Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Precipitação 4-1 Manual de Hidrologia 4 PRECIPITAÇÃO 4.1 ALGUNS ELEMENTOS SOBRE A CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA Dos muitos processos meteorológicos ocorrendo contínuamento na atmosfera, a precipitação e a evaporação, aqueles em que a atmosfera interactua com a água superficial, são da maior importância para a Hidrologia. Muita da água que precipita deriva da evaporação nos oceanos e do transporte a longa distância pela circulação atmosférica. As duas forças motrizes fundamentais da circulação atmosférica resultam da rotação da Terra e da transferência de energia entre o Equador e os Polos. A Terra recebe permanentemente calor do sol através da radiação solar e emite calor por re- radiação ("back radiation") para o espaço. Estes processos estão balanceados em média ao valor de 210 W/m2. O aquecimento da Terra é, no entanto, desigual: enquanto que, no Equador, a radiação solar é quase perpendicular à superfície e tem um valor médio de cerca de 270 W/m2, na região polar, ela atinge a superfície segundo um ângulo oblíquo e tem um valor médio de apenas cerca de 90 W/m2. A radiação emitida é uma função da temperatura absoluta da superfície, a qual varia pouco entre o Equador e os Polos (mais cerca de 20% no Equador). Portanto, a radiação emitida pela Terra é bastante mais uniforme do que a radiação recebida, provocando assim um desequilíbrio. O equilíbrio é reposto essencialmente através da circulação atmosférica que transfere energia do Equador para os Polos (valor médio de cerca de 4 * 109 MW). Figura 4.1 - Circulação numa terra imóvel Se a Terra fosse uma esfera imóvel, a circulação atmosférica corresponderia à figura 4.1. Junto do Equador haveria uma ascensão de massas de ar que viajariam na parte superior da atmosfera em direcção aos Polos, arrefecendo e descendo para as camadas inferiores e voltando para o Equador (a chamada “ circulação de Hadley”). Precipitação 4-2 Manual de Hidrologia A rotação da Terra no sentido Oeste – Leste modifica este modelo simplificado de circulação. Se se considerar um anel de ar à volta do Equador, quando ele se move em direcção a um Polo o seu raio diminui. Para manter o momento angular, a velocidade do ar em relação à superfície da Terra aumenta, criando um vento com o sentido de Oeste para Leste. Passa-se o oposto com um anel de ar que se move dum Polo para o Equador. Estes efeitos são o resultado da chamada “ força de Coriolis”. Na realidade e de acordo com os conhecimentos actuais, a circulação atmosférica é caracterizada por três células em cada hemisfério: célula tropical, célula intermédia e célula polar, figura 4.2. Figura 4.2 - Circulação atmosféica Na célula tropical, o ar aquecido sobe no Equador, dirige-se para o Polo pela camada superior da atmosfera, arrefece e desce para a superfície próximo da latitude 30º. Junto da superfície divide- se em dois ramos, um seguindo em direcção ao Polo e o outro retornando ao Equador. Na célula polar, o ar ascende próximo da latitude 60º, dirigindo-se para o Polo pela camada superior da atmosfera. Depois arrefece, desce e regressa, próximo da superfície, à latitude 60º. Precipitação 4-3 Manual de Hidrologia A célula intermédia é o resultado da fracção das outras duas. Próximo da superfície, o ar dirige- se para o Polo, originando ventos de Oeste. A distribuição irregular das superfícies dos oceanos e dos continentes, com as correspondentes diferenças de propriedades térmicas, cria uma variação especial adicional na circulação atmosférica. A mudança anual do Equador térmico devido á rotação da Terra à volta do Sol causa uma correspondente oscilação no padrão de circulação das três células. Quando há uma grande oscilação, as trocas de ar entre células vizinhas são mais frequentes e completas, possívelmente resultando numa sequência de anos muitos húmidos. Quando a oscilação é pequena, podem-se gerar centros estáveis de altas pressões próximos das latitudes 30º, originando extensos períodos secos. É preciso notar também que, enquanto na troposfera a temperatura decresce regularmente com a altitude (a troposfera varia de cerca de 16 km de altura no Equador para cerca de 8 km nos Polos), junto à ionosfera (que separa a troposfera da estratosfera) há variações muito bruscas de pressão e temperatura que produzem fortes correntes de ar, designadas como " jet streams", com velocidades entre 15 e 50 m/s, que se mantêm em movimento durante milhares de quilómetros e têm uma importante influência no movimento das massas de ar. A circulação atmosférica é extremamente complexa pelo que só é possível apresentar uma caracterização bastante genérica. O estudo do transporte do vapor de água pela circulação atmosférica às várias altitudes mostra que o seu fluxo é mais intenso na baixa atmosfera, com um máximo na vizinhança de 1 km de altitude, sendo práticamente desprezável acima de 6 km de altitude. Para a análise do fluxo de vapor de água, a Meteorologia utiliza os conceitos matemáticos de divergência dum campo de vectores: quando há divergência do fluxo numa dada região, isto significa que aí existe uma fonte de humidade, isto é, em média a evaporação excede a precipitação; quando há convergência, há um sumidouro de humidade, ou seja, em média a precipitação excede a evaporação. Determinando os valores médios da divergência e da convergência ao longo de várias latitudes (ver figura 4.3), verifica-se que em média, há: • convergência na zona equatorial, em que há grande precipitação; • convergência nas latitudes médias e elevadas; • divergência nas regiões subtropicais. Precipitação 4-4 Manual de Hidrologia Figura 4.3 - Distribuição mundial das zonas de convergência e divergência Portanto, as fontes primárias e mais importantes da humidade para toda a atmosfera encontram- se nas regiões subtropicais, principalmente sobre os oceanos, onde a evaporação corre contínuamente. A humidade fornecida é transportada pela circulação atmosférica para as regiões de convergência onde precipita. Assim, a teoria de formação da precipitação a partir da evaporação local não é correcta. O transporte pela circulação atmosférica pode atingir muitas centenas ou mesmo milhares de quilómetros de distância. Exercício: Explique pelos mecanismos da circulação atmosférica a presença de desertos extensos às latitudes aproximadas de 30º Norte e Sul, como o Sara, o Arizona, a península da Arábia, o Kalahari e o interior da Austrália. 