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PSICOPATOLOGIA - Concluído

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1. INTRODUÇÃO 
A Reforma Psiquiátrica desencadeou o processo de criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), instituições destinadas a acolher os usuários com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em iniciativas de busca pela autonomia, bem como oferecer-lhes atendimento médico e psicológico, cuja característica fundamental (dos CAPS) é desenvolver estratégias para integrá-los ao ambiente social e cultural concreto. No Brasil, foi criado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na cidade de São Paulo, em 1987, que vivenciara processo de intervenção da Secretaria Municipal de Saúde em um dos seus hospitais psiquiátricos, no município de Santos, em 1989, devido à ocorrência de maus-tratos e mortes de pacientes. Esse fato mostrou a necessidade de construção de rede de cuidados efetivos para os pacientes da psiquiatria e teve repercussão nacional como um marco no processo de Reforma Psiquiátrica brasileira. 
A Lei 10.2016, promulgada em 2001, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, além de redirecionar o modelo assistencial em saúde mental. Posteriormente, em 2002, foi anexada a esta Lei, a Portaria GM 336, com vistas a estabelecer os Centros de Atenção Psicossocial nas modalidades CAPSI, CAPSII e CAPSIII, definidos assim por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional. Os CAPS deveriam seguir a lógica de território e constituir em serviço ambulatorial de atenção diária. Esta portaria ainda regulamenta outros serviços substitutos de saúde mental tais como os NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial) e os CERSAMs (Centros de Referência em Saúde Mental) que também integram a rede do Sistema Único de Saúde (Brasil, 2004).
Os CAPS são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. (BRASIL, 2004).
Dentre esses, o CAPS-ad se insere como serviço especializado que atende pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool e outras drogas. Para o Ministério da Saúde, tal modelo se constitui em serviço gratuito, que atende usuários jovens, adultos e idosos, de ambos os sexos, com transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substâncias psicoativas como álcool e outras drogas. 
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades especializadas em saúde mental para tratamento e reinserção social de pessoas com transtorno mental grave e persistente. Os centros oferecem um atendimento interdisciplinar, composto por uma equipe multiprofissional que reúne médicos, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, entre outros especialistas.
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tem entre suas funções prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando desse modo as internações em hospitais psiquiátricos, promovendo assim, a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio das ações intersetoriais e regulando a porta de entrada da rede assistencial em Saúde Mental na sua área de atuação. 
O atendimento no CAPS-ad é realizado por equipe interdisciplinar, composta por profissionais de diversas áreas, sendo eles: assistentes sociais, enfermeiros, pedagogos, educadores físicos, psicólogos, psiquiatras, arte educadores e técnicos de enfermagem. O usuário, ao ser acolhido no serviço, passa por atendimento médico, psicológico, ações do serviço social, além de outras atividades como trabalhos manuais, atividades físicas, grupos de família, coral, oficinas informativas, palestras, grupos terapêuticos, oficinas de adaptação, autocuidado, artes, momentos de lazer, alfabetização, jogos e recreação, ainda, relaxamento e música sob a perspectiva de minimizar os danos provocados pelo abuso das drogas.
A lei nº 5726/1971 não faz qualquer referência ao tratamento para população usuária de drogas, exceto os denominados “infratores viciados” que previam via determinação judicial a internação em estabelecimento hospitalar para tratamento psiquiátrico pelo tempo necessário à sua recuperação. A lei nº 6368/1976 amplia, em certa medida, a abordagem sobre o tratamento, assim a assistência à saúde passa a ser não só para os “infratores viciados”, mas para os “dependentes de substâncias entorpecentes”. A criação de serviços especializados para atenção ao uso prejudicial ou dependência de drogas não configura uma determinação legal e sim uma recomendação. Nesta lei ainda detalha que o tratamento de internação será obrigatório quando o quadro clínico ou a natureza de suas manifestações psicopatológicas o exigirem e para os demais casos onde a internação não se fizer necessária, serão tratados em serviços públicos ou provados extra-hospitalar.
Diante disso, o presente trabalho visa descrever os resultados de uma pesquisa bibliográfica nos sites ScientificElectronic Library Online (SciELO) E Google Acadêmico com o objetivo de compreender a dinâmica de funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial CAPS-ad assim como, as possíveis contribuições do Psicólogo no manejo e tratamento dos usuários desse serviço de saúde.
