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P á g i n a | 1 Hidrocefalia Definição Hidrocefalia é caracterizada pelo acúmulo de líquido cefalorraquidiano (líquor) nos ventrículos cerebrais, em decorrência de processos patológicos que interferem na produção, circulação e absorção do líquor. LCR é produzido no plexo coroide do sistema ventricular e reabsorvido no sistema venoso, nas vilosidades aracnoideas. A produção normal de LCR é 500mL/dia. A hidrocefalia causa aumento da pressão intracraniana e inchaço. O LCR passa pelas seguintes estruturas: Epidemiologia Primárias sem espinha bífida: 1:2500 dos nascidos vivos. Houve uma redução nos últimos anos de 54% para 5%. Piora no intelecto em cerca de 30% Fisiopatologia Os fatores envolvidos no desequilíbrio do sistema ventricular são: • Obstrução do sistema ventricular: malformações congênitas, neurocisticercose, hemorragia ventricular, tumores • Absorção prejudicada: meningite, hemorragia subaracnóidea e ventricular, congestão venosa Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 • Superprodução (rara): papiloma do plexo coroide Classificação 1. Hidrocefalia obstrutiva ou não comunicante Quando há um bloqueio no sistema ventricular que impede a circulação do líquido cefalorraquidiano pelo encéfalo e medula espinhal. O estreitamento do canal que liga o terceiro ao quarto ventrículo cerebral (estenose de aqueduto) é a causa mais comum da hidrocefalia congênita. Pode ser causada por estenose do conduto congênita. Estenose tumoral, que acontece na fossa, impedindo a passagem do líquor. Malformação Chiari tipo II – o Alteração genética que cursa com malformações e pode levar as tonsilas a obstruir a passagem do LCR e causar hidrocefalia. o Cursa com polimicrogilia, estenose de aqueduto, hidrocefalia, herniação de tonsila e espinha bífida com menindomielocele. P á g i n a | 3 Malformação de Dandy Walker Ausência completa ou parcial da região de trás do cérebro situada entre os dois hemisférios cerebelares, denominado verme cerebelar; alargamento do quarto ventrículo; e formação de cistos próximo da base interna do crânio. Pode ser vista em pacientes adultos. 2. Hidrocefalia não obstrutiva ou comunicante. A absorção liquórica está diminuída por uma irritação nas granulações aracnoideas, secundária a hemorragia ou processo infeccioso, e todo o sistema ventricular está dilatado. O LCR circula livremente. No entanto, a reabsorção na corrente sanguínea pode não ocorrer na proporção adequada ou, num número menor de casos, a produção do fluido é excessiva. Sangramentos intracranianos no espaço subaracnoide são causa frequente desse tipo de hidrocefalia. Alteração da produção ou reabsorção do LCR. Causas: 1) Papiloma do plexo coroide 2) Sangramento ou AVE hemorrágico com desbalanço. 3. Hidrocefalia por pressão normal secundária (HPN) Hidrocefalia por pressão normal (HPN) refere-se a uma condição de tamanho ventricular patologicamente aumentado com pressões de abertura normais na punção lombar. Pode ser idiopática ou secundária. o Idiopática: Sem causa definida, é mais comum nos idosos. O líquido cefalorradiquiano, fica retido nos ventrículos cerebrais que aumentam de tamanho e comprimem as estruturas encefálicas sem alterar os níveis da pressão intracraniana. o A HPN secundária é mais comumente associada a hemorragia subaracnóidea ou meningite, ocorre em qualquer faixa etária e está associada à reabsorção prejudicada do líquido cefalorraquidiano (LCR). A HPN está associada a uma tríade clássica de: o Comprometimento cognitivo o Distúrbio da marcha o Incontinência urinária P á g i n a | 4 A HPN responsiva à derivação é mais provável quando o distúrbio da marcha aparece cedo e é mais proeminente que o comprometimento cognitivo. A avaliação de um paciente com possível HPN inclui avaliação cognitiva e exclusão de causas alternativas de disfunção da marcha, tanto neurológicas quanto não neurológicas. Exame de imagem com hidrocefalia + fazemos punção lombar pra ver se a pressão na cabeça está normal A ressonância magnética cerebral (RM) é um teste essencial em um paciente com HPN e demonstra ventriculomegalia desproporcional ao aumento sulcal e nenhuma evidência de obstrução do fluxo do LCR. Cálculo de Evens: A ventriculomegalia é considerada presente se a proporção de Evans modificada for maior que 0,31. Isso é calculado medindo-se o diâmetro máximo dos cornos frontais dos ventrículos laterais até a largura máxima da cavidade craniana no mesmo nível. Tap test: • Em pacientes com características clínicas e de ressonância magnética sugestivas de HPN, usamos tap test para ajudar a identificar pacientes com probabilidade de responder à colocação de shunt. É como um “teste drive” para ver se ele se beneficia de derivação ventricular principalmente se causa sintoma - vê se reponde ao tratamento por derivação. • A sensibilidade e a especificidade são incertas. 