oficiais. Os primeiros são solicitados pelo interessado ou por seu 
representante legal, visa interesse privado para justificar ausência ao trabalho, às aulas, etc. Os atestados 
administrativos são os reclamados por autoridade administrativa para efeito de licenças, de 
aposentadorias ou abono de faltas, vacinações, etc. E finalmente, judiciários são os atestados que 
interessam à Justiça, requisitados sempre pelos juízes. Somente os atestados judiciários constituem 
documentos médico-legais. 
O Código de Ética Médica (CEM), no art. 112 e seu parágrafo único, diz: “É vedado ao médico deixar 
de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou seu 
representante legal”. 
 Parágrafo único: “o atestado médico é parte integrante do ato ou tratamento médico, sendo o seu 
fornecimento direito inquestionável do paciente, não importando em qualquer majoração dos honorários”. 
O atestado médico é documento que não exige compromisso legal; no entanto, nem por isso se faculta 
ao médico nele fitar inverdades, para evitar que se imputem ao profissional os delitos de Falsidade 
Ideológica e de Falsidade de Atestado Médico, conforme estabelecem respectivamente os arts. 299 e 
302 do nosso diploma penal. Dessa forma, a infelizmente difundida prática dos atestados de favor, ditos 
graciosos ou complacentes, deve ser rigorosamente proscrita, pois só faz desprestigiar a imagem do 
médico e da Medicina. Não obstante o rigor da lei é esta modalidade de falso, conduta ilícita em que mais 
incorrem alguns profissionais de Medicina desavisados e geralmente desinteressados de lucro, por 
negligência ou imprudência e não por vontade consciente de cometê-la. Insta dizer, todavia, que não se 
admite a forma culposa, já que os crimes contra a fé pública são sempre dolosos. Então, para a tipificação 
do delito do art. 302 do Código Penal é indispensável que o sujeito ativo aja com dolo, consistente na 
vontade conscientemente dirigida à falsa atestação. 
“Para que se configure o delito do art. 302 do CP é preciso que se demonstre o médico ter agido com 
consciência da falsidade do óbito que atesta” (RT). A lei pune o facultativo pela inveracidade da 
declaração atestada (saúde de quem é enfermo, doença em pessoa hígida, doença diversa da real, óbito 
de cujo fato não tenha ciência própria etc.) suficientemente idônea para gerar prejuízo, potência ou real, 
a direito, obrigação ou a fato juridicamente relevante, e não pela inverdade sobre circunstâncias 
secundárias, como a afirmação de que é necessário repouso por período de 30 dias quando 15 dias 
bastam. Constitui infração ética atestar sem ter examinado o paciente, ainda que a doença seja verdadeira 
(art. 110 do Código de Ética Médica). Sendo o certificado falso fornecido mediante pecúnia, além da pena 
corporal, aplicar-se-á multa. 
O art. 302 do Código Penal é aplicável ao médico que comete o delito em caráter particular, portanto, 
à margem de função pública, pois responderá ele pela infração penal elencada no art. 301 do mesmo 
Código, “em razão de função pública”, se na qualidade de funcionário público falsear conscientemente 
atestado objetivando favorecer pessoa interessada a obter vantagem de ordem pública. “O médico que 
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assina declaração ou atestado de óbito ideologicamente falso para efeito de alteração da verdade no 
Registro Público pratica o delito previsto no art. 299 do CP, e não o art. 302, do mesmo estatuto, de 
punição mais leve e branda” (RJTJSP). 
É comum o médico redigir o atestado em papel timbrado de receituáriopróprio ou de instituição e 
entidades médico sociais, pois somente os atestados de óbito tem forma especial. Pode fazê-lo também 
em folha de papel comum. Embora não se obrigue ao atestado forma fia, convém que dele constem, 
sumariamente, quatro partes: nome e sobrenome do médico, seus títulos e qualidades; qualificação do 
paciente, tendo-se o cuidado de especificar quem solicita o documento; o estado mórbido e demais fatos 
verificados; as consequências do que foi apurado. Deve o médico prudentemente esclarecer no atestado 
que ele é redigido a pedido do próprio interessado ou de seu representante legal, e para os devidos fins, 
ou seja, a finalidade a que se destina, evitando tanto quanto possível, declarar o diagnóstico, para 
salvaguarda do sigilo profissional. 
A celebratória e interminável querela sobre a obrigatoriedade ou não do facultativo apor o diagnóstico 
nos atestados oficiosos perdeu a razão de ser, ante a revogação da Resolução n. 1.190/84 pela n. 
1.219/85, do Conselho Federal de Medicina. A norma revogada previa: “... subordina a eficácia do 
atestado médico ao fato de nele constar o diagnóstico preferentemente codificado (ou não), conforme o 
Código Internacional de Doenças – CID, com a expressa concordância do paciente...”. A colocação no 
atestado médico do diagnóstico, codificado ou não, admite a presunção absoluta de que houve a 
concordância expressa do paciente, ou, se menor, de seu representante legal. Nos atestados 
administrativos e judiciários em que as autoridades exigem o diagnóstico, é obrigatório o médico declará-
lo utilizando a Classificação Internacional de Doenças, Lesões e Causas de Morte, com anuência do 
paciente. Afinal, o atestado jamais se arvora status de laudo de perícia médica, nos casos em que esta é 
expressamente exigida. 
 
