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O DEFICIENTE VISUAL E A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS

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O DEFICIENTE VISUAL E A PRÁTICA DE 
ATIVIDADES FÍSICAS 
 
 
Marcelo Augusto Calixto Porto 
Paulo Arthur Santos Mendes 
Riccelli Sullivan Louzeiro Miranda 
Ruan da Silva Botelho 
Prof. Rafael Thallisson Mendes dos Santos 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
Bacharelado em Educação Física (BEF0228) – Prática Interdisciplinar 
(10/05/2019) 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo apresentar informações sobre a importância da atividade 
física para pessoas com deficiência visual. O estudo está dividido da seguinte forma: No primeiro 
momento é apresentado o conceito em torno do que é a deficiência visual e sua classificação dentro 
das áreas medica, legal, educativa e esportiva. Em seguida temos um breve histórico sobre o 
exercício da Educação Física e que marcos foram alcançados dentro desta área que significaram 
vitorias a pessoa com deficiência visual em sua interação e inserção dentro do meio social e, por 
fim, apresentamos atividades físicas e esportes praticados por deficientes visuais. 
 
Palavras-chave: Deficiência Visual. Atividades Físicas. Práticas Esportivas. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
“Do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum 
tipo de deficiência. Entre as deficiências declaradas, a mais comum foi a visual, atingindo 
3,5% da população. Em seguida, ficaram problemas motores (2,3%), intelectuais (1,4%) e 
auditivos (1,1%). 
Estima-se que 528.624 de pessoas são incapazes de enxergar (cegos), 6.056.654 de pessoas 
possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar) e 
outros 29 milhões de pessoas declaram possuir alguma dificuldade permanente de enxergar, 
ainda que usando óculos ou lentes corretivas.” (IBGE, 2010). 
 
 
A deficiência visual, independentemente do nível, leva a limitações e restringe o 
desempenho de uma pessoa em suas atividades cotidianas, interferindo em sua autonomia e 
qualidade de vida (SILVA; NOBRE; CARVALHO; MONTILHA, 2014, p. 291-301). 
O sentido da visão, por mais trivial que seja para aqueles que a possuem, representa uma 
espécie de janela, por onde adquirimos uma série de conceitos, nos relacionamos com diversas 
imagens e pessoas. Sem este sentido, o contato com o mundo é suprimido, as práticas laborais são 
restringidas e as trocas sociais mais limitadas. 
2 
 
 
 
A acessibilidade a atividades físicas para o portador de deficiência visual é limitada devido 
diversos fatores no âmbito da orientação e mobilidade, bem como questões arquitetônicas e a falta 
de profissionais especializados, por isso a necessidade de mais informações e projetos acerca do 
assunto. 
Já foi comprovado que a prática de atividades físicas além de beneficiar a saúde e reduzir o 
risco de doenças, torna os indivíduos mais ativos fisicamente e mais capazes de realizar as 
atividades do dia-a-dia. (LIEBERMAN, 2002). 
No contexto psicológico, melhora a autoconfiança e autoestima, tornando a pessoa mais 
otimista e segura para alcançar seus objetivos. 
Poder desfrutar de tais práticas foi um direito, há muito tempo, tirado do portador de 
deficiência visual. E o mesmo, como qualquer outra pessoa, precisa cuidar de sua saúde e bem-
estar, integrando atividades que propiciem sua inserção no meio. 
O presente estudo tem como intuito conceituar o que é a deficiência visual, apresentando 
suas características, déficits e potencialidades, sondar aspectos sobre a importância da prática de 
atividades físicas, no campo da deficiência visual, através de dados estatísticos com a revisão de 
trabalhos de outros autores nos quais o assunto é abordado, e junto deles fazer algumas reflexões a 
respeito do tema proposto. 
 
2. O QUE É DEFICIÊNCIA VISUAL 
 
 
Segundo Ghorayeb, Nabil (2004) apud Oliveira (2008), Deficiência visual é a falta do 
sentido da visão, ou seja, é a perca total ou parcial da visão fazendo com que o portador da 
deficiência acabe dependendo de recursos para sua locomoção e aprendizagem. 
A deficiência visual pode ser caracterizada por congênita (quando o individuo nasce com a 
deficiência) ou adquirida (quando no decorrer da vida a pessoa acaba adquirindo a deficiência). 
 
