Buscar

Contestação com Reconvenção - Acidente de Trânsito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1° VARA CÍVEL DA COMARCA DE PIMENTA BUENO-RO
PROCESSO N°: 7009999-99.2020.8.22.0009
Carlos Aberto Cunha, estado civil... profissão... inscrito no CPF sob o n°... residente e domiciliado na cidade de... , por meio do seu advogado constituído (procuração anexa), com endereço profissional em... e endereço eletrônico..., vem a presença de Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 335 e 336 e seguintes do Código de Processo Civil, apresentar:
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO
aos fatos e direitos opostos por Maria Madalena de Brito, também qualificada nos autos do presente processo.
I – SÍNTESE DOS FATOS
	Trata-se de ação proposta em face de acidente de trânsito ocorrido na cidade de Pimenta Bueno-RO.
	Alega a parte autora que dirigia seu veículo, na cidade de Pimenta Bueno-RO, quando se envolveu em acidente de trânsito com o veículo do réu. Em decorrência do acidente, sofreu danos materiais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), valor que foi utilizado para consertar o automóvel.
	Alega que a ação ajuizada foi um pedido de Indenização por Danos Materiais, em que pedia que lhe fossem indenizados danos emergentes sofridos, além de reparação por danos materiais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
	Segue aduzindo que o acidente foi provocado por culpa do réu, pois estaria dirigindo acima da velocidade permitida. 
	Deu valor a causa de R$ 1.000,00 (um mil reais) e informou que não deseja fazer audiência de conciliação, por ter tentado acordo extrajudicial, sendo ineficaz.
	Conforme se verá, inexiste qualquer direito a ser reparado à autora. Ela se encontrava embriagada no momento do acidente, tendo, inclusive, avançado o sinal vermelho.
II – PRELIMINARMENTE
II.I DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA
	Aponta a parte autora o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) como valor da causa. Acontece que este valor não respeita os ditames legais. Conforme o art. 292, CPC, as ações indenizatórias devem ter por valor da causa o importe que se pretende.
	Ora, o montante pleiteado pela parte autora é o de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), valor este que, segundo aduz, foi utilizado única e exclusivamente no conserto do veículo. Assim, o valor da causa indicado pela parte autora deveria ser o de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), devendo o juiz decidir a respeito, impondo a complementação das custas, nos termos do art. 337, III, CPC.
	O valor da causa deve corresponder ao benefício pecuniário auferido com o deferimento da ação, conforme clara redação do art. 292, CPC:
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
Ou seja, considerando que o objeto da ação envolve indenização por danos materiais, evidentemente que, se positiva, o benefício pecuniário corresponderá a todo o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Portanto, inquestionável a inadequação do valor da causa, devendo ser adequado.
III – DO DIREITO
	Sem ato ilícito não há responsabilidade civil. O réu em nenhum momento praticou ação voluntária com negligência ou imprudência que causasse danos a parte autora e, consequentemente, gerasse o dever indenizatório. Não houve afronta, portanto, aos arts. 186 c/c 925 do Código Civil. 
Ao contrário, toda responsabilidade cabe a parte autora que, conforme documentos apresentados, estava completamente embriagada no momento do acidente, pondo pedestres e outros motoristas em risco, avançando sinais vermelhos.
O réu não pode ser culpado de uma conduta que ele não contribuiu para o deslinde dos fatos, uma vez que a "vítima" foi a única responsável pelo resultado, não sendo imputável ao Réu a culpa pelo ocorrido, conforme clara disposição do Código Civil: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Ou seja, o ato ilícito indenizável só pode ser decorrência de um ato, omissão voluntária, negligência ou imperícia, o que neste caso são imputáveis ao Autora. 
O ato danoso do Autora consistiu em ato ilícito e comissivo, verificado no momento em que infringiu o Código de Trânsito Nacional, que estabelece que: 
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. 
