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Atividades Agrícolas e Degradação Ambiental

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ADRIELLE FLORES POLI 
ANA LUISA PELOSI SOUZA 
BEATRIZ CIRINO LUCCHETTA 
FERNANDA SILVA OLIVEIRA 
LUAN DINIZ RODRIGUES 
 
 
 
 
FATORES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: ATIVIDADES 
AGRÍCOLAS 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente - SP 
2020 
Fatores de Degradação Ambiental: Atividades Agrícolas 
 
1. Fundamentação Teórica 
1.1 Degradação Ambiental 
Ao tratar-se do conceito de Degradação Ambiental torna-se claro que 
degradação é resultante de diversos fatores, sendo eles físicos, químicos, biológicos, 
sociais e tecnológicos, climáticos, naturais ou antrópicos. A variabilidade não permite 
generalização, no entanto, um elemento comum entre todos os fatores é a pressão 
da produção sobre os recursos. 
 Degradação Ambiental remete a redução do potencial de recursos naturais e 
renováveis através da inclusão de processos combinados sobre a terra como o 
ressecamento do clima atmosférico, gerando falta de chuvas; erosão, perda da 
camada superficial por ação da água e/ou do vento; plantas ou animais nocivos; além 
de ações antrópicas adversas e outros. 
 Apesar de ser um processo preocupante e de diversos níveis de impacto 
ambiental, a degradação, em muitos casos, pode ser reversível e passível de 
recuperação, não para o estado natural com toda sua biodiversidade, mas para um 
estado próximo a isso. 
 Segundo FAO (1980), degradação das terras se refere à deterioração ou perda 
da capacidade dos solos para usos presentes e futuros. Quando se trata do recurso 
considerado vital, o solo, sua formação e regeneração aparenta ser irreversível, mas 
existem muitas formas possíveis de remediação para a reconstrução da saúde do 
mesmo. 
 As atividades agrícolas desempenham um papel, muitas vezes, de agentes de 
degradação ambiental através do manejo inadequado do solo. De acordo com 
ISRIC/UNESP (1991), as atividades agrícolas correspondem à incidência de 28% dos 
causadores de degradação ambiental no mundo. A degradação por práticas agrícolas 
se dá através da compactação e selagem do solo, cultivo sucessivo, uso de estercos 
ou fertilizantes que esgotam nutrientes, aplicação exagerada de produtos químicos, 
manejo hídrico mal realizado, acarretando a diminuição da produção de alimentos e 
efeitos nocivos diretos ao solo. 
 Atualmente, existem diversos estudos e tecnologias que demonstram 
atividades agrícolas amistosas, que garantem maior cuidado com a terra e uma 
produção mais segura e de qualidade. Plantio em contorno, terraceamento, barreiras 
vegetativas, gestão de águas, aumento do teor da matéria orgânica e ciclagem de 
nutrientes, conservação do solo, rotação de culturas e sistemas agroflorestais são 
exemplos de uma agricultura mais sustentável e com menos risco à degradação. O 
uso de ferramentas de SIG – Sistema de Informações Geográficas são muito 
utilizadas para identificação de locais próprios para produção que causam menor 
dano. 
 A pressão populacional é um fator que influencia em um manejo agrícola 
inadequado. O crescimento populacional gera uma necessidade de ocupação, muitas 
vezes, de lugares sensíveis e de menor resiliência, que traz a expansão do cultivo 
para essas áreas. 
 Quando a agricultura é praticada em solos sensíveis, pobres ou 
moderadamente férteis, se tem um possível esgotamento de nutrientes. Além da falta 
de nutrientes outras condições são dirigidas a essas áreas, como: processo deletério 
na produtividade do solo e culturas, a salinização; poluição de diversas origens, 
acidificação; compactação do solo, elevação do lençol freático e subsidência, que são 
condições físicas; danificação de sistemas aquáticos; transporte de nutrientes e 
aceleração na eutrofização. 
 Em muitos casos, a degradação ambiental é trazida como fator que reduz a 
qualidade de vida, pois o trabalho de mantimento da área se torna bruto e alguns 
casos extremos, a degradação pode gerar o deslocamento de populações. 
 