Atestado de Óbito 
 
O Conselho Federal de Medicina, no dia 11 de novembro de 2005, aprovou a Resolução n. 1.779/2005, 
que disciplina o fornecimento de atestados de óbito. 
 
Resolução CFM nº 1.779/2005 
(Publicada no D.O.U., 05 dez 2005, Seção I, p. 121) 
 
Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da Declaração de Óbito. 
Revoga a Resolução CFM n. 1601/2000. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 
de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e 
 
CONSIDERANDO o que consta nos artigos do Código de Ética Médica: 
 
Art. 14. O médico deve empenhar-se para melhorar as condições de saúde e os padrões dos serviços 
médicos e assumir sua parcela de responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e 
à legislação referente à saúde. 
É vedado ao médico: 
 
Art. 39. Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de 
receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos médicos. 
 
Art. 44. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a legislação vigente. 
 
Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou que não 
corresponda a verdade. 
 
Art. 112. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente 
ou seu responsável legal. 
 
Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não tenha prestado 
assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista, médico substituto, ou em caso 
de necropsia e verificação médico-legal. 
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Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando 
houver indícios de morte violenta; 
 
CONSIDERANDO que Declaração de Óbito é parte integrante da assistência médica; 
CONSIDERANDO a Declaração de Óbito como fonte imprescindível de dados epidemiológicos; 
CONSIDERANDO que a morte natural tem como causa a doença ou lesão que iniciou a sucessão de 
eventos mórbidos que diretamente causaram o óbito; 
CONSIDERANDO que a morte não-natural é aquela que sobrevém em decorrência de causas externas 
violentas; 
CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar a responsabilidade médica no fornecimento da 
Declaração de Óbito; 
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão plenária realizada em 11 de novembro de 2005, 
 
Resolve: 
 
Art. 1º O preenchimento dos dados constantes na Declaração de Óbito é da responsabilidade do 
médico que atestou a morte. 
 
Art. 2º Os médicos, quando do preenchimento da Declaração de Óbito, obedecerão as seguintes 
normas: 
 
1) Morte natural: 
 
I. Morte sem assistência médica: 
a) Nas localidades com Serviço de Verificação de Óbitos (SVO): A Declaração de Óbito deverá ser 
fornecida pelos médicos do SVO; 
b) Nas localidades sem SVO: A Declaração de Óbito deverá ser fornecida pelos médicos do serviço 
público de saúde mais próximo do local onde ocorreu o evento; na sua ausência, por qualquer médico da 
localidade. 
 
II. Morte com assistência médica: 
a) A Declaração de Óbito deverá ser fornecida, sempre que possível, pelo médico que vinha prestando 
assistência ao paciente. 
b) A Declaração de Óbito do paciente internado sob regime hospitalar deverá ser fornecida pelo médico 
assistente e, na sua falta por médico substituto pertencente à instituição. 
c) A declaração de óbito do paciente em tratamento sob regime ambulatorial deverá ser fornecida por 
médico designado pela instituição que prestava assistência, ou pelo SVO; 
d) A Declaração de Óbito do paciente em tratamento sob regime domiciliar (Programa Saúde da 
Família, internação domiciliar e outros) deverá ser fornecida pelo médico pertencente ao programa ao 
qual o paciente estava cadastrado, ou pelo SVO, caso o médico não consiga correlacionar o óbito com o 
quadro clínico concernente ao acompanhamento do paciente. 
 
2) Morte fetal: Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe ficam obrigados 
a fornecer a Declaração de Óbito quando a gestação tiver duração igual ou superior a 20 semanas ou o 
feto tiver peso corporal igual ou superior a 500 (quinhentos) gramas e/ou estatura igual ou superior a 25 
cm. 
 
3) Mortes violentas ou não naturais: A Declaração de Óbito deverá, obrigatoriamente, ser fornecida 
pelos serviços médico-legais. 
Parágrafo único. Nas localidades onde existir apenas 1 (um) médico, este é o responsável pelo 
fornecimento da Declaração de Óbito. 
 
Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação e revoga a Resolução CFM nº 
1.601/00. 
 