2. COMO O PSICÓLOGO PODE CONTRIBUIR NO CAPS-AD?
Nos CAPS, as práticas realizadas deverão ocorrer em ambiente aberto, acolhedor e inserido no bairro. Os projetos desses serviços poderão ultrapassar a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, além de se preocupar com a singularidade do sujeito, sua história, cultura e vida cotidiana. Todo o trabalho desenvolvido pelo CAPS tem como finalidade o meio terapêutico, se caracterizando por sessões individuais, grupais e a convivência no serviço. Para isso, é necessária a construção permanente de um ambiente facilitador, estruturado e acolhedor, abrangendo várias modalidades de tratamento (Brasil, 2004). A pessoa, ao iniciar o acompanhamento no CAPS, será acolhida por um profissional, que traçará com ela o seu projeto terapêutico e poderá passar a ser a sua referência, o que é chamado de TR (Terapeuta de Referência). Este não é um critério rígido, pois o que será fundamental será o vínculo que a pessoa atendida terá com um ou mais profissionais. O TR terá a responsabilidade de monitorar, junto à pessoa atendida, o seu projeto terapêutico, redefinindo as atividades e a frequência na participação no serviço. Tem ainda como responsabilidade contatar a família, além de avaliar as metas traçadas no projeto terapêutico (Brasil, 2004). Cada pessoa atendida no CAPS deverá ter um PTS (Plano Terapêutico Singular) contendo um conjunto de atendimentos que respeite sua particularidade e personalize seu atendimento na unidade e fora dela, segundo suas necessidades. Também deverão ser levadas em consideração as diferentes contribuições técnicas dos profissionais, as iniciativas dos familiares e o território onde se situa (Brasil, 2004).
A prática do psicólogo dentro do CAPSad está amparada pelo código de ética profissional, onde podemos citar, por exemplo, dos princípios fundamentais,o II princípio, que diz respeito, “o psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.Observa-se a pertinência deste principio ao fato, que, a prática do psicólogo dentro de uma unidade de saúde tem esse caráter colaborativo quanto à busca pela eliminação da opressão e da marginalização do ser humano, e dentro de um Centro de Atenção psicossocial isso é observável, os indivíduos procuram o serviço como uma forma de serem inseridos, digamos que arbitrariamente, a sociedade, isto é, de certa forma, não querem ter ou sentirem-se oprimidose muito menos marginalizados, o profissional de psicologia, pode criar condições para tais questões, isto é, juntamente com a equipe multiprofissional do centro.
(Ainda tratando das práticas do profissional de psicologia, pode-se facilmente observar que as mesmas são resguardadas pelo código de ética profissional, observa-se quanto as responsabilidades do psicólogo Art. 1º b) “São deveres fundamentais do psicólogo: assumir responsabilidades somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoalmente e tecnicamente”.
Entende-se no presente artigo que mesmo o psicólogo pertencendo há uma equipe multiprofissional, o mesmo deve ter o cuidado para exercer funções que sejam de sua competência, pois se espera que para tais ações o mesmo esteja mais capacitado para realizar, isto é, a nível de conhecimentos técnicos.
Pode-se ver também ainda no Art. 1º c)“Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional". A prática do psicólogo dentro de uma unidade de saúde vai ter um diferencial justamente nessa questão da utilização de princípios e técnicas reconhecidos pela ciência, e pela ética profissional, a técnica é que vai trazer uma visão, ou melhor, a percepção diferenciada das dos outros profissionais que compõe a equipe, ou seja, seria perceber aquilo que os outros não estão percebendo, baseando-se sempre nos conhecimentos científicos acompanhados das técnicas que a própria ciência psicológica oferece ao profissional.
Como já foi colocado o psicólogo que trabalha em uma unidade de saúde, como no caso de um CAPSad, o mesmo passa a ser um membro pertencente de uma equipe multiprofissional, e nela haverá outros profissionais, nesse caso o profissional de psicologia precisará levar em consideração o que é colocado no seguinte artigo do código: Art. 1º j) “Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais, respeito, consideração e solidariedade, e, quando solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por motivo relevante”.
