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https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Inquérito Policial Carreiras Policiais Direito Processual Penal https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://t.me/projetoemdeltacanal https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://t.me/projetoemdeltacanal https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ APRESENTAÇÃO: A presente apostila foi desenvolvida especificamente para os concursos voltados para as carreiras policiais, especificamente a polícia judiciária, seja no âmbito estadual (PC) ou no âmbito federal (PF). Nela estaremos abordando, de forma teórica e com questões comentadas, os principais temas cobrados para esses concursos dentro da matéria de direito processual penal. Após um levantamento das últimas provas das Polícias Civis do país, bem como da Polícia Federal, nos diversos cargos destas (com especial atenção aos cargos de Delegado, Escrivão, Investigador e Perito Criminal), separamos os temas que são mais cobrados nestes concursos na matéria de direito processual penal, os quais estão sendo abordados na referida apostila. A apostila está dividida com os seguintes tópicos: A presente apostila é conteúdo gratuito que contém somente um tópico da apostila original, qual seja: Inquérito Policial. Ao final do referido tópico disponibilizamos 20 questões comentadas. ATUALIZADO CONFORME A LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME) – só não incluímos os dispositivos que tratam do “Juiz das Garantias”, uma vez que estes encontram-se suspensos pelo STF por tempo indeterminado (Medida Cautelar na ADI 6.299/DF – suspenso até que o STF decida se tais dispositivos são ou não compatíveis com a Constituição Federal). Autor: Iago Oliveira Redivo, professor e Advogado. Bons estudos!! https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Sumário 2. Inquérito Policial ...................................................................................................... 1 2.1 Atribuição (Competência) ................................................................................ 2 2.1.1 Da Atribuição em Face da Natureza da Infração Penal .............................. 4 2.1.2 Da Atribuição em Face do Local da Consumação da Infração Penal ........ 7 2.2 Verificação de Procedência das Informações (VPI) ......................................... 8 2.3 Características do Inquérito Policial ................................................................. 8 2.3.1 Escrito ......................................................................................................... 9 2.3.2 Inquisitorial (Inquisitivo / Inquisitório) ...................................................... 9 2.3.3 Discricionário ........................................................................................... 11 2.3.4 Oficial ....................................................................................................... 12 2.3.5 Oficioso .................................................................................................... 12 2.3.6 Sigiloso ..................................................................................................... 13 2.3.7 Indisponível .............................................................................................. 15 2.3.8 Dispensável ............................................................................................... 15 2.4 Valor Probatório do Inquérito Policial ........................................................... 17 2.5 Do Procedimento Investigatório (IP) Face aos Servidores Vinculados aos Órgãos da Segurança da Pública (art. 144 da CF/88) ................................................. 19 2.6 Prazos para Conclusão do Inquérito Policial .................................................. 21 2.6.1 Regra Geral ............................................................................................... 21 2.6.2 Prazos Especiais ....................................................................................... 22 2.6.3 Prazo para Conclusão do Inquérito Policial no Caso de Indiciado Preso Temporariamente .................................................................................................... 24 2.6.4 Contagem dos Prazos ............................................................................... 24 2.7 Vícios .............................................................................................................. 25 2.8 Notícia do Crime (Notitia Criminis) ............................................................... 25 2.8.1 Espécies de Notícia Crime ........................................................................ 26 2.8.1.1 Notícia Crime Direta ou Espontânea (Cognição Imediata) ............... 26 2.8.1.2 Notícia Crime Inqualificada ou Delação Apócrifa (a chamada “denúncia anônima”) .......................................................................................... 26 2.8.1.3 Notícia Crime Indireta ou Provocada (Cognição Mediata) ............... 27 2.8.1.3.1 Requisição do juiz ou do Ministério Público ................................ 27 2.8.1.3.2 Requerimento da Vítima ............................................................... 27 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.8.1.3.3 Delação ......................................................................................... 28 2.8.1.3.4 Representação da Vítima (Delatio Criminis Postulatória) ........... 28 2.8.1.3.5 Requisição do Ministro da Justiça ................................................ 28 2.8.1.4 Notícia Crime Revestida de Forma Coercitiva ................................. 29 2.9 Procedimentos do Inquérito Policial............................................................... 30 2.9.1 Início ......................................................................................................... 30 2.9.2 Desenvolvimento ...................................................................................... 30 2.9.2.1 Indiciamento ...................................................................................... 32 2.9.2.1.1 Indiciado Menor ............................................................................ 33 2.9.2.1.2 Desindiciamento ........................................................................... 33 2.9.2.1.3 Vedação do Indiciamento ............................................................. 34 2.9.3 Final do Inquérito Policial ........................................................................ 37 2.9.3.1 Destino dos Autos do Inquérito Policial ........................................... 38 2.9.3.1.1 Crimes de Ação Penal Pública ...................................................... 39 2.9.3.1.2 Crimes de Ação Penal Privada ...................................................... 41 2.10 Arquivamento do Inquérito Policial ............................................................... 42 2.10.1 Do Procedimento – ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) ......... 42 2.10.2 Do Procedimento– Com o Advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) 45 2.10.3 Efeitos do Arquivamento do IP ................................................................ 47 2.10.4 Arquivamento Implícito ........................................................................... 50 2.10.5 Arquivamento Indireto ............................................................................. 50 2.11 Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) – art. 28-A do CPP, inserido pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) .............................................................................. 51 2.12 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) ............................................... 58 2.13 Controle Externo da Atividade Policial .......................................................... 