1.2 Contaminação 
O termo contaminação está relacionado à introdução de um produto químico 
ou substância adversa ao solo ou água superficial e subterrânea, que se encontra 
fora dos padrões de concentração permitidos e traz riscos à segurança e saúde 
humana e do meio, sendo muitas vezes não perceptível. A contaminação do solo é 
um fator de degradação severo sobre os serviços ecossistêmicos. 
 Existem diversas fontes agrícolas contaminantes, incluso fontes agroquímicas, 
como fertilizantes, pesticidas e esterco animal, que metais em sua composição que 
podem prejudicar o metabolismo e diminuir a produtividade de plantas. Além de 
agentes químicos, a água para irrigação também pode ser um fator contaminante, se 
principalmente provir de águas residuais de esgoto. Todos esses fatores ameaçam a 
segurança alimentar, qualidade de água e saúde humana. 
 Algumas fontes de contaminação incluem derramamentos acidentais de 
hidrocarbonetos, de combustíveis das máquinas utilizadas no processo de produção 
e transporte; a produção de animais com o aumento excessivo de nitrogênio no solo 
e causando eutrofização acelerada. 
 O aumento da produção agrícola depende de alguns componentes de 
eficiência. Adubos são fontes ricas em matéria orgânica com potencial benefício para 
agricultura, mas existem evidências científicas que possuem um aumento no teor de 
metais pesados, patógenos e resíduos de antibióticos. Pesticidas são substâncias 
que controlam ou destroem pragas que interferem em alguma etapa de produção de 
cultivos. Foram usados em larga escala pós Segunda Guerra Mundial, quando as 
propriedades inseticidas do DDT (diclorodifeniltricloroetano) foram descobertas. 
 O impacto da degradação ambiental afeta de forma direta a segurança e saúde 
humana e do meio ambiente. Processos e práticas sustentáveis são aplicados em 
diversas atividades, dentre elas as atividades agrícolas, para minimizar esses riscos 
e danos e objetivar a geração de melhor qualidade de vida. 
2. Cenário de Atividades Agrícolas 
A agricultura é uma das principais e mais importantes atividades para a 
subsistência do ser humano, mas seus prejuízos na natureza se devem especialmente 
ao crescimento populacional, tornando assim, a população mundial a grande geradora 
desses problemas. 
 Os países mais ricos e desenvolvidos têm, na maior parte dos casos, taxa de 
crescimento populacional menor do que a dos subdesenvolvidos. Apenas um terço da 
população mundial vive em países desenvolvidos, mas consome cerca de 85% do 
total de recursos produzidos no mundo. Na realidade, o ambiente terrestre não seria 
capaz de suportar a população que tem hoje se todas as nações fossem 
desenvolvidas e vivessem dentro dos padrões atuais de desenvolvimento (DALLARI; 
GARRAFA; FRANÇA, 2007). 
 O Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (PLANAVEG) é o 
principal instrumento de implementação utilizado pela Política Nacional para 
Recuperação da Vegetação Nativa, conhecida como Proveg, e tem como objetivo 
ampliar e fortalecer as políticas públicas, incentivos financeiros, mercados, boas 
práticas agropecuárias e outras medidas necessárias para a recuperação da 
vegetação nativa de, pelo menos, 12 milhões de hectares até 2030, principalmente 
em áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL), mas também em 
áreas degradadas com baixa produtividade. 
 
2.1 Dados Nacionais 
A produção agrícola consiste em uma parcela relevante das economias na 
maioria do mundo, inclusive no Brasil. Impulsionado pelo aumento da produção nos 
últimos anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, em 2019, atingiu 21,4% 
de toda a riqueza gerada no Brasil, crescendo 3,81% em comparação com 2018, 
segundo publicação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e Fundação de 
Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq). 
 O aproveitamento dos recursos naturais para a produção agrícola é muito além 
de seu potencial, mesmo noBrasil, onde há uma vasta quantidade de terras e a maior 
reserva de água doce do planeta. Assim, as atividades agrícolas têm gerado prejuízos 
ao meio ambiente afetando o solo, as águas, a fauna e flora. A agricultura causa 
danos irreversíveis ao solo, além de milhões de litros de água que são utilizados para 
essa atividade. Com base nisso, essa parte do estudo será subdividida, em âmbito 
nacional, com os dados referentes aos Impactos na Água e aos Impactos no Solo e 
Vegetação causados pela agricultura. 
 
 
 
https://www.mma.gov.br/images/arquivos/florestas/planaveg_plano_nacional_recuperacao_vegetacao_nativa.pdf
2.1.1 Impactos na água 
A água é recurso limitado e de domínio público, muito necessário para que a 
indústria de alimentícia consiga cada vez mais garantir uma produção contínua. Em 
países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é notável que o acesso à água 
potável é mais difícil, quando não quase ausente, dependendo da região. 
 Segundo a publicação da Embrapa - Trajetória da Agricultura Brasileira, o uso 
no meio rural representa 80,7% do consumo total de água no Brasil, dos quais 67,2% 
são destinados à irrigação, 11,1% ao consumo animal e 2,4% ao consumo humano. 
Estima-se que 40% desta água não é aproveitada pelas plantas por conta de sistemas 
inadequados de irrigação ou vazamentos nas tubulações, com grande desperdício de 
energia e trabalho. 
 No que se refere à qualidade da água, apesar da poluição urbana ser a 
principal fonte de degradação, a poluição de origem rural causada pela elevada 
utilização de fertilizantes, pesticidas e perda de solos por processos erosivos pode 
ser muito impactante em regiões com extensas áreas de uso agrícola. 
 Diante de grande parte do restrito percentual de água doce disponível em lagos 
e rios no planeta (cerca de 0,02%) se encontrar degradada, a agropecuária é uma 
das grandes responsáveis por esse feito. Na tabela abaixo é possível observar a 
relação litros de água por quilo usados para a produção de seus respectivos 
alimentos, levando em consideração a água necessária para manejo, irrigação, 
consumo animal, energia utilizada em processos, máquinas e construções, entre 
outros. 
 