4.2 CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA SOBRE MOÇAMBIQUE Moçambique estende-se aproximadamente entre os paralelos 10°5' S e 27° S, e entre os meridianos 30° E e 41° E, situando-se na zona intertropical e na zona subtropical do hemisfério Sul. Os principais factores que condicionam a circulação atmosférica sobre Moçambique são: - as baixas pressões da zona intertropical; - as células anti-ciclónicas do Índico e do Atlântico Sul; - a depressão de origem térmica que se forma na estação quente sobre o planalto continental africano; - os ciclones tropicais no Canal de Moçambique. O esquema da circulação atmosférica regional pode ser melhor compreendido através das figuras Precipitação 4-5 Manual de Hidrologia 4.4 e 4.5 que esquematizam as cartas da pressão atmosférica média, reduzida ao nível médio do mar, nos meses de Janeiro (estação quente) e Julho (estação fria). Figura 4.4 - Carta da pressão atmosférica média (mbar) em Janeiro A = anti-ciclone; B = baixas pressões; E = massa de ar equatorial; Tmu = massa de ar tropical marítimo; Tc = massa de ar continental. Em Janeiro, época do ano em que o sol está para sul do Equador, devido ao forte aquecimento da massa continental, passam a predominar na região as baixas pressões. A zona intertropical de baixas pressões é uma zona de convergência, alimentada por massas de ar equatorial e tropical Precipitação 4-6Manual de Hidrologia marítimos e limitada a norte e a sul por camadas de ar tropical continental. As camadas de transição nos limites da zona de convergência são designadas por frentes intertropicais, norte e sul (FITN e FITS). A partir de Setembro/Outubro, a FITS move-se para sul alcançando em Janeiro/Fevereiro a posição sul extrema, cerca dos paralelos 19°-20° S, até ao norte das províncias de Manica e Sofala. Também nesta época do ano, os anticiclones do Índico e do Atlântico movem-se para sul, fixando-se cerca de 38 °S, e a depressão térmica estabelece-se sobre o planalto continental africano. A parte de Moçambique a norte do paralelo 20° S fica sob a acção de massas de ar equatorial, E, e a sul, de massas de ar tropical marítimo instável, Tmu. Durante a época do ano em que o sol está para norte do Equador, a massa do continente africano situada ao sul arrefece, o que provoca o avanço e o predomínio dos sistemas de altas pressões. A FITS passa a estar bastante a norte de Moçambique a partir de Abril e o anticiclone do Índico migra para norte, fixando-se em cerca de 30° S. Gera-se ainda uma célula anti-ciclónica sobre a África Austral (deserto do Kalaari). Assim, a parte de Moçambique a norte do paralelo 20° S fica sob a acção de massas de ar tropical marítimo, Tmu. A sul desse paralelo, a influência é principalmente de massas de ar tropical continental, Tc, constituídas por ar quente e seco. Precipitação 4-7 Manual de Hidrologia Figura 4.5 - Carta atmosférica média (mbar) em Julho 4.3 O PROCESSO FÍSICO DA PRECIPITAÇÃO 4.3.1 Mecanismos de formação da precipitação O conhecimento actual da Meteorologia diz-nos que são necessárias quatro condições para produzir as quantidades de precipitação que se verificam: - um mecanismo que produza o arrefecimento do ar; - um mecanismo que origine a condensação; - um mecanismo para produzir o crescimento das gotas; - um mecanismo para produzir a acumulação de humidade suficiente para justificar as intensidades de precipitação observadas. Precipitação 4-8 Manual de Hidrologia Alguns destes mecanismos estão inter-relacionados, por exemplo o arrefecimento e a condensação. a) Mecanismo para produzir o arrefecimento do ar O único mecanismo conhecido para produzir um arrefecimento suficiente para corresponder às precipitações observadas é a redução da pressão quando o ar sobe desde a superfície do solo até às camadas superiores da atmosfera. O arrefecimento diminui a quantidade de vapor de água que pode estar contido num certo volume de ar, originando formação de gotas de água por condensação. b) Mecanismo para a condensação A formação de gotas por condensação faz-se à volta de pequenas partículas de diversas substâncias, designadas como núcleos de condensação. Estas partículas têm diâmetros normalmente entre 0.1 e 10 µm sendo, portanto, muito mais pequenas que partículas de poeira. Os núcleos de condensação consistem habitualmente de produtos de combustão, sais, dióxido de carbono, iodeto de prata, cloreto de sódio, trióxido de enxofre. Além de gotas, formam-se também minúsculos cristais de golo. A condensação origina microgotas cujo diâmetro não excede 200 µm, conforme se determinou teóricamente. Este diâmetro é muito inferior ao das gotas de chuva, razão pela qual se estudam os mecanismos que permitem o crescimento das microgotas. c) Mecanismos para o crescimento das gotas Existem dois mecanismos fundamentais para o crescimento das microgotas: coalescência e condensação de vapor de água sobre os cristais de gelo. Designa-se por coalescência um processo em que as microgotas se aglomeram para dar origem a gotas maiores. Essa junção pode ter causas diversas como a atracção electrostática, atracção hidromecânica, indução magnética, colisões de microturbulência, mas todas elas são consideradas muito fracas para terem uma influência significativa no crescimento. A causa mais importante é a diferença de velocidades entre gotas pequenas e grandes o que origina choques e a absorção das gotas pequenas pelas maiores que assim continuam a crescer. A importância da existência de cristais de gelo resulta da diferença na tensão de saturação do vapor entre o gelo e a água. Isso leva à vaporização de microgotas e á sua condensação sobre os cristais de gelo. Os cristais de gelo desempenham o papel fundamental para o início do crescimento das gotas enquanto que depois é o choque entre partículas que justifica a continuação do crescimento e o início da precipitação. A diferença entre as tensões de saturação do vapor em gotas de água a diferentes temperaturas tem um efeito similar ao da condensação sobre cristais de gelo. Precipitação 4-9 Manual de Hidrologia d) Mecanismo para a acumulação de humidade A quantidade total de água (sob a forma de vapor, gotas ou cristais de gelo) contida na atmosfera num dado instante é muito reduzida. Se toda ela fosse condensada e distribuída uniformemente sobre a Terra, daria uma camada com apenas cerca de 25 mm de altura. Para justificar as quantidades de precipitação que constantemente se observam é, por isso, necessário que numa dada região onde se iniciou a precipitação, haja um afluxo de massas de ar húmido que alimentam a continuação desse precipitação. Este processo é denominado de convergência. As grandes precipitações só ocorrem em zonas de baixas pressões sobre as quais convergem ventos que transportam humidade de vastas regiões adjacentes. 4.3.2 Precipitação artificial Embora grande número de civilizações e culturas conheçam de longa data "o homem que fazia chover", datam do século passado os esforços mais sérios e sistemáticos para provocar artificialmente a ocorrência de precipitação. No presente estado de conhecimentos, a precipitação artificial é originada lançando sobre as nuvens cristais de gelo seco ou iodeto de prato que actuam como núcleos de condensação e crescimento das gotas. Os resultados até agora obtidos não evidenciam significativos sucessos mesmo porque se torna difícil distinguir um eventual aumento de 10 - 15% da precipitação da variabilidade natural da mesma. Também não se conhecem que efeitos é que a sua aplicação em longa escala terá no ciclo hidrológico à escala regional e mundial. No entanto, em fins da decada de 70 a precipitação artificial já era usada nos Estados Unidos em cerca de 7% do território. Por outro lado, é preciso notar que a precipitação artificial procura estimular os mecanismos da condensação e do crescimento das gotas mas não tem qualquer efeito no mecanismo de acumulação de humidade, já que não é possível criar artificialmente um centro de baixas pressões. Embora o maior interesse da precipitação artificial seja para as regiões áridas, ela tem sido utilizada em outras regiões para dissipar nuvens, evitando a queda de granizo ou geada. 