58 2.14 Questões ......................................................................................................... 59 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 1 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2. Inquérito Policial A persecução criminal apresenta dois momentos distintos: o da investigação e o da ação penal. Esta consiste no pedido de julgamento da pretensão punitiva, enquanto a primeira é atividade preparatória da ação penal, de caráter preliminar e informativo. Em outros termos, a persecução penal estatal se constitui de duas etapas: (1) a investigação preliminar, gênero do qual é espécie o inquérito policial, objeto deste capítulo, cujo objetivo é formar lastro probatório mínimo para a deflagração válida da fase seguinte; e (2) o processo penal, que é desencadeado pela propositura de ação penal perante o Judiciário. Inquérito Policial é um procedimento administrativo inquisitório e preparatório, anterior ao processo, presidido pela autoridade policial (Delegado de Polícia) que conduz diligências, as quais objetivam a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. ● Natureza Jurídica: Procedimento Administrativo Procedimento: Não se trata, pois, de processo judicial, nem tampouco de processo administrativo, porquanto dele não resulta a imposição direta de nenhuma sanção. Administrativo: O inquérito policial é um procedimento administrativo, porque é realizado pela polícia judiciária, que é um órgão do Poder Executivo, poder este que tem como função típica a de administrar a coisa pública. Apesar do nome polícia judiciária, ela não é subordinada ao Poder Judiciário e sim ao Poder Executivo, haja vista o delegado da polícia estadual (a PC como um todo) está subordinado ao Secretário de Segurança Pública, e este, por sua vez, está subordinado ao Governador de Estado, responsável pela administração pública estadual. De igual modo, o delegado da polícia federal (a PF como um todo) está subordinado ao Ministro da Justiça, e este, por sua vez, está subordinado ao Presidente da República, responsável pela administração pública federal (caso queira saber mais acerca da organização dos órgãos de segurança pública, os quais se inserem a PC e a PF – Apostila Revisão Final – Carreiras Policiais – Direito Constitucional, tópico 6, páginas 169 a 173). ● Finalidade: Preparatório – informar o titular da ação penal sobre o resultado da investigação criminal, colaborando com a formação da sua opinião quanto à existência e à autoria de determinado crime. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.1 Atribuição (Competência) Anote-se que, conforme disposto na Constituição Federal, a atividade de polícia de segurança compreende a polícia ostensiva (administrativa) e a polícia judiciária. A polícia ostensiva tem por objetivo prevenir os delitos de forma a se preservar a ordem pública. A polícia judiciária exerce atividades de investigação, de apuração das infrações penais e de indicação de sua autoria, a fim de fornecer os elementos necessários ao Ministério Público em sua função persecutória das condutas criminosas, ou seja, é a polícia judiciária que é responsável pela produção do inquérito policial (IP), especificamente a autoridade da polícia judiciária (Delegado de Polícia que preside o IP – art. 2º, §1º, da Lei 12.830/13). Desse modo, A atividade policial no Brasil pode ser analisada em duas espécies: ● Polícia Administrativa (Ostensiva) A polícia administrativa, enquanto exerce atividade policial, é aquela que tem natureza preventiva do ilícito penal e possui uma característica ostensiva, como a Polícia Militar (PM) a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Ferroviária Federal (PFF). ● Polícia Judiciária A polícia judiciária atua quando a polícia administrativa não funciona. A sua natureza é repressiva, ocorrendo a sua atuação quando o ilícito penal já ocorreu. A polícia judiciária dos Estados e do Distrito Federal é a Polícia Civil (PC), e a Polícia Federal (PF) é exclusiva da União. A Polícia Civil e a Polícia Federal são polícias judiciárias não subordinadas ao Poder Judiciário. A Polícia Civil é subordinada aos governadores dos Estados e do Distrito Federal, e a Polícia Federal, ao Presidente da República, ou seja, ambas ao Poder Executivo. Atividade Policial Polícia Administrativa (Ostensiva): → Prevenir delitos (é preventiva). → Atua antes mesmo de ocorrer um crime. Funções típicas da: PRF, PFF e PM Polícia Judiciária: → Atividades de investigação, de apuração das infrações penais e a indicação de sua autoria (responsável pelo IP) → Auxilia o judiciário. → Atua depois que ocorreu o crime (é repressiva). Funções típicas da: PF e PC. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 3 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Importante ressaltar, todavia, que, se tratando de crimes militares, a atribuição para as investigações recai sobre a autoridade de polícia judiciária militar (PM, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha ou Aeronáutica), a quem compete determinar a instauração de inquérito policial militar (IPM). Desse modo, as autoridades dos seguintes órgãos podem instaurar e presidir um inquérito policial (IP) para investigar infrações penais: → Polícia Civil → Polícia Federal Temos ainda o inquérito policial militar (IPM), o qual é instaurado e presidido pela autoridade da: → Polícia Judiciária Militar - (PM, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha e Aeronáutica) – trata-se de uma EXCEÇÃO / função atípica, ocorre nos casos de crimes militares - IPM. **OBS: Na presente apostila estaremos tratando especificamente do inquérito policial propriamente dito, que é aquele que compete a PC e a PF, sem adentrar em especificidades do IPM (salvo quando falarmos expressamente de que se trata do IPM), uma vez que estamos abordando estritamente o CPP, e não do CPPM. Não obstante, vale lembrar que a atividade investigatória que antecede uma ação penal NÃO é exclusiva da Polícia Judiciária. Com efeito, o próprio Código de Processo Penal, em seu art. 4°, parágrafo único, acentua que a atribuição para a apuração das infrações penais e de sua autoria não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. Ou seja, existem outros instrumentos que investigam infrações penaisque https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 4 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ não são policiais (que NÃO são inquéritos policiais), tais quais: Inquérito Parlamentar, o qual fica a encargo da Comissão Parlamentar de Inquérito; Investigação Criminal a encargo do Ministério Público (apesar de haver entendimento doutrinário divergente, o STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal – info 785 do STF); as investigações de infrações penais praticadas por magistrados ou por promotores, as quais são presididas pelos órgãos de cúpula de cada carreira, de acordo com o que dispõe o art. 33, parágrafo único, da LOMAN, e art. 41, parágrafo único, da LONMP; dentre outros. 