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P á g i n a | 1 AVC hemorrágico Conceito: Hemorragia intracerebral – início gradual e progressão em minutos ou horas, mas pode se apresentar abruptamente como déficit. Fatores de risco incluem hipertensão, trauma, doenças sangrantes, drogas ilícitas, malformações vasculares. Mais comum em negros e asiáticos. Pode ser precipitado por atividades físicas. Paciente pode se apresentar como redução na atenção. Hemorragia subaracnóide – início abrupto com dor de cabeça grave. Disfunções cerebrais focais são menos comuns que em outros tipos. Fatores de risco são: fumar, hipertensão, alcoolismo, suscetibilidade genética e uso de drogas simpaticomiméticas. Pode ser precipitado por atividades físicas e se apresentar como redução na atenção. É a segunda causa mais comum de AVC. A mortalidade e a morbidade são altas. Etiologia Hemorragia hipertensiva, angiopatia amilóide, malformações vasculares e hemorragia subaracnóidea. Hemorragia Hipertensiva • Território das artérias penetrantes. • Suscetíveis aos efeitos da hipertensão, pois são diretamente expostas à pressão do vaso-mãe (maior). • AVC lacunar – mesmos vasos. • Há uma diferença de pressão entre um grande vaso e os vasos perfurantes, levando a uma necrose fibrinoide da parede do vaso, porque a HAS gera hiperplasia da camada íntima com lipo-hialinose na parede do vaso, predispondo a necrose focal e formação de "pseudoaneurismas" (aneurismas de Charcot-Bouchard). O rompimento desses aneurismas se deve, geralmente, a um pico hipertensivo ou alteração da coagulação sanguínea. Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 Angiopatia mieloide • Geralmente assintomática. • Idosos. • Deposição de amilóide nas camadas média e adventícia das pequenas artérias e arteríolas encefálicas ou leptomeníngeas. • Isso enfraquece a estrutura das paredes dos vasos e as torna propensas a sangrar. • QC: hemorragia lombar espontânea. Outras causas • MAV (malformação arteriovenosa) • Fístula arteriovenosa • Infarto hemorrágico, incluindo TVC • Embolia séptica, aneurisma micótico • Tumor cerebral • Distúrbios hemorrágicos, doença hepática, terapia trobolítica • Infecção de SNC (Ex.: encefalite por herpes simplex) • Doença de Moyamoya • Vasculite • Síndrome de hiperperfusão cerebral • SVCR • Drogas (cocaína, anfetaminas) P á g i n a | 3 Epidemiologia • 9 a 27% de todos os AVCs no mundo. • Incidência: 12 a 31 por 100.000 pessoas. • Varia de acordo com a etnia (alta em asiáticos, intermediária em negros e mais baixa em brancos). • Aumenta com a idade (dobra a cada 10 anos após os 35 anos). • 1/3 dos pacientes morre em 30 dias. Fatores de risco • Hipertensão • Idade avançada • Presença de angiopatia amilóide cerebral • Uso de terapia anticoagulante Hipertensão • Etiologia mais comum – 50 a 70% dos casos de AVC hemorrágico • Fator de risco mais importante. • Dobra o risco. Terapia antitrombótica • Anticoagulante, particularmente a varfarina, está associada a um risco aumentado de HIC. • Monoterapia antiplaquetária é incerto, mas provavelmente mínimo. Varfarina • Aumenta o risco de 2-5x se RNI>3 • Fator de risco para maior volume inicial de hemorragia. • Resultados piores após HIC.] DOAC Dobigatran, apixaban, edoxaban, rivaroxaban. O risco de HIC é menor. Antiplaquetário Pequeno aumento absoluto do risco de HIC primária. Outros fatores de risco: • Alto consumo de álcool • Negros • Níveis mais baixos de colesterol • Genética • Doença renal crônica • DM • ISRS • Enxaqueca • Medicamentos contendo cafeína P á g i n a | 4 Apresentação clínica Início e progressão: o Esforço ou intensa atividade. o Maioria durante a atividade de rotina. o Sintomas e sinais neurológicos geralmente aumentam gradualmente ao longo de minutos ou algumas horas. o Sinais focais de lesão. o Cefaléia. o Vômito/náuseas. o Diminuição do nível de consciência. o Meningismo no exame físico - indica sangue intraventricular. o Coma é um sinal ameaçador. Exceção: • Hemorragia talâmica, envolvimento do SARA, podem recuperar após a reabsorção do sangue. • Hidrocefalia aguda: pode melhorar se tratada com DVE (derivação ventricular externa). • Convulsões: 15% dos pacientes. • Anormalidades cardíacas: o Lesão cardíaca induzida por catecolaminas. o Liberação de excesso de catecolaminas. o Causada por aumento da PIC ou distúrbio autonômico. o Arritmias ventriculares por compressão do tronco. Avaliação e diagnóstico • É uma EMERGÊNCIA! • Alto risco de: o Sangramento contínuo. o Deterioração neurológica progressiva. o Incapacidade permanente. o Morte. Exames laboratoriais 1. Hemograma completo. 