4.3.3 Efeito da evaporação local na precipitação Existe muito difundida a ideia de que áreas onde há grande evaporação têm grande precipitação. Esta ideia é errada pois, embora a evaporação sobre os continentes corresponda a cerca de 2/3 da precipitação que sobre eles ocorre, a precipitação não tem apenas essa fonte mas fundamentalmente a humidade transportada pelos ventos que convergem para as zonas de baixas pressões. A humidade que se evapora em dado local é normalmente transportada a milhares de quilómetros de distância antes de precipitar, como se verificou em estudos feitos nos Estados Unidos. Precipitação 4-10 Manual de Hidrologia 4.4 TIPOS DE PRECIPITAÇÃO De acordo com a forma a precipitação ocorre, definem-se vários tipos de precipitação. Em Moçambique, verificam-se quatro tipos de precipitação: - convectiva; - orográfica; - frontal; - ciclónica. 4.4.1 Precipitação convectiva A precipitação de origem convectiva é causada pela subida duma massa de ar quente, menos denso, paraas camadas superiores da atmosfera, mais frias, onde arrefece, condensa o vapor de água e precipita. Está associada a um fenómeno de instabilidade provocado por um aquecimento desigual da superfície do solo (ver a figura 4.6). Figura 4.6 - Precipitação convectiva Normalmente, origina chuvadas intensas e de curta duração, frequentemente acompanhadas de trovoada. 4.4.2 Precipitação de origem orográfica A existência duma montanha constitui uma barreira à deslocação da massa de ar húmido, obrigando à sua subida com o consequente arrefecimento e condensação (ver a figura 4.7). A precipitação em Moçambique é muito influenciada pelas características do relevo. A região ao sul do rio Save tem relevo pouco acentuado de forma que as massas de ar marítimo vão originar precipitação nas regiões montanhosas de África do Sul, Suazilândia e Zimbabwe. Precipitação 4-11 Manual de Hidrologia Figura 4.7 - Precipitação orográfica Nas regiões Centro e Norte, o relevo é acentuado e torna-se evidente a correlação entre os valores elevados de altitude e de precipitação, veja-se as figuras 4.14 e 4.15. É de notar que a vertente exposta ao vento tem uma precipitação bastante superior à outra vertente. 4.4.3 Precipitação de origem frontal Diz-se que há uma frente quando uma massa de ar frio contacta uma massa de ar mais quente, sendo a superfície de contacto mais ou menos bem definida (figura 4.8). As regiões Centro e Sul de Moçambique são frequentemente afectadas pelas frentes frias: massas de ar frio provenientes das regiões temperada e polar deslocam-se e encontram sobre o continente massas de ar quente, forçando-as a subir. O movimento ascensional induz o arrefecimento da massa de ar quente com posterior condensação e precipitação. A frente fria pode originar precipitações intensas e prolongadas sobretudo junto à superfície frontal, podendo a região coberta pela precipitação estender-se de 50 a 100 km a partir dessa superfície. Figura 4.8 - Frente fria Precipitação 4-12 Manual de Hidrologia 4.4.4 Precipitação de origem ciclónica O Oceano Índico a nordeste de Madagascar é origem de numerosos ciclones. Os ciclones são sistemas de baixa pressão acompanhados de ventos com velocidades superiores a 120 km/h e dotados de movimento turbilhonar. Estes ciclones deslocam-se para sudoeste absorvendo no seu percurso grandes quantidades de humidade. Ao atingirem o continente, comportam-se como uma frente quente originando precipitação numa faixa de 150 a 300 km e dissipando-se à medida que progridem para o interior. As chuvas intensas e os ventos fortes dão aos ciclones tropicais características muito destrutivas. Moçambique, apesar de relativamente protegido pela barreira que Madagáscar constitui, tem sofrido graves prejuízos com os ciclones, casos do Claude (1966) e Domoína (1984), que afectaram a região Sul, Felícia (1978) que assolou a Zambézia e Sofala e Nadia (1996) que provocou grandes destruições na província de Nampula. 4.5 MEDIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO 4.5.1 Aspectos gerais A precipitação é caracterizada pela altura e pela intensidade. A altura de precipitação sobre uma dada área é igual ao volume da precipitação sobre essa área a dividir pelo valor da área. É normalmente expressa em mm ou em l/m2. 1 mm = 1 l/m2 = 10 m3/ha A intensidade da precipitação é definida como a quantidade de precipitação ocorrida por unidade de tempo: t h = i ∂ ∂ A intensidade é normalmente expressa em mm/hora. A intensidade não é medida directamente mas obtida a partir do conhecimento da altura, função h(t). Eventualmente, o radar permitirá no futuro a medição directa da intensidade. A medição da altura de precipitação faz-se em intervalos discretos de tempo, através dos udómetros ou pluviómetros, ou em registo contínuo, através de udógrafos ou pluviógrafos. 4.5.2 Udómetros Para se garantir a consistência a nível nacional e regional dos valores medidos, os instrumentos de medição são padronizados quer em relação às suas dimensões quer em relação à sua localização no terreno. Precipitação 4-13 Manual de Hidrologia Os udómetros utilizados em Moçambique (veja-se a figura 4.9) têm as seguintes características: - diâmetro da boca: ≈ 16 cm; - superfície receptora: 200 cm2; - altura da boca acima do solo: 1.50 m. A precipitação é recolhida no depósito, sendo o volume medido numa proveta graduada. A altura de precipitação é dada por: A Vol = h rec Se o volume for medido em ml. (1 ml. = 1 cm3) e a área de recepção igual a 200 cm2, a altura em mm. será: h = 0.05 Vol. O valor medido é registado diáriamente em impresso próprio por um agente (leitor). O impresso abrange normalmente o período de 1 mês sendo ao fim desse tempo recolhido e enviado para os serviços regionais ou centrais para análise (detecção de anomalias), processamento e arquivo. As medições são feitas sempre à mesma hora, no caso de Moçambique às 9 horas da manhã. 4.5.3 Udógrafos Os udógrafos são instrumentos que permitem conhecer a variação da precipitação em função do tempo utilizando um sistema de registo contínuo. Obtem-se assim numa folha de papel um gráfico h(t). O papel roda num tambor ou num sistema de rolos a uma velocidade constante regulada por um mecanismo de relojoaria. Há diversos tipos de udógrafos conforme o mecanismo que quantifica a precipitação. O gráfico resultante chama-se udograma ou pluviograma. 4.5.3.1 Udógrafo de sifão A figura 4.10 representa um udógrafo de sifão. A água é recolhida num depósito munido duma boia e dum sifão. A boia é solidária com uma haste vertical à qual está associada um braço horizontal munido duma caneta que vai registando no papel o nível atingido pela água. Quando a caneta atinge a altura máxima, ocorre automaticamente a descarga pelo sifão e a caneta volta à posição zero. O percurso total da caneta entre o zero e o máximo corresponde habitualmente a 10 mm de chuva. Figura 4.9 - Udómetro Figura 4.10 - Udógrafo de Sifão Precipitação 4-14 Manual de Hidrologia A água proveniente do sifão é recolhida num depósito que serve para controlar a quantidade total de água registada no período de observação. A figura 4.11 representa um exemplo dum udograma. Figura 10 - Udograma Deste udograma é possível obter, por exemplo, a intensidade média da precipitação entre as 3 e as 6 horas do dia 1/2 como sendo: mm/h 2.7 = 3 )1.6+(10 = t h-h = i 366-3 6.3− ∆ e que a intensidade máxima instantânea foi de cerca de 4.2 mm/h por volta das 4 horas do dia 1/2. 