Brasília-DF, 11 de novembro de 2005 
 
 
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c) RELATÓRIOS - é a descrição minuciosa e por escrito de todas as etapas de uma perícia médica, 
requisitada por autoridade policial ou judiciária, a um ou mais peritos, previamente nomeados e 
compromissados na forma das leis. No foro criminal são dois os peritos, o que redige o documento é o 
relator, sendo e segundo o revisor. 
Pode ser AUTO: quando o exame é ditado diretamente a um escrivão e diante de testemunhas ou 
LAUDO: relatório realizado pelos peritos após suas investigações. 
Possui as seguintes partes: 
1) Preâmbulo - o perito escreverá o seu nome, os títulos de que é portador, o nome da autoridade que 
o nomeou, o motivo da perícia, o nome e a qualificação do paciente a ser examinado, local, dia e horas 
da realização da perícia. É uma espécie de introdução. 
2) Histórico – corresponde a anamnese dos exames clínicos; narrar tudo que possa interessar sobre 
os comemorativos do fato, localizando-os no tempo e no espaço. Quando se trata de relatório de 
necropsia, o histórico, normalmente, é retirado do Registro da Ocorrência ou da Guia de 
Encaminhamento. O histórico pode conter, ainda, referências a laudos anteriores, se existirem (exame 
complementar). É aconselhável a iniciar com expressões como “refere que...”, “afirma o(a) periciando(a) 
que...”, para evitar comprometimento com o que for informado. Prestar atenção noexagero das queixas 
apresentadas, assim como simulação de doença mental. Nas necropsias, os dados da guia de remoção 
são transcritos e não endossados (“Ofício No. ou Guia de Remoção Nº, assinada pelo Bel.(a) ou Dr...., 
Cremepe..., que diz...”, para evitar acusações de acobertar falsas versões. 
3) Descrição (visum et repertum) - parte mais importante do relatório; descrição minuciosa e precisa 
de todo o exame externo e interno. Expor com método e documentar com esquemas, desenhos, gráficos 
e fotografias. Quando se tratar de cadáver constar: sinais de morte, elementos que permitam estabelecer 
a identidade, exame das vestes, exame externo e interno. Evitar ideias ou hipóteses preconcebidas, para 
que o próprio perito, ou outro, discutam outras possibilidades diagnósticas. Lembrar-se que a descrição 
não poderá ser refeita com a mesma riqueza de detalhes (processos cicatriciais, inflamatórios, fenômenos 
cadavéricos). O primeiro exame é sempre o mais importante, quando é feita uma boa descrição. 
4) Discussão - o perito fará os seus diagnósticos, externará a sua opinião, transcreverá os 
ensinamentos dos melhores autores e mostrará as vantagens e desvantagens dos diversos critérios e 
opiniões sobre o fato. Os dados do histórico são comparados com os achados do exame objetivo e, 
algumas vezes, quando surge discrepâncias, os dados são analisados sob novos ângulos, sendo 
necessário estudos mais detalhados e exames complementares. 
5) Conclusões - o perito deverá sintetizar o seu ponto de vista, baseando-o sempre em elementos 
objetivos e comprovados seguramente. Afirmar somente o que puder demonstrar cientificamente. Se 
houver mais de uma possibilidade quanto ao que ocorreu, deve mencionar cada uma das alternativas e 
a probabilidade de acerto. O perito não julga, ele esclarece, demonstra, ilumina. As conclusões podem 
ser afirmativas ou negativas. Quando não for possível firmar uma conclusão, o perito deverá referir que 
não tem elementos para afirmar ou negar; a impossibilidade de concluir já é uma conclusão. 
6) Quesitos – perguntas cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao 
processo. As respostas devem ser claras e sucintas, o mais possível concludente, não pode permitir 
interpretação duvidosa. Todos os quesitos devem ser respondidos, preferencialmente monossilábicos 
(sim/não) ou a afirmação de que a perícia não tem condições de esclarecer a dúvida levantada. No foro 
penal são padronizados para caracterização de um fato típico. O quesito: “Se a morte foi produzida por 
meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel”, tem a finalidade 
de estabelecer as formas de homicídio qualificado, entretanto, nem sempre o perito tem elementos para 
determinar a causa jurídica da morte, sendo preferível responder como “prejudicado” e aguardar uma 
consulta posterior. Não existem quesitos oficiais no foro cível. 
 
d) CONSULTAS - esclarecimento requisitado em consequência de dúvidas ou omissões de ordem 
médica, sendo necessário ouvir a opinião de um mestre da medicina legal ou de uma instituição 
renomada. Deve ser feita com clareza e por escrito, devendo vir acompanhada de tudo que for pertinente 
ao caso, para facilitar o trabalho do especialista consultado (exames médico-legais, laudos, decisões 
judiciais e os próprios autos processuais). Pode ser solicitada pela Autoridade ou mesmo por outro perito, 
com a finalidade de complementar o seu laudo. 
 