Tabela 1 - Alimentos e seu consumo água em suas produções 
Alimento Água consumida (litros de água/kg) 
Chocolate 17.200 
Carne bovina 15.400 
Chá verde 8.860 
Carne de porco 6.000 
Manteiga 5.500 
Frango 4.300 
Arroz 2.500 
Cana de açúcar 1.800 
Macarrão 1.800 
Pão 1.600 
Cevada 1.420 
Banana 790 
Vinho 610 
Alface 240 
Tomate 215 
Maçã 125 
Fonte: Autoria, 2020. 
 
Segundo o relatório do IBGE Contas Econômicas Ambientais da Água no Brasil 
de 2013 a 2015, no Brasil, cada pessoa consome em média 108 litros de água por 
dia, e dados da ONU afirmam que cada pessoa consome diariamente de 2 a 5 mil 
litros de “água invisível” contida nos alimentos, isso é, a água embutida em suas 
produções. O chocolate é o alimento da tabela que mais consome água para ser 
produzido: mais de 17 mil litros de água por quilo. Se uma pessoa consumir uma barra 
de 100g de chocolate por dia, ao final do mês ela terá comido 3 quilos de chocolate, 
isso é, mais de 51 mil litros de água por mês só no chocolate. 
 Como é possível ver, a pecuária também é responsável por um consumo alto 
de água. Para cada quilo de carne bovina, são gastos mais de 15 mil litros de água 
por quilo, enquanto para a carne de porco e de frango, 6 mil e 4.300 litros de água 
por quilo, respectivamente. Os três tipos de carne representam alguns dos alimentos 
que mais necessitam de água em sua produção, e por isso a necessidade do 
consumo da carne já vem sendo pauta há um tempo no Brasil e no mundo. 
 É possível observar pela tabela também, que a produção frutífera requer 
menos o uso da água. A banana ocupa o lugar de maior consumidor com 790 litros 
de água por quilo, seguida pelo tomate com 215 litros e a maçã, com apenas 125 
litros de água por quilo. 
 A irrigação é a principal usuária de recursos hídricos pela agropecuária, e 
apresenta características de uso bastante diferente dos demais, pois sua demanda é 
variável de ano para ano. O desenvolvimento de uma agricultura sustentável passa, 
necessariamente, pelo uso sustentável dos recursos hídricos, que por sua vez, 
depende de uma gestão que incorpore os usos múltiplos da água e considere os 
fundamentos e diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos. 
 