4.5.3.2 Udógrafo basculante A figura 4.12 representa um udógrafo basculante. A água recolhida vai enchendo o receptáculo A e quando este tem uma certa quantidade de água (por exemplo equivalente a 2.5 mm) bascula bruscamente em torno do eixo, começando o enchimento do receptáculo B. De cada vez que há uma mudança é marcado um traço vertical no gráfico. Precipitação 4-15 Manual de Hidrologia Figura 4.12 - Udógrafo baculante 4.5.4 Localização dos udómetros A principal fonte de erro na medição da precipitação é o vento. A aceleração vertical para cima imposta ao ar junto dum udómetro transmite uma aceleração semelhante à precipitação, reduzindo a quantidade que entra no udómetro. Este efeito é mais significativo para pequenas gotas e, portanto, para chuvisco. Quanto mais alto estiver o udómetro maior será o efeito do vento pelo que se deve evitar instalar o equipamento nos telhados dos edifícios ou em zonas muito batidas pelo vento. A melhor localização é ao nível do solo, com árvores ou sebes para quebrarem o vento desde que não estejam tão próximas que interceptem a precipitação. Para tal, esses obstáculos devem estar a uma distância do udómetro superior a metade da sua altura (ver a figura 4.13). Figura 4.13 - Localização de udómetrosPrecipitação 4-16 Manual de Hidrologia 4.5.5 Utilização de radar Um radar transmite um impulso de energia electromagnética sob a forma dum feixe emitido por uma antena móvel. Essa onda que viaja com a velocidade da luz é parcialmente reflectida pelas nuvens ou pelas partículas que precipitam e volta ao radar, sendo captada pela mesma antena. A energia retornada é o alvo, a quantidade de energia retornada é a potência de retorno e a sua visualização no ecran do radar é o eco. A intensidade do eco é uma indicação da grandeza da potência de retorno que, por sua vez, mede a reflectividade do radar nos hidrometeoros. Essa reflectividade depende da distribuição dos tamanhos das partículas, do número de partículas por unidade de volume e da forma das partículas. No entanto, geralmente a reflectividade é tanto maior quanto mais intensa for a precipitação. O intervalo de tempo entre a emissão do impulso e o eco mede a distância a que se encontra o alvo, enquanto que a direcção do alvo corresponde à orientação da antena na altura da emissão. Assim, rodando a antena torna-se possível definir a extensão superficial duma chuvada. Teóricamente, é possível converter (por calibração) as potências de retorno em intensidades de precipitação que podem ser, então, integradas ao longo de tempo dando as alturas de precipitação em 1 hora, 3 horas, etc. em cada local. O radar apresenta, portanto, um enorme potencial para utilização em Hidrologia. Na prática, existem dificuldades ainda não superadas, a principal das quais tem a ver com o facto da relação entre potência de retorno e intensidade de precipitação não ser biunívoca. Assim, a utilização dos valores do radar exige a prévia calibração a partir dos valores registados em udógrafos ou udómetros para a mesma chuvada. Possivelmente obter-se-á um progresso significativo quando se ligar o radar a uma rede de udógrafos por um sistema de telemetria. 4.5.6 Rede udométrica A densidade de udómetros e udógrafos numa região deve depender essencialmente da maior ou menor variabilidade espacial da precipitação nessa região e da utilização mais ou menos intensiva que se queira fazer da água. Há sempre que balancear por um lado a informação adicional obtida com mais postos udómetricos e o valor dessa informação adicional e, por outro, os custos de instalação, manutenção e operação desses postos. Os erros derivados duma rede pouco densa são mais importantes para uma dada chuvada intensa do que para os valores mensais ou anuais. Em 1974, a WMO (Organização Meteorológica Mundial) recomendou as seguintes densidades mínimas para fins hidrológicos gerais: - para regiões de clima temperado ou mediterrânico e zonas tropicais em áreas com relevo pouco acentuado: 600 - 900 km2/estação; - idem, mas em áreas montanhosas: 100 - 250 km2/estação; Precipitação 4-17 Manual de Hidrologia - pequenas ilhas montanhosas com precipitação irregular: 25 km2/estação; - zonas áridas e polares: 1,500 - 10,000 km2/estação. Segundo um relatório da Direcção Nacional de Águas (DNA) de 1984, a rede udométrica de Moçambique era constituída por 487 postos, sendo 263 da DNA, 118 do Serviço Meteorológico (SMM) e 106 de outras entidades, sobretudo de empresas agrícolas. Deste total, apenas cerca de 30 estavam equipados com udógrafos. A densidade média era de 1,600 km2/estação, com variações entre 300 km2/estação e 10,000 km2/estação. A província de Maputo tinha a densidade mais elevada e a do Niassa a mais baixa. Infelizmente estes dados foram muito alterados pela guerra que reduziu significativamente a rede em operação, estando a recuperação da rede a ser feita muito lentamente. O mesmo relatório da DNA fornecia os seguintes dados sobre a extensão dos registos, considerando apenas as estações da DNA (quadro 4.1): Quadro 4.1 Rede udométrica da DNA em 1984. Nº de anos de registo Nº de estações > 30 21 - 30 11 - 20 ≤ 10 97 82 58 26 263 Alguma informação adicional sobre as redes udométrica e hidrométrica vem contida em Ataíde (1974): Quadro 4.2 Evolução da rede udométrica em Moçambique. Ano: 1950 1955 1960 1965 1970 19841 Nº de estações: 202 389 694 733 787 487 Km2/ estação: 3,860 2,005 1,124 1,064 991 1,602 Apenas 41 estações das 787 de 1970 estavam equipadas com udógrafos. Tomando 1970 como ano de referência, o número de anos de funcionamento era o seguinte: 1 Dados da DNA Precipitação 4-18 Manual de Hidrologia Quadro 4.3 Rede udométrica em 1970 Nº de anos de registo Nº de estações > 30 21 - 30 11 - 20 ≤ 10 111 43 299 334 787 4.5.7 A precipitação em Moçambique Faltam em Moçambique os estudos de caracterização da precipitação que ocorre no País e nas suas diversas regiões. Os estudos globais existentes são demasiado incipientes e datam do início da década de 70. Existem estudos dispersos referentes a várias bacias que se torna necessário integrar e homogeneizar. Com base nos dados registados pela rede hidrométrica, foi possível determinar as precipitações médias nos vários postos e, a partir daí, traçar a carta de isoietas da precipitação anual média em Moçambique (figura 4.14), apresentada num estudo de Gonçalves (1974). A precipitação ponderada anual média sobre Moçambique é de cerca de 950 mm, ou seja de 740 biliões de metros cúbicos. A análise da carta de isoietas permite evidenciar os três factores que influenciam mais fortemente a ocorrência da precipitação em Moçambique: o relevo, a distância ao litoral e a latitude. A latitude influencia a precipitação pois a região Norte tem um regime de chuvas diferente do das regiões Centro e Sul. Nestas, a precipitação tem origem principalmente a partir de frentes frias e ciclones ao passo que na região Norte é o movimento (para sul, na época das chuvas) da zona de convergência intertropical, criando centros de baixas pressões, que é o factor principal a ter em conta. O relevo tem enorme influência na distribuição da precipitação em Moçambique: as maiores precipitações anuais médias registam-se exactamente nas zonas de maior altitude (Alta Zambézia, interior da província de Manica, planaltos da Angónia, Marávia e Lichinga; ver a figura 4.15). A distância ao litoral é importante na medida em que as massas de ar húmido marítimo vão perdendo humidade à medida que progridem para o interior. Este efeito é muito sensível na região Sul do Save (interior das províncias de