e) PARECERES - opinião pessoal sobre determinados fatos médicos; vale pelo prestígio e conceito. 
O especialista ou a instituição consultada responderão baseados nos dados fornecidos, sem qualquer 
grau de parcialidade. Deve ser feita de modo claro e lógico, fundamentada em citações de autores 
consagrados visando evitar futuras contestações. 
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O valor e credibilidade do parecer dependerá do prestígio, bom conceito, renome científico e moral 
usufruído por aquele que o emite (parecerista). Trata-se de documento particular, unilateral, que não exige 
compromisso legal do parecerista, donde que nunca se possa enquadrar como falsa perícia. 
Consta das seguintes partes: 
1 - Preâmbulo – qualificação da autoridade solicitante, do parecerista com seus títulos, o número do 
processo e da vara criminal ou civil correspondente. 
2 - Exposição – o motivo da consulta, transcrição dos quesitos formulados e o histórico cronológico 
dos fatos do caso a ser analisado. 
3 - Discussão – parte mais importante de um parecer. Aqui, o parecerista deve demonstrar a sua 
cultura, capacidade de análise e poder de argumentação; são apontados os pontos falhos da perícia, sem 
excessos de linguagem para não ferir a ética. 
4 - Conclusões – síntese dos pontos relevantes da discussão, clara e sucinta. Podem ser colocadas à 
medida que são respondidos os quesitos. 
 
f) DEPOIMENTOS ORAIS - O perito chamado a depor nos tribunais e na audiência de instrução e 
julgamento – providência por vezes necessária ou até indispensável -, como parte técnica do corpo 
judicante, nunca como testemunha, presta depoimento de viva voz a respeito do laudo que ofereceu nos 
autos, em linguagem despida de rebuscados literários, compreensível e simples, emitindo 
respeitosamente opinião rigorosamente científica, respondendo objetivamente a todas as perguntas e 
explicando devidamente, quando necessário, terminologia técnica. Convém relembrar que, consoante o 
parágrafo único do art. 435 do CPC, os peritos e os assistentes técnicos só estarão obrigados a prestar 
verbalmente os esclarecimentos a que se refere este dispositivo quando intimados cinco dias antes da 
audiência de instrução e julgamento. Do que disser cada um lavrar-se-á o respectivo termo, sendo 
indispensável que o assine o juiz, o perito, as partes, subscrevendo-o o escrevente. 
 
QUESITOS OFICIAIS 
 
Os Quesitos Oficiais (área criminal) são instituídos por Lei Estadual e somente podem ser 
modificados por uma nova Lei que altere a vigente. No Estado de Minas Gerais foram estabelecidos pela 
Lei 5141 de 1956, ainda em vigor. Eles foram elaborados levando-se em conta cada crime em que 
pudesse haver um ato pericial. Consequentemente são genéricos. 
Os Quesitos Complementares (área criminal) são formulados pela Autoridade Policial ou Judiciária, 
pelo Ministério Público, pelos Presidentes de Inquéritos Policiais Militares, pelos Presidentes de 
Conselhos Tutelares e, na falta de um deles, pelo Juiz de Paz da Comarca. Nesta condição os quesitos 
são próprios de cada caso e visam esclarecer dados do crime no Inquérito ou Processo. 
Na área Cível e Trabalhista os quesitos são sempre específicos para cada caso e podem ser 
formulados pelo Juiz, pelas partes (quantas forem) e pelo Ministério Público, se participante do Processo. 
 
OBRIGATORIEDADE EM RESPONDER AOS QUESITOS. 
 
Qualquer médico que estiver investido na condição de Perito, seja no Juízo Criminal, Cível ou 
Trabalhista, deverá responder aos quesitos obrigatoriamente por imposição de Lei. 
 
Código de Processo Penal. 
Art. 160 - Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, 
e responderão aos quesitos formulados. 
 
 
TIPOS DE RESPOSTAS AOS QUESITOS. 
 
Monossilábicas. 
Há casos que somente cabe uma resposta monossilábica. Por exemplo, se o quesito for: "Houve a 
morte?" entende-se que somente caberá um Sim ou um Não. Entretanto é prudente, embora não 
obrigatório, não usar resposta monossilábica quando houver dubiedade na interpretação. Recomenda-se 
que se faça uma transcrição do quesito na resposta. Por exemplo: "O perito encontrou deformidade física 
no paciente examinado?" Se a resposta for negativa, sugere-se: Não; o perito não encontrou deformidade 
física no paciente examinado. Esta resposta, se transcrita posteriormente alhures, não deixará dúvidas 
no leitor do laudo. 
 
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