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segurança, análise de vulnerabilidade e análise de confiabilidade. Considerando negócios, finanças e economia industrial podem ser citados exemplos de simulação aplicados à modelagem de fluxos de negócios, análise financeira e planejamento estratégico. Aplicações da simulação em engenharia de produção incluem a emulação do arranjo físico de fábrica, do fluxo de processo, dos sistemas de manuseio de material, do planejamento da capacidade produtiva, da utilização de mão-de-obra, entre outras. Segundo Gramigna (1993) citado por Pantaleão, Oliveira e Antunes Júnior (2003), o chamado Jogo Simulado, é uma atividade planejada previamente pelo facilitador, na qual os jogadores são convidados a enfrentar desafios que reproduzem a realidade de 10 Tópicos em Gestão da Produção - Volume 1 seu dia-a dia. Segundo os autores, no jogo simulado pode-se identificar todas as características do jogo real: regras definidas, presença do espírito competitivo, possibilidades de identificar vencedores e perdedores, ludicidade, fascinação e tensão. Por sua vez, o Jogo de Empresa tem a mesma estrutura do jogo simulado, porém retrata situações específicas da área empresarial. Nos Jogos de Processo, as equipes passam por processos simulados nos quais devem executar atividades como: planejar e estabelecer metas, negociar, administrar tempo e recursos, estabelecer métodos de trabalho, organizar processos de produção e tomar decisões acerca deste processo. Objetiva-se, através deste trabalho, desenvolver um jogo digital com fins educacionais envolvendo conceitos relacionados à Engenharia de Produção caracterizado como um “Jogo de Processo”. Objetiva-se mais especificamente simular (emular) de forma simplificada e lúdica o ambiente industrial, sendo o público alvo constituído por estudantes dos primeiros períodos. Os benefícios esperados compreendem um melhor entendimento por parte dos alunos com relação às atribuições, responsabilidades e campo de ação de um engenheiro de produção. 2 Referencial teórico 2.1 Conceito e classificações de jogos digitais Afinal, surge a pergunta: o que é um jogo? Um jogo é uma atividade espontânea, realizada por uma ou mais pessoas, regida por regras (onde estão incluídas o tempo de duração, o que é permitido e proibido, valores das jogadas e indicadores sobre como terminar a partida) que determinam quem o vencerá. Vários autores salientam o papel psicopedagógico dos jogos definindo-os como instrumentos que permitem a construção de conhecimentos e a superação de erros. Existe também uma valiosa oportunidade para a resolução de incapacidades e aquisição de autoconfiança. Cabe ainda ressaltar as características socializadoras dos jogos, ao entendê- los como espaço para a transmissão de costumes por meio de trocas interindividuais e arranjos coletivos (CAIADO; ROSSETTI, 2009) O jogo digital, elemento da chamada “indústria cultural” constitui-se como um instrumento de lazer e entretenimento, cujo alcance é cada vez mais amplo nas brincadeiras infantis. Isso significa que o conteúdo desses jogos e a identificação com seus personagens são vetores importantes de referência para analisar a constituição da identidade infantil e a emergência de valores na sociedade atual (ZANOLLA, 2007).Segundo Hoff e Wechsler (2002), a dinâmica de jogos resgata o contexto de interações diretas no qual o computador deixa de ser oponente para colocar-se como mediador de interações humanas. Schell (2014) enumera várias sensações potencialmente vivenciadas através dos jogos como por exemplo a possibilidade de se imaginar como um personagem inserido em um mundo hipotético. O mesmo autor cita ainda os sentimentos de companheirismo, amizade e cooperação. Existem vários tipos de jogos. A classificação proposta por Wolf (2010) considerada aventura, vida artificial, jogos de tabuleiro, combate, corrida, educacional e simulação de gerência. Existem outras formas de classificação dos jogos digitais com relação à tecnologia gráfica utilizada. Considerando jogos digitais projetados em ambientes gráficos em duas dimensões (2D), a movimentação dos personagens é realizada apenas horizontalmente e verticalmente. Nos jogos projetados em ambientes em três dimensões (3D) existe a possibilidade de introdução de elementos mais realistas. Normalmente, os softwares utilizados para desenvolvimento de jogos possibilitam a simulação de fenômenos físicos tais como colisão, interação entre corpos rígidos, dinâmica de fluidos, gravidade, atrito, entre outros (ERICSON , 2005; GREGORY, 2014). O comportamento de personagens autônomos é usualmente definido através de lógicas de programação baseada em inteligência computacional (BOURG.; SEEMANN, 2004). 2.2 Aplicações de jogos digitais educacionais A potencialidade educacional de jogos digitais é apontada internacionalmente. Destacam-se as habilidades relacionadas à coordenação de variáveis dinâmicas em interação simultânea como antecipação, planejamento e elaboração de estratégias ( HOFF; WECHSLER,2002) Existe a possibilidade de desenvolvimento e utilização de jogos digitais independente do público alvo considerando. Caiado e Rossetti (2009) realizaram um estudo sobre a inserção de jogos de regras na escola primaria como estratégia facilitadora do desenvolvimento de relações cooperativas. A literatura reporta também estudos envolvendo jogos voltados para ciências sociais. Por exemplo, Hoff e Wechsler (2002) conduziram um estudo com caráter exploratório tendo como objetivo averiguar os hábitos de adolescentes brasileiros na sua prática de jogos computadorizados. No processo de transferência tecnológica de conceitos de Engenharia de Produção, a utilização de jogos pode ser muito produtiva no sentido de imprimir, sob o ponto de vista do participante, 11 Tópicos em Gestão da Produção - Volume 1 significado aos conceitos. Exemplos de modelagem e simulação de sistemas no ambiente industrial abrangem as áreas de produção, logística, controle de qualidade, análise de riscos e segurança, análise de vulnerabilidade e análise de confiabilidade. Considerando negócios, finanças e economia industrial podem ser citados exemplos de simulação aplicados à modelagem de fluxos de negócios, análise financeira e planejamento estratégico De acordo com o estudo bibliométrico desenvolvido por Chiroli, Samed e de Paula (2014) sobre aplicação de jogos a Engenharia de Produção, pode-se afirmar que o maior número de publicações trata de Jogos de Empresas e Simulação. Queiroz e Lucero (2000) reportam a experiência que se originou do projeto e implementação de uma fábrica virtual no âmbito do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC. O Jogo emula situações reais de produção com vários produtos de fluxo longo (processos encadeados) e configurações de produto complexas. O jogador é um Engenheiro Trainee passando por um Departamento de Planejamento da Produção para assumir todo o planejamento e programação de uma unidade fabril que está em plena atividade. Nos níveis mais básicos do jogo, por razões pedagógicas, evitou-se colocar o aluno diante de estados transientes na fabricação, já que o nível de decisão deste estado é bem mais complexo na manufatura de lotes. Quando inserido na produção em regime permanente, há uma vantagem para o aprendizado que é a oportunidade de examinar as programações anteriores, os níveis de estoque, as interrupções e atrasos de produção, os índices de refugo e as flutuações de pedidos. Nos níveis mais avançados o aluno é exposto à situações mais realísticas de clientes que cancelam pedidos, de máquinas que quebram e de novos produtos que são introduzidos na produção. Para jogar exige-se que o aluno tenha conhecimentos básicos