Gaza e Inhambane) e no sul da província de Tete. A figura 4.16 ilustra a variabilidade temporal das precipitações através do registo das precipitações anuais em Chokwé entre 1923/1924 e 1981/1982. A precipitação anual média é de 638 mm e o coeficiente de variação da precipitação anual é de 0.28. Os índices de humidade extremos no período considerado foram de 1.9 em 1949/1950 e de 0.47 em 1939/1940 e 1951/1952. A figura 4.17 ilustra a distribuição ao longo do ano das precipitações mensais média nos postos P154 (Gurué) e P783 (Malema) evidenciado o semestre húmido e o semestre seco. Na figura apresentam-se também os coeficientes pluviométricos mensais. Precipitação 4-19 Manual de Hidrologia Figura 4.14 - Isoetas de precipitação anual média em Moçambique Precipitação 4-20 Manual de Hidrologia Figura 4.15 - Carta hipsométrica de Moçambique Precipitação 4-21 Manual de Hidrologia Figura 4.16 - Variabilidade temporal da precipitação anual em Chockwé Figura 4.17 - Precipitações mensais médias em Gurué e Malema Precipitação 4-22 Manual de Hidrologia 4.6 DETERMINAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO SOBRE UMA REGIÃO A precipitação registada num udómetro é um valor pontual do ponto de vista geográfico. Há diversos métodos que permitem, a partir dos valores registados nos postos udométricos, determinar a precipitaçãosobre uma região, nomeadamente o método da média aritmética, o método de Thiessen e o método das isoietas. 4.6.1 Método da média aritmética O método da média aritmética consiste em igualar a precipitação sobre a região à média aritmética dos valores registados nos vários postos existentes na região e próximos dela. É um método muito grosseiro que apenas deve ser usado se os postos se distribuirem uniformemente na região e o valor de cada um não se afastar muito do valor médio. 4.6.2 Método de Thiessen A partir duma carta onde está delimitada a bacia ou a região cuja precipitação se pretende calcular e marcados os postos udométricos (dentro da região e à volta), executam-se os seguintes passos: i) Liga-se cada posto com todos aqueles que lhe ficam próximos, definindo segmentos de recta; ii) Traçam-se mediatrizes desses segmentos. Essas mediatrizes, juntamente com os limites da região definem polígonos à volta dos vários postos - são os polígonos de Thiessen; iii) Medem-se as áreas dos polígonos e a área total da região; iv) Calculam-se os coeficientes de Thiessen para os vários postos: A A = c total i i v) Calcula-se a precipitação na região através de: Pc = P iii∑ O polígono respeitante a um dado posto é o lugar geométrico dos pontos da região que estão mais próximos desse posto do que de qualquer outro. O método atribui a todos os pontos dum polígono uma precipitação igual à registada no respectivo posto o que equivale a admitir que a variação da precipitação entre dois postos contíguos é linear. Note-se que mesmos postos fora da região podem ter um polígono dentro dela. A figura 4.18 esclarece o traçado dos polígono e o cálculo de P. Precipitação 4-23 Manual de Hidrologia Figura 4.18 - Polígonos de Thiessen 4.6.3 Método das isoietas O método das isoietas é, como o método de Thiessen, um método de base gráfica. Para se calcular a precipitação na região, é necessário começar por traçar as isoietas (linhas de igual precipitação). Para tal, pode utilizar-se o seguinte procedimento (ver também a figura 4.19): - consideram-se estações próximas 2 a 2; - admite-se que entre 2 estações próximas a precipitação varia linearmente; - determinam-se assim pontos de ocorrência de determinados valores de precipitação P1, P2, etc.; - as isoietas traçam-se unindo por curvas pontos com o mesmo valor de precipitação. Designando por Ai a sub-área da região localizada entre as isoietas Pi e Pi+1, a precipitação ponderada na região é dada por: A )/2P+P(A = P total 1+iiii∑ No traçado das isoietas, um hidrologista experiente pode ir além do procedimento atrás indicado, afeiçoando-as de maneira a entrar em conta com o relevo e a distância ao litoral. Precipitação 4-24 Manual de Hidrologia Figura 4.19 - Traçado das Isoietas A figura 4.20 apresenta a carta de isoietas na região sul do país, abrangendo as bacias do Maputo, Tembe, Umbelúzi e Incomati (incluindo as áreas na África do Sul e Suazilândia) do dia 29/01/84 quando ocorreram as chuvadas mais intensas do ciclone Domoína. 4.6.4 Comparação entre o método de Thiessen e o método das isoietas A principal vantagem do método de Thiessen sobre o método das isoietas é que os polígonos de Thiessen não dependem dos valores da precipitação registados nos postos e, portanto, o cálculo da precipitação ponderada na região faz-se sempre com os mesmos coeficientes. Apenas é necessário recalcular os polígonos se algum dos postos não tiver registos para a precipitação ponderada que se pretende calcular. As isoietas dependem dos valores das precipitações. Isso torna o método muito trabalhoso para aplicação rotineira, razão pela qual se reserva a aplicação do método das isoietas ao cálculo de precipitações ponderadas para precipitações médias (anuais, semestrais, mensais), precipitações com determinada probabilidade de excedência (p.exº 80%) ou para chuvadas extremas. Precipitação 4-25 Manual de Hidrologia Figura 4.20-Isoietas na região sul do País no dia 29/1/84 (Ciclone Domoina) Precipitação 4-26 Manual de Hidrologia Uma outra desvantagem do método das isoietas relativamente ao método de Thiessem é a dose de subjectividade com que as isoietas são traçadas. Por outro lado, isso permite a um hidrologista experiente traçar as isoietas entrando em linha de conta com a influência do relevo, distância à costa e exposição aos ventos húmidos, o que constitui uma vantagem sobre o método de Thiessen. O método das isoietas apresenta sobre o método de Thiessen as seguintes vantagens: - desde que as isoietas sejam traçadas por um hidrologista experiente, o metódo conduz a um valor da precipitação ponderada mais rigoroso do que o obtido pelo método de Thiessen; - a carta de isoietas dá uma imagem visual da distribuição espacial da precipitação. Normalmente, as isoietas serão traçadas para situações particulares como, por exemplo, os valores anuais ou semestrais médios ou para uma chuvada particularmente intensa. Para os cálculos de rotina, será utilizado o método de Thiessen. 