3 
 
 
 
“Uma das primeiras coisas a considerar na história do indivíduo é se sua deficiência visual 
é congênita ou adquirida. No caso da cegueira adquirida, deve-se descobrir em qual idade e 
como aconteceu esse evento. Faz-se necessária uma análise das contingências ambientais 
passadas e presentes que podem ter influenciado, ou ainda podem influenciar no 
desenvolvimento desse indivíduo. Normalmente, indivíduos com cegueira congênita 
apresentam um desenvolvimento psicológico mais saudável do que os que têm cegueira 
adquirida, principalmente, se o momento da ocorrência desta foi tardio e se a sua família 
também não aceitar a sua situação. Isso acontece porque não tiveram a experiência do 
“enxergar”, não desenvolveram o sentimento de perda, e sua família desde cedo teve que se 
adaptar à sua condição de cegueira.O desenvolvimento cognitivo de pessoas com cegueira 
congênita se aproxima do normal, e, portanto, não há tanto comprometimento de sua 
apropriação do mundo. Conseqüentemente, haverá menos distorções na formação de sua 
identidade, em comparação com as pessoas com cegueira adquirida, que normalmente 
apresentam grande resistência a aceitar seu estado, não procurando adaptar-se à nova 
situação.”(Ramos, 2006, p. 8-9). 
 
 
Existem quatro níveis da função visual, segundo a Classificação Internacional de Doenças-
10 (CID-10): visão normal, deficiência visual moderada, deficiência visual severa, e cegueira. 
O termo “baixa visão” é utilizado nos casos de deficiência visual moderada e severa. E 
cegueira significa a total ausência da percepção visual (World Health Organization, 2011). A 
classificação depende das avaliações das funções visuais: como a acuidade visual, a capacidade de 
diferenciar detalhes e o campo visual, área circundante visível (Land, 2006). 
 
2.1 CLASSIFICAÇÃO LEGAL, MÉDICA, ESPORTIVA E EDUCATIVA 
 
 
Existem diversas classificações para a deficiência visual, estas variam de acordo com as 
limitações e a que fim se destinam. “Elas surgem para que as desvantagens decorrentes da visão 
funcional de cada indivíduo sejam minimizadas, pois apesar das pessoas com deficiência visual 
possuírem em comum o comprometimento do órgão da visão, as alterações estruturais e anatômicas 
promovem modificações que resultam em níveis diferenciados nas funções visuais, que interferem 
de forma diferenciada no desempenho de cada indivíduo. Desta maneira as classificações são 
definidas sob os aspectos: Legais, Médicos, Educacionais e Esportivos.”, conforme 
Ghorayeb, Nabil (2004) apud Oliveira (2008). 
A – Classificação legal: Abaixo seguem as leis federais que surgiram no segmento da 
Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, que estabeleceu uma condição de igualdade 
entre as pessoas, de acordo com as características de cada um, e como tal, as pessoas com 
4 
 
 
 