2.1.1 Da Atribuição em Face da Natureza da Infração Penal Estabelecidos quais os órgãos que podem instaurar IP, cabe agora estabelecer quando será a competência de cada um destes para exercer tal função. A autoridade policial responsável para instauração de um IP (a competência para investigação) será definida, a princípio, pela natureza da infração praticada, valendo lembrar que eventual investigação policial em andamento somente poderá ser avocada ou redistribuída por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação (Lei no 12.830/13, art. 2°, § 4°). Em se tratando de crime militar, a atribuição para as investigações recai sobre a autoridade de polícia judiciária militar, a quem compete determinar a instauração de inquérito policial militar (IPM), seja no âmbito das Polícias Militares ou dos Corpos de Bombeiros, nos crimes da alçada da Justiça Militar Estadual, seja no âmbito do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica, em relação aos crimes militares de competência da Justiça Militar da União. No caso de militares federais de corporações distintas, mas sujeitos à Justiça Militar https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 5 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ da União (v.g., crime militar praticado em coautoria por um militar do Exército e outro da Aeronáutica), afigura-se possível uma interpretação extensiva do art. 97, parágrafo único, do CPPM, concluindo-se, então, que a atribuição para a presidência do IPM será determinada pela prevenção. Caso, todavia, o crime tenha sido cometido por um oficial da ativa do Exército e um soldado da Marinha, prevalece a atribuição da corporação à qual pertence o oficial da ativa, daí por que, nessa hipótese, o IPM deveria ser instaurado no âmbito do Exército. No caso de infrações penais de competência da Justiça Federal, a atribuição para a realização das investigações incide sobre a Policia Federal. Afinal, de acordo com o art. 144, § 1°, I, primeira parte, da Constituição Federal, à Polícia Federal incumbe a apuração de infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas. Ademais, de acordo com o art. 144, § 1°, IV, da Carta Magna, cabe à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Na hipótese de crimes da competência da Justiça Eleitoral, a qual é tida como uma Justiça da União, a atribuição para a realização das investigações é, precipuamente, da Polícia Federal (regra). Todavia, como já se pronunciou o próprio Tribunal Superior Eleitoral, verificando-se a prática de crime eleitoral em município onde não haja órgão da Polícia Federal, nada impede que sua investigação seja levada a efeito pela Polícia Civil (exceção) - TSE, HC 439, DJ 27/06/2003. Portanto, a atribuição legal da Polícia Federal para a instauração de inquéritos policiais de apuração da prática de crimes eleitorais não exclui a atribuição subsidiária da autoridade policial estadual, quando se verificar a ausência de órgão da Polícia Federal no local da prática delituosa. Cuidando-se de crime da competência da Justiça Estadual, as investigações devem ser presididas, em regra, pela Polícia Civil. No entanto, por força da https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 6 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ própria Constituição Federal, também é possível a atuação da Polícia Federal (execeção). Deveras, de acordo com o art. 144, § 1°, I, in fine, da Constituição Federal, à Polícia Federal também incumbe a apuração de infrações penais cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei. A lei a que se refere o dispositivo é a Lei n° 10.446/02, cujo art. 1º preceitua que, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais: I - sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro, se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima; II - formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4° da Lei n° 8.137/90); III - relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; IV - furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando (associação criminosa – art. 288, CP) em mais de um Estado da Federação; V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do- Código Penal).- este inciso V foi incluído pela Lei no 12.894/13; VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação (Incluído pela Lei no 13.124/15). Ademais, segundo o art. 1°, parágrafo único, da Lei no 10.446/02, verificada a repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça. Importante não perder de vista que, por força do art. 11 da Lei Antiterrorismo (Lei n° 13.260/16), a Polícia Federal também passou a ter atribuições investigatórias para apurar os delitos previstos no referido diploma normativo: terrorismo propriamente dito (art. 2°),organização terrorista (art. 3°), preparação de terrorismo (art. 5") e financiamento ao terrorismo (art. 6°). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 7 https://www.instagram.com/projetoemdelta/contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.1.2 Da Atribuição em Face do Local da Consumação da Infração Penal Firmada a atribuição da Polícia Civil, Federal, ou da Polícia Judiciária Militar, o passo seguinte é determinar à qual delegacia caberá a investigação do fato delituoso. Nesse ponto, tem-se que, nos mesmos moldes como é fixada a COMPETÊNCIA TERRITORIAL do juízo para processar e julgar o crime, a atribuição para as investigações também é determinada em virtude do local onde se consumou a infração penal, ou no caso de tentativa, com base no local em que foi praticado o último ato de execução. Assim, se um crime de competência da Justiça Estadual foi perpetrado na cidade de São Mateus/ES, temos que a atribuição para investigá-lo recai sobre a autoridade policial da circunscrição a que pertencer o referido município. Essa atribuição da autoridade policial para apurar os fatos ocorridos dentro de sua circunscrição não impede a realização de diligências em outra circunscrição, desde que esteja na mesma comarca; caso contrário, será necessária a expedição de carta precatória (CPP, art. 22). Nada impede que essa atribuição territorial para a investigação também seja subdividida a partir da natureza da infração penal. Isso porque, visando ao aperfeiçoamento das investigações, e considerando as vantagens que a divisão do trabalho proporciona, tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil tem instituído delegacias especializadas (Delegacia Antissequestro, Delegacia da Mulher, Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, Delegacia de Repressão a Roubos e Assaltos, dentre outras) no combate a certas espécies de crimes. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 8 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ De todo modo, ainda que uma investigação tenha sido presidida por autoridade policial que não detinha atribuições para fazê-lo, quer nos casos de um "crime federal" investigado pela Polícia Civil, quer nas hipóteses de investigação presidida por autoridade policial territorialmente sem atribuições, como o inquérito policial é considerado mera peça informativa de valor probatório relativo, trata-se de mera irregularidade, que não tem o condão de contaminar com nulidade o processo penal a que der origem (STJ, 6ª Turma, HC 44.154/SP, Rei. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 09/03/2006, DJ 27/03/2006 p. 337). 2.2 Verificação de Procedência das Informações (VPI) A verificação de procedência de informações recebida pela autoridade policial é um procedimento simplificado, iniciado de forma prévia ao inquérito policial. O dispositivo legal que possibilita a instauração dessa espécie de sindicância preliminar ao IP é o §3º, do art. 5º, do CPP. De acordo com o teor desse enunciado, a partir da notícia crime levada ao conhecimento da autoridade policial, esta, verificada a procedência das informações, ordenará a instauração de IP. Vale dizer, a VPI é a forma preliminar de constatação de elementos mínimos necessários para que um inquérito policial não seja instaurado temerariamente. Ou seja, antes de instaurar um IP, a autoridade policial deve verificar a constatação dos indícios mínimos de materialidade e autoria de um crime (esse é o procedimento a ser adotado em casos em que a suspeita se baseia exclusivamente em denúncia anônima, por exemplo – nesse sentido: STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP). 2.3 Características do Inquérito Policial São várias características do inquérito policial. Vejamo-las, separadamente. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 9 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.3.1 Escrito Todas as diligências realizadas no curso do inquérito policial devem ser passadas a termo (escritas), para que seja facilitada a troca de informações entre os órgãos responsáveis pela persecução penal. O delegado tem a faculdade de filmar ou gravar diligências realizadas, mas isso não afasta a obrigação de transcrever todas por escrito. CPP, art. 405, § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações Sendo assim, possível que o delegado, havendo meios, documente atos do IP através das formas de tecnologia existentes, inclusive captação de som e imagem. 2.3.2 Inquisitorial (Inquisitivo / Inquisitório) Cuida-se, a investigação preliminar, de mero procedimento de natureza administrativa, com caráter instrumental, e não de processo judicial ou administrativo. Dessa fase pré-processual não resulta a aplicação de uma sanção, destinando-se tão somente a fornecer elementos para que o titular da ação penal possa dar início ao processo penal. Logo, ante a impossibilidade de aplicação de uma sanção como resultado imediato das investigações criminais, como ocorre, por exemplo, em um processo administrativo disciplinar, NÃO se pode EXIGIR a observância do contraditório e da ampla defesa (pelo menos não de forma plena) nesse momento inicial da persecução penal. As atividades investigatórias estão concentradas nas mãos de uma única autoridade (Delegado de Polícia), que deve conduzir a apuração de maneira discricionária (e não arbitrária) de modo a colher elementos quanto à autoria e https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 10 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ materialidade do fato delituoso. Logo, não há partes no IP, temos somente o delegado de polícia investigando um crime e, consequentemente, um suspeito. Desse modo, o IP caracteriza-se como um procedimento inquisitório em razão dos seguintes elementos: » Não obrigatoriedade da existência do contraditório e da ampla defesa (de forma plena) – entendimento majoritário. Não obstante, cumpre observar que o Estatuto da OAB, bem como o STF, através da súmula vinculante n.º 14, estabelecem direitos ao advogado durante o IP, os quais devem ser observados: Estatuto da OAB, art. 7º São direitos do advogado: [...]XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. [...]XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. » Atribuições concentradas nas mãos de uma única autoridade (Delegado de Polícia) » Inexistência de partes Importante ressaltar que a característica inquisitória do Inquérito Policial NÃO se confundecom o SISTEMA PROCESSUAL PENAL adotado no Brasil. Segundo o entendimento majoritário e já sedimentado, o sistema processual penal adotado no Brasil é o ACUSATÓRIO! Quando o Código de Processo Penal entrou em vigor, prevalecia o entendimento de que o sistema nele previsto era misto. A fase inicial da persecução penal, caracterizada pelo inquérito policial, era inquisitorial. Porém, uma vez iniciado o processo, tínhamos uma fase acusatória. Entretanto, com o advento da Constituição Federal, que prevê de maneira expressa a separação das funções de acusar, defender e julgar, estando assegurado o contraditório e a ampla defesa, além do princípio da presunção de https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 11 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ não culpabilidade, estamos diante de um sistema acusatório). O próprio art. 3-A do CPP, incluído pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), o qual se encontra suspenso por tempo indeterminado pelo STF (a suspensão valerá até que o plenário do STF decida se as novas regras estão de acordo com a constituição. ainda não há data marcada para análise), afirma expressamente que o sistema processual penal adotado no Brasil é o acusatório. Há quem discorde que o IP tenha característica inquisitória, mas não é o entendimento que prevalece atualmente. 2.3.3 Discricionário Ao contrário da fase judicial, em que há um rigor procedimental a ser observado, a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária (liberdade de atuação dentro dos limites traçados pela lei) pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. O rumo das diligências está a cargo do delegado, e os arts. 6° e 7'º, do CPP indicam as diligências que podem ou devem ser desenvolvidas por ele. A autoridade policial pode atender ou não aos requerimentos patrocinados pelo indiciado ou pela própria vitima (art. 14, CPP), fazendo um juízo de conveniência e oportunidade quanto à relevância daquilo que lhe foi solicitado. Só não poderá indeferir a realização do exame de corpo de delito, quando a infração praticada deixar vestígios, pelo que se pode afirmar que discricionariedade do inquérito não é absoluta. Havendo denegação da diligência requerida, nada impede que seja apresentado recurso administrativo ao Chefe de Polícia, por analogia ao art. 5°, § 2º, CPP. Sempre é bom lembrar que apesar de não haver hierarquia entre juízes, promotores e delegados, caso os dois primeiros emitam requisições ao último, este está obrigado a atender, por imposição legal (art. 13, I, do CPP). Discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites traçados pela lei. Se a autoridade policial ultrapassa esses limites, sua atuação passa a ser arbitrária, ou seja, contrária à lei. Logo, não se permite à autoridade policial a https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 12 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ adoção de diligências investigatórias contrárias à Constituição Federal e à legislação infraconstitucional. Não podemos entender discricionariedade como uma faculdade do delegado iniciar ou não uma investigação, porque, conforme veremos adiante, em alguns casos a investigação é obrigatória. A discricionariedade está relacionada às diligências que o delegado irá adotar durante as investigações, haja vista que cada crime é um acontecimento único e, como tal, não existirá uma “receita” certa para solucioná-lo, devendo o delegado adotar os procedimentos previstos em lei que acredita serem os mais adequados para alcançar tal finalidade. 2.3.4 Oficial A realização do inquérito policial é atribuição de um órgão oficial do Estado (Polícia Judiciária), com a presidência deste incumbida a autoridade policial do respectivo órgão (Delegado de Polícia – art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13). 2.3.5 Oficioso Ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, independentemente de provocação da vítima e/ou qualquer outra pessoa. Deve, pois, instaurar o inquérito policial de ofício, nos exatos termos do art. 5°, I, do CPP, procedendo, então, às diligências investigatórias no sentido de obter elementos de informação quanto à infração penal e sua autoria. Cumpre observar, entretanto, que o delegado deve, antes de instaurar o IP, verificar a constatação de elementos mínimos para que se possa instaurar um IP (VPI). No caso de crimes de ação penal pública condicionada à representação e de ação penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial está condicionada à manifestação da vítima ou de seu representante legal. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 13 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Essa característica da oficiosidade do inquérito policial não é incompatível com a discricionariedade de que tratamos acima. A oficiosidade está relacionada à obrigatoriedade de instauração de inquérito policial quando a autoridade policial toma conhecimento de infração penal de ação penal pública incondicionada; a discricionariedade guarda relação com a forma de condução das investigações, seja no tocante à natureza dos atos investigatórios (provas periciais, acareações, oitiva de testemunhas, etc.), seja em relação à ordem de sua realização. 