4.6.5 Cálculo da precipitação ponderada em computador A utilização do computador permite eliminar a parte mais trabalhosa dos dois métodos, facilitando a sua utilização. No método das isoietas, poder-se-á utilizar os programas que fazem o traçado de isolinhas (Z = constante) a partir do conhecimento de valores Z(x,y) num número discreto de pontos como se faz já com o traçado de curvas de nível a partir do conhecimento dum número de pontos contatos. Para o método de Thiessen existem já diversos programas operacionais que fazem o traçado dos polígonos e calculam os coeficientes Thiessen a partir das coordenadas dos postos udométricos e dos pontos que definem a fronteira da região, coordenadas essas que se obtêm facilmente se se dispuser duma mesa digitalizadora. Um programa disponível na Faculdade de Engenharia da UEM calcula os coeficientes de Thiessen sem fazer o traçado dos polígonos. A partir duma malha rectangular de pontos sobreposta à região, determina-se: - o número total de pontos no interior da região, valor proporcional à área total da região (N); - o número de pontos ni atribuídos ao posto i, na base de que estão mais próximos desse posto do que de qualquer outro. Evidentemente, Σi ni = N; - os coeficientes são dados por ci = ni/N. Precipitação 4-27 Manual de Hidrologia 4.6.6 Influência da dimensão da área na precipitação ponderada A experiência indica que, numa dada região, precipitações muito intensas não se verificam simultâneamente em todos os pontos. Quando numa região apenas se dispõe de medições num posto udométrico, a precipitação ponderada deve corresponder a multiplicar a precipitação pontual por um factor de redução inferior a 1. Óbviamente, esse factor será tanto mais pequeno quanto maior fôr a área em consideração e mais curta a duração da chuvada. Estudos feitos nos Estados Unidos pelo US Weather Bureau permitiram a elaboração do gráfico apresentado na figura 4.21. Este gráfico é apresentado apenas para efeitos ilustrativos e não deve ser utilizado para cálculos em Moçambique, para cujas condiçoes não foi aferido. Figura 4.21 - Factor de redução da precipitação pontual 4.7 VALORES CARACTERÍSTICOS DAS PRECIPITAÇÕES Determinados valores calculados a partir dos registos de precipitação permitem fazer uma caracterização sumária da precipitação. - Precipitação anual média Pano: é a média aritmética dos valores da precipitação anual. - Índice de humidade do ano, Iano = Pano/Pano: indica se o ano foi húmido ou seco. - Ano médio: ano fictício tal que o valor que uma determinada grandeza hidrológica apresenta numa época qualquer do calendário no ano médio é igual à média aritmética dos valores assumidos pela grandeza na mesma época dos diferentes anosdo período considerado. Por exemplo, em ano médio as precipitações mensais são as precipitações mensais médias. Precipitação 4-28 Manual de Hidrologia - Cartas de isoietas em ano médio (precipitação anual, no semestre seco e no semestre húmido). - Precipitação mensal média Pi no mês i: média dos valores registados da precipitação no mês i, Pi. - Precipitação mensal média fictícia Pf = Pano/12: seria o valor da precipitação mensal média se a precipitação anual média se distribuisse uniformemente ao longo do ano. - Coeficiente pluviométrico do mês i, Cpi = Pi/Pf: indica se trata dum mês húmido ou dum mês seco. - Índice de humidade do mês, Imês = Pi/Pi: indica se o mês foi húmido ou seco. 4.8 CONSISTÊNCIA DUMA SÉRIE DE REGISTOS Não é invulgar que uma série de registos de precipitação acuse, na sua análise, inconsistência, i.e., uma subsérie contendo os anos terminais regista características (como a média e o desvio padrão) muito distintas da subsérie dos anos iniciais. Isso pode ter origem, por exemplo, na mudança de localização do udómetro, na construção duma habitação demasiado próxima ou na substituição do aparelho de medida. Quando isso acontece, é necessário rectificar a série, tornando-a consistente. O método mais utilizado para a detecção de inconsistência é o método da dupla massa o qual permite que se faça posteriormente a correcção da série. O método da dupla massa consiste no seguinte: - escolhe-se um certo número de estações (normalmente, cerca de 10) geográficamente próximas de estação de cuja série de registos se pretende testar a consistência; - calculam-se as médias dos valores dessas estações para o período correspondente à estação em estudo; - marca-se num gráfico em abcissas os valores acumulados das médias das estações e em ordenadas os valores acumulados da estação em estudo. Se neste gráfico os pontos se alinharem ao longo duma recta não se detecta inconsistência. Se, no entanto, se verificar uma situação como a da figura 4.22 em que, a partir dum dado ano, há uma clara mudança de inclinação que se mantém (verificada pelo menos nos últimos 5 anos), então pode suspeitar-se de haver inconsistência na série em estudo. Nesse caso, é preciso verificar o que aconteceu com a estação, se houve uma mudança do local ou outra causa que possa ser a origem da inconsistência. Precipitação 4-29 Manual de Hidrologia Figura 4.22 - Teste de consitência duma série pelo método da dupla massa É necessária muita cautela na utilização do método da dupla massa. Em primeiro lugar, é preciso que o desvio se mantenha durante uma série de anos (cinco ou mais); depois, é preciso que as estações de apoio tenham todas séries de registos consistentes. É igualmente necessário encontrar a causa física que possa ter originado a inconsistência. Quando estas condições se verificam, pode rectificar-se a série de forma a torná-la consistente: pega-se nos valores da subsérie anterior à mudança de declive e multiplica-se os seus valores pela relação das tangentes. No exemplo da figura 4.22, ter-se-ia de multiplicar os valores anteriores a 1981 por 0.84/1.40 = 0.60. Finalmente há que referir que o método da dupla massa só deve ser aplicado para durações suficientemente longas, ou seja, para séries de precipitação semestral ou anual. 4.9 PREENCHIMENTO DE FALHAS Frequentamente, os registos de precipitação para uma dada estação têm faltas de 1 ou mais dias e, por vezes, até de períodos mais longos. Para não se perder totalmente a continuidade dos registos, utilizam-se métodos para estimar os valores em falta, permitindo assim reconstituir os totais mensais, semestrais e anuais. Os mais utilizados são o método da razão normal, o método do US National Weather Service e o método da regressão linear múltipla. 4.9.1 Método da razão normal Escolhem-se 3 estações muito próximas da estação com registos em falta e distribuidas regularmente à volta dela. Designando essas estações por A,B,C, a estação em estudo por X, a precipitação anual média por P e a precipitação no período em falta por P, a estimativa do valor Precipitação 4-30 Manual de Hidrologia em falta faz-se pela expressão: )] P P(+) P P(+) P P[( 3 P = P C C B B A Ax x 4.9.2 Método do US National Weather Service Considera-se o espaço à volta da estação X dividido em quatro quadrantes pelo traçado de eixos N-S e E-O (figura 4.23). Toma-se em cada quadrante a estação que estiver mais próxima de X. Então o valor na estação X será dado pela expressão: ∑ ∑ = = 4 1 2 4 1 i i i 2 i i i i X d l d lP = P Se um ou mais quadrantes não contiverem nenhuma estação, como pode acontecer se a estação X se localizar na costa, o somatório estende-se apenas aos restantes quadrantes. 4.9.3 Método da regressão linear múltipla Os métodos atrás referidos, embora bastante práticos, só são válidos quando a densidade das estações é elevada. Quando isso não acontece, é preferível utilizar o método da regressão linear múltipla. Consideram-se n estações geograficamente próximas da estação X com valores em falta e estabelece-se a expressão da regressão linear múltipla: PX = co + c1P1 + c2P2 + ...... + cnPn Determinam-se os coeficientes de correlação parcial e eliminam-se da regressão as estações em que esses coeficientes são baixos (p.ex, inferiores a 0.50). A expressão final da regressão permite então obter o valor de PX. Normalmente é difícil obter uma boa regressão para períodos inferiores a 15 dias ou um mês. Figura 4.23 - Método do US NWS Precipitação 4-31 Manual de Hidrologia 4.10 PRECIPITAÇÕES INTENSAS DE CURTA DURAÇÃO 4.10.1 Introdução O dimensionamento de obras hidráulica como sistemas de drenagem urbana e agrícola, diques de protecção contra cheias e descarregadores de barragens é feito para caudais com pequena probabilidade de serem ultrapassados, i.e, caudais com uma baixa frequência, i.e, para grandes períodos de retorno. O período de retorno que se toma é tanto maior quanto fôr a importância da obra e os prejuízos decorrentes da sua destruição ou danificação. A estimação dos caudais de dimensionamento é frequentemente feita a partir de valores da precipitação com dada duração, em função do período de retorno adoptado. A duração a considerar para a precipitação varia consoante o objecto do estudo, podendo ir desde poucos minutos em obras urbanas (colectores pluviais) a algumas horas (obras urbanas ou em rios com pequenas bacias hidrográficas) ou mesmo alguns dias (obras em rios com grandes bacias hidrográficas). Procura-se então obter relações entre as seguintes grandezas: a altura de precipitação (ou a intensidade), a duração da chuvada e a frequência (ou o período retorno). 