deficiência, o pleno exercício da cidadania e da integração social. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA 
DO DESPORTO PARA CEGOS (2003). 
Leis no âmbito do desporto 10.264 (Lei Piva) e 9.615 (lei Pelé), de 16 de julho de 2001. 
A lei 10.264, conhecida como Lei Piva foi sancionada pelo ex-presidente da república 
Fernando Henrique Cardoso, estabelecendo que 2% da arrecadação bruta das loterias federais do 
país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (85%) e Comitê Paraolímpico Brasileiro 
(15%). 
Lei Nº 7.853, de 24 de Outubro de 1989. 
 Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, sobre a 
Coordenadoria Nacional para Integração da pessoa portadora de deficiência - corde. Institui a tutela 
jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do ministério 
público, define crimes, e dá outras providências. 
Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembrode 1996. 
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
B – Classificação médica: Segundo o texto da ACSM (American College of Sports 
Medicine) (1997) citado por Fugita (2002) a cegueira pode ser definida como: 
Cegueira por acuidade: Significa possuir visão de 20/200 pés ou inferior, com a melhor 
correção (uso de óculos). É a habilidade de ver em 20 pés ou 6,096 metros, o que o olho normal vê 
em 200 pés ou 60,96 metros (ou seja, 1/10 ou menos que a visão normal), onde 1 pé = 30,48 cm. 
Cegueira por campo visual: Significa ter um campo visual menor do que 10° de visão 
central - ter uma visão de túnel. 
Cegueira total ou "não percepção de luz": É a ausência de percepção visual ou a 
inabilidade de reconhecer uma luz intensa exposta diretamente no olho. 
C – Classificação esportiva: B1 significa ausência total da percepção da luz em ambos os 
olhos, ou alguma percepção da luz, mas com incapacidade para reconhecer a forma de uma mão em 
qualquer distância ou sentido. 
5 
 
 
 
B2 trata da habilidade de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade visual de 2/60 
metros e/ou um campo visual inferior a 5º de amplitude. 
B3 vai desde uma acuidade visual superior a 2/60 metros até 6/60 metros e/ou um campo 
visual de mais de 5º e menos de 20º de amplitude. 
 A letra "B" refere-se ao termo Blind, que significa cego, segundo a International Blind 
Sport Association (2005). São as classificações que permitem a elaboração de programas de 
atividades baseando-se nas características individuais dos alunos, isso vai resultar em um melhor 
aproveitamento por parte dos mesmos, permitindo a construção do seu desenvolvimento global. 
D – Classificação educativa: O instrumento padrão visual é a escala de Snellen, que 
consiste em fileiras de letras de tamanhos decrescentes que devem ser lidas a uma distância de 20 
pés. Os escores são baseados na exatidão com que a pessoa com deficiência visual foi capaz de 
identificar as fileiras de letras utilizando um olho de cada vez. 
 
FIGURA 1: TABELA DE SNELLEN 
 
Fonte: Wikipédia (2015) 
 
 
 
 
6 
 
 
 
2.2 ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE 
 
 O processo do uso dos sentidos para reconhecer e estabelecer sua posição em relação ao 
meio e a seu redor entende-se por orientação. A mobilidade é a capacidade do indivíduo de mover-
se. (SEESP/MEC, 2002) 
O sentido de orientação e mobilidade varia entre as pessoas cegas, como cada ser tem 
capacidades sensoriais e vivências distintas, o resultado da orientação e mobilidade para cada 
indivíduo pode ser um desafio ou uma tarefa simples. 
De acordo com Pathas (2002), apud Silveira, Dischinger (2016), há quatro tipos de 
orientações: pontos fixos, quando se está parado; pontos fixos, quando se está em movimento; 
pontos em movimento, quando se está parado; pontos em movimento quando se está em 
movimento. 
Orientação e mobilidade ajudam na segurança do deficiente visual, tanto na coordenação 
quanto na locomoção. 
Diversos recursos permitem o deficiente visual deslocar-se com independência e garantem 
sua mobilidade. Dentre eles, a bengala e o cão-guia apresentam-se como alguns dos mais utilizados. 
 
3. UM BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
“Retornando aos primórdios da humanidade, podemos dizer que durante o período que se 
convencionou pré-histórico o homem dependia de sua força, velocidade e resistência para 
sobreviver. Suas constantes migrações em busca de moradia fazia com que realizasse 
longas caminhadas ao longo das quais lutava, corria e saltava, ou seja era um ser 
extremamente ativo fisicamente.” (Pitanga, 2002, p. 50). 
 