Segundo narra o Boletim de Ocorrência, o acidente ocorreu quando a Autora estava embriagada, em clara inobservância ao que estabelece a Lei de Trânsito, in verbis: 
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:
 Infração - gravíssima;
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
 Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
Trata-se, portanto, de fato consubstanciado exclusivamente pelo ato da Autora, independente de dolo ou intencionalidade dela, conforme esclarece Maria Helena Diniz: 
"não se reclama que o ato danoso tenha sido, realmente, querido pelo agente, pois ele não deixará de ser responsável pelo fato de não ter-se apercebido do seu ato nem medido as suas conseqüências." (Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 7, responsabilidade civil, 18º edição, São Paulo, Saraiva, pg. 43) 
Portanto, a responsabilização da Autora aos danos causados é medida que se impõe.
Se aplica, por analogia, a responsabilização do art. 13 do Código Penal: 
Art. 13. O resultado, (...), somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
A Autora da ação ao deixar de observar as normas de trânsito foi a verdadeira causadora do acidente, ou seja: 
a) A Autora não exerceu seu dever de cautela na direção, expondo deliberadamente os demais ao risco; 
b) Por culpa exclusiva da Autora o acidente ocorreu, gerando o dever de indenizar. 
Portanto, por culpa exclusiva da vítima é que a Responsabilidade Civil recai sobre a Autora, conforme entendimento adotado nos tribunais: 
ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. Caracterizada culpa exclusiva da vítima que por sua própria conduta imprudente deu causa ao evento, a ação improcede. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJ-SP 10047911920148260482 SP 1004791-19.2014.8.26.0482, Relator: Felipe Ferreira, Data de Julgamento: 18/01/2018, 26ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/01/2018) 
ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. Caracterizada na prova dos autos a culpa exclusiva da vítima, sem comprovação de culpa concorrente do motorista do veículo atropelante, a improcedência da ação é de rigor. Sentença reformada. Recurso provido para julgar a ação improcedente. (TJ-SP 00177220920128260008 SP 0017722-09.2012.8.26.0008, Relator: Felipe Ferreira, Data de Julgamento: 27/07/2017, 26ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 28/07/2017)
Sobreo tema, importa trazer lição do doutrinador Arnaldo Rizzardo, ao discorrer sobre o tema: 
"É causa que afasta a responsabilidade o fato da vítima, ou a sua culpa exclusiva. A sua conduta desencadeia a lesão, ou se constitui no fato gerador do evento danoso, sem qualquer participação de terceiros, ou das pessoas com a qual convive e está subordinada. (...). Naturalmente, se culpa alguma se pode imputar a terceiro, decorre a nenhuma participação em efeitos indenizatórios. Admitindo o Código a atenuação, impõe-se concluir que nada se pode exigir de terceiros se exclusivamente ao lesado se deveu o dano." ("Responsabilidade Civil", 3ª ed., Forense, p. 103)
	Portanto, não há como imputar a ilicitude ao réu, considerando a manifesta ausência de culpa.
	Caso assim não se entenda, é necessário levantar a responsabilidade concorrente entre as partes. A culpa é fator determinante no momento de se determinar o valor indenizatório. 
O Código Civil permite ''reduzir, equitativamente, a indenização'' quando houver excessiva desproporção entre a culpa e o dano (art. 944, parágrafo único, CC). Sendo estabelecido ainda que: ''se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com o do autor do dano'' (art. 945, CC). 
Ora, apesar do réu exceder o limite de velocidade em 5%, esse valor é ínfimo, não sendo o motivo preponderante para o acontecimento do acidente. Pelos motivos aduzidos, improcedentes os pleitos autorais. Caso reste configurado a responsabilidade civil, imperioso implicar que a mesma seja concorrente, conforme precedentes sobre o tema:
AÇÃO REGRESSIVA. SEGURADORA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ABALROAMENTO NA TRASEIRA E NA LATERAL DO VEÍCULO. CULPA CONCORRENTE. RESPONSABILIDADE EQUIVALENTE. I - Ambos os motoristas colaboraram para a ocorrência das colisões. Demonstrada a culpa concorrente do réu e do motorista do carro segurado, a seguradora-autora tem o direito de regresso da metade dos danos suportados pela perda total do veículo segurado. II - Apelações da autora e do réu desprovidas. (TJ-DF 07033967620178070001 DF 0703396-76.2017.8.07.0001, Relator: VERA ANDRIGHI, Data de Julgamento: 25/04/2019, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 07/05/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.) 