4.10.2 Curvas de possibilidade udométrica Uma das relações mais utilizadas envolvendo a altura, a duração e o período de retorno é: mn Tta = h .. em que h é a altura de precipitação, t é a duração, T o período de retorno e a, n e m são parâmetros. Estas relações são designadas por curvas de altura - duração - frequência (ver a figura 4.24). Para um dado período de retorno, obtem-se a relação ta = h n. que se designa como curva de possibilidade udométrica. Chama-se a atenção que estas relações não são dimensionalmente homogéneas. Por isso, há que especificar as unidades em que se expressam h e t. Em termos de intensidade, ter-se-á 1−nta n = dt dh =i Precipitação 4-32 Manual de Hidrologia Como se sabe, a intensidade descrece com a duração da chuvada o que implica que o parâmetro n tenha um valor inferior a 1. A figura 4.24 representa a variação de h e i com t. Figura 4.24 - Curvas de altura-duração-frequência e intensidade-duração- frequência De salientar que i é a intensidade da precipitação no instante t. Aintensidade média no período entre 0 e t será n at t hi n 11 === − Aplicando logaritmos à expressão da curva de possibilidade udométrica obtem-se: ln(h) = ln (a) + n ln (t) que é a equação duma recta no espaço logarítmico. Curiosamente, e reforçando a ideia de que as curvas de possibilidade udométrica constituem uma expressão adequada para as precipitações intensas, o registo das máximas precipitações registadas no mundo para diferentes durações (ver o quadro 4.4) adapta-se perfeitamente a uma recta num gráfico com eixos logarítmico como se pode ver na figura 4.25, retirada de LINSLEY et al. (1977). Estes máximos mundiais (a que se poderia associar empiricamente o período de retorno de 150 anos, considerando o tempo de existência de registos fiáveis) correspondem à seguinte relação: 48.0t 417 = h com h em mm e t em horas. Precipitação 4-33 Manual de Hidrologia Figura 4.25 - Alturas máximas de precipitação registadas no Mundo para várias durações Precipitação 4-34 Manual de Hidrologia Quadro 4.4 Precipitações máximas mundiais. Duração Altura (mm) Local Data 1 min. 8 15 20 42 130 165 4.5 h. 9 12 18.5 24 2 dias 3 4 5 6 7 8 15 31 2 meses 3 4 5 6 11 12 2 anos 38 126 198 206 305 483 559 782 1087 1340 1689 1870 2500 3240 3721 3854 4055 4110 4130 4798 9300 12767 16369 18738 20412 22454 22990 26461 40768 Barot, Guadalupe Füssen, Bavaria Plumb Point, Jamaica Curtea-de-Arges,Roménia Holt, Mo. Rockport, W. Va. D´Hanis, Texas, USA Smethport, Pa Belouve, Ilhas Reunião " " Cilãos, I. Reunião " " Cherrapunji, India Cilãos, I. Reunião " " " Cherrapunji, India " " " " " " " " " 26/11/70 25/05/20 12/05/16 07/07/1889 22/06/47 18/07/1889 31/05/35 18/07/42 28/02/64 28/02/64 28-29/02/64 15-16/03/52 15-17/03/52 15-18/03/52 12-15/09/74 13-18/03/52 13-19/03/52 12-19/03/52 11-19/03/52 24/06-8/07/31 07/1861 06-07/1861 05-07/1861 04-07/1861 04-08/1861 04-09/1861 01-11/1861 8/1860-7/1861 1860-1861 4.10.3 Derivação de curvas de possibilidade udométrica O processo mais directo para se obter curvas de possibilidade udométrica para diversos períodos de retorno é o seguinte. Suponha-se que se dispõe duma série de registos de precipitação com uma duração de N anos. Indo buscar a essa série os maiores valores de precipitação registados para diferentes durações (15 m, 30 m, 1h, 6 h, etc.) fica-se com um conjunto de pares de valores (hi,ti) ligados a um período de retorno T = N já que esses valores são igualados ou excedidos uma vez em N anos. Precipitação 4-35 Manual de Hidrologia Os parâmetros a, n da correspondente curva de possibilidade udométrica podem ser obtidos implantando os pontos (hi,ti) num gráfico com eixos log-log ou através duma regressão linear simples de ln h sobre ln t. Se agora se repetir o processo indo buscar à série de registos os segundos maiores valores para as diversas durações, pode construir-se a curva de possibilidade udométrica para o período de retorno T = N/2 já que os referidos valores de h são igualados ou excedidos 2 vezes em N anos. De forma similar se obteriam as de possibilidade udométrica para T = N/3, N/4, N/5, .... as quais poderiam ser todas representadas num mesmo gráfico como se exemplifica na figura 4.26. Um gráfico deste tipo permite fácilmente obter por interpolação a altura de precipitação que corresponde a uma determinada duração para certo período de retorno T, T ≤ N. Chama-se a atenção que todas estas curvas têm de ter o mesmo valor de n. Quando se pretende extrapolar para períodos de retorno superiores a N, pode adoptar-se um dos seguintes procedimentos: a) Com o conjunto de ternos de valores (h, t,T), ajustar à expressão h = atnTm, calculando os parâmetros a,n,m por regressão linear múltipla dos logaritmos: log(h) = log (a) + n log (t) + m log T; b) para a duração que se pretende estudar, obter os pares de valores (h,T). Isto é equivalente a atribuir a cada valor de h uma probabilidade empírica de não excedência F = 1 - 1/T . A partir daí, é possível ajustar a distribuição empírica a uma distribuição teórica que permite extrapolar para valores altos de T. A distribuição normal adapta-se mal ao estudo de precipitações intensas sendo, por isso, preferível utilizar uma distribuição de extremos, como por exemplo Log-Normal ou Gumbel. Figura 4.26 - Determinação dos parâmetros de curvas de possibilidade udométrica Precipitação 4-36 Manual de Hidrologia Quando não se dispõe dum registo de pluviógrafo, a análise de precipitações intensas fica limitada a durações não inferiores a 1 dia pois este é o intervalo com que se fazem as leituras. No entanto, se se conseguir um bom ajustamento duma curva de possibilidade udométrica h = atn (t ≥ 1 dia), pode-se extrapolar para durações inferiores a 1 dia, determinando o valor de h para t = 12 horas ou mesmo para t = 6 horas, não se devendo utilizar a curva para durações muito pequenas onde a extrapolação já não seria válida. 