2. Ureia e creatinina. 3. Eletrólitos. 4. Glicose. 5. TP/KTTP. 6. Troponina. 7. Exame toxicológico para detectar cocaína e outras drogas simpatomiméticas. 8. EQU + Urocultura. 9. Teste de gravidez em mulher em idade fértil. TC de crânio • TC de crânio sem contraste: exame mais utilizado. • Tamanho/localização da hemorragia. Sinais de HIC porque há acúmulo de sangue! P á g i n a | 5 • Extensão no sistema ventricular. • Edema circundante. • Hérnia. O Sangue hiperagudo aparecerá hiperdenso. RM crânio • T2 • Gradiente GRE • Hipodensidade • 100% de sensibilidade. • RM e TC: equivalentes para a detecção de HIC aguda. • RM: significantemente mais precisa do que a TC para a detecção de HIC crônica. Hematoma: volume A- É o maior diâmetro de hemorragia na fatia de TC com maior área de hemorragia. B – É o maior diâmetro de 90° a A na mesma fatia de TC. C – É o número aproximado de cortes de TC com hemorragia multiplicado pela espessura do corte em centímetros. ABC/2 fornece o volume de HIC em centímetros cúbicos. Hematoma: expansão • Spot sign (angioTC) • Marcador de imagem. • Sugere um risco aumentado de expansão da hemorragia. • Pior prognóstico. Estudos dos vasos AngioTC AngioRM Arterial x Venosa Angiografia HIC hipertensiva • Pacientes gravemente hipertensos. • Hemorragia bem circunscrita e homogênea, localizada em um local típico de HIC hipertensiva: (1)Putâmen/cápsula interna (2) núcleo caudado P á g i n a | 6 (3) Tálamo (4) Ponte (5) cerebelo. São locais irrigados pelas artérias penetrantes que são expostas a pressões sanguíneas mais elevadas vindas das artérias de maior calibre sem uma diminuição gradual no calibre do vaso. • Se lobar, outras etiologias devem ser excluídas. Distúrbio hemorrágico, devemos pedir: • Contagem de plaquetas • TP • KTTP HIC relacionada a anticoagulantes Aumenta com o aumento da intensidade da anticoagulação. Lobares ou cerebelares. Angiopatia amilóide cerebral • Lobares, cerebelares. • Lobos parietal e occipital – irrigados por artérias próximas as leptomeníneges. • Ocorre deposição de material amiloide nos vasos sanguíneos, fragilizando a parede e os tornando propensos a sangramentos. • Mais comum em idosos. Transformação hemorrágica do infarto isquêmico A HIC primária deve ser diferenciada da transformação de um infarto cerebral. Macete Localização: Não - Núcleos da base Tem - Tálamo Pressão - Ponte Controlada - Cerebelo P á g i n a | 7 Trombose venosa cerebral Infarto venoso hemorrágico. Hemorragia justacortical. Doença de Moyamoya Estenose + circulação colateral arterial proeminente. QC: AIT, AVC isquêmico, AVC hemorrágico e epilepsia. Malformação arteriovenosa. Abuso de drogas A cocaína e outras drogas simpatomiméticas estão associadas a um risco aumentado de HIC. Tumor • Tumores cerebrais primários ou metastáticos. • Melanoma. • Câncer de células renais. • Câncer de tireoide. • Coriocarcinoma. • Câncer de pulmão de não pequenas células.Reversão da anticoagulação Varfarina: vitamina K, plasma fresco congelado, concentrado de complexo protrombínico. P á g i n a | 8 Dos novos anticoagulantes, o dabigatran é o único que tem agente reversor de anticoagulação. Gerenciamento da PA. PAS alvo: < 140 mmHg Manejo da HIC • Elevação da cabeça • hiperventilação para pCO2 de 26 a 30 mmHg. • Manitol intravenoso 1 a 1,5 g/kg. • Glicocorticoides não devem ser utilizados para diminuir a PIC na maioria dos pacientes com HIC. • Monitoramento da PIC o Métodos invasivos e não invasivos. • DVE ▪ Hidrocefalia • Terapia osmótica: ▪ A elevação aguda da PIC ou o efeito de massa com risco de vida podem ser tratados com solução salina hipertônica ou manitol. • Medidas adicionais: Drenagem do LCR, terapia osmótica falharam, podemos induzir um coma farmacológico. ▪ Coma farmacológico: propofol ou barbitúrico. • Hiperventilação: dura apenas algumas horas (até 24 h). Cuidados médicos gerais • Compressão pneumática intermitente P á g i n a | 9 • solução salina normal • tratamento da febre • NPO até que a deglutição seja avaliada • Controle da glicemia • Agentes usados para suprimir o ácido gástrico estão associados a um risco aumentado de pneumonia adquirida no hospital, infecção por C. difficile e outras infecções entéricas, seu uso rotineiro deve ser evitado. • Crise convulsiva: Contra