2.1.2 Impactos no Solo e Vegetação 
As práticas inadequadas de manejo agrícola têm interferido na degradação dos 
solos. A degradação do solo, devido à erosão hídrica, diminui sua capacidade 
produtiva. Isto pode ocorrer naturalmente no ambiente, contudo com a ação contínua 
do homem, há uma aceleração neste processo de erosão. 
 Algumas práticas de manejo do solo promovem modificações em suas 
http://www3.ana.gov.br/todos-os-documentos-do-portal/documentos-spr/contas_economicas.pdf
propriedades físicas, em grande parte na estrutura, podendo tais alterações ser 
permanentes ou temporárias e, ainda, influenciarem o processo erosivo. Assim, solo 
submetido a cultivo intensivo tem a sua estrutura original alterada, tanto em níveis de 
poros quanto na densidade do solo (CARPENEDO; MELNICZUK, 1990). Há perda 
total ou parcial da fertilidade desta terra, fora o desmatamento das florestas para a 
criação de áreas agrícolas. 
 Associado a esses problemas, está o uso de agrotóxicos de maneira 
inadequada. São reconhecidos os esforços no sentido de se colocarem produtos 
menos agressivos no mercado de agroquímicos ou até mesmo de se utilizar 
inseticidas ou herbicidas naturais, mas que ainda são produtos menos conhecidos e 
produzidos, portanto, menos consumidos. Entretanto, há a presença elevada de 
resíduos tóxicos em alimentos, a alteração biológica, a contaminação e degradação 
ambiental, as intoxicações e mortes desenfreadas de seres vivos e a mudança no 
comportamento, surto e seleção de pragas (SAXENA, 1989), são umas das causas 
do uso continuado, indiscriminado e sem total planejamento de tais produtos 
químicos. (DE DEUS & BAKONYI, 2012). 
 Estudo realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2011 
indicou que um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros, isso 
é, mais de 30%, contém algum nível de contaminação por agroquímicos. Esses 
problemas enfatizam a necessidade da realização de mais análises e estudos em 
intensificação sustentável, da ampliação do uso sistemas de produção mais 
sustentáveis e do uso mais racional de defensivos. 
 O uso de fertilizantes artificiais e agrotóxicos também se acentuou a partir da 
década de 1960, com índices bastante elevados. Segundo Graziano Neto (1985), 
entre 1965 e 1975 o consumo de fertilizantes cresceu a taxa média de 60% ao ano, 
enquanto que os agrotóxicos cresce numa média anual de 25%. (TEIXEIRA, 2005). 
 O processo produtivo agrícola brasileiro está cada vez mais dependente dos 
agrotóxicos e fertilizantes químicos. A lei dos agrotóxicos, de 1989, e o decreto que a 
regulamenta, de 2002, definem que essas substâncias são: “os produtos e os agentes 
de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de 
produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas 
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros 
ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade 
seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa 
de seres vivos considerados nocivos”. Nos últimos dez anos o mercado mundial de 
agrotóxicos cresceu 93%, o mercado brasileiro cresceu 190%. Em 2008, o Brasil 
ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto de maior mercado mundial de 
agrotóxicos. (ABRASCO, 2012). 
 Ainda com base na publicação da Embrapa - Trajetória da Agricultura 
Brasileira, no Brasil, estima-se que há entre 60 e 100 milhões de hectares de solosem diferentes níveis de degradação, o que supera a área da Espanha (50 milhões de 
hectares). Estudos indicam que mais da metade das pastagens brasileiras estão 
degradadas, o que é considerado um grave problema para o setor, causando 
prejuízos econômicos e ambientais. Dos 32 milhões de hectares que adotam o Plantio 
https://www.abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/wp-content/uploads/2013/10/DossieAbrasco_2015_web.pdf
Direto no Brasil, um sistema conservacionista de cultivo agrícola, estima-se que em 
apenas 2,7 milhões de hectares são seguidos corretamente os preceitos 
preconizados pela pesquisa agropecuária. Como consequência, surgem problemas 
como compactação do solo, erosão hídrica, quebra da estabilidade da produtividade 
e aumento do custo de produção. 
 Práticas inadequadas também geram severas consequências às vegetações 
nativas. A maioria dos produtores rurais aumenta seus níveis produtivos somente com 
a incorporação de novas áreas, ou seja, solos que eram ocupados por mata nativa, o 
que implica o uso de recursos naturais. Sabe-se que com a inclusão de novas 
tecnologias seria possível aumentar a produção em, pelo menos, 3 a 5 vezes os níveis 
atuais, o que manteria o Brasil no cenário de grande exportador de produtos 
agropecuários, porém a pressão sobre os recursos naturais diminuiria. Segundo a 
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), metade 
do corte de árvores em todo o mundo deve-se à necessidade de substituir a terra 
agrícola degradada por práticas não sustentáveis. As estimativas para a perda de solo 
fértil no Brasil vão de 822 milhões a um bilhão de toneladas por ano (MMA, 2010). 
 No cultivo de árvores, houve expansão de 52% na área de florestas plantadas 
entre 1990 e 2014. Em 2016, as plantações de eucalipto foram responsáveis por 
fornecer 98,9% do carvão vegetal, 85,8% da lenha, 80,2% da madeira para celulose 
e 54,6% da madeira em tora para outros usos no Brasil. A madeira produzida por 
árvores cultivadas reduz a pressão por desmatamentos de florestas nativas. No 
entanto a agricultura ainda é uma das maiores responsáveis pelo desmatamento no 
Brasil. Segundo uma pesquisa do IBGE de 2015, 236.600 km² de áreas 
desflorestadas, quase o tamanho do Estado de São Paulo, ocorreu para a 
implantação de lavouras. Isso representa 65% do total do desmate no período. Já a 
expansão das áreas de pastagens responde pelos outros 35% do desflorestamento. 
A atividade ocupou, no período correspondente à pesquisa, 127.200 km² de áreas da 
Amazônia ou da Mata Atlântica. 
 De 2010 a 2012 foi analisado pelo IBGE que a expansão da fronteira agrícola 
intensificou-se, tendo sido responsável pelo desmatamento de área de 77.520 km² 
(68% do total do desflorestamento). No mesmo período, a expansão das pastagens 
plantadas respondeu por 28% do desmate, ou 32.120 km². Segundo o IBGE, houve 
uma aceleração nos processos de mudanças na cobertura e uso da terra no país. A 
pesquisa indica que no período de 2010 a 2012, as alterações na paisagem atingiram 
3,5% do território nacional. Tal transformação, ocorrida em apenas dois anos, é 
equivalente à metade do observado no período de 10 anos, de 2000 a 2010. 
 Na região Amazônica, no período do regime militar foram impulsionadas obras 
de infraestrutura que se tornaram responsáveis pela devastação do bioma. A 
construção de estradas na floresta abriu caminho tanto para o chamado progresso 
como para o desmatamento, que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais (Inpe), em 2018 já atingia uma área superior a duas Alemanhas: 783 mil 
quilômetros quadrados na Amazônia Legal. Cinco décadas depois, Sorriso, no Mato 
Grosso, se tornou a capital da soja e do agronegócio, e o pasto passou a ser a 
cobertura que ocupa 80% da área desmatada desde então. 
2.2 Dados Estaduais 
O estado de São Paulo vem sofrendo grandes transformações em suas 
paisagens desde 1870 quando se iniciou a cultura do café e algodão e muitas 
alterações vêm ocorrendo desde então. Estas culturas deram lugar aos vários ciclos 
da cana-de-açúcar que se tornou a maior atividade agrícola do estado até hoje. 
 Com forte produção rural, São Paulo possui o título de principal produtor e 
exportador agrícola do Brasil e utiliza de diversas tecnologias avançadas. O estado 
possui o maior sistema agroindustrial do Brasil, com um território de 24,8 milhões de 
hectares de clima tropical, solo fértil e água abundante, que de seu todo, cerca de 
35% é voltado à agricultura. 
 A produção do agronegócio paulista movimentou R$275,65 bilhões em 2016, 
em 2017 R$268 bilhões alcançando uma participação de 12,8% na economia do 
estado. A atividade agrícola é a principal responsável desta receita, representando 
mais de 80% de sua totalidade. 
Figura 1 – Agronegócio São Paulo 2016
 
Fonte: CEPEA/Esalq/USP 
A produção rural de São Paulo possui uma tecnologia que provoca alto 
desempenho nas culturas agrícolas. As principais culturas mais produzidas no Brasil 
são a cana-de-açúcar e a laranja. No gráfico a seguir é apresentado o valor da 
produção das lavouras temporárias e permanentes em 2017 no Brasil em 
comparação com o estado de São Paulo. 
 