 
Desde os primórdios, o exercício da Educação Física está correlacionado com a própria 
sobrevivência do homem. Mais tarde, desponta como forma de preparar este para a guerra e o 
trabalho, através de uma óptica militarista. A história desta ciência passa por diversos países e 
atravessa diversas culturas como a grega, egípcia e romana, por exemplo. E também adentra 
movimentos como Renascentista e Iluminista, caminhando e evoluindo até a idade contemporânea. 
7 
 
 
 
Porém, desde a antiguidade os portadores de necessidades especiais sempre foram colocados de 
lado, sendo considerados como incapacitados, apesar de que esta concepção esteja mudando. 
No Brasil, desde o período da colonização o tratamento dado aos portadores de necessidades 
especiais era feito da seguinte maneira: 
“... ou se abandonavam os deficientes às intempéries, por descrença nas suas 
possibilidades de desenvolvimento, por situações diversas de miséria, procedimento 
também usual com ‘normais’ indesejados, ou se recolhia nas Santas Casas, aqui existentes 
desde o séc. XVI.” Januzzi (2004, pg. 11). 
 
 
Estas instituições funcionavam como internatos. 
No final da Segunda Guerra Mundial, a concepção da sociedade com relação ao portador de 
necessidades especiais muda, uma vez que este não é mais considerado um empecilho para ela e 
nem para sua família. Muitos soldados que lutaram na guerra foram mutilados, porém foram 
considerados heróis. A partir desse momento, a sociedade passou a respeitar tais pessoas, 
permitindo que participassem ativamente do meio social. Desde então, através da disciplina de 
Educação Física, ocorreu uma maior preocupação com a realização de atividades físicas para 
deficientes. 
E eis que surge o advento chamado Educação Física Adaptada, nos Estados Unidos, 
conforme salienta Castro (2003): 
 
 
 “A contribuição da atividade física adaptada foi iniciada nas áreas de surdez, deficiência 
visual e mental. Jean-Marc Itard (1775-1839), médico francês deu origem ao modelo 
educacional, utilizando atividades sensório-motoras para desenvolver o potencial de 
indivíduos com deficiência mental e sensorial. Seu seguidor Edouard Seguin trouxe o 
sistema de treinamento sensório-motor aos EUA em 1860. Seguin contou com ajuda de 
Samuel Gridley Howe para atender alunos com deficiência mental em Syracuse, Nova 
Iorque. A escola trabalhava principalmente com o treinamento de movimentos, com 
estimulação sensorial, fala e a instrução educacional. Antes de 1900 as raízes históricas da 
atividade física adaptada foram indiretamente relacionadas com a ginástica médica.” 
(Castro, 2003, p. 2-3). 
 
 
Seqüencialmente surgem os Jogos Paraolímpicos, modalidade que ainda hoje reúne 
inúmeros atletas, portadores das mais distintas deficiências, atuando em diversos esportes adaptados 
e provando suas capacidades de superação às adversidades. 
8 
 
 
 
 
 
3.1 O DEFICIENTE VISUAL NA PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS 
 
 
Sabendo-se os benefícios gerais da prática de atividades físicas aos indivíduos sem 
deficiência, faz-se fundamental a prática para os portadores de necessidades especiais. A 
participação em atividades físicas diretamente pertinentes ao deficiente visual ajuda-o a reconhecer 
mais acerca de suas potencialidades e limites a serem superados. 
Antes da prática de esportes para cegos e deficientes visuais, inicia-se o processo de 
aproximação entre atividade física e indivíduo, que anteriormente, devido a tais limitações, era 
afastado da sociedade e conseqüentemente das práticas físicas. 
Segundo Rosadas (1989) citado por Oliveira (2008), a atividade física para o deficiente 
visual deve ser “baseada no processo de desenvolvimento do ser humano tendo em vista a 
identificação das necessidades e potencialidades de cada individuo, respeitando sempre o espaço 
físico, recursos materiais e modificações de regras.” 
Para tanto, é necessário que o Educador Físico atue em conjunto aos deficientes visuais, 
independentemente de sua faixa etária. “Sua liderança, motivação e otimismo são fundamentais 
para que haja confiança mútua, propiciando quebra de tabus e a verdadeira potenciação das 
possibilidades do deficiente visual,” segundo Gentil, S. de M. S. (2008). 
São realizadas atividades de manutenção de equilíbrio, divididas por grau de dificuldade, 
tendoem vista a melhor adaptação do deficiente visual ao exercício proposto. 
Dentre os exercícios de manutenção de equilíbrio, citamos alguns como caminhar sobre um 
banco ou uma linha em alto relevo, caminhar em linha reta intercalando com giros de 360º graus, 
caminhar sobre a ponta dos pés, sobre os calcanhares, subir e descer escadas, entre outros. 
Também são realizadas atividades de marcha e coordenação, que nada mais é do que uma 
sucessão de desequilíbrio, seguida de correções dos mesmos, sendo consideradas normais quando o 
corpo está alinhado aos eixos em que as passadas são proporcionais as pernas respeitando a 
seqüência da marcha que é: apoio, aceleração e impulsão. 
9 
 