1- Punção lombar de 30 a 50 mL de LCR são removidos com documentação da função da marcha do paciente antes e dentro de 30 a 60 minutos após o procedimento; 2- Parâmetros comuns medidos antes e após a remoção do LCR incluem medidas da velocidade da marcha, comprimento da passada e número de etapas necessárias para girar 180 ou 360 graus; 3- Achamos útil fazer um vídeo da marcha antes e depois; 4- Além de registrar essas medidas, é útil obter feedback do paciente e da família sobre qualquer melhora subjetiva nos próximos dias. A melhora documentada em uma ou mais dessas medidas após o procedimento sugere que o paciente terá um resultado melhor após a colocação de um shunt ventriculoperitoneal. Melhora com a drenagem do LCR é um bom sinal que responde bem a derivação ventricular P á g i n a | 5 Sugerimos shunt ventricular em pacientes que apresentam evidências clínicas e de ressonância magnética da HPN, um resultado positivo associado à resposta ao shunt e indicadores prognósticos negativos limitados ou ausentes. Em populações selecionadas, até 2/3 dos pacientes podem esperar algum grau de benefício sustentado após a derivação. Ventriculoperitoneal mais comum Mas existe a possibilidade de fazer shunt ventriculoatrial ou pleural. As complicações do shunt são comuns e potencialmente graves, até fatais e requerem vigilância no acompanhamento por parte de pacientes e familiares. Complicações: Sangramento subdural e intracraniano, infecção, convulsão, morte. Com o passar do tempo se tem mais estudos com mortalidade diminuído e algumas complicações diminuindo. Sinais e sintomas Dilatação das veias do Sclape. Cabeça cresce em um tamanho anormal. Fontanela anterior → tensa, abaulada e não pulsátil. Sinal de Macewen → som de pote percutindo no osso, pelo líquido acumulado na cabeça. Sinal do sol poente → olhos rodados para baixo, esclera visível pela íris. P á g i n a | 6 Quadro clínico comum na infância Come pouco Reação pupilar lenta Mudar nível de consciência Seu crânio altera o formato da calota craniana e do cérebro. Evolução rápida com vômito, sonolência, convulsões alterações cardiopulmonares, papiledema, estrabismo, irritabilidade, letargia, confusão, nistagmo, ataxia, paralisia de nervo (VI principalmente). Sempre deve avaliar circunferência cefálica. Quando agudo, os sinais são mais exacerbados. Quando crônico, há maior possibilidade de adaptação. Não podemos esquecer dos sinais de herniação cerebral, que são anisocoria, hemiparesia ipsilateral e a tríade de Cushing (hipertensão, bradicardia e alteração respiratória). A hidrocefalia de pressão normal(HPN), possui uma tríade clínica clássica: demência, distúrbios da marcha (ataxia e parkinsonismo) e incontinência urinária. Diagnóstico Clínico. A tomografia de crânio é necessária para confirmação diagnóstica, sendo um método que muitas vezes revela a etiologia da hidrocefalia e avalia o quadro clínico, principalmente o risco de herniação naqueles pacientes que serão puncionados → é usada em casos de emergência. Ressonância magnética → pode mostrar alargamento de ventrículos, edema transependimário (reforço periventricular), terceiro e/ou quarto ventrículo abaulado, corpo caloso afilado, temporal precoce > 2mm. o Calcular índice de Evans: A punção liquórica é utilizada para confirmar a etiologia e diagnosticá-la quando não é possível na TC. Na análise do líquor, são utilizados os parâmetros de glicose, proteína, coloração e total de células: P á g i n a | 7 Abordagem Hidrocefalia + HIC: é uma emergência e a abordagem inicial inclui oferta de oxigênio, monitorização cardíaca, respiratória e pressórica. Os sinais de urgência são: o História que sugere HIC (trauma, hemorragia subaracnóidea e cefaleia intensa diferente do padrão habitual. o Exame físico que sugere HIC o Escala de coma de Glasgow ≤ 8 o Causas reversíveis: sinais de intoxicação, hipoxemia (PaO2 ≤ 60 mmHg), hipotermia (≤ 35oC) Intervenção: Manitol intravenoso e solução salina hipertônicas são utilizadas para redução da PIC devido a diminuição a quantidade de liquor por osmose. Elevação da cabeceira a 30oC, para aumentar o retorno venoso por ação da gravidade. Hiperventilação para manter PCO2 entre 35 e 45 mmHg faz com que haja uma vasoconstricção cerebral com consequente redução do fluxo sanguíneo. Valores entre 25 e 30 mmHg são aceitáveis por momentos breves, devido ao risco de isquemia. Sedação e analgesia para evitar dor e agitação, sendo midazolam, fentanil e morfina são utilizados com frequência. O uso de lidocaína 1mg/kg IV antes da intubação orotraqueal evita o aumento da PIC. Monitorização da glicemia para evitar valores hiperglicemia > 180 mg/dl e hipoglicemia < 70 mg/dl. Crises convulsivas devem ser tratadas somente se ocorrem, não sendo recomendado tratamento profilático. Cirúrgico: objetiva remover a obstrução, reduzir a produção de LCR no plexo coroide, shunts. Tipos de Shunts: o DVP: derivação ventrículo peritoneal o DVA: derivação átrio peritoneal o Ventrículopleural P á g i n a | 8 Terceiro ventriculostomia endoscópica Derivação ventricular externa atrial
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