Tabela 2 - Valor da produção das lavouras temporárias e permanentes em 2017 
 (Mil Reais) 
Produto Brasil São Paulo Part. % 
Total 319.627.357 53.140.924 16,63% 
Cana-de-açúcar 54.207.302 30.378.109 56,04% 
Laranja 8.551.100 6.203.828 72,55% 
Soja (em grão) 112.163.330 3.427.413 3,06% 
Milho (em grão) 32.873.710 2.044.388 6,22% 
Café (em grão) Total 18.523.454 1.690.901 9,13% 
Café (em grão) Arábica 14.525.958 1.690.681 11,64% 
Banana (cacho) 8.050.362 1.669.699 20,74% 
Tomate 4.330.563 1.270.277 29,33% 
Limão 1.233.788 897.732 72,76% 
Amendoim (em casca) 948.930 840.543 88,58% 
Mandioca 11.190.867 598.033 5,34% 
Borracha (látex coagulado) 820.020 552.841 67,42% 
Feijão (em grão) 6.937.287 551.062 7,94% 
Batata-inglesa 2.888.100 509.591 17,64% 
Uva 3.532.720 387.867 10,98% 
Tangerina 828.998 352.350 42,50% 
Trigo (em grão) 2.344.552 228.204 9,73% 
Cebola 1.353.268 183.965 13,59% 
Goiaba 588.603 171.947 29,21% 
Melancia 1.353.410 169.335 12,51% 
Caqui 248.657 135.301 54,41% 
Pêssego 414.526 132.920 32,07% 
Abacate 249.585 124.356 49,83% 
Manga 984.294 122.742 12,47% 
Batata-doce 760.887 78.705 10,34% 
Palmito 252.850 70.293 27,80% 
Maracujá 870.810 65.887 7,57% 
Arroz (em casca) 9.760.502 46.909 0,48% 
Abacaxi 1.742.915 41.293 2,37% 
Figo 70.994 36.549 51,48% 
Algodão herbáceo (em caroço) 8.422.334 29.379 0,35% 
Urucum (semente) 83.049 28.314 34,09% 
Sorgo (em grão) 602.699 26.031 4,32% 
Coco-da-baía 1.120.335 15.808 1,41% 
Maçã 1.612.917 13.616 0,84% 
Noz (fruto seco) 63.147 11.621 18,40% 
Mamão 927.159 10.993 1,19% 
Aveia (em grão) 226.995 6.078 2,68% 
Girassol (em grão) 110.591 4.846 4,38% 
Cevada (em grão) 160.518 4.799 2,99% 
Triticale (em grão) 14.130 2.935 20,77% 
Chá-da-índia (folha verde) 1.451 1.451 100,00% 
Pera 39.680 797 2,01% 
Alho 997.050 486 0,05% 
Azeitona 2.779 351 12,63% 
Melão 492.874 233 0,05% 
Café (em grão) Canephora 3.997.496 221 0,01% 
Fumo (em folha) 6.854.360 123 0,00% 
Ervilha (em grão) 6.474 23 0,36% 
Fonte: Agronegócios | InvesteSP 
 
 
https://www.investe.sp.gov.br/setores-de-negocios/agronegocios/
São as usinas de etanol e açúcar do estado de São Paulo que são 
responsáveis por por cerca de 47% da produção brasileira a partir da cana-de-açúcar, 
além de sem o maior produtor de suco de laranja do Brasil. 
 A produção agrícola do estado se concentra no interior, a seguir os mapas da 
distribuição da produção de cana-de-açúcar e de laranja do estado. 
 
Figura 2 e 3 – Distribuição Geográfica de Área Cultivada e Número de 
Produtores, 2007/2008 
 
 
 
Fonte: CATI. 
 Como mencionado anteriormente, a vegetação nativa foi sofrendo 
modificações conforme o passar dos anos e as culturas que passaram a ser mais 
produzidas. Apesar doestado ser o maior produtor agrícola do país também sofreu 
graves consequências como a perda de biodiversidade, sendo um dos estados que 
mais perdeu sua vegetação nativa, sendo a Mata Atlântica, bioma predominante do 
estado, a floresta que mais sofreu devastação no Brasil. 
 