Quanto à prática do psicólogo no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas observam-se que o profissional trabalha com todos os tipos de documentos psicológicos, no entanto, os mais solicitados são declarações, e encaminhamentos a outros locais como Centro de Referencia Especializada de Assistência Social CREAS; Centro de Referencia  a Assistência Social CRAS;  PROPAZ; dentre outros. O profissional de psicologia tem uma visão diferenciada dos outros profissionais, isto é, tem uma visão holística quanto à problemática, visando à tomada de consciência frente à prevenção e redução de danos, e tendo como ponte a avaliação e apoio psicológico dos usuários e seus familiares. Outro ponto relevante é que o profissional de psicologia não somente trabalha com a demanda atendida pelo Centro, mas também trabalha com as problemáticas internas da equipe no papel de facilitador.
Quanto ao trabalho junto ao usuário o psicólogo de maneira tanto interdisciplinar quanto multidisciplinar, contribui para que o indivíduo possa ter tomadas de consciência, que possa alcançar o objetivo desejado, no que se refere a mudança de comportamento e resiliência frente as problemáticas relacionadas ao uso de drogas, contribuindo no intuito de trabalhar para que o usuário busque outras opções na vida social a ponto de não precisar da presença da substância lícita ou ilícita.
Espera-se, do usuário, que obtenha tomadas de consciência durante o processo de tratamento como questões, por exemplo, “o momento de parar é agora”, isto é, muitos usuários chegam até o centro com características de procrastinação, ou seja, esse pensamento de que “eu vou parar amanhã”, é um sinal de que essa pessoa certamente não tem nenhuma intenção de interromper o uso da droga. Alguns têm dificuldades na tomada de consciência, por não uso da medicação, alegam que a medicação causa outra dependência, outros tem dificuldades por acreditarem que a solução ou a culpa sempre está no outro, e ainda se encontram no processo de negação de seu quadro, questões essas que são trabalhadas principalmente no atendimento psicológico.
Outra questão trabalhada é quanto à onipotência de muitos usuários, ou seja, à idealização de que, podem parar de usar aos poucos, isto é, reduzindo a quantidade de uso, no entanto sabe-se que o uso contínuo da cocaína só aumenta a fissura, e o processo de recuperação é adiado. O usuário acredita que esta no controle da droga, que, pode parar o momento que quiser, no entanto, o organismo fica condicionado ao uso da droga.
Fazendo um pequeno comentário sobre a prática do psicólogo na saúde pública, isto é, especificamente no SUS observar as seguintes questões.
Quase 15 mil psicólogos atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) nos mais diferentes serviços: nas Unidades Básica de Saúde (UBS); nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); em Centros de Convivência, Cooperativa e Cultura; Ambulatórios de Saúde Mental; em Hospitais-dia; em Centros de reabilitação; em Centros de Referencia da Saúde do Trabalhador; Centro de Apoio e Orientação sobre DST/AIDS; Equipes de Apoio a Presidiários; Hospitais Gerais e Hospitais Psiquiátricos. Isto sem contar com os serviços internos ao SUS: Centros de Formação e Educação do Trabalhador de Saúde; apoio técnico aos programas da mulher; serviços de epidemiologia, de hemoterapia, de praticas alternativas em saúde e outros de acordo com a organização da gestão local.(SPINK, 2010, p. 81)
Ainda com o autor, ver-se a seguinte colocação quanto aos desafios enfrentados pelo profissional de psicologia ao ser inserido no trabalho à saúde pública, a esse respeito, SPINK (2010, p. 43) coloca que o primeiro desafio que se impõem, não só para os psicólogos, mas para todos os trabalhadores de saúde e a sociedade brasileira, é a consolidação do Sistema Único de Saúde. Após mais de quinze anos da sua implantação o SUS ainda sofre com problemas como acesso, financiamento, descentralização, participação popular, iniquidade do sistema em relação às demandas regionais, ofertas de serviços e insumos, alem da gestão e formação para o trabalho em saúde.
A psicologia de forma geral tem eminentemente contribuído nas atividades referentes à saúde pública. Segundo o centro de referencia técnica em psicologia e políticas publicas – CREPOP (2011, p. 10, 12.).Atualmente a psicologia dispõe de conhecimentos para a atuação em equipes multidisciplinares; desenvolvendo atividades tanto individuais quanto em grupos de usuários. A principal contribuição do trabalho do psicólogo é com a não alienação do paciente no processo saúde doença, não exclusão do seu ambiente social, uma vez que a vida social é fator importante no processo de recuperação.