 
 
Qualquer movimento fora destes padrões não é considerado correto podendo haver riscos de 
lesões. 
 
3.2 ESPORTES PRATICADOS PELOS DEFICIENTES VISUAIS 
 
 
Os esportes adaptados aos portadores de deficiências são motivo de muitas comemorações 
por seus resultados, bem como pelo incentivo à prática de exercícios físicos para os mesmos. 
No caso dos deficientes visuais, existem diversas modalidades esportivas, as quais 
submetem atletas altamente treinados e condicionados às competições oficiais que medem 
capacidades de profissionais oriundos de diversos países. 
Estes são alguns dos esportes praticados pelos deficientes visuais: Atletismo, Natação, 
Goalball, Judô, entre outros. 
As provas do atletismo adaptado podem ser disputadas por atletas com qualquer grau de 
deficiência visual, pois os mesmo serão distribuídos em classificações B1, B2, B3, tanto na 
categoria feminina quanto na categoria masculina, competindo entre si nas provas de pista, de 
campo e na maratona. 
 
FIGURA 2: ESPORTE ATLETISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/rio-2016/noticia/2016-09/felipe-gomes-o-caminho-ate-quatro-medalhas-no-
atletismo-paralimpico 
10 
 
 
 
Na natação, poucas regras foram adaptadas para a prática de deficientes visuais. Elas se 
baseiam nas normas da FINA - Federação Internacional de Natação - e as provas disputadas são as 
mesmas: livre, costas, peito e borboleta, divididas por categorias de classificação oftalmológica B1, 
B2 e B3, sendo que cada uma disputa entre si. 
O goalball é uma modalidade que foi criada especialmente para os deficientes visuais, ao 
contrário de outras, que foram adaptadas. A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei (9m de 
largura por 18m de comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com 3 
minutos de intervalo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas. De cada lado 
da quadra, há um gol com 9m de largura e 1,30m de altura. Os atletas são, ao mesmo tempo, 
arremessadores e defensores. O arremesso deve ser rasteiro ou tocar pelo menos uma vez nas áreas 
obrigatórias. O objetivo é balançar a rede adversária. 
A bola tem um guizo em seu interior para que os jogadores saibam sua direção. O goalball é 
um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva, por isso não pode haver barulho no ginásio 
durante a partida, exceto no momento entre o gol e o reinício do jogo e nas paradas oficiais. A bola 
tem 76 cm de diâmetro e pesa 1,25 kg. 
 
FIGURA 3: PARTIDA DE GOALBALL 
Fonte: https://www.paralympic.org/news/sport-week-history-goalball 
11 
 
 
 
Nesta modalidade, os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3 competem juntos. 
Todas as classificações são realizadas por meio da mensuração do melhor olho e da possibilidade 
máxima de correção do problema. Todos os atletas, independente do nível de perda visual, utilizam 
uma venda durante as competições para que todos possam competir em condições de igualdade. 
O judô é um esporte dá ao atleta um grande aperfeiçoamento do equilíbrio estático e 
dinâmico, fundamentais no cotidiano dos deficientes visuais. Aprender a cair é também muito 
importante para dar segurança ao judoca. Insegurança gera tensão muscular, o que atrapalha os 
movimentos. 
Judocas das três categorias oftalmológicas, B1, B2 e B3, lutam entre si e o atleta cego (B1) é 
identificado com um círculo vermelho em cada ombro do quimono. 
Sendo assim, de forma sintética, foram apresentadas algumas das principais modalidades 
esportivas praticadas pelos deficientes físicos, segundo dados da CPB – Comitê Paralímpico 
Brasileiro. 
 