uso profilático de DAE. Cirurgia • Hemorragia supratentorial • Hemorragia cerebelar – principalmente aquelas > 3 cm e que causem deterioração neurológica • Hemorragia intraventricular - prejudica a reabsorção do LCR • Craniotomia aberta • Técnicas minimamente invasivas. Questões secundárias: • Mobilização precoce • Reabilitação precoce Reinício da terapia antiplaquetária • A aspirina provavelmente é segura para retomar após a fase aguda da HIC. • A pressão arterial deve ser bem controlada. • A indicação para o tratamento antiplaquetário deve ser suficientemente forte para que o benefício potencial supere o risco aumentado de HIC recorrente. • O momento de uso de antiagregantes plaquetários após a HIC é amplamente empírico. • Aspirina: mínimo de 48 horas desde que a neuroimagem tenha demonstrado uma HIC é amplamente empírico. • Dose mais baixa – 30 a 160 mg por dia. Reinício da anticoagulação • Para pacientes que necessitam de anticoagulação, as diretrizes AHA e ASA de 2015 sugerem adiar os anticoagulantes orais por pelo menos 4 semanas após o início da HIC. Prevenção secundária: • PA < 130/80mmHg • Cessar tabagismo. • Evitar o uso intenso de álcool. • Evitar o uso de drogas ilícitas. • Tratamento da apneia obstrutiva do sono. Prognóstico Escala de Rankin tem o objetivo de mensurar o grau de incapacidade e dependência nas atividades diárias em pacientes acometidos por AVC. P á g i n a | 10 Fatores de rico para resultados ruins: • Aumento da idade. • Diminuição da pontuação da Escala de Glasgow • Aumentar o volume HIC. • Presença de hemorragia intraventricular. • Localização HIC progunda e infratentorial, • Terapia precedente da anticoagulação oral, e possivelmente terapia antiplaquetária. • Deteroração neurológica precoce em 48 horas. • Volume inicial da HIC e nível de consciência: o Um volume de HIC de 60 cm³ ou mais na TC inicial e uma pontuação na GLW de 8 ou < previram uma mortalidade de 91% em 30 dias. o Um volume HIC <30cm 3 e uma pontuação GLW de 9 ou > previram uma mortalidade de 19% em 30 dias. • Crescimento do hematoma o Nas primeiras 24 horas particularmente é preditor independente de mortalidade e resultados ruins. • Extensão intraventricular: o Dados de vários estudos sugerem que a extensão do sangue para os ventrículos e/ou espaço subaracnóideo é preditor independente de mau resultado e m pacientes com HIC espontânea. P á g i n a | 11 Hemorragia subaracnóidea Fisiopatologia • A ruptura de aneurismas arteriais é a principal causa de hemorragia subaracnóidea. Alguns locais consideram traumatismo craniano. • A ruptura do aneurisma libera sangue diretamente no LCR sob pressão arterial. • O sangue se espalha rapidamente dentro do LCR, aumentando rapidamente a pressão intracraniana. • A morte ou coma profundo ocorre se o sangramento continuar. • O sangramento geralmente dura apenas alguns segundos e o ressangramento é comum. • Com outras causas de HSA que não a ruptura do aneurisma, por exemplo, malformações vasculares, diáteses hemorrágicas, trauma, angiopatia amilóide e uso de drogas ilícitas. • O sangramento é menos abrupto e pode continuar por um longo período. Fatores de risco Fatores de risco para HSA incluem hipertensão, tabagismo e consumo de álcool. Além desses se destacam, história familiar positiva, doença renal policística, Síndrome de Ehler-Danlos tipo IV, displasia fibromuscular e pseudoxantoma elástico. Quadro clínico • Os sintomas começam abruptamente, ocorrendo à noite em 30% dos casos. • O sintoma primário é uma dor de cabeça súbita e intensa em 97% dos casos, classicamente descrita como “a pior dor de cabeça da minha vida”. É lateralizada em 30% dos pacientes, predominantemente para o lado do aneurisma. • O início da dor de cabeça pode ou não estar associado a uma breve perda de consciência, convulsão, náusea, vômito, déficit neurológico focal ou rigidez do pescoço. • Geralmente, não há sinais neurológicos focais importantes na apresentação, a menos que ocorra sangramento no cérebro e no LCR ao mesmo tempo. P á g i n a | 12 Diagnóstico • Rastreio: angioRM P á g i n a | 13 A arteriografia cerebral é o padrão-ouro para diagnóstico de aneurismas. ArterioTC contribui para o diagnóstico e planejamento terapêutico. Tratamento O tratamento é dependente da causa e tem cuidados semelhantes as hemorragias intraparenquimatosas. Geralmente se indica os cuidados do neurocirurgião.
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