A psicologia também é importante como Atenção, promoção, prevenção de saúde, não apenas nos casos de doenças, mas nas ações que visam à melhoria da qualidade de vida. A atuação da psicologia se dá por meio da aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas aos cuidados individuais e coletivos com a saúde e ao enfrentamento das doenças. Seu objeto é o sujeito psicológico e suas relações com os fatores multideterminantes da saúde, nos diferentes níveis de atenção. Inclui ainda os diferentes grupos sociais e seus problemas associados à promoção de saúde e a prevenção de doenças (CREPOP 2011, p. 10, 12).
Também é sugerido ao usuário de drogas que ele evite antigos companheiros e lugares de risco que visitava, pois isso pode ser um fator incentivador para o retorno do uso. Esses lugares e esses antigos “companheiros” podem intensificar ainda mais o desejo de usar a substância, essa é uma questão de sempre evitar pessoas, situações e ambientes que causem fissuras, isto é, muitos usuários acreditam que podem provar a substância para saber como está indo o tratamento, ou seja, acreditam que se conseguirem “passar no teste” estará provando que já possuem o controlesobre a droga e que “jamais irão consumir novamente”. No entanto sabe-se que mesmo passando no teste a pessoas estará mais próxima de uma recaída.
Durante o uso da droga a pessoa geralmente se afasta de quem não usa, param de se exercitar, com a evolução do uso até o interesse a atividade sexual se reduz, e a vida torna-se escassa de prazeres não quimicamente induzidos. O isolamento é produto do uso e das comorbidades associadas (ex: depressão), onde a droga è colocada como foco central na vida do indivíduo.Em relação aos cuidados pessoais, como, aparência, alimentação, exercícios, pode-se citar, como exemplo, a cocaína, essa droga geralmente é um inibidor do apetite de forma que o usurário tende a apresentar deficiências de diversos nutrientes e vitaminas. Em alguns casos é necessário colocar, junto ao tratamento, a atividade física pelo fato de alguns usuários negligenciarem o condicionamento físico.
Ao usuário, é comum o mesmo passar por fases durante seu processo no tratamento, a primeira é a fase da desintoxicação, onde o individuo passa por supervisão médica, com a utilização de medicamento que possam minimizar a abstinência.A fase da reabilitação é fase onde o individuo aprende a modificar seus comportamentos para manter a abstinência, nesse momento que entra a questão de modalidades terapêuticas como aconselhamento individual e familiar e medicações contra a vontade de consumo e grupos de ajuda mútua devem sempre ser incluídos no processo de reabilitação.
Em relação à fase dos cuidados continuados o CAPS-ad dispõe dos grupos terapêuticos que são um dos mais conhecidos meios de manutenção dos benefícios conseguidos em tratamento, e também a realização de aconselhamentos individuais.
Outra fase peculiar aos serviços no centro é quanto à prevenção de recaídas, isto é, são estratégias que podem ser aplicadas conjuntamente ou logo após o tratamento primário. Estas estratégias têm o objetivo de antecipar as situações em que os pacientes terão possibilidades de recair, ajudando-os a adquirir instrumentos eficazes para evitar uma recaída, também modificando seu estilo de vida. Vale ressaltar que essas estratégias de prevenção são pontos primordiais utilizados no atendimento psicológico.
Ainda referindo-se à atuação do profissional de psicologia dentro do CAPS ad observaram-se as seguintes competências, apesar do profissional de psicologia estar inserido em uma equipe multiprofissional o mesmo possui responsabilidades que são exclusivamente de suas atribuições, entre elas estão: preenchimentos de documentos como laudos; relatórios; declarações (em alguns casos demandadas pela justiça); acolhimentos e escutas.
O profissional de psicologia também trabalha com grupos terapêuticos, nesses grupos o mesmo utiliza-se de vários mecanismos que possam facilitar a tomada de consciência do usuário, onde se podem citar técnicas de conversação, utilização de vídeos, utilização de músicas para projeção, textos de reflexão, parábolas para trabalhar a analogia a droga, e outros, para que o usuário possa refletir sobre sua problemática e consequentemente ter a tomada de consciência e a possível mudança de comportamento. 
3. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO 
Paciente tabagista e etilista, solteiro, com 1° grau incompleto, não trabalha, recebe auxílio doença. Reside com sua mãe, um irmão e uma cunhada. Tem como diagnóstico o alcoolismo, foi internado diversas vezes devido ao álcool em diferentes cidades: Caxias do Sul, Panambi e Passo Fundo. Atualmente frequenta o Caps, porém falta bastante os encontros, frequenta o Caps há 12 anos. Paciente relata ter iniciado com o álcool através de amigos em bares, relata ter perdido vários empregos devido ao alcoolismo e ter afastado sua família, relata fracassos nas tentativas de recuperação. Paciente pouco comunicativo, aparentemente triste, se mantém calado, pensativo, distante, cabisbaixo. No grupo participa pouco, fica isolado, parecendo deprimido. Não fala, tem poucos amigos. Verbaliza apenas quando é estimulado pelos demais nas atividades ou dinâmicas que são realizadas. Paciente apresenta aspecto de pouca higiene, descuido do aspecto corporal, apresentando hálito etílico, vestindo roupas sujas. 
Tem dificuldades em adesão ao tratamento medicamentoso, e pouca persistência ao tratamento, pois várias vezes quando foi internado, no mesmo dia que recebia alta já iniciava a beber novamente. Paciente relata não ter controle de si, não consegue ficar sem a bebida, pois diz que sente seu corpo tremer e outras reações que só melhoram quando ele volta a ingerir o álcool. 
Em 2004 foi vítima de atropelamento, estava alcoolizado e perdeu os sentidos, depois de alguns dias de recuperação retornou ao Caps, relatando que a vontade de beber era muito grande e que não estava mais aguentando ficar sem a bebida. Além disso, o mesmo já teve várias quedas na rua, em casa e nos bares, e relata após as quedas não se lembrar de como foi que ocorreu. 
3.1. Problemas encontrados 
Problemas de relacionamentos devido ao isolamento do grupo. Desemprego decorrente da baixa produtividade do trabalho decorrente dos efeitos do álcool. Risco de doenças secundárias aos efeitos do álcool. Risco de acidentes e mortes relacionado a diminuição dos reflexos devido ao álcool. Risco de abalo da estrutura familiar. Sentimento de impotência relacionada às falhas no tratamento. Risco de depressão relacionada a baixa autoestima crônica. Tensão do papel de cuidador relacionado às recaídas no álcool. Risco de função hepática prejudicada devidos a efeitos colaterais do alcoolismo. Risco de confusão relacionado ao excesso de álcool. Nutrição alterada: ingestão menor do que as necessidades corporais relacionadas ao alcoolismo. Interação social prejudicada relacionado a não interação com o grupo. Isolamento social relacionado à falta de comunicação com os demais. Déficit no autocuidado relacionado à higiene corporal precária. Anorexia relacionada ao abuso se álcool. Alteração na auto-estima e no autoconceito. Baixa auto estima relacionado à expressão de vergonha ou culpa. Ansiedade relacionada ao alcoolismo. Déficit no autocuidado relacionado à falta de disposição. Sentimento de impotência relacionado ao seu problema. Risco de fracasso no tratamento relacionado a não aderência ao tratamento medicamentoso. Processos familiares alterados relacionados não aceitação do familiar alcoólatra. Risco do padrão respiratório relacionado aos efeitos do cigarro. Risco de desnutrição relacionada à anorexia alcoólica.
3.2. Proposta de intervenção 
Conclui-se assim que através da aplicação do processo terapêutico a este paciente devem ser realizados os seguintes cuidados: Desenvolver ações para estimular o convívio com as demais pessoas. Orientar medidas que ajudem a desenvolver melhor seu potencial no trabalho, explicando os malefícios decorrentes do uso de álcool. Explicar ao paciente sobre as consequências deixadas pelo álcool. Orientar a família de como lidar com o dependente do álcool. Orientar medidas que promovam melhora no autocuidado e autoconfiança. Colaborar com ações que recuperem a autoestima do paciente. Apoio emocional ao cuidador. Orientar ao paciente sobre as consequências do uso abusivo de álcool. Orientar o paciente a se alimentar regularmente. Estimular a interação social, com amigos e com as demais pessoas do grupo. Estimular a comunicação com as demais pessoas do grupo. Orientar medidas para promover uma melhora na higiene corporal. Relatar ao paciente a importância de uma alimentação adequada. Orientar medidas que promovam melhora no autocuidado e autoestima. Desenvolver ações para diminuição da ansiedade. Orientar ao paciente sobre a importância da realização de atividade física regularmente. Ajudar o paciente a enfrentar a doença e estimulá-lo a não fracassar. Explicar para a família a sua importância no tratamento do dependente. Encaminhar o paciente a assistência especializada. Orientar a família quanto aos cuidados com os perigos externos.