2.3 Dados Regionais 
2.3.1 Município de Presidente Prudente - SP 
A natureza desde muito tempo sofre interferência por conta da humanidade, 
tanto em ambientes urbanos quanto em rurais. A maioria das vezes essa interferência 
ocorre de modo desordenado, prejudicando o meio ambiente, pois não há práticas de 
conservação dos recursos naturais ou um manejo ambiental adequado, 
proporcionando paisagens degradadas e manifestações erosivas do solo. 
O termo “erosão” se refere a um: Conjunto de processos que atuam na 
superfície terrestre, levando à remoção de materiais minerais e rochas decompostas. 
Quando a água constitui o agente essencial o processo de dissolução torna-se muito 
importante. Os principais agentes de remoção física e transporte durante os 
processos de erosão são os seguintes: eólico, fluvial, marinho e glacial (SUGUIO, 
1998, p. 276). 
É de extrema importância estudar os processos erosivos e as consequências 
ambientais causadas pela interferência humana sobre a superfície terrestre. Em 
Presidente Prudente – SP um dos impactos ambientais mais encontrado, 
principalmente na área rural, é a erosão dos solos por conta do histórico de uso e 
ocupação dos solos que levou a região a um intenso caso de degradação ambiental 
que muitas vezes não há como recuperar. A combinação da vulnerabilidade dos solos 
do município com o desmatamento, atividades agrícolas e pisoteio do gado 
aumentam a degradação do solo e o processo de erosão. 
A erosão faz com que o solo se torne impróprio para a agricultura, implicando 
na perda de seu valor econômico. Os processos erosivos que podem ocorrer no solo 
causam consequências como perda das camadas superficiais do solo (camada mais 
importante para o desenvolvimento da agricultura) ricas em matéria orgânica. Os 
impactos podem ocorrer por diversos motivos, por conta do tipo de solo, por condições 
climáticas, morfologia do relevo, cobertura vegetal, entre outros. 
Na região de Presidente Prudente as principais atividades agrícolas iniciaram 
a partir da produção de café, algodão, milho e mandioca, que intensificaram o 
desmatamento. No final dos anos 60 e início da década de 70 essas atividades foram 
substituídas pela pecuária. A partir da década de 1990 houve a criação de uma usina 
de açúcar e álcool, e a cultura de cana de açúcar passou a predominar o uso da terra 
até hoje. Desde o início da utilização dos solos para produção de alimentos não houve 
um cuidado na conservação da vegetação natural e do solo, alterando a paisagem de 
forma negativa. 
O projeto Canasat mapeou culturas de cana de açúcar por meio de imagens 
de satélite, em 2011, e observou que 14,3% da área total de Presidente Prudente está 
destinada a plantação de cana de açúcar, aumentando a vulnerabilidade ambiental 
aos processos erosivos lineares (sulcos, ravinas e voçorocas). 
A partir de análises da região por estudiosos pode-se afirmar que os cultivos 
agrícolas de café, milho, algodão, mandioca e cana de açúcar, sendo mecanizados 
ou não, quando estas ações agrícolas são feitas inadequadamente, sem o 
planejamento ambiental adequado, alteram significativamente a paisagem (muitas 
vezes sem conseguir fazer a mesma retornar ao seu estado natural), através de 
erosões lineares. 
As modificações na paisagem de Presidente Prudente e o aumento das áreas 
degradadas devido ao uso inadequado dos solos pode estar ligada a falta de 
informações dos agricultores ou a falta de acesso a técnicas agrícolas 
conservacionistas. Por isso é interessante ter o conhecimento de profissionais de 
diversas áreas para compreender melhor a dinâmica natural da área, além de prevenir 
ou conter processos erosivos e medidas de recuperação de áreas degradadas. 
Entretanto apesar do manejo inadequado e do uso intenso dos solos ter 
causado empobrecimento da matéria orgânica e fortes impactos erosivos ainda é 
possível mitigar esses impactos através de estudos e diagnóstico da capacidade de 
uso da terra e conter ou reverter os problemas causados ao meio. 
Existem alguns projetos no município que tem como objetivo mitigar áreas 
degradadas por atividades agrícolas. A Secretaria de Estado de Agricultura e 
Abastecimento (SSA) possui um convênio com a Prefeitura de Presidente Prudente, 
por meio da Casa da Agricultura, para realização de vários projetos voltados para 
recuperação ambiental. 
No final de março de 2019 foi concluído um projeto no qual recuperou áreas 
degradadas, por erosões e voçorocas, de propriedades rurais situadas no bairro rural 
Umuarama, que fica a dez minutos do centro de Prudente. Ao todo foram recuperadas 
uma área de 10 hectares, sendo três erosões que afetavam três pequenas 
propriedades. 
As erosões desvalorizam as propriedades dos agricultores, além de diminuir a 
produtividade agrícolas e podendo ter que pagar multas por dano ao meio ambiente 
e aos rios, uma vez que a água da chuva carrega fragmentos de solo para os leitos 
provocando assoreamento. 
A partir de estudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) os solos do 
município já possuem índice de alta suscetibilidade à erosão. A suscetibilidade do 
solo à erosão pode ser dividida em três níveis: 1, 2 e 3. O solos inseridos no nível 1 
possuem índice de suscetibilidade à erosão alta, já nos níveis 2 e 3 estão inseridos 
solos com média e baixa suscetibilidade a erosão, respectivamente. Abaixo segue um 
mapa destacando a região de Presidente Prudente em relação aos índices de erosão. 
Figura 4 – Índices de erosão por região agrícola 
 
 
Fonte: Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, CATI, 1997 (Modificado) 
 
3. Estudo de Caso 
3.1 INTRODUÇÃO 
O desenvolvimento de trabalhos para caracterizar as condições de exposição 
dos trabalhadores aos agrotóxicos e a maneira como desempenham suas atividades 
geram informações que podem subsidiar as autoridades na promoção de ações para 
garantir melhoria e saúde digna para toda a população. 
 Diante da relevância de tal tema para a Saúde Pública realizou-se este estudo 
na região da microbacia do Córrego Água Limpa, Município de Campos Altos (MG), 
com a finalidade de investigar a prática de uso de agrotóxicos pelos trabalhadores 
rurais. 
 