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO. ESTACIONAMENTO. INGRESSO NA VIA. DANO MORAL. CULPA CONCORRENTE. Age com culpa aquele que não toma as cautelas necessárias ao executar uma manobra para ingresso na via, nem respeita a preferência daqueles que nela já transitam. Dano moral que se reconhece em razão da violação à integridade física do autor. Culpa concorrente do autor reconhecida, pois as lesões sofridas são decorrentes não só da conduta da ré, mas também do fato de estar sem capacete de proteção. Quantum indenizatório fixado em R$5.000,00 diante da ausência de gravidade das lesões e da concorrência de culpas reconhecida. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70079038899, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 30/01/2019). 
APELAÇÕES. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL JULGADA CONJUNTAMENTE COM RECONVENÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. APURAÇÃO DE CULPA CONCORRENTE. CONDENAÇÃO DE AMBAS AS PARTES NO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO PROPORCIONAL A SUA CULPA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSOS DESPROVIDOS. Constatada a culpa concorrente, ambas as partes devem arcar com os danos de forma proporcional a sua culpa pelo evento danoso. (...) (TJ-SP - APL: 00792842620118260114 SP 0079284-26.2011.8.26.0114, Relator: Adilson de Araujo, Data de Julgamento: 12/02/2019, 31ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 12/02/2019) 
A doutrina ao tratar sobre o tema da responsabilidade civil, esclarece acerca da proporcionalidade no dever de indenizar: 
"A responsabilidade civil se assenta na conduta do agente (responsabilidade subjetiva) ou no fato da coisa ou no risco da atividade (responsabilidade objetiva). (...) Elemento de apuração da responsabilidade (relação potencial causa/causado). O uso jurídico mais corriqueiro do termo causa (ver sobre o tema os comentários ao CC 104) se dá no sentido de causa efficiens, quando da apuração da responsabilidade de alguém por algo, quando da análise do dever de indenizar um dano sofrido por outrem, ocasião em que se analisa o nexo de causalidade como critério para identificar se, por quem e a favor de quem a indenização é devida e em que medida." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017. Versão ebook, Art. 927) 
Portanto, comprovada a concorrência de culpa entre as partes, há de se reconhecer a proporcionalidade de cada parte.
IV – DA RECONVENÇÃO
	Ao réu é lícito propor reconvenção, manifestando pretensão própria, se conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa, nos termos do art. 343, CPC. 
Decorrente do mesmo fato, pleiteia o réu, ora reconvinte, indenização pelos danos materiais sofridos no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), importe utilizado para o conserto do veículo ocasionado pelo acidente. 
Restando claro o dever indenizatório do reconvindo, ante a prática de ato ilícito pela sua negligência ao dirigir embriagada, atravessando sinais vermelhos, tudo nos termos do art. 944 do Código Civil. 
Atribui-se ao valor da causa o importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
V – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO, requer:
a) O deferimento à impugnação ao valor da causa determinando a sua adequação.
b) No mérito, requer a total improcedência dos pleitos autorais.
c) Subsidiariamente, requer a procedência parcial em razão da responsabilidade concorrente.
d) Quanto a reconvenção, requer a procedência do pedido reconvencional, para condenação da autora-reconvida ao pagamento no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
O recebimento das razões de reconvenção para o seu devido processamento, nos termos do art. 343 do CPC; 
Seja intimado o Autor para apresentar resposta, nos termos do §1º art. 343, do CPC;
e) Requer a condenação parte autora em custas e honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85 §2°, CPC.
f) Pleiteia provar o alegado por todos os meios em direito admitido, em especial com a juntada das notas fiscais e comprovantes de pagamento dos R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e juntada do boletim de ocorrência.
g) Requer que as intimações ocorram exclusivamente em nome do Advogado... OAB...
h) Por fim, manifesta o desinteresse na audiência conciliatória, nos termos do art. 319, inc. VII do CPC.
Nestes termos, pede deferimento.
Local/Data
LUCAS SILVA SOUZA/OAB...
MURILO HENRIQUE TONINI DE ALMEIDA/OAB...

Continue navegando