4. CONCLUSÃO
A implantação dos CAPS representa um avanço nos tratamentosdestinados às pessoas portadoras de transtornos mentais, e a regulamentação dos serviços destinados aos usuários de álcool e outras drogas representa um início para quebrar com paradigmas relacionados à cura dos dependentes químicos, muito associada à criminalidade e justiça. No entanto, entende-se, também, que a rede substitutiva dos CAPS possui limitações, não estando ainda totalmente formada, até mesmo por serem bastante recentes. Torna-se fundamental, portanto, a realização de estudos avaliativos desses serviços, com o uso de pesquisas de campo, que podem colaborar com o levantamento de necessidades e implantação de mudanças importantes. Além disso, sobre os CAPS ad existe pouco material disponível, ou seja, trata-se de uma literatura que pode ser muito mais explorada por estudantes e profissionais da área da Psicologia. Da mesma forma que acontece com a literatura referente aos CAPS ad, são raros os materiais publicados sobre a atuação dos psicólogos nesses serviços. Isso não significa que os psicólogos não estejam realizando atividades importantes, mas representa mais uma necessidade de estudo, viabilizando maior conhecimento sobre as intervenções realizadas, já que se pode pensar que muitos profissionais preferem realizar suas atividades, sem registrá-las e publicá-las. Fazer contato direto com profissionais psicólogos atuantes nesses serviços seria um tipo de abordagem viável para investigações complementares. Analisando pelo viés histórico, também se recomenda o estímulo aos registros sistemáticos referentes a experiências e práticas dos profissionais em saúde mental no estado independente dos CAPS, para que não se percam informações ao longo dos anos. Esse aspecto é percebido como uma lacuna e uma possibilidade para o desenvolvimento de futuros estudos.
5. ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
(ANEXO 1)
6. REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Saúde Mental no SUS: as novas fronteiras da Reforma Psiquiátrica. Relatório de Gestão 2007/2010. Ministério da Saúde: Brasília. Janeiro de 2011, 106 p.
________. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde Caderno de Textos de Apoio da III Conferência Nacional de Saúde Mental. Brasília, Ministério da Saúde / Conselho Nacional de Saúde, 2001.
BRUM, E. Prefácio. In:ARBEX, D. Holocausto Brasileiro. São Paulo: Geração, 2014.
CFP. Referências técnicas para atuação de Psicólogas (os) no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial/Conselho Federal de Psicologia – Brasília: CFP, 2013.
 ____. Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas/os em Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas/ Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2013.
_______. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Comissão Organizadora da III CNSM. Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental. Brasília, 11 a 15 de dezembro de 2001. Brasília: Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, 2001, 213 p. 
________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
REGO, Thiago Felix Amazonas. Atuação do Psicólogo em um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas (CAPS AD) de Santarém: Relato de Experiência. Psicologado, [S.l.]. (2013). Disponível em https://psicologado.com.br/psicopatologia/saude-mental/atuacao-do-psicologo-em-um-centro-de-atencao-psicossocial-de-alcool-e-outras-drogas-caps-ad-de-santarem-relato-de-experiencia . Acesso em 28 Mai 2020.
Sá Vieira, Julliana Keith de, & Carvalho, Rafael Nicolau, & Braga de Azevedo, Elisângela, & de Castro Silva, Priscilla Maria, & Oliveira Ferreira Filha, Maria de (2010). Concepção sobre Drogas: Relatos dos Usuários do Caps-Ad, de Campina Grande, PB. SMAD, Revista Electrónica enSalud Mental, Alcohol y Drogas, 6(2),274-295.[fecha de Consulta 28 de Mayo de 2020]. ISSN: 1806-6976. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=803/80314492004acesso em 28 de MAIO de 2020.

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