2.3.6 Sigiloso Ao contrário do que ocorre no processo, o inquérito NÃO comporta publicidade, sendo procedimento essencialmente sigiloso, disciplinando o art. 20, do CPP, que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade". → Finalidade do sigilo O sigilo do IP tema a finalidade de preservar a imagem do suspeito e, ainda, garantir a eficiência das investigações. → Classificação do sigilo Sigilo externo: destinado aos terceiros desinteressados e a imprensa. Sigilo Interno: destinado aos interessados no processo. O sigilo do IP NÃO atinge o juiz e o membro do Ministério Público. Quanto ao advogado do investigado, o Estatuto da OAB traz, em art. 7º, XIV, a seguinte redação: Art. 7º São direitos do advogado: [...]XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 14 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Complementando o raciocínio, o STF editou a seguinte súmula vinculante: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Desse modo, em regra, o sigilo também MÃO se estende ao advogado do investigado, podendo este ter acesso aos elementos de prova já documentados no procedimento investigatório conduzido pelapolícia judiciária (investigações já concluídas e passadas a termo). Quanto aos elementos ainda não documentados, ou seja, em relação às investigações ainda em andamento, o advogado não terá acesso, o qual só será concedido após o término da diligência, haja vista que o acesso a diligências ainda em andamento poderia comprometer a eficiência destas (não pode o advogado, por exemplo, ter acesso a uma interceptação telefônica ainda em curso, pois este acesso evidentemente comprometeria a diligência). Assim sendo, caso o advogado seja impedido de ter acesso aos autos do IP, ele poderá se valer de duas ferramentas contra essa ilegalidade: o Mandado de Segurança ou uma Reclamação Constitucional, que é a ferramenta eficaz para combater o desrespeito a uma súmula vinculante. Apesar do IP ser sigiloso, o delegado, quando achar conveniente, pode quebrar o sigilo, prestando informações à imprensa, tais como: diligências que serão realizadas, divulgar retrato do suspeito, etc. • Decretação do segredo de justiça (preservar a imagem da vítima) Como acabamos de ver, o delegado pode, em alguns casos, quando achar conveniente, divulgar informações à imprensa. Para evitar tal conduta, visando especificamente a proteger a imagem da vítima ou do investigado, o juiz pode decretar segredo de justiça da investigação; então as informações não poderão vazar. Mas nesse caso, é mantido o acesso aos autos pelo juiz, MP e advogado. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 15 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.3.7 Indisponível A persecução criminal é de ordem pública, e uma vez iniciado o inquérito, não pode o delegado de polícia dele dispor. Se diante de uma circunstância fática, o delegado percebe que não houve crime, nem em tese, não deve iniciar o inquérito policial. Daí que a autoridade policial não está, a princípio obrigada a instaurar de qualquer modo o inquérito policial, devendo antes se precaver, aferindo a plausibilidade da notícia do crime, notadamente aquelas de natureza apócrifa (delação anônima). Contudo, uma vez iniciado o procedimento investigativo, deve levá-lo até o final, não podendo arquivá-lo, em virtude de expressa vedação contida no art. 17 do CPP. ● Delegado NÃO pode arquivar IP (art. 17 do CPP). Quem ordena o arquivamento do IP é o juiz, a pedido do membro do MP (QUANTO A ESSA AFIRMAÇÃO, CONFERIR OS TÓPICOS 2.10.1 e 2.10.2; BEM COMO O ÚLTIMO PARÁGRAFO DA PÁGINA 47 – PACOTE ANTICRIME), no caso de ação penal pública (art. 18, CPP) – (no caso de ação penal privada, os atos do IP serão encaminhados ao juiz competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se este assim requerer, mediante traslado – art. 19, CPP). Caso o magistrado discorde do requerimento de arquivamento do IP realizado pelo MP, este deverá encaminhá-lo ao Procurador Geral, o qual poderá oferecer a denúncia, designar outro órgão do MP para oferecê-la, ou insistir no pedido de arquivamento, ficando o juiz, neste último caso, obrigado a atender (art. 28, CPP). 2.3.8 Dispensável Da leitura de dispositivos que regem a persecução penal preliminar, a exemplo art. 39, § 5º, CPP, podemos concluir que o inquérito NÃO é imprescindível para a propositura da ação penal. Se os elementos que venham lastrear a inicial acusatória forem colhidos de outra forma, não se exige a instauração do inquérito policial. Tanto é verdade que a denúncia ou a queixa podem ter por base, como já ressaltado, inquéritos não policiais (em investigações, outras, que não sejam policiais), dispensando-se a atuação da polícia judiciária. Contudo, se o inquérito policial for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a inicial acusatória apresentada (art. 12, CPP). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 16 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 17 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.4 Valor Probatório do Inquérito Policial Como visto anteriormente, a finalidade do inquérito policial é a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade do delito, no intuito de auxiliar o titular da ação penal (MP, no caso de ação penal pública; ou ofendido ou seu representante legal, no caso de ação penal privada). Tendo em conta que esses elementos de informação não são colhidos sob a égide do contraditório e da ampla defesa, deduz-se que o inquérito policial tem VALOR PROBATÓRIO RELATIVO. Se esses elementos de informação são colhidos na fase investigatória, sem a necessária participação dialética das partes, ou seja, sem a obrigatória observância do contraditório e da ampla defesa, questiona-se acerca da possibilidade de sua utilização para formar a convicção do juiz em sede processual. Prevalece o entendimento, assim como preconiza o art. 155 do CPP, de que os elementos de informação colhidos durante a fase investigatória NÃO podem ser utilizados exclusivamente como fundamento de uma decisão, haja vista que estes são colhidos sem a obrigatória observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. No entanto, tais elementos podem ser usados de maneira subsidiária, complementando a prova produzida em juízo sob o crivo do contraditório. Como já se manifestou o Supremo, "os elementos do inquérito podem influir na formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa quando complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo" (STF, 2º Turma, RE-AgR 425.734/MG. Em sentido semelhante: STF, 1º Turma, RE 287.6S8/MG; STF, 1º Turma, HC 83.348/SP). Desse modo, pode-se dizer que, isoladamente considerados, elementos informativos não são idôneos para fundamentar uma condenação. Todavia, não devem ser completamente desprezados, podendo se somar à prova produzida em https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 18 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ juízo e, assim, servir como mais um elemento na formação da convicção do órgão julgador. Importante ressaltar, todavia, que o próprio art. 155 do CPP faz ressalvas em relação às provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, as quais, portanto, ainda que produzidas durante o inquérito, podem ser utilizadas exclusivamente para fundamentar uma sentença condenatória. → Provas cautelares: São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova por decurso do tempo. Se não forem produzidas logo perdem sua razão de produção, depende de autorização judicial, mas tem seu contraditório postergado/diferido/retardado- ex: interceptações telefônicas, busca e apreensão. → Provas não repetíveis ou irrepitíveis: São aquelas que quando produzidas não tem como serem produzidas novamente, o exemplo mais citado é o exame de corpo de delito, não dependem de autorização judicial e seu contraditório também é diferido. → Provas antecipadas: São aquelas em que sua colheita é feita em momento processualdistinto daquele legalmente previsto, por isso a classificação (era uma prova que deveria ser produzida durante o processo, porém, teve que