3.2 MATERIAL E MÉTODOS 
3.2.1 BREVE DESCRIÇÃO DA REGIÃO DE ESTUDO 
Campos Altos, cidade localizada em Minas Gerais, encontra-se na região do 
Alto Paranaíba e conta com vasta bacia hidrográfica. A cidade apresenta clima 
ameno, com temperatura média de 20,18°C (máxima de 26,05°C) e índice 
pluviométrico anual de 2.863 milímetros (IBGE, 2007). 
 Na região da microbacia da Água Limpa, ocupada por pequenas propriedades 
de agricultura familiar, ocorrem pequenas lavouras de café e a criação de gado 
leiteiro, além de médias propriedades dedicadas à atividade cafeeira. 
 
3.2.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS 
Usou-se um questionário estruturado, como instrumento de coleta de dados da 
pesquisa, que foi aplicado a todos os trabalhadores dessa região. O tamanho da 
população e da amostra somou 34 pessoas. 
 Empregou-se como metodologia a pesquisa qualitativa e quantitativa. Aplicou-
se o instrumento de coleta de dados (questionário) aos trabalhadores rurais da região 
da microbacia do Córrego Água Limpa por meio de entrevista semi-estruturada. 
 
3.3 RESULTADOS 
O Quadro 1 apresenta a relação dos agrotóxicos utilizados pelos trabalhadores 
rurais. 
Quadro 1 – Agrotóxicos Utilizados Pelos Trabalhadores Rurais, Micro Bacia e 
Córrego Água Limpa, Campos Altos (MG) - 2008
 
Fonte: ANVISA, 2007; MEYER, ABREU e RESENDE, 2007 
 
Em relação à classificação toxicológica dos produtos utilizados, o Dissulfan, 
apresenta maior grau de periculosidade, sendoclassificado como “extremamente 
tóxico” (rótulo de tarja vermelha). Segundo os trabalhadores rurais, o produto é 
aplicado nas lavouras de café para o combate da broca-do-café (Hypothenemus 
hampei), normalmente no período de outubro a dezembro quando as brocas saem 
dos grãos remanescentes da safra anterior para se alojarem nos frutos em formação. 
 É importante ressaltar o Dissulfan em relação aos demais produtos pelo fato 
de ser organoclorado, composto altamente persistente no meio ambiente e nos 
organismos, devido a sua alta lipossolubilidade e estabilidade química (TARDIVO e 
RESENDE, 2005). 
 Os inseticidas organofosforados também têm trazido grandes preocupações 
para a Saúde Pública. ROCHA JÚNIOR et al. (2004) realizaram pesquisa de revisão 
de literatura sobre evidências que relacionassem organofosforados com a depressão. 
Encontraram várias síndromes neurológicas decorrentes da exposição a esses 
agrotóxicos, como lentidão no processamento da informação e da velocidade 
psicomotora, déficit de memória, distúrbios linguísticos, ansiedade e evidências de 
que a exposição aos organofosforados pode levar ao suicídio. 
 Estabelecer a relação entre suicídios e a exposição aos agrotóxicos torna-se 
complexo devido a inúmeras variáveis que podem contribuir para a prevalência dos 
casos, tais como condições socioeconômicas, história familiar, divórcio, alcoolismo, 
etc. (MENEGHEL et al., 2004). 
 Dos 34 entrevistados, 77% (26) são do sexo masculino e 23% (8) do sexo 
feminino, demonstrando que o trabalho na região de estudo é realizado 
principalmente por homens. Verificou-se maior predominância da mão-de-obra 
feminina nas propriedades de agricultura familiar, já que nas grandes propriedades 
esse trabalho é realizado majoritariamente pela mão-de-obra masculina. 
 No que se refere ao grau de escolaridade, 3% dos entrevistados são 
analfabetos, 12% possuem o ensino primário incompleto, 25% o ensino primário 
completo, 24% o ensino fundamental incompleto, 12% o ensino fundamental 
completo, 6% o segundo grau incompleto e 18% o ensino superior completo. 
 Quanto à forma de aquisição dos agrotóxicos, os dados estão ilustrados na 
figura a seguir. 
Figura 5 – Orientações de Aquisição dos Agrotóxicos Pelos Trabalhadores 
Rurais da Micro bacia do Córrego Água Limpa, Campos Altos (MG) - 2008 
 
Fonte: Pesticidas: r. ecotoxicol. e meio ambiente, Curitiba, v. 19, jan./dez. 2009 
 