4. INTERAÇÃO ENTRE EDUCADOR FÍSICO E ALUNO 
 
 
Ghorayeb, Nabil (2004) apud Oliveira (2008), sugerem algumas recomendações que 
devemos ter ao interagir junto ao deficiente visual, tais como: 
- Ao acompanhar o deficiente visual deixe que ele sempre segure em seu braço e não você 
segurar no braço dele, pois isto trás uma sensação de desconforto para o deficiente; 
- Ao se dirigir ao deficiente visual não precisa gritar com ele, basta se dirigir com o tom de 
voz normal, pois ele é "cego" e não surdo; 
- Fornecer instruções básicas para o reconhecimento do ambiente; 
- Usar comunicação verbal e o tato; 
- Usar formação em roda ao aplicar uma atividade para melhor segurança; 
- Se possível adaptar o local em que será feito a atividade; 
- Evitar a mudança de lugares; 
12 
 
 
 
- Evitar comentários maldosos ou piadas que façam com que o deficiente visual se sinta mal 
ou constrangido em determinada situação (Importantíssimo); 
- Adaptar matérias para melhor rendimento; 
- Avisar quando chegar perto ou se afastar do aluno; 
- Incentivar o deficiente durante o processo de aprendizagem; 
- Procurar desenvolver o espaço – temporal do portador de deficiência visual; 
- Nunca deixar de perguntar se o deficiente visual quer ajuda; 
- Estimular a integração quando possível. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
 
Este trabalho teve como objetivo por meio da revisão de literaturas e de outros estudos onde 
o tema é abordado apresentar informações sobre a prática de atividade física na deficiência visual. 
Demonstrou-se de maneira simples e objetiva que o deficiente visual tem totais condições de 
realizar atividades físicas ou praticar esportes da mesma forma que a pessoa sem deficiência. 
Vimos também que, no decorrer da história, a deficiência visual veio quebrando tabus, 
derrubando barreiras e se destacando no cenário dos esportes, porém muito ainda deve ser feito para 
que o ideal de inclusão seja realmente respeitado. A prática de atividades físicas e esportes 
representam um elemento importante não apenas na área da saúde do deficiente visual, mas também 
na sua inserção nos meios sociais e quanto mais independente, maior acesso às atividades da vida 
diária, a escola, ao trabalho, ao lazer e a tudo que possa garantir a melhora do ser humano como um 
todo. 
 
REFERÊNCIAS 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS PARA CEGOS - ABDC. Disponível em: <http:// 
www.abdcnet.com.br>. Acesso em: 26 abr. 2019. 
 
13 
 
 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Formação de Professor: 
Orientação e Mobilidade. Brasilia: SEESP/MEC, 2002. 
 
CASTRO, E. M. de. Atividade física adaptada. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho. São Paulo, 2003. 
 
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS PARA CEGOS - CBDC. Home 
Page. Disponível em: <http://cbdv.org.br/>. Acesso em: 26 abr. 2019. 
 
COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO - CPB. Disponível em: <http://www.cpb.org.br/inicio>. 
Acesso em: 30 abr. 2019. 
 
FUGITA, M. A percepção do próprio nadar, de nadadores deficientes visuais e nadadores 
videntes. 2002. Mestrado. Faculdade de Educação Física, Universidade Presbiteriana Mackenzie, 
São Paulo, 2002. Disponível em: 
<http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1349/1041> Acesso em: 25 abr. 
2019. 
 
GENTIL, S. de M. S. (2008). A Importância da Atividade Física na Deficiência Visual. 
Monografia. Disponível em: <http://superclickmonografias.com/blog/?p=210>. Acesso em: 28 abr. 
2019. 
 
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<http://www.ibsasport.org/>. Acesso em: 26 abr. 2019.INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico. Rio de 
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