ser antecipada, uma vez que correria o risco de não ter como fazê-la, caso houvesse a demora). Possuem contraditório real (o contraditório também é antecipado para o momento de realização da prova), exemplo clássico da testemunha que está no hospital em fase terminal. Depende de autorização judicial. Valor Probatório do IP Provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas Elementos de informação NÃO podem, isoladamente, embasar uma sentença condenatória Difere de prova, uma vez que não precisa observar o contraditório e a ampla defesa PODEM, isoladamente, embasar uma sentença condenatória https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 19 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.5 Do Procedimento Investigatório (IP) Face aos Servidores Vinculados aos Órgãos da Segurança da Pública (art. 144 da CF/88) A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) incluiu o art. 14-A ao Código de Processo Penal, com a seguinte redação: Art. 14-A. Nos casos em que SERVIDORES VINCULADOS ÀS INSTITUIÇÕES DISPOSTAS NO ART. 144 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL figurarem como INVESTIGADOS em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a INVESTIGAÇÃO DE FATOS RELACIONADOS AO USO DA FORÇA LETAL PRATICADOS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado DEVERÁ SER CITADO DA INSTAURAÇÃO DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. § 3º (VETADO). § 4º (VETADO). § 5º (VETADO). § 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 20 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da constituição federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a garantia da lei e da ordem.” O artigo traz muitas especificações que fará com que seja aplicado em determinados casos. Vamos a elas. A primeira é que o investigado deve compor o quadro da segurança pública (art. 144 da CF/88): Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) O artigo se aplica às investigações não só de inquérito policial, mas também de inquérito policial militar e qualquer procedimento investigatório extrajudicial. Tais investigações devem ser sobre o uso da força letal no exercício da profissão, consumado ou tentado, mesmo os que sejam amparados pelas excludentes de ilicitude. Caso todos esses requisitos sejam preenchidos, o investigado terá direito a constituir um defensor. Na verdade, todos têm direito a constituir um defensor, independente do crime praticado ou de quem seja e qual a sua profissão. Até mesmo em procedimentos investigatórios militares e extrajudiciais. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 21 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Os parágrafos trazem a devida citação da abertura da investigação para que o investigado possa constituir seu defensor no prazo de 48 horas. Caso não o faça, a instituição a qual estava ou está vinculado, será intimada para que indique um defensor. Os servidores vinculados ao exército, marinha e aeronáutica também têm direito, desde que os fatos estejam relacionados à Missão para garantir a Lei e a Ordem. 2.6 Prazos para Conclusão do Inquérito Policial O inquérito policial não pode se estender indefinidamente (é temporário), dispondo o Código de Processo Penal e a legislação extravagante acerca dos prazos de sua conclusão. 2.6.1 Regra Geral Como regra geral, para os crimes da atribuição da polícia civil estadual, o prazo para a conclusão do inquérito é de 10 dias, estando o indiciado preso, prazo este improrrogável 1 , e de 30 dias, se o agente está solto. Este último prazo comporta prorrogação, a requerimento do delegado e mediante autorização do juiz (art. 10, CPP), não especificando a lei qual o tempo de prorrogação nem quantas vezes poderá ocorrer, o que nos leva a crer que esta pode se dar pela 1 IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se encontra no tópico “Juiz das Garantias”, passando a dispor, dentre as várias competências do “Juiz das Garantias”, a possibilidade de que este possa prorrogar o IP quando o investigado estiver preso – “Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma ÚNICA VEZ, a duração do INQUÉRITO POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada” – art. 3-B, §2º. TAIS ARTIGOS ESTÃO SUSPENSOS – no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux SUSPENDEU a implementação dos artigos que tratam do “Juiz das Garantias” (e de alguns outros dispositivos da referida Lei) POR PRAZO INDETERMINADO (A SUSPENSÃO VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO DO STF DECIDA SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO HÁ DATA MARCADA PARA ANÁLISE). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 22 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ frequência e pelo tempo necessários, desde que haja autorização judicial para tanto. Não se fez previsão quanto à prévia oitiva do MP para que haja ou não prorrogação. 2.6.2 Prazos Especiais A legislação extravagante consagra regras especiais de conclusão do inquérito policial. As principais regras são: ● Inquéritos a cargo da polícia federal: Se o indiciado estiver preso, o prazo para conclusão do inquérito é de 15 dias, prorrogável por igual período, pressupondo autorização judicial (art. 66 da Lei n° 5.010/1966). Estando solto o indiciado, seguimos a regra geral, ou seja, 30 dias para a conclusão, prorrogáveis mediante solicitação do delegado e autorização do juiz, cabendoa este estipular o prazo, haja vista o silêncio da lei sobre o quanto de prorrogação. Nada impede, a toda evidência, que haja mais de uma prorrogação. ● Crimes contra a economia popular: O §lº do art.10 da Lei n.º 1.521/1951 prevê o prazo de 10 dias para a conclusão do inquérito policial. Todavia, não faz distinção entre indiciado preso ou solto, logo o prazo é único, NÃO contemplando prorrogação. ● Lei Antitóxicos (Lei de Drogas): A nova lei de repressão aos entorpecentes, Lei n.º 11.343/2006, prevê o prazo de 30 dias, duplicáveis, em estando o indiciado preso, e de 90 dias, também duplicáveis, se solto estiver, por deliberação judicial, ouvindo-se o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária (art. 51). ● Inquéritos militares: Caso o indiciado esteja preso, o encerramento do inquérito policial militar deve ocorrer em 20 dias. Já se solto estiver, o prazo é de 40 dias, prorrogáveis por mais vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 23 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ necessidade de diligências indispensáveis à elucidação do fato (art. 20, caput, § 1°, CPPM). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 24 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.6.3 Prazo para Conclusão do Inquérito Policial no Caso de Indiciado Preso Temporariamente No que se refere aos prazos aplicados para conclusão do inquérito policial quando o indiciado estiver preso, estes NÃO serão aplicados quando se tratar de PRISÃO TEMPORÁRIA, haja vista que, tratando-se de prisão temporária, o prazo para conclusão do IP será o prazo de duração desta, ou seja, o prazo para conclusão do IP quando o indiciado estiver preso temporariamente será de: → Regra: 05 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º, caput, da Lei 7.960/89); → Crimes hediondos ou equiparados: 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º, §4º, da Lei 8.072/90). Cumpre salientar que só caberá prisão temporária quando se tratar dos crimes previstos no rol do art. 1º da Lei 7.960/89 e/ou quando se tratar de crimes hediondos ou equiparados. 2.6.4 Contagem dos Prazos Estado o indiciado solto, o prazo tem como termo inicial a Portaria de Instauração do IP. Trata-se aqui de prazo processual, ou seja, exclui o dia de começo e inclui o último dia (art. 798, §1º, do CPP). Estando o indiciado preso, o prazo terá como termo inicial a data da efetivação da prisão (data em que se executar a ordem de prisão). Trata-se aqui de prazo material, ou seja, inclui-se o dia de começo e exclui o último dia (art. 10 do CP). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 25 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Se o prazo do inquérito encerrar-se em dia onde não há expediente forense, não cabe falar-se em prorrogação para o primeiro dia útil subsequente, assim como se a prisão em flagrante ocorreu no final de semana, o inquérito terá o seu início imediatamente, afinal as delegacias de polícia atuam em sistema de plantão. 2.7 Vícios Os vícios ocorridos no inquérito policial não atingem a ação penal. Tem prevalecido tanto nos tribunais como na doutrina que, sendo o inquérito dispensável, algo que não é essencial ao processo, não tem o condão de, uma vez viciado, contaminar a ação penal. Em outras palavras, os males ocorridos no inquérito não têm a força de macular a fase judicial. A irregularidade- ocorrida durante o inquérito poderá gerar a invalidade ou ineficácia do ato inquinado, todavia, sem levar à nulidade processual. Ex.: havendo prisão em flagrante ilegal durante o inquérito, ela deve ser relaxada; todavia, este fato não leva à nulidade do futuro processo contra o suposto autor do fato. Nesse sentido: STF- Primeira Turma- HC 111094; STJ- Sexta Turma- HC 216.201. 2.8 Notícia do Crime (Notitia Criminis) É o conhecimento pela autoridade, espontâneo ou provocado, de um fato aparentemente criminoso. A notícia do crime pode ser endereçada a autoridade policial (delegado), ao membro do Ministério Público ou ao magistrado. Caberá ao delegado, diante do fato aparentemente típico que lhe é apresentado, iniciar as investigações. O MP, diante de notícia crime que contenha em si elementos suficientes revelando a autoria e a materialidade, dispensará a elaboração do inquérito, oferecendo a denúncia; diante de notícia crime deficiente, poderá requisitar diligências à https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 26 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ autoridade policial. Já o magistrado, em face da notícia crime que lhe é apresentada, poderá remetê-la ao MP, para providências cabíveis, ou requisitar a instauração do inquérito policial. 2.8.1 Espécies de Notícia Crime 2.8.1.1 Notícia Crime Direta ou Espontânea (Cognição Imediata) É o conhecimento direto dos fatos pela autoridade policial ou através de comunicação informal. Ex.: a autoridade tem notícia da infração através de suas investigações ou pela imprensa. 2.8.1.2 Notícia Crime Inqualificada ou Delação Apócrifa (a chamada “denúncia anônima”) A chamada delação apócrifa ou notitia criminis inqualificada é o que vulgarmente chamamos de denúncia anônima. Em que pese a Constituição Federal consagrar a livre manifestação de pensamento, vedando o anonimato (art. 5º, IV), certo é que a polícia deve acautelar-se diante da notícia anônima, e proceder às investigações com cuidado redobrado, porém não deixando de atuar. Nesse sentido é que STF e STJ têm admitido a denúncia anônima apenas quando precedida de diligências preliminares que atestem a verossimilhança dos fatos noticiados (STJ- Sexta Turma, HC 237.164; STF- Segunda Turma- HC 105484. Notícia do Crime Membro do MP Oferece a denúncia ou requisita diligências à autoridade policial Autoridade Policial Inicia as investigações Magistrado Remete ao MP ou requisita a instauração de IP https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 27 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.8.1.3 Notícia Crime Indireta ou Provocada (Cognição Mediata) É o conhecimento da infração pela autoridade mediante provocação de terceiros. 2.8.1.3.1 Requisição do juiz ou do Ministério Público Nos crimes de ação penal pública, o juiz ou o promotor de justiça podem determinar a instauração do inquérito policial através da requisição. Aqui, requisição é sinônimo de imposição, devendo a autoridade dar início ao inquérito policial. Se o procedimento instaurado é visivelmente arbitrário, a autoridade requisitante deve ser indicada como coatora (juiz ou promotor), o que vai direcionara competência para apreciar eventual habeas corpus trancativo, é dizer, o TJ, se a autoridade é estadual, ou o TRF, se é federal. É importante ressaltarmos que, apesar da requisição ser sinônimo de ordem, o delegado não é subordinado hierarquicamente ao MP ou ao Juiz, entretanto, a requisição é uma ordem lastreada na lei. O art. 13, II, do CPP, determina que aquele deve cumprir as requisições emanadas pelo juiz ou pelo membro do MP. 2.8.1.3.2 Requerimento da Vítima A vítima da infração ou o seu representante legal noticiam o fato à autoridade policial através de requerimento, devendo conter a narração dos fatos e suas circunstâncias; a individualização do suposto autor da infração, ou seus sinais característicos e razões de convicção de ser o mesmo o sujeito ativo do delito; a nomeação de testemunhas, com indicação da profissão e das respectivas residências (art. 5º, § 1°, CPP). Caso o delegado de polícia indefira o requerimento do ofendido para instauração do inquérito policial, por entender que não há infração penal a apurar, poderá haver recurso administrativo ao chefe de polícia (art. 5º, §2°, CPP). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 28 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.8.1.3.3 Delação Qualquer do povo, nos crimes de ação penal pública incondicionada, pode, validamente, noticiar o fato delituoso à autoridade policial, dando ensejo à instauração do inquérito, através da delação. Esta não tem cabimento nos crimes de ação privada e pública condicionada, já que nestas hipóteses o inquérito, para ser iniciado, pressupõe manifestação do legítimo interessado. 2.8.1.3.4 Representação da Vítima (Delatio Criminis Postulatória) Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, ou seja, naqueles em que o legislador, por urna questão de política criminal, conferiu à vítima o poder de autorizar ou não a persecução criminal, se ela resolve fazê-lo, noticiando o fato para que o inquérito seja instaurado, estará representando. A representação funciona como verdadeira condição de procedibilidade, e sem ela, o inquérito não poderá ser instaurado. E se for? A vítima poderá impetrar mandado de segurança para trancá-lo, afinal é latente a violação de direito líquido e certo do ofendido de não ver iniciada a investigação sem sua autorização. 2.8.1.3.5 Requisição do Ministro da Justiça Em alguns crimes, ditos de ação pública condicionada, a persecução criminal está a depender de autorização do Ministro da Justiça, também chamada de requisição. O que é sempre conveniente distinguir é que esta requisição, apresentada pelo Ministro da Justiça, ao contrário da requisição emanada dos juízes e promotores, NÃO é sinônimo de ordem, e sim uma mera autorização para o início da persecução criminal em algumas infrações que a exigem. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 29 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.8.1.4 Notícia Crime Revestida de Forma Coercitiva É aquela apresentada juntamente com o infrator preso em flagrante. Pode representar hipótese de notícia crime espontânea, quando quem realiza a prisão é a própria autoridade policial ou seus agentes, ou provocada, quando quem realiza a prisão é um particular (art. 301, CPP). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 30 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.9 Procedimentos do Inquérito Policial Após estudarmos as regras fundamentais sobre o inquérito policial, podemos ver os procedimentos adotados na sua confecção. São eles: o início, o desenvolvimento e o final do inquérito policial. 2.9.1 Início Após o recebimento da notícia do crime, o delegado dá início ao inquérito policial através de um documento chamado de PORTARIA. Ela é a peça que inicia/instaura o inquérito policial e nela deve conter as seguintes informações: → O fato a ser investigado. → Envolvidos. → Diligências a serem imediatamente realizadas. → Determinação do início das investigações. 