4.10.4 Precipitações intensas ponderadas sobre uma região O estudo de precipitações intensas através das curvas de possibilidade udométrica é geralmente feito para estações udométricas tomadas isoladamente. O problema torna-se mais complicado quando se pretende fazer o estudo de precipitações intensas sobre uma região pois isso exige um método de ponderação como o dos coeficientes de Thiessen. Suponha-se que se dispõe nos vários postos udométricos da região de séries simultâneas de N anos de registos e que se pretende obter para a região a curva de possibilidade udométrica para T=N. A forma correcta para se obter a curva seria: 1a) obter o pluviograma ponderado, multiplicando cada pluviograma dum dado posto pelo respectivo coeficiente de Thiessen e, posteriormente, somando-os; 1b) no caso (vulgar) de não se dispôr de pluviogramas, obter a série de N anos de precipitações diárias ponderadas na região, multiplicando cada série de registos diários de um dado posto pelo respectivo coeficiente de Thiessen e, posteriormente, somando-os; 2) obter as curvas de possibilidade udométrica para a região por análise do pluviograma ponderado (obtido em 1a) ou da série de precipitações diárias ponderadas (obtida em 1b). A menos que os pluviogramas (por digitalização) e as séries de dados diários existam numa base de dados em computador, o processo referido é extremamente trabalhoso. Utiliza-se, por isso, frequentemente um processo mais expedito que consiste em obter a curva de possibilidade udométrica para a região para um dado período de retorno por ponderação das curvas de possibilidade udométrica dos diversos postos para o mesmo período de retorno. Assim, a altura de precipitação para cada duração seria obtida multiplicando a altura em cada posto para essa duração (dada pela respectiva CPU) pelo correspondente coeficiente de Thiessen e somando os valores assim obtidos. A CPU para a região seria ajustada aos pares (h,t) assim obtidos. Este processo expedito é, em geral, pessimista, i.e., fornece valores excessivos de precipitação visto pressupor a ocorrência simultânea dos valores máximos da precipitação em todos os postos o que normalmente não se verifica. O método dará valores tanto mais pessimistas quanto menor fôr a correlação entre as precipitações nos postos udométricos. Precipitação 4-37 Manual de Hidrologia EXERCÍCIOS 1. VALORES CARACTERÍSTICOS DA PRECIPITAÇÃO Calcule e interprete valores característicos da precipitação, usando uma série de precipitações mensaisde 5 anos hidrológicos (tabela). a) Calcule a precipitação anual média, Pano. b) Calcule a índice de humidade, Iano, dos anos hidrológicos '78/'79, '80/'81 e '81/'82. O que significam estes valores? c) Calcule a precipitação mensal média do mês de Janeiro e Julho, respectivamente PJaneiro e PJulho. d) Calcule a precipitação mensal média fictícia, Pf. e) Calcule o coeficiente pluviométrico do mês de Janeiro e Julho, respectivamente Cp,Janeiro e Cp,Julho. O que significam estes valores? f) Calcule a índice de humidade do mês de Janeiro dos anos hidrológicos '77/'78, '78/'79 e '79/'80, respectivamente IJaneiro 77/78, IJaneiro 78/79 e IJaneiro 79/80. Calcule também a índice de humidade do mês de Julho dos anos hidrológicos '77/'78 e '81/'82, respectivamente IJulho 77/78 e IJulho 81/82. O que significam estes valores? N.B. Na realidade usa-se sempre uma série mais longa do que 5 anos para calcular valores característicos. TABELA. PRECIPITAÇÕES MENSAIS DE 5 ANOS HIDROLóGICOS (estação 9801000-P 8 Maputo) Ano hidrológico Mês: '77/'78 '78/'79 '79/'80 '80/'81 '81/'82 Out. 43 61 57 50 115 Nov. 17 89 56 99 189 Dez. 78 87 87 43 56 Jan. 304 129 48 230 27 Fev. 120 24 62 205 22 Mar. 211 153 75 98 60 Abr. 36 37 115 10 194 Mai 41 8 29 159 19 Jun. 1 16 0 12 3 Jul 61 8 8 7 3 Ago. 11 22 32 22 14 Set. 10 14 97 78 12 Precipitação 4-38 Manual de Hidrologia 2. PRECIPITAÇÃO PONDERADA NUMA REGIAO Calcule pelo método de Thiessen as precipitações ponderadas na região apresentada na figura. São dados - os valores da precipitação média anual de 11 postos udómetricos A-L; - os valores da precipitação do mês de Junho de 1980 para 10 postos (A-J). O posto L não tem dados desde 1970 enquanto os postos A-J têm séries praticamente completas até hoje. a) Construa os polígonos de Thiessen, só para os postos udómetricos em funcionamento. b) Calcule a precipitação na área para o mês de Junho de 1980, usando o método de Thiessen. Compare o resultado com o método da média aritmétrica. Explique. c) Pretende-se calcular as precipitações mensais da área para o período 1975-1992 a partir dos dados dos postos udómetricos A-J. Que método seria preferível usar: o método de Thiessen, o método das isoietas, ou seria indiferente? Justifique a sua resposta. Posto Precipitação (mm) Posto Precipitação (mm) média anual Junho de 1980 média anual Junho de 1980 A 908 45 F 885 45 B 1021 42 G 933 50 C 870 40 H 927 40 D 1140 60 I 1217 50 E 855 40 J 1020 40 L 948 - Precipitação 4-39 Manual de Hidrologia Área esquematizada com postos udométricos. Precipitação 4-40 Manual de Hidrologia 3. PREENCHIMENTO DE FALHAS Utilizando os dados da pergunta 2, a) Estime a precipitação do posto L para o mês de Junho de 1980, usando os dados de postos vizinhos (tome em conta as distâncias mútuas). b) Estime a precipitação do posto L pelo método da razão normal. c) Comente os resultados. Precipitação 4-41 Manual de Hidrologia 4. CURVAS DE POSSIBILIDADE UDOMÉTRICA Analize precipitações intensas de curta duração, usando uma série de valores diários da precipitação no 1º ano hidrológico (tabela 2) e os valores críticos anuais da precipitação dos 19 anos seguintes (tabela 1). a) Complete a tabela 1 para o primeiro ano hidrológico da série (1ª linha). b) Obtenha as curvas de possibilidade udométrica para períodos de retorno de 5, 10 e 20 anos e durações até 7 dias (em papel log-log). Apresente também as tabelas que lhe permitiram obter estas curvas. c) Determine as alturas de chuvas de 12 horas, 1 dia e 2 dias com períodos de retorno de 5 e 10 anos (6 valores). TABELA 1. VALORES CRÍTICOS ANUAIS DA PRECIPITAÇÃO. Duração: Ano: 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias 6 dias 7 dias 1 ... ... ... ... ... ... ... 2 114 160 210 313 335 376 389 3 123 123 144 161 181 189 189 4 25 36 37 37 37 42 43 5 111 111 143 145 147 181 182 6 282 401 484 550 596 661 692 7 98 169 250 250 265 268 270 8 160 170 201 201 233 256 265 9 48 80 89 89 110 114 115 10 139 145 150 201 275 285 301 11 128 164 221 221 260 299 305 12 76 76 85 89 89 106 112 13 101 141 159 203 203 251 280 14 33 39 40 40 40 47 48 15 60 98 131 143 180 195 204 16 204 221 221 230 245 245 245 17 91 156 203 203 220 247 267 18 121 144 156 212 252 252 252 19 115 148 176 176 204 223 237 20 135 269 339 394 427 452 507 Precipitação 4-42 Manual de Hidrologia TABELA 2. PRECIPITAÇÃO NO ANO HIDROLÓGICO Nº 1. Mês: Dia: Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai Jun. Jul. Ago. Set. 1 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 4 2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 2 0 71 34 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 13 15 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 25 0 0 8 0 0 0 6 0 0 7 0 18 18 9 0 21 0 0 0 0 0 0 8 0 0 0 3 0 3 0 0 0 4 0 0 9 0 0 1 62 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 17 0 83 0 0 0 9 0 0 0 28 11 0 0 0 31 0 0 0 11 0 0 0 12 12 0 0 0 18 0 0 0 0 0 0 0 12 13 0 0 0 0 12 0 0 0 0 0 0 0 14 1 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 15 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16 0 0 8 0 0 0 0 0 4 0 0 0 17 0 0 0 13 0 0 0 0 3 0 0 0 18 0 0 55 0 0 0 0 0 0 0 0 0 19 8 0 49 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20 12 139 42 4 19 0 0 0 0 0 0 0 21 21 4 44 0 6 17 0 0 0 0 0 0 22 1 0 20 0 2 0 0 6 0 0 0 0 23 7 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 24 2 0 45 5 0 0 2 0 0 10 0 0 25 6 0 15 5 0 0 0 0 0 0 0 5 26 12 0 0 9 0 0 0 0 0 0 12 0 27 4 0 0 13 0 0 0 0 0 0 15 0 28 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 3 4 29 0 0 4 0 - 0 0 0 0 0 0 1 30 0 0 0 0 - 0 0 0 0 0 0 0 31 0 - 0 0 - 0 - 0 - 0 0 -
Compartilhar