A legislação brasileira vigente está sendo desconsiderada por muitos 
trabalhadores rurais, uma vez que a Lei 7802 (BRASIL, 1989) estabelece que a venda 
de agrotóxicos e afins somente pode ocorrer mediante receituário próprio, prescrito 
por profissional legalmente habilitado, salvo nos casos excepcionais previstos na 
regulamentação da referida Lei (BRASIL, 1989). 
 Em relação ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (máscara, óculos, 
avental, luvas, protetor para a cabeça, botas de borracha, camisa de manga comprida 
e calças tratadas com produto repelente a calda tóxica), os dados estão descritos na 
Figura 6. 
Figura 6 – Percentagem do Uso de Equipamentos de Proteção Individual 
pelos Trabalhadores Rurais da Micro bacia do Córrego Água Limpa, Campos Altos 
(MG) -2008
 
Fonte: Pesticidas: r. ecotoxicol. e meio ambiente, Curitiba, v. 19, jan./dez. 2009 
É importante ressaltar que a ausência de equipamentos de proteção 
aumentará o contato com os produtos, possibilitando seu acúmulo pelo corpo e 
consequentemente elevando a probabilidade de intoxicações. 
 Quanto à porcentagem dos trabalhadores que seguem as recomendações 
contidas nas bulas e nos rótulos dos agrotóxicos, os dados estão descritos na Figura 
a seguir. 
Figura 7 – Percentual dos Trabalhadores Rurais da Micro Bacia do Córrego 
Água Limpa, Campos Altos (MG) que Seguem as Recomendações da Bula e do 
Rótulo dos Produtos - 2008
 
Fonte: Pesticidas: r. ecotoxicol. e meio ambiente, Curitiba, v. 19, jan./dez. 2009 
 
No rótulo e na bula dos agrotóxicos existem todas as informações necessárias 
para a segurança do trabalhador. No entanto, apenas 15% deles declararam seguir 
as recomendações. Durante as entrevistas foi possível verificar que o baixo nível de 
escolaridade contribui para dificultar a leitura e o entendimento dos termos técnicos 
presentes na bula. 
 Quanto ao período de carência (período entre a última aplicação do agrotóxico 
e a reaplicação, colheita, uso ou consumo do alimento), os dados estão descritos na 
Figura 8. 
Figura 8 – Percentual de Trabalhadores Rurais da Micro Bacia do Córrego 
Água Limpa, Campos Altos (MG) que Respeitam o Período de Carência
 
Fonte: Pesticidas: r. ecotoxicol. e meio ambiente, Curitiba, v. 19, jan./dez. 2009 
 
Alguns sintomas dificultam sua associação à intoxicação porque são comuns 
a outras doenças. FARIA et al. (2000) enfatizaram que alguns sintomas como dor de 
cabeça, tonturas, depressão, cansaço, diarréia, vômitos e depressão podem estar 
associados com condições do trabalho ou situação social. 
 Os sintomas relatados pelos entrevistados durante ou após a preparação, ou 
aplicação dos agrotóxicos estão descritos na Figura 9. 
Figura 9 – Sintomas Relatados Pelos Trabalhadores Rurais da Micro Bacia do 
Córrego Água Limpa, Campos Altos (MG) Após a Exposição Aos Agrotóxicos
 
Fonte: Pesticidas: r. ecotoxicol. e meio ambiente, Curitiba, v. 19, jan./dez. 2009 
3.4 CONCLUSÃO DO ESTUDO DE CASO 
Concluiu-se que o baixo nível de escolaridade dos trabalhadores constitui fator 
limitante para a leitura e compreensão das bulas e dos rótulos dos agrotóxicos e até 
da dificuldade de comunicação. A falta de informações sobre os efeitos nocivos dos 
agrotóxicos foi constatada pelo uso inadequado desses produtos pela maior parte dos 
entrevistados. A legislação sobre a aquisição dos agrotóxicos foi desconsiderada por 
muitos trabalhadores que compram esses produtos sem receituário agronômico. A 
não utilização de EPI e o desrespeito ao tempo de carência contribuíram para 
determinar os casos de intoxicação e prevalência de sintomas. 
 Apenas três entrevistados declararam utilizar todos os Equipamentos de 
Proteção Individual (EPI) e três respeitam o tempo de carência. Os trabalhadores que 
já sentiram algum sintoma ou mal-estar, após ou durante a aplicação dos agrotóxicos, 
são aqueles expostos por maior período de tempo a produtos com maior toxicidade e 
sem as devidas medidas de proteção. Conclui-se que a falta de informações sobre os 
efeitos nocivos dos agrotóxicos, o não uso de EPI, bem como o desrespeito ao tempo 
de carência dos produtos constituem os fatores determinantes dos casos de 
intoxicação e prevalência de sintomas. 
 
4. Referências Bibliográficas 
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<https://pt.khanacademy.org/science/5-ano/matria-e-energia-a-gua-na-
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23/05/2020. 
Artigo: Água para produção de alimento - Portal Embrapa, disponível em 
<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/42157533/artigo-agua-para-
producao-de-alimento>, acesso em 23/05/2020. 
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http://dx.doi.org/10.5380/pes.v19i0.16557>, Acesso em: 22 de maio de 2020. 
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