2.9.2 Desenvolvimento O IP se desenvolve por meio da realização de diligências que objetivam apurar a autoria e a materialidade do crime. O art. 6º do CPP traz um rol exemplificativo de algumas diligências que podem ser adotadas pela polícia judiciária no curso de um inquérito policial. Esse rol é exemplificativo, pois o IP é um procedimento discricionário, ou seja, o delegado tem liberdade para escolher as diligências que achar conveniente para o sucesso da investigação. Vejamos o que dispõe o art. 6º do CPP. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 31 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II – apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Reprodução Simulada dos Fatos Também chamada de reconstituição do crime, é uma diligência prevista no art. 7º do CPP, cobrada em questões de concursos com frequência. A reprodução simulada dos fatos é a famosa reconstituição do crime; tem a finalidade de verificar se a infração foi praticada de determinado modo. Nesse caso, o suspeito não é obrigado a contribuir com a diligência, uma vez que ninguém é obrigado a produzir provas contra si, porém, estará obrigado a comparecer. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 32 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Cumpre ressaltar que NÃO será admitida reproduçãosimulada do fato que contrarie a moralidade ou a ordem pública. Imagine uma reprodução simulada do fato que tentasse reproduzir um crime de estupro; não é possível, pois estaria contrariando a moralidade. Ou imagine uma reconstituição do delito que tentasse reproduzir um incêndio; também não é possível, porque estaria contrariando a ordem pública. 2.9.2.1 Indiciamento É a informação ao suposto autor a respeito do fato objeto das investigações. É a cientificação ao suspeito de que ele passa a ser o principal foco do inquérito. Saímos do juízo de possibilidade para o de probabilidade e as investigações são centradas em pessoa determinada. Logo, só cabe falar em indiciamento se houver um lastro mínimo de prova vinculando o suspeito à prática delitiva, o que se faz após análise técnico-jurídica do fato, indicando-se autoria, materialidade e circunstâncias, como dispõe a Lei no 12.830/2013. Deve a autoridade policial deixar clara a situação do indivíduo, informando-lhe a condição de indiciado sempre que existam elementos para tanto. O indiciamento não pode se consubstanciar em ato de arbítrio. Se feito sem lastro mínimo, é ilegal, dando ensejo à impetração de habeas corpus para ilidi-lo ou até mesmo para trancar o inquérito policial iniciado. O indiciamento é ato privativo do Delegado de Polícia (art. 2º, §6º, da Lei 12.830/13). Ou seja, não pode o magistrado, nem o membro do MP, requisitar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento (nesse sentido: STF- Segunda Turma- HC 115015). NÃO é ato discricionário, pois se fundamenta nas provas colhidas durante as diligências. Se as provas apontam um suspeito, ele DEVE ser indiciado; se não apontam, o delegado não pode indiciar ninguém. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 33 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.9.2.1.1 Indiciado Menor Os indivíduos entre dezoito e vinte e um anos, antes do advento do atual Código Civil, eram reputados relativamente capazes. Assim, praticando infração, deveriam ser assistidos, ainda na fase do inquérito, por curador. Contudo, com o advento do Código Civil de 2002, seu art. só passou a considerar os maiores de dezoito anos absolutamente capazes, pelo que parte da doutrina veio a entender que o art. 15 do CPP- que impõe a nomeação de curador na fase inquisitorial - teria perdido a razão de existir. Não obstante, o certo é que com a revogação de dispositivo do Código de Processo Penal que preconizava a necessidade de curador ao menor de vinte e um anos e maior de dezoito para o ato de interrogatório perante o juiz, pela Lei no 10.792/2003, uniformizaram-se doutrina e jurisprudência no sentido de ser desnecessária a nomeação de curador ao indiciado menor de vinte e um anos, bem como no de que se operou revogação tácita do mencionado art. 15, do Código. Subsiste, todavia, a possibilidade de nomeação de curador para o índio não aculturado (isto é, não, adaptado ao convívio em sociedade), bem como para a pessoa inimputável (art. 151, CPP). 2.9.2.1.2 Desindiciamento Nada impede que a autoridade policial, ao entender, no transcurso das investigações, que a pessoa indiciada não está vinculada ao fato, promova o desindiciamento, seja na evolução do inquérito, ou no relatório de encerramento do procedimento. De qualquer sorte, tudo deve ser descrito no relatório, de forma a permitir a pronta análise pelo titular da ação penal. É possível também que o desindiciamento ocorra de forma coacta, pela procedência de habeas corpus impetrado no objetivo de trancar o inquérito em relação a algum suspeito. https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 34 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 2.9.2.1.3 Vedação do Indiciamento Algumas autoridades não podem ser objeto de indiciamento formal por parte da autoridade policial, segundo disposição legal ou por força de entendimento jurisprudencial. As respectivas regras destacam que toda vez que, no curso de investigação preliminar, existir indício de prática de infração penal por parte de agente com prerrogativa de função, a autoridade policial, civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao Chefe da respectiva instituição, a quem competirá tomar as providências previstas para o prosseguimento da apuração. São elas: (1) magistrados (art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar no 35/1979); e (2) membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da Lei Complementar n° 75/1993; art. 41, parágrafo único, da Lei n° 8.625/1993). Desse modo, NÃO podem ser indiciados: ● Magistrados ● Membros do Ministério Público Quanto às autoridades com foro por prerrogativa de função (“foro privilegiado”), deve ser observado, quando se tratar de foro no STF, o mais recente entendimento do Supremo Tribunal Federal, que torna possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função, desde que previamente autorizado pelo Ministro Relator (aquele que autorizou a instauração do IP) do tribunal competente para o julgamento (info 825 do STF). Aliás, é exigida a autorização do Ministro Relator inclusive para a abertura de inquérito policial contra autoridades que possuam foro por prerrogativa de função (STF - Tribunal Pleno - Pet 3825 QO). ● Assim sendo, para que seja instaurado IP contra autoridades com foro por prerrogativa de função NO STF, bem como para que a autoridade policial (Delegado de Polícia) possa indiciar essas autoridades, é necessária a autorização do respectivo tribunal (especificamente do Ministro Relator responsável). https://www.instagram.com/projetoemdelta/ mailto:contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ 35 https://www.instagram.com/projetoemdelta/ contato@projetoemdelta.com https://www.facebook.com/projetoemdelta1/ Todavia, em relação às autoridades com foro por prerrogativa de função nos demais tribunais, de acordo com o STJ (precipuamente julgados a partir de 2018), o foro por prerrogativa não incide na etapa investigativa, podendo o delegado de polícia investigar e indiciar sem intervenção do respectivo Tribunal. Nesse sentido: STJ, 5º Turma, Recurso Especial 1.563.962/RN; STJ, 5º Turma, HC 404.228/RJ. ***Até que o STF decida acerca dessa divergência, devem-se levar em consideração os dois entendimentos!! Não obstante, cumpre salientar que o STF passou a entender que as normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica- se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação